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REVISÃO PROCESSO CIVIL- MAURÍCIO 2015

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REVISÃO DE PROCESSO CIVIL
PROFESSOR MAURÍCIO CUNHA
REVISÃO 26.02.2015
PRINCÍPIOS
Princípio- conceito (Fredie Didier Jr): Princípio é espécie normativa. Trata-se de norma que estabelece um fim a ser atingido. Se essa espécie normativa visa a um determinado “estado de coisas”, e esse fim somente pode ser alcançado com determinados comportamentos, “esses comportamentos passam a constituir necessidades práticas sem cujos efeitos a progressiva promoção do fim não se realiza.
Eficácia direta (Fredie Didier Jr): A eficácia direta de um princípio traduz-se na atuação sem intermediação ou interposição de um outro (sub)princípio ou regra. Nesse plano, os princípios exercem uma função integrativa: permite-se agregar elementos não previstos em subprincípios ou regras. A despeito da ausência de previsão normativa Expressa de um comportamento necessário à obtenção do estado de coisas almejado, o princípio irá garanti-lo.
Eficácia indireta (Fredie Didier Jr): Há, porém normas que servem à concretização dos princípios processuais. Os meios para alcançar esse “estado de coisas”, que o princípio busca promover, podem ser típicos, determinados por subprincípios ou por regras jurídicas, que servem para delimitar o exercício do poder e, assim, conter a arbitrariedade da autoridade jurisdicional, na construção da solução do caso que lhe for submetido. Quando atuam com a intermediação de outras normas, fala-se que os princípios têm eficácia indireta. As normas que servem como ponte, a intermediar a eficácia do princípio, podem ser outros princípios (subprincípios) ou regras.
LIVRO I- DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS- TÍTULO ÚNICO- DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS. CAPÍTULO I- DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL.
Art.1º- O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código. → Fica clara a intenção do legislador quanto à necessidade de que o novo texto seja ordenado, disciplinado e interpretado em total observância com o modelo constitucional. Todavia, como ensina o Prof. Cássio Scarpinella Bueno, trata-se de norma desnecessária em função, justamente, da força normativa da Constituição.
Crítica: traz a falsa impressão de que as normas deste novo CPC são suficientes para ordenar e disciplinar o Processo Civil, o que não é verdade, porque o contraste de qualquer lei com a CF é tarefa insuprimível no ordenamento jurídico da atualidade (controle de constitucionalidade).
Art.2º- O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. → Consagração expressa do chamado princípio dispositivo ou da inércia jurisdicional. O dispositivo mescla os atuais arts.2 e 262, CPC. São exceções os casos em que o ordenamento determina a predominância do princípio inquisitivo (art.989, CPC vigente, p.e.)
Art.3º- Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. (...)
Art.4º- As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. → Os dispositivos repetem, praticamente, o art.5º, XXXV (princípio da inafastabilidade do exercício da jurisdição) e LXXVIII (princípio da economia e eficiência processuais), CF. Importante destacar que a “atividade satisfativa” evidencia que a atividade jurisdicional não se esgota com o reconhecimento (declaração) dos direitos, mas também com a sua concretização.
Art.5º- Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé. → Princípio da probidade processual e da boa-fé (a litigância de má-fé é tratada no artigo 80 do NCPC)
Art.6º- Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. → princípio da cooperação.
Art.7º. É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. → Princípio da isonomia e do contraditório, aperfeiçoamento, e muito atual a previsão do art.125, I, CPC. Contraditório no sentido de participação e cooperação efetivas e aptas a contribuir com o proferimento das decisões e satisfação do direito tal qual reconhecido.
Art.8º- Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. 
Art.9º- Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. 
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
À tutela provisória de urgência;
Às hipóteses de tutela de evidência previstas no art.311, incisos II e III;
À decisão prevista no art.701.
→Princípio do contraditório e da ampla defesa. As exceções, compreensíveis, residem nas hipóteses de tutelas jurisdicionais que, por sua própria natureza, poderiam ser frustradas pelo tempo necessário ao estabelecimento do prévio contraditório. Ocorre, em tais casos, tão-somente, o postergamento do contraditório.
Art.10- O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deve decidir de ofício. →Evitar o proferimento de decisões-surpresa, ou seja, proferidas pelo magistrado sem que tenha permitido, às partes, a oportunidade de influenciar sua decisão. Contraditório puro!
Art.11- Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. → Princípio da publicidade e princípio da motivação. (art.93, IX, CF)
Devido processo legal (Fredie Didier Jr): Como se vê, o devido processo legal é um direito fundamental de conteúdo complexo. Nesse sentido, tanto se pode referir ao direito fundamental ao processo devido, como um direito fundamental dotado de um conteúdo complexo, como também é possível referir-se a cada uma das exigências aninhadas nesse conteúdo complexo como constituindo um direito fundamental. A vantagem em se identificar cada uma dessas exigências e denominá-las individualmente é a de facilitar a sua operacionalização pelo intérprete, isto é, auxiliá-lo na solução de questões relacionadas com a concretização de tais valores.
Devido processo legal (Marcus Vinicius Rios Gonçalves): O devido processo legal formal (procedural due process) diz respeito à tutela processual. Isto é, ao processo, às garantias que ele deve respeitar e ao regramento legal que deve obedecer. Já o devido processo legal substancial (substantive due process) constitui autolimitação ao poder estatal, que não pode editar normas que ofendam a razoabilidade e afrontem as bases do regime democrático. Para nós, interessa, sobretudo o aspecto formal, que diz respeito ao arcabouço processual.
Devido processo legal formal: Seu conteúdo é composto pelas garantias processuai do direito ao contraditório, ao juiz natural, a um processo com duração razoável etc... (é a dimensão mais conhecida do devido processo legal). Também chamado de “procedural due process”, é dirigido ao processo em si, obrigando-se o juiz no caso concreto a observar os princípio processuais na condução do instrumento estatal oferecido aos jurisdicionados para a tutela de seus direitos materiais.
Devido processo legal substancial: Desenvolvido nos EUA, consiste no fato de que o processo devido não é apenas aquele em que se observam exigências formais: devido é o processo que gera decisões jurídicas substancialmente devidas. Também chamado de elaboração e interpretação das normas jurídicas, evitando-se a atividade legislativa abusiva e irrazoável e ditando uma interpretação razoável quando da aplicação das normas jurídicas. Funciona sempre como controle dasarbitrariedades do Poder Público.
REVISÃO 03.03.2015
PRINCÍPIOS NO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Princípio do contraditório (Fredie Didier Jr): Aplica-se o princípio do contraditório, derivado que é do devido processo legal, nos âmbitos jurisdicional, administrativo e negocial (não obstante a literalidade do texto constitucional). A Constituição Federal prevê o contraditório no inciso LV do art.5º: “aos litigantes, em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.” O princípio do contraditório é reflexo do princípio democrático na estruturação do processo. Democracia é participação, e a participação no processo opera-se pela efetivação da garantia do contraditório. O princípio do contraditório deve ser visto como exigência para o exercício democrático de um poder.
Princípio do contraditório (Humberto Theodoro Jr): O principal consectário do tratamento igualitário das partes se realiza através do contraditório, que consiste na necessidade de ouvir a pessoa perante a qual será proferida a decisão, garantindo-lhe o pleno direito de defesa e de pronunciamento durante todo o curso do processo. Não há privilégios, de qualquer sorte.
Contraditório formal (Fredie Didier Jr): A garantia de participação é a dimensão formal do princípio do contraditório. Trata-se da garantia de ser ouvido, de participar do processo, de ser comunicado, poder falar no processo. Esse é o conteúdo mínimo do princípio do contraditório e concretiza a visão tradicional a respeito do tema.
Contraditório substancial (Fredie Didier Jr): Trata-se do poder influência. Não adianta permitir que as partes simplesmente participem do processo. Apenas isso não é o suficiente para que se efetive o princípio do contraditório. É necessário que se permita que ela seja ouvida, é claro, mas em condições de poder influenciar a decisão do magistrado.
Princípio da ampla defesa (Cássio Scarpinella Bueno): (...) a garantia ampla de todo e qualquer acusado em sentido amplo (que é nomenclatura mais empregada para o processo penal) e qualquer réu (nomenclatura mais utilizada para o processo civil) ter condições efetivas, isto é, concretas de se responder às imputações que lhe são dirigidas antes que seus efeitos decorrentes possam ser sentidos. Alguém que seja acusado de violar ou, quando menos, de ameaçar violar normas jurídicas tem o direito de se defender amplamente. Neste sentido e considerando a ressalva que diz com relação ao contraditório no sentido de participação, de cooperação, de colaboração, a ampla defesa desempenha, na CF, o papel que tradicionalmente era reservado para o contraditório, quase que confundido, desta forma, com a ampla defesa.
 Princípio do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório: 
ADMINISTRATIVO. PENA DE CENSURA APLICADA A MAGISTRADO NO BOJO DE JULGAMENTO DE REPRESENTAÇÃO. PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. NÃO RESPEITADOS. NECESSÁRIO PRÉVIO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. PREVISÃO EXISTENTE NO REGIMENTO INTERNO DO TRIBUNAL A QUO. 1. Para a aplicação de pena disciplinar, é imprescindível o prévio procedimento administrativo, por meio do qual sejam obedecidos os princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório. 2. A apresentação de meras informações acerca dos fatos narrados na Representação não pode ser considerada como apta a configurar o devido respeito aos princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório, uma vez que, para tanto, imprescindível teria sido possibilitar, no mínimo, a utilização de todos os meios de prova permitidos em direito. 3. O processo de sindicância, desde que utilizado como meio único para a apuração e aplicação de penalidades disciplinares, deve, obrigatoriamente, observar os princípios da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal. 4. Recurso ordinário em mandado de segurança conhecido e provido. (RECURSO EM MS Nº25.030-MS 2007/0207864-8. REL. MIN LAURITA VAZ, J. 06.09.2011, T5, STJ)
Princípio da publicidade (Fredie Didier Jr): Processo devido é processo público (...) Trata-se de direito fundamental que tem, basicamente, duas funções: a) proteger as partes contra juízos arbitrários e secretos (e, nesse sentido, é conteúdo do devido processo legal, como instrumento a favor da imparcialidade e independência do órgão jurisdicional); b) permitir o controle da opinião pública sobre os serviços da justiça, principalmente sobre o exercício da atividade jurisdicional. Essas duas funções revelam que a publicidade processual tem duas dimensões: s) interna: publicidade para as partes. Bem ampla, em razão do direito fundamental ao processo devido; b) externa: publicidade para os terceiros, que pode ser restringida em alguns casos.
Princípio da duração razoável do processo (Fredie Didier Jr): A EC 45/04, que reformou constitucionalmente o Poder Judiciário, incluiu o inciso LXXVIII no art.5º da CF/88: “ a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.” A mesma emenda constitucional acrescentou a alínea “e” ao inciso II do artigo 93 da CF/88, estabelecendo que “não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê0los ao cartório sem o devido despacho ou decisão.” Processo devido é, pois, processo com duração razoável.
Duração razoável e celeridade (Fredie Didier Jr): Não existe um princípio da celeridade. O processo não tem de ser rápido/ célere: o processo deve demorar o tempo necessário e adequado à solução do caso submetido ao órgão jurisdiconal. Bem pensadas as coisas, conquistou-se, ao longo da história, um direito à demora na solução dos conflitos. A partir do momento em que se reconhece a existência de um direito fundamental ao devido processo, está-se reconhecendo, implicitamente, o direito de que a solução do caso deve cumprir, necessariamente, uma série de atos obrigatórios, que compõem o conteúdo mínimo desse direito. A exigência do contraditório, o direito à produção de provas e aos recursos certamente atravancam a celeridade, mas são garantias que não podem ser desconsideradas ou minimizadas. É preciso fazer o alerta, para evitar discursos autoritários, que pregam a celeridade como valor, Os processos da inquisição poderiam ser rápidos. Não parece, porém, que se sinta saudade deles.
Princípio da igualdade (Sidnei Amendoeira Jr): Já, com relação ao princípio da igualdade, o que sempre imperou era que “as partes e os procuradores devem merecer tratamento igualitário, para que tenham as mesmas oportunidades de fazer valer em juízo as suas razões.” No entanto, todos sabemos que nem sempre as partes são iguais e que não basta que a lei trate a todos da mesma forma para assegurar uma igualdade; desse modo estaríamos diante de uma igualdade meramente formal. É preciso mais, que as partes, atinja o equilíbrio. Note-se, então, que se o princípio da igualdade corresponde a tratar desigualmente os desiguais, para que isso ocorra não basta o juiz formalmente oferecer oportunidades iguais de defesa e participação para as partes; deve ele ir além e diretamente participar, por exemplo, da colheita da prova, determinando a sua produção ex officio, ainda que esteja diante de direito disponíveis.
Princípio da eficiência (Fredie Didier Jr): O processo, para ser devido, há de ser eficiente. O princípio da eficiência, aplicado ao processo, é um dos corolários da cláusula geral do devido processo legal. Realmente, é difícil conceber como devido um processo ineficiente (...) Ele resulta, ainda, da incidência do art.37, caput, da CF/88. Esse dispositivo também se dirige ao Poder Judiciário- como indica, aliás, a literalidade do enunciado, que fala em “qualquer dos Poderes”. Assim, o princípio do processo eficiente é resultado de uma combinação de dois dispositivos da CF: art.5º, LIV, e art.37, caput.
Princípio da efetividade (Fredie Didier Jr): Da cláusula geral do devido processo lega- podem ser extraídostodos os princípios que regem o direito processual, conforme visto. Dela também se extrai o princípio da efetividade: os direitos devem ser, além de reconhecidos, efetivados. Processo devido é processo efetivo. O princípio da efetividade garante o direito fundamental à tutela executiva, que consiste “na exigência de um sistema completo de tutela executiva, no qual existam meios executivos capazes de proporcionar pronta e integral satisfação a qualquer direito merecedor de tutela executiva.
Princípio da cooperação (Fredie Didier Jr): Os princípio do devido processo legal, da boa-fé processual e do contraditório, juntos, servem de base para o surgimento de um outro princípio do processo: o princípio da cooperação. O princípio da cooperação define o modo como o processo civil deve estruturar-se no direito brasileiro. Esse modelo caracteriza-se pelo redimensionamento do princípio do contraditório, com a inclusão do órgão jurisdicional no rol dos sujeitos do diálogo processual, e não mais como mero espectador do duelo das partes. O contraditório volta a ser valorizado como instrumento indispensável ao aprimoramento da decisão judicial, e não apenas como uma regra formal que deveria ser observada para que a decisão fosse válida. A condução do processo deixa de ser determinada pela vontade das partes (marca do processo liberal dispositivo). Também não se pode afirmar que há uma condução inquisitorial do processo pelo órgão jurisdicional, em posição assimétrica em relação às partes. Busca-se uma condução cooperativa do processo, sem destaques a algum dos sujeitos processuais.
Princípio da cooperação (Cassio Scarpinella Bueno): A doutrina brasileira mais recente, fortemente influenciada pela estrangeira, já começa a falar em “princípio da cooperação”, uma específica faceta- quiçá uma (necessária) “atualização”- do princípio do contraditório, entendendo tal princípio como um necessário e constante diálogo entre o juiz e as partes, preocupados, todos, com o proferimento de uma melhor decisão para a lide. Neste sentido, o princípio da cooperação pode ser entendido como o princípio do contraditório, inserido no ambiente dos direitos fundamentais, que hipertrofia a tradicional concepção dos princípios jurídicos como meras garantias dos particulares contra eventuais abusos do Estado na sua atuação concreta. E por isto mesmo é que ele convida a uma renovada reflexão do próprio princípio do contraditório.
 Princípios do devido processo legal, boa-fé, efetividade, contraditório, cooperação e confiança
“(...) 3. O processo civil moderno vem reconhecendo- dentro da cláusula geral do devido processo legal- diversos outros princípios que o regem- como a boa-fé processual, efetividade, o contraditório, cooperação e a confiança, normativos que devem alcançar não só as partes, mas também a atuação dp magistrado, que deverá fazer parte do diálogo processual. (...)” –RESP 1229905/MS, REL. MIN. LUIS FELIPE SALOMÃO, T4, J. 05.08.2014.
REVISÃO 11.03.2015
JURISDIÇÃO
Conceito (Fredie Didier Jr): A jurisdição é a função atribuída a terceiro imparcial (a) de realizar o Direito de modo imperativo (b) e criativo (c), reconhecendo/ efetivando/ protegendo situações jurídicas (d) concretamente deduzidas (e), em decisão insuscetível de controle externo (f) e com aptidão para tornar-se indiscutível (g).
Conceito (Cássio Scarpinella Bueno): A jurisdição pode ser entendida como a função do Estado destinada à solução imperativa, substitutiva e com ânimo de definitividade de conflitos intersubjetivos e exercida mediante a atuação do direito em casos concretos. Tal exercício de atuação do Estado, contudo, não se limita à declaração de direitos, mas também à sua realização concreta, prática, com vistas à pacificação social.
A imperatividade da jurisdição (Cassio Scarpinella Bueno): Como desdobramento necessário da afirmação do parágrafo anterior, aliado à circunstância de que a jurisdição é manifestação do poder do Estado- do “dever-poder” do Estado Democrático de Direito, à luz do modelo de Estado adotado que a CF/88 impôs no caso brasileiro-, a substitutividade da jurisdição leva, necessariamente, à compreensão de sua imperatividade. O Estado-juiz, para realizar suficiente e adequadamente o objetivo maior de pacificar os litigantes, imporá o resultado que, mediante o devido processo, entender aplicável ao caso, independentemente da concordância dos litigantes. Houvesse qualquer ânimo de espontaneidade à submissão da atividade jurisdicional, a seus resultados e a seus efeitos e, certamente, não haveria razão para tratar do direito processual civil como ramo do direito público, como uma das funções do Estado. A atuação jurisdicional, toda ela, é ato de autoridade, devidamente constituída e, como tal, deve ser acatada, deve ser observada na exata medida em que ela tenha aptidão de surtir seus regulares efeitos. Os litigantes, desta forma, devem se sujeitar ao que for decidido. Caso não o façam, o próprio Estado-juiz poderá lançar mão de determinados atos voltados precipuamente para tanto.
A função jurisdicional como manifestação de Poder (Fredie Didier Jr): A jurisdição é manifestação de um Poder e, portanto, impõe-se imperativamente, aplicando o Direito a situações concretas que são submetidas ao órgão jurisdicional. Ao lado da função legislativa e da função administrativa, a função jurisdicional compõe o tripé dos poderes estatais. Embora monopólio do Estado, a função jurisdicional não precisa necessariamente ser exercida por ele. O próprio Estado pode autorizar o exercício da função jurisdicional por outros agentes privados, como no caso da arbitragem, mais adiante examinado.
A imutabilidade da jurisdição (Cassio Scarpinella Bueno): Uma vez prestada a atividade jurisdicional, substituída a vontade e os interesses dos litigantes pela “vontade funcional” e pelo interesse do próprio Estado- interesse (dever) de pacificar a sociedade-, imposta se for o caso, a solução no caso concreto- como consequência do monopólio da força física-, a atividade jurisdicional tende a se tornar imutável no sentido de impedir que ela seja rediscutida por quem quer que seja, inclusive pelo próprio Estado-juiz. É este o “selo” de imutabilidade de determinadas decisões proferidas pelo Estado-juiz no âmbito da função-, que é chamado de “coisa julgada material” ou, neste contexto de “coisa julgada”, que tem previsão expressa no art.5º, XXXVI, da CF.
A inevitabilidade da jurisdição (Cassio Scarpinella Bueno): Por “inevitabilidade da jurisdição” deve ser entendida a circunstância de não ser legítimo recusar-se a atividade jurisdicional a nenhum título. Desde que ela seja provocada (...), sua atuação e a imperatividade da solução daí decorrente é inevitável. É esta faceta interessante de ser colocada em destaque a partir da compreensão do art.5º, XXXV, da CF.
Indelegabilidade (Fredie Didier Jr): O exercício da função jurisdicional não pode ser delegado. Não pode o órgão jurisdicional delegar funções a outro sujeito. Essa vedação se aplica integralmente no caso de poder decisório: não é possível delegar o poder decisório a outro órgão, o que implicaria derrogação de regra de competência, em violação à garantia do juiz natural. Há, porém, hipóteses em que se autoriza a delegação de outros poderes judiciais, como o poder instrutório, o poder diretivo do processo e o poder de execução das decisões.
Inafastabilidade (Fredie Didier Jr): Prescreve o inciso XXXV, do art.5º da CF: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Trata, o dispositivo, da consagração, em sede constitucional, do direito fundamental de ação, de acesso ao Poder Judiciário, conquista histórica que surgiu a partir do momento em que, estando proibida a autotutela privada, assumiu o Estado o monopólio da jurisdição. Ao criar um direito, estabelece-se o dever- que é do Estado: prestar a jurisdição. Ação e jurisdição são institutos que nasceram um para o outro.
Territorialidade (Fredie Didier Jr): Os magistrados só têm autoridade nos limitesterritoriais do seu Estado; ou seja, nos limites do território da sua jurisdição. A jurisdição, como manifestação da soberania, exerce-se sempre em um dado território. É com base neste princípio que surge a necessidade de as autoridades judiciárias cooperarem entre si, cada uma ajudando a outra no exercício da atividade jurisdicional em seu território. Surgem as cartas, como atos de comunicação entre órgãos jurisdicionais: a maior parte dos atos de interesse ao processo, que devam ser praticados fora dos limites territoriais em que o juiz exerce a jurisdição, dependerá da cooperação do juiz do lugar. Eis as cartas precatórias (juízes de mesma hierarquia no mesmo país) e rogatórias (juízes de países diversos), conforme o caso.
Jurisdição voluntária e contenciosa (Humberto Theodoro Jr): A jurisdição civil, aquela que é regulada pelo direito processual civil, compreende, segundo o art.1º do CPC, a jurisdição contenciosa e a jurisdição voluntária. Jurisdição contenciosa é a jurisdição propriamente dita, isto é, aquela função que o Estado desempenha na pacificação ou composição dos litígios. Pressupõe controvérsia entre as partes (lide), a ser solucionada pelo juiz. Mas ao Poder Judiciário são, também, atribuídas certas funções em que predomina o caráter administrativo e que, são desempenhadas sem o pressuposto do litígio. Trata-se da chamada jurisdição voluntária, em que o juiz apenas realiza gestão pública em torno de interesses privados, como se dá nas nomeações de tutores, nas alienações de bens de incapazes, na extinção do usufruto ou do fideicomisso etc.
Procedimentos de jurisdição voluntária no NCPC: 
Art.719- Quando este Código não estabelecer procedimento especial, regem os procedimentos de jurisdição voluntária as disposições constantes desta Seção.
Art.720- O procedimento terá início por provocação do interessado, do MP ou da Defensoria Pública, cabendo-lhes formular o pedido devidamente instruído com os documentos necessários e com a indicação da providência judicial.
(...) 7. O exercício da jurisdição, função estatal que busca composição de conflitos de interesse, deve observar certos princípios, decorrentes da própria organização do Estado moderno, que se constituem em elementos essenciais para a concretude do exercício jurisdicional, sendo que dentre eles avultam: inevitabilidade, investidura, indelegabilidade, inércia, unicidade, inafastabilidade e aderência. (...) (STJ- RESP 1.168.547/RJ, REL. MIN. LUIS FELIPE SALOMÃO, T4, J.11.05.2010)
REVISÃO 25.03.2015
AÇÃO
Teoria imanentista (civilista): O direito de ação é considerado o próprio direito material em movimento, reagindo a uma agressão ou uma ameaça de agressão (aspecto dinâmico). O direito de ação seria algo imanente, característica própria do direito material (civil) lesado. É a primeira das teorias que se invoca ao estudar o direito de ação, calcada na ideia de que não haveria direito de ação sem direito material, tendo sido Savigny seu maior defensor. Couture aponta que a essa ideia também deu desenvolvimento a doutrina francesa.
Teoria concreta da ação: Surgiu na esteira da polêmica entre Windscheid e Müther, um estudo que sepultou de uma vez por todas a teoria imanentista, sendo também conhecida como “teoria do direito concreto de ação”, criação de Wach, na Alemanha. Para seus defensores, o direito de ação é um direito do indivíduo contra o Estado (com o objetivo de uma sentença favorável) e, ao mesmo tempo, um direito contra o adversário (que estará submetido à decisão estatal e aos seus efeitos jurídicos), separando o direito em 2 (dois) planos, o substancial e o processual.
Teoria abstrata do direito de ação: Também chamada de “teoria da ação em sentido abstrato”, foi criada pelo alemão Degenkolb e pelo húngaro Plósz, os quais procuraram um fundamento para a ação, desvinculado e independente de qualquer direito anterior. Apoiavam Büllow quanto à autonomia do processo como relação jurídica diversa daquela submetida ao órgão jurisidicional. A ideia principal foi a de incorporar o entendimento assimilado pela “teoria concreta” de que direito de ação e direito material não se confundiam, mantendo a autonomia entre esses 2(dois) direitos e também afirmando que o direito de ação é independente do direito material, podendo existir o primeiro sem que exista o segundo.
Teoria eclética: Tem Liebman seu criador, consistindo, por conta do fato de o mestre italiano ser um dos muitos adeptos do abstrativismo, num desenvolvimento da teoria abstrata com alguns temperamentos. Aqui, o direito de ação existe de forma autônoma e independente em relação ao direito material, subordinando-se, porém, à existência das condições da ação, sem a existência dos quais não há ação, verdadeiramente. Em suma, seria, a ação, o direito a um julgamento de mérito, sendo que esse julgamento de mérito só ocorreria no caso preenchidos de forma a possibilitar ao juiz a análise da pretensão do autor.
Teoria da asserção ou da prospecção (in status assertionis): Surgida em tempos mais recentes, a teoria da asserção pode ser considerada uma teoria intermediária entre a “abstrata” e a “eclética”. Para seus defensores, sendo possível ao juiz, mediante “cognição sumária”, perceber a ausência de uma ou mais condições da ação, deve ser extinto o feito sem resolução do mérito, por “carência de ação” (art.267, VI, CPC), mesmo porque já teria condições desde o limiar do processo de extingui-lo, e assim evitar o desenvolvimento de atividade inútil (princípio da economia processual). Por outro lado, caso o juiz precise no caso concreto de “cognição mais aprofundada” para então decidir sobre a presença das condições da ação, não mais haverá tais condições da ação, que passarão a ser entendidas como matéria de mérito. Aquilo que poderia ter sido, no início do processo, uma condição da ação, passa a ser matéria de mérito, gerando sentença de rejeição do pedido do autor (art.269, I, CPC), com a geração de coisa julgada material.
Análise das condições da ação à luz da petição inicial: “(...)2. O entendimento desta Corte Superior é pacífico no sentido de que as condições da ação, incluindo a legitimidade ad causam, devem ser aferidas in status assertionis, ou seja, à luz exclusivamente da narrativa constante na petição inicial. 3. Agravo regimental não provido. (STJ-AgRg no AREsp 655.283/RJ, Rel. Ministro Luis Salomão, 4ªT, julgado em 10.03.2015, DJe 18.03.2015).”
A ação e o Código Buzaid- Marinoni e Mitidiero: “O Código Buzaid positivou entre nós a teoria eclética da ação, formulada por Enrico Tullio Liebman, para quem a ação é um direito ao processo e a um julgamento de mérito. Essa opção legislativa teve, no mínimo, três grandes consequências: a) no plano das questões a dialogar e a decidir (plano horizontal da cognição), erigiu um trinômio de questões: questões relativas ao processo (os chamados pressupostos processuais ou como preferimos, os requisitos para concessão da tutela jurisdicional do direito), questões relativas à ação (as condições da ação) e questões relativas ao mérito da causa; b) no plano da estruturação do processo, fez da ação direito a um julgamento de mérito (daí a razão pela qual a antiga redação do art.463, CPC, referia que, prolatada a sentença de mérito, o juiz “cumpre e acaba o ofício jurisdicional”, deflagrado pelo exercício da ação), e c) no prazo da eficácia das ações e das sentenças de procedência no Processo de Conhecimento, concebeu apenas três espécies: declaratórias (positivas e negativas), constitutivas (positivas e negativas) e condenatórias, sendo que eventual satisfação do direito declarado na sentença, sendo necessária, deveria ser pleiteada em um processo posterior e autônomo, o Processo de Execução.”
Direito de ação x Ação- Fredie Didier Jr.: “Direito de ação é o direito fundamental (situação jurídica, portanto) composto por um conjunto de situações jurídicas, que garantem ao seu titular o poder de acessar os tribunais e exigir deles uma tutela jurisdicional adequada, tempestiva e efetiva. É direito Fundamental queresulta da incidência de diversas normas constitucionais, como os princípios da inafastabilidade da jurisdição e do devido processo legal (...). Ação é um ato jurídico. Trata-se do exercício do direito de ação- por isso, pode ser chamada também de ação exercida. A ação também é conhecida como demanda- termo preferível, para evitar incompreensões. Trata-se de ato jurídico importantíssimo, pois, além de ser o fato gerador do processo, define o objeto litigioso, fixando os limites da atividade jurisdicional (...).”
Rompimento da inércia da jurisdição- Cassio Scarpinella Bueno: “A ação é dirigida contra o Estado e é o Estado que, reconhecendo a existência do direito que se afirma existente- e basta isto para o rompimento da inércia da jurisdição (v.infra)_, impõe o resultado de sua atuação, vale dizer, a tutela jurisdicional perante o réu, em face dele.”
Condições da ação- Fredie Didier Jr.: “O Código de Processo Civil brasileiro adotou a concepção eclética sobre o direito de ação, segundo o qual o direito de ação é o direito ao julgamento do mérito da causa, julgamento esse que fica condicionado ao preenchimento de determinadas condições, aferíveis à luz da relação jurídica material deduzida em juízo. São as chamadas condições da ação, desenvolvidas na obra de Enrico Tullio Liebman, processualista italiano cujas lições exercem forte influência na doutrina brasileira. Seriam elas a legitimidade ad causam, o interesse de agir e a possibilidade jurídica do pedido.”
Condições da ação- Cassio Scarpinella Bueno: “O direito de ação é condicionado, isto é, o seu exercício depende da ocorrência de determinadas condições que garantem a regularidade de seu exercício. Há acirrada crítica em sede de doutrina sobre a existência das “condições da ação” e, mais do que isto, sobre sua utilidade. Negar a existência de condições da ação no direito processual civil brasileiro, contudo, é recusar aplicação às regras pertinentes do CPC. O art.3º, o art.301,X, e, em especial, o art.267,VI, e os incisos II e III do art.295, bem assim o inciso III do parágrafo único do mesmo dispositivo referem-se expressamente àquela categoria processual ou, quando menos, às condições da ação” isoladamente consideradas.”
Condições da ação- finalidade- Cassio Scarpinella Bueno: “As condições da ação, entendidas neste contexto do “modelo constitucional do processo civil”, têm como finalidade precípua a de evitar desperdício de tempo e de atividade jurisdicional, racionalizando sua prestação com vistas à concessão da tutela jurisdicional. A opção política feita pelo CPC brasileiro ao disciplinar as “condições da ação” encontra fundamento suficiente no art.5º, LXXVIII, e mais amplamente, antes dele no princípio do devido processo legal do inciso LIV do mesmo art.5º, ambos da Constituição Federal (...): as condições da ação são técnicas para implementar maior celeridade processual e, mais amplamente, para a racionalização do exercício da própria atividade judicial, permitindo uma escorreita atuação jurisdicional.” 
 Novo CPC
Art.17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.”
Art.18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.
Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como assistente litisconsorcial.
Art.19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:
da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;
da autenticidade ou da falsidade de documento.
Art.20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.
REVISÃO 08.04.2015
PROCESSO
Conceito- Humberto Theodoro: “Para exercer a função jurisdicional, o Estado cria órgãos especializados. Mas estes órgãos encarregados da jurisdição não podem atuar discricionária ou livremente, dada a própria natureza da atividade que lhes compete. Subordinam-se, por isso mesmo, a um método ou sistema de atuação, que vem a ser o processo.”
Processo sob o enfoque da Teoria da Norma Jurídica- Fredie Didier Jr: “Sob o enfoque da Teoria da Norma Jurídica, processo é o método de produção de normas jurídicas. O poder de criação de normas (poder normativo) somente pode ser exercido processualmente. Assim, fala-se em processo legislativo (produção de normas gerais pelo Poder Legislativo), processo administrativo (produção de normas gerais e individualizadas pela Administração) e processo jurisidcional (produção de normas pela jurisdição). É possível, ainda, conceber o processo negocial, método de criação de normas jurídicas pelo exercício da autonomia privada. Para esse livro, importa destacar a concepção de processo como método de exercício da jurisdição. Sob esse enfoque, o conceito de processo pertence à Teoria do Direito, para além da Teoria do Processo, que de resto é um excerto daquela.”
Processo sob a perspectiva da Teoria do Fato Jurídico )ato jurídico complexo- procedimento)- Fredie Didier Jr: “O processo sob a perspectiva da Teoria do Fato Jurídico é uma espécie de ato jurídico. Examina-se o processo a partir do plano da existência dos fatos jurídicos. Trata-se de um ato jurídico complexo. Processo, neste sentido, é sinônimo de procedimento. Trata-se de ato jurídico “cujo suporte fáctico é complexo e formado por vários atos jurídicos. (...) No ato-complexo há um ato final, que o caracteriza, define a sua natureza e lhe dá a denominação e há o ato ou os atos condicionantes do ato final, os quais, condicionantes e final, se relacionam entre si, ordenadamente no tempo, de modo que constituem partes integrantes de um processo, definido este como um conjunto ordenado de atos destinados a um certo fim.”
Processo sob a perspectiva da Teoria do Fato Jurídico (relação jurídica)- Fredie Didier Jr.: “Ainda de acordo com a Teoria do Fato Jurídico, o processo pode ser encarado como efeito jurídico; ou seja, pode-se encará-lo pela perspectiva do plano da eficácia dos fatos jurídicos. Neste sentido, processo é o conjunto das relações jurídicas que se estabelecem entre os diversos sujeitos processuais (partes, juiz, auxiliares da justiça etc). Essas relações jurídicas processuais formam-se em diversas combinações: autor-juiz, autor-réu, autor-perito, juiz- órgão do MP etc.”
Processo como procedimento- Daniel Amorim Assumpção Neves: “Tecnicamente, nem se pode conceber a existência de uma teoria do processo na época imanentista, em virtude da negação da autonomia do processo diante do direito material. De qualquer forma, a essa época, entendido o direito de ação como o próprio direito material reagindo a uma agressão ou a uma ameaça de agressão, o processo era confundido com o procedimento, imaginando-se que os atos processuais praticados durante essa reação perante o Poder Judiciário, e que formavam o procedimento necessário para a efetiva proteção do direito material, representassem o processo. É evidente que a partir do momento em que se reconheceu a autonomia da ciência processual, superando-se a teoria imanentista da ação, o entendimento de que o processo seja somente o procedimento perde seus defensores, passando a ter relevância meramente histórica.”
Processo como contrato- Daniel Amorim Assumpção Neves: “Na tentativa de enquadrar o processo em fenômenos jurídicos privados, a teoria do processo como contrato teve muita força nos séculos XVIII e XIX, fundada em texto de Ulpiano. O fundamento principal dessa teoria tinha como ponto de partida em geral o direito romano formular, e em especial a litiscontestatio, que representava a concordância das partes em sofrer os efeitos da demanda. Em época na qual o Estado ainda não era forte suficiente para intervir na vida dos cidadãos, tudo dependia da concordância dos sujeitos envolvidos no conflito de se sujeitarem a tutela prestada, acatando o respectivo julgamento. Esse acordo de vontade das partes representado pela litiscontestatio romana fez com que os defensores da teoria ora analisadaentendessem pela existência de um negócio jurídico de direito privado, concluindo-se a partir dessa premissa que o processo seria um contrato. Atualmente, a teoria guarda importância meramente histórica porque a ideia de sujeição das partes ao processo e a seus resultados é um dos princípios da jurisdição, (...) não havendo contemporaneamente nada nem parecido com a antiga litiscontestatio.”
Processo como um quase contrato- Daniel Amorim Assumpção Neves: “Ainda sob a ótica privatista, no século XIX o francês Arnaut de Guényvau cria a teoria do processo como quase contrato. Necessitando descobrir uma natureza jurídica de direito privado ao processo e não se aceitando tratar-se de um contrato, nem de um delito, a única saída viável seria entendê-lo como um quase contrato. A fragilidade do raciocínio fez com que a teoria fosse logo abandonada.”
Processo como relação jurídica- Daniel Amorim Assumpção Neves: “A doutrina credita a Oskar Von Bullow, em sua obra Teoria dos pressupostos processuais e das exceções dilatórias, o mérito por retirar o processo do âmbito privatista, finalmente alcançando-o ao âmbito publicista, em que até hoje se encontra.(...) Para Bullow, a relação de direito material é o objeto de discussão no processo, enquanto a relação de direito processual é a estrutura por meio da qual essa discussão ocorrera. A diferença nítida entre os dois planos permitiu ao doutrinador perceber que, em seus três elementos essenciais, a relação jurídica processual não se confunde com a relação jurídica material. Observou diferenças nos sujeitos que dela participam, dos seus objetos e de seus requisitos formais (para a relação processual chamou-os de pressupostos processuais, em consagrada nomenclatura até os dias atuais acolhida). A existência no processo de múltiplos e variados liames jurídicos entre o Estado-juiz e as partes, criando a esses sujeitos a titularidade de situações jurídicas a exigir uma espécie de conduta ou a permitir a prática de um ato, representaria a relação jurídica processual. Segundo forte entendimento da doutrina nacional essa corrente é até os dias atuais a mais aceita, entendendo-se o processo como a relação jurídica de direito processual, exteriorizada por meio do procedimento.”
Processo como situação jurídica- Daniel Amorim Assumpção Neves: “Crítico ferrenho da teoria do processo como relação jurídica, James Goldschimidt criou a teoria do processo como situação jurídica. O processo para essa corrente de pensamento tem um dinamismo que transforma o direito objetivo, antes estático, em meras chances, representadas por simples possibilidades de praticar atos que levem ao reconhecimento do direito, expectativas da obtenção desse reconhecimento, perspectivas de uma sentença favorável e os ônus representados pelos encargos de assumir determinadas posturas como forma de evitar a derrota. Justamente essa sucessão de diferentes situações jurídicas, capazes de gerar para os sujeitos deveres, poderes, ônus, faculdades e sujeições, representava a natureza jurídica do processo.”
Processo como procedimento em contraditório- Daniel Amorim Assumpção Neves: “O mais recente processualista a criticar a teoria do processo como relação jurídica foi Elio Fazzalari, com a ideia de módulo processual. Defende que o procedimento contém atos interligados de maneira lógica e regidos por determinadas normas, sendo que o posterior, também regido por normas, dependerá do anterior, e entre eles se formará um conjunto lógico com um objetivo final. Para a prática de cada ato deve-se permitir a participação das partes em contraditório, sendo justamente essa paridade simétrica de oportunidades de participação a cada etapa do procedimento que o torna um processo. O doutrinador italiano afirma que o processo é uma espécie do gênero contraditório. No Brasil, existem doutrinadores a defender tal tese.”
Características da relação jurídica de direito processual: 
autonomia
complexidade
dinamismo
unidade
natureza pública
A relação jurídica de direito processual é autônoma quando comparada com a relação jurídica de direito material, significando que, mesmo não existindo a segunda, existirá a primeira. Julgado improcedente o pedido do autor, declara-se que o direito material alegado na petição inicial não existe, o que, entretanto, não afeta a existência da relação jurídica formada por ele, o réu e o juiz. É a consagração do entendimento que afasta a teoria imanentista e a teoria do direito concreto de ação.
A complexidade da relação jurídica de direito processual é decorrência das inúmeras e sucessivas situações jurídicas que se verificam durante o trâmite procedimental. As partes têm ônus, faculdades, direitos, deveres e estão em estado de sujeição, enquanto o juiz atua com poderes e deveres. A cada momento procedimental os sujeitos que compõem a relação jurídica processual atuam exercendo essas situações jurídicas passivas e ativas, o que naturalmente torna essa relação jurídica complexa.
Diferentemente das relações de direito material, que em regra são instantâneas, a relação jurídica processual é continuada, desenvolvendo-se durante o tempo. Ainda que atualmente esse tempo venha sendo exagerado na maioria das demandas em nosso país, é impossível imaginar um processo instantâneo sem ofensa aos princípios processuais. Dessa maneira, existe uma continuidade da relação jurídica processual que envolve um dinamismo porque esse desenvolvimento faz com que o procedimento caminhe rumo ao seu final durante certo lapso temporal. A atuação dos sujeitos processuais torna dinâmica a relação jurídica processual.
Por unidade da relação jurídica processual entende-se que os atos praticados pelos sujeitos processuais estão todos interligados de forma lógica, dependendo o posterior de como foi o anterior, o que forma a unidade. Praticado o ato dependerá de como esse primeiro foi praticado; o reconhecimento da incompetência absoluta, a emenda da petição inicial, seu indeferimento, julgamento de improcedência liminar ou determinação de citação do réu, são atos que dependerão de como foi praticado o ato da petição inicial.
Tem, natureza pública a relação jurídica de direito processual em razão da participação do juiz, como representante do Estado. Não só a participação do Estado-juiz na relação jurídica processual, mas também seu interesse na boa prestação jurisdicional, que afinal é uma aspiração da coletividade, tornam indiscutível a natureza pública dessa relação jurídica. Não se discute atualmente ser processo instituto de direito público.
REVISÃO 15.04.2015
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
Pressupostos processuais- Daniel Amorim Assumpção Neves: “Diz o art.104, CC que a validade do NJ requer: a) agente capaz; b) objeto lícito, possível, determinado ou determinável; c) forma prescrita ou não defesa em lei. Pode-se afirmar que são esses os requisitos mínimos de validade de uma relação jurídica de direito material. No campo do processo, a relação jurídica processual também tem seus requisitos de validade e de existência, chamados de pressupostos processuais. Trata-se de matérias preliminares, essencialmente ligadas a formalidades processuais, que devem ser analisadas antes de o juiz enfrentar o pedido do autor.”
Pressupostos processuais e Oskar Von Büllow- Fredie Didier Jr: “O desenvolvimento teórico da categoria “pressupostos processuais” deve-se a Oskar Von Büllow e tem origem na identificação do processo como relação jurídica distinta daquela que constitui o seu objeto. Assim como o reconhecimento da relação jurídica deduzida (a cujo respeito discutem os litigantes) pressupõe a verificação de certos fatos, “também o surgimento da relação jurídica processual, analogamente, depende da presença de determinados elementos, que condicionam, em termos globais, a existência. Tais seriam os pressupostos processuais.”
Pressupostos processuais como requisitos de existência e validade do processo- Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero: “Nossa legislação refere que se extingue o processo, sem resoluçãodo mérito, “quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo” (art.267, IV, CPC), “quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada” (art.267, V, CPC) e “pela convenção de arbitragem” (art.267, VII, CPC). Arrola o legislador nesses casos os chamados pressupostos processuais.”
Pressupostos processuais e requisitos de validade- Fredie Didier Jr: “Costuma-se falar em pressupostos de existência e de validade. A terminologia merece uma correção técnica. Pressuposto é aquilo que precede ao ato e se coloca como elemento indispensável para a sua existência jurídica; requisito é tudo quanto integra a estrutura do ato e diz respeito à sua validade (...). Assim, é mais técnico falar em requisitos de validade, em vez de “pressupostos de validade”. “Pressupostos processuais” é denominação que se deveria reservar apenas aos pressupostos de existência. Sucede que “pressupostos processuais” é expressão consagrada na doutrina, na lei (vide inciso IV do art.267 do CPC) e na jurisprudência. É possível, assim, falar em “pressupostos processuais” lato sensu, como locução que engloba tanto os requisitos de validade como os pressupostos processuais stricto sensu (somente aqueles concernentes à existência do processo). A utilização da expressão “pressupostos processuais” indica referência aos pressupostos processuais amplamente considerados.”
Pressupostos processuais e Processo justo- Luiz Guilher Marinoni e Daniel Mitidiero: “São condições para concessão da tutela jurisdicional do direito em atenção à necessidade do processo justo o pedido de tutela jurisdicional, a capacidade para ser parte, a investidura do juiz na jurisdição, a sua imparcialidade, a sua competência absoluta, a observância do procedimento adequado, a forma geral dos atos processuais, a inexistência de perempção, de litispendência, de coisa julgada e de convenção de arbitragem. A inobservância de quaisquer desses pressupostos impede o julgamento de mérito pelo juiz (art.267, IV, V e VII, CPC).”
Requisitos de validade do processo- Fredie Didier Jr: “Como todo ato jurídico, o procedimento também tem os seus requisitos de validade: a forma do ato deve ser respeitada bem como os sujeitos (juiz e partes) hão de ser capazes. O desatendimento dos requisitos de validade de um ato jurídico processual isolado não inviabiliza, a princípio, todo o procedimento; pode dar azo apenas à decretação de nulidade do ato jurídico processual defeituoso. Na verdade, quando se diz “processo inválido”, está-se diante de uma consequência (invalidade) que decorre de um defeito no fato jurídico que deu causa à relação processual (demanda inicial) ou de um fato superveniente que diga respeito aos elementos daquele originário- e que impeça o prosseguimento do processo para a solução do objeto litigioso.”
Pressuposto processual de existência: jurisdição- Cassio Scarpinella Bueno: “Outro pressuposto processual aceito pela doutrina e pela jurisprudência, é o relativo à “jurisdição”. O processo para existir juridicamente deverá se desenvolver perante um órgão jurisdicional, assim entendidos os órgãos criados e admitidos como jurisdicionais pela própria Constituição Federal (art.92). Não há processo jurisdicional__ e é este que diz respeito ao desenvolvimento deste Curso__ que seja alheio à atuação, ao exercício da função jurisdicional, dos órgãos reconhecidamente jurisdicionais de acordo com o “modelo constitucional do processo civil.”
Pressuposto processual de existência: órgão investido de jurisdição_ Fredie Didier Jr: “A investidura na função jurisdicional é pressuposto de existência da relação jurídica processual e dos atos jurídicos processuais do juiz (decisões, despachos, colheita de provas, etc.). Considera-se inexistente o processo se a demanda foi ajuizada perante não-juiz e decisão prolatada por não-juiz é uma não-decisão, é apenas um simulacro a que não se pode emprestar qualquer eficácia jurídica. São não-juízes: aquele que não foi investido de jurisdição pela posse no cargo, em virtude de nomeação ou concurso; aquele que, embora tenha prestado concurso ou tenha sido nomeado, ainda não tomou posse; o magistrado aposentado ou em disponibilidade.” 
Pressuposto processual: existência de ato inicial do procedimento que introduza o objeto da decisão- Fredie Didier Jr: “O terceiro pressuposto processual é a existências de demanda, que nesse caso deve ser compreendida como continente (o ato de pedir) e não como conteúdo (aquilo que se pede). O ato de pedir é necessário para a instauração da relação jurídica processual- é o seu fato jurídico. Ao dirigir-se ao Poder Judiciário, o autor dá origem ao processo (art.263, CPC); a sua demanda delimita a prestação jurisdicional, que tem o pedido e a causa de pedir como os elementos do seu objeto litigioso. Se ato inicial não trouxer pedido (art.295, I, c/c parágrafo único, I, CPC), o caso é de extinção do processo por inadmissibilidade do procedimento, em razão de defeito do ato inicial.”
Requisito processual de validade: capacidade processual- Fredie Didier Jr: “A capacidade processual é a aptidão para praticar atos processuais independentemente de assistência e representação (pais, tutor, curador, etc), pessoalmente, ou por pessoas indicadas pela lei, tais como o síndico, administrador de condomínio, inventariante etc. (art.12, CPC). “A capacidade processual ou de estar em juízo diz respeito à prática e a recepção eficazes de atos processuais, a começar pela petição e a citação, isto é, ao pedir e ao ser citado.””
Requisito processual de validade: capacidade postulatória_ Fredie Didier Jr.: “Por fim, o último pressuposto processual relacionado às partes: a capacidade postulatória ou postulacional (ius postulandi). Já se viu que os atos processuais exigem um especial tipo de capacidade de exercício denominado de capacidade processual: não basta simplesmente a capacidade para a prática de atos materiais para que se possam praticar validamente os atos processuais, que exigem capacidade específica. Alguns atos processuais, porém, além da capacidade processual, exige, do sujeito uma capacidade técnica, sem a qual não é possível a sua realização válida. É como se a capacidade, requisito indispensável à prática dos atos jurídicos, fosse bipartida: a) capacidade processual; b) capacidade técnica. A essa capacidade técnica dá-se o nome de capacidade postulatória, Frise-se: há atos processuais que não exigem a capacidade técnica, (por exemplo, o ato de testemunhar e o ato de indicar bens à penhora); a capacidade postulatória somente é exigida para a prática de alguns atos processuais, os postulatórios (pelos quais se solicita do Estado-juiz alguma providência).
Pressuposto processual: competência- Daniel Amorim Assumpção Neves: “O tema da competência não diz respeito ao juiz, mas ao juízo. Ainda assim, é tradicionalmente incluída a competência como pressuposto processual subjetivo. Parcela da doutrina defende que a competência relativa não é pressuposto processual, porque a incompetência relativa não gera nulidade em razão de sua convalidação. Julgada a demanda antes da citação do réu, a sentença até pode ser proferida por juízo incompetente, mas esse vício não será capaz de anular a sentença. Depois da citação do réu, de duas uma, ou o réu não ingressa com a exceção de incompetência, ocorrendo prorrogação de competência, ou o réu excepciona o juiz, quando a incompetência será afastada no caso concreto.”
Requisitos processuais objetivos extrínsecos ou negativos- Fredie Didier Jr: “Os requisitos objetivos extrínsecos também são conhecidos como requisitos negativos, pois são fatos que não podem ocorrer para que o procedimento se instaure validamente. São fatos estranhos à relação jurídica processual (daí o adjetivo extrínseco), que, uma vez existentes impedem a formação válida do próprio processo (procedimento). Não se trata de simples requisito do ato jurídico processual; na verdade, é requisito de validade do próprio processo, enquanto procedimento.Conforme veremos, de acordo com a teoria das invalidades um ato pode ser defeituoso por fatos que lhes são anteriores ou contemporâneos: no caso, o ato complexo procedimento já nasce viciado por fatos que lhes antecederam. A princípio, são vícios insanáveis. Por isso, o reconhecimento da existência de algum desses fatos inexoravelmente levará à extinção do processo - salvo se disser respeito a apenas parcela da demanda (litispendência parcial, p.ex.), hipótese em que haverá inadmissibilidade parcial da causa, sem a extinção do processo, que prosseguirá em relação à parcela restante.” 
REVISÃO 22.04.2015
AÇÃO MONITÓRIA
Conceito- Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero: “O procedimento monitório foi pensado como alternativa para uma maior tempestividade do processo, podendo ser usado por quem tem prova escrita, sem eficácia executiva, do seu crédito, e pretende obter soma em dinheiro, coisa fungível ou determinado bem móvel.” 
Fundamento do procedimento monitório- Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero: “O legislador infraconstitucional concebe o procedimento monitório como técnica destinada a propiciar a aceleração da realização dos direitos e assim como instrumento capaz de evitar o custo inerente à demora do procedimento comum. Partindo da premissa de que um direito evidenciado mediante prova escrita em regra não deve sofrer contestação, o procedimento monitório objetiva, através da inversão do ônus de inexistência do direito, desestimular as defesas infundadas e permitir a tutela do direito sem as delongas do procedimento comum.”
Procedimento monitório- Luiz Guilher Marinoni e Daniel Mitidiero: “Diante da petição inicial devidamente acompanhada com a prova escrita, o juiz deve mandar expedir o mandado de pagamento ou de entrega da coisa. O devedor, no prazo de 15 dias, poderá: cumprir o mandado- caso em que ficará isento de honorários de advogado-, restar inerte ou apresentar embargos ao mandado. Não apresentados ou rejeitados os embargos, o título executivo é constituído.”
Decreto injuntivo- Daniel Amorim Assumpção Neves e Rodrigo da Cunha Lima Freire: “Verificando o juiz que a monitória deve ser admitida e que há verossimilhança- ao que tudo indica, existe o direito do credor-, proferirá o chamado “decreto injuntivo”, pronunciamento- a doutrina diverge quanto a natureza de tal pronunciamento: despacho, decisão interlocutória ou sentença?-, pelo qual ordenará a expedição de mandado monitório, que possui dupla função: citar o réu- vale registrar que a citação pode ser realizada por edital, conforme o entendimento esposado na Súmula 282, STJ, devendo o juiz, nesse caso, nomear curador especial ao revel- e ordenar o pagamento ou a entrega da coisa.”
Ação monitória em face da Fazenda Pública- Cassio Scarpinell Bueno: “A pertinência da “ação monitória” contra a Fazenda Pública é inquestionável. Nada há nas escolhas feitas pelo legislador que acarretem alguma mácula ao “modelo constitucional do direito processual civil” ou ao sistema de prerrogativas (ou, a depender do ângulo de análise da questão, dos privilégios) que as pessoas de direito público estão, desde lá, submetidas também quando atuam em juízo. É dizer, por outras palavras, nada há na “ação monitória” ou no sistema de “direito processual público” que a afaste aprioristicamente como técnica apta para satisfazer créditos retratados por documentos despidos de eficácia executiva também contra as pessoas jurídicas de direito público ou, mais amplamente, contra a Fazenda Pública (...).”
Viabilização da ampla defesa no procedimento monitório- Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero: “Não há dúvida que o procedimento monitório assegura a ampla defesa. Se a instauração de embargos fica a critério do devedor, basta perguntar qual é a natureza do procedimento dos embargos. Ou melhor, basta indagar se o procedimento dos embargos é materialmente sumário, restringindo a possibilidade da realização de determinadas alegações ou de produção de certos tipos de prova, ou se é um procedimento que permite às partes ampla oportunidade de alegação e de produção de provas. O procedimento dos embargos, diante da ausência de qualquer restrição à possibilidade de alegação ou de produção de prova, ou mesmo de qualquer indicativo que pudesse diferenciá-lo, no aspecto formal, do procedimento ordinário, não tem como deixar de obedecer aos ditames deste último. O procedimento dos embargos é de cognição plena e exauriente.
Formação do título executivo: incidência da multa do art.475-J, CPC e honorários advocatícios- Luiz Guilher Marinoni e Daniel Mitidiero: “Formado o título, tem o devedor de ser intimado para efetuar o pagamento no prazo de 15 dias. Não adimplida a obrigação, incide a multa sancionatória de 10%, honorários advocatícios e despesas processuais. A partir daí tem o credor de formular o requerimento executivo, para então se expedir o mandado de penhora e avaliação (art.475-J e 1.103, CPC).”
 Súmulas do STJ
504. “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.”
503. “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data da emissão estampada na cártula.”
384. “Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda extrajudicial de bem alienado fiduciariamente em garantia.”
339. “É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública.”
299. “É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.”
292. “A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do procedimento em ordinário.”
282. “Cabe a citação por edital em ação monitória.”
247. “O contrato de abertura de crédito em conta- corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória.”
Desnecessidade de prova robusta: “(...)1. A prova hábil a instruir a ação monitória, a que alude o art.1.102-A, CPC, não precisa, necessariamente, ser robusta, podendo ser aparelhada por documento idôneo, ainda que emitido pelo próprio credor, contanto que, por meio do prudente exame do magistrado, exsurja o juízo de probabilidade acerca do direito afirmado pelo autor.(...)” AGRG no AREsp 559.231/PE, Rel.: Min. Marco Buzzi, 4ªT, J.10.03.2015.
Necessidade do demonstrativo da evolução da dívida: “(...) 1.Para fins do art.543-C, §§7º e 8º, CPC, firma-se a seguinte tese: a petição inicial da ação monitória para cobrança de soma em dinheiro deve ser instruída com demonstrativo de débito atualizado até a data do ajuizamento assegurando-se, na sua ausência ou insuficiência, o direito da parte supri-la, nos termos do art.284, CPC. (...)” REsp 1.154.730/PE, Rel. Min. João Otávio de Noronha, 2ª Seção, J.08.04.2015.
Possibilidade do manejo da monitória para a cobrança de título executivo extrajudicial: “(...)1. De acordo com o entendimento desta Corte Superior, é possível ao credor possuidor de título executivo extrajudicial ajuizar ação monitória para a respectiva cobrabça. (...)”. AgRg no AREsp 606.420/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 3ªT, J.03.02.2015.
Necessidade de que a dívida seja líquida: “(...) 2. Obrigatoriamente, por ser requisito para a própria admissibilidade da monitória, a dívida apresentada, na inicial, há de ser líquida, sem o que nem sequer pode o Juízo expedir o competente mandato monitório. (...)” AgRg no AREsp 316.560/RS, Rel. Min. Raul Araújo, 4ªT, J.03.02.2015.
REVISÃO 06.05.2015
Ação rescisória
Conceito- Marinoni e Mitidiero: “Ação rescisória é uma ação que visa desconstituir a coisa julgada material. Tendo em conta que a coisa julgada concretiza no processo o valor segurança jurídica- substrato indelével do Estado Constitucional-, a sua propositura só é admitida em hipóteses excepcionais, devidamente arroladas de maneira taxativa pela legislação (art.485, CPC). A ação rescisória serve tanto para promover a rescisãoda coisa julgada (iudicium rescidens) como para veicular, em sendo o caso, novo julgamento da causa (iudicium rescisorium) (art.488, I, CPC).”
Pressupostos- Fredie Didier Jr.: “Para que se admita a ação rescisória, é preciso que haja, além das condições da ação e dos pressupostos processuais, a) uma decisão de mérito transitada em julgado; b) a configuração de um dos fundamentos de rescindibilidade, arrolados no art.485 do CPC e c) o prazo decadencial de 02 anos.”
Competência- Marcus Vinicius Rios Gonçalves: “A ação rescisória de sentença deve ser proposta perante o Tribunal que teria competência para julgar recurso contra ela; se de acórdão, a competência será do mesmo Tribunal que o proferiu, mas o julgamento será feito por órgão mais amplo. Por exemplo: para rescindir acórdão proferido por três desembargadores, a ação rescisória deverá ser julgada por uma turma composta por 05; se o acórdão foi proferido por cinco, a rescisória será julgada por 07.”
Objeto- Fredir Didier Jr: “A ação rescisória afigura-se cabível para desconstituir decisão de mérito transitada em julgado. Em outras palavras, não cabe, em princípio, a ação rescisória contra decisão que tenha tratado de matéria estranha ao meritum causae. Segundo esclarece José Carlos Barbosa Moreira: “tampouco é possível rescindir acórdão que julgue recurso contra decisão interlocutória (art.162,§2º) ou final (art.267), de primeiro grau ou de grau superior, sobre matéria estranha ao meritum causae.””
Pontes de Miranda: “A despeito de no art.485, CPC se falar de sentença de mérito, qualquer sentença que extinga o processo sem julgamento de mérito (art.267) e dê ensejo a algum dos pressupostos do art.485, I-X, pode ser rescindida”- Tratado da ação rescisória, 1998. P.171.
NOVO CPC
 Hipóteses de rescindibilidade:
Art.966
(...)
§2º- Nas hipóteses previstas no caput, será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça: a- nova propositura da demanda; II- admissibilidade do recurso correspondente.
Natureza- Marcus Vinicius Rios Gonçalves: “A sua natureza primordial é desconstitutiva. Isso porque toda ação rescisória tem de ter o juízo rescindente, o pedido de desconstituição total ou parcial do julgamento anterior transitado em julgado. Mas, além dele, quando for o caso, a rescisória poderá ter também o juízo rescisório, em que o tribunal proferia novo julgamento da questão anteriormente decidida, O juízo rescisório pode ter qualquer tipo de natureza: condenatória, constitutiva ou declaratória. E, sendo condenatória, pode ainda ter natureza mandamental ou executiva lato sensu.
Hipóteses de rescindibildiade- Daniel Assumpção e Rodrigo da Cunha: “Já quanto às hipóteses de rescinbilidade, são imprescindíveis as seguintes observações: 
a) I- o crime (art.316, 317 e 319, CPC) pode ser provado no processo criminal ou na própria ação rescisória, ainda que o juiz seja absolvido na esfera criminal (exceto se o motivo for negativa de autoria ou inexistência do fato- aplicação, por analogia, dos arts.935, CC e 66 do CPP); 
b) II- suspeição e incompetência relativa não ensejam rescisória; 
c) III- dolo rescisório significa o emprego de meios fraudulentos para afastar o juiz do melhor resultado do processo, como, por ex., a subtração de um documento dos autos do processo, enquanto a colusão rescisória significa o conluio fraudulento para afastar o juiz do melhor resultado para o processo.; 
d) IV- se já existe uma coisa julgada anterior, não haverá necessidade de juízo rescisório (rejulgamento da lide); 
e) V- se o texto da lei tiver interpretação controvertida não se admite a rescisória, razão pela qual também não se admite a rescisória em razão de mutação jurisprudencial (Súmula 343, STF), exceto se a matéria controvertida for constitucional (não se aplica a Súmula 343, STF); 
f) VI- há dúvidas sobre o aproveitamento da decisão de falsidade documental prolatada em ação declaratória; 
g) VII- documento novo não se conhecia ou não pôde ser usado pela parte; 
h) VIII- para alguns a palavra “confissão” deve ser substituída pela expressão “reconhecimento jurídico do pedido” e a palavra “desistência” deve ser substituída por “renúncia ao direito”, tendo em vista que o objeto da rescisão é um pronunciamento de mérito (art.269), mas Barbosa Moreira, comentários, p.142, conjuga o inciso VIII do art.485 com o inciso II do art.352, para manter a confissão e acrescentar o reconhecimento jurídico do pedido (e a confissão será apenas aquela prevista no art.348, não aquela confissão ficta do art.319- Súmula 404, TST); 
i) IX- o erro de fato deve resultar de uma leitura equivocada dos “autos” (v.g., supor que não existe comprovante de pagamento, quando o documento está presente nos autos), e não dos “atos”, como consta no Código.
Caberá rescisória da rescisória? Marcus Vinicius Rios Gonçalves: “Se a ação rescisória for julgada pelo mérito, e o acórdão padecer de algum dos vícios enumerados no art.485, CPC, será possível ajuizar rescisória da rescisória. Um exemplo: pode ocorrer que, por um equívoco, o Tribunal reconheça a existência de decadência e julgue a rescisória extinta, com julgamento de mérito. Mais tarde, se verifique que houve erro na contagem do prazo. Será possível rescindir o acórdão proferido na primeira rescisória.”
Procedimento: 
Petição inicial (arts.282 + 488, CPC). Se o caso, deve haver cumulação do rescindens (rescisão) com o rescissorium (novo julgamento da causa).
STF entende que a procuração seja originária e com poderes específicos (art.38, CPC);
Depósito de 5% sobre o valor d causa, sob pena de indeferimento da inicial, exceto União, Estados e Municípios, beneficiários da justiça gratuita.
O prazo de defesa é tarefa do relator, mas o art.491, CPC, estabelece limites (mínimo de 15 e máximo de 30 dias) dentro dos quais o prazo deverá ser estabelecido;
A revelia não produz seu efeito material, de forma que, sendo revel o réu, não haverá presunção de veracidade quanto aos fato alegados pelo autor na inicial;
Admite-se a reconvenção na rescisória. É preciso que a reconvenção também seja uma rescisória e que se trate de rescisória do mesmo julgado que já é objeto do pedido de rescisão.
Produção de provas (art.492, CPC);
Intervenção do MP;
 Suspensão da execução da decisão rescindenda e tutela antecipada (art.489, CPC).
O valor da causa em ação rescisória deverá corresponder ao da ação originária, corrigido monetariamente, ou, havendo discordância entre o valor da causa originária e o benefício econômico buscado na rescisória, prevalecerá este último. (AgRg no REsp 1430531/AL, Rel. Min. Humberto Martins, 2ª T, 25.03.2014.
REVISÃO 13.05.2015
PETIÇÃO INICIAL
Funções e efeitos da petição inicial:
A petição inicial tem duas funções:
Provocar a instauração do processo;
Identificar a demanda, decorrência natural da necessidade de menção às partes, causa de pedir e pedido.
Essa segunda característica da petição inicial- indicar os elementos da ação- gera alguns efeitos processuais:
Permite a aplicação do princípio da congruência, indicando os limites objetivos e subjetivos da sentença;
Permite a verificação de eventual litispendência, coisa julgada ou conexão, quando comparada com outras ações;
Fornece elementos para fixação da competência;
Indica desde logo ao juiz a eventual ausência de alguma das condições da ação;
Pode vir a influenciar na determinação do procedimento.
Requisitos estruturais da PI- Marinoni e Mitidiero: “O art.282, CPC, indica quais são os requisitos necessários à petição inicial que dá origem ao processo. A petição inicial, além dos denominados documentos indispensáveis à propositura da ação (art.283, CPC), deve indicar: o juiz ou tribunal, a que é dirigida; os nome, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes; o fato e os fundamentos jurídicos do pedido (causa petendi ou causa de pedir); o pedido, com suas especificações; o valor da causa; as provas com queo autor pretende demonstrar os fatos alegados e o requerimento para a citação do réu. Para que seja deferida,a petição inicial deve preencher os requisitos dos arts. 282-283, CPC, sobre não incidir em nenhum dos casos apontados no art.295, CPC.”
ADITAR: diz respeito ao fato de acrescentar mais pedido e/ou maus causa de pedir, mantendo-se incólumes o pedido e causa de pedir originariamente indicados (art.294, CPC)
MODIFICAR: equivale a alterar o pedido e/ou a causa de pedir, de uma maneira tal que o pedido e/ou a causa de pedir originários passam a ser outros (art.264, CPC).
EMENDAR: aqui, o objetivo é o de retirar incorreção da inicial, uma vez que o sistema impõe que, ao propor uma demanda, atenda a certas exigências formais. Caso não sejam satisfeitas tais exigências ou sejam realizadas de modo equivocado, a petição inicial deverá ser emendada (art.284, CPC).
COMPLETAR: significa que algo não está inteiro, é suprir uma falta, preencher uma lacuna da petição inicial. Difere de emendar, vez que a emenda se faz necessária não para preencher uma lacuna, mas para corrigir uma imperfeição cometida.
 “1- Esta Corte Superior firmou entendimento no sentido de ser a PI de mandado de segurança passível de emenda nos termos do art.284, CPC, razão por que o magistrado deve abrir prazo para que a parte promova a juntada dos documentos comprobatórios da certeza da liquidez do direito alegado, sendo que, somente após o descumprimento da diligência, poderá indeferir a inicia. 2. Precedentes: AgRg no AREsp 271.545/SP, Rel. Min. Humberto Martins, 2ªT, DJe 21.03.2013; REsp 1297948/MG, Rel. Min. Castro Meira, 2ª T, DJe 05.03.2012; e AgRg no AResp 42.270/PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª T, DJe 28.11.2011 (...)” (AgRg no Resp 1086080/AL, rel. Min Mauro Campbell Marques, 2ªT, DJe-11.12.2013)”
Petição inicial- Ação Monitória- Soma em dinheiro- Necessidade de demonstrativo do débito: “(...)1- Para fins do art.543-C, §§7º e 8º, CPC, firma-se a seguinte tese: a petição inicial da ação monitória para cobrança de soma em dinheiro deve ser instruída com demonstrativo de débito atualizado até a data do ajuizamento assegurando-se, na sua ausência ou insuficiência o direito da parte de supri-la, nos termos do art.284, CPC.” (RESp 1154730/PE, Rel. Min João Otávio de Noronha, segunda seção, 08.04.2015, DJe 15.04.2015)
Petição inicial em reclamação- Necessidade de observância dos requisitos do art.282, CPC: “(...) 1- o ajuizamento de reclamação perante o STJ pressupõe a ocorrência de qualquer das hipóteses previstas no art.105, I, “f”, da CF, que a parte deve demonstrar desde logo em sua petição inicial, atendendo aos requisitos do art.282 do CPC. 2- Determinada a emenda da peça de início, na forma do art.284 da lei processual, se o autor da ação não corrige a deficiência, impõe-se seja indeferida, extinguindo-se o processo sem a resolução do mérito. Inteligência da regra dos arts. 295, I e parágrafo único, II, c.c. art.267, I, CPC(...)” AgRg na Rcl 11.074/SP, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, 2ª Seção, julgado em 13.08.2014, DJe 26.08.2014.
Descabimento de emenda à inicial em rescisória. Ausência de enquadramento nas hipóteses do art.485, CPC: “(...) 1- Embora a jurisprudência desta Corte exija a abertura de prazo para que o autor da rescisória emende a inicial e, somente se não suprida a falha, é que poderá ser decretada a extinção do processo, no caso, a exordial foi indeferida não pela presença de deficiências que, se supridas, poderiam possibilitar o conhecimento e julgamento do mérito da ação, mas por sua manifesta inadmissibilidade, porquanto ausente o seu enquadramento em uma das hipóteses previstas no art.485, CPC, não merecendo o Acórdão recorrido, portanto, nenhum reparo (...)”. AgRg no REsp 1350402/DF, Rel. Min. Sidnei Beneti, 3ª T, j.18.12.2012, DJe 04.02.2013.
NOVO CPC
 ART.319, A petição inicial indicará: 
O juízo a que é dirigida;
Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o nº de inscrição no CPF ou CNPJ, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
O fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
O pedido com suas especificações;
O valor da causa;
As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
A opção do ator pela realização ou não de audiência de conciliação ou mediação.
NOVO CPC:
“Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos art. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.”
REVISÃO DIA 20.05.2015
RESPOSTA DO RÉU
Introdução: A integração do réu à relação jurídica processual, por meio da citação, permite que o mesmo tenha ciência da existência da demanda movida contra ele. Ao mesmo tempo, realiza-se a intimação ao réu para que, querendo, apresente sua resposta no prazo legal. Dessa forma, a conjugação de citação e intimação traduz, de forma bastante clara, o fenômeno do “contraditório” no processo civil: informação da existência da demanda judicial e abertura de possibilidade de reação.
Nota-se, no artigo 297, CPC, uma tentativa do legislador em esquematizar as espécies de respostas positivas do demandado (há outras espécies de respostas possíveis). Segundo o referido dispositivo, existem 3 espécies de resposta do réu: contestação, exceção e reconvenção. Há, porém, outras formas que precisam ser destacadas, como a nomeação à autoria, chamamento ao processo, denunciação da lide, reconhecimento jurídico do pedido, ação declaratória incidental, impugnação ao valor da causa e impugnação à concessão dos beneficiários da assistência judiciária, desde que manejadas pelo réu e no prazo de defesa (lembrar que alguns desses institutos processuais podem ser manejados pelo autor ou em outro momento processual).
Contestação- conceito- Fredie Didier Jr. “A contestação está para o réu como a petição inicial está para o autor. Trata-se do instrumento da exceção exercida (exercício do direito de defesa), assim como a petição inicial é o instrumento da demanda (ação exercida). É pela contestação que o réu apresenta a suma dos seus argumentos de defesa. A elaboração da contestação deve obedecer a duas regras: a) a concentração da defesa ou regra da eventualidade; b) o ônus da impugnação especificada.”
Aspectos gerais- Cassio Scarpinella Bueno: “No que diz respeito, contudo, à apresentação da contestação, que é o nome que identifica a defesa do réu, é importante, desde logo, evidenciar que nela o réu não precisa, ao contrário do que poderia parecer à primeira vista, limitar-se a contradizer a versão dos fatos constitutivos do direito do autor (...). O Réu pode também- e ao mesmo tempo- veicular defesas que não dizem respeito, apenas e tão somente, ao plano do direito material, isto é, ao conflito de interesses narrado pelo autor, mas ao próprio plano do processo. Com efeito, o réu pode arguir eventuais defeitos que ele próprio localize na provocação do Estado-juiz (ausência de condições da ação) ou com relação à atuação do Estado-juiz (ausência de pressupostos processuais de existência ou de validade ou presença de algum pressuposto processual negativo). A possibilidade de cumulação de defesas, no plano do próprio processo e no plano do direito material, conflituoso, é o que a doutrina geralmente denomina princípios da “concentração da defesa” ou da “eventualidade” (...). A ele se refere, o art.300 e, de forma bem pormenorizada, o 301.”
Inadmissibilidade da apresentação de defesa genérica- Fredie Didier Jr. “Não se admite a formulação de defesa genérica. O réu não pode apresentar a sua defesa com a negativa geral dos fatos apresentados pelo autor (art.302 do CPC). Cabe-lhe impugná-los especificamente, sob pena de o fato não-impugnado

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