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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO
Profª. Renata Dayanne
 2014.2
1. ORIGEM:
	
	Muito embora no sentido material de Constituição como instrumento de ordenação política, possa ser apontado como origem da Constituição as primeiras organizações políticas de Estado como por exemplo a Polis grega, a Constituição enquanto fenômeno de ordenação política de uma forma específica de Estado, surge com o movimento constitucionalista, enquanto produto deste, ou seja, com origem na Constituição dos Estados Unidos de 1787. 
2. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO: 
	Constituição é um documento consagrador e inaugural de um novo Estado, é o verdadeiro instrumento de organização política de uma nação, estabelecendo os principais valores de uma sociedade. 
	A Constituição é a ordem suprema de um Estado. Ela é dotada de supremacia e esta, por sua vez, é materializada por mecanismos de estabilização constitucional, seja através da rigidez constitucional ou da adoção de mecanismos de controle de constitucionalidade. 
3. CONCEPÇÕES (OU SENTIDOS) DE CONSTITUIÇÃO: 
	O conceito de Constituição mudou ao longo da história, a partir de sua matriz liberal, passando pelo Estado social e, por fim, no sentido atual do Estado Democrático de direito. 
	Este conceito é estritamente ligado à concepção que se adote em torna da matéria e função da Constituição. Assim, as concepções (ou sentidos) de Constituição mais corriqueiramente tratados pela doutrina são os seguintes: 
	a) Sentido Sociológico: baseado na idéia de FERDINAND LASSALE. Para ele, uma Constituição só é legítima se representar o efetivo poder social, refletindo as forças sociais que constituem o poder. Caso isso não ocorresse, ela seria ilegítima, uma simples ‘folha de papel’. 
	A Constituição seria então, a somatória dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade. 
	b) Sentido Político: baseado no pensamento de CARL SCHMITT. Ele diferencia Constituição de Lei Constitucional. 
		- Constituição: só se refere à decisão política fundamental (estrutura e órgãos do Estado, direitos individuais, vida democrática, etc); 
		- Leis constitucionais: demais dispositivos inseridos no texto do documento constitucional. 
	c) Sentido jurídico: baseado no pensamento de HANS KELSEN. Ele aloca a Constituição no mundo do dever ser, e não no mundo do ser. 
		Segundo ele, a Constituição tem dois sentidos: 
- jurídico-positiva: é a norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau. 
- lógico-jurídico: significa a norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da Constituição jurídico-positiva; 	
			
	A Constituição tem seu fundamento de validade na norma hipotética fundamental, situado no plano lógico. 
A Norma Fundamental trata-se de uma ficção, utilizada como hipótese instrumental, de natureza lógico-transcendental, para fundamentar não apenas a validade da primeira Constituição, mas também, a partir desta, a validade de todas as normas que integram o ordenamento jurídico. 
	Por uma questão de ordem prática, por do contrário estaríamos condenados a um regressus in infinitum, temos de supor a existência dessa norma inaugural e sobre essa norma, meramente suporta, pôr a primeira Constituição histórica, cuja validade é suporta último do qual depende a validade de todas as normas do sistema por ela instituído e de tudo quanto, a partir dela e na forma que ela mesma estabelecer, venha a ser positivado como Direito. 
	SEBASTIÁN SOLER: a fundamentação jurídica não é suscetível de um desenvolvimento in infinitum. A limitação de retrocesso fundante, além de ser um aspecto formal de toda estrutura jurídica, é concretamente uma característica positiva de todo sistema vigente de direito. Num extremo da ordem jurídica estsá a Constituição, no outro, a coisa julgada, no direito, assim como não há “regressus” tampouco há “progressus” ‘in infinitum’, já que a existência deste último seria incompatível com aquela limitação. (COELHO, 2009, p. 1-2)
4. IDEOLOGIA CONSTITUCIONAL:
	É o conjunto de valores sociais que influenciam a criação ou reinvenção da norma constitucional. 
	Valores sociais são “categorias sócio-culturais que a sociedade considera de suma importância para uma sociedade justa e, por isto mesmo, aqueles responsáveis pela elaboração do texto constitucional, os incorpora à obra legislativa produzida.” (DANTAS, 2008, p. 33)
“A Constituição é a positivação do Direito, que, por sua vez, nutrirá a ideologia constitucional daquele momento.” Isso é consequência do direito, porque antes mesmo de ser uma norma, ele é um fato social (DURKHEIM). Assim, o Direito é um reflexo do sentimento de justiça imanente a todo ser humano, embora condicionado pela realidade e valores do mesmo grupo. É imprescindível ao jurista conhecer suas origens. A norma jurídica tem por fim a positivação do sentimento do grupo. 
	O professor Ivo Dantas considera importante para a compreensão do conteúdo ôntico-axiológico do direito constitucional a explicação de alguns conceitos, dentre eles estariam os de:
	- Constitucioção Social: espontânea, é a estrutura estável que resulta em uma sociedade determinada e que constitui ‘seu temperamento próprio’;
	- Constituição política: seria o estatuto do poder, porém se tratando de um poder estruturado sobre uma sociedade concreta. 
	Para que se possa haver a adequação entre os fatores sociais e a Constituição escrita, tem-se o fenômeno da Dinâmica Constitucional, para adaptar os textos as novas realidades. E através disso tem-se o meio idôneo para evitar os chamados hiatos constitucionais. 
Conceito de Hiato Constitucional: instantes em que não ocorre a adaptação e harmonia das normas constitucionais às novas realidades. Com isso ocorre a chamada desconstitucionalização. 
	Quando a Constituição formal não corresponde à realidade constitucional histórico-política, então vê-se aparecer a paraconstituição ou contraconstituição.� 
- Paraconstituição: a Constituição permanece em vigor, mas se vê modificada, nas suas aplicações, por regras de direito escrito, pelos costumes, pela integração, pelos usos constitucionais. 
- Contraconstituição: as práticas políticas são radicalmente contrárias ao espírito e às instituições fundamentais do regime constitucional formalmente estabelecido.
Direito e história. Constituição e ideologia constitucional
Para o Prof. Ivo Dantas, o conhecimento da evolução histórica de determinado ramo do direito oferece condições para compreender o sistema jurídico vigente, o qual sempre recebe influência dos modelos anteriores, disto não escapando as Constituições. 
	Através da evolução histórica, poder-se-á identificar a ideologia constiutucional e sua presença no conceito material de Constituição, já que este deve representar a ordem social como um todo, evidentemente, não em sua unanimidade, mas por meio do consenso daqueles encarregados de elaborarem o texto. 
Conceito de ideologia constitucional: conjunto de ideias que formam um programa, uma estratégia relacionada com a ordem política e social, visando defendê-la ou modificá-la. 
	O Direito Constitucional é a consagração jurídico-positiva de uma determinada ideologia, aquela socialmente aceita, sem que com isto pretendamos afirmar que o constitucional seja algo passivo na relação bipolar existente entre o jurídico e o social (econômico, cultural, histórico e geográfico). Existe, isto sim, uma inter-relação, com predominância destes sobre aqueles e conforma o posicionamento quase unânime da Sociologia Jurídica Contemporânea. 
5. CONCEITOS MATERIAL E FORMAL DE CONSTUTUIÇÃO:
	5.1. Conceito material:
	A Constituição é o conjunto de normas pertinentes à organização do poder, à distribuição da competência, ao exercício da autoridade, à forma de poder, aos direitos da pessoa humana, tanto individuais como sociais. 
	Partindo desse aspecto, não há Estadosem Constituição. Uma Constituição em sentido real ou material todos os países, em todos os tempos a possuíram. 
	Esse conceito diz respeito ao conteúdo da norma constitucional, são as normas mais importantes, únicas merecedoras de serem designadas rigorosamente como matéria constitucional. 
	5.2. Conceito formal:
	A partir deste conceito, Constituição é o conjunto de normas escritas reunidas num documento solenemente elaborado pelo Poder Constituinte, tenham ou não valor constitucional material, ou seja, digam ou não respeito às matérias tipicamente constitucionais. 
	O que se afigura relevante aqui é a formalidade que caracteriza essas normas, ou seja, são constitucionais pelo simples fato de aderirem ao texto constitucional. 
6. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES:
	6.1. Quanto ao conteúdo: 
	- Material: será aquele texto que contiver as normas fundamentais e estruturais do Estado, a organização de seus órgãos, os direitos e garantias fundamentais. Como exemplo, podemos citar a Constituição do Império do Brasil que em seu art. 178 prescrevia ser somente constitucional o que dissesse respeito aos limites e atribuições dos poderes políticos e aos direitos políticos e individuais dos cidadãos. 
- Formal: será aquela Constituição que elege como critério o processo de sua formação, e não o conteúdo de suas normas. 
6.2. Quanto a origem: 
 - Outorgadas: são as Constituição impostas, de maneira unilateral, pelo agente revolucionário que não recebeu do povo a legitimidade para em nome dele atuar. No Brasil, as Constituição outorgadas foram a de 1824, 1937 e 1967. Essas Constituições recebem o nome de Carta Constitucional.
		Alguns autores entendem que o texto de 1967 teria sido ‘promulgado’, já que votado nos termos do art. 1º, §1º, do AI n. 4/66. Contudo, em razão do autoritarismo implantado pelo Comando Militar da Revolução, entende o AUTOR que a Carta de 1967 foi outorgada. 
	- Promulgada (democrática, votada, popular): é aquela Constituição fruto do trabalho de uma Assembléia Nacional Constituinte, eleita diretamente pelo povo, para, em nome deles atuar. 
	- Cesarista: no dizer de JOSÉ AFONSO DA SILVA, não é propriamente outorgada, mas tampouco é demcorática, ainda que criada com participação popular. É aquele formado por plebiscito popular sobre um projeto elaborado por um Imperador. A participação popular, nesses casos, não é democrática, pois visa apenas ratificar a vontade do detentor do poder. 
	- Pactuadas: surgem através de um pacto, são aqueles em que o poder constituinte originário se concentra nas mãos de mais de um titular. Segundo PAULO BONAVIDES, a Constituição pactuada é aquela que exprime um compromisso instável de duas forças políticas rivais: a realeza absoluta debilitada, de uma parte, e a nobreza e a burguesia, em franco progresso, doutra. Exemplos: a Magna Carta de 1215; a Constituição francesa de 1791; as Constituições da Espanha de 1845 e 1876; a Constituição grega de 1844 e a Constituição da Bulgária de 1879. 
6.3. Quanto à forma:
- Escrita (instrumental): seria a Constituição formada por um conjunto de regras sistematizadas e organizadas em um único documento.
	- Costumeira (não-escrita ou consuetudinária): seria aquela Constituição que não traz as regras em um único texto solene e codificado. A doutrina observa que “hoje, contudo, mesmo a Inglaterra assenta princípios constitucionais em textos escritos. 
6.4.Quanto ao modo de elaboração: 
- Dogmáticas: sempre escritas. Consiste num documento escrito e sistematizado, elaborado por um órgão Constituinte em determinado momento da história político-constitucional de um País, a partir de dogmas ou ideias fundamentais da ciência política e do direito dominante na ocasião. 
- Históricas: constituem-se através de um lento e contínuo processo de formação. Ao longo do tempo, reunindo a história e as tradições de um povo. 
6.5. Quanto a estabilidade ou alterabilidade: 
- Rígidas: são aquelas Constituições que exigem, para sua alteração, um processo legislativo mais árduo, mais solene, mais dificultoso do que o processo de alteração das normas não constitucionais. 
- Flexível: é aquela Constituição que não possui um processo legislativo de alteração mais dificultoso do que o processo legislativo de alteração das normas infraconstitucionais. Neste caso, não existe hierarquia entre Constituição e lei infranconstitucional. 
- Semiflexível ou semi-rígida: é aquela Constituição que tanto é rígida como flexível, ou seja, algumas matérias exigem um processo de alteração mais dificultoso do que o exigido para alteração das leis infraconstitucionais, enquanto outras não requeram tal formalidade. 
- Imutáveis: seriam aquelas Constituições inalteráveis, verdadeiras relíquias históricas. 
6.6. Quanto a extensão: 
- Sintéticas: seriam aquelas veiculadoras apenas dos princípios fundamentais e estruturais do Estado. PINTO FERREIRA indica a Constituição de 1891 como sendo sintética. 
- Analíticas: são aquelas que abordam todos assuntos que os representantes do povo entenderam fundamentais. 
6.7. Quanto à finalidade:
	- Garantia (liberal, defensiva ou negativa): foi o paradigma adotado após as Revoluções do século XVIII para servir de instrumento de garantia das liberdades públicas individuais, visando limitar o poder. A finalidade maior dessa Constituição é garantir as liberdades públicas contra a arbitrariedade estatal. 
- Dirigente: conseqüência do constitucionalismo social do século XX. Segundo sua finalidade, a Constituição não basta ser ordem normativa de organização, em que se determinam vinculativamente as competências, formas e processos, para além disso, é preciso relacionar essas ‘competências’, ‘formas’ e ‘processos’ com determinados fins, pois só assim a Constituição alcançará a dignidade material. Tais Constituições tem como características as normas programáticas, normas que tem por fim dirigir a atividade e estrutura estatal. 
6.8. Quanto à ideologia:
- Ortodoxa: resulta da consagração de uma só ideologia.
- Eclética: é aquela que logra contemplar, plural e democraticamente, várias ideologias aparentemente contrapostas, conciliando as ideias que permearam as discussão na Assembléia Constituinte. 
7. CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988:
A Constituição brasileira de 1988 é formal, promulgada, escrita, dogmática, rígida, analítica, dirigente e eclética.
8. ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES:
Orgânicos: contidos nas normas que regulam o Estado e o poder. Ex: títulos III e IV da CF/88.
Limitativos: correspondem às normas que formam o catálogo de direitos e garantias fundamentais, limitadoras do poder estatal. Ex: art. 5º da CF/88.
Sócio-ideológicos: relevam o comprometimento das Constituições modernas entre o Estado individual e o Estado social. Ex: os direitos sociais, ordem econômica e financeira e a ordem social. 
Estabilização constitucional: contêm-se nas normas que visam garantir a solução dos conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas. Ex: art. 34/36, art. 60, art. 102, I e arts. 136/137.
Formais de aplicabilidade: encontram-se nas normas que prescrevem regras de aplicação das Constituições. Ex: preâmbulo, as disposições transitórias e o §1º do art. 5º da CF/88. 
	
************************************************************ 
Bibliografia utilizada:
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 20ª Edição. São Paulo: Malheiros, 2007. 
BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; COELHO, Inocêncio Mártires; MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional. 4ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2009. 
CANOTILHO, Joaquim José Gomes. Direito Constitucional e teoria da Constituição. 7ª Edição. Coimbra: Almedina, 2003. 
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. Salvador: Juspodivm, 2008. 
DANTAS, Ivo. Constituição e Processo. 2ª Edição. Curitiba:Juruá, 2008. 
LENZA, Pedro. 12ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2008. 
� Georges Daskalakis
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