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Relatório da Mesorregião do Jequitinhonha

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
DISCIPLINA: GGE 026 – REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO DO ESPAÇO
ANÁLISE DAS VARIÁVIES DA GEOGRAFIA FÍSICA E HUMANA SOB A MESORREGIÃO DO VALE DO JEQUITINHONHA
DISCENTES: GERALDO HENRIQUE R. DE MIRANDA – 11211RIT015
THALES VENTURA DA SILVA – 11211GEO
UBERLÂNDIA, 25 DE JUNHO DE 2015
INTRODUÇÃO
À luz do conceito de “organização do espaço”, a atual divisão do Brasil em mesorregiões foi proposta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1988, com o intuito de realizar mensurações estatísticas e compreender as diferentes maneiras pelas quais o modo de produção capitalista modificou a forma de se perceber o território nacional. Assim sendo, as Unidades da Federação foram tomadas como unidades analíticas para a realização da segmentação do território brasileiro em mesorregiões, sendo orientadas por três premissas: (1) o processo social, como fator determinante; (2) o quadro natural, como fator condicionante e; (3) a rede de comunicação e lugares, como elemento de articulação espacial (IBGE, 1990, p.7). É a partir desses critérios que se pode descrever alguns aspectos da identidade regional que foram socialmente construídos. Desta maneira, este trabalho tem por objetivo buscar descrever os aspectos histórico-geográficos da mesorregião do Jequitinhonha, orientado pelos paramentos estabelecidos pelo IBGE e pela bibliografia especializada disponível. 
DESENVOLVIMENTO
O Vale do Jequitinhonha é uma mesorregião localizada no nordeste de Minas Gerais, sendo composta por 51 municípios divididos em 5 microrregiões (), podendo também ser subdivida em três regiões: o baixo, médio e alto Jequitinhonha. Dessa forma, o trabalho será subdivido em três partes, nas quais buscar-se-á descrever e analisar (1) os aspectos fisiográficos (principalmente clima, vegetação, relevo e hidrografia), (2) os aspectos econômicos, políticos, sociais, culturais e suas inter-relações e interdependências, e por fim (3) a relação do homem com o meio, propondo, quando possível, medidas para interversões sociais com a finalidade de criar melhores condições seja para qualidade de vida da população, visando alcançar níveis mais elevados de desenvolvimento e crescimento socioeconômico, seja para gestão sustentável do território e do meio ambiente. 
1 - GEOGRAFIA FÍSICA DA MESORREGIÃO DO JEQUITINHONHA
A) LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
A mesorregião do Jequitinhonha é uma das doze mesorregiões do estado brasileiro de Minas Gerais, localizada ao noroeste do estado. É formada pela união de 51 municípios agrupados em cinco microrregiões (Diamantina, Capelinha, Araçuaí, Pedra Azul e Almenara). Essa mesorregião possui 50.144 km² de extensão e população de 982 mil habitantes (IBGE, 2010). 
Além da divisão em microrregiões, essa mesorregião também pode ser subdividida em três regiões: (1) Baixo Jequitinhonha (região que compreende a área mais próxima à Bahia); (2) Médio Jequitinhonha (região situada na parte média do Vale) e; (3) Alto Jequitinhonha (região mais próxima da Metropolitana de Belo Horizonte, apresentando os melhores indicadores humanos e econômicos do Vale).[2: Com a finalidade de correlacionar as divisões virtuais e as microrregiões do Vale do Jequitinhonha, segue as equivalências: (1) Alto Jequitinhonha: corresponde às microrregiões de Diamantina e Capelinha; Médio Jequitinhonha, corresponde às microrregiões de Araçuaí, Pedra Azul e parte da microrregião de Capelinha e; Baixo Jequitinhonha: corresponde à microrregião de Almenara.]
Na tabela 1 pode-se observar as microrregiões que compõem as mesorregião do Vale do Jequitinhonha e suas respectivas cidades.
	Microrregião
	Cidades
	Microrregião de Almenara
	Almenara, Bandeira, Divisópolis,  Felisburgo,  Jacinto, Jequitinhonha,  Joaíma,  Jordânia, Mata Verde, Monte Formoso, Palmópolis, Rio do Prado, Rubim, Salto da Divisa, Santa Maria do Salto, Santo Antônio do Jacinto
	Microrregião de Araçuaí
	Araçuaí, Caraí, Coronel Murta, Itinga, Novo Cruzeiro, Padre Paraíso, Ponto dos Volantes, Virgem da Lapa.
	Microrregião de Capelinha
	Angelândia, Aricanduva, Berilo, Capelinha, Carbonita, Chapada do Norte, Francisco Badaró, Itamarandiba, Jenipapo de Minas, José Gonçalves de Minas, Leme do Prado, Minas Novas, Turmalina, Veredinha.
	Microrregião de Diamantina
	Couto de Magalhães de Minas, Datas, Diamantina , Felício dos Santos, Gouveia, Presidente Kubitschek, São Gonçalo do Rio Preto, Senador Modestino Gonçalves.
	Microrregião de Pedra Azul
	Cachoeira de Pajeú, Comercinho, Itaobim, Medina, Pedra Azul.
Tabela 1 – Microrregiões do Jequitinhonha x Cidades
Fonte: Minas Gerais, 2014. 
B) CLIMA
As características climáticas da mesorregião do Jequitinhonha variam do clima semi-árido a úmido, com totais pluviométricos anuais compreendidos entre 600 e mais de 1.600 mm, irregularmente distribuídos ao longo do ano. As chuvas concentram se basicamente em seis meses do ano (outubro a março), sendo o trimestre dezembro/fevereiro responsável por mais de 50% da precipitação total (IBGE, 1997).
A temperatura média anual acusa pouca variação, situando-se na faixa de 21 a 24ºC. O mês mais quente é fevereiro e o mais frio é junho. As zonas serranas, atenuadas pelo efeito da altitude, apresentam temperaturas mais amenas, contrapondo-se às áreas deprimidas (vales), onde os índices térmicos são mais elevados. A umidade relativa do ar varia entre 60 e 80% de média anual, sendo mais baixa nas áreas mais deprimidas e mais alta nos extremos oriental e ocidental da mesorregião (IBGE, 1997).
B) VEGETAÇÃO E RELEVO
A vegetação é bem variada e possui divisões regionais bem caracterizadas. Na porção ocidental, na região próxima à Serra do Espinhaço (local onde nasce o Rio Jequitinhonha), as terras são mais altas, havendo predominância das chapadas cuja vegetação natural é o cerrado e campo cerrado (Minas Gerais, 2015).
Além de uma vegetação de transição entre o cerrado e a caatinga, o Vale apresenta, ainda, uma vegetação ciliar que cresce às margens de seus rios. O Rio Jequitinhonha, típico rio de montanhas, nasce na Serra do Espinhaço, em Pedra Redonda, município de Serro (Minas Gerais, 2015).
Orelevo da Mesorregião do Vale Jequitinhonha é formado por planalto e depressões com altitude, em média, de 800 metros em relação ao nível do mar. 
C) HIDROGRAFIA
Na mesorregião do Vale do Jequitinhonha está localizada a bacia hidrográfica do rio Jequitinhonha. Segundo a classificação desenvolvida pelo Instituto Mineiro de Gestão de Águas (IMGA) está bacia é subdividida em três áreas de gestão, a saber: Alto Rio Jequitinhonha (JQ1); Rio Araçuaí (JQ2) e; Médio e Baixo Rio Jequitinhonha (JQ3), tal como na imagem abaixo (IMGA, 2005).[3: Além da mesorregião do Vale do Jequitinhonha, a bacia hidrográfica do rio Jequitinhonha estende-se por outras três mesorregiões mineiras: Metropolitana de Belo Horizonte, Norte de Minas e Vale do Mucuri (IBGE, 1997).]
Mapa 1 – Bacias do Rio do Jequitinhonha
Fonte: IMGA, 2015.
A bacia hidrográfica do Alto Rio Jequitinhonha abrange um total de dez sedes municipais, dentre elas, Grão Mogol e Diamantina, compreendendo uma população estimada de 100 mil habitantes. Além disso,vale ressaltar que o índice de qualidade das águas da bacia é considerado bom (IMGA, 2005).
A bacia hidrográfica do Rio Araçuaí abarca um total de 21 sedes municipais, tais como as cidades de Diamantina e Capelinha, com estimativa populacional de 291 mil habitantes. O índice de qualidade das águas da bacia é considerado bom (IMGA, 2005).
A bacia hidrográfica do Médio e Baixo Jequitinhonha está localizada na porção da mesorregião do Vale do Jequitinhonha que compreende 29 munícipios, dentre eles, Salinas e Pedra Azul, compreendendo uma população estimada de 392 mil habitantes. O índice de qualidade das águas da bacia é considerado bom. Além disso, vale destacar que, em razão desta baciaser compartilhada, abastecendo porções da mesorregião do Nortede Minas, as pesquisas realizadas pela IMGA afirmam existir conflitos pelo uso da água na região de fronteira entre as duas mesorregiões (IMGA, 2005).
É importante ressaltar que o principal rio desta bacia é o Jequitinhonha, sendo a principal riqueza dessa mesorregião. Entretanto, algumas atividades humanas, seja para fins agropastoris, de mineração ou garimpagem tem causado mudanças significativas no ciclo hidrológico, que vem ocasionando períodos de estiagem e densos terracetes de pisoteio nas encostas (IBGE, 1997).
2 – GEOGRAFIA HUMANA DA MESORREGIÃO DO JEQUITINHONHA
A) POPULAÇÃO, O ESPAÇO URBANO E O ESPAÇO RURAL 
Os dados do Censo Demográfico de 2010 demonstram que a mesorregião do Jequitinhonha é majoritariamente urbana no período pesquisado, com 62,22% da população residindo em meio urbano. Assim sendo, em relação às microrregiões, todas, com exceção da microrregião de Araçuaí (Médio Jequitinhonha), também são predominantemente urbanas. No Alto Jequitinhonha, a população urbana era de 76,44% na microrregião de Diamantina e de 54,2% na microrregião de Capelinha. No Médio Jequitinhonha, na microrregião de Araçuaí o valor da população em meio urbano era de apenas 49,09%, já na microrregião de Pedra Azul, 72,04%. No Baixo Jequitinhonha, na Microrregião de Almenara, 71,37% da população residia em meio urbano (Minas Gerais, 2014). Essa informações podem ser observados na Tabela 2.
Tabela 2 – Densidade demográfica da Mesorregião do Jequitinhonha
Fonte:Minas Gerais, 2014.
Por meio dos dados coletados nas pesquisas realizada pelo IBGE em 2010 é possível afirmar que a mesorregião do Jequitinhonha passa por um período de transição demográfica. De modo geral, parte da população está concentrada na faixa de 14 a 65 anos, o que significa dizer que existe um menor número de dependentes em relação à População Economicamente Ativa (IBGE, 2010).[4: Segundo o IBGE, População Economicamente Ativa (PEA) é a quantidade de pessoas com idade a partir de 10 anos que, durante parte dos doze meses anteriores à data do Censo, exerceram trabalho remunerado, em dinheiro e/ou em produtos; ou ainda que, mesmo sem remuneração, trabalham quinze ou mais horas em atividade econômica (IBGE, 2010)]
Assim sendo, o que se observa na análise das pirâmides etárias é que as bases das mesmas encontram-se relativamente estreitas, indicando menor número de pessoas entre 0 e 9 anos de idade. Além disso, os corpos dessas pirâmides encontram-se relativamente dilatados, indicando maior número de pessoas, sobretudo, entre 10 e 19 anos. A partir de 20 anos de idade os corpos das pirâmides se estreitam gradativamente em direção à população de maior idade, se expandindo na faixa etária que compreende 70 anos ou mais (Minas Gerais, 2014).
Gráfico 1 – Pirâmide etária da Mesorregião de Jequitinhonha
Fonte:Minas Gerais, 2014.
Uma vez analisado os dados referentes a composição etária da mesorregião do Jequitinhonha, parte para a análise da condição formativa dos indivíduos que habitam essa mesorregião. Segundo dados disponibilizados pelos IBGE 2010, 79,8% da população da mesorregião é considera alfabetizada, ou seja, conseguem ler e escrever seu próprio novo (Minas Gerais, 2014). Na tabela 3 pode-se auferir o níveis de alfabetização por microrregião.
Tabela 3 – Taxas de alfabetização por microrregião do Jequitinhonha
Fonte:Minas Gerais, 2014.
É importante ressaltar que, de modo geral, para todas as microrregiões os piores percentuais de alfabetização encontram-se nas faixas etárias avançadas, ou seja, dos cinquenta anos de idade em diante, entretanto esta situação é normal tendo em vista que o movimento para a alfabetização no Brasil é recente. Entretanto, quando analisado os níveis de educação formal da população da mesorregião do Vale do Jequitinhonha, percebe-se que há uma baixo nível de escolarização (Minas Gerais, 2014).
A Mesorregião do Jequitinhonha tinha 73,9% de sua população sem instrução e/ou com fundamental incompleto, 11,9% com fundamental completo e/ou médio incompleto, 10,6% com médio completo e/ou superior incompleto e 3,1% com superior completo. Em relação às suas microrregiões, a que apresentava maior percentual da população com maiores valores para os níveis mais altos de instrução era a microrregião de Diamantina, na qual 65% de sua população foi classificada como sem instrução e/ou fundamental incompleto, 13,9% com fundamental completo e/ou médio incompleto, 15,4% com médio completo e/ou superior incompleto e 5,6% com superior completo. Em contrapartida, a microrregião em pior situação foi a de Araçuaí, com 76,3% de sua população sem instrução e/ou fundamental incompleto, 11,4% com fundamental completo e/ou médio incompleto, 8,9% com médio completo e/ou superior incompleto e apenas 2,5% com superior completo (Minas Gerais, 2014). Os índices da demais microrregiões podem ser observados na Tabela 4.
Tabela 4 – Índices de educação formal da Mesorregião do Vale do Jequitinhonha
Fonte:Minas Gerais, 2014.
	A falta de formação escolar acarreta nos altos índices de pobreza da região, que são intensificadas pela êxodo rural, em razão das crescentes concentrações territoriais – cerca de 42% das terras são latifúndios – e das escassas condições naturais da região, principalmente pela falta d’água em determinados meses do ano, bem como pela inexistência de infraestrutura e incentivos públicos e privados para o processo de desenvolvimento regional (Minas Gerais, 2014). 
B) GEOECONOMIA: INDÚSTRIA, AGRICULTURA, PECÚARIA E COMÉRCIO 
A mesorregião do Vale do Jequitinhonha passa por um processo de especialização produtiva, como pode ser percebido pela análise do Índice de Concentração Normalizado do ano de 2012. 
Dessa forma, é possível inferir que o Alto Jequitinhonha se especializa na produção florestal, mais especificamente na produção de eucalipto, e na agricultura, na pecuária e serviços relacionados. No Médio Jequitinhonha avança a especialização na produção de mineraisnão-metálicos, bem como a extração de grafite, granito, pedras preciosas e semipreciosas. E o Baixo Jequitinhonha se especializa na atividade de agricultura, pecuária eserviços relacionados, mas também se destaca a extração de grafite e granito, acompanhando o movimento vindo do Médio Jequitinhonha(Minas Gerais, 2014).
Em relação ao Alto e o Médio Jequitinhonha, a principal novidade com relação a estes é o surgimento de um vínculo, ainda que relativamente tímido, com o setor de fabricação de produtos de madeira. Esse vínculo mostra sinais de avanços na cadeia de produção de madeira. Ou seja, em alguma medida, está havendo o beneficiamento do produto na região, o que sugere um maior dinamismo econômico(Minas Gerais, 2014).
	Em se tratando da mineração na região do Médio Jequitinhonha, acredita-se que sua extração pode acarretar no processo de industrialização e urbanização regional, uma vez que, dentre as regiões que compõe a Mesorregião do Vale do Jequitinhonha, essa apresenta os menores índices de urbanização. Isso se daria por meio do deslocamento populacional atrelado as atividades de comércio e serviços vinculadas à mineração, desde o fornecimento de artigos de alimentação até à proliferação do comércio informal de pedras preciosas (Minas Gerais, 2014).
	Além das atividades produtivas já referenciadas, vale destacar a importância da pecuária para a região, por mais que a quase inexistência de recursos tecnológicos mine a competitividade regional em comparação com os centros mais avançados. Assim, pode-se dizer que a região tem potencialidades para a pecuária bovina de corte e leite (IBGE, 1997). 
De modo geral, pode-se afirmar que a inexistência de encadeamentos produtivos causa comércio predatório e não gera renda para a mesorregião. Assim, como política de desenvolvimento regional, o governo tenta mudar esse quadro depressivo no esforço de melhorar a malha viária e a distribuição de energia elétrica, visando escoar melhor a produção, além de facilitar a circulação de produtos vindos de outrasregiões(Minas Gerais, 2014). 
Diante do exposto acima, no que se refere à forma como as atividades econômicas se relacionam com território e a sociedade, e seus reflexos na geração de renda e emprego, pode-se observar que, do ponto de vista da renda, os setores que apresentam maior remuneração são o setor financeiro, para todas as microrregiões, e a partir de 2005 o setor de ensino, especificamente para a microrregião de Diamantina, certamente influenciado pela expansão da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Além disso, existem indícios de que os setores econômicos de destaque na região ainda que paguem salários mais elevados aos trabalhadores mais qualificados, esta parcela da mão de obra não impacta o suficiente para colocar qualquer microrregião como destaque na geração de renda, não possibilitando a atividade empreendedora no longo prazo(Minas Gerais, 2014).
C) GESTÃO URBANA: SANEAMENTO, SAÚDE, TRANSPORTE, HABITAÇÃO
Neste subtópico do trabalho apresentar-se-á alguns indicadores de bem-estar social (acesso à água tratada, descarte de resíduos sólidos, condições hospitalares, meios de locomoção públicos, habitação urbana), buscando realizar comparações entre as três regiões quem compõem a mesorregião do Vale do Jequitinhonha.
Em relação ao abastecimento de água aos municípios, no caso específico da região estudada por esse trabalho, percebe-se que o problema se concentra na área do Médio Jequitinhonha, nos arredores do município de Araçuaí, tal como o gráfico abaixo demonstra em sua escala numérica. Portanto, é possível notar que são necessárias políticas emergenciais para os municípios do Médio Jequitinhonha, já que é elevada a proporção de domicílios sem abastecimento de água, algo essencial para a vida das pessoas(Minas Gerais, 2014).
Mapa 2 – Distribuição de água na Mesorregião do Jequitinhonha (2011)
Fonte:Minas Gerais, 2014.
Com relação à coleta do lixo, na mesorregião do Jequitinhonha, a maior parte dos municípios apresenta taxa de domicílios atendidos por serviço de coleta de lixo entre 25% e 75%. Em especial, destacam-se alguns municípios com percentual superior à 75%, dentre eles: Diamantina, São Gonçalo do Rio Preto, Gouveia, Senador Modestino Gonçalves, Itaobim, Pedra Azul, Divisópolis, Mato Verde e Almenara. Entretanto, tal como no abastecimento de água, existe uma menor proporção de serviços de coleta de lixos na região que compreende o Médio Jequitinhonha, chegando a taxas inferiores à 50%, tal como demonstrado no Mapa 3(Minas Gerais, 2014). Esse quadro nos revela a necessidade de urgência no atendimento, com políticas de saneamento, em uma extensão de municípios arredores de Araçuaí.
Mapa 3 – Serviço de saneamento básico na Mesorregião do Vale do Jequitinhonha (2011)
Fonte: Minas Gerais, 2014.
Contudo, em todas as regiões que compõem a mesorregião do Vale do Jequitinhonha não possuem descarte correto dos resíduos, em parte, pela inexistência de aterros sanitários, situação considerada crítica nos principais centros regiões, com mais potencial de geração de resíduos(Minas Gerais, 2014). 
	Em relação ao esgotamento sanitário doméstico, por mais que a média do estado de Minas Gerais se aproxime dos 75% em termos de prestação de serviços, sendo estes dados do Censo 2010, essa realidade não se confirma para a mesorregião do Vale do Jequitinhonha que quase a totalidade dos municípios dessa porção regional possuem taxas de domicílios com esgotamento sanitário adequado inferior a 50%, e em alguns casos a taxa é inferior a 25% (Mapa 4)(Minas Gerais, 2014).
Em relação à prestação de serviços básicos de saúde, na mesorregião pesquisada, grande parte da população tem acesso à tratamentos preventivos, dentre eles os fornecidos pela Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais através do Programa de Saúde Familiar (PSF) (Mapa 5). 
Uma questão relacionada à saúde que persiste na região desde os anos de 1980 é a desnutrição infantil que em 2011 alcançou taxas superiores a 8%, principalmente na região do Médio e Baixo Jequitinhonha.
Mapa 4 –Serviço de tratamento de esgoto na Mesorregião do Vale do Jequitinhonha (2011)
Fonte: Minas Gerais, 2014.
Mapa 5 – Atendimento hospitalar pelos PSF (2011)
Fonte: Minas Gerais, 2014.
No que diz respeito ao transporte rodoviário regional, é perceptível uma constante: a falta de asfaltamento das vias. Assim, o acesso a estradas asfaltadas seria algo fundamental para o desenvolvimento regional.
As principais vias sem pavimentação estão localizada no ponto de ligação entre o Alto Jequitinhonha e o Médio Jequitinhonha, em especial, a rodovia BR-367, próximo a Araçuaí, principal cidade do Médio Jequitinhonha. A existência de gargalhos nessa região dificulta o transporte e a logística regional, o que acarreta na falta de inserção regional no comércio, impactando também, negativamente a região do Baixo Jequitinhonha. Por isso, é impossível planejar qualquer ação indutora de desenvolvimento sem considerar a BR-367, que é a via que percorre todo o Vale do Jequitinhonha, ligando os municípios polos do Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha(Minas Gerais, 2014). 
No que diz respeito à estrutura habitacional da mesorregião do Vale do Jequitinhonha, as análises se concentram no déficit habitacional. Dessa maneira, os municípios com maior déficit habitacional em números absolutos no ano de 2010 são: Almenara (1617 domicílios), Diamantina (1594 domicílios), Araçuaí (1362 domicílios), Novo Cruzeiro (1094 domicílios), Pedra Azul (1081 domicílios). Outra questão relativa à estrutura habitacional diz respeito a estrutura rudimentar habitacional, o que dificulta a existência de uma estrutura de saneamento eficiente(Minas Gerais, 2014). 
	
C) CULTURA E TURISMO
A diversidade regional se revela nas manifestações culturais, que apresentam traços da cultura indígena e negra, que envolvem grupos folclóricos, conjuntos arquitetônicos e históricos e artesanatos. Pode-se citar algumas cidades, por exemplo: Itinga, que se destaca as esculturas em madeira; Berilo, Virgem da Lapa e Minas Novas, a tecelagem; em Turmalina e Veredinha, os bordados em ponto cruz; em Diamantina, os tapetes Arrayolos; em Almenara, a cestaria; os trabalhos em couro, em Araçuaí e Jequitinhonha. Além da diversidade entre os municípios, onde cada um apresenta um produto artesanal de destaque, podemos observar também elementos recorrentes entre eles, como a técnica de produção de peças de cerâmica, que, por sua vez, se faz presente em várias cidades, como: Araçuaí, Caraí, Itaobim, Itinga, Joaíma, Minas Novas, Padre Paraíso, Rio Pardo, Rubim, Salinas, Santana do Araçuaí, Taiobeiras e Turmalina (Nascimento, 2009). 
Além disso, vale destacar que a região do Alto Jequitinhonha canaliza grande parte do turismo desta mesorregião, em especial, para a cidade de Diamantina. De modo geral, pode-se afirmar que Diamantina é uma cidade que soube conservar sua arquitetura, sua cultura e sua natureza e se tornar uma das cidades históricas. Essas características trouxeram para a cidade o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, entregue pela UNESCO (Nascimento, 2009).
3 – INTERAÇÕES HOMEM E MEIO: PLANEJAMENTO E GESTÃO DO TERRITÓRIO
Segundo o relatório da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Estado de Minas Gerais, as principais diretrizes para região podem ser definidas em metas para curto, médio e longo prazo para a mesorregião como um todo, bem como é subdividida para as três regiões que compõem a mesorregião do Vale do Jequitinhonha.
Para Carneiro et al. (2006) o grande problema das propostas de planejamento para a mesorregião do Vale do Jequitinhonha consiste na falta de continuidade em suas implementações, que se dão, principalmente quando da mudança de gestão do governo de Minas Gerais. Assim sendo, seria necessário pensar em políticas públicas de médio e longo prazo efetivas que gerassem impacto positivo na vida da população da região, uma vez que dia após dia suas condições se tornam mais insustentáveis em da falta d’água que afeta a agriculturae a pecuária, as principais fontes de receita da economia regional. 
Tabela 3 – Medidas e diretrizes para a Mesorregiões do Vale do Jequitinhonha
	
	Curto prazo
	Médio prazo
	Longo prazo
	Mesorregião do Vale do Jequitinhonha
	1) Capacitação em gestão, elaboração de projetos e captação de recursos para servidores públicos das prefeituras;
2) Elaboração de projetos e implementação de unidades de processamento e disposição final de resíduos sólidos.
	1) Formulação de políticas de preservação de nascentes, incluindo programas de conscientização dos produtores, educação ambiental e uso adequado de equipamentos; 
2) Estabelecimento de parcerias com as Universidades para auxílio em ações de reflorestamento com vegetação nativa.
	1) Criar políticas de manutenção das famílias nas zonas rurais.
	Alto Jequitinhonha 
	1) Rever a concessão de terras devolutas à produção de eucalipto, no sentido de estabelecer maior democratização de acesso à terra rural;
2) Acelerar a efetivação da regularização de terras no Alto Jequitinhonha.
	1) Estimular os parques tecnológicos e distritos industriais assegurando a infraestrutura necessária e garantir o acesso dos empreendedores; 
2) Fomentar a indústria de celulose no Alto do Jequitinhonha, a fim de fechar a cadeia produtiva do eucalipto;
3) Construção da Barragem de Santa Rita no Rio Araçuaí para perenização do acesso a água;
	1) Construção de barragem de contenção para perenização no Rio Jequitinhonha
	Médio Jequitinhonha
	1) Construção de médias barragens e/ou microbarramentos no Médio Jequitinhonha; 
 2) Desburocratizar as etapas para o reconhecimento da declaração de situação de emergência decorrente da seca; 
3) Política de fortalecimento de instituições como cooperativas, associações comunitárias, associações de produtores.
	1) Criar incentivos fiscais para a região, a fim de facilitar a implantação de empresas na região do Médio Jequitinhonha; 
2) Asfaltamento das estradas;
3) Adequar e equipar o Hospital em Araçuaí, para que ele se torne um hospital regional e atenda às demandas de média complexidade.
	1) Implantar na região um projeto de irrigação, adaptado às suas demandas
	Baixo Jequitinhonha
	1) Capacitação e assistência técnica para o produtor rural da agricultura familiar aos moldes de uma agroindústria familiar;
2) Construir uma central de atendimento para os feirantes da agricultura familiar.
	1) Elaboração de um projeto de captação de água e implantação de um sistema de irrigação para atender a demanda e, consequentemente explorar, o potencial hídrico existente na região; 
2) Criar incentivos para a implantação de indústrias no baixo Jequitinhonha;
	1) Asfaltar as estradas e construir pontes; 
2) Implantar um hospital no Baixo Jequitinhonha para acelerar os atendimentos de média complexidade, no caso de procedimentos eletivos.
Fonte: Minas Gerais, 2014.
REFERÊNCIAS
CARNEIRO, Patrício A. et al. Proposição de políticas públicas de desenvolvimento regional do alto, médio e baixo Jequitinhonha (MG). Caminhos de Geografia, nº 14 (17), pp. 147 - 166, fev/2006.
IBGE. Diagnóstico Ambiental da Bacia do Rio Jequitinhonha (1997). Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/diagnosticos_levantamentos/jequitinhonha/jeq.pdf> Acesso em: 23 jun. 2015.
MINAS GERAIS. Plano de desenvolvimento integrado e sustentável do Jequitinhonha e Mucuri: área mineira. Disponível em: <http://www.urbano.mg.gov.br/images/documentos/SPADR/Plano%20JM_revisado%20portugus.pdf> Acesso em: 09 mai. 2015
IBGE. Divisão do Brasil em mesorregiões e microrregiões geográficas. Rio de Janeiro: IBGE/Departamento de Geografia, 1990. 
IMGA. Bacia do Rio Jequitinhonha apresenta boa qualidade das águas Disponível em: <http://www.igam.mg.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=737> Acesso em: 23 jun. 2015
NASCIMENTO, Elaine Cordeiro. Vale do Jequitinhonha: Entre a carência social e a riqueza cultural. Revista de Artes e Humanidades, nº 4, pp. 1-15, mai-out/2009

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