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Autora: Profa. Renata Christina Leandro Colaboradores: Profa. Amarilis Tudela Nanias Profa. Glaucia Aquino Supervisão de Estágio Acadêmico Professora conteudista: Renata Christina Leandro Graduada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas — PUCCAMP (2002). Possui especialização em Violência Doméstica contra Criança e Adolescente, pelo Laboratório da Criança — LACRI, do Instituto de Psicologia — IP da Universidade de São Paulo — USP (2005). Também possui especialização em Sexualidade Humana pela Faculdade de Educação — FE, Universidade Estadual de Campinas — UNICAMP (2009). Pós-graduanda em Formação em EaD pela Universidade Paulista — UNIP. Atualmente, trabalha como docente na UNIP Campi de Sorocaba e atua como Consultoria em Gestão Pública, Captadora de Recursos e Responsabilidade Social. Possui experiência em Gestão Social, como Gestora Municipal no município de São Thomé das Letras/MG e na Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos no Estado do Rio de Janeiro. Atuou, também, em Centros de Referencias de Assistência Social — CRAS em atendimento matricial com famílias e, na área de criança e adolescente e suas respectivas famílias no município de Campinas, no Programa Municipal de Enfrentamento à Exploração Sexual Infantojuvenil (2003 a 2007). © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) L864 Leandro, Renata Christina Supervisão do estagio acadêmico. / Renata Christina Leandro. - São Paulo: Editora Sol, 2014. 172 p. il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-035/14, ISSN 1517-9230. 1.Educação 2.Educação superior 3.Estágio I.Título CDU 37 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Vitor Andrade Amanda Casale Sumário Supervisão de Estágio Acadêmico APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10 Unidade I 1 O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO ...................................................................................................................... 13 1.1 A profissão de Serviço Social ........................................................................................................... 13 1.2 Quem é o assistente social ............................................................................................................... 14 1.3 As mudanças na atuação profissional pós-Movimento de Reconceituação ............... 15 1.4 A natureza da profissão de assistente social ............................................................................ 16 1.5 Competências do assistente social ................................................................................................ 17 1.6 Atribuições do assistente social ..................................................................................................... 17 1.7 Equívocos da profissão ....................................................................................................................... 18 1.8 Desmistificando os estigmas da profissão ................................................................................. 19 1.8.1 Alguns estigmas da profissão ............................................................................................................ 20 1.9 Entidades representativas do serviço social .............................................................................. 20 2 A ATIVIDADE PROFISSIONAL NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL ...................................................................................................................................................... 23 2.1 Processo de construção da identidade profissional do assistente social ...................... 24 2.2 O perfil do assistente social no mercado de trabalho ........................................................... 26 2.2.1 Áreas de atuação no primeiro setor ................................................................................................ 27 2.2.2 Áreas de atuação no segundo setor ................................................................................................ 27 2.2.3 Áreas de atuação no terceiro setor ................................................................................................. 28 2.3 O estágio supervisionado .................................................................................................................. 29 2.4 Formação profissional: exigências e perspectivas ................................................................... 32 3 O CAMPO DE ESTÁGIO COMO CAMPO DE APRENDIZADO ............................................................. 33 3.1 O estágio supervisionado nas instituições e os sujeitos envolvidos no estágio ......... 35 3.2 As instituições como espaço de participação ........................................................................... 37 3.3 Os sujeitos envolvidos no estágio .................................................................................................. 39 3.4 A análise do papel dos envolvidos no estágio .......................................................................... 41 3.5 O papel dos sujeitos envolvidos no estágio supervisionado do Serviço Social .......... 42 4 ESTÁGIO SUPERVISIONADO: PLANO DE ESTÁGIO, OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE E DIÁRIO DE CAMPO .............................................................................................................................................. 43 4.1 O estágio supervisionado e o plano de estágio ....................................................................... 43 4.2 Relatório ................................................................................................................................................... 46 4.2.1 Relatório parcial de estágio ................................................................................................................ 47 4.3 O planejamento, a prática profissional e o estágio supervisionado ................................ 49 4.4 Observação participante no campo de estágio........................................................................ 50 4.5 Diário de campo .................................................................................................................................... 52 4.6 Elaboração do projeto ........................................................................................................................ 53 4.6.1 O processo de sensibilização de mobilização para aelaboração e execução de projetos sociais ............................................................................................................................................. 59 4.7 Realizando o monitoramento e a avaliação.............................................................................. 61 4.7.1 Estratégias de aplicação dos conceitos e das ferramentas de monitoramento e avaliação ............................................................................................................................................................ 62 Unidade II 5 A QUESTÃO SOCIAL ........................................................................................................................................ 69 5.1 Questão social como objeto de trabalho do Serviço Social .................................................71 5.2 A questão social e o Serviço Social nas décadas de 1960 e 1970 .................................... 72 5.3 A questão social e o Serviço Social na década de 1980 ....................................................... 74 5.4 A década de 1990................................................................................................................................. 77 5.5 A questão social e o Serviço Social na década de 1990 ....................................................... 78 5.6 Por que questão social e não políticas sociais como objeto de ação profissional? ................................................................................................................................................... 81 5.7 Configurações do objeto: questão social ................................................................................... 81 5.8 Questão social ou questões sociais? ............................................................................................. 82 5.9 Como se apresenta e se inscreve a questão social no contexto das instituições, dos sujeitos e dos profissionais? .................................................................................. 82 5.9.1 Nas instituições ....................................................................................................................................... 82 5.9.2 Os usuários como sujeitos de direitos ............................................................................................ 84 5.9.3 Os assistentes sociais frente aos desafios da questão social ................................................ 84 6 CONSTRUÇÃO E DESCONSTRUÇÃO DO OBJETO DO SERVIÇO SOCIAL ....................................... 85 6.1 Formas de enfrentamentos da questão social ......................................................................... 86 6.2 As principais demandas do Serviço Social ................................................................................. 88 6.3 Demanda profissional: aumento da seletividade no âmbito das políticas sociais ............................................................................................................................................................... 90 6.4 Reordenamento dos serviços sociais ............................................................................................ 93 6.5 Terceirização da gestão da questão social ................................................................................. 93 6.6 Matrizes do processo de trabalho do assistente social ......................................................... 94 6.7 Os desafios para a atuação profissional ...................................................................................... 96 6.8 O objeto ..................................................................................................................................................100 6.9 Os instrumentos ou os meios ........................................................................................................102 6.9.1 Intervenção .............................................................................................................................................104 Unidade III 7 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA DO ASSISTENTE SOCIAL ...................... 110 7.1 Princípios operacionais .....................................................................................................................111 7.2 O produto do Serviço Social .......................................................................................................... 112 7.3 O estágio como processo de aprendizagem para o trabalho ........................................... 115 7.4 O estudante e a extensão universitária ..................................................................................... 115 7.5 O voluntariado ..................................................................................................................................... 116 7.5.1 A Lei do Voluntariado .......................................................................................................................... 117 7.6 O Serviço Social e a prática institucionalizada ...................................................................... 117 7.7 O avanço profissional na utilização das estratégias e técnicas profissionais ............120 7.8 Instrumentalidade com categoria para a atuação do Serviço Social ...........................122 8 ABORDAGEM GRUPAL E ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM FORMAÇÃO DE GRUPOS .........................................................................................................................................................123 8.1 Progênie de grupo .............................................................................................................................123 8.2 Serviço Social e trabalho com grupos .......................................................................................125 8.3 Abordagem grupal e atuação do assistente social em reuniões .....................................126 8.4 Técnica de entrevista: componente da instrumentalidade na prática cotidiana dos assistentes sociais .........................................................................................................128 8.5 Entrevista domiciliar: técnica imprescindível no fazer profissional do assistente social ..........................................................................................................................................132 8.6 Vida cotidiana: algumas questões relevantes.........................................................................134 8.7 Cotidiano e práxis profissional ......................................................................................................137 8.7.1 Práxis profissional do assistente social e cotidiano ............................................................... 138 9 APRESENTAÇÃO Caros estudantes, Este material se refere à disciplina Supervisão do Estágio Acadêmico, cujo conteúdo está sistematizado em unidades. Inicialmente, você irá aprender os conceitos que fundamentam a formação do assistente social e também obterá informações relevantes sobre sua futura profissão. Trabalharemos alguns equívocos e estigmas que são atribuídos ao Serviço Social, como exemplo, confundir esse curso com a política pública de assistência social. Serão abordados os aspectos principais da relação capital versus trabalho a partir da Revolução Industrial, bem como a consequente organização científica da assistência (do que resultou o surgimento do serviço social). Discutiremos, também, o contexto histórico, social e econômico do serviço social. Apresentaremos o perfil do profissional do serviço social, os campos de atuação e os desafios postos no campo de estágio como fonte de aprendizagem para sua futura atuação. Serão mostrados conceitos e aspectos básicos para a compreensão do objeto e dos instrumentos do serviço social e o produto dessa profissão na intervenção do assistente socialnos espaços públicos e privados. Ressaltamos que os temas deste livro-texto representam o início de toda a discussão que permeará sua formação profissional. Posteriormente, estudaremos alguns temas como: o processo de produção e reprodução da questão social na sociedade capitalista; o significado contemporâneo da questão social no Brasil; as principais formas de expressão da questão social; a exploração do trabalho e desigualdade social; a questão social como matéria-prima do exercício profissional do serviço social; as perspectivas para aprender as várias expressões da questão social a partir da ótica do serviço social; e o processo de conhecimento e intervenção em serviço social. Convidamos você a uma apreensão acerca dos pressupostos da formação profissional como especialização do trabalho coletivo inserido na divisão social e técnica do trabalho. Essa perspectiva destaca, fundamentalmente, a historicidade do serviço social, entendido no quadro das relações sociais entre as classes sociais e suas relações com o Estado. Por essa razão, é necessário contextualizar o significado social da profissão e as mediações históricas que incidem sobre o perfil da profissão. No decorrer deste material, discutiremos a relação do serviço social com a questão social – fundamento básico de sua existência – mediatizada por um conjunto de processos sócio-históricos e teórico-metodológicos constitutivos no processo de trabalho do assistente social. 10 INTRODUÇÃO Para estudar a supervisão de estágio acadêmico é necessário conhecer a gênese do Serviço Social e sua atuação tradicional, seus conteúdos de trabalho e equívocos que permeiam essa profissão. Para isso, de igual importância é o processo de institucionalização desse curso, conteúdo trabalhado em Fundamentos Teóricos e Metodológicos do Serviço Social. Relembrar esses assuntos ajudará você a conceituar tal profissão e o seu estágio supervisionado, assim como identificar e perceber como ela se configura na prática. Isso é importante, pois o mercado de trabalho vem exigindo pessoas mais capacitadas e polivalentes. Mais especificamente, no caso do profissional de serviço social, é preciso ter uma especial compreensão das políticas sociais e dos mecanismos para formulação e execução do seu trabalho. Portanto, o profissional de Serviço Social deve ser capaz de repensar não só a realidade social, mas também a profissão, tendo uma visão da totalidade que favoreça sua intervenção e também seu crescimento profissional. No início de nossos estudos, você deve conhecer o posicionamento crítico dos profissionais do Serviço Social frente à atuação da profissão, considerando a doutrina europeia e a norte-americana voltadas para uma realidade da América Latina, enquanto a discussão resultante dessa reflexão fomentou a construção de posições críticas que levaram a um movimento ímpar no âmbito da categoria: o Movimento de Reconceituação. Assim, você compreenderá o perfil, a formação do profissional, as definições que geram confusões na identidade da profissão e conhecerá as condições estabelecidas pela lei que a regulamenta no contexto nacional e no regional. Vamos estudar, também, os aspectos relevantes ao perfil profissional de Serviço Social. É importante entender quem é o assistente social, quais as condições estabelecidas pela Lei n.º 8.662 de 1993 para o exercício profissional, a natureza de sua futura profissão, as competências e atribuições do assistente social, conforme preconiza a lei de regulamentação da profissão, e as entidades que fiscalizam o exercício profissional no que se refere ao relacionamento entre assistentes sociais, instituições/organizações e a população. Esse estudo visa à compreensão da qualidade e da responsabilidade dos serviços diante dos usuários e das diferenças entre assistência social, assistencialismo, serviço social e assistente social, até hoje muito confundidos. Para finalizar, convidamos você a pensar na sua profissão futura e, principalmente, sobre que tipo de profissional pretende ser. Com esses conteúdos revistos, tenho certeza de que você conhecerá em quais espaços sócio-ocupacionais atuam o profissional de serviço social e compreenderá a atuação profissional da categoria exercida nos locais em que os assistentes sociais se inserem e como contribuem para a formação profissional do acadêmico. A atuação profissional contemporânea, os campos e as áreas de atuação profissional são conteúdos importantes a se trabalhar. Ter apreendido esses elementos é fundamental para subsidiar seus estudos acerca das realidades institucionais em que se inserem os assistentes sociais e como se dão as relações de forças existentes nas instituições que são campo de estágio. Vamos conhecer, também, a prática profissional, sua função educativa no espaço de estágio e a relação dessa prática com o mercado de trabalho e a sociedade contemporânea. 11 Na atualidade, a prática social é voltada para a construção de novas relações e a defesa da justiça social. Estudaremos como a formação profissional contemporânea volta-se para a formação de um profissional competente, criativo e propositivo. Para isso, vamos desvendar a relação entre o estágio e a prática profissional. Trataremos ainda a questão social e faremos um diálogo sobre as estratégias e técnicas utilizadas pelo assistente social no seu fazer profissional, para tanto, é fundamental retornarmos alguns conceitos apresentados em outras disciplinas. O primeiro deles se refere ao processo histórico da profissão, entendendo que as estratégias utilizadas pelo profissional são empregadas devido a um mover histórico, ou seja, as técnicas utilizadas no exercício da profissão não se dissociam das características contemporâneas do Serviço Social. O segundo é referente ao conceito de práxis como ação refletida. A prática profissional e, por consequência, a utilização de estratégias e técnicas, dá-se em um processo de reflexão, ou seja, toda intervenção do profissional de Serviço Social deve ser fundamentada por objetivos e intencionalidades. Os conhecimentos a serem estudados ajudarão você na continuidade da abordagem do estágio supervisionado. Para tanto, será necessário compreender as instituições e os sujeitos envolvidos no estágio. Entendendo a importância e o funcionamento do estágio, você será capaz de compreender o planejamento, o plano de estágio e a importância deles para o estágio supervisionado e ainda a importância da observação participante e do instrumento diário de campo. Os instrumentos elaborados pelo aluno no campo de estágio são o plano de estágio e o diário de campo. E por que esses instrumentos podem subsidiar e auxiliar o aluno estagiário no cumprimento desse importante processo, considerado etapa fundamental de sua formação acadêmica profissional? Você terá essa resposta e ainda veremos o que é observação participante e por que é importante para esse aluno participar das atividades realizadas pelo assistente social supervisor de campo. O estágio supervisionado é obrigatório para o aluno/estagiário que cursa Serviço Social, pois essa etapa de estudos tem como objetivo lhe possibilitar relacionar os conhecimentos teóricos adquiridos na formação ao fazer profissional que é desenvolvido na prática, para que seja possível seu aprendizado de habilidades. Essas habilidades o subsidiarão para o trabalho como assistente social. Segundo Azeredo e Souza (2004), um dos maiores desafios que o assistente social enfrenta para desenvolver suas ações e práticas focadas nos conhecimentos teóricos e na realidade contemporânea é a articulação entre a profissão e a realidade social. Dessa forma, podemos compreender que o estágio é um espaço de suma importância em que o aluno poderá aprender de forma crítica e reflexiva sobre o cotidiano profissional vivido pelos profissionais assistentes sociais inseridos nas instituiçõesem variados campos de atuação do serviço social. 13 Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 SUPERVISÃO DE ESTÁGIO ACADÊMICO Unidade I 1 O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO De acordo com a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social, somente podem exercer essa profissão as pessoas que possuem o diploma em curso de graduação em Serviço Social, reconhecido e registrado pelo órgão competente, o Ministério da Educação — MEC. O exercício dessa profissão exige um prévio registro nos Conselhos Regionais de Serviço Social — CRESS que tenham jurisdição sobre a área de atuação do interessado nos termos da lei. A designação profissional de assistente social é privativa dos habilitados em curso de graduação, não devendo, em hipótese alguma, ser usado para identificar práticas assistenciais. 1.1 A profissão de Serviço Social A profissão de serviço social é inscrita na divisão social do trabalho, possui uma atuação especializada e atua nos problemas sociais que afetam a qualidade de vida dos segmentos minoritários e pauperizados da população brasileira. Na contemporaneidade, esse profissional deve primar pela efetivação e pela garantia dos direitos assegurados pela legislação vigente no Brasil. Utilizamos a expressão “na contemporaneidade”, pois nem sempre esse profissional atuou em sua prática nessa perspectiva. O serviço social tem sua gênese vinculada à Igreja Católica, surgiu como prática leiga ligada à benesse e à caridade a fim de minimizar os problemas sociais advindos do surgimento e do firmamento do sistema capitalista. Essa instituição religiosa utilizava um discurso messiânico para intervir na problemática social, porém seu interesse maior era contribuir para a reprodução da força de trabalho atendendo aos interesses do sistema capitalista. A Igreja Católica utilizava os agentes profissionais leigos (membros da instituição) para praticar um trabalho de ajuda para recristianizar a sociedade, uma vez que, nessa época, a Igreja estava perdendo força para os movimentos socialistas difundidos entre o operariado. Castro (2000, p. 47) assegura que, no início, o Serviço Social [...] conecta-se aos objetivos políticos sociais da Igreja e das funções de classe vinculada mais diretamente a ela. Os elementos que mais colaboravam para o surgimento do Serviço Social têm sua origem na ação católica, intelectualidade laica estritamente ligada à hierarquia católica, que propugnava com visão messiânica a recristianização da sociedade por meio do projeto de reforma social. 14 Unidade I Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 Podemos apreender, conforme a citação, que os interesses da burguesia e os da Igreja Católica estavam intrinsecamente focados numa reforma social junto ao proletariado. A intervenção da Igreja e de seus membros não resolveu os problemas sociais, apenas os amenizou, agravando, assim, a situação social. Segundo Martinelli (2001), no final do século XIX, houve uma preocupação em qualificar os agentes profissionais leigos a fim de enfrentar de forma mais acentuada a questão social. As primeiras escolas de serviço social foram criadas de acordo as bases da doutrina católica, com o objetivo de formar profissionais que atuassem no enfrentamento da questão social agravada com o processo de exploração e subordinação do operariado desencadeado com o sistema capitalista. Na década de 1930 foram criadas as primeiras escolas de Serviço Social. Em 1936, em São Paulo, seguida da escola do Rio Janeiro, após dois anos. Isso foi possível devido à organização do Centro de Estudos da Ação Social – CEAS. Tal órgão enviou à Bélgica duas moças ligadas à Igreja Católica para cursar Serviço Social e retornar com o intuito de montar o curso aqui no Brasil. A organização desse curso pretendia atender às necessidades da Igreja Católica e preparar seus membros para exercer a ação social. Para a criação da escola de serviço social no Rio de Janeiro, em 1938, o serviço social contou com apoio de Dom Pais Leme e uma equipe da congregação de Maria, que veio especialmente da França para organizar os ensinamentos da escola sob a doutrina católica e preceitos franceses de atuação. Na década de 1960, especificamente no ano de 1965, o serviço social atuou sob a perspectiva da benesse e caridade, e a Igreja Católica era a principal responsável pelas bases da formação profissional. Assim, lavrava a ideia de que era necessária uma vocação social para atuar como assistente social, e que a formação profissional deveria estar pautada na influência católica para contribuir com a defesa do povo, constituindo-se, assim, em um trabalho normativo da sociedade. Mas, ao final da década de 1960 e no início da década de 1970, o serviço social passou a questionar essa perspectiva de atuação e, sob a orientação de um movimento surgido na categoria profissional, iniciou um processo de questionamento e reflexão sobre a atuação tradicional denominado Movimento da Reconceituação. 1.2 Quem é o assistente social O assistente social é um profissional que possui bacharelado em Serviço Social. Exerce seu trabalho de forma remunerada em instituições públicas e privadas, organizações não governamentais, movimentos sociais etc. Sua função deve ser desenvolvida com competência teórica, técnica, metodológica, política e atribuições específicas. Sua atuação se dá nas diversas expressões da questão social que afetam a qualidade de vida da população em diferentes áreas (criança e adolescente, idoso, deficientes, habitação etc.) por meio das políticas públicas sociais. Tem como objetivo viabilizar os direitos dos usuários assegurados por lei. 15 Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 SUPERVISÃO DE ESTÁGIO ACADÊMICO A atuação do assistente social está voltada, em especial, para a população em vulnerabilidade socioeconômica. No entanto, como o objetivo precípuo da profissão é efetivar direitos, sua atuação alcança outras parcelas da população. Exige-se que o assistente social seja um profissional ético, crítico, propositivo, competente, instrumentalizado, articulado e que almeje a melhoria de vida da população no que concerne à saúde, educação, moradia, assistência social, previdência social etc. 1.3 As mudanças na atuação profissional pós-Movimento de Reconceituação A perspectiva de atuação normativa, voltada aos preceitos da caridade e benesse difundidos pela Igreja Católica, pautou o Serviço Social até final dos anos 1960. Em 1965, surgiu na América Latina um movimento que marcou a profissão, suscitando reflexões e mudanças na constituição e nas formas de atuação do assistente social. Esse movimento, conhecido como Movimento de Reconceituação, tem por base contestar a formação e a atuação profissional tradicional do serviço social. Sobre esse movimento, Iamamoto (2001, p. 207) enfatiza que [...] o Serviço Social latino-americano é sensibilizado pelos desafios da prática social. Sua resposta mais significativa se consubstancia na mais ampla revisão já ocorrida na trajetória dessa profissão, que tem aproximadamente seis décadas de existência. Essa resposta é o movimento de reconceituação. Este se perfiloudesde o seu nascedouro como um movimento de denúncia, de autocrítica e de questionamentos societários que tinha como contraface um processo seletivo de busca da construção de um novo Serviço Social latino-americano, saturado, cheio de historicidade e que apostasse na criação de novas formas de sociabilidade a partir do próprio protagonismo dos sujeitos coletivos. Conforme cita a autora, podemos apreender que o Movimento de Reconceituação possibilitou uma reflexão que conduziu a profissão do serviço social a uma revisão ampla da sua trajetória. Os profissionais questionaram suas ações de forma crítica e buscaram uma nova configuração a partir da ruptura com a prática tradicional de atuação dos assistentes sociais sob as bases de influência da Igreja Católica. Essa nova postura do serviço social frente à sua formação e à prática de atuação voltada para os problemas característicos da realidade latino-americana busca adequar a profissão a uma postura mais crítica e revolucionária. Assim, a formação da profissão se compromete com uma transformação da realidade social. Para tal, foi necessário a profissão adotar mudanças no embasamento teórico-metodológico, nos procedimentos práticos interventivos e na aproximação da profissão com a corrente teórica marxista. Tal movimento aproximou os assistentes sociais a uma vertente crítica e a uma maneira mais abrangente e totalitária para a investigação dos problemas sociais advindos da exploração capitalista. Também mudou o modo de 16 Unidade I Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 enfrentamento da questão social, voltando-se para a busca de uma transformação social das realidades apresentadas aos assistentes sociais. Estamos estudando nesta unidade o serviço social, as transformações sofridas no bojo da profissão e como elas afetaram a categoria dos assistentes sociais. Agora, vamos compreender a atuação profissional após os anos 1970 e como se configuram essa atuação contemporânea e o mercado de trabalho da profissão, que é também o locus essencial de campo de estágio supervisionado em serviço social. 1.4 A natureza da profissão de assistente social Atuando nos problemas sociais que afetam a qualidade de vida das classes sociais em vulnerabilidade socioeconômica, o assistente social deve primar pela efetivação de direitos assegurados pela legislação vigente no país. Nessa perspectiva, ele precisa estar revestido de conhecimentos científicos e instrumentais técnicos para decifrar a realidade na qual está inserido para intervir, de forma propositiva, em uma perspectiva transformadora e emancipatória e, assim, promover a qualidade de vida dos usuários de seus serviços. A atuação do assistente social pode ter caráter: a) socioeducativo; b) político-educativo; c) psicossocial; d) técnico-consultivo; e) didático-pedagógico; f) político-administrativo; g) político-representativo. O caráter socioeducativo deve estar presente em todas as intervenções do assistente social. Ao atuar na luta por acesso aos direitos sociais em organizações e movimentos populares, essa atuação tem caráter político-educativo. Quando o assistente social atua em pronto-socorro, clínica ou ambulatório de saúde mental ele possui caráter psicossocial. Quando esse profissional presta serviços de assessorias, consultorias, supervisão e assistência técnica, seu trabalho possui um aspecto técnico-consultivo. O caráter didático-pedagógico diz respeito à docência, à pesquisa e à produção científica. Quando o assistente social atua na área de administração, planejamento e gestão de serviços sociais públicos em organizações governamentais e não governamentais, bem como nos setores privados, sua intervenção é político-administrativa. Ao atuar na direção de entidades representativas da profissão, como no Conselho Federal de Serviço Social — CFESS e no CRESS, o trabalho do assistente social possui caráter político-representativo. 17 Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 SUPERVISÃO DE ESTÁGIO ACADÊMICO 1.5 Competências do assistente social A Lei 8.662/93, no artigo 4º, expõe quais são competências do assistente social. São elas: I – Elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares; II – Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil; III – Encaminhar providências e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população; IV – Orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais para identificar recursos e fazer uso deles no atendimento e na defesa de seus direitos; V – Planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais; VI – Planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais; VII – Prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo; VIII – Prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade; IX – Planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de Unidade de Serviço Social; X – Realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades (BRASIL, 2003). 1.6 Atribuições do assistente social A Lei 8.662/93, artigo 5º, expõe quais são atribuições privativas do Assistente Social. São elas: I – Coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social; 18 Unidade I Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 II – Planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de Serviço Social; III – Assessoria e consultoria a órgãos da Administração Pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades em matéria de Serviço Social; IV – Realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de Serviço Social; V – Assumir, durante o magistério de Serviço Social, tanto em nível de graduação como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular; VI – Treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social; VII – Dirigir e coordenar Unidades de Ensino e cursos de Serviço Social de graduação e pós-graduação; VIII – Dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de pesquisa em Serviço Social; IX – Elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço Social; X – Coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhadossobre assuntos de Serviço Social; XI – Fiscalizar o exercício profissional por meio dos Conselhos Federal e Regional; XII – Dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou privadas; XIII – Ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira em órgãos e entidades representativas da categoria profissional (BRASIL, 2003). 1.7 Equívocos da profissão Os equívocos da identidade profissional que precisam ser desconstruídos são: assistência social é o mesmo que assistente social, que, por sua vez, é igual a serviço social, e que este é igual a assistencialismo. 19 Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 SUPERVISÃO DE ESTÁGIO ACADÊMICO No quadro a seguir, você conhecerá o que é a assistência social, quem é o assistente social, o que é o serviço social e o que se caracteriza por assistencialismo. Quadro 1 Denominação Características Assistência social É uma política pública regulamentada pela Lei Orgânica da assistência social. A assistência social é um direito garantido por lei ao do cidadão e um dever do Estado. Assistente social É o profissional graduado em curso superior de Serviço Social habilitado para atuar nas expressões da questão social, nas políticas sociais públicas, privadas e nas organizações não governamentais. Essa profissão é regulamentada pela Lei n° 8.662/93. Há um código de ética profissional e organizações que fiscalizam e protegem o exercício profissional. Serviço social É o nome do curso de nível superior que forma os assistentes sociais. Assistencialismo É a prática que se opõe à assistência social. É o acesso a um bem ou serviço por meio de doação, favor, algo que depende de boa vontade e interesse de alguém. No assistencialismo não há garantias e nem direitos. Ainda há o equívoco em relação à denominação do público-alvo do serviço social, como achar que a denominação para o público alvo é paciente ou cliente. Essas são terminologias da área médica e da área empresarial, respectivamente. O público/pessoas/sujeitos/indivíduos são denominados usuários, pois utilizam os serviços, não são clientes e nem pacientes. Não há contrapartida na prestação do serviço entre o profissional e o usuário. Embora a profissão de assistente social possa contribuir de forma expressiva para a mudança dos rumos das políticas sociais do país, ainda não possui reconhecimento substancial. Ela é confundida com serviço voluntário, caridade, benesse e, por outro lado, os meios de trabalho do profissional são parcos diante de tantas demandas e aliados à conjuntura política, social e econômica do país. Os profissionais não se reconhecem e não se identificam como profissionais habilitados para novas frentes de atuação, nem mesmo para aquelas tradicionais. Essa falta de reconhecimento está atrelada a ações focalistas, paliativas, endógenas e à própria imagem profissional que possui suas matrizes na história do serviço social. Observação Endógena quer dizer uma visão de dentro do Serviço Social; uma visão interna sobre a profissão (IAMAMOTO, 2001). As pessoas também pensam que não é preciso se especializar (graduar) para fazer um trabalho de garantia de direitos sociais da população. Acreditam que o trabalho voluntário tem condições de fazer a mesma coisa. O voluntariado se caracteriza por ações pontuais, por um tempo determinado, o compromisso é pessoal e pode ser desfeito a qualquer momento por interesse do voluntário. 1.8 Desmistificando os estigmas da profissão A mídia, na atualidade, constantemente mostra e denuncia as desigualdades e as exclusões sociais, o sofrimento e as dificuldades com que vivem milhares de pessoas neste país. Além das demandas 20 Unidade I Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 aos serviços sociais em relação às necessidades materiais, as pessoas buscam atenção, apoio etc. Esses indivíduos, ao buscar um serviço, terão a compreensão e apoio de um profissional que poderá ser confundido como um amigo, um salvador. A confusão é compreensível, pois parte de pessoas que muitas vezes não têm sua identidade reconhecida socialmente, ou por se encontrarem em situação de baixa estima devido aos diversos problemas que enfrentam cotidianamente. E, por outro lado, o assistente social é o profissional que mostra os caminhos na solução dos mais variados problemas. Embora alguns serviços prestados pelo serviço social sejam confundidos com caridade, favor, há de se desmistificar essa identidade atribuída. Ser compreensivo e atencioso é um atributo pessoal e inerente ao ser humano. Já a cultura científica é adquirida ao longo da formação acadêmica por meio de disciplinas das mais diversas áreas de conhecimento. A formação de serviço social utiliza-se de conhecimento da área de ciências sociais aplicadas, como História, Economia, Antropologia, Sociologia, Filosofia, Direito, Psicologia, entre outras. No seu fazer profissional, os conceitos dessas áreas são utilizados para compreender a realidade em que as desigualdades ocorrem e, assim, buscar a resolução dos problemas a partir de proposições. 1.8.1 Alguns estigmas da profissão A profissão tem estigmas atribuídos ao longo da construção de sua identidade que precisam ser desconstruídos. O quadro a seguir apresenta alguns deles sobre o exercício profissional do assistente social. Quadro 2 Estigma (não verdadeiro) Identidade (verdadeira) O trabalho do assistente social é voluntário, caritativo e é de benesse. O assistente social exerce seu trabalho de forma remunerada em organizações públicas, privadas e organizações não governamentais com atribuições específicas e regulamentadas por lei. Os assistentes sociais são pessoas “boazinhas” que ajudam os pobres e oprimidos. O assistente social é um profissional graduado no curso superior de Serviço Social. Ele atende às necessidades sociais da população em geral, nas áreas de assistência social, saúde, habitação, educação etc. A atividade em si não é considerada ajuda, pois o profissional atua na perspectiva de assegurar direitos sociais garantidos pela Constituição Federal visando ao fortalecimento da autonomia e da democracia. O assistente social trabalha só com os pobres. A realidade social e econômica do Brasil faz que o trabalho do assistente social se volte para a questão da pobreza e da população que é excluída de bens e serviços. É uma profissão que atua de maneira efetiva no setor empresarial, o qual tem outro perfil de usuário, além de outros serviços prestados por órgãos públicos que atendem à população em geral. Não é uma profissão exclusiva para um determinado segmento social, é uma profissão que atua para toda a sociedade. 1.9 Entidades representativas do serviço social Citam-se algumas entidades representativas do Serviço Social, como a Executiva Nacional de Serviço Social — ENESSO, o CRESS, o CFESS e a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social — ABEPSS. 21 Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 SUPERVISÃO DE ESTÁGIO ACADÊMICO A ENESSO é a entidade máxima de representação dos estudantes de Serviço Social. A Coordenação Nacional da Executiva é eleitaanualmente no Encontro Nacional de Estudantes de Serviço Social — ENESS, que é a instância máxima de deliberação do Movimento Estudantil de Serviço Social. Tem por objetivo reunir os estudantes de todo o país em torno dos temas pertinentes à conjuntura, movimento estudantil, universidade, formação ético-político profissional, cultura e outros temas relevantes ao serviço social. Conforme está descrito em seu estatuto, a ENESSO busca: • fomentar e potencializar a formação político-profissional dos estudantes de Serviço Social, bem como suas entidades representativas; • promover o debate acerca dos problemas dos estudantes de Serviço Social; • garantir o contato permanente dos estudantes de Serviço Social com a categoria dos assistentes sociais, suas entidades nacionais e latino-americanas; • viabilizar a integração com os movimentos populares e sociais como forma de crescimento político dos estudantes e de reforço e ampliação das lutas desses movimentos; • consolidar o contato com as demais executivas de curso a fim de reforçar o papel que elas desempenham no movimento estudantil e também construir novas alternativas de luta para o movimento; • coordenar e organizar os encontros estaduais, regionais e nacionais junto às escolas-sede dos eventos, buscando a articulação com as demais entidades da categoria para a realização desses encontros (ENESSO). O CRESS é uma autarquia federal de personalidade jurídica e de direito público, regulamentado pela Lei n.º 8.662, de 07 de junho de 1993. Está vinculado ao CFESS, porém possui autonomia administrativa e financeira. Essa instituição tem o poder de fiscalizar o exercício profissional do assistente social. Já os Conselhos Regionais são responsáveis pelas inscrições dos assistentes sociais nos seus estados. Eles informam sobre anuidades, eventos, ofertas de trabalho, cursos de capacitação e ainda recebem denúncias de problemas relacionados à ética da profissão. São objetivos dos CRESS: • orientar, disciplinar, fiscalizar e defender o exercício da profissão de assistente social nos seus respectivos estados; • zelar pelo livre exercício, dignidade e autonomia da profissão; • organizar e manter o registro profissional dos assistentes sociais e das pessoas jurídicas que prestam serviços de consultoria, assessoria, planejamento, capacitação e outros em Serviço Social no âmbito de sua jurisdição; 22 Unidade I Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 • zelar pelo cumprimento e observância do Código de Ética Profissional do Assistente Social funcionando como Tribunal Regional de Ética Profissional; • fixar, em assembleias da categoria, o valor das anuidades que os assistentes sociais devem pagar (BRASIL, 2003). O CFESS, regulamentado pela Lei n.º 8662/93 em conjunto com os CRESS, responde pela fiscalização do exercício profissional do assistente social. O Conselho Federal é representado por uma diretoria composta por 18 conselheiros, e ela é eleita a cada três anos pelo voto direto dos assistentes sociais de todo o país. O art. 8º da Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social estabelece que o Conselho Federal de Serviço Social tem a incumbência, na qualidade de órgão normativo de grau superior, do exercício das seguintes atribuições: • orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e defender o exercício da profissão de assistente social em conjunto com o CRESS; • assessorar os CRESS sempre que for necessário; • aprovar os Regimentos Internos dos CRESS no fórum máximo de deliberação do conjunto CFESS/ CRESS; • aprovar o Código de Ética Profissional dos assistentes sociais juntamente com os CRESS no fórum máximo de deliberação do conjunto CFESS/CRESS; • funcionar como Tribunal Superior de Ética Profissional; • julgar, em última instância, os recursos contra as sanções impostas pelos CRESS; • estabelecer os sistemas de registro dos profissionais habilitados; • prestar assessoria técnico-consultiva aos organismos públicos ou privados em matéria de Serviço Social (BRASIL, 2003). A ABEPSS é constituída pelas unidades de ensino em Serviço Social, pelos sócios institucionais e individuais (pesquisadores, docentes e discentes dos cursos de graduação e pós-graduação em Serviço Social). É uma entidade civil de natureza científica, é de âmbito nacional e não possui fins lucrativos. Com sede atual em Recife, busca mobilizar os profissionais de Serviço Social que são associados a ela por meio da realização de eventos como o Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social — ENPESS. O Estatuto da ABEPSS estabelece que a entidade tenha as seguintes finalidades: • propor e dinamizar uma política de formação em Serviço Social que expresse a indissociabilidade do ensino, da pesquisa e da extensão, articulando a graduação e a pós-graduação; • contribuir para aperfeiçoar a formação profissional do assistente social na perspectiva de atender às exigências regionais e ao projeto ético-político profissional nos contextos nacional, regional e local; 23 Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 SUPERVISÃO DE ESTÁGIO ACADÊMICO • representar e defender os interesses da área de Serviço Social junto às agências de fomento no que tange ao ensino, pesquisa e extensão; • fomentar e estimular a formação e consolidação de grupos de pesquisa nas universidades e/ou outras instituições voltadas à pesquisa; • promover a publicação da produção acadêmica gerada no âmbito do Serviço Social; • desenvolver eventos acadêmico-científicos de produção de conhecimento na área de Serviço Social; • atuar com propriedade para fortalecer a concepção de formação profissional com amplo processo que abrange formação acadêmica, pesquisa, capacitação continuada e prática organizativa e profissional (Estatuto da ABEPESS). Ao conhecer a natureza da profissão de assistente social, quem é o assistente social, a legalidade do exercício profissional, os equívocos e estigmas que acompanham a profissão desde o surgimento desaparecerão. Não se limite ao conteúdo trabalhado nessa aula, busque pesquisar nas referências bibliográficas sobre a sua futura profissão. 2 A ATIVIDADE PROFISSIONAL NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL A identidade é concebida como um fenômeno social, um processo de mudanças que se constitui nas relações sociais e interpessoais, configurando-se e transformando-se. É compreendida como um processo de construção da representação de si e como se é reconhecido. Seu desenvolvimento é calcado em significações, gostos, disposições, escolhas, formas de agir e pensar, crenças e valores como princípios organizadores de práticas e representações e reflete um estilo de vida, um conjunto de escolhas. A construção da identidade é dinâmica, incessante, um movimento permanente. Identidade remete àquilo que é idêntico, que é semelhante. É expressa singular ou coletivamente. Singularmente, quando diz respeito a características individuais, à representação de si mesmo; coletivamente, quando compartilhada de experiências de outros indivíduos ou segmentos sociais, grupos sociais etc. Gentilli (1997, p. 128) aponta que a identidade se refere [...] a movimentos que dizem respeito tanto à singularidade humana quanto a particularidades de grupos, segmentos, estratos, classes, nações, culturas etc., na produção de sentidos face às relações sociais das quais participa, de acordocom representações e imagens utilizadas para se referir a objetos que são identificados como exteriores. [...] categoria que possibilita analisar as contiguidades, as semelhanças, as diferenças e as contradições que se estabelecem entre indivíduos e sociedade, tanto na perspectiva dos sujeitos singulares quanto coletivos, por intermédio das noções de “identidade pessoal” e identidade social. 24 Unidade I Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 Quais as mudanças em suas condições objetivas de vida voltadas para a futura profissão e que repercussões teriam no processo de constituição da identidade? O projeto pessoal tem peso no projeto profissional na construção de sua identidade nesse momento de transição? Essa reflexão o acompanhará durante sua formação. Uma identidade carrega estigmas e atributos depreciativos decorrentes de expectativas sociais não correspondidas por quem não a conhece. Essa marca gera uma identidade irreal da categoria profissional, conferindo-lhe denominações que ela não possui. As expectativas em relação à identidade podem ser da ordem normativa e da ordem pessoal. A primeira direciona o cumprimento de leis, normas e regulamentos; e a segunda apresenta como se dão as relações no contexto em que estão inseridas. 2.1 Processo de construção da identidade profissional do assistente social Como em toda profissão, a identidade do serviço social vem sendo construída ao longo dos anos nos processos sociais e históricos da sociedade. Está ligada à origem da profissão, cujas raízes encontram-se no desenvolvimento do capitalismo e em suas consequências sociais. Com o aumento da produção e as mudanças nas relações de produção, acentuaram-se as diferenças sociais, e, diante do aumento da pobreza, surgiram grupos de voluntários ligados a organizações religiosas para atender às mazelas decorrentes da industrialização. Nesse contexto, os conflitos nas fábricas por melhores condições de trabalho, entre outros, pediam a presença de um “mediador” que conciliasse as partes envolvidas. Fora dessas organizações, as condições de vida eram precárias, não havia saneamento básico, creches, saúde nem moradia. Isso tudo impunha um profissional que pudesse atender e encaminhar as soluções para as necessidades que surgiam. Atualmente, nas empresas, o assistente social continua a fazer a mediação dos conflitos entre patrões e empregados atuando na perspectiva de treinamento, prevenção de acidentes do trabalho e benefícios. Como uma profissão que teve sua origem articulada à formação do sistema capitalista, cuja estratégia era de controle social, essa prática profissional, com uma ilusão de servir, surgiu com uma identidade atribuída pelo capitalismo. Isso ocorreu também pela fragilidade política e social da categoria profissional que produziu práticas hoje analisadas como assistencialistas, filantrópicas, focalistas e marcadas pelo fornecimento de benefícios sociais. Por ser uma profissão que trabalha com problemas sociais que afetam as pessoas e grupos em situação precária de vida, ela é confundida com assistencialismo, caridade, doação etc. Isso advém da gênese dos problemas sociais, da Antiguidade até a atualidade: antes era tratada como caridade; hoje, há políticas sociais públicas para atender esses problemas, mas a confusão continua. Outro estigma que a profissão carrega está relacionado ao baixo reconhecimento a ela socialmente atribuído, principalmente na área de pesquisa, e à baixa remuneração em relação a outras ocupações. 25 Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 SUPERVISÃO DE ESTÁGIO ACADÊMICO Registram-se, também, diferentes discursos no âmbito de organizações formais da profissão e no mercado de trabalho profissional. No ramo das organizações, o discurso é da ordem do “dever ser”, representação que aponta diferenças e divergências com os discursos no âmbito profissional, o qual trabalha com o “poder ser”, ou seja, com as possibilidades. Gentilli (1997, p. 129) assevera que a identidade profissional do Serviço Social é resultante de uma interação dinâmica entre os aspectos formais e informais da profissão. Essa interação expressa coletivamente as manifestações representacionais produzidas na categoria profissional, e é realizada tanto por meio de discursos consagrados nas organizações e instituições formais da profissão quanto nas formações discursivas que se disseminam no mercado de trabalho profissional. Os discursos são a auto-representação da categoria profissional nas relações sociais dos quais sua categoria profissional faz parte com o objetivo de se conhecer no processo histórico e social. É no espaço da formação profissional que a identidade começa a ser construída por meio da socialização de ideias, das diferenças, das divergências, de concepções de si mesmo, de papéis profissionais, de normalização do certo e do errado, de direitos e deveres e atribuições profissionais. E o ambiente profissional ou campo de atuação será o local em que ela se legitimará. Gentilli (1997) aponta sete direções acerca da concepção de “ser profissional” de Serviço Social no mercado de trabalho. Vamos analisá-las a seguir: • a primeira direção concebe o assistente social a partir da delimitação do âmbito das atividades nas quais a profissão pode se realizar. A identidade profissional é expressa pelo fazer e pela natureza desse fazer a partir da introjeção das diversas conotações que comportam a expressão “assistir à sociedade”, seja em atividades “assistenciais, educacionais ou políticas”; • o segundo eixo, utilizado para expressar as definições acerca da identidade profissional, compreende os objetivos profissionais relacionados aos clássicos “processos metodológicos”. Nessa direção ficam visíveis a permanência e o reconhecimento, por parte de alguns profissionais, da plausibilidade de tais processos consagrados pelo uso e que se mantêm em vigor, deslanchando inclusive atividades que se apresentam como emergentes na profissão; • a terceira forma concebe a identidade do serviço social a partir de representações vinculadas às ações “de ajuda” realizadas pelos profissionais associados a concepções como “bem-estar”, “equilíbrio”, “humanização”, assim como aos diferentes tipos de “atividades promocionais” e “assistenciais” realizados pelos assistentes sociais; • as atividades profissionais descritas como “orientar”, “esclarecer” e “encaminhar” serviram de ponto de partida para a materialização da identidade profissional de uma quarta manifestação, a qual foi recontextualizada no discurso teórico contemporâneo; 26 Unidade I Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 • uma quinta forma de definição do ser profissional – associada ou não à discussão das questões sociais –, a ideia de mudança social, surge tendo como foco as definições que oferecem prioridade aos aspectos ligados ao “processo de conscientização” e às “formas de transformação social”, tanto no plano individual como no coletivo; • a sexta variação na definição do “ser profissional”, que foi encontrada na referência às diferenças e semelhanças existentes nas práticas profissionais, refere-se à discussãorelativa aos campos de atuação (previdência, assistência social, bem-estar etc.) e sobre seus respectivos âmbitos de interferência social; • de forma minoritária, aparece a sétima concepção, marcada por uma visão muito particularizada e decorrente de campos de atuação superespecializados e excepcionais. Nessa compreensão, o profissional se vê como o agente que estabelece a vinculação de “clientes” que têm mundos internos “especiais” em relação à vida dos sujeitos considerados socialmente “normais”. As concepções apresentadas anteriormente agrupam noções diferentes. Há visões de transformação, cidadania, ajuda social, humanização das relações sociais, equilíbrio social etc. Essas representações revelam a multiplicidade de expressões da identidade profissional e suas finalidades, atividades, objetivos e funções. Diante do foi trabalhado, é preciso ficar claro que a identidade do serviço social está associada ao exercício da prática profissional e que a profissão, na sua gênese, desenvolve uma atuação assistencialista, voltada a atender aos interesses do sistema capitalista. Assim, podemos afirmar que o serviço social, no início da profissão, teve sua identidade atribuída e não construída coletivamente pela categoria profissional. 2.2 O perfil do assistente social no mercado de trabalho O assistente social pode trabalhar no primeiro setor, que é definido pelas instituições públicas nas esferas federal, estadual e municipal; no segundo setor, formado pelas organizações empresariais privadas; e no terceiro setor, constituído por organizações não governamentais — ONGs, que geram serviços de caráter público. Você conhecerá alguns dados sobre o que se exige do perfil do mercado de trabalho de assistente social no Brasil. A pesquisa do CFESS foi realizada pela Universidade Federal de Alagoas em 2004. Esse estudo foi coordenado pela professora Dra. Marlise Vinagre Silva e pela Dra. Rosa Prédes. Teve por base uma amostra de 1.049 profissionais em atividades no país com registro nos CRESS e retrata o “perfil do assistente social no Brasil”. De acordo com a referida pesquisa, o setor público é o maior empregador dessa profissão: a esfera municipal emprega 40,97%; a esfera estadual, 24%; e a nacional, 13,19%. O setor privado aparece em segundo lugar na pesquisa com um total de 13,19% de assistentes sociais, e em terceiro lugar está o terceiro setor, com um percentual de 6,81%. 27 Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 SUPERVISÃO DE ESTÁGIO ACADÊMICO 2.2.1 Áreas de atuação no primeiro setor No setor público, com a descentralização e municipalização das políticas sociais públicas, ocorre uma ampliação do mercado de trabalho na esfera municipal, e os concursos públicos passam a se concentrar nos municípios. Os campos de atuação do assistente social no setor público em âmbito nacional, estadual e municipal são: saúde, assistência social, previdência, educação, habitação etc. Nas organizações públicas, esse profissional pode atuar ainda nas áreas da criança e adolescente, de idoso, de pessoas com deficiência etc. Outro campo de atuação no setor público que vem se destacando é a gestão social de políticas públicas. Cursos de especialização surgem para qualificar profissionais da área social, entre eles o assistente social, para exercer funções públicas de gerenciamento. Iamamoto (2001, p. 125) afirma que [...] o treinamento para a vida pública apresenta exigências específicas. Requer conhecimento do contexto político e constitucional da gestão governamental; o aprendizado para agir sob constante pressão política e a habilidade para operar dentro de metas preestabelecidas por lei em estruturas organizacionais sob controle do sistema jurídico. A atuação do assistente social no gerenciamento de programas públicos deve se pautar em uma prática profissional transparente, com a participação efetiva da população no controle social e nas decisões institucionais, que devem ser democráticas e respeitadas. Deve primar sempre pela garantia dos direitos sociais e pela democratização do acesso aos bens e serviços oferecidos pela política pública ou programa social. 2.2.2 Áreas de atuação no segundo setor Nas organizações privadas, o assistente social pode atuar na área de recursos humanos, um setor que se expande para o gerenciamento, o planejamento estratégico, as relações interpessoais, a qualidade de vida do trabalhador, os treinamentos organizacionais, a elaboração ou a implementação de projetos, os programas de prevenção de riscos sociais etc. Iamamoto (2001, p. 130) expõe que [...] para o ingresso na esfera empresarial têm sido exigidos requisitos que extrapolam o campo de conhecimentos para abranger “habilidades e qualidades pessoais”, tais como: experiência, criatividade, desembaraço, versatilidade, iniciativa e liderança, capacidade de negociação e apresentação em público, fluência verbal, habilidade no relacionamento e “capacidade de se sintonizar com as rápidas mudanças no mundo dos negócios”. 28 Unidade I Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 O assistente social precisa, ainda, saber trabalhar em equipes interdisciplinares, relacionar-se com outros profissionais para atuar na elaboração e realização de pesquisas, capacitação em planejamento, na elaboração de planos, projetos sociais, programas de qualidade total da empresa (um programa voltado para a qualidade dos serviços e produtos oferecidos pela instituição). No segundo setor, o assistente social deve atuar de forma reflexiva para não incorrer em uma prática profissional que atenda exclusivamente aos interesses dos empregadores. Para tanto, o profissional deve estar revestido de uma capacidade ético-política voltada para os princípios do Código de Ética do Assistente Social e ter sempre em mente que a nossa atuação deve sempre primar pela defesa intransigente dos direitos humanos. 2.2.3 Áreas de atuação no terceiro setor No terceiro setor (ONGs), o assistente social atua diretamente com a sociedade civil organizada e movimentos populares nas áreas de administração e planejamento de projetos sociais, defesa de direitos humanos, convênios de cooperação técnico-financeira, captação de recursos etc. Com a municipalização das políticas públicas, surgem novas oportunidades de intervenção no âmbito da sociedade civil organizada para o assistente social, com destaque para a formulação, gestão e controle social das políticas sociais. Segundo Iamamoto (2001), o trabalho do assistente social nessa nova demanda profissional pode ser expresso da seguinte forma: a) implantação dos conselhos de políticas sociais; b) capacitação dos conselheiros; c) elaboração de planos de assistência social; d) organização e mobilização popular em experiência de orçamento participativo; e) assessoria e consultoria no campo das políticas públicas e dos movimentos sociais etc. No terceiro setor, o assistente social deve atuar no reforço do poder local no âmbito municipal. Deve ampliar a possibilidade de participação da comunidade local na busca de soluções para os seus problemas por meio da fiscalização, formulação e gestão das políticas e programas sociais. O objetivo é fazer que esses programas sejam canais de efetivação dos direitos sociais de forma democrática e equânime. O assistente social deve atuar em uma perspectiva participativa e criativa com competência teórica,técnica e política na defesa da participação da sociedade civil organizada e na formulação e controle social de políticas públicas que venham ao encontro dos interesses sociais da coletividade. A atuação junto à sociedade civil organizada tem como espaço privilegiado os Conselhos de Políticas Públicas da assistência social, saúde e previdência e os conselhos de direitos da criança e do adolescente, do idoso e do deficiente. Os conselhos são órgãos paritários, ou seja, metade é composta por representantes do governo; a outra, por representantes da sociedade civil organizada. Esses conselhos têm competência legal para deliberar e controlar as políticas sociais públicas. 29 Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 SUPERVISÃO DE ESTÁGIO ACADÊMICO Diante de tantas possibilidades de trabalho, o assistente social precisa possuir conhecimentos teóricos, técnicos e políticos para apreender e decifrar a realidade social na sua dinâmica, pois [...] possibilidades novas de trabalho se apresentam e necessitam ser apropriadas, decifradas e desenvolvidas; se os assistentes sociais não o fizerem, outros o farão, absorvendo progressivamente espaços ocupacionais até então a eles reservados. Aqueles que ficarem prisioneiros de uma visão burocrática e rotineira do papel do assistente social e de seu trabalho entenderão isso como “desprofissionalização” ou “desvio de funções” e as alterações que vem se processando nessa profissão (IAMAMOTO, 2001, p. 48). O assistente social deve estar sempre atento às mudanças e às possibilidades que se apresentam no mercado de trabalho para conquistar espaços ocupacionais que requerem as habilidades de intervir de forma criativa e propositiva. Deve apresentar alternativas inovadoras de trabalho que contribuam para a universalização dos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais. Portanto, diante de tantas possibilidades de espaços sócio-ocupacionais no mercado de trabalho, o assistente social necessita qualificar-se constantemente para contribuir na implementação de propostas de trabalho capazes de atender as demandas sociais. Sua atuação deve alcançar os interesses coletivos da população usuária do Serviço Social visando à diminuição das desigualdades sociais. Diante dessa necessidade, o trabalho desse profissional não pode ocorrer de forma isolada, mas em conjunto com outros profissionais nas instituições empregadoras, visto que uma única profissão não dá conta de resolver todos os problemas sociais. 2.3 O estágio supervisionado O estágio supervisionado curricular é parte integrante e obrigatória para o aluno que cursa Serviço Social. É no período do estágio que o acadêmico tem o contato direto com a prática profissional a partir de sua inserção em um determinado espaço sócio-ocupacional. Essa etapa dos estudos prevista no currículo tem como objetivo fazer que você relacione os conhecimentos teóricos adquiridos na formação ao fazer profissional que é desenvolvido na prática de trabalho do assistente social. Segundo nos explica Azeredo e Souza (2004), um dos maiores desafios que o assistente social enfrenta é a articulação entre a profissão e a realidade social para que o profissional possa desenvolver suas ações na prática e esteja focado entre os conhecimentos teóricos e a realidade contemporânea. O estágio é um espaço propício para o aprendizado da prática real do fazer do assistente social. Para tal, deve propiciar condições que capacitem o estudante para o exercício da profissão. Acerca do estágio supervisionado, Buriolla (2006, p. 13) nos ensina que [...] o estágio é concebido como campo de treinamento, um espaço de aprendizagem do fazer concreto do serviço social, em que um leque de situações e de atividades de aprendizagem profissional se manifestam para o estagiário tendo em vista sua formação [...] é o lócus em que a identidade 30 Unidade I Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 01 /1 1/ 20 13 profissional do aluno é gerada, construída e referida; volta-se para o desenvolvimento de uma ação vivenciada, reflexiva e crítica, e por isso deve ser planejado gradativa e sistematicamente. A partir dessa afirmação, você pode entender o estágio como um local de atividades diversas que apresentam um universo de complexidades, em que é muito importante a reflexão, a crítica construtiva e o planejamento. O estágio supervisionado tem como objetivo inserir o acadêmico nos espaços institucionais de atuação do serviço social. Essa ação requer a observação participante, a investigação e o conhecimento da realidade institucional em que acontecem as situações concretas que exigem intervenção do assistente social. O contato com as instituições permite que o estudante em campo de estágio reflita de forma crítica diante das demandas e das situações apresentadas aos profissionais que atuam nesses órgãos. Para isso, é preciso que você relacione a sua capacidade de reflexão à sua aprendizagem iniciada no primeiro dia de aula do curso. Vamos entender melhor o que significa o estágio e como fazê-lo? Para realizar o estágio supervisionado em Serviço Social, você deve ser encaminhado pela instituição em que estuda (embora em alguns casos o aluno articule seu estágio), preencher toda a documentação necessária (disponível no manual de estágio ou no caderno de orientações de estágio) e ainda é necessário que a universidade tenha convênio assinado com a instituição em que você estagiará. O estágio iniciou-se no Brasil, de acordo com Buriolla (2006), logo após a criação das primeiras escolas de Serviço Social, mais especificamente na década de 1930. Desde então, é parte integrante da formação do aluno desse curso e também propicia ao estudante o contato com a prática profissional, desenvolvendo-se como uma etapa decisiva em sua formação. O curso de Serviço Social tem sua organização curricular sustentada por um tripé, conforme determinação do MEC. Ele sustenta os conhecimentos que constituem os núcleos de fundamentação da formação profissional. Os núcleos se subdividem em: núcleo de fundamentos teórico-metodológicos da vida social; núcleo de fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade brasileira; núcleo de fundamentos do trabalho profissional, que compreende os elementos constitutivos de serviço social como uma especialização do trabalho: sua trajetória histórica, teórica, metodológica e técnica, os componentes éticos que envolvem o exercício profissional, a pesquisa, o planejamento e a administração em Serviço Social e o estágio supervisionado. O núcleo de fundamentos do trabalho profissional contempla o estágio supervisionado como o último de seus elementos constitutivos. Para que você possa fazer o estágio, é preciso primeiro conhecer os fundamentos do serviço social, como é sua trajetória histórica, sua gênese e as bases que direcionaram metodológica e tecnicamente a profissão. O conhecimento da orientação de diversas teorias também é importante, como: Neotomismo, Positivismo, Fenomenologia e as mudanças da profissão após o Movimento de Reconceituação e a aproximação da profissão com a corrente teórica de Karl Marx (Marxismo). 31 Re vi sã o: V ito r - Di ag ra m aç ão : L éo - 1 3/ 12 /1 1 - In se rç ão d e ex er cí ci os C Q A : V irg ín ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o -
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