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Legislação do Direito Orçamentário brasileiro Fernando Lima Gama Junior* No Brasil vige o chamado princípio da hierarquia constitucional, onde a Carta Política está localizada no ápice do ordenamento jurídico, motivo pelo qual todas as normas infraconstitucionais devem a ela se adequar. Além disso, a nossa Constituição atual é analítica, ou seja, adentra vários aspectos da vida estatal de forma minuciosa, de modo que o ordenamento jurídico- -orçamentário pátrio é altamente calcado em sua matriz constitucional plas- mada nos artigos 165 ao 169 da Carta Política, fonte primária do Direito Or- çamentário no Brasil. Além da Constituição Federal (CF), outra fonte importante para o Direito Orçamentário pátrio é a Lei 4.320/64, Lei de Normas Gerais de Orçamento e Contabilidade Pública. Com jurisdição sobre a Administração Pública das três esferas e dos três poderes, a Lei 4.320/64 não se aplica às empresas estatais que não recebam recursos da União para a sua manutenção ou para investi- mentos, que estão submetidas à Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas – SA), as chamadas “estatais independentes”. Em relação às empresas estatais dependentes, aquelas que recebem recursos do orçamento, estas estão su- jeitas aos ditames da Lei 4.320/64. A Lei 4.320/64 foi publicada originalmente como lei ordinária, sob a égide da Constituição de 1946. Entretanto, em face da atual Constituição exigir para as matérias que ela regulamenta a edição de uma lei complementar, a Lei 4.320/64 foi recepcionada no novo ordenamento jurídico da CF de 1988 como lei complementar. O fenômeno da recepção é um curioso caso de economia legislativa ad- mitido em nosso ordenamento jurídico constitucional. Com a promulgação de uma nova Constituição, duas opções estariam disponíveis para o legisla- dor: a) considerar toda a legislação anterior incompatível com a nova Carta e b) verificar, caso a caso, se as normas editadas anteriormente à Constituição em vigor são compatíveis com o novo texto. 39 * Auditor Federal de Con- trole Externo do Tribunal de Contas da União em Mato Grosso. Professor de preparatórios para concur- sos nas disciplinas de Con- trole Externo, Orçamento Público, Contabilidade Pública e Legislação Tribu- tária do ICMS. Engenheiro Químico pela Universi- dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2001. Bacharelando em Direito pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 40 Legislação do Direito Orçamentário brasileiro É fácil perceber que na adoção da primeira opção haveria um gasto enorme de tempo e trabalho para editar as mais variadas normas sobre os mais diversos assuntos, além da criação de um vácuo legislativo temporal entre a promulgação da Constituição e a edição dessas novas leis. O Brasil adotou a segunda opção por questão de economia legislativa: todas as leis que foram editadas antes da Constituição são mantidas, a não ser que materialmente incompatíveis com o novo texto ou, ainda, caso a nova Carta tenha expressamente revogado alguma lei em seu texto. Esse processo é chamado de recepção. Nele, não é verificada a compatibi- lidade formal da lei, apenas a material. A compatibilidade formal diz respeito, como o nome indica, à forma de aprovação da lei. Assim, se a Constituição diz que determinado assunto deve ser regulamentado por lei complementar, a edição de uma lei ordinária para tratar o assunto seria inconstitucional do ponto de vista formal. No entanto, em relação ao direito pré-constitucional, uma lei ordinária pode ser recepcionada como lei complementar, como é o caso da Lei 4.320/64 e do Código Tributário Nacional. Pelo fenômeno da re- cepção, um decreto, por exemplo, norma típica do chefe do Executivo, pode ganhar status de lei ordinária. Embora a compatibilidade formal não seja verificada, para que ocorra o fenômeno da recepção é necessário que a lei editada antes da atual consti- tuição esteja materialmente compatível com ela, ou seja, que não infrinja o seu conteúdo, o seu texto. Se isso ocorrer, diz-se que não houve a recepção e que a lei antiga foi revogada pela nova Constituição. Não há, portanto, em nosso país, previsão para inconstitucionalidade de norma pré-constitucio- nal: elas são revogadas, se materialmente incompatíveis com o novo texto. A Lei 4.320/64 foi editada sob a Constituição de 1946, como lei ordinária. Naquela Carta, não havia previsão de leis complementares. Com a aprova- ção da Constituição de 1988, verificou-se que a Lei 4.320/64 era compatível materialmente com o novo texto. No entanto, a Constituição previa para as matérias da Lei 4.320/64 (normas gerais de Direito Financeiro, artigo 165 §9.º da CF) a adoção de lei complementar. Por esse motivo a Lei 4.320/64 foi re- cepcionada como lei complementar pelo novo ordenamento. Senão vejamos: Art. 165. [...] §9.º Cabe à lei complementar: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Legislação do Direito Orçamentário brasileiro 41 I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual; [...] É bom ter atenção a este fato: a Lei 4.320/64 é uma lei ordinária, mas tem status de lei complementar, o que significa que só pode ser alterada por lei complementar e não mais, desde a vigência da nova constituição, por lei ordinária nem por medida provisória. Nos termos da Constituição, medida provisória tem força de lei ordinária e não pode, portanto, alterar leis complementares. Instrumentos normativos orçamentários A Constituição Federal estabelece três instrumentos legais de planeja- mento, em seu artigo 165, o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orça- mentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA): Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. Introduzidos em 1988, o PPA e a LDO são novidades trazidas pela atual Carta Magna. Já a Lei Orçamentária Anual é instrumento orçamentário de longa data, sendo citada inclusive na edição da Lei 4.320/64. Os três instru- mentos normativos (PPA, LDO e LOA) são leis ordinárias aprovadas pelo Poder Legislativo, depois da iniciativa do Poder Executivo nos prazos e nos forma- tos definidos na Constituição, de modo a compor um sistema integrado e harmonizado de planejamento orçamentário. Ao PPA cabe estabelecer o planejamento de longo prazo (quatro anos), para as despesas de capital e outras delas decorrentes. As metas do PPA são divididas em metas anuais, de acordo com o fluxo financeiro e os objetivos governamentais. Essas metas anuais constam da Lei de Diretrizes Orçamen- tárias. Uma vez definida a meta anual, elas têm que ser traduzidas em termos financeiros, ou seja, em dinheiro. E é nesse momento que entra em cena a Lei Orçamentária Anual, que prevê a receita e fixa a despesa para um determina- do período. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 42 Legislação do Direito Orçamentário brasileiro Para ficar mais clara a situação, vamos a um exemplo. Suponha que o Go- verno Federal tenha estabelecido no seu Plano Plurianual a necessidade de se construir 200 hospitais no período de quatro anos. De acordo com o fluxo financeiro, e com os objetivos governamentais, teremos o estabelecimento de metas anuais, em cada uma das quatro LDOs que serão publicadas nos quatro anos do PPA (ou seja, para cada PPA existem quatro LDOs). Como estamos em um exemplo podemos supor que se decidiu que no ano um iria construir apenas 20 hospitais; no ano dois, 30; no terceiro, 50 e, finalmente,no quarto, os 100 restantes. Assim, a cada LDO teremos uma LOA prevendo em valores financeiros os hospitais. Supondo que cada hospital custe R$ 1 milhão, no primeiro ano a LDO vai fixar para a construção de hos- pitais 20 milhões; no segundo ano 30 milhões, e assim por diante. O exemplo anterior é aplicável a qualquer tipo de projeto ou planejamen- to na Administração Pública. Poderia ser número de hospitais, quantidade de salas de aula, quilômetros de rodovia etc. No entanto, é importante res- saltar que aquelas obras, cuja duração for inferior a um exercício financeiro, não precisam constar do PPA, podem ser alocadas, diretamente, na LDO. Por outro lado é crime de responsabilidade iniciar programas e projetos de dura- ção superior a um ano, sem sua inclusão no PPA. Do ponto de vista da sua tramitação e aprovação, o PPA, a LDO e a LOA são leis ordinárias e não complementares, como alguns alunos acabam pen- sando. A confusão ocorre em razão da Lei 4.320/64, que é uma lei ordinária, que foi recepcionada pelo ordenamento jurídico como lei complementar. Mas a Lei 4.320/64 não é uma lei orçamentária, mas sim uma lei que trata sobre a organização dos orçamentos anuais. É que a Constituição diz que cabe à lei complementar dispor sobre o exer- cício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do PPA, da LDO e da LOA. Essa lei ainda não existe, mas a Lei 4.320/64 vem suprindo algumas dessas lacunas e, por esse motivo, ela hoje tem status equivalente ao de uma lei complementar. Assim como os orçamentos, os projetos de lei relativos ao PPA, à LDO e à LOA são de iniciativa exclusiva do chefe do Poder Executivo, ou seja, somente o presidente da República, no caso da União, os governadores e os prefeitos, nos casos dos estados e municípios, respectivamente, podem encaminhá- -los ao Congresso Nacional. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Legislação do Direito Orçamentário brasileiro 43 Portanto, as leis orçamentárias são todas leis ordinárias e não comple- mentares. No entanto, possuem tramitação diferente das outras leis ordiná- rias. Por exemplo, os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais, apresentados pelo chefe do Executivo, serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum, o que não ocorre em relação às outras leis orçamentárias, que são apreciadas em cada casa separadamente. Além disso, um caso interessante é o das medidas provisórias. A Cons- tituição Federal permite a adoção de medidas provisórias com força de lei ordinária pelo chefe do Poder Executivo. É um caso excepcional de função le- gislativa sendo exercida pelo Poder Executivo. Como as medidas provisórias têm força de leis ordinárias, é de se supor que poderiam tratar de assuntos relacionados ao orçamento público, tendo em vista que as leis orçamentárias são ordinárias. No entanto, a Constituição Federal veda a edição de medida provisória sobre PPA, LDO, LOA e créditos adicionais especiais e suplementa- res (CF, art. 62, §1.º, I, “d”). Com exceção da instituição de créditos extraordinários, as matérias or- çamentárias não podem ser regulamentadas por medida provisória, o que constitui uma importante diferença em relação às outras leis ordinárias. Os créditos extraordinários são dotações orçamentárias criadas para atender despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, como- ção interna ou calamidade pública e que, por sua condição de excepciona- lidade e urgência, não podem esperar o trâmite legislativo comum. A lei delegada, que é aquela lei que o Poder Legislativo delega ao Exe- cutivo legislar sobre determinado assunto e com algumas condições, sem exceções, não pode tratar de orçamentários. Plano Plurianual (PPA) Aspectos gerais A lei que instituir o plano plurianual deverá estabelecer, de forma regio- nalizada o que eu chamo de “DOM”: as � Diretrizes; os � Objetivos; Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 44 Legislação do Direito Orçamentário brasileiro e as � Metas da Administração Pública federal para as despesas de ca- pital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração contínua. Importante: decorar o mnemônico “DOM”, pois os examinadores tentam confundir os candidatos trocando as finalidades do PPA com as da LDO. Também é interessante saber que quando as bancas examinadoras falam em planejamentos, estão se referindo ao PPA, e quando falam em orçamento, estão se referindo à LOA. O PPA é doutrinariamente conhecido como o planejamento estratégico de médio prazo da Administração Pública brasileira. Nele são incluídas as metas e despesas de capital e outras delas decorrentes, que ultrapassam o período de um exercício financeiro, e as despesas relacionadas aos progra- mas de duração continuada, como por exemplo, a construção de 200 hospi- tais no período de quatro anos. Além das metas, são incluídas no PPA as diretrizes e os objetivos da Admi- nistração Pública para o período de quatro anos. Essas diretrizes e objetivos são, na verdade, as intenções do Governo, do ponto de vista macroscópico, sem detalhes. O detalhamento será feito, ano a ano, por meio da LDO e da LOA. Apenas a título de exemplo, podemos ter como diretriz do PPA a “melhoria da saúde da população”, com o objetivo de “aumentar a oferta de leitos disponí- veis em hospitais públicos”. Nesse caso, uma possível meta seria a construção de “200 novos hospitais públicos” ou de “2 000 novos leitos hospitalares”. Para entender melhor o assunto, vamos adotar um exemplo prático, retirado do PPA 2008/2011. O PPA é estruturado em programas, que serão depois vin- culados em termos financeiros na LOA. Um dos programas do PPA 2008/2011 é o “abastecimento agroalimentar”, a cargo do Ministério da Agricultura, Pe- cuária e Abastecimento (Programa 0352). Segundo o que consta do PPA, o objetivo do programa é “promover o crescimento econômico ambientalmen- te sustentável, com geração de empregos e distribuição de renda”. Da leitura do objetivo não dá para saber muito sobre o que é o programa, porquanto ele está descrito de maneira muito ampla e abrangente. Aliás, esse objetivo apa- rentemente poderia estar relacionado a vários outros programas. Um dos projetos vinculados ao programa de abastecimento agroalimen- tar é a Conclusão da Obra da Unidade Armazenadora de Uberlândia (MG), Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Legislação do Direito Orçamentário brasileiro 45 onde é prevista a execução de 12% da obra, em 2008, e 68%, em 2009. Na verdade, se somarmos os 12% com os 68%, não chegamos aos 100%, mas a 80%, provavelmente porque o projeto é uma conclusão de uma obra inicia- da no PPA anterior. De posse das metas plurianuais do PPA, podemos converter isso em metas anuais na LDO e traduzir em aspectos financeiros na LOA. Assim, a LOA de 2008 deve consignar R$3.000.000,00 para a execução de 12% da obra e a LOA de 2009, R$11.925.000,00 para a execução dos 68% restantes. A ponte entre o PPA e a LOA são os “programas” que vinculam a execução física do PPA com a financeira da LOA. Além do PPA, existem outros planos orçamentários previstos na nossa Constituição, chamados de setoriais, regionais ou nacionais. A elaboração dos planos e programas nacionais, regionais e setoriais, assim como a ela- boração das leis de diretrizes orçamentárias e dos orçamentos anuais, serão realizados em consonância com o Plano Plurianual e apreciados pelo Con- gresso Nacional. Um exemplo claro de plano setorial (e também nacional) é o Plano Nacio- nal de Banda Larga (PNBL) que pretende levar internet de qualidadee de alta velocidade a todos os rincões do Brasil. A execução desses planos deve estar em consonância com as leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA), tendo em vista que na sua execução haverá despesas de capital e correntes que deverão estar consignadas nessas leis. É bom ressaltar, também, que nenhum investimento cuja execução ul- trapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no Plano Plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade. Por outro lado, investimentos cuja execução leve menos de um exercício poderão ser executados sem a sua inclusão no PPA, fazendo a consignação diretamente nos orçamentos anuais. Tramitação As leis orçamentárias, embora sejam leis ordinárias, têm tramitação es- pecial, com prazos para envio e recebimento pelos poderes envolvidos. Em primeiro lugar, é interessante notar que o PPA, por ser um plano de quatro anos, é elaborado, também, a cada quatro anos. No entanto, o período de sua validade não é coincidente com o mandato do chefe do Executivo (pre- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 46 Legislação do Direito Orçamentário brasileiro sidente, governador, prefeito). O PPA é deslocado um ano para frente em relação ao mandato do chefe do Executivo, de modo que no primeiro ano de governo, o presidente, governador ou prefeito estará executando o PPA feito pelo antecessor, deixando no último ano de mandado a mesma heran- ça para o sucessor. Vigência do PPA 2008-2011 Vigência do mandato 1.º ano 2007 2.º ano 2008 3.º ano 2009 4.º ano 2010 Novo mandato Vigência do PPA 1.º ano 2008 2.º ano 2009 3.º ano 2010 4.º ano 2011 Vigência do PPA anterior 1.º ano 2004 2.º ano 2005 3.º ano 2006 4.º ano 2007 O objetivo dessa prática é tentar assegurar a continuidade administra- tiva dos projetos, evitando que novos governantes descontinuem projetos dos seus antecessores, por razões de conveniência política, algo comum há algum tempo no Brasil. Isso já foi cobrado em concursos! 1. (Cespe) Instituído pela Constituição Federal de 1988, o plano plurianual, de vigência coincidente com a do mandato do chefe do Poder Executivo, estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e as metas da Administração Pública federal para as despesas de capital e outras de- las decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. Afirmativa incorreta, a vigência do PPA não coincide com a do manda- to do chefe do Poder Executivo. Os prazos para envio e recebimento do PPA e das demais leis orçamentá- rias deverá ser disciplinado em lei complementar, nos termos do artigo 165, §9.º, da Constituição Federal. No entanto, essa legislação ainda não foi ela- borada (há projetos nesse sentido tramitando no Congresso) e a Lei 4.320/64 vem suprindo alguns desses dispositivos. No entanto, como o PPA e a LDO não existiam na época da elaboração da Lei 4.320/64, ela não previu qual- quer prazo de envio e recebimento para essas leis. Atualmente, enquanto não elaborada a lei complementar prevista no artigo 165, §9.º da Constitui- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Legislação do Direito Orçamentário brasileiro 47 ção Federal, os prazos para envio e recebimento do PPA, LDO e LOA estão estabelecidos no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), um adendo do texto Constitucional. No caso da União, o projeto do PPA será encaminhado, pelo chefe do Exe- cutivo (presidente) ao Legislativo, até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial, ou seja, até 31 de agosto do primeiro ano de mandato. Os estados, o Distrito Federal e os municípios poderão fixar, nas suas constituições e leis orgânicas, respectivamente, prazo diverso do estabele- cido no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Fe- deral, mas em caso de omissão destes, ser obedecido o prazo estabelecido na Carta Magna. O Poder Legislativo, por sua vez, deverá devolver o PPA aprovado para sanção até o encerramento da sessão legislativa (22 de dezembro, conforme artigo 57, da CF). Atenção: o período de encerramento da sessão legislativa foi alterado recentemente pela EC 50/2006. Fique ligado: é comum as bancas tentarem “enganar” o candidato, com jogos de palavras que, por serem parecidas, passam despercebidas, mas que mudam todo o contexto. Legislatura � : é o período correspondente ao mandato de um depu- tado, ou seja, quatro anos. Cada legislatura contém quatro períodos legislativos anuais. Atualmente as legislaturas brasileiras começam em 2007, 2011, 2015, 2019 etc. Os senadores são eleitos para o período de duas legislaturas, de modo que é falso dizer que a legislatura no Sena- do é de 8 (oito) anos. Portanto, a legislatura é sempre um período de 4 (quatro) anos (CF, art. 44, parágrafo único). Sessão legislativa � : será de 2 de fevereiro a 22 de dezembro (CF, art. 57). Período legislativo � : 1.º período – vai de 2 de fevereiro a 17 de julho (CF, art. 57). 2.º período – vai de 1.º de agosto a 22 de dezem- bro (CF, art. 57). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 48 Legislação do Direito Orçamentário brasileiro Alterações Todo projeto ou plano, seja na nossa vida particular ou na vida de em- presas ou, ainda, na Administração Pública, pode sofrer alterações em razão de fatos supervenientes. No caso do PPA, e das leis orçamentárias em geral, temos duas fases bem distintas que devem receber atenção mais que redo- brada de todos os alunos. A primeira fase do PPA e das leis orçamentárias em geral é a fase de projeto de lei, onde eles ainda não foram aprovados e não se transformaram em lei. São chamados de PPPA, PLDO, PLOA, com o “P” se referindo ao termo projeto de lei. Enquanto ainda é projeto, o PPPA poderá receber emendas dos parlamen- tares, apresentadas na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fis- calização, onde receberão parecer que, depois de votado na comissão, será apreciado pelo Congresso Nacional na forma de regimento comum. Também na fase de projeto, o presidente da República pode encaminhar mensagem ao Congresso Nacional, propondo modificações no projeto do PPA, enquanto não iniciada a votação, na Comissão Mista, da parte cuja alte- ração é proposta. Essa parte é muito importante: enquanto o PPA (na verdade todas as leis orçamentárias, LDO e LOA também entram nessa regra) ainda é projeto, ele pode ser alterado tanto pelo Poder Legislativo, por meio de emendas parla- mentares, como por meio de mensagem do Poder Executivo. Para as emendas parlamentares serem aprovadas, é necessária votação na comissão mista (e não aprovação, necessariamente) e aprovação pelo Congresso Nacional, na forma do regimento comum. Para a mensagem do presidente ser aprovada é necessário que ela tenha chegado antes de iniciada a votação na Comissão Mista, da parte cuja alte- ração é proposta. Mas o que é essa Comissão Mista, afinal? O nome Comissão Mista deve-se ao fato de ser composta de uma proporção dos congressistas (não de todos) e porque ela é formada por deputados e senadores (daí o nome “mista”). Essa comissão mista é a formalmente chamada Comissão Mista de Orçamentos, Planos e Fiscalização do Congresso Nacional. É ela que tem competência para analisar, relatar e votar (de forma não conclusiva) os projetos de leis Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Legislação do Direito Orçamentário brasileiro 49 orçamentárias enviados pelo chefe do Executivo. Uma vez votado o orça- mento na Comissão Mista, ele éencaminhado a Plenário para votação pelo Congresso Nacional, em sessão conjunta. A votação feita na Comissão Mista não é vinculativa, ou seja, ela pode ser diferente da decisão do Plenário do Congresso Nacional, que é a que acaba valendo. Uma vez aprovada a lei orçamentária (PPA, LDO e LOA) no Plenário do Con- gresso Nacional, os projetos de lei deixam de ser projetos e se transformam em leis, depois da sanção do presidente da República. Uma vez aprovados como lei, as leis orçamentárias não podem mais ser alteradas em razão de iniciativa parlamentar. Ou seja, é falso afirmar que os parlamentares podem alterar o PPA, LDO e LOA em vigor, por sua iniciativa. Essa é uma questão comum em concurso. Como as leis orçamentárias devem ter iniciativa exclu- siva do chefe do Poder Executivo, uma vez aprovadas, elas só podem ser al- teradas também por iniciativa do presidente, do governador ou do prefeito, conforme o caso. Portanto, não há emenda parlamentar em lei orçamentária em vigor; esta só ocorre quando ainda falamos em projetos de lei. Projetos de lei (PPPA, PLDO, PLOA) Leis aprovadas (PPA, LDO, LOA) Legislativo Executivo Legislativo Executivo Pode alterar o proje- to de lei por meio de emendas parlamenta- res, desde que atendi- dos alguns requisitos. Pode alterar o projeto de lei, en- quanto não inicia- da a votação na Comissão Mista, da parte cuja alte- ração é proposta. Não detém iniciativa para a alteração da legislação orçamen- tária em vigor. Caso o Executivo proponha alterações às leis em vigor, podem propor emendas a esses pro- jetos de alteração. Podem propor ao Legislativo projetos de al- teração da PPA, LDO e LOA. Para que as emendas parlamentares aos projetos de lei sejam aprovadas, alguns requisitos são, ainda, necessários. Como não é permitida a criação de nova despesa no seio do parlamento, é necessário que a emenda indique a fonte de recursos para o seu custeio, somente se admitindo o proveniente da anulação de despesa. Além disso, as anulações de despesa não podem inci- dir sobre despesas com pessoal e seus encargos, juros da dívida e as trans- ferências constitucionais e tributárias a estados e a municípios. Emendas também são possíveis no caso de erro ou omissão no texto do projeto de lei orçamentária ou se estiverem relacionadas com o próprio texto do projeto, ou seja, quando não envolverem recursos financeiros. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 50 Legislação do Direito Orçamentário brasileiro Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) A Lei de Diretrizes Orçamentárias constituiu-se em um detalhamento anual das metas do PPA, além de conter, segundo o artigo 165 da CF: as Metas e Prioridades (MP) da Administração Pública federal, incluin- � do as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente; orientará a elaboração da lei orçamentária anual; � disporá sobre as alterações na legislação tributária; � estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais � de fomento. A LDO, inovação da CF de 1988, é o instrumento norteador da LOA, res- ponsável pela conexão entre o plano estratégico das ações governamentais (plano plurianual) e o plano operacional (orçamento anual). O encaminhamento da LDO, pelo chefe do Poder Executivo, ocorrerá até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro, ou seja, até o dia 15 de abril, e será devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa, que ocorre no dia 17 de julho, que não será encerrada sem a aprovação do projeto. A doutrina majoritária defende que a vigência da LDO é anual, ou seja, vigora por um período de 12 meses; porém muitos entendem que a LDO possui eficácia formal por mais de um ano, tendo em vista que ela começa a vigorar no segundo período legislativo de cada ano e vai até o término do período legislativo seguinte. No Congresso Nacional, o projeto da LDO poderá receber emendas dos parlamentares, desde que compatíveis com o PPA. As emendas serão apre- sentadas na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMPOF), onde receberão parecer prévio para serem submetidas ao plenário do Congresso, na forma de regimento comum, a exemplo do que ocorre com o PPA e a LOA. O presidente da República também poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificações no projeto da LDO, enquanto não iniciada a votação na Comissão Mista, da parte cuja alteração é proposta. Com a edição da Lei Complementar 101, de 4 de maio de 2000, a LDO teve a suas funções ampliadas, por força do artigo 4.º, passando a ter maior relevância. Entre suas novas funções destacam-se dispor sobre: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Legislação do Direito Orçamentário brasileiro 51 equilíbrio entre receita e despesa; � critérios e formas de limitação de empenho, a ser verificado no final de � cada bimestre quando se verificar que a realização da receita poderá comprometer os resultados nominal e primário estabelecidos no ane- xo de metas fiscais e para reduzir a dívida ao limite estabelecido pelo Senado Federal; normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos � programas financiados com recursos orçamentários; anexo de metas fiscais e de riscos. � Destaque especial merece o §1.º, do artigo 4.º, da LRF que define que Art. 4.º [...] §1.º Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias o Anexo de Metas Fiscais, que conterá as metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes. Assunto recorrente em provas de concurso diz respeito ao conteúdo do Anexo de Metas Fiscais e do Anexo de Riscos Fiscais da LDO. A LDO deverá conter o Anexo de Metas Fiscais e de Riscos Fiscais (são dois documentos), também sendo bastante cobrado em concursos o conteúdo do Anexo de Metas Fiscais. O §2.º do artigo 4.º determina ainda que o anexo conterá: avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior; � demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodolo- � gia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparan- do-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da política econô- mica nacional; evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, � destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a aliena- ção de ativos; demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e � da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado. avaliação da situação financeira e atuarial dos: � Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 52 Legislação do Direito Orçamentário brasileiro regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públi- � cos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador; demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial. � Já o Anexo de Riscos Fiscais (ARF) deverá conter demonstrativo em que serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem. Vigência da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 17/07/X1 31/12/X2 Lei Orçamentária Anual (LOA) A Lei Orçamentária Anual compreende a programação das ações a serem executadas, visando, entre seus objetivos principais, atingir as diretrizes, ob- jetivos e metas estabelecidas no Plano Plurianual (em relação aos projetos cuja execução ultrapasse um exercício), contendo todas as receitas e despe- sas administradaspela União. É interessante notar que todos os programas incluídos no PPA devem estar, necessariamente, incluídos na Lei Orçamentária Anual, mas o contrário não é verdadeiro. Aqueles programas que não têm duração plurianual estarão apenas consignados na LOA. Tanto em um caso, como em outro, é vedado o início de programas ou projetos não incluídos na Lei Orçamentária Anual. PPA Diretrizes, Objetivos -> Macrointenções Programas com metas de 4 anos LDO 1 Metas do ano 1 LDO 2 Metas do ano 2 LDO 3 Metas do ano 3 LDO 4 Metas do ano 4 LOA 1 Execução financeira dos programas LOA 2 Execução financeira dos programas LOA 3 Execução financeira dos programas LOA 4 Execução financeira dos programas A Lei Orçamentária Anual é a tradução financeira, ano a ano, das etapas previstas no PPA, em consonância com a LDO e com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O orçamento anual, em atendimento ao próprio princípio da anu- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Legislação do Direito Orçamentário brasileiro 53 alidade, possui vigência anual, período também chamado de exercício finan- ceiro, e que por força do artigo 34 da Lei 4.320/64, coincide com o ano civil. Vigência da Lei Orçamentária Anual (LOA) 01/01/X1 31/12/X1 Três suborçamentos A CF trata dos orçamentos públicos anuais estabelecendo que a lei orça- mentária compreenderá: o � orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, ór- gãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive funda- ções instituídas e mantidas pelo Poder Público; o � orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; o � orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. Nos termos da Constituição Federal, as Leis Orçamentárias Anuais deve- rão ter suas receitas e despesas consignadas em três esferas de orçamento, também chamados de suborçamentos: esfera fiscal, de investimentos das empresas estatais e da seguridade social. O objetivo dessa sistemática é evitar que o orçamento de empresas do Poder Público ou o dinheiro destinado à seguridade social (principalmente previdência) sejam desviados para cobrir déficits da execução fiscal do Go- verno. Isso aconteceu muito em anos anteriores à Constituição atual, causan- do rombos em empresas estatais e na previdência. Assim, a esfera fiscal contempla as receitas e despesas com a execução das atividades mais comuns do Governo: construção de obras públicas, pa- gamento de serviços, pagamento de juros da dívida, contratação de empre- sas de limpeza, enfim, refere-se às receitas e despesas relativas aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 54 Legislação do Direito Orçamentário brasileiro Já a esfera chamada de “investimento das empresas estatais” contempla as despesas (e não receitas) dessa natureza (investimento) das empresas em que o Poder Público detenha a maioria do capital com direito a voto. Por exemplo, quando a Petrobras vai construir uma plataforma de petróleo, isso é considera- do um investimento de empresas estatais para fins orçamentários e, portanto, deve constar no Orçamento da União nessa esfera. O mesmo ocorre quando o Banco do Brasil adquire um imóvel para servir de sede ou quando a Caixa Econômica Federal adquire uma nova empresa, apenas como exemplo. O importante é notar que não é todo tipo de despesa dessas empresas que estará consignado no Orçamento de Investimento de Empresas Estatais. Entram nessa esfera apenas as despesas com investimentos. Despesas cor- rentes, tais como pagamento de funcionários ou juros, não são nem consig- nadas no Orçamento da União, em nenhuma esfera, nem mesmo na fiscal, porque essas empresas são estatais dependentes. No entanto, caso haja empresa estatal dependente, ou seja, aquela que recebe recursos do Orçamento da União para o pagamento de despesas cor- rentes (salários, funcionários, juros) e de capital (investimentos), neste caso todas as suas receitas e despesas deverão constar do Orçamento da União. Por fim, o orçamento da seguridade social diz respeito às despesas re- lativas à previdência social, saúde e assistência social. O importante, nesse ponto, é destacar que as despesas são consignadas nessa esfera (da seguri- dade social) em razão da sua natureza e não em função do órgão que exerce, preponderantemente, esse tipo de despesa. As despesas com o pagamento de aposentados do Tribunal de Contas da União, por exemplo, ocorrem à custa do Orçamento da Seguridade Social, tendo em vista que essa é uma despesa de previdência. Portanto, o TCU, que não é um órgão de previdência, pode ter despesas alocadas no Orçamento da Seguridade Social. É comum em provas esse tipo de questionamento, alegando, por exem- plo, que apenas o Ministério da Previdência Social ou o INSS administraria as despesas com Orçamento da Seguridade Social, o que não é verdade. Qual- quer órgão que administre receitas e despesas de natureza relativa à seguri- dade social estará administrando o Orçamento da Seguridade Social. Quanto ao assunto é ainda importante destacar que o orçamento fiscal e o orçamento de investimento das empresas estatais, compatibilizados com o Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Legislação do Direito Orçamentário brasileiro 55 plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter- -regionais, segundo critério populacional. É bom notar que apenas os orça- mentos fiscal e de investimento das empresas estatais têm esse objetivo, do qual foi excluído o orçamento da seguridade social. Esse é um assunto que muitas vezes é cobrado em concursos: o orçamento da seguridade social é incluído entre aqueles que tem como função reduzir desigualdades sociais, o que é falso. Tramitação A exemplo do PPA e da LDO, a LOA também tem uma tramitação especial, com prazos definidos na Constituição para envio e recebimento, bem como procedimentos especiais para discussão e aprovação da lei. Acompanhe, a seguir, um quadro-resumo comparando os prazos de todas as leis orçamen- tárias (PPA, LDO e LOA). Quadro de encaminhamento dos projetos de orçamentários Projetos de lei Envio ao Congresso Nacional Devolução para sanção Lei Orçamentária – Anual 31/08 22/12 Lei de Diretrizes Orçamentárias – Anual 15/04 17/07 Plano Plurianual – quatro anos 31/08 22/12 O prazo para encaminhamento, aprovação e sanção da LOA, coincide com o do PPA, isto é, projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro, 31/08, e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa, 22/12. Assim como ocorre com as demais leis orçamentárias, o projeto de lei or- çamentária anual pode ser alterado por meio de emenda parlamentar, desde que respeitados os requisitos constitucionais. Além disso, o projeto também pode ser alterado por iniciativa do Poder Executivo, por meio de mensagem presidencial, enquanto não iniciada a votação, na Comissão Mista, da parte cuja alteração é proposta. Depois, a proposta orçamentária segue para votação em Plenário, em sessão conjunta das duas Casas do Congresso Nacional. Uma vez aprovada, Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 56 Legislação do DireitoOrçamentário brasileiro a lei segue para sanção presidencial. Nesse ponto, podemos ter veto parcial ou total ao projeto de lei. Caso isso ocorra, os recursos que, em decorrência de veto ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suple- mentares, com prévia e específica autorização legislativa. Créditos especiais ou suplementares são parte dos chamados créditos adicionais, projetos de lei que têm o objetivo de alterar a lei orçamentária em vigor. Além dos créditos especiais ou suplementares, temos, ainda, como crédito adicional, os créditos extraordinários. Por fim, cumpre destacar importante característica das emendas parla- mentares. Quando da discussão do tema, foi dito que um dos requisitos de sua aprovação era a necessidade de apontar os recursos para suportar a nova despesa, somente admitidos aqueles provenientes de anulação de despesa, que não poderia incidir sobre alguns tipos de gasto, como por exemplo, os gastos com pessoal e seus encargos e serviço da dívida. Esse é o típico caso de emenda substitutiva, aquela que troca uma des- pesa no orçamento por outra. No entanto, são admitidas também emendas supressivas, aquelas que anulam despesas sem incluir outra no seu lugar. Embora pouco comum, é uma prática permitida. Caso isso ocorra, iremos aplicar a mesma regra relativa às despesas que foram vetadas. Assim, os recursos que, em decorrência de emenda ao projeto de lei or- çamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser uti- lizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa. Resumidamente, em caso de: emenda supressiva ao projeto de lei orçamentária; veto parcial; rejeição do projeto de lei orçamentária (veto total); | \/ os recursos não utilizados poderão ser aproveitados como créditos especiais ou suplementares, desde que haja autorização legislativa específica para tal. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Legislação do Direito Orçamentário brasileiro 57 Casos especiais, doutrina e jurisprudência sobre a Lei Orçamentária Anual Alguns casos especiais e de interesse para concursos públicos já foram lar- gamente discutidos pela doutrina e pela jurisprudência. A nossa legislação orçamentária traz diversas lacunas que foram sendo supridas por julgados e por estudiosos no assunto. Por exemplo, a legislação não trouxe solução para o que aconteceria caso o presidente da República não encaminhasse o projeto de lei orçamentária ao Congresso Nacional. Alguns chegaram a alegar que o Poder Legislativo poderia sanar a omis- são, mas como a iniciativa das leis orçamentárias é exclusiva do Executivo, essa tese não foi adiante, em razão da inconstitucionalidade formal que tal prática acarretaria. Para resolver o caso em questão, temos que recorrer ao artigo 32 da Lei 4.320/64 que diz que Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente. Ou seja, caso o Legislativo não receba do presidente o PLOA, será consi- derado como PLOA o orçamento em vigor. E o que acontece se o projeto de LOA não for aprovado até o início do exercício? Como vimos, o prazo para o Poder Legislativo devolver o PLOA para sanção é, atualmente, dia 22/12. Mas é relativamente comum, e já acon- teceu diversas vezes, o fato de o orçamento não ser aprovado até a data limite estabelecida na Constituição, sendo, muitas vezes, aprovado no ano de seu próprio exercício, o que contraria não só a lei, mas os mais basilares princípios de planejamento público. Para se ter uma ideia, o orçamento de 2006 foi aprovado em abril daquele ano. Nesse caso, o país não pode ficar parado, pois há despesas que precisam ser pagas todos os meses, sob pena de inviabilizar a administração. Nesse caso, a solução foi utilizar o orçamento em discussão (e ainda não aprovado) como se aprovado estivesse, na razão dos duodécimos. Ou seja, pode-se executar um duodécimo (1/12 avos) do orçamento em discussão até que ele seja aprovado. Não é toda despesa que pode ser executada por meio de duodécimos, mas apenas aquelas que são consideradas relevantes e inadiáveis, tais como (não é preciso decorar cada uma delas): Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 58 Legislação do Direito Orçamentário brasileiro despesas que constituem obrigações constitucionais ou legais da � União, a exemplo das transferências constitucionais aos Fundos de Participação de Estados e Municípios e para o Fundo de Desenvolvi- mento e Valorização do Ensino Fundamental (FPE/FPM, Fundef); bolsas de estudo, no âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvi- � mento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), de residência médica e do Programa de Educação Tutorial (PET); pagamento de estagiários e de contratações temporárias por excepcio- � nal interesse público na forma da Lei 8.745, de 9 de dezembro de 1993; outras despesas correntes de caráter inadiável e relevante. � Lei Orçamentária Anual e Lei de Responsabilidade Fiscal Assim como ocorreu com a LDO, a LRF trouxe inovações também na ela- boração da LOA. Com o artigo 5.º, da LRF (LC 101/2000), a LOA ganha mais ênfase, passando a ter maior importância, de acordo com a LRF, a lei orça- mentária deverá: ser elaborada de forma compatível com o PPA, com a LDO e com as � normas da LRF; conter demonstrativo da compatibilidade da programação dos orça- � mentos com os objetivos e metas constantes do anexo de metas fiscais da LDO; ser acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as � receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, sub- sídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia, bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e ao au- mento de despesas obrigatórias de caráter continuado; conter reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, � definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos; conter todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou con- � tratual, e as receitas que as atenderão; Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Legislação do Direito Orçamentário brasileiro 59 conter, separadamente, na lei orçamentária e na lei de crédito adicio- � nal, refinanciamento da dívida pública. Muito importante: a reserva de contingência deverá estar contida na LOA em valores e a sua forma de utilização e o percentual do orçamento a ela destinada serão estabelecidos na LDO. Ainda, segundo a LRF, é vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com do- tação ilimitada. Atividades 1. (Cespe) Consoante à CF, julgue os itens seguintes relativos à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e ao Plano Plurianual (PPA), utilizando verdadeiro (V) ou falso (F). A CF determina literalmente que o conteúdo do projeto de lei )( orçamentária e das emendas a ela propostas pelo Congresso Nacional sejam compatíveis com a LDO. Determina a CF que os PPAs sejam elaborados em consonância )( com os planos e programas nacionais, regionais e setoriais. 2. (Cespe. Adaptado) A respeito do PPA, julgue os itens subsequentes, utilizando verdadeiro (V) ou falso (F). Os objetivos básicos do PPA incluem a organização em pro- )( gramas dasações que resultem em incremento de bens ou serviços que atendam demandas da sociedade. No PPA, a função dos macro-objetivos ou objetivos estratégicos )( é definir as metas de regionalização da ação governamental. 3. (Cespe) Com base nos dispositivos constitucionais em matéria orça- mentária, assinale a opção correta. a) Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais são de com- petência do Congresso Nacional e iniciativa de qualquer um dos poderes da República e do Ministério Público. b) Matéria orçamentária está sujeita à aprovação sucessiva de ambas as Casas do Congresso Nacional. c) No âmbito do Poder Judiciário, a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de um órgão para outro independe de prévia autorização legislativa. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 60 Legislação do Direito Orçamentário brasileiro d) O plano plurianual deve subordinar-se aos planos e programas na- cionais, regionais e setoriais em vigor. e) Os investimentos efetuados pela União nas entidades vinculadas às áreas de saúde, assistência social e previdência social devem constar do orçamento da seguridade social. 4. (Esaf ) Segundo a Constituição de 1988, no capítulo das Finanças Públi- cas, o Plano Plurianual é uma lei que abrangerá os respectivos Poderes na União, nos estados, no Distrito Federal e nos municípios. No que diz respeito ao Plano Plurianual (PPA) e à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), identifique a opção incorreta. a) A lei que instituir o Plano Plurianual será elaborada no princípio do primeiro ano do mandato do executivo e terá vigência de quatro anos. b) Com base no Plano Plurianual, o Governo elaborará e enviará para o Poder Legislativo o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias. c) A Lei que instituir o Plano Plurianual definirá programas, objetivos e metas para o quadriênio, cabendo, dessa forma, à LDO definir, com base no PPA, quais serão as metas que serão desenvolvidas no exercício financeiro subsequente. d) Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal, em maio de 2000, passaram a integrar a LDO dois anexos: o Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Objetivos Fiscais. e) A LDO antecipa o orçamento anual, com todas as suas implicações alocativas e tributárias, e ainda fixa o programa das instituições fi- nanceiras da União. Dicas de estudo Para aqueles que quiserem entender mais como funciona a elaboração dos orçamentos públicos (PPA, LDO e LOA), o Senado Federal disponibiliza em seu site na internet o Portal de Orçamento, onde é possível fazer consul- tas à legislação em vigor e conhecer mais sobre a aprovação e a tramitação dessas leis: <www9.senado.gov.br/portal/page/portal/orcamento_senado>. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Legislação do Direito Orçamentário brasileiro 61 O Portal do Orçamento Público (<www.orcamento.org>) também traz bastante informação útil para aqueles que querem começar a aprender sobre o assunto. Referência GAMA JR, Fernando Lima. Fundamentos de Orçamento Público e Direito Fi- nanceiro. São Paulo: Campus, 2009. Gabarito 1. F, F 2. V, F 3. E 4. D Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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