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Análise de Cenários e Riscos

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autor do original 
ROBERTO CAVALCANTI VIANNA
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
ANÁLISE DE CENÁRIOS E 
RISCOS
Conselho editorial roberto cavalcanti de vianna, roberto paes, gladis linhares
Autor do original roberto cavalcanti vianna
Projeto editorial roberto paes
Coordenação de produção gladis linhares
Projeto gráfico paulo vitor bastos
Diagramação bfs media
Revisão linguística bfs media
Revisão de conteúdo genésio gregório filho
Imagem de capa imageflow | shutterstock.com
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida 
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em 
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
V655a Vianna, Roberto Cavalcanti
 Análise de cenários e riscos. Roberto Cavalcanti Vianna. 
 Rio de Janeiro: SESES, 2016.
 168 p: il.
 isbn: 978-85-5548-276-2
 1. Mapa de risco. 2. Processos decisórios. I. SESES. II. Estácio.
cdd 658.403
Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento
Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário
Prefácio 7
1. Sobre os Cenários e os Riscos 9
1.1 Conceituando 11
1.2 Exposição a riscos 19
1.2.1 Risco de Acidente 20
1.2.2 Riscos Ergonômicos 21
1.2.3 Riscos Físicos 23
1.2.4 Riscos Químicos 24
1.2.5 Riscos Biológicos 25
1.2.6 Minimizando riscos 26
1.2.7 Mapa de Risco 31
1.2.8 Planejando o trabalho com o Mapa de Riscos 37
2. Analisando Cenários e Riscos 41
2.1 Conceituando 43
2.2 Vulnerabilidades, ameaças e riscos 46
2.3 Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças 49
2.4 Ferramentas para analisar riscos 54
2.4.1 Análise Preliminar de Riscos (APR) 54
2.4.2 What if (ou “o que aconteceria se...?”) 65
2.4.3 Análise dos Modos de Falhas e Efeitos (AMFE) 68
3. Evento Adverso 75
3.1 Conceituando 77
3.2 Desastre 80
3.2.1 Desastre – Classificação quanto à intensidade 81
3.2.2 Desastre – Classificação quanto à evolução 84
3.2.3 Desastre – Classificação quanto à origem 86
3.3 Linha do Tempo de um desastre 89
3.3.1 Fase pré-desastre 90
3.3.2 Fase pós-desastre 100
3.4 Concluindo 105
4. Como Gerenciar o Risco? 107
4.1 É possível gerenciar o risco 109
4.2 Fluxograma 111
4.3 Análise Preliminar de Riscos 113
4.4 Análise dos Modos de Falhas e Efeitos / What if 114
4.5 O que é a matriz GUT 115
4.6 Diagrama de Causa e Efeito 117
4.7 Matriz de Vulnerabilidade 119
4.8 Listas de Verificações 125
4.9 Rediscutindo a Matriz SWOT 127
4.10 O Plano de Ação 127
4.10.1 A metodologia 5W2H 128
4.10.2 PDCA 132
4.11 Concluindo 138
5. A Tomada de Decisão 139
5.1 O que fazer quando o evento adverso ocorre 141
5.2 Nível de Importância da Decisão 144
5.3 Estruturação da Decisão 144
5.4 Previsibilidade da Decisão 145
5.5 Nível da Decisão 146
5.6 Decidir é um processo racional? 148
5.7 Tomada de Decisão – uma questão de personalidade 155
5.7.1 Sensação - Pensamento 155
5.7.2 Sensação – Sentimento 156
5.7.3 Intuição - Pensamento 156
5.7.4 Intuição – Sentimento 157
5.8 O Papel da Equipe 157
5.9 Existem decisões perfeitas? 159
5.10 Existe um decisor perfeito? 164
5.11 Finalizando 166
7
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
Os operadores de segurança pública atuam em diversos cenários, nos quais 
riscos são parte integrante da rotina operacional. Surpreendentemente, não há 
livros nacionais que tratem deste assunto.
Uma busca por este tema revela que a “Análise de Cenários e Riscos” ainda é 
abordada pelo viés da gestão de empresas, de como lidar com o mercado. Quan-
do muito, foca-se na segurança privada.
Em razão disso, decidimos aceitar o desafio de relacionar as ferramentas de 
diagnóstico e de ação com a prática vivenciada pelos agentes da lei.
Ao ler este livro, você perceberá que ele foi escrito observando como a teoria 
foi, pode e deve ser utilizada em casos práticos.
No capítulo 1, abordamos os conceitos mais elementares sobre os temas 
“cenários” e “riscos”. É essencial para o seu trabalho, conhecer os riscos aos 
quais está exposto. Alguns você já imaginava ou conhecia; outros podem lhe 
surpreender. Ao aprender a construir um Mapa de Risco, você trabalhará a com-
preensão e aplicação da teoria que o fundamenta. Começará também a elaborar 
formas de minimizar estes riscos e preservar a sua integridade física e psíquica.
No capítulo 2, ampliamos nossa visão para as vulnerabilidades e ameaças a 
você e ao seu serviço. Apresentaremos as primeiras ferramentas a serem incor-
poradas por você às análises que fará de agora em diante.
O Responsável pela Aplicação da Lei deve conhecer as fases que antecedem 
e que sucedem um evento adverso, atento para o fato que cada uma tem suas 
características e impõe uma forma de agir. É disto que trata o capítulo 3.
Se há dúvidas sobre o fato do risco poder ser gerenciado, elas cairão por ter-
ra com a leitura do capítulo 4. Ao apresentarmos a você os diversos instrumen-
tos que tratam dos riscos e dos cenários, desmitificaremos concepções desarti-
culadas em relação ao tema.
Por fim, tudo o que estudamos até este ponto nos remete ao processo de-
cisório, tema de nosso capítulo 5. Trataremos de esmiuçar toda a rotina que 
envolve a tomada de uma decisão e abordaremos o perfil do decisor.
Foi grande a preocupação em lhe trazer, em cada capítulo deste livro, casos 
práticos que reflitam os conceitos estudados.
Em quase toda a página desta obra, ilustramos como a teoria resultou em 
boas soluções reais. Lamentavelmente, há o contraponto. Quando não observa-
das as fundamentações teóricas, pessoas foram atacadas em sua integridade fí-
sica e patrimônios foram danificados, acarretando desordem na comunidade.
Se a segurança pública é exercida para preservar a ordem pública, a inco-
lumidade das pessoas e do patrimônio, como diz o artigo 144 da Carta Magna 
Brasileira, a pauta trazida por este compêndio reveste-se de significativa impor-
tância para os operadores da lei, devendo ser estudada com dedicação e – por 
que não? – amor.
Afinal, todo o resultado de sua atividade só tem significado se você gosta do 
seu trabalho e das pessoas!
Bons estudos!
Sobre os Cenários 
e os Riscos
1
10 • capítulo 1
Os operadores de segurança pública conhecem muito bem a expressão "profis-
são de risco". Mas será que já paramos para analisar o que isto significa? de que 
forma impacta nossa vida profissional?
Neste capítulo, pretendemos não apenas começar a dirimir estas dúvidas. 
Vamos além, explicando à luz da legislação e da técnica, como o agente da lei 
pode mitigar os riscos aos quais expõe-se.
OBJETIVOS
Neste capítulo você:
•  Identificará os conceitos relacionados ao risco;
•  Relacionará a mitigação dos riscos ao seu trabalho cotidiano;
•  Conhecerá os tipos de risco.
capítulo 1 • 11
1.1 Conceituando 
Frequentemente usamos a palavra risco em nossa vida diária. É comum ouvir o 
termo nos mais variados tipos de conversas:
– “Fulano está internado no hospital, correndo risco de morte.”
– “Sicrano está arriscando tudo neste empreendimento.”
– “A Defesa Civil alertou-nos quanto ao risco de desabamento”.
Como acontece com diversas palavras na língua portuguesa, um termo 
pode ter uma conotação mais técnica. 
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) seguindo as tendências 
da International Organization for Standardization (ISO), em sua NBR 31000, 
que versa sobre a Gestão de Riscos, define risco, atualmente, como sendo o 
"efeito que a incerteza tem sobre os objetivos da organização".
ATENÇÃO
A ABNT é o Foro Nacional de Normalização por reconhecimento da sociedade brasileira 
desde a sua fundação, em 28 de setembro de 1940, e confirmado pelo governo federal por 
meio de diversos instrumentos legais.
Entidade privada e sem fins lucrativos, a ABNT é membro fundador da International Or-
ganization for Standardization(Organização Internacional de Normalização - ISO), da Comi-
sión Panamericana de Normas Técnicas (Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas 
- Copant) e da Asociación Mercosur de Normalización (Associação Mercosul de Normali-
zação - AMN). Desde a sua fundação, é também membro da International Electrotechnical 
Commission (Comissão Eletrotécnica Internacional - IEC)
A ABNT é responsável pela publicação das Normas Brasileiras (ABNT NBR), elaboradas 
por seus Comitês Brasileiros (ABNT/CB), Organismos de Normalização Setorial (ABNT/
ONS) e Comissões de Estudos Especiais (ABNT/CEE).
Fonte: http://www.abnt.org.br/abnt/conheca-a-abnt. Acesso em: 05 fev16.
Para Houaiss (2001) risco é a probabilidade de perigo, geralmente com 
ameaça física para o homem e/ou para o meio. Pode ser definido ainda como 
probabilidade de insucesso, de malogro de determinada coisa, em função de 
12 • capítulo 1
acontecimento eventual, incerto, cuja ocorrência não depende exclusivamente 
da vontade dos interessados.
Observe que ao tentarmos definir “risco”, vimo-nos diante de novas pala-
vras-chaves. Se o risco “é o efeito que a incerteza tem sobre os objetivos da orga-
nização” (e podemos acrescer “sobre os objetivos do ser humano”), o que seria 
“incerteza”?
Vamos ver a definição que a University Corporation for Atmospheric 
Research nos apresenta:
CONCEITO
Incerteza é uma expressão de grau em que um valor é desconhecido. A incerteza pode ser 
resultado da falta de uma informação ou resultante de um desacordo sobre o que é ou o que 
pode ou não ser reconhecido.
A “incerteza” ainda pode ser definida por seu antônimo – o que não é cer-
to, o que não é determinado. Ou seja, não há como prever exatamente o que 
irá ocorrer.
Quando definimos um objetivo, seja organizacional ou pessoal, nunca po-
deremos ter certeza absoluta que tudo correrá como planejamos. Outros fato-
res podem sobrepor-se. Tentamos prever tudo que poderá ocorrer para minimi-
zar os feitos da incerteza, mas ainda assim, existem aspectos que tão somente 
podem ser minimizados em sua ocorrência ou em sua consequência.
EXEMPLO
Um grande evento religioso ocorrerá na sua cidade. A agência de segurança pública encarre-
gada fez o planejamento, considerando todas as possibilidades possíveis. Eis que, contrarian-
do todo o histórico meteorológico para aquele período, o município sofre com fortes chuvas, 
dias antes do evento. Toda a infraestrutura de acesso é comprometida. Entretanto, mesmo 
esta eventualidade remota havia sido prevista, existindo um outro local preparado para re-
ceber o encontro religioso. Observe que não foi possível minimizar ou impedir a tempestade, 
mas foi possível minimizar os seus efeitos sobre o acontecimento.
capítulo 1 • 13
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Outra definição que apresentamos para “risco” é a probabilidade de perigo. 
O que seria “probabilidade”? Esta palavra está muito presente nas previ-
sões meteorológicas, significando a perspectiva favorável de que algo venha a 
ocorrer. Probabilidade está diretamente relacionada com possibilidade, chan-
ce de que aconteça o que esperamos. Existe, portanto, um grau de segurança 
com que se pode esperar aquele evento, determinado por observações anterio-
res similares.
EXEMPLO
Ocorrerá na sua cidade um desfile de agremiações carnavalescas. Historicamente, neste 
período do ano, ocorrem fortes chuvas no município. Diante deste fato, a probabilidade de 
tempestade é alta. Devemos nos preparar para minimizar os efeitos deste fenômeno cli-
mático. Observe que estamos incertos se ocorrerá ou não mas temos a certeza de que a 
probabilidade é elevada.
14 • capítulo 1
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Dentro da lógica que estamos discutindo, qual seria a mais adequada defi-
nição para a palavra “perigo”?
De acordo com Sanders e McCormik1, “perigo” é uma condição ou um con-
junto de circunstâncias que têm o potencial de causar ou contribuir para uma 
lesão ou morte.
Quando analisamos um risco, estamos verificando dois parâmetros. De um 
lado, a probabilidade do perigo vir a acontecer, isto é, a possibilidade (expres-
sa em porcentagem) dele acometer-nos. Do outro lado, o impacto que terá so-
bre nós.
Mas por onde começamos esta análise?
Em que cenário atuaremos?
CONCEITO
Cenário é o conjunto de elementos que compõem o ambiente de nosso trabalho, de nos-
sas ações.
1 SANDERS, M.S.; McCORMICK, E. J. Human Error, Accidents, and Safety. In: SANDERS, M.S.;1993.
capítulo 1 • 15
Se você atua em um bairro, este será o cenário que deverá avaliar. Se você 
faz parte da ONU ou de algum organismo internacional que trata das questões 
ambientais, seu cenário poderá ser o planeta Terra.
Não importa em qual cenário você trabalhe. Seja qual for, estarão presen-
tes riscos. Resta investigar quais são as probabilidades, as incertezas e os pe-
rigos presentes e começar a trabalhar para minimizá-los ou, quem sabe, evitar 
que aconteçam.
Dentro da ideia de riscos, certamente os fatores ambientais são os mais difí-
ceis de serem previstos com exatidão. Também envolvem dificuldade para lidar 
com eles, em razão da escala que podem atingir.
Um acidente de trânsito é ruim, mas uma tempestade tende a atingir mais 
pessoas e sistemas.
Eventos naturais grandiosos podem ocorrer de forma despercebida, posto 
que longe dos aglomerados humanos. Ou ainda, podem ocorrer em espaço ur-
bano, mas que no momento esteja sem atividade humana.
Para ficar mais claro, apresentemos a definição dada por Santos2 para paisa-
gem e espaço, dois exemplos de cenários:
CONCEITO
Paisagem e espaço não são sinônimos. A paisagem é o conjunto de formas que, num dado 
momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre 
o homem e a natureza. O espaço são essas formas mais a vida que as anima.
Um estádio de futebol vazio é um exemplo de paisagem. Em um dia de jogo, 
teremos diversas pessoas. Estamos diante de um espaço.
Observamos novamente que ambos os conceitos – paisagem e espaço – são 
exemplos de cenários. Se você trabalha em uma agência de segurança pública, 
é possível que já tenha trabalhado em eventos ocorridos neste espaço. Naquele 
momento, tratava-se do cenário no qual você atuava.
Quando você foi trabalhar neste local, teve que analisar o cenário e os riscos 
a que você e sua equipe estavam submetidos.
2 SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço técnica e tempo razão e emoção. São Paulo: Hucitec 2ª edição, 1997.
16 • capítulo 1
Quando avaliamos um cenário, imediatamente pensamos em sua localiza-
ção. É fácil chegar? O escoamento das pessoas será feito de que forma? O local é 
propício a chuvas ou a temperaturas elevadas? A iluminação é adequada?
Analisamos o espaço com uma série de perguntas, mas ainda não domina-
mos as diversas técnicas que existem e que possibilitam analisarmos criterio-
samente o cenário.
Neste e nos próximos capítulos, pretendemos lhes dar as ferramentas mais 
contemporâneas de análise e avaliação de cenários e riscos, objetivando que 
você consiga reduzir incertezas e perigos.
Se você acredita que a análise do local consiste tão somente em uma visita 
ao mesmo, está enganado!
É preciso considerar a época do ano em que ocorrerá e avaliar o adensamen-
to urbano.
Para ficar mais claro, analisemos o fenômeno chamado “Ilhas de Calor”. 
Áreas urbanas são mais quentes que áreas suburbanas ou rurais. Isto ocorre 
em razão da densidade das edificações construídas e na capacidade de absor-
ver ou refletir radiação solar que os materiais usados na construção possuam. 
Além disso, vegetação e corpos d’água (lagos, rios) proporcionam temperaturas 
mais brandas.
A diferença média entre as temperaturas constatadas em áreas urbanas e 
não urbanas, fica em torno de 4 a 6 graus centígrados. Pode ser suficiente, de-
pendendo da época do ano, para gerar desconforto nas pessoas. O consumo de 
energia elétrica é muito maior no verão. Por isso é preciso verificarse o evento 
poderá sofrer com interrupções no fornecimento de energia elétrica e se há ne-
cessidade do uso de geradores.
capítulo 1 • 17
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Se você atua com a segurança da cidade como um todo, a geografia do mu-
nicípio deve ser considerada, vez que intensas precipitações pluviométricas3 
podem gerar deslizamento de encostas. Se elas estiverem ocupadas, irregular-
mente ou não, pode acontecer desabamento ou soterramento das casas.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
3 Precipitação pluviométrica significa “chuva”.
18 • capítulo 1
Esta mesma geografia pode proporcionar enchentes, atingindo as residên-
cias mais próximas aos rios.
Esperamos ter dado a você uma ideia mais clara a respeito da importância 
de estudar as ferramentas técnicas de análise de cenários e riscos.
MULTIMÍDIA
Não deixe de assistir ao documentário “Uma verdade inconve-
niente”. Dirigido por David Guggenheim e lançado em 2006, 
foi um sucesso de crítica e bilheteria, recendo 5 Oscars. Al 
Gore, o apresentador do documentário, tem por objetivo a sen-
sibilização da comunidade internacional em relação às mudan-
ças climáticas que estão ocorrendo no mundo.
É possível alugar o filme no endereço eletrônico https://
www.youtube.com/watch?v=MwxMrnDkbPU
Neste ponto, tudo parece grandioso demais. Você é um operador de segu-
rança pública que atua em um pedaço de um território e estamos lhe apresen-
tando exemplos e lhe indicando vídeos que tratam de questões globais.
capítulo 1 • 19
Não se preocupe! Estes primeiros conceitos ajudarão você a compreender 
melhor o seu território. Veja, ele faz parte deste grande cenário, deste ecossiste-
ma planetário. Não está isolado em seus acontecimentos, em suas ocorrências.
Entretanto, voltemos a sua atividade. Vamos começar por ela. Será que ela 
lhe expõe a riscos?
Você pode não ter pensado sobre isso ou pode ter chegado à conclusão que 
seu trabalho é muito arriscado, mas não designou o que o torna perigoso.
Passaremos agora a lhe dar informações que lhe permitam enxergar o mun-
do de outra forma. Com o conhecimento sobre o que são os riscos existentes, 
você poderá agir para preservar a sua integridade, bem como a de seus colegas.
1.2 Exposição a riscos
Um trabalhador expõe-se a determinados riscos, de acordo com as atividades 
que exerce. Suponhamos que você atue como controlador de trânsito em uma 
via que apresenta um tráfego intenso de veículos automotores, como na foto:
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
20 • capítulo 1
PERGUNTA
A que tipos de riscos está submetido o Guarda Municipal da imagem?
Ao analisar a foto, podemos verificar que ele corre o risco de ser atropelado 
por um motorista. Creio que esse é um dos primeiros sinais que observamos ao 
olhar para um controlador de tráfego viário.
Mas será que é só isso?
Vamos começar a ampliar nossa percepção. No Brasil, o Ministério do 
Trabalho e Emprego aprovou em 8 de junho de 1978 a Portaria nº 3.214. Esta 
Portaria apresenta Normas Regulamentadoras relativas à Segurança e Medicina 
do Trabalho. Vamos examinar com atenção a NR-9. Ela trata dos Programas 
de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e classifica os riscos laborais em 
5 tipos.
Veremos cada tipo e como ele pode ser relacionado ao trabalho do Guarda 
Municipal, acima.
1.2.1 Risco de Acidente
Definimos como “Risco de Acidente” qualquer fator que coloque o trabalhador 
em situação vulnerável e possa afetar sua integridade, e seu bem-estar físico e 
psíquico. São exemplos de risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem 
proteção, probabilidade de incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, ar-
mazenamento inadequado, dentre outros do tipo.
Se o Guarda Municipal corre o risco de ser atropelado por um carro, ele cor-
re um risco de acidente, seja porque não está adequadamente protegido, seja 
pela possibilidade do choque entre um veículo automotor e seu corpo.
Em decorrência do trabalho que exerce, o Guarda Municipal pode correr o 
risco de ser agredido verbal e fisicamente por uma motorista que não aceita ser 
orientado. Ainda estaríamos diante de um risco de acidente.
capítulo 1 • 21
PERGUNTA
Um Policial Militar, a quem não é ofertado um colete balístico adequado, está exposto a um 
risco de acidente?
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Com certeza! Um colete balístico é um Equipamento de Proteção Individual. Sua ausên-
cia ou inadequação (coletes vencidos, de tamanho não adequado, não conservados) expõe o 
agente de segurança pública ao risco de acidente.
1.2.2 Riscos Ergonômicos
Definimos como “Risco Ergonômico” qualquer fator que possa interferir nas 
características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afe-
tando sua saúde. São exemplos de risco ergonômico: o levantamento de peso, 
ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade, postura inadequada de 
trabalho etc.
Voltemos ao Guarda Municipal que controla o tráfego viário. Quantas horas 
ele trabalha por dia? Quantos quilos de equipamento carrega? Ao final de uma 
semana, por quantas horas ele manteve o ritmo ágil de liberar vias? Por quantas 
horas manteve o braço direito levantado?
22 • capítulo 1
É possível observar que nosso GM também está correndo riscos ergonômi-
cos no exercício de sua atividade.
ATENÇÃO
Não confunda “ergonomia” com “ergometria”. A ergonomia estuda a relação do homem com 
seu ambiente laboral, valendo-se de várias ferramentas, dentre as quais a ergometria, que 
analisa a postura do trabalhador na execução de tarefas.
Devemos deixar bem claro que a postura inadequada tomada pelo agente 
de segurança pode ocorrer em outras atividades, que não apenas as ligadas a 
ostensividade. Por exemplo, um Policial Civil ou um Policial Federal, no curso 
de uma investigação, pode ficar horas degravando escutas telefônicas, frente 
a um computador, colocando-se, muitas vezes, em uma posição inadequada.
PERGUNTA
Um Policial Rodoviário Federal, a quem é ofertado toda gama de equipamentos, pode estar 
sobrecarregado, expondo-se ao Risco Ergonômico?
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
capítulo 1 • 23
Sim! Dependendo da sua compleição física, do peso e da adequação do equipamento 
ao seu corpo, bem como da quantidade de horas trabalhadas, o agente da PRF pode estar 
exposto a Risco Ergonômico.
1.2.3 Riscos Físicos
Consideram-se agentes de Risco Físico as diversas formas de energia a que pos-
sam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, calor, frio, pressão, umi-
dade, radiações ionizantes e não-ionizantes, vibração etc.
Nosso Guarda Municipal trabalha exposto a radiação solar, ao calor, ao frio, 
aos barulhos oriundos dos carros (motores, buzinas, aparelhos de sons) e do 
próprio apito. Pode ser que sofra com a vibração contínua da pista sob seus pés, 
provocada pela passagem dos veículos automotores.
Geralmente os agentes de segurança pública estão mais expostos aos Riscos 
Físicos do que a outros tipos, em razão da natureza do seu trabalho.
ATENÇÃO
Não confunda Risco Físico com risco a integridade física. Como explicamos anteriormente, 
o risco de ser agredido fisicamente no exercício da profissão de agente da lei, enquadra-se 
como “Risco de Acidente”. 
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
24 • capítulo 1
1.2.4 Riscos Químicos
Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou produ-
tos que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratória, nas 
formas de poeiras, fumos, gases, neblinas, névoas ou vapores, ou que seja, pela 
natureza da atividade, de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo 
organismo através da pele ou por ingestão.
O Guarda Municipal, que nos serve de exemplo, trabalha no controle do trá-
fego viário. Está exposto, portanto, aos gases oriundos da combustão nos moto-
res. Também tem contato com poeira, inalando-a.
Policiais Militares e Rodoviários Federais, bem como Bombeiros Militares,lidam com acidentes de trânsito envolvendo veículos que transportam car-
gas perigosas, expondo estes agentes a inalarem ou terem contato com es-
tes produtos.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Bombeiros Militares lidam, dentre outras atividades, com incêndios, ex-
pondo-se a inalação de fumaça oriunda da queima de vários compostos.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
capítulo 1 • 25
1.2.5 Riscos Biológicos
Consideram-se como agentes de Risco Biológico as bactérias, vírus, fungos, pa-
rasitas entre outros.
Poderia o Guarda Municipal de nosso exemplo estar exposto a este tipo de 
risco? 
É parte do ofício dos agentes de segurança pública lidar com pessoas, nas 
mais variadas situações, seja prestando os primeiros socorros, seja conversan-
do, seja usando a força para cumprir a lei. Neste contato, o Responsável pela 
Aplicação da Lei (RAL) – expressão presente no Código de Conduta para os 
Responsáveis pela Aplicação da Lei4, instituído pela Organização das Nações 
Unidade através da Resolução 34/169 - expõe-se ao risco biológico.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
4 O termo “Responsáveis pela Aplicação da Lei” inclui todos os agentes da lei, quer nomeados, quer eleitos, que 
exerçam poderes policiais, especialmente poderes de detenção ou prisão. Nos países onde os poderes policiais 
são exercidos por autoridades militares, quer em uniforme, quer não, ou por forças de segurança do Estado, será 
entendido que a definição dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei incluirá os funcionários de tais serviços.
26 • capítulo 1
PERGUNTA
A utilização do banheiro químico expõe o agente de segurança pública ao risco biológico ou 
ao risco químico?
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Sob o assento do banheiro, é colocado um produto a base de amônia, água e desodo-
rizante, objetivando impedir que as bactérias dos resíduos produzam o mau cheiro. Não há 
risco químico presente (apesar do nome do banheiro). Em razão do uso inadequado por 
parte das pessoas e da condição de saúde apresentada por algumas, o agente de segurança 
pública expõe-se a risco biológico.
1.2.6 Minimizando riscos 
Agora que você conhece os tipos de riscos, ficará mais fácil analisar um ambien-
te. Comece com seu local de trabalho. Examine a rotina que você segue. A quais 
agentes de risco você está submetido?
Tendo identificado os riscos, como você pode minimizar seu impacto sobre 
sua atividade? Sobre você?
capítulo 1 • 27
Observe a imagem a seguir: 
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
O agente de trânsito está exposto a vários riscos, similares ao que verificamos 
no trabalho desenvolvido pelo Guarda Municipal, anteriormente abordado.
Quais riscos físicos o operador de segurança pública da foto está correndo?
Podemos começar pelo barulho. Como podemos reduzir este risco para o 
controlador de tráfego?
Um protetor auricular, um Equipamento de Proteção Individual extrema-
mente barato, pode ser uma resposta.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
28 • capítulo 1
E quanto a radiação solar? Protetores solares, uniformes adequados, até 
mesmo um abrigo, podem mitigar os efeitos deste agente.
Capas de chuvas podem proteger o RAL da umidade, bem como calçados 
adequados. Previsão de período de descanso em um turno de serviço podem 
minimizar os riscos ergonômicos.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Diante do que foi exposto, você pode estar se perguntando se a lei prevê que 
os agentes de segurança pública tenham direito a este tipo de proteção, vez 
que a legislação trabalhista focaria tão somente nos trabalhadores da iniciati-
va privada.
Vale a pena dar subsídios legais a você sobre este polêmico assunto.
O Ministério do Trabalho e Emprego é o órgão responsável pelo "estabele-
cimento de políticas e diretrizes nacionais para a geração de emprego e renda; 
pela aplicação de sanções previstas nas normas legais, bem como pela asses-
soria direta ao Presidente da República para a solução de questões de conflito 
de interesses."
Em sua página na internet (http://www.mte.gov.br/), o citado Ministério 
coloca como sua atribuição a verificação do "cumprimento, por parte das em-
presas, da legislação de proteção ao trabalhador, com o objetivo de combater 
capítulo 1 • 29
a informalidade no mercado de trabalho e garantir a observância da legisla-
ção trabalhista."
Ocorre que a Consolidação das Leis Trabalhistas (http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm), positivou em seu artigo 7º o seguinte:
“Art. 7º Os preceitos constantes da presente Consolidação salvo quando for 
em cada caso, expressamente determinado em contrário, não se aplicam: 
c) aos funcionários públicos da União, dos Estados e dos Municípios e aos 
respectivos extranumerários em serviço nas próprias repartições; 
d) aos servidores de autarquias paraestatais, desde que sujeitos a regime 
próprio de proteção ao trabalho que lhes assegure situação análoga à dos fun-
cionários públicos.”
Em uma primeira análise, pensamos que estaria fora da fiscalização os en-
tes públicos do qual fazem parte os agentes de segurança pública.
Entretanto, o Ministério do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho 
(www.mpt.gov.br) tem feito há algum tempo algumas inferências sobre as leis.
Se a Constituição da República assegura a todos os trabalhadores urbanos e 
rurais o direito à redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas 
de saúde, higiene e segurança, logo, todos os trabalhadores devem gozar desse 
direito, independentemente da natureza jurídica da relação de trabalho, posto 
que, sendo um direito fundamental e social do trabalhador, a norma é de apli-
cabilidade imediata.
A Constituição da República, ao estender o direito social previsto no inciso 
XXII do seu art. 7°5 autorizou expressamente a aplicação de tais normas aos 
servidores públicos, seja pelo fato de se tratar de um direito social de aplica-
bilidade imediata, seja pelo fato de que as Convenções Internacionais 1556 e 
1617, ratificadas pelo Brasil, que tratam de medidas de segurança e saúde no 
trabalho e dos serviços de saúde dos trabalhadores, expressamente determina-
rem que seus dispositivos alcançam todos os setores da atividade econômica, 
inclusive a administração pública e abrange todos os trabalhadores, inclusive 
os funcionários públicos. 
5 São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: 
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança aos servidores 
públicos civis.
6 Disponível no site http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D1254.htm
7 Disponível no site http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0127.htm
30 • capítulo 1
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
As convenções internacionais, uma vez ratificadas, inserem-se em nosso or-
denamento jurídico, com hierarquia de lei federal. Assim, resta parcialmente 
revogado o disposto no art. 7º, c) e d) da CLT, no que diz respeito aos dispositi-
vos celetistas que tratam da medicina e segurança no trabalho.
A fiscalização pela observância e cumprimento das normas regulamenta-
res sobre medicina e segurança no trabalho em todas as empresas e entidades 
públicas e privadas, independentemente da natureza da relação jurídica de 
trabalho, incumbe ao Ministério do Trabalho, que, mediante convênio, pode 
delegar suas funções, incluindo o amplo poder de polícia, aos órgãos federais, 
estaduais e municipais que integram o sistema único de saúde, a fim de fiscali-
zar os serviços de saúde e segurança no trabalho naquelas mesmas empresas e 
entidades, nos termos do art. 159 da CLT.
Em suma, de todo o exposto, podemos concluir com total segurança que 
servidores públicos também devem ser contemplados e protegidos, asseguran-
do-lhes a redução de riscos inerentes aos trabalhos.
Observe que não há atividade desenvolvidapor um agente de segurança 
pública que não envolva riscos. O importante é identificá-los e criar formas de 
minimizá-los.
capítulo 1 • 31
Equipamentos de Proteção Individual devem ser adquiridos, em conformi-
dade com a função a ser desempenhada pelo agente da lei.
Desta forma, uma pistola elétrica pode ser considerada um EPI8, vez que seu 
simples porte pode garantir a integridade física de quem a usa.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
1.2.7 Mapa de Risco
Ao realizar o exercício que lhe foi pedido anteriormente, você deve ter feito uma 
relação dos riscos aos quais está submetido em seu local de trabalho.
Se os escreveu, deve ter adotado a seguinte técnica:
“Nome do Risco (Exemplo: Risco de Acidente):
•  Risco x (Exemplo: risco de ser agredido fisicamente no local de trabalho);
•  Risco y (Exemplo: não possuir colete balístico).”
É assim que geralmente iniciamos um rol mental do que nos é pedido.
Entretanto, sabemos da facilidade e da celeridade com que representações 
gráficas são observadas e compreendidas.
Veja o exemplo dos sinais de tráfego.
8 Equipamento de Proteção Individual
32 • capítulo 1
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Uma rápida observação já nos diz o que devemos ou não fazer, independen-
te do Estado ou do país em que estejamos.
Da mesma forma podemos lidar com os riscos. Eles podem ser representa-
dos graficamente, facilitando sua rápida visualização e compreensão.
Chegamos ao conceito de Mapa de Risco.
CONCEITO
Mapa de risco é uma representação gráfica do conjunto de fatores presentes nos em um 
ambiente de trabalho, delineado sobre uma planta baixa, capazes de acarretar danos à saúde 
dos trabalhadores como acidentes e doenças de trabalho. Cabe ressaltar que tais fatores são 
inerentes ao processo de trabalho incluindo materiais, equipamentos, instalações, suprimen-
tos e espaços de trabalho bem como sua de organização.
Mapear riscos é levantar os locais onde eles são sentidos. Onde 
são observados.
A NR-5, sobre a qual falamos anteriormente, prevê a constituição de uma 
Comissão de Prevenção e Acidentes – a CIPA em qualquer empresa.
Na letra 1 do item 5.16, podemos verificar que uma das atribuições da CIPA 
é a elaboração de um Mapa de Risco. Os trabalhadores devem participar de sua 
construção, o que permite a troca de informações entre eles.
capítulo 1 • 33
Em 1995, diversas instituições brasileiras colaboraram na construção do 
“Guia Prático de Mapas de Riscos de Acidentes de Trabalhos”. Este Guia agrupa 
os tipos de riscos que estudamos e padroniza suas cores:
GRUPO RISCOS COR DE IDENTIFICAÇÃO DESCRIÇÃO
1 Físicos Verde
Ruído, calor, frio, presões, umidade, radiações 
ionizantes e não ionizantes, e vibrações.
2 Químicos Vermelho
Poeira, fumo, gases, vapores, névoas, neblinas 
e substâncias compostas ou produtos quími-
cos em geral.
3 Biológicos Marron
Fungos, vírus, parasitas, bactérias, protozoários 
e bacilos.
4 Ergonômicos Amarelo
Esforço físico intenso, levantamento e trans-
porte manual de peso, exigência de postura 
inadequada, controle rígido de produtividade, 
imposição de ritmos excessivos, trabalho em 
turno e noturno, jornada de trabalho prolon-
gadas, monotonia e repetitividade e outras 
situações causadoras de stress físico e/ou 
psiquico.
5 Acidentes Azul
Arranjo físico inadequado, iluminação inade-
quada, probabilidade de incêndio e explosão, 
eletricidade, máquinas e equipamentos sem 
proteção, armazenamento inadequado, quedas 
e animais peçonhentos.
Fonte: http://cipa.fmrp.usp.br/Html/MapaRisco.htm. Acesso em: 05 fev16.
Da mesma forma, apresenta a forma gráfica de expressar a gravidade 
dos riscos:
pequena média grande
Fonte: http://cipa.fmrp.usp.br/Html/MapaRisco.htm. Acesso em: 05 fev16.
Existem muitas formas de valorar cada nível de gravidade dos riscos.
Segue um modelo que apresenta um valor para cada um dos três gradientes:
 
34 • capítulo 1
SÍMBOLO PROPORÇÃO TIPO DE RISCOS
4 Grande
2 Médio
1 Pequeno
Fonte: http://cipa.fmrp.usp.br/Html/MapaRisco.htm. Acesso em: 05 fev16.
Para decidir se um risco é pequeno, médio ou grande, é preciso avaliar a 
probabilidade de que ocorra aquela situação que exponha o agente de seguran-
ça pública ao risco e a severidade dos danos a integridade do mesmo em caso 
de exposição.
ESTUDO DE CASO
Para ajudar a compreender melhor o que estudamos até aqui, vamos analisar o Mapa de 
Riscos de uma Delegacia de Policial Civil hipotética:
 
Carceragem
Arquivo
Recepção
BanheirosAtendimento
Fonte: Elaborada pelo autor.
capítulo 1 • 35
Na recepção, verificamos um pequeno círculo marrom. Isto significa que neste pré-aten-
dimento ao público, os agentes de segurança pública expõem-se às pessoas, correndo risco 
de contrair alguma doença. Podemos observar este círculo presente nos banheiros.
A carceragem apresenta um grande círculo em 3 cores – marrom, azul e verde. Há um 
grande risco biológico (representado pela cor marrom), em razão do contato com diversos 
presos. O grande risco físico (cor verde) relaciona-se ao calor. A cor azul diz respeito ao risco 
de acidente, isto é, há grande perigo a integridade física do agente de segurança pública.
A área de arquivo mostra um risco médio ergonômico relacionado ao arquivo. Pode in-
dicar que há muito peso para ser manipulado e o espaço impõe uma postura inadequada ao 
trabalhador. 
Tente analisar o círculo na área “Atendimento”. Que riscos são apresentados? Qual sua 
gravidade? Quais suas origens?
Comece agora um novo exercício. Uma vez que você relacionou os riscos em 
seu local de trabalho, faça uma planta dele e pontue os riscos em forma de cír-
culos gráficos e coloridos.
Se você ainda está com dúvidas, vamos analisar outros pontos em seu local 
de trabalho e classificá-lo em acordo com o que aprendemos.
A que tipos de riscos está exposto quem vai pegar sua arma de trabalho (ou 
devolvê-la) na reserva de armamento da unidade?
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Bom, sua primeira observação deve ter sido feita em relação a possibilidade 
de acidentes com o manuseio da arma de fogo.
36 • capítulo 1
Estaríamos diante de um risco de acidente. A cor seria verde. E a proporção 
do risco? Para responder a esta pergunta, precisamos pensar se é pequena, mé-
dia ou grande a possibilidade do acidente ocorrer. Como os profissionais de se-
gurança pública são bem treinados, será extremamente raro que um acidente 
ocorra. 
Entretanto, a definição da proporção nos determina que analisemos tam-
bém quão severos os danos a integridade física caso ocorra um acidente com 
arma de fogo. Sabemos que serão intensos demais, colocando em risco a vida 
dos agentes da lei.
Portanto, cremos que a reserva de armamento da unidade deve ser marcada 
com um grande círculo verde.
Você deve estar se perguntando se é possível pensar em um Mapa de Risco 
no seu caso específico, no qual você patrulha um quarteirão, a pé, de bicicleta 
(ou a cavalo) ou em um veículo automotor.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Não há dificuldade, o Mapa ficará maior e talvez mais complexo mas pode 
ser feito. Lembre-se apenas do objetivo do Mapa. Ele informará aos demais RAL 
dos riscos existentes no ambiente de trabalho e deve resultar de uma constru-
ção conjunta.
capítulo 1 • 37
Por derradeiro, trabalho em seções internas nas organizações expõe o agen-
te de segurança pública a riscos?
Com certeza! Se você trabalha em um ambiente com uma quantidade enor-
me de papel que não está devidamente acondicionado, pode estar exposto à 
poeira, um agente do risco químico. O mobiliário pode ser inadequado, subme-
tendo o RAL ao risco ergonômico. Pode haver problemas com a fiação elétrica, 
gerando risco de acidente.
E onde o Mapa de Riscos deve ser colocado?
No local mais visível por todos ou pela maioria dos agentes da lei. A tecnolo-
gia permite inclusive disponibilizá-lo também por telefones celulares.
RESUMO
Diante de todo o exposto, vimos quehá riscos por todos os lados, mesmo em casa ou de 
folga, estamos submetidos aos riscos. Cabe-nos analisar os cenários em que nos encontra-
mos e criar mecanismos, condições, rotinas que minimizem estes riscos. Equipamentos de 
Proteção Individual não devem ser vistos como gastos, mas como investimentos, vez que 
preservam a integridade do operador de segurança pública e permitem que trabalhe com 
mais efetividade.
1.2.8 Planejando o trabalho com o Mapa de Riscos
Suponhamos que sua agência de segurança pública irá trabalhar, em conjunto 
com outras, em um grande evento musical que ocorrerá na Cidade X.
A missão de sua agência é garantir a segurança externa ao local do show, fo-
cando na fluidez do tráfego viário e na integridade física das pessoas que virão 
ao espetáculo.
O evento ocorrerá durante 4 dias. Os portões serão abertos as 9 horas e o 
show terminará as 2 horas.
Tendo analisado as metas e planejado o uso do tempo, sua agência tem 
que planejar que recursos usará, avaliando os riscos e prevendo os sistemas 
de controle.
Focando nos riscos, eles devem ser identificados e analisados, objetivando 
reduzir sua ocorrência ou mitigar suas consequências.
38 • capítulo 1
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Assim, se os agentes trabalharão sob o sol, por longos períodos e com equi-
pamentos pesados, como minimizar sua exposição aos riscos estudados?
Pode ser necessária a alocação de mais operadores de segurança pública no 
evento, a fim de proporcionar menos tempo de trabalho aos agentes. Será ne-
cessário um aporte maior de verbas para compra de material permanente e de 
consumo, como barracas que protejam da radiação solar, protetor solar, água, 
isotônicos, equipamentos mais leves e que protejam o agente.
Ou seja, se a sua organização vai atuar em um evento, é importante analisar 
os custos para a agência, a fim de investir na proteção do operador de seguran-
ça pública.
Cremos que sua percepção já tenha sido alterada em relação ao trabalho 
que desempenha.
Nos próximos capítulos, ampliaremos sua análise para cenários mais am-
plos em relação a sua atuação cotidiana.
Como operador de segurança pública, você poderá apoiar municípios e 
Estados diante de eventos adversos, seja em um Centro de Comando e Controle, 
seja a frente de um Grupamento de ação imediata.
capítulo 1 • 39
ATIVIDADE
01. Um Policial Militar, a quem não é ofertado um colete balístico adequado, está exposto a 
que tipo de risco?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SANDERS, M.S.; McCORMICK, E. J. Human Error, Accidents, and Safety. In: SANDERS, 
M.S.;1993.
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço técnica e tempo razão e emoção. São Paulo: Hucitec 2ª 
edição, 1997.
40 • capítulo 1
Analisando 
Cenários e Riscos
2
42 • capítulo 2
Agora que você compreendeu o risco, chegou a hora de começar a avaliá-lo. Se 
ele está ligado às vulnerabilidades do cenário, é preciso ampliar seus horizon-
tes a respeito deste tema. 
Mas não se preocupe. Você já conhece muito do que vai ser explicado, por 
sua vivência prática. Está na hora de alinhar a teoria com a realidade.
OBJETIVOS
Neste capítulo você:
•  Compreenderá a importância de avaliar o risco;
•  Identificará ameaças;
•  Identificará vulnerabilidades;
•  Compreenderá a importância de se realizar o estudo dos cenários.
capítulo 2 • 43
2.1 Conceituando 
No capítulo anterior, destacamos diversos conceitos ligados aos cenários e aos 
riscos. Compreendemos os tipos de riscos à luz da NR-9 e como os operadores 
de segurança pública estão expostos a eles.
Pretendemos ampliar seus conhecimentos, apresentando-lhes novos con-
ceitos e iniciando a apresentação de ferramentas técnicas que lhe permita ana-
lisar efetivamente um cenário sobre o qual irá atuar.
Você deve lembrar que explicamos como avaliar se um risco é pequeno, 
médio ou grande. É necessário avaliar a probabilidade de que ocorra aquela 
situação que exponha o operador de segurança pública a um agente de risco, 
conjugando-a com a severidade dos danos a integridade física do mesmo, em 
caso de exposição.
É certo que podemos nos preparar e nos anteciparmos aos possíveis danos 
em um cenário no qual trabalhamos.
Instado a fazer isso, provavelmente você deve ter se valido do seguinte ra-
ciocínio: que ameaças poderão ocorrer? Como me protejo disso (quais são as 
minhas vulnerabilidades)?
Não se espante se eu acertei quanto ao que você pensou. Tendemos a anali-
sar cenários e riscos focando no que pode nos lesionar e no que podemos fazer 
para que isto não ocorra. 
Ou seja, pensamos em ameaças e vulnerabilidades.
Estes termos estão muito presentes em diversas metodologias que tratam 
da pauta que ora focamos. Mas o que significam, do ponto de vista técnico?
Para que possamos avançar na conceituação destas expressões, vamos re-
lembrar o conceito de “risco”:
CONCEITO
Risco é o efeito que a incerteza tem sobre os objetivos da organização. (NBR 31000)
Risco é a probabilidade de perigo, geralmente com ameaça física para o homem e/ou 
para o meio. Pode ser definido ainda como probabilidade de insucesso, de malogro de deter-
minada coisa, em função de acontecimento eventual, incerto, cuja ocorrência não depende 
exclusivamente da vontade dos interessados. (HOUAISS, 2001)
44 • capítulo 2
Se considerarmos tudo que estudamos no capítulo 1, estamos expostos a 
toda sorte de riscos, o tempo todo.
Se você vai de casa para o trabalho dirigindo seu carro, expõe-se ao risco de 
um acidente. Se vai à praia, expõe-se ao risco de se afogar ou de se bronzear de-
mais. Se vai a um evento musical, expõe-se ao som alto. Não é possível viver sem 
correr riscos. Decorre disso a ideia de que devemos aceitar certos graus de risco.
Observe que isto acontece cotidianamente, quando você opta por um curso 
de ação, privilegiando um risco menor em detrimento de um risco maior.
EXEMPLO
Um operador de segurança pública opta por usar o colete balístico 
para resguardar-se de um possível Risco de Acidente, produzido 
por um disparo de arma de fogo contra ele. Ao usar o Equipamento 
de Proteção Individual, ele sobrecarrega seu corpo, seu sistema 
esquelético, submetendo-se a um Risco Ergonômico. Se for ques-
tionado, certamente dirá que prefere se resguardar do risco maior, 
continuando a usar o colete.
Se risco é a probabilidade de perigo, geralmente com ameaça física ao ho-
mem, o que seria ameaça?
Vemos que “ameaça” está relacionada a ideia de um perigo próximo que 
não pode ser controlado, dificultando a sua neutralização.
O Código Penal Brasileiro nos coloca tal conduta como um crime – “Art. 147 
- Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbó-
lico, de causar-lhe mal injusto e grave”. Observe que o legislador não explicou 
o que é ameaça.
Aurélio Buarque de Holanda a define como uma palavra ou gesto intimida-
tivo, como uma promessa de castigo ou malefício, um prenúncio ou indício de 
coisa desagradável ou temível, de desgraça, de doença.
Ao lermos estas conceituações, começamos a pensar que risco e ameaça são 
sinônimos. Portella1, entretanto, compreende de outro jeito – “No risco, o dano 
é real, ou seja, se acontecer o evento, haverá necessariamente a perda. Já na 
1 PORTELLA, Paulo Roberto Aguiar, Gestão de Segurança, 2°edição.
capítulo 2 • 45
ameaça, o dano é potencial, isto é, se acontecer o evento, poderá haver perda 
ou não”.
Para ficar mais fácil entender esta diferença, vamos falar sobre “vulnerabili-
dade”. Podemos defini-la como um ponto fraco, uma fragilidade, expondo um 
sistema ou um Responsável por Aplicar a Lei.
Falamos acima do uso de colete balístico por um operador de segurança 
pública. Quando opta por não usar o citado EPI, o agente apresenta uma vul-
nerabilidade. Sua integridade física está sob ameaça. Observe que a ausência 
do colete não implica que o agente será lesionado. Mas a ameaça existe. Um 
indivíduo armado com uma faca ou um revólver pode colocar em risco de morteo nosso operador, se vier a atingi-lo.
Vamos a outro exemplo?
EXEMPLO
 
Um controlador de tráfego viário trabalha no meio de uma rua movimentada. Não há qual-
quer barreira física que o salvaguarde 
dos veículos.
Qual seria a vulnerabilidade observa-
da? A ausência de uma barreira física.
Qual seria a ameaça? O choque de um 
veículo automotor contra o operador de 
segurança pública.
Qual seria o risco? De morte ou lesão 
a integridade física do agente.
 Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Ficou mais claro?
Observe que a vulnerabilidade, no exemplo apontado, pode ter sido explo-
rada de forma acidental pelo motorista do veículo automotor. Ele pode ter per-
dido o controle sobre o carro, seja ao desviar de um buraco, seja ao não estar 
devidamente atento a direção.
46 • capítulo 2
Isso nos leva a concluir que ameaças podem explorar proposital ou aciden-
talmente uma vulnerabilidade. Entretanto, de um jeito ou de outro, levou ao 
risco de morte ou de lesão o nosso operador.
Decorreu da ação desta ameaça um incidente.
CONCEITO
Incidente é um fato decorrente da ação de uma ameaça que explora uma ou mais vulnerabi-
lidades, levando a perdas.
2.2 Vulnerabilidades, ameaças e riscos 
Se ameaças apresentam-se como agentes ou condições que causam incidentes. 
Se estes comprometem os ativos da organização ao explorarem suas vulnerabi-
lidades, os impactos resultantes sempre serão negativos.
O impacto diz respeito à abrangência dos danos causados sobre um ou mais 
processos da organização.
No exemplo dado, se o controlador de trânsito for atropelado, temos um ati-
vo importante comprometido. Uma pessoa que passou por um processo seleti-
vo e treinamento, habilitado a estar trabalhando, foi vitimado. Isto faz com que 
a organização perca qualidade na prestação do seu serviço. Por consequência, a 
comunidade perde em termos de oferta de segurança.
Ao reduzirmos as vulnerabilidades, minimizamos as fragilidades que pos-
sam ser exploradas por ameaças, evitando ou mitigando a ocorrência de inci-
dentes de segurança. 
EXEMPLO
Imaginemos que um operador de segurança pública controle o acesso de veículos a deter-
minada instalação municipal. Seu objetivo é minimizar as vulnerabilidades a que está sujeito 
o prédio citadino. Que informações ele deve checar para garantir isto?
capítulo 2 • 47
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Podemos apontar a necessidade de identificar o condutor e o veículo, bem como dos 
ocupantes do carro ou moto. Confirmar se eles estão sendo esperados é outra medida acer-
tada. Registrar estes dados, bem como a hora de entrada e saída, permite o resgate do his-
tórico de serviço. São ações simples, mas ao minimizar vulnerabilidades, reduzimos ameaças 
e, por consequência, riscos.
Conhecer estes conceitos permite que você planeje melhor a segurança de 
um evento. Suponhamos que sua organização irá atuar em um jogo de futebol 
importante. Trata-se da final de um campeonato nacional e as torcidas organi-
zadas dos times envolvidos apresentam um longo histórico de conflitos, tanto 
dentro da praça esportiva quanto nas cercanias.
Você começa a pensar no trinômio “vulnerabilidades – ameaças – riscos”. 
Por certo, sem perceber, você começou a construir uma análise em relação às 
ameaças e vulnerabilidades.
Vejamos.
Um dos primeiros questionamentos que fará, com certeza, é “o que pode 
dar errado? ”. A esta pergunta, seguem-se outras: por que daria errado, qual a 
probabilidade de dar errado e quão negativo poderia ser.
Observe a que cada pergunta se refere: 
•  Quando você pergunta o que pode dar errado, está levantando os riscos 
aos quais submetem-se o agente de segurança pública;
48 • capítulo 2
•  Quando você pergunta o porquê de dar errado, está explorando quais vul-
nerabilidades apresentam-se;
•  A probabilidade de dar errado remete você ao estudo do histórico dos pro-
blemas havidos anteriormente;
•  O impacto, as consequências de qualquer incidente, serão avaliados a luz 
das ameaças esperadas e das vulnerabilidades constatadas.
Vamos apresentar o estudo que fizemos para a situação apresentada.
ESTUDO DE CASO
Situação – conflito entre torcidas organizadas e com integrantes de sua organização de 
segurança pública.
1.1. Vulnerabilidade detectada – Falta de EPI para agentes de segurança pública.
1.2. Ameaça – Uso de arma de fogo e facas por integrantes das torcidas organizadas.
1.3. Risco – Morte e lesões a integridade física do agente de segurança pública.
2.1. Vulnerabilidade detectada – Falta de armamento não letal para os agentes de seguran-
ça pública
2.2. Ameaça – Agressão física por parte dos integrantes de torcida organizada.
2.3. Risco – Lesões a integridade física do agente de segurança pública.
3.1. Vulnerabilidade detectada – efetivo reduzido de agentes de segurança pública.
3.2. Ameaça - Agressão física por parte dos integrantes de torcida organizada.
3.3. Risco – Lesões a integridade física do agente de segurança pública.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
capítulo 2 • 49
2.3 Forças, Fraquezas, Oportunidades e 
Ameaças
Vimos que vulnerabilidade está ligada a fragilidade, ao ponto fraco que o ce-
nário nos apresenta. Notamos que este conceito está ligado aos aspectos in-
ternos da organização. Toda vez que fazemos este estudo, colocamos o ponto 
fraco como algo inerente a infraestrutura ou às rotinas da agência de seguran-
ça pública.
De forma diversa, colocamos a “ameaça” em uma dimensão exterior. Algo 
que vem de fora e “ataca” a organização.
Se a agência de segurança pública apresenta um efetivo reduzido no dia do 
evento esportivo apresentado, estamos diante de uma fragilidade, de uma vul-
nerabilidade, de um ponto fraco da empresa.
Entretanto, se os agentes são excepcionalmente bem treinados para lidar 
com situações deste tipo, podemos listar tal aspecto como um ponto forte 
da instituição.
As torcidas organizadas do exemplo dado são agressivas, transformando-se 
em uma ameaça aos RAL2.
A estrutura da praça esportiva e das vias de acesso ao local dificultam o con-
flito entre os integrantes das torcidas. Esta característica apresenta-se como 
uma oportunidade externa à instituição, vez que facilita seu trabalho.
Esta conjugação de forças e fraquezas internas, bem como oportunidades e 
ameaças externas, pode ser posta em forma de matriz, ajudando na análise do 
cenário que estudamos.
Conhecida como SWOT3, em inglês, ou FOFA4, em português, esta análise 
(ou matriz) fornece uma linha de raciocínio para o planejamento e gestão de 
um evento específico e da própria organização.
2 RAL – Como explicamos no capítulo 1, a sigla RAL significa “Responsáveis pela Aplicação da Lei”. O termo inclui 
todos os agentes da lei, quer nomeados, quer eleitos, que exerçam poderes policiais, especialmente poderes de 
detenção ou prisão. Nos países onde os poderes policiais são exercidos por autoridades militares, quer em uniforme, 
quer não, ou por forças de segurança do Estado, será entendido que a definição dos funcionários responsáveis pela 
aplicação da lei incluirá os funcionários de tais serviços.
3 O termo SWOT é uma sigla oriunda do idioma inglês, e é um acrónimo de Forças (Strengths), Fraquezas 
(Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats). Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/
An%C3%A1lise_SWOT
4 Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças.
50 • capítulo 2
Na conquista do objectivo
Ajuda Atrapalha
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AmeaçasOportunidades
Fonte: http://www.marketingteacher.com/lesson-store/lesson-swot-portuguese.html. Aces-
so em: 08 fev 16.
Listamos exemplos de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças em rela-
ção a sua organização e ao evento no qual ela atuará. Vamos repetir, em acordo 
com a análise FOFA:
FORÇA
Treinamento excepcional dos agentesde segurança 
pública.
OPORTUNIDADE Estrutura da praça esportiva e das vias de acesso.
FRAQUEZA Efetivo reduzido de agentes para o dia do evento.
AMEAÇA
Torcidas organizadas com histórico de confrontos entre si e 
com os agentes de segurança pública.
Cada um dos aspectos da FOFA nos permite verificar qual ponto pode ser 
melhorado e/ou aproveitado. É possível, inclusive, conjugar os elementos entre 
si, a fim de potencializá-los ou equilibrá-los.
capítulo 2 • 51
EXEMPLO
•  Forças e oportunidades – se explorarmos o potencial da força da organização, o treina-
mento dos agentes, podemos aproveitar melhor a oportunidade presente – a estrutura da 
praça esportiva, adotando técnicas que minimizem confrontos físicos entre as torcidas;
•  Forças e ameaças – o treinamento dos agentes poderá acarretar em estratégias que mi-
tiguem a possibilidade de confrontos entre os torcedores. A Polícia Militar do Estado do Rio 
de Janeiro tem por rotina escoltar os ônibus da torcida visitante, seja quando entram, seja 
quando saem do Estado;
•  Fraquezas e oportunidades – o fato da praça esportiva e as vias de acesso possuírem uma 
configuração que auxilia a agência de segurança pública pode compensar o efetivo reduzido. 
Novos ajustes nesta configuração podem minimizar ainda mais as fraquezas. Por exemplo, a 
redução de locais de desembarque e embarque de passageiros pode minimizar o número de 
agentes empenhados;
•  Fraquezas e ameaças – novas estratégias podem ser desenvolvidas para lidar com o fato 
das torcidas serem agressivas e o contingente de agentes ser baixo. A Polícia Militar do Esta-
do do Rio de Janeiro tem por rotina filmar as torcidas organizadas, inibindo ações de violência 
ao criar a possibilidade de identificação dos envolvidos em atos criminosos.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
A análise SWOT nos permite ir além. Não há limites para o tamanho ou grau 
de complexidade do cenário apresentado.
Imaginemos que ocorrerá em nosso país um evento esportivo de repercus-
são internacional. 
52 • capítulo 2
Que pontos fortes o Brasil apresenta?
O país tem experiência com eventos esportivos de grande envergadura, vez 
que sediou recentemente diversos deles. Sem dúvida, esta é uma força a nos-
so favor.
Temos tradição na boa recepção e tratamento ao turista. O país torna-se 
convidativo, desarmando os espíritos dos visitantes.
Que pontos fracos podemos vislumbrar?
A inexperiência de lidar com atos terroristas, ideológicos. Mesmo o treina-
mento das agências de segurança pública é prejudicado pelo baixo investimen-
to nele, sob a crença de que não seremos alvo de atentados.
Outra fragilidade que se apresenta é o tamanho das nossas fronteiras e sua 
conhecida permeabilidade. Tal fato permite que seja fácil adquirir armamento 
de qualquer espécie, inclusive explosivos.
Poderíamos continuar listando uma série de aspectos em relação ao país, 
mas cremos que você já compreendeu que a análise SWOT pode ser usada em 
diversos contextos, até mesmo em sua agência de segurança pública.
PERGUNTA
Aplique em sua organização a análise SWOT. Se acredita que sua instituição é complexa 
demais, analise o serviço que você desempenha de acordo com a matriz FOFA.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Achou difícil o exercício?
capítulo 2 • 53
Vamos tentar resolver!
Vamos usar um exemplo conhecido nosso. O Guarda Municipal Sicrano tra-
balha no cruzamento da rua X com a rua Y. Sua atribuição é o controle do tráfe-
go viário naquele setor.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Quais pontos fortes podemos destacar neste serviço? 
Nossas considerações serão hipotéticas, pois não estamos analisando um 
caso real. Assim, afirmamos que Sicrano tem como força o fato de que foi bem 
treinado e possui todo o equipamento necessário para salvaguardar-se e execu-
tar seu serviço.
Como ponto fraco, podemos citar a carga horária excessiva de trabalho. 
Mesmo o profissional mais bem treinado pode ficar cansado ao final de uma 
longa jornada de trabalho. Seu desempenho tende a cair, sua concentração 
a enfraquecer.
Como ameaça, apontamos o forte calor que assola o posto de trabalho, de-
bilitando o agente.
Como oportunidade, o fato de trabalhar há anos naquele local, levando-o a 
ter apoio total dos moradores e comerciantes da área.
Ficou mais fácil agora? Então comece a exercitar sua mente. Descubra as 
ameaças e oportunidades em seu trabalho. Explore os pontos fortes e equilibre 
os fracos.
A análise SWOT é tão importante que voltaremos a ela nos próxi-
mos capítulos.
54 • capítulo 2
2.4 Ferramentas para analisar riscos
Até agora, neste livro, mantemos nossa abordagem de analisar os riscos e ten-
tar neutralizá-los ou minimizá-los.
Vimos que é possível tornar nossa avaliação mais técnica, mais criteriosa, 
seguindo algumas rotinas. 
O ponto em comum destas formas de avaliar o cenário é que tentamos loca-
lizar pontos críticos, vulneráveis, que possam vir a prejudicar um projeto, uma 
atividade, se explorados involuntariamente ou intencionalmente.
Já apresentamos a você a análise SWOT (ou FOFA) - um excelente instru-
mento para medir até mesmo sua organização – e o Mapa de Riscos, que permi-
te identificar graficamente os riscos no ambiente de trabalho, graduando-os de 
acordo com a possibilidade de ocorrerem e as consequências que apresentarem.
Vamos apresentar outras ferramentas que lhe permitam analisar mais deta-
lhadamente os riscos presentes nos mais diversos cenários.
2.4.1 Análise Preliminar de Riscos (APR)
Trata-se de uma das ferramentas mais conhecidas. Meireles5 conceitua-a da se-
guinte forma: 
CONCEITO
A Análise Preliminar de Riscos consiste em identificar eventos, causas e impactos e esta-
belecer medidas de controle. Preliminar em virtude de ser primeira abordagem do objeto de 
estudo. O objeto pode ser: área, sistema, procedimento, projeto ou atividade.
Se a APR é a primeira abordagem do objeto de estudo, geralmente ocorrerá 
na fase da concepção de um projeto, atividade, procedimento ou sistema. Veja 
que estamos diante de uma realidade nova, pouco conhecida.
Desta forma, a técnica precede o uso de outros instrumentos mais detalha-
dos de análise.
5 MEIRELES, Nino Ricardo. Gestão Estratégica do Sistema de Segurança – Conceitos, Teorias, Processos e 
Práticas. Sicurezza Editora, 2011. São Paulo.
capítulo 2 • 55
Isso implica dizer que ao analisar um cenário, você não usará apenas uma 
ferramenta, mas várias.
Nada impede que a APR seja usada como um instrumento de revisão em sis-
temas consolidados, estruturados, vez que pode revelar vulnerabilidades, não 
percebidas anteriormente.
Na legislação nacional, vamos encontrar na NR-106 (Norma regulamentado-
ra que trata dos serviços no Sistema Elétrico de Potência) a previsão de aplica-
ção das técnicas de análise de riscos.
De acordo com Meireles7, na APR deve-se inicialmente descrever o objeto 
de estudo, fazendo a subdivisão que for adequada. Posteriormente, devemos:
1. Selecionar um elemento do objeto;
2. Selecionar um evento indesejável;
3. Identificar as causas possíveis do evento;
4. Identificar os impactos do evento;
5. Estabelecer medidas de controle de risco e de controle de emergência;
6. Repetir o processo para outros eventos;
7. Selecionar outros objetos do processo e repetir as etapas.
Podemos afirmar que Meireles foca na descrição dos riscos (selecionar ele-
mentos do objeto e eventos indesejáveis), na identificação das causas destes 
riscos e em suas consequências (identificar as causas possíveis e identificar os 
impactos). A partir deste ponto – o diagnóstico – ele busca elaborar medidas 
que impeçam o evento adverso e medidas que lidem com sua ocorrência (esta-
belecer medidas de controle de risco e de controle de emergência).
E qual elemento deve ser estudado primeiro ou objetivado como prioritário?
Ora, tal qual um médico, o operador de segurança pública priorizará o ele-
mento de acordo com a capacidadeque o mesmo tem de ser prejudicial, pela 
intensidade do risco.
Observe que a identificação de um risco deve ser tratada como um fator crí-
tico. Um risco não incluído na análise pode colocar em uma situação crítica a 
organização. 
Veja o exemplo a seguir e tente identificar as causas possíveis do evento, 
seus impactos e quais medidas de controle de risco e de emergência deveriam 
ter sido considerados. 
6 MEIRELES, Nino Ricardo. Gestão Estratégica do Sistema de Segurança – Conceitos, Teorias, Processos e 
Práticas. Sicurezza Editora, 2011. São Paulo.
7 Páginas 163 e 164.
56 • capítulo 2
EXEMPLO
No dia 18 de junho de 2014, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, as 16 horas, ocor-
reu o jogo Espanha X Chile. As 15 horas, uma hora antes do início da partida, mais de 100 
torcedores chilenos invadiram o centro de imprensa do Maracanã. O grupo forçou uma das 
grades da cerca que circula a área e causou confusão e destruição no local de trabalho de 
jornalistas estrangeiros e brasileiros. Duas paredes foram derrubadas, a porta principal foi 
destruída, houve muita correria, gritos, e em pouco tempo o grupo foi controlado pelos ste-
wards (seguranças particulares), que em um primeiro momento corriam e gritavam "fechem 
os portões!". Segundo a Polícia Militar, 88 pessoas foram detidas.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Vamos lá?
É de se esperar que em partidas de futebol tenhamos muitas emoções en-
volvidas. Os obstáculos físicos devem ser robustos para lidar com a força huma-
na em possíveis tentativas de invasão às praças desportivas.
Como primeiras causas para o ocorrido, teríamos a fragilidade da estrutura 
física externa e interna e a ausência de qualquer monitoramento por vídeo câ-
meras que permitisse a rápida identificação da ocorrência e o desencadeamen-
to de medidas de controle para aquela emergência.
capítulo 2 • 57
Os impactos foram diversos. Não estamos falando apenas da estrutura físi-
ca danificada, mas da repercussão negativa sobre o país no que diz respeito a 
prover segurança. Os invasores entraram na sala de imprensa, gerando medo 
e sensação de total desorganização. Chegaram às arquibancadas, difundindo 
ainda mais a percepção de insegurança.
Como medida de controle de risco, barreiras físicas mais fortes deveriam 
ter sido consideradas, bem como aumento no efetivo de seguranças particula-
res e investimento em um sistema de monitoramento.
Como medida de controle de emergência, a consequência da adoção das me-
didas de controle de risco imporia uma atuação mais célere, imediata, dos segu-
ranças privados, impedindo que a invasão se propagasse até as arquibancadas.
Ao realizar este estudo de caso, parece-nos, por vezes, que os setores envol-
vidos no planejamento e na execução de um evento desta proporção não se co-
municam entre si, não compartilhando os levantamentos que são feitos.
É possível perceber, inclusive, a utilização de critérios, termos e meto-
dologias distintos entre as empresas que trabalham juntos em um prol de 
um objetivo.
Por isso, é importante voltar a falar sobre a NBR 310008. Ela surge da neces-
sidade de harmonizar padrões existentes em relação a Análise de Riscos.
A Norma nos diz que o processo de gestão de risco deve ser parte integrante 
da gestão de qualquer empresa, rotina ou evento, devendo ser incorporada na 
cultura e nas práticas da organização.
A NBR 31000 prevê um processo estruturado de sete fases em relação a ges-
tão de risco.
Teríamos como fase abrangente a “Comunicação e Consulta”. Ela envolve 
todas as fases que veremos a seguir. Trata da comunicação interna e externa, 
assegurando que todos os responsáveis e partes interessadas compreendam os 
fundamentos sobre os quais as decisões são tomadas e as respectivas razões. 
8 Falamos sobre ela no início do capítulo 1, quando definimos risco. Ela foi criada pela ABNT para tratar da Gestão 
de Riscos.
58 • capítulo 2
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Antes de tomar uma decisão importante, havendo tempo, a gerência pode e 
deve questionar os executores do serviço o que pode ser melhorado. Estas con-
sultas podem levar a criação de novas rotinas que deverão ser comunicadas a 
todos, explicando os motivos de sua implementação ou modificação.
Exemplificamos. O colete balístico é pesado. Mesmo que seja adequado ao 
tamanho do operador de segurança pública é desconfortável. Expõe o RAL ao 
risco ergonômico. Esquenta o corpo demasiadamente nos dias que apresen-
tam temperatura elevada.
Por que ele deve ser usado? Cabe a sua instituição explicar e apresentar as 
vantagens e desvantagens. Ouvir o operador de segurança pública pode gerar 
novas rotinas. Ele pode sugerir a aquisição e distribuição de capas individuais 
para os coletes. Ao evitar que a capa protetora do colete fique suja, reduzimos a 
exposição do operador de segurança aos riscos biológicos.
A segunda fase apontada pela Norma é a de “Estabelecimento do Contexto”. 
Deve-se entender os fatores e as variáveis externas, as tendências e as relações 
com as partes interessadas externas e as suas percepções de valores. No con-
texto interno, compreender a cultura, os processos, a estrutura e as estratégias. 
Define-se metas e objetivos, além de responsabilidades sobre os riscos que a 
organização está disposta a correr.
capítulo 2 • 59
Vejamos alguns exemplos:
Ocorre um grande evento musical na sua cidade. Como representante de 
sua organização de segurança pública, você deve relacionar-se com os respon-
sáveis pelo show e com outras instituições de segurança pública e privada.
A sua preocupação é com a integridade física dos participantes que irão as-
sistir ao espetáculo, como lidar com o tráfego de veículos e impedir que crimes 
como roubos a transeuntes e de veículos ocorram.
Entretanto, não é esta a prioridade dos organizadores do evento. Eles que-
rem atrair o maior número de pessoas possível. Garantem que há bastante espa-
ço livre em volta do local onde ocorrerá o show, permitindo o estacionamento. 
O evento é para divertir. Muitas famílias irão. Com certeza não haverá crimes.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Veja, os organizadores enxergam por uma ótica diversa da sua. Eles estão 
preocupados com o sucesso do evento em si. Lidar com as questões de seguran-
ça é uma prioridade sua. 
Tal situação é mais comum do que você imagina. Podemos citar outro 
exemplo, como a autorização dada por algumas prefeituras para que blocos 
carnavalescos imensos desfilem, ao mesmo tempo, em espaços públicos que 
não comportam tal atividade.
60 • capítulo 2
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Voltando ao nosso evento musical, chega a hora em que você deve lidar com 
os processos dentro da sua instituição. 
Informado que o evento musical irá durar duas semanas, sua análise o faz 
concluir que será necessário mais efetivo em determinada parte do dia. É ne-
cessário mudar as escalas de serviço, sem necessariamente aumentar a carga 
horária dos operadores.
Ocorre que isto vai de encontro a cultura da sua organização. As escalas são 
divididas de forma cartesiana e não há interesse ou vontade em mudar isso. 
Opta-se por escalar profissionais de folga ou de outros serviços e locais que pas-
saram a ser menos prioritários, frente ao evento que se apresenta.
A forma que sua instituição atuará no evento também leva a outra pondera-
ção. Qual risco sua empresa está disposta a assumir? 
Controlar o tráfego viário implica em atuar sobre um trânsito lento e inten-
so. As pessoas desejam chegar ao evento de forma célere. Certamente responsa-
bilizarão sua organização pelos óbices encontrados para deslocar-se ao show.
Estes são alguns dos obstáculos que se enfrenta ao lidar com os contextos 
interno e externo.
A terceira fase que a NBR 31000 nos apresenta é a identificação de riscos. 
Trata-se de listar os perigos que são visualizados. Há que se identificar as fon-
tes destes riscos. Repetimos que esteé um momento crítico. Estudamos que 
capítulo 2 • 61
os riscos derivam de vulnerabilidades. Portanto, trata-se de avaliar que fatores 
estão facilitando estas fragilidades.
Marcos Rolim, em seu livro “A Síndrome da Rainha Vermelha”, aponta di-
versos fatores de risco e de proteção como possíveis causas para a origem do 
comportamento criminoso.
A negligência dos pais aparece como uma das mais importantes.
Roubos praticados dentro de ônibus exploram como vulnerabilidade o tre-
cho da rota que contempla um local que facilita a fuga do meliante.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Sequestro de pessoas, objetivando extorsão, na maioria dos casos envolve 
empregados mal selecionados ou mal orientados, que dolosa ou culposamente 
passam informações a respeito da rotina do sequestrado.
Identificados os riscos, passamos para a quarta fase – a análise de riscos. 
Ao compreendermos os riscos, podemos desenvolver um tratamento adequa-
do para eles. Nesta fase, começamos a estudar qual é a probabilidade do ris-
co acontecer e quais seriam as suas consequências para a organização, para o 
agente de segurança pública, para o cliente.
As ferramentas para análise do risco focam nestas duas fases – identificação 
e análise.
Chegamos a quinta fase – a avaliação dos riscos.
62 • capítulo 2
Depois que você analisou os riscos, deve questionar-se sobre quais necessi-
tam de tratamentos, quais devem ser priorizados para a implementação do tra-
tamento. Trata-se mesmo de comparar os riscos encontrados na fase da análise.
Você pode estar se perguntando o porquê de não se tratar todos os riscos. 
Explica-se.
REFLEXÃO
Há limites financeiros, estruturais, para lidar com todos os riscos que se apresentam ao 
operador de segurança pública. Na hora de investir, deve-se verificar a probabilidade de 
acontecer o evento-risco e as consequências que advirão de sua ocorrência. Existem riscos 
remotíssimos em determinados contextos. Por exemplo, em um Estado ou cidade, jamais 
houve um ataque a uma cabine policial. Ainda que o 
agente de segurança pública esteja exposto ao ris-
co de ser alvo de criminosos em sua cabine, a pro-
babilidade de que isto ocorra é remotíssima. Neste 
momento, prioriza-se outro risco, mais presente na 
rotina do RAL, como por exemplo, a possibilidade 
de ser agredido em uma intervenção policial. Com-
pra-se, portanto, uma pistola elétrica, em detrimento 
da blindagem da cabine. 
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
Chegamos a sexta fase – o tratamento dos riscos.
Possivelmente, o risco apontado por você, em sua análise, já foi objeto de 
tratamento anterior. Comece então avaliando as rotinas implementadas. Os 
riscos que não foram objetos de ações são toleráveis? 
Se você concluiu que o tratamento adotado anteriormente deixou de fora 
riscos que você considera elevados, chegou a hora de iniciar um novo tratamen-
to. Não se esqueça que você deverá avaliar a eficácia9 desta nova forma de lidar 
com riscos.
As opções de tratamento são as seguintes:
9 Lembre-se que “eficácia” tem a ver com o resultado. Quer dizer que você adotou um procedimento que anulou 
ou minimizou o risco.
capítulo 2 • 63
1. Evitar o risco – se a organização é fortemente criticada por realizar ope-
rações de trânsito nos dias, horários e locais de intenso movimento em direção a 
região praiana, pode-se pensar em não realizá-las naqueles locais e momentos;
2. Tomada ou aumento do risco – se a organização é extremamente elogia-
da e valorada em ações de intervenção nas quais os agentes não usaram armas 
de fogo, pode-se aumentar a carga de treinamento em relação a estas rotinas;
3. Remoção da fonte de riscos – se há histórico de que determinado EPI 
esteja colocando em risco de acidente de grande proporção os profissionais 
que o usam, é melhor avaliar a possibilidade de suspender o seu uso;
4. Alteração da probabilidade – Incursões policiais em áreas ocupadas 
por marginais fortemente armados geralmente levam a conflitos que expõem 
os agentes, os cidadãos e os próprios agressores. Quando a operação conta com 
um grande contingente de operadores e é planejada com antecedência, a pro-
babilidade de confronto reduz-se;
5. Alteração das consequências – operações policiais que contam com 
apoio de médicos e aeronaves, podem garantir de forma muito mais efetiva 
uma prestação de socorro qualitativa e célere a um agente ferido;
6. Compartilhamento do risco – ao permitir um evento em local público, 
cabe a prefeitura estabelecer regras para sua realização segura;
7. Retenção de risco por uma decisão consistente e bem embasada – temos 
como exemplo a ordem para que não seja feita uma operação policial noturna em 
uma área ocupada por marginais fortemente armados. Pode-se aguardar o dia para 
que a incursão ocorra. A visibilidade favorece os agentes de segurança pública.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/fotos
64 • capítulo 2
Ainda de acordo com a NBR 31000, teríamos como sétima e última fase o 
“monitoramento e análise”. Esta é uma fase crítica também, vez que checa pe-
riodicamente (ou em resposta a um evento específico) se as medidas adotadas 
estão produzindo o efeito desejado: eliminaram os riscos ou os mitigaram.
A Norma citada não apresenta um modelo de Análise Preliminar de Riscos. 
Como vimos, a NBR traz o que deve ser objeto desta análise.
Apresentamos um APR que traz os pontos discutidos neste capítulo.
Logo
Folha:
Rev.:
Data:
Análize Preliminar de Riscos - APR
Cliente:
Obra:
Processo: Atividade:
Perigo Prováveiscausas Dano
Identificação e caracterização do dano/perigo
Controles existentes
Avaliação
de risco Respon-
sávelGRA
V
PRO
B
C
R
Gerencia-
mentos
necessários
Responsável pela
elaboração
Responsável pela
verificação/análise crítica
Responsável pela
aprovação
Aprovação
fiscalização
Legenda
GRAV. Gravidade = (LP) Levemente prejudicial; (P) Prejudicial; (EP) Extremamente prejudicial
CR. Categoria de risco = (I) Trivial; (II) Tolerável; (III) Moderado; (IV) Substancial; (V) Intolerável
PROB. Probalididade = (B) Baixa; (M) Média; (A) Alta
NE – Não Existe
EPI – Equipamento de proteção individual
EPC – Equipamento de proteção coletiva
DDS – Diálogo Diário de Segurança
LTCAT – Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho
Fonte: http://www.blogsegurancadotrabalho.com.br/2013/05/o-que-e-apr-analise-prelimi-
nar-de-risco.html. Acesso em: 10 fev 16.
capítulo 2 • 65
Observe que esta APR traz o campo “identificação e caracterização do dano/
perigo”. Pede-se que aponte o perigo, suas prováveis causas e os danos oriun-
dos de sua ocorrência, em acordo com o que estudamos.
A Análise traz também um campo chamado “Avaliação de Risco”, no qual 
gradua a Gravidade (como Levemente Prejudicial, Prejudicial ou Extremamente 
Prejudicial), a Probabilidade (Baixa, Média, Alta ou não existente) e a Categoria 
do Risco (Trivial, Tolerável, Moderado, Substancial, Intolerável).
A APR ainda traz os recursos existentes para lidar com os riscos e quais me-
didas deveriam ser adotadas. 
Uma pesquisa na internet permite que encontremos diversos outros mo-
delos de APR. Sua organização pode criar um. O importante é atentar para os 
pontos essenciais trazidos pela NBR 31000.
2.4.2 What if (ou “o que aconteceria se...?”)
Esta ferramenta de análise de riscos consiste em “detectar perigos, utilizando 
questionamento aberto promovido pela pergunta: “e se...?”. O objeto pode ser: 
sistema, processo, equipamento ou evento. O foco é tudo que pode sair errado”. 
EXEMPLO
Um bombeiro militar que exerce a função de salva vidas, em uma praia com índices elevados 
de resgate, pode usar a metodologia What if da seguinte forma:
•  O que aconteceria se a corrente marítima se intensificasse no ponto X?
•  O que aconteceria se mais de uma pessoa esti-
vesse afogando-se naquele ponto X?
•  O que aconteceria se o socorro aéreo demoras-
se a chegar?
•  O que aconteceria se a pessoa resgatada 
apresentasse nervosismo intenso

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