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Métodos tradicionais de custeio Ely Célia Corbari1 Joel de Jesus Macedo2 Esquema básico da contabilidade de custos O esquema básico da contabilidade de custos consiste na: separação de custos e despesas; � apropriação dos custos diretos aos produtos; � apropriação mediante rateio dos custos indiretos aos produtos. � Os custos indiretos são apropriados aos produtos mediante mapas de apropriação. Os mapas devem conter como cada gasto ocorrido na fábrica – comum a todos os produtos – foi rateado, segundo os critérios julgados mais adequados e relevantes para relacioná-los aos produtos. Para exemplificar o esquema básico da contabilidade de custos, vamos apresentar os seguintes passos: 1.º passo: a separação entre custos e despesas Supondo que a Indústria Paraíso Infantil, que fabrica brinquedos para crianças de 0 a 6 anos, no mês de Jan/20xx apresentou os seguintes gastos: Tabela 1 – Gastos jan/20XX – Indústria Paraíso Infantil DESCRIÇÃO R$ Comissão de vendedores 7.000,00 Salários da fábrica 55.000,00 Matéria-prima consumida 170.000,00 Salários da administração 18.000,00 Depreciação da fábrica 23.000,00 Honorários da diretoria 11.000,00 Seguro da fábrica 4.000,00 El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. 47 1Mestre em Contabilidade pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Pós- graduada em Gestão Pú- blica e, em Contabilidade e Gestão Estratégica pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unio- este. Bacharel em Ciên- cias Contábeis também pela Unioeste. Atua como professora de graduação e pós-graduação em ins- tituições de nível superior. Possui diversos artigos publicados em revistas e congressos, é autora do livro Contabilidade Societária e do livro Con- trole Interno e Externo na Administração Pública, ambos publicados pela Editora IBPEX. 2Mestre em Engenharia de Produção pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC/PR, bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Atua como professor de gra- duação e pós-graduação em instituições de nível superior. É consultor nas áreas de finanças públicas e de mercado de capitais. Possui artigos publicados, direcionados para a área pública e privada. Rece- beu em dois anos conse- cutivos o prêmio Sérgio Scorsin de melhor artigo científico na área de pes- quisa operacional, no Congresso Internacional de Administração – ADM 2010 e no Congresso In- ternacional de Administra- ção – ADM 2011. É autor do livro Controle Interno e Externo na Administração Pública editado pela Edi- tora IBPEX. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 48 Métodos tradicionais de custeio DESCRIÇÃO R$ Seguro da área administrativa 2.000,00 Despesas financeiras 7.000,00 Salários da área de vendas 25.000,00 Materiais diversos 7.000,00 Energia elétrica da fábrica 50.000,00 Energia elétrica da área administrativa 4.000,00 Despesas de entregas de mercadorias 6.000,00 Gastos com telefone 15.000,00 Material de escritório 2.000,00 Manutenção da fábrica 3.000,00 Despesas com água 18.000,00 Total dos gastos 427.000,00 O primeiro passo é separar os gastos em custos ou despesas, passando à seguinte composição: Tabela 2 – Separação entre gastos e despesas – Indústria Paraíso In- fantil Descrição Custos Despesas Comissão de vendedores - 7.000,00 Salários da fábrica 55.000,00 - Matéria-prima consumida 170.000,00 - Salários da administração - 18.000,00 Depreciação da fábrica 23.000,00 - Honorários da diretoria - 11.000,00 Seguro da fábrica 4.000,00 - Seguro da área administrativa - 2.000,00 Despesas financeiras - 7.000,00 Salários da área de vendas - 25.000,00 Materiais diversos 7.000,00 - Energia elétrica da fábrica 50.000,00 - El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Métodos tradicionais de custeio 49 Descrição Custos Despesas Energia elétrica da área administrativa - 4.000,00 Despesas de entregas de mercadorias - 6.000,00 Gastos com telefone - 15.000,00 Material de escritório - 2.000,00 Manutenção da fábrica 3.000,00 - Despesas com água - 18.000,00 Total dos gastos 312.000,00 115.000,00 O custo de produção perfaz R$312.000,00 e as despesas R$115.000,00. As despesas não são alocadas aos produtos e serão, então, descarregadas diretamente no resultado do período. 2.º passo: a apropriação dos custos diretos Após encontrar os custos de produção é preciso separar os custos diretos e alocá-los aos produtos por meio de sua medição. Supondo que a empresa produza três diferentes produtos: triciclo, cama elástica e piscina de bolinha, é preciso identificar como os custos diretos estão relacionados a cada produto. Com base na medição junto à empresa chegou-se aos seguintes resultados: Tabela 3 – Alocação dos custos diretos – Indústria Paraíso Infantil Matéria-prima Mão de obra direta Energia elétrica Total custos diretos Triciclo 34.000,00 13.750,00 15.000,00 62.750,00 Cama elástica 59.500,00 17.600,00 11.500,00 88.600,00 Piscina de bolinhas 76.500,00 14.850,00 9.500,00 100.850,00 Total 170.000,00 46.200,00 36.000,00 252.200,00 Para obter o valor da matéria-prima, o controle foi realizado junto ao sis- tema de requisições para saber onde o material retirado do Almoxarifado foi empregado. A mão de obra direta, por sua vez, foi obtida juntamente aos sistemas de apontamento (verificação) de quais foram os operários que tra- balharam em cada produto no mês e por quanto tempo. Já a energia elétrica foi obtida por meio da medição dos kW de energia gastos pelos produtos ao utilizar os maquinários. El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 50 Métodos tradicionais de custeio Com bases nestas alocações, temos o seguinte quadro até o momento: Tabela 4 – Custos diretos e indiretos – Indústria Paraíso Infantil El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Custos diretos Custos indiretos Total Triciclo Cama elástica Piscina de bolinhas Matéria-prima Mão de obra Energia elétrica Depreciação Seguros Mat. diversos Manutenção 34.000,00 13.750,00 15.000,00 - - - - 59.500,00 17.600,00 11.500,00 - - - - 76.500,00 14.850,00 9.500,00 - - - - - 8.800,00 14.000,00 23.000,00 4.000,00 7.000,00 3.000,00 170.000,00 55.000,00 50.000,00 23.000,00 4.000,00 7.000,00 3.000,00 Total 62.750,00 88.600,00 100.850,00 59.800,00 312.000,00 Do total de custos de produção, R$252.200,00 são diretos e estão aloca- dos aos respectivos produtos e, R$59.800,00 são custos comuns aos três pro- dutos e precisam ainda ser apropriados por meio de rateio. 3.º passo: a apropriação dos custos indiretos A apropriação dos custos comuns aos produtos pode ocorrer sob diversos critérios dependendo de como os gastos estão ou não relacionados aos pro- dutos. O que é válido para uma empresa nem sempre é valido para outra. Os critérios escolhidos aqui servem apenas de exemplos, na prática pode haver outros fatores que relacionam os gastos aos produtos de forma mais justa. Partimos do pressuposto de que a relação mais adequada ao rateio1 dos gastos aos produtosdeve ocorrer por meio dos seguintes critérios: Tabela 5 – Critérios de rateio – Indústria Paraíso Infantil El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Custos Indiretos Valores Critério de Rateio Mão de obra indireta 8.800,00 Mão de obra direta utilizada Energia elétrica 14.000,00 Potência em kW utilizada Depreciação 23.000,00 Quantidade produzida Seguros 4.000,00 Quantidade produzida Materiais diversos 7.000,00 Matéria-prima utilizada Manutenção 3.000,00 Quantidade produzida Total 59.800,00 1 Pode haver diferença nos cálculos dependendo do número de casas deci- mais utilizadas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Métodos tradicionais de custeio 51 Esta é uma alternativa simplista e arbitrária de alocação, na prática, porém, é preciso analisar corretamente a relação causa X efeito entre gastos e produtos. Partindo do pressuposto de que, os produtos que recebem mais mão de obra direta utilizarão, também, mais esforços da mão de obra indireta, o rateio mais justo seria apropriar a mão de obra indireta aos produtos na mesma proporção em que a mão de obra direta está distribuída, cujos ra- teios serão: Tabela 6 – Rateio mão de obra indireta – Indústria Paraíso Infantil El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Mão de obra direta % de rateio Mão de obra indireta Triciclo 13.750,00 29,76% 2.618,88 Cama elástica 17.600,00 38,10% 3.352,80 Piscina de bolinhas 14.850,00 32,14% 2.828,32 Total 46.200,00 100,00% 8.800,00 O rateio da energia elétrica, por sua vez, parte do pressuposto de que o produto que gastou mais energia elétrica direta consumirá, também, mais energia elétrica indireta em virtude do esforço produtivo. Sob este pressu- posto, os custos com a energia elétrica indireta serão assim distribuídos: Tabela 7 – Rateio energia elétrica – Indústria Paraíso Infantil El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Energia elétrica direta % de rateio Energia elétrica indireta Triciclo 15.000,00 41,67% 5.833,80 Cama elástica 11.500,00 31,94% 4.471,60 Piscina de bolinhas 9.500,00 26,39% 3.694,60 Total 36.000,00 100,00% 14.000,00 Os materiais indiretos serão apropriados aos produtos na mesma pro- porção que cada produto utilizou matéria-prima, sob o pressuposto de que, quanto mais matéria-prima o produto utilizou, mais gastos com outros ma- teriais serão necessários ao produto. Os custos com os materiais indiretos serão assim distribuídos: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 52 Métodos tradicionais de custeio Tabela 8 – Rateio matéria-prima – Indústria Paraíso Infantil Matéria-prima % de Rateio Materiais indiretos Triciclo 34.000,00 20% 1.400,00 Cama elástica 59.500,00 35% 2.450,00 Piscina de bolinhas 76.500,00 45% 3.150.00 Total 170.000,00 100% 7.000,00 El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Os gastos com depreciação, seguro e manutenção serão distribuídos aos produtos na mesma proporção das quantidades elaboradas, sob a premissa de que o esforço da empresa foi maior para a linha de produção que produ- ziu mais, assim temos os seguintes valores rateados: Tabela 9 – Separação entre gastos e despesas – Indústria Paraíso Infantil El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Quantidade % de Rateio Depreciação Seguro Manutenção Triciclo 400 18,18% 4.181,40 727,20 545,40 Cama elástica 800 36,36% 8.362,80 1.454,40 1.090,80 Piscina de bolinhas 1 000 45,46% 10.455,80 1.818,40 1.363,80 Total 2 200 100,00% 23.000,00 4.000,00 3.000,00 Após ratear todos os gastos indiretos e fixos, o mapa dos custos indiretos estará construído da seguinte forma: Tabela 10 – Mapa dos custos indiretos – Indústria Paraíso Infantil Mão de obra indireta Energia elétrica indireta Materiais indiretos Depreciação Seguro Manutenção Total Triciclo 2.618,88 5.833,80 1.400,00 4.181,40 727,00 545,40 15.306,68 Cama elástica 3.352,80 4.471,60 2.450,00 8.363,80 1.454,55 1.090,80 21.182,40 Piscina de bolinhas 2.828,32 3.694,60 3.150,00 10.455,80 1.818,40 1.363,80 23.310,92 Total 8.800,00 14.000,00 7.000,00 23.000,00 4.000,00 3.000,00 59.800,00 El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Métodos tradicionais de custeio 53 Após encontrar os custos indiretos basta somá-los aos custos diretos para obter o custo total. A partir daí fica fácil encontrar o custo unitário: é só divi- dir os custos totais pelas quantidades produzidas. Tabela 11 – Custo unitário dos produtos – Indústria Paraíso Infantil El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Custos Diretos Custos Indiretos Custos Total Quantidade Custo Unitário Triciclo 62.750,00 15.306,68 78.056,68 400 195,14 Cama elástica 88.600,00 21.182,40 109.782,40 800 137,23 Piscina de bolinhas 100.850,00 23.310,92 124.160,92 1 000 124,16 Total 252.200,00 59.800,00 312.000,00 Certamente os custos unitários seriam diferentes se os custos indiretos fossem rateados aos produtos com base em outros critérios julgados mais apropriados pela empresa. Porém, não há uma forma perfeita de distribuir os custos comuns aos produtos, procurar diferentes alternativas permite, apenas, menor grau de subjetividade e arbitrariedade. As despesas não são apropriadas aos produtos, são descarregadas direta- mente no resultado do período. Após a exposição de como são montados os custos de produção, incluin- do os custos fixos, a seguir iremos trabalhar dois métodos de custeio: absor- ção e direto (variável). A aplicação de métodos diferentes visa proporcionar informações mais precisas sobre custos para a tomada de decisão voltada para a fixação de preço de venda, a introdução de novos produtos, o abandono de produtos obsoletos e a resposta a produtos rivais. Os diferentes métodos de custeio alocam de formas distintas o gasto aos produtos de modo a buscar a infor- mação mais precisa de quanto custou para produzir determinado produto ou serviço. Custeio por absorção O custeio por absorção é o método mais tradicional de custeio e é empre- gado quando se deseja atribuir todos os custos de produção aos produtos, ou seja, este método aloca aos produtos os custos diretos e indiretos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 54 Métodos tradicionais de custeio Estoque Prod A. Prod B. Prod C. Custos Diretos. Indiretos. Rateio (M A RT IN S, 2 01 0. A da pt ad o. ) Figura 1 – Alocações dos custos diretos e indiretos aos produtos. Nesta metodologia, cada produto absorve parcela dos custos diretos e indiretos de fabricação: o custo direto é apropriado com base em medições e o custo indireto é alocado aos produtos mediante rateio. Para Horngren, Foster e Datar (2000) o custeio por absorção consiste na metodologia em que se apropria aos produtos ou serviços todos os custos de produção, sejam eles fixos, variáveis, diretos ou indiretos. Dubois, Kulpa e Souza (2009, p. 128-129) relatam sobre o custeio por ab- sorção expondo que É um método de custeio que consiste na alocação de todos os custos (diretose indiretos) em cada fase da produção. Neste método, todos os gastos que participam da elaboração dos produtos fabricados deverão ser absorvidos por eles [...]. O custeio por absorção indica quanto cada unidade absorveu de todos os gastos necessários para a sua produção. Wernke (2004) expõe que devem integrar os custos dos bens ou serviços: o custo de aquisição de matérias-primas e outros bens ou serviços � aplicados ou consumidos na produção; o custo de pessoal utilizado na produção, inclusive de supervisão dire- � ta, manutenção e guarda das instalações de produção; os custos de locação, manutenção e reparos, os encargos de deprecia- � ção dos bens aplicados na produção; os encargos de amortização relacionados com a produção; � os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção. � O custeio por absorção é derivado da aplicação dos princípios fundamen- tais de contabilidade e, por este motivo, consiste na metodologia utilizada Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Métodos tradicionais de custeio 55 para apresentar as demonstrações financeiras e para o atendimento à legis- lação fiscal. No custeio por absorção o critério maior está na separação dos gastos entre custos e despesas, sendo os custos alocados aos produtos e ativados no estoque e as despesas lançadas imediatamente contra o resultado do período. (C RE PA LD I, 20 11 . A da pt ad o. ) Figura 2 – Apropriação dos gastos no custeio por absorção. D es pe sa s de ad m in is tr aç ão e v en da Despesas administrativas Despesas de venda Despesas de venda Fixas Fixas Variáveis Estoque Cu st os d e pr od uç ão Matéria-prima Mão de obra direta Energia elétrica direta Depreciação Mão de obra indireta Aluguel Energia elétrica indireta Cu st os va riá ve is Cu st os fix os Resultado Vendas (-) CPV (=) Resultado Bruto (-) Despesas Administrativas (-) Despesas de Vendas (=) Resultado Líquido Na figura anterior, os custos são separados em diretos e indiretos. Os custos diretos são apropriados diretamente aos produtos, já os indiretos são atribuídos aos produtos por meio de rateio. Enquanto os produtos estão re- cebendo custos eles são classificados no estoque na conta Produtos em Ela- boração e, após o término de sua produção, são lançados na conta Produtos Acabados. Assim, até que sejam vendidos, os produtos são lançados no ativo (estoque) e somente no momento da sua venda é que serão lançados no resultado na conta Custos do Produto Vendido. Enquanto as despesas são lançadas imediatamente no resultado, os custos somente são lançados ao resultado na parcela correspondente aos produtos vendidos, o restante permanece no estoque. Para Wernke (2004) entre as vantagens do custeio por absorção destacam-se: atende à legislação fiscal e deve ser usado quando a empresa busca o � uso do sistema de custos integrado à Contabilidade; Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 56 Métodos tradicionais de custeio permite a apuração do custo por centro de custos, visto que sua apli- � cação exige a organização contábil nesse sentido; tal recurso, quando os custos são alocados aos departamentos de forma adequada, possi- bilita o acompanhamento do desempenho de cada área; ao absorver todos os custos de produção, permite a apuração do custo � total de cada produto. A principal crítica atribuída ao custeio por absorção está relacionada aos rateios dos custos indiretos para atribuição aos produtos. A adoção de um determinado critério de rateio em detrimento de outro pode produzir re- sultados bastante diferentes no valor do custo final de cada produto sem que tenha havido modificação no processo produtivo. Estas distorções pro- vocam diferenças positivas ou negativas nos valores levantados de estoques finais (Balanço) e do resultado do período (Demonstração do Resultado) da empresa, além de penalizar alguns produtos e beneficiar outros. Para mostrar como a alteração de critérios de rateio muda o resultado do produto, vamos utilizar o exemplo de uma empresa que produz equipa- mentos agrícolas. A tabela abaixo indica os equipamentos e seus respectivos gastos diretos: Tabela 12 – Gastos diretos de produção Mão de obra direta Matéria-prima Energia elétrica direta Pulverizador 51.250,00 124.600,00 24.250,00 Colheitadeira 65.600,00 142.400,00 14.550,00 Trator 57.400,00 89.000,00 37.830,00 Total 174.250,00 356.000,00 76.630,00 El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Porém, a empresa possui R$200.000,00 de custos indiretos de fabricação, gastos que são comuns aos três produtos e que devem ser apropriados aos mesmos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Métodos tradicionais de custeio 57 Tabela 13 – Custos indiretos e fixos El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Custos indiretos e fixos R$ Mão de obra indireta 90.000,00 Energia elétrica da fábrica 21.000,00 Depreciação da fábrica 60.000,00 Material de limpeza da fábrica 5.000,00 Seguro da fábrica 4.000,00 Materiais diversos 20.000,00 Total 200.000,00 Se a empresa optar pela apropriação dos gastos indiretos e fixos aos produtos na mesma proporção que cada produto utilizou de mão de obra direta, sob o pressuposto de que o produto que utilizou mais tempo da mão de obra direta utilizou, também, maiores esforços de toda a estrutura insta- lada da empresa, então teríamos a seguinte apropriação: Tabela 14 – Rateio com base no uso de mão de obra El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Matéria- -prima Energia elétrica direta Mão de obra direta Critério de rateio Custos indiretos e fixos Custo total Pulverizador 124.600,00 24.250,00 51.250,00 29,41% 58.820,00 258.920,00 Colheitadeira 142.400,00 14.550,00 65.600,00 37,65% 75.300,00 297.850,00 Trator 89.000,00 37.830,00 57.400,00 32,94% 65.880,00 250.110,00 Total 356.000,00 76.630,00 174.250,00 100% 200.000,00 806.880,00 Porém, se a decisão for pela apropriação dos gastos indiretos e fixos aos produtos seguindo a proporção do que cada um gastou de matéria-prima, sob o pressuposto de que o produto que utilizou maiores quantidades de matéria-prima utilizou, também, maiores esforços de toda a estrutura insta- lada da empresa, então teríamos a seguinte apropriação: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 58 Métodos tradicionais de custeio Tabela 15 – Rateio com base no uso de matéria-prima El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Energia elétrica direta Mão de obra direta Matéria- -prima Critério de rateio Custos indiretos e fixos Custo total Pulverizador 24.250,00 51.250,00 124.600,00 35% 70.000,00 270.100,00 Colheitadeira 14.550,00 65.600,00 142.400,00 40% 80.000,00 302.550,00 Trator 37.830,00 57.400,00 89.000,00 25% 50.000,00 234.230,00 Total 76.630,00 174.250,00 356.000,00 100% 200.000,00 806.880,00 Ao comparar as tabelas 14 e 15, nota-se que os resultados dos custos totais dos produtos mudam conforme muda o critério de rateio ou divisão dos custos indiretos e fixos. Tendo em vista que a apropriação dos custos in- diretos e fixos aos produtos por meio de rateio contém, em menor ou maior grau, certo nível de subjetivismo e arbitrariedade,corre-se o risco de se apro- priar indevidamente mais custos em um produto do que em outro. Esta é uma das críticas feitas ao método de custeio por absorção. Outra polêmica do custeio por absorção está na alocação dos custos fixos por unidade, aumentando a quantidade produzida diminui-se o custo fixo por unidade, e vice-versa. Para exemplificar este problema, considere os se- guintes dados: Tabela 16 – Custos – Empresa X El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Jan Fev Mar Abr Mai Unidades produzidas 60 5 100 5 80 Custo variável por unidade 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 Custo fixo total mensal 350,00 340,00 360,00 330,00 380,00 Considerando-se que os custos fixos são mensais e os custos variáveis são unitários, devemos transformar todos em uma única unidade de medida. Assim, ao multiplicar a quantidade produzida pelo custo variável unitário de R$10,00, tem-se a seguinte estrutura de custos mensais: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Métodos tradicionais de custeio 59 Tabela 17 – Estrutura de custos mensais – Empresa X El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Jan Fev Mar Abr Mai Custo variável total 600,00 50,00 1.000,00 50,00 800,00 Custo fixo total mensal 350,00 340,00 360,00 330,00 380,00 Custo total 950,00 390,00 1.360,00 380,00 1.180,00 Quantidade produzida 60 5 100 5 80 Custo unitário 15,83 78,00 13,60 76,00 14,75 Observa-se que, os meses de fevereiro e abril apresentam os menores gastos fixos do período (R$340,00 e R$330,00), porém, os gastos variáveis unitários continuam sendo R$10,00. Por ter produzido menos, embora os custos fixos sejam menores, os resultados destes meses são ruins, pois os custos totais unitários apresentados são maiores em relação aos outros meses. O problema está na produção que foi menor nestes meses e, como os custos fixos são rateados pela quantidade produzida, acabou-se carregando os custos da produção do mês. Neste sentido, decisões com base no custo unitário devem levar sempre em consideração esta problemática e, para evitar este problema deve-se as- sociar sempre o custo global ao volume que se tomou como base. O exemplo mostra que o custo fixo está associado ao período e indepen- de do volume de produção. Já para os custos variáveis quanto mais se produz maior será o seu montante. Porém, não se pode confundir um gasto fixo, mas variável no tempo como variável conforme a produção. Um gasto só é con- siderado variável em relação ao produto quando aumenta ao se aumentar o volume de unidades produzidas, caso contrário, ele é fixo, mesmo que tenha oscilações mensais em relação ao preço ou outros fatores. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 60 Métodos tradicionais de custeio Custeio direto (variável) O custeio direto, também conhecido como variável, tem como premis- sa que somente os custos claramente identificados às unidades produzidas, chamados de diretos e variáveis, é que devem ser apropriados aos produtos. Os custos fixos necessários para manter a capacidade instalada da fábrica devem ser considerados como despesas do período. Bruni (2010) expõe que a complexidade e a subjetividade existentes no processo de rateio ou divisão dos custos indiretos aos produtos provocam, muitas vezes, distorções nas informações relevantes de custos obtidas pelo custeio por absorção. Assim, o custeio direto, voltado para auxiliar o proces- so de tomada de decisões opta por não efetuar o rateio, deixando os custos fixos fora do cálculo do custo dos produtos. O pressuposto básico da metodologia do custeio direto (variável) é a de que, se um dos maiores problemas da gestão de custos diz respeito ao rateio dos custos indiretos, este problema fica resolvido ao agregar ao produto apenas os custos diretos e variáveis. Crepaldi (2011, p. 176) apresenta uma visão mais ampla, expondo que o custeio direto (variável) “fundamenta-se na separação dos gastos em gastos variáveis e gastos fixos, isto é, em gastos que oscilam proporcionalmente ao volume de produção/venda e gastos que se mantêm estáveis perante volu- mes de produção/venda oscilantes dentro de certos limites”. Nesta perspectiva, não só os gastos variáveis de acordo com a produção devem compor o custo dos produtos na metodologia do custeio direto (va- riável), mas também os gastos variáveis com a comercialização do produto. São considerados gastos variáveis com a produção e a venda, entre outros, os gastos com matéria-prima, embalagens, mão de obra direta, comissões dos vendedores e fretes de entrega. Ao classificar os gastos em fixos e variáveis, você estará separando os gastos que oscilam proporcionalmente ao volume de produção e comercia- lização daqueles que se mantêm estáveis, dentro de certos limites, diante da oscilação do volume de produção e venda. A figura 3 mostra como ocorre a alocação dos gastos aos produtos e ao período. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Métodos tradicionais de custeio 61 Figura 3 – Apropriação dos gastos no custeio direto (variável). (C RE PA LD I,2 01 1. A da pt ad o. ) Estoque D es pe sa s de ad m in is tr aç ão e v en da Despesas administrativas Despesas de venda Despesas de venda Fixas Fixas Variáveis Cu st os d e pr od uç ão Matéria-prima Mão de obra direta Energia elétrica direta Depreciação Mão de obra indireta Aluguel Energia elétrica indireta Cu st os Va riá ve is Cu st os Fi xo s Resultado Vendas (-) CPV (=) Margem de Contribuição (-) Despesas Administrativas (-) Custos Fixos de Produção (-) Despesas de Vendas (=) Resultado Líquido (-) Despesas Variáveis Observa-se que são considerados como custos de produção apenas os gastos variáveis incorridos com a produção e a comercialização, os gastos fixos, necessários para manter a capacidade instalada, não devem ser con- siderados como custo de produção e sim como despesas do período, pois existirão mesmo que não haja produção. Assim, seguindo o exemplo anterior da indústria de equipamentos agrí- colas, na metodologia do custeio variável compõem o custo de produção apenas os gastos diretos e variáveis com a produção e a venda: Tabela 18 – Gastos diretos de produção e venda El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Matéria- -prima Energia elétrica direta Mão de obra direta Despesas variáveis com vendas Custo total Pulverizador 124.600,00 24.250,00 51.250,00 10.000,00 210.100,00 Colheitadeira 142.400,00 14.550,00 65.600,00 7.000,00 229.550,00 Trator 89.000,00 37.830,00 57.400,00 9.000,00 193.230,00 Total 356.000,00 76.630,00 174.250,00 26.000,00 632.880,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 62 Métodos tradicionais de custeio Os custos fixos não entram nos custos de produção, mas são lançados no resultado diminuindo imediatamente a receita. Para Martins (2010) a defesa do custeio direto (variável) repousa nos se- guintes argumentos principais: os custos fixos existem independente da fabricação ou não desta ou � daquela unidade, e acabam presentes no mesmo montante, mesmo que oscilações (dentro de certos limites) ocorram no volume de produ- ção. Os custos fixos tendem a ser mais um encargo para que a empresa possa ter condições de produção, de manter instalada sua capacidade de produção, do que o sacrifício para a produção específica desta ou daquelaunidade; por não dizerem respeito a este ou àquele produto/unidade, os custos � fixos são quase sempre distribuídos à base de critérios de rateio, que contêm, em maior ou menor grau, arbitrariedade. A maior parte das apropriações é feita em função de fatores de influência que, na ver- dade, não vinculam efetivamente cada custo a cada produto, porque essa vinculação é forçada. Ao se apropriar de uma forma, pode-se alo- car mais custos em um produto do que em outro. Alterando o critério de rateio para distribuição dos custos fixos, pode-se fazer de um pro- duto rentável um não rentável, ou vice-versa; o valor do custo fixo por unidade depende do volume de produção: � aumentando-se o volume, tem-se um menor custo fixo por unidade, e vice-versa. Para decidir com base em custos, é necessário associar-se sempre o custo global ao volume tomado como referência. Nota-se, com isso, que o ponto fraco do custeio por absorção são os custos fixos que são, muitas vezes, rateados de forma imprecisa e arbitrária levando a decisões inadequadas, como o corte de um produto lucrativo ou mesmo o corte inadequado de produtos deficitários. Assim, embora o fisco questione a metodologia do custeio direto (variá- vel) sob o ponto de vista dos princípios e normas contábeis, o custeio direto (variável) contribui de forma relevante para o processo de decisão ao elimi- nar do custo do produto as alocações subjetivas e arbitrárias dos custos fixos e considerar apenas os gastos diretamente alocados aos produtos. Wernke (2004) e Martins (2010) destacam que em termos das vantagens do custeio direto (variável) podem ser mencionadas: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Métodos tradicionais de custeio 63 impede que aumentos de produção que não correspondam a aumen- � tos de vendas distorçam os resultados e permite observar como os gastos variáveis acompanham sempre a direção das vendas; prioriza o aspecto gerencial ao enfatizar a rentabilidade de cada pro- � duto sem as distorções ocasionadas pelos rateios de custos fixos aos produtos; não envolve rateios e critérios de distribuição de gastos, facilitando o � cálculo e propiciando mais rapidamente informações vitais para a em- presa; a legislação e as normas contábeis, não impedem o seu uso interno � e suas aplicações no gerenciamento da empresa, é só tomar cuidado para fazer os ajustes ao final de cada exercício; por abandonar o resultado dos custos fixos e tratá-los contabilmente, � como se fossem despesas, parece ser mais informativo à administra- ção já que são quase sempre repetitivos e independentes dos diversos produtos e unidades. Da mesma forma que o custeio direto (variável) apresenta vantagens, ele também recebe críticas. Uma das críticas é a não aceitação pela legislação tributária e pela auditoria para fins de avaliação de estoques, embora este ajuste possa ser feito ao final de cada período. Porém, as maiores críticas são em relação a dois pontos: i) a elevação dos custos fixos que, por não serem considerados no custo do produto, acabam sendo deixados de lado; e, ii) exige uma separação rígida entre gastos de natureza fixa ou variável e, sendo assim, na existência de custos mistos (parcela fixa e outra variável) a separa- ção acaba, muitas vezes, utilizando técnicas tão arbitrárias quanto o rateio dos custos fixos no custeio por absorção. Conciliação entre custos para decisão e custos para estoque Antes de tratar da conciliação entre as metodologias de custeio por ab- sorção e custeio direto (variável), vamos apresentar a comparação entre as duas metodologias no quadro 1, a seguir: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 64 Métodos tradicionais de custeio Quadro 1 – Custeio direto (variável) X Custeio por absorção Custeio direto (variável) Custeio por absorção Classifica os custos em fixos e variáveis. Não se preocupa em classificar os custos em fixos e variáveis. Classifica os custos em diretos e indiretos. Também classifica os custos em diretos e indiretos. Os resultados apresentados sofrem influência direta do volume de vendas. Os resultados apresentados sofrem influ- ência direta do volume de produção. É um critério administrativo, gerencial, interno. É um critério legal, fiscal, externo. Não aplica os princípios contábeis. Aplica os princípios contábeis. Apresenta a Contribuição Marginal – diferença entre as receitas e os custos diretos e variáveis. Apresenta a Margem Operacional – dife- rença entre as receitas e os custos diretos e indiretos. Destina-se a auxiliar a gerência no processo de planejamento e de tomada de decisões. O custeamento por absorção destina-se a auxiliar a gerência no processo de de- terminação da rentabilidade e de avalia- ção patrimonial. O controle dos custos da capacidade ociosa não é bem explorado. Apresenta melhor visão para o controle da capacidade ociosa. Importante para decisões de curto prazo. Importante para decisões de longo prazo. (L EO N E, 2 00 0. A da pt ad o. ) Nota-se que os dois métodos apresentam contribuições para a empresa, o método de custeio por absorção é utilizado principalmente no atendimento à legislação e para a mensuração e avaliação dos estoques, enquanto o cus- teio direto (variável) é utilizado mais para o processo de gestão empresarial. Tendo em vista que a contabilidade de custos deve fornecer informações para a contabilidade financeira e para o processo decisório, é conveniente a empresa manter os dois métodos de custeio, mesmo porque eles não são mutuamente excludentes, a adoção de um não impede a adoção de outro. Porém, para atender aos dois métodos de custeio é necessário que haja uma conciliação entre eles. A conciliação dos dois métodos depende da identificação de como se dão as apropriações dos gastos pelas duas metodologias. Observe a figura 4, a seguir: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Métodos tradicionais de custeio 65 Figura 4 – Comparação entre os Métodos de Custeio – Absorção X Direto (Variável). DESPESAS DO PERíODO Despesas com vendas fixas CUSTEIO POR ABSORçãO CUSTO DE PRODUçãO Custo de produção variáveis Custo de produção fixos Despesas com vendas variáveis Despesas administrativas fixas Custo de produção fixos Despesas com vendas variáveis DESPESAS DO PERíODO Despesas com vendas fixas CUSTEIO DIRETO (VARIáVEL) CUSTO DE PRODUçãO E VENDA Custo de produção variáveis Despesas administrativas fixas El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. A figura indica que, enquanto a metodologia do custeio por absorção separa os gastos em produtivos (custos) e administrativos e de vendas (des- pesas), a metodologia do custeio direto (variável) classifica os gastos em fixos e variáveis. De uma maneira simplificada a conciliação apresentada na figura 4 depen- de, apenas, da apropriação dos custos fixos que constam no custo do produ- to pela metodologia do custeio por absorção para o resultado do período no método do custeio direto (variável). Da mesma forma, as despesas que estão alocadas no resultado, na metodologia do custeio por absorção deverão ser lançadas no custo de produção e venda na metodologia do custeio variável. Ampliando seus conhecimentos Razões do não uso do custeio variável nos balanços (MARTINS, 2010) Do ponto de vista decisorial, verificamos que o Custeio Variável tem con- dições de propiciar muito mais rapidamente informações vitais à empresa; também o resultado medido dentro do seu critério parece ser mais informa- tivo à administração, por abandonar os custos fixos e tratá-los contabilmentecomo se fossem despesas, já que são quase sempre repetitivos e independen- tes dos diversos produtos e unidades. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 66 Métodos tradicionais de custeio Mas os Princípios Contábeis hoje aceitos não admitem o uso de Demons- trações de Resultado e de Balaços avaliados à base do Custeio Variável; por isso, esse critério de avaliar estoque e resultados não é reconhecido pelos Contadores, pelos Auditores Independentes e tampouco pelo Fisco. Ele (o Custeio Variável) de fato fere os Princípios Contábeis, principalmente o Regime de Competência e a Confrontação. Segundo estes, devemos apro- priar as receitas e delas reduzir todos os sacrifícios envolvidos para sua obten- ção. Ora, se produzimos hoje, incorremos hoje em custos que são sacrifícios para a obtenção das receitas derivadas das vendas dos produtos feitos, e essas vendas poderão em parte vir amanhã. Não seria, dentro desse raciocínio, muito correto jogar todos os custos fixos contra as vendas de hoje, se parte dos produtos feitos só será vendida amanhã; deve então também ficar para amanhã uma parcela dos custos, quer variáveis, quer fixos, relativos a tais pro- dutos. [...] Justifica-se, dessa forma a ainda não aceitação do Custeio Variável para efeitos de Balanços e Resultados. Entretanto, essa situação poderá vir a mudar no futuro. Mas essa não aceitação do Custeio Variável não impede que a empresa o utilize para efeito interno, ou mesmo que o formalize completamente na Contabilidade durante o período todo. Basta, no final, fazer um lançamento de ajuste para que fique tudo amoldado aos critérios exigidos. Nem a Audi- toria Externa nem a legislação fiscal impedem a adoção de critérios durante o período diferentes dos adotados nas demonstrações contábeis de final de período. A Consistência é obrigatória entre as demonstrações de fim de cada período. Atividades de aplicação 1. A Indústria de Confecção Feito à Mão fabrica roupas executivas para homens e mulheres. Considerando os gastos a seguir, classifique-os: a) Quanto ao volume: fixos e variáveis. b) Quanto às metodologias de custeio por absorção e custeio direto (variável): custos (C) e despesas (D). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Métodos tradicionais de custeio 67 Classificação dos gastos Metodologia de custeio Fixos Variáveis Absorção Direto (Variável) Tecido ( ) ( ) ( ) ( ) Botões ( ) ( ) ( ) ( ) Aluguel da fábrica ( ) ( ) ( ) ( ) Comissões sobre a venda ( ) ( ) ( ) ( ) Salário da costureira que recebe por produtividade ( ) ( ) ( ) ( ) Publicidade mensal do produto ( ) ( ) ( ) ( ) Salários administrativos ( ) ( ) ( ) ( ) Salários do gerente da fábrica ( ) ( ) ( ) ( ) Linhas e aviamentos ( ) ( ) ( ) ( ) água e esgoto ( ) ( ) ( ) ( ) Gastos com moldes do produto ( ) ( ) ( ) ( ) Gastos c/ utensílios gerais (tesoura, ré- gua etc.) ( ) ( ) ( ) ( ) Fita para embalagens dos produtos ( ) ( ) ( ) ( ) IPTU da área industrial ( ) ( ) ( ) ( ) 2. Assinale a alternativa correta. A Indústria Tesoura de Ouro S/A fabrica três tipos de camisas, o mode- lo clássico, o luxo e super luxo. A matéria-prima (MP) e a mão de obra direta (MOD) consumidas no processo produtivo estão representadas no quadro que segue: Descrição Clássico Luxo Super luxo Total MP Consumida 70.000,00 80.000,00 90.000,00 240.000,00 MOD 15.000,00 18.000,00 22.000,00 55.000,00 Esta empresa incorre em Custos Indiretos de Fabricação (CIF) no valor de R$86.500,00. Sabendo que a empresa adota como critério de rateio dos CIF, o valor da matéria-prima consumida, qual o valor dos custos totais dos produtos pelo método do custeio por absorção? (para os Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 68 Métodos tradicionais de custeio cálculos, considere duas casas decimais) a) R$25.232,05, R$28.830,45 e R$32.437,50 b) R$110.232,05, R$126.830,45 e R$144.437,50 c) R$85.000,00, R$98.000,00 e R$112.000,00 d) R$240.000,00; R$55.000,00 e R$86.000,00 3. Analise a questão a seguir: A Indústria Doces da Vovó S/A produziu 1 200 potes de 5kg de doce de abóbora e vendeu 800 potes ao preço de R$50,00. Os custos apresen- tados para a fabricação deste produto são: Material direto (unitário) 10,00 Mão de obra direta (unitário) 14,00 Despesas variáveis (unitário) 5,00 CIFs 10.000,00 Despesas fixas 2.000,00 Com base nas informações acima, marque a alternativa que correspon- da, respectivamente, ao custo unitário e ao lucro obtido no resultado do período, pela metodologia do custeio por absorção e pela metodo- logia do custeio direto (variável), respectivamente: a) Custeio por absorção: 32,33 e 8.136,00 Custeio direto: 29,00 e 4.800,00 b) Custeio por absorção: 29,00 e 4.800,00 Custeio direto: 32,33 e 8.136,00 c) Custeio por absorção: 24,00 e 8.136,00 Custeio direto: 29,00 e 14.800,00 d) Custeio por absorção: 29,00 e 14.800,00 Custeio direto: 24,00 e 8.136,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Métodos tradicionais de custeio 69 Referências BRUNI, Adriano Leal. A Administração de Custos, Preços e Lucros. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010. CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Gerencial: teoria e prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011. DUBOIS, Alexy; LUCIANA, Kulpa; SOUZA, Luiz Eurico de. Gestão de Custos e For- mação de Preço: conceitos, modelos e instrumentos: abordagem do capital de giro e da margem de competitividade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. HORNGREN, Charles T.; FOSTER, George; DATAR, Srikant M. Contabilidade de Custos. 9. ed. traduzido por José Luiz Paravato. Rio de Janeiro: LTC, 2000. 717p. LEONE, George Sebastião Guerra. Curso de Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 2000. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 2010. WERNKE, Rodney. Gestão de Custos. 2a ed. São Paulo: Atlas, 2004. Gabarito 1. Classificação dos gastos Metodologia de custeios Fixos Variáveis Absorção Direto (Variável) Tecido ( ) ( x ) ( C ) ( C ) Botões ( ) ( x ) ( C ) ( C ) Aluguel da fábrica ( x ) ( ) ( C ) ( D ) Comissões sobre a venda ( ) ( x ) ( D ) ( C ) Salário da costureira que recebe por produtividade ( ) ( x ) ( C ) ( C ) Publicidade mensal do produto ( x ) ( ) ( D ) ( D ) Salários administrativos ( x ) ( ) ( D ) ( D ) Salários do gerente da fábrica ( x ) ( ) ( C ) ( D ) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 70 Métodos tradicionais de custeio Classificação dos gastos Metodologia de custeios Fixos Variáveis Absorção Direto (Variável) Linhas e aviamentos ( ) ( x ) ( C ) ( C ) água e esgoto ( x ) ( ) ( D ) ( D ) Gastos com moldes do produto ( x ) ( ) ( C ) ( D ) Gastos c/ utensílios gerais (tesoura, ré- gua etc.) ( x ) ( ) ( C ) ( D ) Fita para embalagens dos produtos ( ) ( x ) ( C ) ( C ) IPTU da área industrial ( x ) ( ) ( C ) ( D ) 2. Tendo em vista que o critério de rateio dos Custos Indiretos de Fabricação – CIFs é o valor da matéria-prima consumida, o primeiro passo é encontrar a proporção da matéria-prima utilizada por cada produto. Apósencontrar esta proporção deve-se utilizar este valor na divisão dos CIFs. Matéria-prima % Rateio CIFs Clássico 70.000,00 29,17% 25.232,05 Luxo 80.000,00 33,33% 28.830,45 Super luxo 90.000,00 37,50% 32.437,50 Total 240.000,00 100,00% 86.500,00 Após encontrar a proporção dos CIFs para cada produto é só alocá-los aos produtos juntamente com os custos diretos e obter o custo total por produto. Descrição Clássico Luxo Super luxo Total MP consumida 70.000,00 80.000,00 90.000,00 240.000,00 MOD 15.000,00 18.000,00 22.000,00 55.000,00 CIFs 25.232,05 28.830,45 32.437,50 86.500,00 Custo Total 110.232,05 126.830,45 144.437,50 381.500,00 3. Pela metodologia do Custeio por Absorção, deve-se apropriar aos pro- dutos todos os custos, sejam eles diretos ou indiretos, fixos ou variáveis, e somente os custos. Desta forma, não se apropria as despesas fixas e Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Métodos tradicionais de custeio 71 variáveis. Para se chegar ao custo unitário, é preciso ratear os custos fi- xos aos produtos, ou seja, dividir R$10.000,00 por 1 200 unidades. Absorção Custo de produção Unitário Total Material direto 10,00 12.000,00 Mão de obra direta 14,00 16.800,00 CIFs 8,33 10.000,00 Custo Total 32,33 38.800,00 Para obter o resultado, deve-se apropriar o custo unitário dos produ- tos proporcionalmente à quantidade vendida que é de 800 unidades. DRE Resumida - Absorção R$ Receita de Venda (800 x 50,00) 40.000,00 (-) CPV (800 x 32,33) 25.864,00 (-) Despesas 6.000,00 Despesas fixas 2.000,00 Despesas variáveis (800 x 5,00) 4.000,00 Resultado 8.136,00 Pela metodologia do custeio variável, apropria-se aos produtos todos os gastos variáveis com a produção e a comercialização, e somente os variáveis. Os gastos fixos para administrar, vender e produzir são lan- çados contra o resultado. Variável Custo de Produção Unitário Total Material direto 10,00 12.000,00 Mão de obra direta 14,00 16.800,00 Despesas variáveis 5,00 6.000,00 Custo Total 29,00 34.800,00 Assim, deduzindo os gastos variáveis da receita de venda, obtém-se a margem de contribuição. Após, deduz-se todos os gastos fixos da empresa para produzir e administrar ou vender. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 72 Métodos tradicionais de custeio DRE Resumida – Variável R$ Receita de venda (800 x 50,00) 40.000,00 (-) CPV (800 x 24,002) 19.200,00 (-) Despesas variáveis (800 x 5,00) 4.000,00 (=) Margem de contribuição 16.800,00 Despesas fixas 2.000,00 Custos fixos 10.000,00 Resultado 4.800,00 2 Do valor unitário foi excluído o valor das des- pesas variáveis que são deduzidas depois. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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