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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - SLIDES

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Crimes contra a Administração Pública
Prof. Ticiano Yazegy Perim
Divisão dos crimes contra a Administração Pública
Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário ;
Capítulo II – Dos crimes praticados por particular contra a Administração em geral;
Capítulo II–A – Dos crimes praticados por particular contra a Administração Pública estrangeira;
Capítulo III – Dos crimes contra a Administração da Justiça; e 
Capítulo IV – Dos crimes contra as finanças públicas.
Divisão do Código penal
Conceito da Administração Pública para o Direito Penal
Para o Direito Penal “Administração Pública” não tem o mesmo significado do Direito Constitucional e do Administrativo. 
Administração Pública para o Código Penal:
 sentido amplo/extensivo: não somente como o exercício de atividades tipicamente administrativas, mas como toda atividade estatal, quer no seu aspecto subjetivo (entes que desempenham funções públicas), quer no seu aspecto objetivo (qualquer atividade desenvolvida para satisfação do bem comum). 
Administração Pública equivale a sujeito-administração e atividade- -administrativa;
abrangente de toda a atividade funcional do Estado e dos demais entes públicos.
Objetividade jurídica 
é o interesse público concernente ao normal funcionamento e ao prestígio da administração pública em sentido lato, naquilo que diz respeito à probidade, ao desinteresse, à capacidade, à competência, à disciplina, à fidelidade, à segurança, à liberdade, ao decoro funcional e ao respeito devido à vontade do Estado em relação a determinados atos ou relações da própria administração
Crime & infração administrativa
Todo o ilícito penal será também ilícito perante o Direito Administrativo, mas nem todo ilícito administrativo será necessariamente um crime ou contravenção penal.
depois da criação da infração penal (princípio da fragmentariedade), invoca-se na prática o princípio da subsidiariedade para decidir quando estará configurada a figura penal ou a simples falta disciplinar (ilícito administrativo). 
Portanto, se a violação à Administração Pública não ingressar na seara penal, podendo ser solucionada pelo Direito Administrativo, será vedado o recurso ao Direito Penal.
Reserva-se a atuação penal única e exclusivamente para as hipóteses estritamente necessárias. De resto, busca-se a resolução do litígio por uma via menos lesiva aos envolvidos, e, por corolário, também ao Estado. 
O direito penal só deve se ocupar com ofensas realmente graves aos bens jurídicos protegidos
è O Direito Penal está todo fragmentado, tendo em vista que não tem um objeto único de proteção, tutelando diversos bens jurídicos espalhados pelos ramos do direito.
è O Direito Penal é subsidiário. Sendo assim, se os outros ramos do direito forem suficientes para tutelar aquele bem, não precisaremos do direito penal. Dessa forma, o Direito Penal só deverá agir quando os outros ramos do direito forem insuficientes.
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO 
EM GERAL
Artigos 312 – 326 
do Código Penal
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DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Crimes funcionais 
Artigos 312 – 326 do Código Penal
	são cometidos pelo funcionário público no exercício da função pública ou em razão dela.
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DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
	Crimes afiançáveis (Lei 12.403/2011);
 maioria das penas máximas não ultrapassa oito anos, dificultando a imposição do regime prisional fechado para início de cumprimento da pena privativa de liberdade;
Nenhum crime contra a Administração Pública foi classificado como hediondo (Lei 8.072/1990, art. 1.);
Lei 10.763/2003 - acresceu o parágrafo 4 no art. 33 do Código Penal: “O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais”.
Elevada gravidade
 e de incalculável
 extensão (?):
Improbidade administrativa
Nos crimes funcionais, busca-se proteger a probidade administrativa, compreendida como retidão de conduta, honradez, lealdade, integridade, virtude e honestidade do agente público. Sem prejuízo da caracterização dos atos de improbidade administrativa, definidos pela Lei 8.429/1992, o desvalor da conduta e a extensão do resultado fazem com que o legislador eleve algumas condutas administrativamente ilícitas à condição de crimes.
claramente possível a coexistência de uma ação criminal e uma ação de improbidade administrativa;
Os atos de improbidade administrativa não detém, necessariamente, conteúdo penal.
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Independência entre as instâncias penal e administrativa: crimes funcionais e perda do cargo como efeito da condenação
Condenação pelo crime funcional - impede sua absolvição no âmbito administrativo, uma vez que os requisitos exigidos para a imposição da sanção penal são mais rígidos . [Na prática, contudo, somente haverá necessidade de imposição de alguma medida disciplinar quando não foi judicialmente declarada a perda do cargo, emprego ou função pública como efeito da condenação (cf. art. 92, I do CP, que não é automático, esse efeito deve ser declarado na sentença e motivado)].
 Absolvição na seara criminal - dependendo do seu fundamento, pode beneficiar o funcionário público no campo administrativo (não há como impor alguma punição administrativa):
fundamento na inexistência do fato (CPP, art. 386, inc. I, c/c o art. 66),ou
 excludente da ilicitude, especialmente o estrito cumprimento do dever legal (CPP, art. 386, inc. VI, 1.a parte, c/c o art. 65), não há como impor alguma punição administrativa;
 se a absolvição fundar-se em algum outro inciso do art. 386 do Código de Processo Penal, será possível a aplicação da sanção administrativa. 
Ex:se o funcionário público foi absolvido em razão da atipicidade do fato (CPP, art. 386, inc. III), nada impedirá a conclusão pela existência de infração disciplinar, pois nem todo ilícito administrativo configura infração penal. 
Extraterritorialidade
crime funcional será alcançado pela lei penal pátria, mesmo quando cometido no estrangeiro, ou seja, fora dos limites da soberania nacional: 
art. 7.o, inc. I, c, do Código Penal: “Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: os crimes contra a administração pública, por quem está a seu serviço”.
Classificação dos crimes funcionais
Crimes funcionais próprios:
a condição de funcionário público no tocante ao sujeito ativo é indispensável à tipicidade do fato. A ausência desta condição conduz à atipicidade absoluta, tal como se dá na corrupção passiva e na prevaricação (CP, arts. 317 e 319).
Crimes funcionais impróprios (ou mistos): 
 a falta da condição de funcionário público pelo agente importa na desclassificação para outro delito. Exemplo: no peculato-apropriação (CP, art. 312, caput, 1.parte), se ausente a condição de funcionário público relativamente ao autor, subsistirá o crime de apropriação indébita (CP, art. 168).
Obs: há outros crimes funcionais fora do Capítulo I do Título XI da Parte Especial do Código Penal. 
Ex:nos crimes de falso reconhecimento de firma ou letra (CP, art. 300) e de certidão ou atestado ideologicamente falso (CP, art. 301), etc.
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Concurso de pessoas
Não somente o funcionário público (intraneus), mas também o particular (extraneus) responderá pelos crimes previstos no Capítulo I do Título XI da Parte Especial do Código Penal;
 
Somente o funcionário público pode praticar diretamente os crimes funcionais. A condição de autor lhe é exclusiva. Nada impede, contudo, a responsabilização do particular por delitos desta natureza, como coautor ou partícipe.
Funcionário público
para o Código Penal
art. 327 do CP:
 “Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública”.
Norma penal interpretativa: esclarece o conteúdo e o significado de outras normas penais. Sempre empregada pelo Código Penal, e na legislação penal extravagante;
Conceito de funcionário público do Direito Penal (amplo, = agente público) é diverso do conceito de funcionário público do Direito Administrativo (restritivo):
Abrange: os empregados públicos, os servidores públicos ocupantes de cargos em comissão, os servidores temporários, os particulares em colaboração com o Poder Público e qualquer outra modalidade de agente público passível de se apresentar, inclusive os agentes políticos. 
Dispensa a permanência da ligação do agente com o Poder Público, não havendo também a necessidade de remuneração pelos serviços prestados. ex: com os jurados e os mesários eleitorais, entre 
 não se estende àqueles que exercem múnus público, não se aplicando aos tutores, curadores e inventariantes judiciais e defensores dativos ( não exercem função pública, mas sim encargos públicos atribuídos pela lei)
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Equiparação ao funcionário público
art.327,§1º:
	“Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública”.
Entidades paraestatais - pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que atuam ao lado e em colaboração com o Estado. Ex: Sesc, o Senai e o Sesi, bem como as entidades de apoio e as organizações não governamentais (ONGs);
Empresas convencidas e contratadas (...)
Empresas prestadoras de serviços contratadas/conveniadas para a execução de atividade típica da Administração Pública
São as empresas particulares responsáveis pela execução de serviços públicos por delegação estatal, mediante concessão, permissão ou autorização(transporte coletivo, com a coleta de lixo e com as empresas):
Ex de contrato: o empregado de uma empresa privada, concessionária de serviço público, que subtrai, para proveito próprio, valores destinados à realização de serviços públicos responde por peculato furto (CP, art. 312, § 1.o), e não por furto (CP, art. 155), uma vez que, para fins penais, é equiparado a funcionário público.
Ex convênio: diretor de uma determinada Santa Casa apropriar-se de valores públicos, prática crime de peculato (CP, art. 312, caput), pois esta pessoa é, para fins penais, equiparada a funcionário público.
Nas duas últimas hipóteses (empresas contratadas e conveniadas) a equiparação somente existe quando se tratar de execução de atividade típica DA ( e não PARA) Administração Pública. Não há equiparação quando:
a) o trabalhador da empresa exerce atividade ATÍPICA DA Administração Pública. Ex: O Município contrata uma empresa de manobristas para estacionar os carros dos convidados em uma festa pública. Um dos empregados subtrai, para si, um automóvel da frota pública. A ele será imputado o crime de furto (CP, art. 155); 
b) a empresa executa atividade TÍPICA PARA a Administração Pública.
Ex.: o pedreiro ou pintor de empresa contratada para a reforma de um edifício público não é equiparado a funcionário público. (...) A distinção fundamental está no interesse em disputa: se a atividade é usufruída pela comunidade (o serviço é da Administração, ainda que realizado indiretamente por particulares), são equiparados a funcionários públicos os seus prestadores; se a atividade, porém, é destinada a atender a demanda da própria Administração (o serviço é para a Administração), não são equiparados os funcionários da empresa privada contratada.
A equiparação se aplica a funcionário público se aplica tanto ao sujeito ativo como ao passivo, nos crimes funcionais.
Causa de aumento
art.237, §2º:
“A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público”.
Aplicação da majorante: somente quando o funcionário público ocupar o posto de sujeito ativo do crime contra a Administração em geral. 
“autores” (em sentido amplo), mas também os coautores e partícipes do delito funcional.
Cargo em comissão - preenchido por nomeação para cargo público, independentemente de concurso público e em caráter transitório. Caracteriza-se pela relação de confiança, e somente é possível no tocante aos cargos que a lei declara de provimento em comissão.
Peculato
Art. 312 do CP:
Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena: Reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1. Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
2. Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena: Detenção, de três meses a um ano.
§ 3. No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
Espécies de peculato:
(a) peculato apropriação (caput, 1.a parte); 
(b) peculato desvio (caput, parte final); 
(c) peculato furto (§ 1.o); e 
(d) peculato culposo (§ 2.o).
As duas primeiras (apropriação e desvio) são também conhecidas como peculato próprio, enquanto a terceira é doutrinariamente classificada como peculato 
O art. 313 do Código Penal prevê o peculato mediante erro de outrem, também chamado de “peculato estelionato”. E, finalmente, o art. 313-A do Código Penal contempla o crime de inserção de dados falsos em sistemas de informações, apelidado de “peculato eletrônico”.
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Objetividade jurídica 
é a Administração Pública, tanto em seu aspecto patrimonial e moral, representada pela lealdade e probidade dos agentes públicos.
Também protege o patrimônio do particular quando seus bens estejam confiados à guarda da Administração Pública =“peculato malversação”
Se o bem não estiver sob a guarda da Adm, o funcionário público cometerá furto ou apropriação indébita. 
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Objeto material:
Dinheiro: nacional ou estrangeiro 
Valor: títulos de créditos, ações apólices ...
Bem móvel: publico ou particular, energia,
Ex: estará caracterizado o crime de peculato quando o funcionário público faz uma ligação clandestina (“gato”) de energia elétrica, desviando-a da repartição pública em que trabalha para sua casa.
Prestação de serviços não é bem móvel.
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Peculato X bagatela:
não admite a incidência do princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública, incluindo-se o peculato.
Esta posição encontra seu nascedouro na violação da moralidade administrativa, que é violada mesmo quando a lesão patrimonial apresenta ínfima dimensão
Obs : Supremo Tribunal Federal, agindo com prudência, já reconheceu o princípio da insignificância no âmbito do peculato, como causa supralegal de exclusão da tipicidade:
A 2a Turma, por maioria, concedeu habeas corpus para reconhecer a aplicação do princípio da insignificância e absolver o paciente ante a atipicidade da conduta. Na situação dos autos, ele fora denunciado pela suposta prática do crime de peculato, em virtude da subtração de 2 luminárias de alumínio e fios de cobre. Aduzia a impetração, ao alegar a atipicidade da conduta,
que as luminárias: a) estariam em desuso, em situação precária, tendo como destino o lixão; b) seriam de valor irrisório; e c) teriam sido devolvidas. Considerou-se plausível a tese sustentada pela defesa. Ressaltou-se que, em casos análogos, o STF teria verificado, por inúmeras vezes, a possibilidade de aplicação do referido postulado. Enfatizou-se que esta Corte já tivera oportunidade de reconhecer a admissibilidade de sua incidência no âmbito de crimes contra a Administração Pública. (Informativo 624)
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Pressuposto do peculato
Posse lícita do bem móvel 
 O dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel precisa estar na posse do funcionário público e em razão do seu cargo ( pelas facilidades que seu cargo proporciona)
 A posse abrange tanto a posse direta como a posse indireta, e também a detenção.
A posse lícita, vale dizer, em conformidade com o Direito:
(a) se a entrega do bem decorre de fraude, há estelionato (CP, art. 171);
(b) se a posse resulta de violência à pessoa ou grave ameaça, o crime é de roubo (CP, art. 157) ou extorsão (CP, art. 158); e
(c) se alguém, por equívoco, entrega dinheiro ou qualquer utilidade ao funcionário público, em razão do seu cargo, e ele deste se apropria, estará caracterizado o peculato mediante erro de outrem (art. 313 do CP).
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Facilidades proporcionadas pelo cargo 
Exemplos:
 Peculato - Delegado de Polícia, ingressa em seu local de trabalho, e subtrai valores apreendidos no flagrante de um crime que sabia estarem na gaveta da mesa de um escrivão,
 Furto - Funcionário público que, durante a madrugada, escala a parede da repartição pública e arromba uma janela para subtrair um computador que se encontrava na sala do seu superior hierárquico.
Não há peculato quando o funcionário público pratica a conduta de uma forma que poderia ser concretizada por qualquer outra pessoa, que não o funcionário público.
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Peculato próprio – art. 312, caput: peculato apropriação e peculato desvio
Peculato próprio é crime funcional impróprio, pois com a exclusão da condição de funcionário público do agente afasta-se o peculato, mas subsiste o delito de apropriação indébita.
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Núcleos do tipo
peculato apropriação & desvio:
 peculato apropriação:
 - apropriar-se = comporta-se como se fosse dono do objeto material, retendo-o, consumindo-o, destruindo-o, alienando-o etc.
 peculato desvio:
 - desviar = dar destinação diversa da inicialmente prevista, em proveito próprio ou de terceiro.
 O proveito pode ser:
 - material (exemplo: o funcionário público empresta a alguém o dinheiro que tem sob sua guarda, recebendo os juros respectivos) ou 
 - moral (exemplo: o funcionário público efetua o empréstimo sem juros a uma pessoa famosa, com o escopo de conquistar sua amizade e prestígio).
 De qualquer modo, o desvio há de ser em proveito do funcionário público ou de terceiro, pois, se a beneficiária for a própria Administração Pública, incidirá o crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas, tipificado pelo art. 315.
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Peculato furto ou peculato impróprio: art. 312, § 1.o
crime funcional impróprio: ausente a condição de funcionário público, desaparece o peculato, mas subsiste intacto o delito de furto
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Núcleos do tipo
Peculato furto/impróprio:
Subtrair: aqui o sujeito não tem a posse da coisa móvel, pública ou particular, mas a sua posição de funcionário público lhe proporciona uma posição favorável para a subtração dela. O funcionário público é o executor direto da subtração. Exemplo: “A”, policial rodoviário, subtrai peças de um automóvel que estava apreendido em razão da falta de documentação.
Cuidado: o bem não se encontra na posse do agente, mas é imprescindível esteja sob a guarda ou custódia da Administração Pública, sob pena de afastamento do crime funcional. Exemplificativamente, o policial militar que durante uma abordagem de trânsito subtrai, pela janela, um notebook que estava no banco traseiro do veículo, aproveitando-se da distração do motorista, que procurava seus documentos no porta-luvas, responde por furto, e não por peculato.
Concorrer para a subtração: O funcionário público não subtrai diretamente o dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel. Sua atuação restringe-se à concorrência dolosa para a subtração efetuada por terceira pessoa. Exemplo: “A”, policial militar responsável pela sala de armas de um determinado quartel, propositalmente deixa de trancar a porta do recinto, vindo “B”, com ele previamente ajustado, a subtrair durante a madrugada uma metralhadora que ali se encontrava.
Trata-se de crime de concurso necessário.
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Peculato e falsidade documental:
Quando um funcionário público falsifica um documento (público ou particular) para obter indevidamente dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel pertencente à Administração Pública, a ele devem ser imputados dois crimes em concurso material: falsidade documental e peculato. 
Há duas condutas independentes e autônomas, e não há falar em absorção daquele por este, uma vez que tais delitos ofendem bens jurídicos diversos (fé pública e Administração Pública) e consumam-se em momentos distintos.
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Sujeito ativo 
Em todas as modalidades é crime próprio ( concurso de pessoas);
funcionário deverá ser regularmente nomeado, para depois tomar posse no cargo público:
a) o sujeito não é funcionário público, e sim um usurpador. Não responderá por peculato, mas por furto (CP, art. 155) ou estelionato (CP, art. 171), em concurso material com usurpação de função pública (CP, art. 328);
b) o sujeito, embora nomeado, não foi investido em suas funções, porque não tomou posse ou não prestou, quando necessário, o devido compromisso. Cuida-se de funcionário de fato, devendo ser reconhecida a prática de estelionato (CP, art. 171); e
c) o sujeito, apesar de nomeado e investido em suas funções, foi nomeado ilegal ou irregularmente. Enquanto a nomeação não for anulada, o agente será considerado funcionário público para fins penais.
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Sujeito passivo
O sujeito passivo principal ou imediato é o Estado (em sentido amplo). 
sujeito passivo secundário ou mediato, representado pela entidade de direito público ou pelo particular (proprietário ou possuidor do bem móvel) prejudicado pela conduta criminosa.
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Peculato de uso:
É atípico o fato relacionado ao uso momentâneo de coisa infungível (obra de arte), sem a intenção de incorporá-la ao patrimônio pessoal ou de terceiro, seguido da sua integral restituição a quem de direito.
STJ - “Analogamente ao furto de uso, o peculato de uso também não configura ilícito penal, tão somente administrativo”.
bens fungíveis, pode surgir a figura do peculato de quantidade, ou desfalque de caixa, expressões empregadas para indicar a apropriação ou o desvio de coisas fungíveis quando o desfalque seja encoberto pelo estorno de outras coisas fungíveis. Assim sendo, comete o crime definido no art. 312 do Código Penal o caixa da repartição pública que, após se apropriar de determinada soma em dinheiro, cobre o desfalque com outras quantias, provenientes da Administração Pública ou de particulares.
Vale destacar que o simples uso do bem caracteriza ilícito de outra natureza, consistente em ato de improbidade administrativa. 
Ex: Por isso, não haverá ilícito penal, se um funcionário público, por ocasião de uma festa, enfeitar sua casa com quadros de sua repartição, ou, então, usar vez ou outra máquinas de escrever, automóveis, que pertençam a terceiros e estejam em sua posse em razão do cargo. Se se verificar consumo de gasolina ou de outro material, poder-se-á configurar o peculato em relação a tais materiais
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Consumação:
peculato apropriação - no instante em que o sujeito passa a se comportar como proprietário da coisa móvel, isto é, quando ele transforma em domínio a posse ou detenção
sobre o dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel (exemplos: alienação, disposição ou retenção do bem etc.). É nesse momento que o Estado suporta a lesão patrimonial, pois deixa de ter a livre disponibilidade sobre a coisa de sua titularidade.
Tratando-se de bem privado que se encontra sob a guarda da Administração Pública (“peculato malversação”), com sua apropriação pelo funcionário público o Estado estará obrigado a ressarcir o particular pelos prejuízos provocados por um dos seus representantes. Este é o dano patrimonial causado ao erário.
 peculato desvio - no momento em que o funcionário público confere à coisa móvel destinação diversa da legalmente prevista, pouco importando se a vantagem almejada é por ele alcançada.
o peculato furto - com a efetiva subtração da coisa móvel, e com a consequente inversão da posse do bem, que sai da esfera de vigilância da Administração Pública e ingressa na livre disponibilidade do agente, ainda que por breve período.
Em todos os crimes (peculato apropriação, peculato desvio e peculato furto), STF entende ser prescindível o lucro efetivo. São crimes materiais. 
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Reparação do dano no peculato:
a) antes do recebimento da denúncia, e desde que presentes os demais requisitos exigidos pelo art. 16 do Código Penal, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços, com fundamento no arrependimento posterior;
b) após o recebimento da denúncia, mas antes do julgamento, estará delineada a atenuante genérica disciplinada pelo art. 65, inc. III, b, do Código Penal; e
c) em grau recursal, poderá incidir a atenuante genérica inominada contida no art. 66 do Código Penal.
d) após o trânsito em julgado, nenhum efeito na dosimetria.
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Ação penal
Lei 9.099/95
Ação Penal pública incondicional
A pena do peculato doloso, em suas diversas vertentes, é de reclusão, de dois a doze anos, e multa. Cuida-se, portanto, de crime de elevado potencial ofensivo, incompatível com qualquer dos benefícios instituídos pela Lei 9.099/1995.
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Peculato culposo: art. 312, § 2º
Conceito:
infração penal de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal e compatível com a transação penal e o rito sumaríssimo, nos moldes da Lei 9.099/1995. De fato, a pena é de detenção, de três meses a um ano, para o funcionário público que “concorre culposamente para o crime de outrem”.
O peculato culposo nada mais é do que o concurso não intencional pelo funcionário público, realizado por ação ou omissão – mediante imprudência, negligência ou desídia – para a apropriação, desvio ou subtração de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel pertencente ao Estado ou sob sua guarda, por uma terceira pessoa, que pode ser funcionário público (intraneus) ou particular (extraneus).
Crime de concurso necessário.
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Requisitos cumulativos:
(a) conduta culposa do funcionário público; e
(b) prática de crime doloso por terceira pessoa, aproveitando-se da facilidade culposamente proporcionada pelo funcionário público.
 não se opera o crime tipificado pelo art. 312, § 2.o, do Código Penal na hipótese de provocação de prejuízo ao erário pela conduta culposa do funcionário público (exemplo: esquecer aberta a janela da repartição pública, permitindo a destruição dos computadores por uma tempestade), desde que não tenha sido praticado nenhum crime por outrem.
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Consumação 
no momento em que se consuma o crime doloso praticado pelo terceiro;
Se o crime praticado pelo terceiro não se consuma, ele responderá pelo crime na forma tentada;
O funcionário público não responde por peculato culposo tentado pois não há tentativa nessa modalidade.
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Peculato culposo
E reparação do dano: art. 312, § 3º
Antes do trânsito em julgado: extinção da punibilidade.
Após o trânsito em julgado: redução de 1/2.
reparação do dano deve ser completa e não exclui eventual sanção adminis- trativa contra o funcionário público
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Peculato mediante erro de outrem
Art. 313 do código penal:
Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena: Reclusão, de um a quatro anos, e multa.
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Peculato estelionato
Denominação equivocada
“peculato estelionato” nada mais é, do que uma modalidade especial de apropriação de coisa havida por erro (art. 169, 1ª parte), diferenciada pelo sujeito ativo, ou seja, um funcionário público prevalecendo-se das facilidades proporcionadas pelo exercício da função pública.
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Objetividade jurídica:
Administração Pública no seu aspecto material e moral.
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Objeto material
Dinheiro;
Qualquer outra utilidade: é a vantagem econômica - tudo quanto serve para uso, consumo ou proveito econômico ou avaliável em dinheiro; qualquer bem móvel, de cunho patrimonial, apto a proporcionar algum proveito material ao funcionário público
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Núcleo do tipo:
APROPRIAR-SE: comportar com dono for. Ex: alienação, retenção, disposição ou destruição do bem
NO EXERCÍCIO DO CARGO: aproveitar-se dessa facilidade, do contrário será apropriação de coisa havida por erro.
Ex: “A” entrega a “B”, seu vizinho e funcionário público, uma determinada quantia em dinheiro, solicitando-lhe os préstimos no sentido de efetuar o pagamento de uma taxa municipal de igual montante na repartição pública em que trabalha. “B” procede ao pagamento do tributo, de valor inferior àquele imaginado por “A”, e apropria-se do restante. Como o dinheiro não foi recebido por “B” no exercício do cargo, a ele será imputado o crime de apropriação de coisa havida por erro, e não peculato mediante erro de outrem.
ERRO DE OUTREM ...
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Erro de outrem
ERRO DE OUTREM : falsa percepção da vítima acerca de algo. 
Exemplo: “A” dirige-se a uma repartição pública e entrega a “B”, funcionário municipal, uma determinada quantia em dinheiro a título de pagamento de tributos supostamente atrasados. Nesse instante, “B” percebe que a dívida já havia sido paga, mas silencia e apropria-se do valor.
O erro da vítima deve ser ESPONTÂNEO pouco importando qual a sua causa (desatenção, confusão etc.); se dolosamente provocado pelo funcionário público, estará configurado o crime de estelionato (CP, art. 171). 
Exemplo: Um fiscal fazendário fraudulentamente diz ao contribuinte que ele tem que pagar imediatamente uma determinada quantia em dinheiro, correspondente a impostos pretéritos, sob pena de imposição de elevada multa. A vítima efetua o pagamento e, em seguida, o fiscal apropria-se dos valores. A ele será imputado o delito de estelionato.
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Hipóteses:
(a) à coisa entregue ao funcionário público
 (exemplo: no cumprimento da pena de prestação de serviços à comunidade, o condenado entrega uma televisão de LCD, em vez de uma televisão comum);
(b) à quantidade da coisa a entregar ao funcionário público, que se apropria do excesso 
(exemplo: também no cumprimento de uma pena restritiva de direitos, o condenado entrega ao hospital 100 sacas de arroz, e não 90, mas seu diretor leva para sua casa as 10 sacas remanescentes);
(c) à obrigação que originou a entrega 
(exemplo: a vítima acredita erroneamente encontrar-se em débito com o Fisco, razão pela qual entrega ao fiscal determinada quantia em dinheiro, que desta se apropria; e
(d) aos poderes do funcionário público para receber o bem
 (exemplo: a vítima efetua o pagamento de uma taxa em repartição pública diversa da correta, mas o agente que lá trabalha se apropria do dinheiro).
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Sujeitos
ATIVO:
 Funcionário público - co-autoria e participação
PASSIVO: 
Estado e quem sofre a lesão 
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Elemento subjetivo:
É o dolo, dolo superveniente pois sobrevem a posse do bem pelo funcionário.
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Consumação, tentativa
Ação penal e lei 9.099/95
CONSUMAÇÃO - com a apropriação;
CONATUS: ex: Após receber por erro, para registrar, uma carta com valor, o funcionário postal, não competente para tal registro, é surpreendido
no momento em que está violando a carta.
AÇÃO PENAL: pública incondicionada;
LEI 9.099/95: crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do processo, desde que presentes os demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 
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Art. 313-A – Inserção de dados falsos em sistema de informações:
Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:
Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
conhecido como “peculato eletrônico”, foi introduzido no Código Penal pela Lei 9.983/2000. 
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Objetividade jurídica:
 é a Administração Pública, no tocante à regularidade dos seus sistemas informatizados ou bancos de dados.
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Objeto material:
os dados, falsos ou corretos, integrantes dos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública.
Dados são informações (verdadeiras ou falsas) relativas à representação con- vencional de fatos, conceitos ou instruções de forma adequada para armazenamento, processamento e comunicação por meios automáticos. Devem compor os sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública.
58
Núcleos do tipo
crime de ação múltipla ou de conteúdo variado, contém quatro núcleos: (a) inserir; (b) facilitar a inserção; (c) alterar; e (d) excluir.
INSERIR: é introduzir, incluir, colocar algo em determinado local.
FACILITAR A INSERÇÃO: equivale a colaborar com alguém na atividade de inserir
. Estes dois comportamentos referem-se a dados falsos, no sentido de carregar os bancos de dados ou sistemas informatizados da Administração Pública com informações incompatíveis com a realidade.
ALTERAR significa modificar ou mudar, 
EXCLUIR: é eliminar, remover, ou“deletar”.
Ambos os comportamentos dizem respeito a dados corretos atinentes aos bancos de dados ou sistemas informatizados da Administração Pública.
alterar” e “excluir” –, reclamam a presença de um elemento normativo. = “indevidamente”, isto é, em contrariedade com lei ou ato administrativo aplicável à espécie.não há crime quando a conduta é devida, ainda que cause prejuízo à Administração Pública
BANCO DE DADOS: é o depósito de conjuntos de dados interrelacionados entre si. Trata-se de compilação abrangente e organizada de informes armazenados em um meio físico, com o objetivo de evitar ou minimizar duplicidade de informação,
SISTEMAS INFORMATIZADOS ...
59
...
SISTEMAS INFORMATIZADOS: são um conjunto de elementos materiais ou não, coordenados entre si, formando uma estrutura organizada, um sistema com o qual se armazenam e transmitem-se dados mediante a utilização de computadores. 
o sistema informatizado, que é peculiar de equipamentos de informática, pode também abrigar um banco de dados de igual teor.
A diferença entre sistema informatizado e banco de dados é que aquele sempre se relaciona aos computadores, enquanto este pode ter como base arquivos, fichas ou papéis que não estejam ligados à informática
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Sujeito ativo:
crime próprio ou especial, pois somente pode ser cometido pelo “funcionário autorizado”. 
Não basta ser funcionário público. É preciso ser também “autorizado”, ou seja, ter acesso a uma área restrita, vedada a outros funcionários e ao público em geral
Concurso de pessoas
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Sujeito passivo
Elemento subjetivo
SUJEITO PASSIVO: 
 É o Estado e, secundariamente, a pessoa física ou jurídica prejudicada pela conduta crimino
ELEMENTO SUBJETIVO:
É o dolo específico - “com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano”.
Não se admite a forma culposa.
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Consumação:
crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado.
É suficiente a prática da conduta criminosa com a intenção de alcançar a finalidade específica, ainda que esta não se concretize.
Não há necessidade de esgotamento de procedimento administrativo concluindo pela inserção, alteração ou exclusão dos dados.
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Tentativa
É plurissubisistente,
Ex: funcionário público autorizado é surpreendido iniciando a alteração indevida de dados corretos em sistema informatizado da Administração Pública, sem conseguir encerrar a configuração ou formatação almejada.
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Ação penal
Lei 9.099/95:
Ação penal: pública incondicionada,
não há espaço para incidência dos benefícios previstos na Lei 9.099/1995. Cuida-se de crime de elevado potencial ofensivo.
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Art. 313-B – Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações
Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente:
Pena: Detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único:
As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.
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Núcleos do tipo
MODIFICAR consiste em transformar alguma coisa, nela imprimindo uma nova forma. 
ALTERAR, é decompor o estado inicial de algo.
A primeira conduta (“modificar”) importa na atribuição de estrutura diversa ao sistema de informações ou programa de informática; na conduta de “alterar”,
tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado.
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Objetividade jurídica 
Objeto material
Objetividade jurídica:
a Administração Pública, notadamente no que diz respeito à integridade dos seus sistemas de informações e programas de informática.
.Objeto material
O tipo penal contém dois objetos materiais, a saber:
(a) sistema de informações; 
(b) programa de informática.
Sistema de informações é o complexo de elementos físicos agrupados e estruturados destinados ao fornecimento de dados ou orientações sobre alguma pessoa ou coisa.
Programa de informática (ou programa de computador) é o software. Nessa hipótese, o crime definido pelo art. 313-B do Código Penal encontra-se disciplinado em uma lei penal em branco homogênea, pois o conceito de programa de computador é fornecido pelo art. 1.o da Lei 9.609/1998
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Elemento normativo
“sem autorização ou solicitação de autoridade competente”, ou seja, do funcionário público legalmente investido das atribuições para permiti-la (“autorização”) ou pleiteá-la (“solicitação”).
O fato é atípico, portanto, quando o funcionário público efetua a modificação ou alteração atendendo à autorização ou solicitação da autoridade competente.
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Sujeitos:
Ativo: funcionário público.
Crime próprio.
Passivo: Estado e, secundariamente, a pessoa física ou jurídica lesada pela conduta criminosa.
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Consumação
Tentativa
CONSUMAÇÃO: formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado, haja vista seu aperfeiçoamento com a realização da conduta legalmente descrita, sem necessidade de lesão para a Administração Pública
TENTATIVA: Exemplo: “A”, funcionário público, é surpreendido por seu superior hierárquico, e preso em flagrante, no instante em que iniciava a modificação de um relevante software da repartição pública em que estava lotado.
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Aumento de pena
Causa de aumento de pena: art. 313-B, parágrafo único
O crime tipificado no art. 313-B é formal. Contudo, a superveniência do resultado naturalístico não é irrelevante, pois a concretização do dano em face da Administração Pública ou de outra pessoa qualquer acarreta a maior gravidade do fato praticado. Com efeito, estabelece o parágrafo único do dispositivo legal em análise que “as penas são aumentadas de um terço até metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado”.
Esta causa de aumento de pena representa, na verdade, o exaurimento do crime. 
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Art. 315 –
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
Pena:
Detenção, de um a três meses, ou multa.
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Análise do tipo:
Objeto material: verbas públicas e as rendas públicas. 
Prefeitos: não incide o art. 315 do CPC (crime específico: art. 1.o, inc. III, do Decreto-lei 201/1967). 
Norma penal em branco homogênea ou lato sensu (lei específica)
Elemento subjetivo: dolo. Não admite modalidade culposa.
Estado de necessidade: pode excluir a antijuridicidade. Tentativa: admite (crime plurissubsistente). 
Ação penal: pública incondicionada.
Competência: Justiça Estadual (exceções: art. 109, IV, da CF – Justiça Federal).
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Diferença do peculato desvio:
No peculato o funcionário público desvia o dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel em proveito próprio ou alheio, ou seja, age para satisfazer interesses particulares. 
Exemplo: O secretário estadual de obras desvia para sua conta bancária valores destinados à construção de uma creche.
No emprego irregular de verbas ou rendas públicas, de outro lado, o funcionário público também desvia valores públicos, mas em prol da própria Administração Pública, isto é, o sujeito ativo não visa locupletar-se ou a outrem, em detrimento do erário. 
Exemplo: O mencionado secretário utiliza os valores reservados à construção da creche na reforma de um hospital público.
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Consumação:
O crime é material,
 consuma-se com a efetiva aplicação das verbas ou rendas públicas em finalidade diversa da legalmente prevista. É irrelevante, todavia, a efetiva comprovação de prejuízo aos interesses da Administração Pública, o qual se presume como consectário da violação do princípio da legalidade.
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Concussão
Ar. 316
CONCEITO:
funcionário público, valendo-se do respeito ou mesmo receio que sua função infunde, impõe à vítima a concessão de vantagem a que não tem direito.
ELEMENTOS:
(a) a exigência de vantagem indevida;
(b) que esta vantagem tenha como destinatário o próprio concussionário ou então um terceiro; e
(c) que a exigência seja ligada à função do agente, mesmo que esteja fora dela ou ainda não a tenha assumido.
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Espécies:
(a) típica, contida no caput, na qual o funcionário público exige vantagem indevida, desconectada de qualquer tributo ou contribuição social;
(b) própria, prevista no § 1.o, 1.a parte, em que há abuso de poder, exigindo o funcionário público tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido; ( excesso de exação)
(c) imprópria, delineada no § 1.o, in fine, na qual o funcionário público exige tributo ou contribuição social devida, porém empregando na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza. (excesso de exação)
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Objetividade juridica
Administração Pública, especialmente no campo do seu prestígio, da moralidade e da probidade administrativa
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Objeto material:
Vantagem indevida (ilícita):
Se o funcionário público abusar dos poderes inerentes ao seu cargo para exigir vantagem DEVIDA, poderá restar caracterizado o crime de abuso de autoridade, e não de concussão,
Pode ser de qualquer espécie, patrimonial ou não (exemplos: vantagem sexual, prestígio político, vingança contra um antigo desafeto etc.)
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Núcleo do tipo: exigir
É impor, ordenar, intimidar
Não há emprego de violência, mas ameaça ao utilizar o cargo público para produzir um mal passível de concretização na esfera de atuação do funcionário público.
Exemplo: Um guarda de trânsito exige da vítima uma determinada quantia em dinheiro para não apreender seu automóvel.
Esta exigência, acompanhada necessariamente da intimidação, pode ser:
(a) explícita, na qual o funcionário público faz a imposição de vantagem indevida às claras, prometendo causar represálias atuais ou futuras ao ofendido, como no exemplo em que um fiscal da Prefeitura determina ao particular a entrega de dinheiro para não embargar a construção da sua residência; e
(b) implícita, em que não há promessa de realização de um mal determinado, mas a vítima fica amedrontada pelo simples temor transmitido pelo cargo público ocupado pelo agente. Exemplo: Um policial militar notoriamente conhecido por “incomodar” pessoas honestas exige do seu vizinho a doação de uma motocicleta
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incompatibilidade entre os crimes de concussão e de corrupção ativa:
em razão da exigência formulada pelo funcionário público, se a vítima entregar-lhe a vantagem indevida não poderá ser responsabilizada pelo crime de corrupção ativa (CP, art. 333), uma vez que somente agiu em razão do constrangimento a que foi submetida.
Ex: “A”, agente da vigilância sanitária, pede para “B”, seu amigo, ir à casa de “C” e dele exigir determinada quantia em dinheiro para não fechar seu restaurante
Ex: O fiscal da vigilância sanitária vai a um bar e, encarando raivosamente seu proprietário, diz a ele que precisa reformar sua casa, e qualquer colaboração nesse sentido evitará fiscalizações e dissabores futuros
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Concussão e corrupção passiva:
DIFERENÇA:
na concussão há uma ameaça, imposição ou intimidação; na corrupção passiva, um pedido, recebimento ou anuência quanto ao recebimento da vantagem indevida. 
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Concussão e Extorsão:
Extorsão:
Meio de execução: intimidação amparada nos poderes inerentes ao cargo ocupado ou a ser pelo funcionário público
Concussão:
Meio de execução: violência à pessoa ou grave ameaça embasada em mal estranho ao cargo ocupado ou a ser ocupado pelo funcionário público
 Ex: "A”, policial rodoviário, determina a parada de um automóvel, no que é prontamente atendido. Em seguida, “A” analisa os documentos do motorista e do veículo, todos em ordem. Visualiza, porém, um aparelho de som no painel do automóvel, que somente pode ser retirado com a digitação da senha pelo seu proprietário. “A”, desejando apossar-se do bem, aponta seu revólver na direção do motorista, ameaçando matá-lo caso não lhe entregue o aparelho de som. Indaga-se: Qual é o crime praticado por “A”?
“A” cometeu extorsão, pois nas atribuições inerentes ao seu cargo não se insere a prerrogativa de matar alguém. O crime seria de concussão, contudo, se o policial rodoviário tivesse exigido a entrega do aparelho de som para não lavrar diversas multas de trânsito contra o motorista.
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Sujeito ativo
não é necessário esteja o agente no exercício das suas funções.
A concussão pode ser cometida no horário de descanso, e também no período de férias ou licença do funcionário público, ou mesmo antes de sua posse, desde que já tenha sido nomeado para o cargo público.
E crime próprio,
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Sujeito passivo:
É o Estado e, mediatamente, a pessoa física ou jurídica lesada pela conduta criminosa.
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Consumação:
é crime formal, que se consuma com a exigência. Irrelevância no fato do não recebimento da vantagem indevida”
Além disso, a reparação do dano ou a restituição da coisa à vítima não exclui o delito. Será possível, no máximo, a diminuição da pena pelo arrependimento posterior (CP, art. 16)
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Tentativa:
Quando plurissubisistente é possível:
Exemplos:
 “A”, funcionário da Vigilância Sanitária, pede a “B”, particular, que vá até a casa de “C” e, em seu nome, exija a entrega de deter- minada soma em dinheiro, sob pena de interdição do seu restaurante. Entretanto, “B” é atropelado durante seu percurso até a casa de “C”, motivo pelo qual não consegue levar adiante a exigência. Esta hipótese é possível, pois o art. 316, caput, do Código Penal autoriza a exigência indireta, concluindo-se pela coautoria de “A” e “B” no tocante à tentativa de concussão; 
 (b) “A”, funcionário público, remete carta exigindo vantagem a B mas está é extraviada 
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Ação penal
Lei 9.099/95
Pública incondicionada;
crime de elevado potencial ofensivo, incom- patível com os benefícios
disciplinados pela Lei 9.099/1995.
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Artigo 316,parágrafo 1º do CP:
Excesso de exação
Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso que a lei não autoriza:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
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Escopo 
punir não a exação em si própria, até porque esta atividade é funda- mental para a manutenção do Estado, mas o excesso no desempenho deste mister, revestido de abuso de poder, e, por corolário, ilícito.
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Núcleo do tipo: 
tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado
Exigir é ordenar ou impor; 
empregar é utilizar ou usar.
depois de arrecadado ilegalmente o excessivo tributo ou contribuição social, seu montante é revertido ao erário, e não para o funcionário público ou outra pessoa , pois estaria afastado o delito de excesso de exação, com a consequente caracterização do crime de concussão.
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Tentativa:
“exigência indevida”, somente será cabível o conatus quando se tratar de crime plurissubsistente,.
 ex: da carta que se extravia antes da chegada ao contribuinte.
 “cobrança vexatória ou gravosa”:
Exemplo: O funcionário público encontra-se no estabelecimento comercial da vítima, e anuncia a todos que fará em instantes a cobrança vexatória de tributo devido, somente não conseguindo consumar seu intento pelo fato de ser imediatamente preso em flagrante
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Excesso de exação e figura qualificada: art. 316, § 2º
(a) o funcionário público recolhe indevidamente tributo ou contribuição social em favor do Poder Público; e
(b) posteriormente, desvia o montante recebido em proveito próprio ou alheio.
Note-se que o anterior recolhimento, embora ilícito, destina-se à Administração Pública, pois o crime se refere à exação, consistente na arrecadação rigorosa de tributos. O desvio ocorre posteriormente.
depende do desvio do tributo ou contribuição social indevido antes da sua incorporação aos cofres públicos
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Art. 317:
Corrupção passiva
Art. 317: Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1. A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2. Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena: Detenção, de três meses a um ano, ou multa.
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Exceção pluralista:
Há dois delitos distintos: 
corrupção passiva (art. 317), de natureza funcional, inserida entre os crimes praticados por funcionário público contra a Administração em geral; e corrupção ativa (art. 333), versada no rol dos crimes praticados por particular contra a Administração em geral.
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Objetividade jurídica:
Administração Pública, especialmente no tocante à probidade dos agentes públicos, os quais são impedidos de solicitar ou receber, no desempenho de suas funções, qualquer tipo de vantagem indevid
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Objeto material
vantagem “indevida” (elemento normativo do tipo), porque visa fazer com o que o agente, no exercício da função pública, favoreça determinada pessoa mediante alguma ação ou omissão. 
Opera-se uma espécie de permuta entre a vantagem indevida desejada pelo funcionário público e a ação ou omissão funcional que beneficiará o terceiro.
Não há falar em vantagem indevida no simples reembolso de quantia utilizada pelo agente no desempenho da função pública e ainda não ressarcida pela parte interessada
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Princípio da insignificância:
não importa o valor da vantagem indevida solicitada ou recebida pelo funcionário público, pois o que caracteriza o crime de corrupção passiva é a violação da regularidade e da integridade da Administração Pública, que não se compadece com o comportamento irregular de agentes ímprobos e desonestos.
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Núcleo do tipo:
“solicitar(pedir algo)”, “receber ( entrar na posse do bem)” e “aceitar ( concordar)
 tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: 
se o funcionário público solicita a vantagem indevida, depois aceita a promessa de sua entrega e finalmente a recebe, relativamente ao mesmo ato de ofício a ser praticado ou omitido, estará delineado um único crime de corrupção passiva.
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Corrupção passiva e corrupção ativa: dependência e independência
conclui-se pela admissibilidade da corrupção passiva, independentemente da corrupção ativa, exclusivamente em relação ao verbo solicitar.
Receber ( corrupção passiva): oferecer (corrupção ativa)
Aceitar promessa (corrupção passiva): prometer (corrupção ativa)
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Corrupção passiva, tráfico de influência, exploração de prestígio e estelionato
a) se o ato não é da atribuição do funcionário público que solicitou, recebeu ou aceitou a promessa de vantagem indevida, embora tenha ele assim agido a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função. Nesse caso, estará caracterizado o crime de tráfico de influência (CP, art. 332). Exemplo: O professor de uma escola estadual recebe dinheiro do pai de um aluno envolvido em diversas confusões para influir na decisão do diretor do estabelecimento de ensino, sendo este último o responsável pela condução de procedimento instaurado para apurar as faltas do discente, o qual pode acarretar sua expulsão;
b) não há corrupção passiva, mas exploração de prestígio (CP, art. 357), quando uma pessoa qualquer, inclusive um funcionário público (exemplo: um escrevente judicial), solicita ou recebe dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha;
c) estará configurado o crime de estelionato (CP, art. 171, caput), na hipótese em que o agente (funcionário público ou não) solicita ou recebe vantagem ilícita para influir ou obter de um funcionário público o benefício prometido a alguém, sem ter meios para fazê-lo. Exemplo: Golpista que recebe de um empresário deter- minada quantia em dinheiro para supostamente interceder junto ao Presidente da República e liberar em favor da vítima um empréstimo do BNDES.
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Sujeitos:
ATIVO: crime próprio.
não é necessário seja o sujeito ativo titular de cargo público. Basta que exerça, ainda que transitoriamente e sem remuneração, uma função pública (exemplo: mesários da Justiça Eleitoral).
PASSIVO: Estado e, mediatamente, a pessoa física ou jurídica prejudicada pela conduta criminosa.
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Elemento subjetivo:
“para si ou para outrem” (dolo específico)
não há corrupção passiva quando a vantagem, embora indevida, passa a integrar o acervo patrimonial da própria Administração Pública. Exemplo: Secretário de Finanças que solicita doações de empresas para incrementar o orçamento do município, lesado pela sua má gestão. É possível, porém, a subsistência do ato de improbidade administrativa delineado no art. 11, inc. I, da Lei 8.429/1992
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Corrupção passiva, doações de pequena monta e datas festivas
Não há crime. Exemplos:
Promotor de Justiça que recebe dos familiares da vítima uma caixa de chocolates ou uma garrafa de vinho depois da condenação do homicida no plenário do Júri), 
Presentes ofertados em datas festivas (Natal, Páscoa, dia do funcionário público etc.
Fundamentos:
fato é atípico em decorrência do princípio da insignificância;
adequação social da conduta, sendo inaceitável a lei considerar criminoso um comportamento inofensivo, aprovado pelo sentimento social de justiça e incapaz de ferir
qualquer interesse da Administração Pública.
Ausência de dolo - inexiste, da parte do funcionário público, a intenção de aceitar alguma vantagem como retribuição de alguma ação ou omissão.
105
Consumação:
Consuma-se no momento em que o funcionário público solicita, recebe ou aceita a promessa de vantagem indevida.
No núcleo “solicitar”, não se exige a real entrega da vantagem indevida pelo particular, e, na modalidade “aceitar a promessa”, é dispensável o seu posterior recebimento
É irrelevante se o funcionário público efetivamente obtém a vantagem indevida almejada
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Tentativa
Plurissubisistente,
Exemplo: O funcionário público remete ao particular uma carta, na qual solicita a entrega de vantagem indevida, mas a missiva é interceptada pelo Ministério Público (com ordem judicial), que investigava o comportamento suspeito do indivíduo.
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Causa de aumento
Parágrafo primeiro:
“A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário re- tarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional”
corrupção passiva é crime formal. No entanto, o legislador deixou claro que a superveniência do resultado naturalística apresenta relevância jurídica. De fato, com o exaurimento surge a causa de aumento da pena disciplinada no art. 317, § 1.o, do Código Penal. Por tal razão, este crime já foi chamado pelo Supremo Tribunal Federal de corrupção passiva exaurida.
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Forma privilegiada art. 317, § 2.
A pena é de detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o funcionário público pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem.
consiste em atender os pedidos de amigos ou pessoas próximas, ou então ser agradável às pessoas influentes que solicitam seus préstimos. Desponta o famoso “jeitinho”, repita-se, sem o recebimento de qualquer tipo de vantagem indevida. Exemplo: Um funcionário público, atendendo aos anseios de uma amiga, emite uma certidão do interesse dela com extrema rapidez, violando a ordem cronológica dos requerimentos que estavam sob sua responsabilidade.
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Corrupção passiva privilegiada e prevaricação: distinção
Elemento anímico:
cede a pedido ou influência de outrem.(corrupção passiva)
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal (prevaricação)
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Art. 318 – Facilitação de contrabando ou descaminho
Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena: Reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
crime remetido, pois a descrição típica da facilitação de contrabando ou descaminho refere-se ao art. 334, remetendo o intérprete a outro tipo penal, que o complementa.
Exceção pluralistica:
funcionário público que facilita o contrabando ou descaminho res- ponde pelo crime mais grave, tipificado no art. 318 do Código Penal, justamente em razão da sua condição funcional,
pessoa (particular ou mesmo um outro funcionário público) que realiza o contrabando ou descaminho incide no crime menos grave definido no art. 334 do Código Penal.
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Contrabando e descaminho:
contrabando é a importação ou exportação de mercadorias cuja entrada no País ou saída dele é absoluta ou relativamente proibida
 descaminho é toda fraude empregada para iludir, total ou parcialmente, o pagamento de impostos de importação ou exportação.
112
Objetividade jurídica:
Administração Pública, especialmente no campo patrimonial, pois com o descaminho o Estado deixa de arrecadar tributos. No tocante ao contrabando, protegem-se também a saúde, a moral e a ordem pública, por se tratar de produtos de importação ou exportação proibida.
113
Objeto material
É a mercadoria contrabandeada
Nuno descaminho,os tributos não pagos.
114
Sujeito ativo
somente por aquele funcionário dotado do especial dever funcional de impedir o contrabando ou o descaminho.
se a conduta for realizada por qualquer outra pessoa, seja particular, seja um outro funcionário público que não tenha a obrigação de inviabilizar o contrabando ou descaminho, a ela será imputado o crime previsto no art. 334 do Código Penal (contrabando ou descaminho), na condição de partícipe.
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Consumação
Dá-se no instante em que o funcionário publico efetivamente facilita o contra- bando ou descaminho (crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado), pouco importando se a outra pessoa (responsável pelo crime do art. 334 do Código Penal) alcança o almejado êxito em sua empreitada criminosa.
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Prevaricação: art. 319
Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá- -lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena: Detenção, de três meses a um ano, e multa.
CONCEITO:
 É o não cumprimento pelo funcionário público das obrigações que lhe são inerentes, em razão de ser guiado por interesses ou sentimentos próprios. É a infidelidade; afronta a impessoalidade.
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Objetividade jurídica:
Administração Pública, cujos interesses perseguidos não se compactuam com o comportamento do funcionário que não cumpre seus deveres, com o propósito de satisfazer interesses pessoais, prejudicando o desenvolvimento normal e regular da atividade administrativa.
118
Objeto material
Ato de ofício - Incluem-se nessa categoria os atos públicos de qualquer natureza, executivos, judiciais ou legislativos.
Como o ato é de ofício, não há prevaricação quando o ato retardado, omitido ou praticado não integra a competência ou atribuição do funcionário público.
119
Núcleos do tipo:
tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado, 
RETARDAR - é atrasar, postergar ou adiar. O funcionário público não realiza o ato de ofício dentro do prazo previsto em lei. 
DEIXAR DE PRATICAR- é abster-se no tocante à realização do ato de ofício.
 "Indevida" - não há prevaricação quando o funcionário público deixa de agir em razão da ausência de norma jurídica que o obrigue à prática do ato, ou então quando motivos fortuitos ou de força maior legitimem a demora ou omissão (exemplo: déficit de pessoal na repartição pública em comparação com o elevado volume de serviço).
PRATICAR- é fazer algo. Há uma lei vedando peremptoriamente a prática do ato, mas o funcionário público age em sentido contrário, substituindo o mandamento da lei pelo seu arbítrio.
120
Sujeito ativo:
crime de mão própria, de atuação pessoal ou de conduta infungível,
SUJEITO PASSIVO:
É o Estado, ofendido pela ação que estorva o seu desenvolvimento normal e regular, bem como a pessoa física ou jurídica lesada pela conduta penalmente ilícita.
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Elemento subjetivo
Dolo, com fim específico:
Interesse pessoal: é qualquer proveito ou vantagem obtido pelo agente, de índole patrimonial ou moral. (Não é preguiça - improbidade)
Ex: escrevente judicial deixa de promover regular andamento em uma ação de cobrança movida contra seu vizinho, idoso e muito doente, pois sabe que será futuramente beneficiado em seu inventário (patrimonial);
Ex: investigador de polícia, deixa de realizar todas as medidas investigatórias em um inquérito policial, para ganhar prestígio com o prefeito da sua cidade, pois o filho deste é o principal suspeito da prática do crime (moral).
Sentimento pessoal: é a posição afetiva (amor, ódio, amizade, vingança, inveja etc.) do funcionário público relativamente às pessoas ou coisas a que se refere a conduta a ser praticada ou omitida. 
Exemplo: Delegado de Polícia que não instaura inquérito policial para apuração de crime supostamente praticado por um amigo de longa data
122
Consumação:
no momento em que o funcionário público retarda ou deixa de praticar indevidamente o ato de ofício
no instante em que o funcionário pratica o ato de ofício contra
disposição expressa de lei.
Em todas as hipóteses, o crime é formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado,
123
Tentativa
O conatus somente é admissível na modalidade comissiva (“praticá-lo contra disposição expressa de lei”)
124
Art. 319-A – Prevaricação imprópria
Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo:
Pena: Detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
125
Aspectos gerais
não há rubrica marginal (nomen iuris);
Objetividade jurídica:
Administração Pública, responsável pela segurança pública, tanto no interior dos estabelecimentos prisionais como no âmbito da sociedade em geral.
Objeto material: aparelho telefônico (fixo ou móvel), de rádio (aparelho que emite e recebe ondas radiofônicas – exemplos: walkie-talkies, Nextel etc.), ou similar (qualquer outro meio de comunicação entre pessoas – exemplo: aparelhos de informática e conversação via webcam).
Aparelho quebrado - atipicidade,
celular pré- pagos e sem créditos - há crime.
126
Sujeito ativo:
“agente público”, nesse delito, há de ser interpretada restritivamente, abrangendo unicamente as pessoas funcionalmente incumbidas do dever de evitar o acesso a aparelhos de comunicação pelos presos, como é o caso dos agentes penitenciários, dos carcereiros, dos policiais responsáveis pela escolta dos presos etc.
não atinge o diretor de hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, pois, falando o tipo penal em “preso”, não abrange o inimputável ou semi-imputável submetido a medida de segurança.
Parente, cônjuge, advogado respondem pelo art.349-A.
127
Sujeito passivo
 
É o Estado e, mediatamente, a sociedade, suscetível à prática de novas infrações penais em decorrência do uso do aparelho de comunicação no interior dos estabelecimentos prisional.
128
Elemento subjetivo
Dolo, sem finalidade específica:
comete o crime o Diretor de Penitenciária que permite o ingresso de um aparelho de telefonia celular para o preso conversar com sua namorada ou para comunicar-se com outros integrantes da sua organização criminosa
129
Art. 320 – Condescendência criminosa
Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena:Detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
130
Condescendência criminosa
Prevaricação e corrupção passiva
funcionário público deixa de responsabilizar seu subordinado pela infração cometida no exercício do cargo ou, faltando-lhe atribuições para tanto, não leva o fato ao conhecimento da autoridade competente, unicamente pelo seu espírito de tolerância ou clemência
 
Não há intenção de satisfazer interesse ou sentimento pessoal, senão estaria configurado o delito de prevaricação (CP, art. 319), 
Não há o propósito de receber vantagem indevida, pois em caso contrário o crime seria o de corrupção passiva (CP, art. 317). 
131
Objeto material
não há condescendência criminosa, por exemplo, quando o superior hierárquico deixa de punir o subalterno por um crime de homicídio por este praticado, por duas razões: (a) este delito não diz respeito ao exercício do cargo do subordinado; e (b) a tarefa de punir um crime deste jaez é, unicamente, da Justiça Penal.
132
Elemento subjetivo
Consumação
Elemento subjetivo:
É o dolo, acrescido de um especial fim de agir (elemento subjetivo específico), consistente na intenção de ser indulgente com o funcionário público responsável pela infração no exercício do cargo.
Consumação:
com a mera omissão do funcionário público que, ao tomar ciência da infração cometida pelo subordinado no exercício do cargo, deixa de adotar qualquer providência
Tentativa: não é possível. 
133
Art. 321 – Advocacia administrativa
Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena: Detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único Se o interesse é ilegítimo:
Pena: Detenção, de três meses a um ano, além da multa
134
Conceito, objetividade 
Objeto material, Núcleo
CONCEITO: defesa de interesses privados perante a Administração Pública, aproveitando-se o funcionário público das facilidades proporcionadas pelo seu cargo. A conduta é ilícita, pois a missão de todo agente público é única e exclusivamente a defesa e a promoção de interesses públicos, e nunca particulares, mesmo que legítimos. 
OBJETIVIDADE JURÍDICA: Administração Pública, relativamente ao seu regular funcionamento e à moralidade administrativa.
OBJETO MATERIAL:
interesse patrocinado pode ser legítimo (advocacia administrativa imprópria) ou ilegítimo (advocacia administrativa própria).
NÚCLEO: Patrocinar - amparar, advogar, defender ou pleitear interesse privado de outrem.
135
Diferenças entre outros crimes funcionais
Com a concussão (art. 316)
Na advocacia administrativa, o funcionário público, valendo-se da sua condição funcional, utiliza-se da sua influência positiva perante outro agente público para beneficiar um particular, enquanto na concussão ele (funcionário público) exige vantagem indevida de um particular, aproveitando-se da intimidação proporcionada pelo seu cargo.
 Com a corrupção passiva (art. 317)
Na corrupção passiva, o funcionário público solicita ou recebe, para si ou para outrem, vantagem indevida, ou aceita promessa de tal vantagem, ao passo que na advocacia administrativa ele patrocina interesse de um particular perante quem possui competência para beneficiá-lo.
Com a prevaricação (art. 319)
Na prevaricação, o funcionário público retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou o pratica contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, enquanto na advocacia administrativa ele não tem atribuição para praticar o ato, razão pela qual influencia o agente público dotado de tal poder, em benefício de algum terceiro, alheio aos quadros da Administração Pública.
136
Sujeitos,elemento subjetivo,
Consumação e tentativa
Sujeito ativo: crime próprio ou especial, pois somente pode ser praticado por funcionário público.
Sujeito passivo: É o Estado.
Elemento subjetivo : É o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica, ou seja, pouco importa a finalidade que leva o funcionário público a patrocinar interesse privado alheio (amizade, namoro etc). Na forma qualificada (CP, art. 321, parágrafo único), é imprescindível a ciência da ilegitimidade do interesse.
Não se admite a modalidade culposa.
Consumação: O crime é formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado. Consuma-se com o simples patrocínio pelo funcionário público do interesse privado e alheio, independentemente da efetiva obtenção de benefício pelo particular.
Tentativa
É possível - A”, funcionário público, encaminha para “B”, seu colega na repartição pública, um ofício patrocinando interesse particular de um terceiro, mas a missiva acaba se extraviando nos Correios.
137
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO 
EM GERAL
arts. 328 a 337-A do CP.
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
crimes comuns,;
Consequentemente, é inaplicável o rito especial previsto nos arts. 513 a 518 do Código de Processo Penal;
 podem ser cometidos por funcionários públicos, desde que se apresentem na qualidade de particulares, ou seja, não estejam investidos na função pública desempenhada.
139
Art. 328 
Usurpação de função pública
OBJETO MATERIAL: função pública indevidamente exercida pelo agente. 
Funcionário público pode ser autor do delito, desde que usurpe
função distinta da sua.
Obs: tratando-se do funcionário público titular da função, mas dela sus- penso por decisão judicial, a ele será imputado o crime de desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito, definido no art. 359 do Código Penal. Entretanto, se a suspensão foi decretada por ato administrativo, o fato será atípico, subsistindo unicamente a falta disciplinar.
Elemento subjetivo: dolo. Não admite modalidade culposa. 
CONSUMAÇÃO: com a simples usurpação da função pública, isto é, com a realização pelo agente de algum ato de ofício inerente à função da qual não é titular, em razão de não ter sido nela legitimamente investido.
TENTATIVA: admite (salvo na conduta omissiva, pois nesse caso o crime será unissubsistente).
140
Usurpação na forma qualificada
Aqui, a usurpação de função pública é crime material.
A vantagem pode ser de qualquer natureza (patrimonial, moral, política etc.), e pouco importa se é destinada ao proveito do usurpador ou de terceira pessoa.
Como nessa forma qualificada do delito há obtenção de vantagem ilíci- ta pelo agente, fica absorvido eventual crime de estelionato praticado pelo usurpador.
141
Usurpação de função pública qualificada e estelionato: distinção
142
Art. 329 – Resistência
(Desobediência belicosa)
143
Espécies de resistência 
Resistência ativa (vis corporalis ou vis compulsiva) é a que se caracteriza pelo emprego de violência ou ameaça ao funcionário público ou ao particular que lhe presta auxílio, com o propósito de impedir a execução de ato legal. A conduta se amolda à descrição típica contida no art. 329, caput, do Código Penal, configurando o crime de resistência.
Resistência passiva (vis civilis), por sua vez, é a oposição à execução de ato legal sem a utilização de violência ou ameaça ao funcionário público ou a quem lhe auxilia, motivo pelo qual é também chamada de “atitude ghândica”.Não se verifica o crime de resistência, subsistindo, porém, o delito de desobediência (CP, art. 330)
144
Resistência, meio de execução e desacato
o crime de resistência necessita da violência ou da ameaça como meios de execução. Con- sequentemente, é vedado o reconhecimento deste delito quando o sujeito tem a intenção manifesta de humilhar o funcionário público, menosprezando a atividade estatal por ele exercida, ainda que para tanto se valha de vias de fato ultrajantes (exemplos: lançar fezes, cuspir em sua face etc.). Nesse caso, estará configurado o crime de desacato, tipificado no art. 331 do Código Penal.
145
Resistência dirigida a vários funcionários públicos 
Se o sujeito, no mesmo contexto fático, opõe-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a dois ou mais funcionários públicos igualmente competentes para realizá-lo, há um único crime de resistência contra a mesma vítima (Estado), pois o bem jurídico penalmente protegido é a Administração Pública, e não a atuação concreta dos seus agentes isoladamente considerados. Exemplificativamente, há um só delito na hipótese em que uma pessoa criminal- mente condenada luta contra dois policiais responsáveis pelo cumprimento de um mandado de prisão contra ela endereçada.
146
Concurso material obrigatório: art. 329, § 2º
Quando o crime é praticado com emprego de violência – contra o funcionário público competente para executar o ato legal ou contra quem lhe preste auxílio –, o art. 329, § 2.o, do Código Penal, prevê o concurso material obrigatório (sistema do cúmulo material), ou seja, o agente responde pela resistência (simples ou qualifi- cada) e pelo crime resultante da violência, que em nenhuma hipótese será absorvido, qualquer que seja este (lesão corporal leve, grave ou gravíssima, homicídio etc.).
147
Resistência, desobediência e desacato
Concurso de crimes, crime único
CRIME ÚNICO ( resistência e desobediência): não há como falar em resistência sem desobediência, pois este crime funciona como meio de execução daquele. Incide, portanto, o princípio da consunção para solução do conflito aparente de normas penais.
ENTRE DESACATO E RESISTÊNCIA:
a) A resistência absorve o desacato, pois a ofensa física ou verbal ao funcionário público destina-se a impedir a execução de ato legal. É a posição majoritária.
b) O desacato absorve a resistência, em razão da pena mais elevada.
c) Há concurso material entre resistência e desacato, nos moldes do art. 69, caput, do Código Penal. Ao contrário do que se verifica na desobediência, o desacato não é meio imprescindível para execução da resistência. Portanto, os interesses da Administração Pública atingidos pela conduta criminosa são distintos. É a posição que adotamos.
148
Art. 330 
Desobediência
149
Elemento normativo: ordem ilegal
descumprimento de ordem ilegal não configura crime de desobediência, 
 exemplos:
(a) o morador que se recusa a permitir o cumprimento de mandado judicial em sua residência no período noturno; 
(b) o gerente de instituição financeira que não fornece dados bancários de um cliente à autoridade policial; e
 (c) a pessoa que deixa de atender ordem judicial emanada de juízo manifestamente incompetente.
150
Art. 331 – Desacato
Dispositivo legal:
Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena: Detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Qualquer funcionário público, pouco importando as atividades desempenhadas, pode ser desacatado, e não somente os mais graduados e dotados de patentes e insígnias destacadas. Nesse sentido, o tipo penal tutela de igual modo tanto as funções públicas de um lixeiro como os misteres relacionados ao Presidente da República.
151
Nucleo do tipo
“desacatar”,- conduta capaz de menosprezar a função pública exercida por determinada pessoa. Ofende-se o funcionário público com a finalidade de humilhar a dignidade e o prestígio da atividade administrativa.
crime de forma livre: 
palavras (exemplo: chamar um juiz de Direito de “fomentador da criminalidade”), 
gestos (exemplo: simular com as mãos a atitude do larápio perante um delegado de Polícia), 
ameaça (exemplo: prometer “pegar” o policial militar responsável pela prisão em flagrante), 
vias de fato (exemplo: esbofetear a face do oficial de justiça), 
lesão corporal (exemplo: chutar levemente o fiscal de obras), 
bem como qualquer outro meio indicativo do propósito de ridicularizar o funcionário 
a ofensa deve ser proferida na presença do funcionário público, pois somente assim estará evidenciada a finalidade de inferiorizar a função pública. Consequentemente, não se admite a execução do desacato mediante cartas, telefonemas ou e-mails, entre outros meios.
152
A presença do funcionário
a)desacato no exercício da função (desacato in officio):
O funcionário público encontra-se desempenhando sua função, isto é, realizando atos de ofício. Não é necessário que ele esteja no interior da repartição pública, bastando o efetivo exercício funcional. 
b)desacato em razão da função pública (propter officium)
Aqui, o funcionário público está fora da repartição pública e não desempenha nenhum ato de ofício. Nada obstante, a ofensa contra ele proferida vincula-se à sua função pública. Exemplo: Um fiscal de rendas, descansando na praia em seu período de férias, é chamado de corrupto por uma pessoa.
Como o agente público não se encontra no exercício da função pública, é indispensável a relação de causalidade entre a ofensa lançada e a atividade administrativa por ele desempenhada, pois somente assim o prestígio e a dignidade da Administração Pública serão atacados. Se, exemplificativamente, um promotor de Justiça, durante seu período de licença-paternidade, é chamado de “cônjuge infiel”, estará caracterizado um crime contra a honra (injúria).
153
Sujeito ativo

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