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Aula_08 politica ambiental

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POLÍTICA AMBIENTAL GLOBAL
Aula 8– O Brasil e o cenário ambiental e global 
* O Brasil e o cenário ambiental e global AULA 8
POLÍTICA AMBIENTAL GLOBAL
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você será capaz de: 
- Avaliar a importância do Brasil nos debates sobre o meio ambiente; - Identificar as políticas, legislações e órgãos criados no âmbito nacional brasileiro para tratar da questão ambiental.
* O Brasil e o cenário ambiental e global AULA 8
POLÍTICA AMBIENTAL GLOBAL
Introdução
Detentor de algumas das características mais importantes do mundo quando se fala em meio ambiente e natureza, o Brasil ganha destaque nos debates internacionais e chama atenção no modo como cuidamos de nossas florestas, recursos hídricos, ecossistemas e espécies animais e vegetais. 
Temos em nosso território a maior parte da maior floresta do mundo, a Amazônia; possuímos um dos maiores reservatórios de água portável do planeta, também na bacia amazônica; nossa biodiversidade de espécies ocupa cerca de 2/3 de toda a biodiversidade global; já fomos chamados de “pulmão do mundo” por conta da capacidade de nossas árvores em relação à emissão de carbono e, como se não bastasse, começamos o séc. XXI anunciando a maior descoberta de petróleo em todo o mundo nos últimos 50 anos.
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POLÍTICA AMBIENTAL GLOBAL
Introdução
Mas e nossos governantes? 
Como a questão ambiental tem sido abordada na agenda política? 
De que forma nossas imensidões ambientais e exuberância de números se tornaram preocupação formal do Estado brasileiro? 
Para compreender tudo isso e verificar a capacidade do Brasil no enfrentamento da degradação ambiental e na exploração de recursos naturais, é preciso ver a nossa legislação, os órgãos criados pelos governos a fim de tratar do tema ambiental e, por fim, analisar como o mundo enxerga a postura brasileira frente à agenda ambiental global.
* O Brasil e o cenário ambiental e global AULA 8
POLÍTICA AMBIENTAL GLOBAL
Como já vimos, uma das primeiras iniciativas no sentido de proteção ambiental se deu com a criação de parques ambientais nos Estados Unidos, fato que também pode ser identificado ainda no Brasil Imperial com a criação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro em 1808, sob forte influência dos ideais preservacionistas e repouso cultivado na Alemanha e Inglaterra.  
No âmbito artístico, a exuberância da flora e fauna local também esteve fortemente presente entre os anglo-saxônicos em países coloniais, dando peso significativo à importância do meio ambiente no Brasil como fator diferenciado frente às outras regiões conhecidas e administradas pelos impérios europeus.
A inserção do ambientalismo no Brasil
* O Brasil e o cenário ambiental e global AULA 8
POLÍTICA AMBIENTAL GLOBAL
As lutas ambientalistas e o conservacionismo, no entanto, somente se aproximariam da sociedade brasileira com a influência dos movimentos de contracultura na década de 1960, quando nos Estados Unidos grupos e ativistas políticos começavam a questionar o status quo e a manutenção de velhos modismos de consumo, cuja valorização morava na imagem do consumo voraz e contínuo do american way of life.
 Mesmo sobre a forte repressão da ditadura militar brasileira, não demorou a surgir no cenário civil de grandes cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, os primeiros movimentos influenciados pelas atitudes preservacionistas e conservacionistas voltados para a questão ecológica e a preservação de matas regionais.
A inserção do ambientalismo no Brasil
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POLÍTICA AMBIENTAL GLOBAL
Importante notar que durante os governos militares houve uma clara escolha política pela manutenção do latifúndio agrícola e a adoção de medidas de modernização no campo com vistas à grande produção agrícola, sobretudo no setor de grãos. 
Esse processo pode ser verificado na ação do governo em incentivar a atração de empresas estrangeiras do setor de insumos químicos, maquinários e equipamentos de grande escala para a produção no campo.
 Além disso, viu-se a criação de centros e órgãos de pesquisa como a EMBRAPA, EMBRATER  e as EMATERs, cujos objetivos eram garantir competitividade ao produto agrícola nacional frente aos nossos solos e clima.  
A inserção do ambientalismo no Brasil
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POLÍTICA AMBIENTAL GLOBAL
A mudança na conscientização global sobre o meio ambiente gerou pressões sociais em todos os níveis.
a mídia passou a exercer uma importante função na disseminação dos temas ambientais na sociedade brasileira com a crescente produção de matérias jornalísticas e, até mesmo, com a teledramaturgia que incorporava as questões ambientais e as mazelas do subdesenvolvimento nos folhetins dos canais de televisão. 
Com isso, foi necessário que uma política ambiental nacional fosse criada e uma agenda fosse elaborada, para discussão das questões ambientais.
Conscientização global sobre o meio ambiente 
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POLÍTICA AMBIENTAL GLOBAL
Como já é possível perceber, após a Rio-92 o tema ambiental entra de vez para a agenda política, empresarial e social no país. 
Para muitos autores, um dos grandes legados da conferência de 1992 foi colocar o Brasil como protagonista do tema para a sua própria sociedade, que ainda não vislumbrava ou compreendia a importância da preservação do ecossistema apropriadamente.
Uma das questões que se tornou latente foi a posição do país e suas vantagens estratégicas, tais como o uso em larga escala da energia hidrelétrica, um programa de biocombustível consolidado, possibilidades de exploração de energias eólica e solar e, em destaque absoluto, a riqueza da biodiversidade amazônica. 
Por outro lado, percebeu-se a urgência de políticas voltadas para a ocupação ordenada na própria Amazônia e a exploração sustentável de seus recursos. 
A Agenda Política Brasileira
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A questão das queimadas, inclusive, se tornou alvo de duas preocupações: a destruição da biodiversidade e a contribuição na emissão de gases do efeito estufa. 
Estima-se que em 1994, por exemplo, graças a uma matriz energética relativamente limpa, a emissão de carbono a partir do uso do solo e incêndios florestais tenha chegado ao patamar de 210 milhões de toneladas, enquanto que a emissão decorrente da queima de combustíveis em torno de 70 milhões de toneladas. 
Valores esses diminuídos em vista da década de 1980.
A Agenda Política Brasileira
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O que comparava a disparidade do Brasil em relação aos países desenvolvidos onde a emissão por queima de combustível pelas indústrias e automóveis é amplamente maior. 
O desmatamento da Amazônia, no entanto, responsável pela emissão média anual de 200 milhões de toneladas de carbono entre os anos de 1989 e 1998 coloca o Brasil como um dos maiores poluidores do mundo, representando cerca de 5% das emissões globais.
Vamos analisar como ficou a agenda política nacional após a Rio-92:
A Agenda Política Brasileira
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Mesmo tendo sido neste governo a criação do Ministério do Meio Ambiente, pouca coisa foi obtida em termos de sucesso e envolvimento do executivo nas questões ambientais, principalmente porque a agenda política nacional estava imersa em questões emergenciais de curto prazo, como a inflação, a crise política desencadeada pelo impeachment de Collor e a estagnação em termos de crescimento econômico e aumento do desemprego. 
De modo geral, o Ministério do Meio Ambiente ficou praticamente paralisado devido à perda de importância do tema ambiental frente aos problemas econômicos e sociais do país.
Isso foi corroborado pela postura política do Ministro Coutinho Jorge distante de uma formação técnica no setor
e, também, a menor sensibilidade do presidente em exercício com o tema ambiental. 
Governo Itamar Franco (1992 – 1994)
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Somado a esse cenário, o Ministério da Fazenda teve grande dificuldade em aprovar financiamentos internacionais por não conseguir garantir as contrapartidas exigidas do Tesouro Nacional, além do corporativismo que tomou os funcionários do IBAMA, bloqueando reformas administrativas fundamentais para dar funcionalidade e eficiência aos seus trabalhos. 
Em 1993, a Amazônia volta ao noticiário internacional por conta do massacre de vinte índios Yanomami em sua reserva em Roraima, chamando a atenção da mídia e das ONGs estrangeiras. 
Sob pressão dos setores militares que temiam, inclusive, uma quebra de soberania na Amazônia por parte de forças políticas e militares estrangeiras, é criado um moderno sistema de controle aéreo na região, denominado Projeto SIVAM. Foi criado também um órgão de coordenação das ações governamentais na região Amazônica posteriormente fundido com o Ministério do Meio Ambiente. 
Governo Itamar Franco (1992 – 1994)
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POLÍTICA AMBIENTAL GLOBAL
O processo eleitoral para eleger o substituto de Itamar Franco não representou qualquer preocupação com a questão ambiental, e todos os candidatos pautavam suas agendas nas questões de governabilidade e reestruturação de planos econômicos para fins de estabilidade macroeconômica e controle da inflação. 
Mesmo que a maior parte dos ambientalistas tenha preferido a candidatura do PT, de Luiz Inácio Lula da Silva, a maior parte da população brasileira consolidou seu voto no nome que apresentava credenciais no combate aos problemas econômicos nacionais: Fernando Henrique Cardoso.
Governo Itamar Franco (1992 – 1994)
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Em termos gerais o ambientalismo entra num processo de enfraquecimento no Brasil, sem nenhuma capacidade de articulação política que pudesse ser traduzido na eleição de nomes oriundos de quadros técnicos do setor ambiental ou pressões para a retomada da agenda ambiental, tal qual aconteceu por ocasião da Rio-92.
Governo Fernando Henrique Cardoso (1995 – 1998/1999 - 2002)
O primeiro mandato de FHC é marcado pela reconstrução da governabilidade amplamente comprometida pelos eventos decorrentes do afastamento do então Presidente Collor e a deterioração das condições econômicas na virada da década de 1980 para 1990.
Governo Itamar Franco (1992 – 1994)
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Desta forma percebemos que as questões ambientais permaneceram num plano secundário, recebendo atenção principalmente de setores organizados da sociedade civil, ONGs e atores transnacionais. 
Mesmo com todas as mudanças decorrentes do Plano Real, os modelos de planejamento e a reforma administrativa levada a cabo pelo governo não significou uma mudança real em termos ambientais, e se quer mobilizou setores acadêmicos para a lacuna proveniente da ausência da temática ambiental na formulação de políticas públicas dentro da agenda de reforma do Estado brasileiro, ou a adoção de estratégias ambientalmente responsáveis como vetores de mudança no modelo produtivo e econômico nacional.
Governo Fernando H. Cardoso (1995–1998/1999-2002)
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POLÍTICA AMBIENTAL GLOBAL
Nas mãos de um economista sem qualquer projeção na arena ambiental, o Ministério do Meio Ambiente fica a cargo de Gustavo Krause ao longo do primeiro mandato, cujo trabalho não gerou qualquer projeção política ou gerencial. 
No segundo mandato o ministério passa para o então deputado Sarney Filho que, na posse, anuncia as seguintes medidas administrativas e políticas:
1) Descentralização na gestão ambiental levando em conta o princípio federativo e o fortalecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente;
2) Subordinar as ações ambientais dos órgãos afiliados às metas e indicadores de desempenho administrativo, sobretudo em termos de controle sobre a poluição dos centros urbanos e o desmatamento e queimadas flores
Governo Fernando H. Cardoso (1995–1998/1999-2002)
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3) Ampliação de áreas protegidas e formação de novos espaços de conservação direta e indireta, incentivando seu uso para fins científicos, educacionais e turísticos;
4) Ampliação da oferta sustentável de madeira através da crescente base florestal produtiva, combinando reflorestamento e recuperação de áreas desmatadas;
5) Reorientação e consolidação dos investimentos na Amazônia Legal, visando o combate à degradação do ecossistema local;
6) Otimização dos processos de criação e instalação dos comitês de bacias hidrográficas dos rios federais, prevendo gestão das águas segundo a Lei Nacional de Recursos Hídricos. 
Governo Fernando H. Cardoso (1995–1998/1999-2002)
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Em dissonância com o discurso ambiental que havia sido fortalecido na Rio-92, os objetivos indicados para o Ministério do Meio Ambiente não fazem qualquer menção à sustentabilidade como fator condicional ao próprio desenvolvimento econômico e industrial e, também, a Agenda 21, que deveria ser a base de comprometimento do Brasil e outros países na condução de políticas públicas de preservação ambiental. 
Na prática, o que se viu ao longo da gestão no ministério foi um lento processo de descentralização administrativa e fragmentados debates sobre sustentabilidade e adoção de medidas recomendadas na Agenda 21. 
Governo Fernando H. Cardoso (1995–1998/1999-2002)
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Com isso, as políticas públicas produzidas na gestão FHC foram bastante limitadas em termos de sustentabilidade ambiental, e os grandes projetos político-administrativos, como o Brasil em Ação, o Avança Brasil e o Plano Plurianual, não apresentavam elementos decisivos que indicassem comprometimento com políticas de incentivo aos setores industriais em busca de sustentabilidade ou a própria concepção de sustentabilidade na esfera pública. 
Assim, em todos os debates sobre as reformas desencadeadas pelo governo, a presença e liderança de órgãos ambientais permaneceram fragilizadas, sem qualquer viabilidade de emplacar uma postura de responsabilidade ambiental.
Governo Fernando H. Cardoso (1995–1998/1999-2002)
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 Para alguns autores, no entanto, a fragilidade dos órgãos ambientais é um fato constante em todos os governos anteriores à medida que estão isolados burocraticamente e sem diálogo com ministérios e secretarias fundamentais à implantação de modelos de sustentabilidade.
Ao longo dos anos 1990 é aprovado um grande número de leis ambientais, que muitas vezes esbarram no desconhecimento dos legisladores sobre as reais necessidades do meio ambiente ou ao impacto real da ação humana sobre os ecossistemas. 
Algumas leis setoriais na gestão FHC, entretanto, merecem destaque por sua importância, como a Lei Nacional de Políticas de Recursos Hídricos (1997), a de Crimes Ambientais (1998) e a da Política Nacional de Educação Ambiental (1999).
Governo Fernando H. Cardoso (1995–1998/1999-2002)
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Sobre a Agenda 21, finalmente em 1997 é estabelecida a Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional (CPDS), sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente e um grande número de participantes dos setores públicos, privados, institutos de pesquisa e acadêmicos, ONGs, setores da sociedade civil, conselhos empresariais e outras entidades. 
No ano 2000, é publicado sem muito alarde um vasto material com diagnósticos e propostas sobre a situação
ambiental no país, documento este que não exerce nenhuma influência de fato nas políticas macroeconômicas do governo.
Governo Fernando H. Cardoso (1995–1998/1999-2002)
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É importante ressaltar que dois setores tiveram uma expressão contínua e considerável ao longo da década de 1990 no que tange o tema ambiental, são eles:
 o setor científico 
o setor empresarial
Estes passam a incorporar – mesmo que de maneira fragmentada e pouco organizada – a questão ambiental em processos acadêmicos e, no âmbito empresarial, em pesquisa e desenvolvimento. 
Conclusão da aula
* O Brasil e o cenário ambiental e global AULA 8
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Nesta aula vimos:
a importância do Brasil nos debates sobre o meio ambiente;
as políticas, legislações e órgãos criados no âmbito nacional brasileiro para tratar da questão ambiental.
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