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Hermenêutica Jurídica - Resumo

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1 
 
HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO 
 
 
1. Origem da palavra “hermenêutica”: 
- “Hermeneúein” (verbo): palavra grega que significa ―interpretar‖ e deriva de ―Hermes‖. 
- “Hermeneia” (substantivo): a designar interpretação. 
- “Hermes”: deus da mitologia grega, filho de Zeus e de Maia, considerado o intérprete da 
vontade divina. Habitando a Terra, era um deus próximo à Humanidade, o melhor amigo dos 
homens. Era responsável pela mediação entre os Deuses e os homens. Hermes, a quem se 
atribui a descoberta da escrita, atuava como um mensageiro, unindo a esfera divino-
transcendental e a civilização humana. Hermes traz a mensagem do destino. 
 OBS: E é significativo que Hermes se associe a uma função de transmutação — 
transformar tudo aquilo que ultrapassa a compreensão humana em algo que essa inteligência 
consiga compreender. 
- “Interpretar”: interpretação provém do termo latino ―interpretare‖ (inter-penetrare), 
significando penetrar mais a fundo - isto se deve à prática religiosa de feiticeiros e adivinhos, 
os quais introduziam suas mãos nas entranhas de animais mortos, a fim de conhecer o destino 
das pessoas e obter respostas para os problemas humanos. 
 
2. Origem da Hermenêutica: 
- Hermenêutica bíblica - enquanto instrumento para compreender textos bíblicos; 
 - Hermenêutica Filológica – diretrizes, métodos e pressupostos para a compreensão de textos 
e documentos antigos; 
- Hermenêutica Filosófica - A hermenêutica transforma-se verdadeiramente numa ―arte da 
compreensão‖ (Friedrich Schleiermacher). A hermenêutica passa a abarcar todos os setores 
da expressão humana. 
 
 
2 
 
3. Conceito de Interpretação: 
- Paulo Nader: Interpretar é o ato de explicar o sentido de alguma coisa; é revelar o 
significado de uma expressão verbal, artística ou constituída por um objeto, atitude ou gesto. 
A interpretação consiste na busca do verdadeiro sentido das coisas e para isto o espírito 
humano lança mão de diversos recursos, analisa os elementos, utiliza-se de conhecimentos da 
lógica, psicologia e, muitas vezes, de conceitos técnicos, a fim de penetrar no âmago das 
coisas e identificar a mensagem contida. 
 OBS: O trabalho do intérprete é decodificar e, para isto, percorre inversamente o 
caminho seguido pelo codificador. 
- Paulo Nader: Interpretação é ato de inteligência, cultura e sensibilidade. Somente o espírito 
capaz de compreender se acha apto às tarefas de decodificação. Ao sujeito cognoscente não 
basta, assim, a capacidade de articulação do raciocínio, pois a cultura – ou conhecimento da 
vida e da realidade – é um fator essencial à busca de novos conhecimentos. 
- Miguel Reale: Interpretar uma lei importa, previamente, em compreendê-la na plenitude de 
seus fins sociais, a fim de poder-se, desse modo, determinar o sentido de cada um de seus 
dispositivos. Somente assim ela é aplicável a todos os casos que correspondam àqueles 
objetivos. 
 
4. Hermenêutica e Compreensão: 
- Compreender. Essa é a palavra central, pois interpretamos para compreender o sentido (a 
interpretação, portanto, é uma atividade que tem uma finalidade determinada). 
- Alexandre Araújo Costa: Desde o início do século XX, e especialmente a partir dos anos 
cinqüenta, vêm sendo desenvolvidas em vários campos do conhecimento algumas teorias que 
apontam em um sentido comum: retomam elas a antiga idéia de que a compreensão é feita a 
partir do relacionamento dinâmico entre as noções particulares e o contexto formado pela 
soma dessas idéias. No campo filosófico, essa perspectiva é a base da teoria hermenêutica, 
que ganhou consistência na obra Verdade e Método, de Hans-Georg Gadamer. No campo da 
educação, posturas semelhantes inspiraram a teoria da aprendizagem significativa, 
desenvolvida por David Ausubel. 
 OBS: A teoria hermenêutica parte da premissa de que é impossível compreender um 
assunto a respeito do qual não se tem qualquer idéia (por exemplo, Reforma Trabalhista; 
3 
 
Reforma Previdenciária). A noções desse tipo, Gadamer chamou de prejuízos (pré-
compreensões): juízos prévios sobre as coisas que se apresentam a nós e que formam uma 
base para a compreensão, servindo como ancoradouro das novas informações. 
- Alexandre Araújo Costa – SENSO COMUM - Todavia, ao contrário do que se possa 
imaginar à primeira vista, o senso comum participa de forma decisiva no processo de 
compreensão. É apenas porque compartilhamos alguns pontos de vista sobre o mundo que 
conseguimos nos entender uns aos outros. E é o senso comum que nos fornece as pré-
compreensões básicas, a partir das quais podemos desenvolver pontos de vista mais 
elaborados, mediante um processo de reflexão. 
- Alexandre Araújo Costa – CÍRCULO HERMENÊUTICO - Simplificadamente, Gadamer 
afirmava que uma idéia somente pode ser compreendida dentro de um contexto e que o 
contexto somente pode ser compreendido a partir dos pontos de vista que o compõem. 
Quando recebemos uma informação nova, avaliamos esse dado com base nas nossas pré-
compreensões. Com base nessas compreensões, projetamos um sentido para todo o texto ou 
situação analisada, projeção esta que pode ser confirmada ou não pelo aprofundamento do 
processo de compreensão. Dessa forma, o entendimento do texto envolve um constante 
projetar de sentidos, com base nas pré-compreensões do intérprete. Entretanto, ao mesmo 
tempo em que uma idéia somente pode ser compreendida por meio das pré-compreensões que 
uma pessoa já possui, toda informação recebida contribui para a mudança do conjunto das 
pré-compreensões. Assim, embora sirvam como base necessária para o entendimento, as pré-
compreensões vão-se transformando a cada passo. Dessa forma, passamos do particular para o 
contexto e do contexto para o particular de uma forma cíclica e contínua, motivo pelo qual 
chamamos esse processo de círculo hermenêutico. Portanto, nenhuma das interpretações que 
elaboremos poderá ser considerada final ou acabada: todas elas estarão sempre sujeitas a 
revisão e cada mudança em nossas idéias é um passo a mais em um caminho que não tem fim. 
Com isso, percebe-se que esse modelo rejeita a possibilidade de uma conclusão definitiva ou 
final, encarando a compreensão como um processo interminável, embora produtivo a cada 
passo. 
 Exemplo: Para entender essa teoria, é útil apelarmos para o exemplo de um filme que 
tenha um bom roteiro — excluímos, desde já, aqueles em que já se sabe o final antes de 
começar a sessão. Quantas vezes entendemos o significado de uma cena que acontece no 
início do filme apenas quando chegamos ao final da história? Quantas vezes saímos do 
cinema relembrando os episódios iniciais e revendo o modo como eles deveriam ser 
4 
 
interpretados? Isso acontece porque cada cena particular somente pode ser entendida dentro 
do contexto da obra completa. Todavia, a obra completa é formada pela seqüência dos 
episódios particulares. Dessa forma, tal como cada cena não pode ser compreendida fora do 
conjunto da obra, o filme não pode ser entendido senão a partir da compreensão de cada cena 
particular e das relações entre elas. 
 
5. Interpretação do Direito: 
- Paulo Nader: Interpretar o Direito representa revelar o seu sentido e alcance, ou seja, 
Interpretar o Direito é revelar o sentido e o alcance de suas expressões. Fixar o sentido de 
uma norma jurídica é descobrir a sua finalidade; é pôr a descoberto os valores consagrados 
pelo legislador, aquilo que teve por mira proteger. Fixar o alcance é demarcar o campo de 
incidência da norma jurídica; é conhecer sobre que fatos sociais e em que circunstâncias a 
norma jurídica tem aplicação. Temos assim: a) revelar o seu sentido: a lei que concede férias 
anuais
1
 ao trabalhador tem o significado,a finalidade de proteger e de beneficiar a sua saúde 
física e mental; b) fixar o alcance das normas jurídicas: significa delimitar o seu campo de 
incidência. Dentro do exemplo citado, temos que apenas os trabalhadores assalariados, isto é, 
que participam em uma relação de emprego, fazem jus às normas trabalhistas. 
 OBS: Interpretar o Direito é conhecê-lo; conhecer o Direito é interpretá-lo. 
- Paulo Nader: A interpretação pode ter dupla finalidade: teórica e prática. É teórica 
quando visa apenas a esclarecer, como é próprio da doutrina. É prática quando se destina à 
administração da justiça e aplicação nas relações sociais. 
 
6. Hermenêutica x Interpretação: 
- Paulo Nader: Todo conhecimento humano, de acordo com F. Gény, desdobra-se em dois 
aspectos: os princípios e as aplicações. Os princípios provêm da ciência e as aplicações, da 
arte. No mundo do Direito, hermenêutica e interpretação constituem um dos muitos exemplos 
de relacionamento entre princípios e aplicações. ENQUANTO A HERMENÊUTICA É 
TEÓRICA E VISA A ESTABELECER PRINCÍPIOS, CRITÉRIOS, MÉTODOS, 
ORIENTAÇÃO GERAL, A INTERPRETAÇÃO É DE CUNHO PRÁTICO, APLICANDO 
TAIS DIRETRIZES. Não se confundem, pois, os dois conceitos apesar de ser muito frequente 
 
1
 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição 
social: XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. 
5 
 
o emprego indiscriminado de um e de outro. A interpretação aproveita, portanto, os subsídios 
da hermenêutica. Esta, conforme salienta Maximiliano, descobre e fixa os princípios que 
regem a interpretação. A hermenêutica estuda e sistematiza os critérios aplicáveis na 
interpretação das regras jurídicas. 
- Ricardo Maurício: a) Hermenêutica - um saber que procura problematizar os 
pressupostos, a natureza, a metodologia e o escopo da interpretação humana, nos planos 
artístico, literário e jurídico; b) Prática Interpretativa - uma espécie de compreensão dos 
fenômenos culturais, que se manifestam através da mediação comunicativa estabelecida entre 
uma dada obra - como, por exemplo, o sistema jurídico - e a comunidade humana. 
 
7. Objeto da Hermenêutica: 
- Linguagem tem importância indiscutível, uma vez que a hermenêutica tem como objeto 
uma mensagem emanada de um emissor para um conjunto de receptores ou destinatários. 
- A linguagem se afigura como um sistema de signos usados para indicar objetos, promover a 
comunicação entre atores sociais e expressar ideias, valores e padrões de conduta. 
 
1 
 
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO 
 
 
Introdução: 
- Saliente-se, por oportuno, que as diversas técnicas interpretativas não operam isoladamente. Antes se 
completam, mesmo porque não há, na teoria jurídica interpretativa, uma hierarquização segura das 
múltiplas técnicas de interpretação. 
 
1. INTERPRETAÇÃO LITERAL OU GRAMATICAL 
- Consiste numa leitura inicial do texto onde se busca captar seu conteúdo e observar sua 
linguagem, como afirma Mário Pimentel Albuquerque: 
A interpretação literal não excede em muito essa atividade preliminar. 
Limita-se a fixar o sentido do texto legal, inquinado de obscuridade, 
mediante a indagação do significado literal das palavras, tomadas não só 
isoladamente, mas em sua recíproca conexão. Atende à forma exterior do 
texto; preocupa-se com as acepções várias dos vocábulos; graças ao manejo 
relativamente perfeito e ao conhecimento integral das leis e usos da 
linguagem, procura descobrir qual deve ou pode ser o sentido de uma frase, 
dispositivo ou norma. 
 
- Esta é a forma inicial da atividade interpretativa em que as palavras podem ser vagas, equívocas ou 
deficientes não oferecendo nenhuma garantia de espelhar com certeza o pensamento da lei. 
- O método de interpretação literal tem sua importância, porém serve apenas como meio de se tomar 
um primeiro contato com o texto interpretado e não para se extrair o sentido completo que a norma 
pode oferecer. 
- Ricardo Maurício: o hermeneuta se debruça sobre as expressões normativas, investigando a origem 
etimológica dos vocábulos e aplicando as regras estruturais de concordância ou regência, verbal ou 
nominal. 
- Cuida-se de apreender o significado da assertiva normativa, ao pé da letra, colhendo apenas o 
significado só das palavras. Não é suficiente para a construção de uma interpretação adequada, mas é 
imprescindível para fixar os limites dos quais o intérprete não pode se afastar, sob pena de violentar o 
texto da norma. Ex: o art. 20, IV, determina que são bens da União "as ilhas oceânicas e as 
costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios". Nesse caso, é preciso 
realizar uma interpretação gramatical para fixar que "destas" se refere a "as [ilhas] costeiras". 
2 
 
2. INTERPRETAÇÃO LÓGICA 
- Essa interpretação é considerada como textual-interna, tendo em vista que busca explicar a 
norma através do sentido intrínseco do texto. 
- Segundo Carlos Maximiliano, o processo lógico: 
Consiste em procurar descobrir o sentido e o alcance de expressões do 
Direito sem o auxílio de nenhum elemento exterior, com aplicar ao 
dispositivo em apreço um conjunto de regras tradicionais e precisas, tomadas 
de empréstimo à Lógica legal. Pretende do simples estudo das normas em si, 
ou em conjunto, por meio do raciocínio dedutivo
1
, obter a interpretação 
correta. 
 
- O método lógico constitui a expressão mais pura e acabada do raciocínio analítico que, como vimos, 
infere de premissas necessárias uma conclusão igualmente necessária. Postula, da mesma maneira, a 
plenitude jurídica da lei e crê que o núcleo verbal desta é suficientemente elástico para comportar 
todas as situações de fato ocorrentes na prática, com a só utilização, rígida e fria, do silogismo judicial. 
Erige em premissa maior deste a lei, geral e abstrata; como premissa menor, descreve o fato, despido 
de suas peculiaridades concretas, após o que sobrevém a decisão, expressão fria do Direito more 
geométrico, de corte racionalista, cuja ideia de justiça se exaure na satisfação de um único requisito: a 
igualdade absoluta dos destinatários da norma legal. 
 
3. INTERPRETAÇÃO HISTÓRICO-EVOLUTIVA 
- Histórico “clássico”: Munido da técnica histórica, o intérprete perquire os antecedentes 
imediatos (v.g., declaração de motivos, debates parlamentares, projetos e anteprojetos) e 
remotos (e.g., institutos antigos) do modelo normativo. 
- Esse método de interpretação conhecido também como progressivo, conforme se divide em duas 
modalidades distintas. 
- Uma delas, a extremada, é aquela pela qual o intérprete deve adaptar o texto legal às novas 
condições sociais inexistentes ao tempo de sua formação, embora tenha de afastar-se inteiramente da 
letra e da vontade do primitivo legislador ou de atribuir à primeira um sentido forçado. 
 
1
 Nesta modalidade de raciocínio lógico, dada uma generalização, inferimos as particularidades. As 
generalizações são sempre atingidas pelo processo indutivo, e as particularidades pelo dedutivo. O raciocínio 
dedutivo apresenta conclusões que devem, necessariamente, ser verdadeiras caso todas as premissas sejam 
verdadeiras. Sua base é racionalista e pressupõe que apenas a razão pode conduzir ao conhecimento verdadeiro. 
Assim, a ideia por trás do método dedutivo é ter um princípio reconhecido como verdadeiro e inquestionável, ou 
seja, uma premissa maior, a partir da qual o pesquisador estabelece relações com uma proposição particular, a 
premissa menor. Ambas são comparadas para, a partir de raciocínio lógico, chegar à verdadedaquilo que propõe, 
ou conclusão. 
3 
 
- A outra modalidade, por sua vez, é aquela pela qual o intérprete considera apenas aquelas mudanças 
de conteúdo que vão surgindo após sua elaboração; e, ainda, é aquela admissível quando o pensamento 
novo tenha já penetrado na legislação de alguma forma. 
- O reconhecimento dessa técnica de interpretação deixa transparecer que o direito é dinâmico e a 
norma não deve ficar estática no tempo. É mutável e por isso sofre as influências das transformações 
da sociedade. 
- Nessa modalidade o intérprete busca descobrir a vontade atual da lei e não a vontade pretérita do 
legislador, vontade que deve sempre corresponder às necessidades e condições sociais. 
 
4. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA 
- Carlos Maximiliano diz que “consiste o Processo Sistemático em comparar o dispositivo sujeito a 
exegese com outros do mesmo repositório ou de leis diversas, mas referentes ao mesmo objeto”. 
- Depois acrescenta: “Confronta-se a prescrição positiva com outra de que proveio, ou que da mesma 
dimanaram, verifica-se o nexo entre a regra e a exceção, entre o geral e o particular, e deste modo se 
obtém esclarecimentos preciosos. O preceito, assim submetido a exame, longe de perder a própria 
individualidade, adquire realce maior, talvez inesperado. Com esse trabalho de síntese é mais bem- 
compreendido”. 
- A interpretação sistemática considera que a norma não pode ser vista de forma isolada, pois o 
direito existe como sistema, de forma ordenada e com certa sincronia. 
- Ricardo Maurício: consiste em referir o texto ao contexto normativo de que faz parte, 
correlacionando, assim, a norma ao sistema do inteiro ordenamento jurídico e até de outros sistemas 
paralelos. 
- Tem pressuposto a visão da lei como um todo, um conjunto. Assim, não se pode interpretar uma 
disposição da lei sem ter em mente os demais dispositivos. Deve-se interpretar a lei em conjunto, e 
não aos pedaços. Ex: de acordo com o art. 12, §3º, alguns cargos são privativos de brasileiros 
natos. Porém, só tendo lido o §2º do mesmo art. 12 é que se pode saber que esse rol de cargos 
privativos é exaustivo (não admite ampliação), salvo outra previsão também constitucional. 
 
5. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA 
- Diferentemente de todos os métodos de interpretação analisados até agora, a interpretação teleológica 
concentra suas preocupações no fim a que a norma se dirige. 
4 
 
- Ricardo Maurício: A técnica teleológica procura, deste modo, delimitar o fim, vale dizer, a ratio 
essendi do preceito normativo, para a partir dele determinar o seu real significado. A delimitação do 
sentido normativo requer, pois, a captação dos fins para os quais se elaborou a norma jurídica. 
 OBS: A interpretação teleológica serve de norte para os demais processos hermenêuticos. 
- Nesta, o intérprete deve levar em consideração valores como a exigência do bem comum, o ideal 
de justiça, a ética, a liberdade, a igualdade, etc. Um exemplo desta interpretação é o artigo 5º da Lei 
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro: “Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins 
sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. 
- Exemplo de uma norma alemã que proibia o acesso de cães aos vagões dos trens. Um homem 
tentou, então, embarcar com um urso (!), alegando que a norma proibia apenas os cães. Por 
meio de uma interpretação teleológica, porém, fixou-se que, se os cães eram proibidos, com 
muito mais razão deveria ser vedado acesso de ursos. 
 
6. INTERPRETAÇÃO SOCIOLÓGICA 
- A definição de João Baptista Herknhoff é bem esclarecedora desse método de interpretação: 
“processo sociológico que conduz à investigação dos motivos e dos efeitos sociais da lei”. 
- Os objetivos pragmáticos do processo sociológico de interpretação são: 
a) conferir a aplicabilidade da norma às relações sociais que lhe deram origem; 
b) estender o sentido da norma a relações novas, inexistentes ao tempo de sua criação; 
c) verificar o alcance da norma, a fim de fazê-la corresponder às necessidades reais e atuais da 
sociedade. 
- Ricardo Maurício: A seu turno, o processo sociológico de interpretação do direito objetiva: a) 
conferir a aplicabilidade da norma jurídica às relações sociais que lhe deram origem; b) elastecer o 
sentido da norma a relações novas, inéditas ao momento de sua criação; e c) temperar o alcance do 
preceito normativo a fim de fazê-lo espelhar as necessidades atuais da comunidade jurídica. 
 
7. CASUÍSTICA: 
a) Processo Hermenêutico Gramatical: 
- CDC, art. 51 – “São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao 
fornecimento de produtos e serviços que:” 
5 
 
- A expressão “entre outras” sinaliza para uma ideia de inclusão. Isto permite firmar o caráter 
exemplificativo do elenco legal de cláusulas abusivas (numerus apertus), o que se depreende através 
da utilização do processo hermenêutico gramatical. 
b) Processo Lógico-Sistemático: 
- CDC, art. 1° - O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem 
pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal 
e art. 48 de suas Disposições Transitórias. 
- Ou seja, deve o CDC ser analisado no contexto prescrito pela CF/88, nos artigos e institutos 
indicados já no seu primeiro artigo. 
c) Processo Histórico: 
- redação antiga: CDC, Art. 4° A Política Nacional de Relações de Consumo tem por objetivo o 
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito a sua dignidade, saúde e segurança, a 
proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a 
transferência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: 
- redação nova: CDC, Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o 
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a 
proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a 
transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação 
dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995). 
- Com base na técnica histórica, de natureza retrospectiva, os trabalhos desenvolvidos pela comissão 
de juristas do Conselho Nacional de Defesa do Consumidor e pela Comissão Mista do Congresso 
Nacional, bem como os demais momentos da tramitação legislativa do projeto do CDC, oferecem 
relevantes suportes para a interpretação da lei consumerista. É, por exemplo, a análise o projeto de 
lei da Comissão Mista do Congresso Nacional que nos conduz à constatação de que o legislador, ao 
positivar originariamente, no art. 4º do CDC, o vocábulo transferência, queria referir, em verdade, o 
vocábulo transparência, como valor a ser tutelado nas relações de consumo. 
d) Técnica sociológica: 
- Está habilitado o hermeneuta a interpretar o arcabouço normativo do CDC com base na realidade 
circundante, qual seja, a sociedade de consumo. 
- Permite ao intérprete acompanhar as transformações e dinamismo da sociedade pós-industrial e 
seus reflexos no mercado de consumo, a exemplo dos contratos eletrônicos, fruto do 
desenvolvimento tecnológico. 
6 
 
e) Processo Teleológico: 
- CDC, Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das 
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus 
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia 
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios [...]; 
1 
 
Subjetivismo e Objetivismo Jurídico 
 
1. Vontade do legislador x Vontade da lei: 
- “voluntas legislatoris” ou “voluntas legis”? 
-Problema: O conteúdo objetivo da lei e, consequentemente, o último escopo da 
interpretação, são determinados e fixados através da vontade do legislador histórico, 
manifestada então e uma vez por todas, de modo que a dogmática jurídica deve seguir as 
pegadas do historiador, ou não será, pelo contrário, que o conteúdo objetivo da lei tem 
autonomia em si esmo e nas suas palavras, enquanto vontade da lei, enquanto sentido objetivo 
que é independente do mentar e do querer subjetivos do legislador histórico e, que, por isso, 
em caso de necessidade, é capaz de movimento autônomo, é suscetível de evolução como 
tudo aquilo que participa do espírito objetivo? (Karl Engisch). 
a) Corrente Subjetivista: pondera que o escopo da interpretação é estudar a vontade 
histórico-psicológica do legislador expressa na norma. A interpretação deve verificar, de 
modo retrospectivo o pensamento do legislador estampado no modelo normativo. 
 - Valoriza a Ordem. 
b) Corrente Objetivista: preconiza que, na interpretação do Direito, deve ser vislumbrada a 
vontade da lei, que, enquanto sentido objetivo, independe do querer subjetivo do legislador. 
A norma jurídica seria a vontade transformada em palavras, uma força objetivada 
independente do seu autor. O sentido incorporado no modelo normativo se apresentaria mais 
rico do que tudo o que o seu criador concebeu, porque suscetível de adaptação aos fatos e 
valores sociais. 
 - Valoriza a Mudança. 
- Situação atual: combinando a exigência de segurança com o impulso incessante por 
transformação, a hermenêutica jurídica contemporânea se inclina, pois, para a superação do 
tradicional subjetivismo - voluntas legislatoris, em favor de um novo entendimento do 
objetivismo - voluntas legis, realçando o papel do intérprete na exteriorização dos 
significados da ordem jurídica. 
 - Objeto não está desvinculado do sujeito; 
2 
 
 - o sentido não existe apenas do lado do texto, nem somente do lado do intérprete, mas 
como um evento que se dá em dupla trajetória: do texto (que se exterioriza e vem à frente) 
ao intérprete; e do intérprete (que mergulha na linguagem e a revela) ao texto. 
 - Toda norma se exprime na interpretação que lhe atribui o aplicador. O sentido da 
norma legal se regenera de modo contínuo, como numa gestação infinita. A interpretação 
jurídica permite transcender aquilo que já começou a ser pensado pelo legislador, de modo a 
delimitar a real vontade da lei. 
- Conclusão: Observa-se, assim, que a lei só adquire um sentido com a aplicação que lhe é 
dada e que o poder assim reconhecido ao intérprete atesta a fragilidade da ordem normativa: 
nenhum preceito da lei, diz-se ainda, recebe seu sentido de um âmago legislativo; torna-se 
significativo com a aplicação que lhe é dada e graças à interpretação jurídica que esta implica. 
1 
 
Hermenêutica, integração do Direito e as lacunas jurídicas: 
1.1 Integração do Direito: 
- Consiste na atividade de preenchimento das lacunas jurídicas, que são vazios ou 
imperfeições que comprometem a ideia de completude do sistema jurídico. 
 
1.2 Objeto da discussão: 
- A integração do Direito é um tema cuja compreensão exige a análise da (in)completude do 
sistema jurídico. 
 
1.3 Primeira corrente – Completude do Sistema: 
- Defende que o sistema jurídico é fechado, não existindo lacunas; 
 1º Argumento – em relação às condutas das pessoas – raciocínio lógico: “tudo que 
não está juridicamente proibido, está juridicamente permitido”. 
 2º Argumento – em relação à jurisdição (atos do julgador) – defendem que não há 
lacuna porque o julgador nunca poderá eximir-se de julgar, alegando falta ou obscuridade da 
lei. Como a decisão do juiz se caracteriza como uma norma jurídica que regula o caso 
concreto, na prática ele estaria, portanto, oferecendo uma resposta normativa capaz de 
assegurar a completude do sistema. Trata-se do “Princípio do Non Liquet”: 
CPC, Art. 140 - O juiz não se exime de decidir sob a alegação de 
lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. 
LINDB, Art. 4º - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de 
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. 
 
1.4 Segunda Corrente – Incompletude do Sistema: 
- Defende que o legislador não tem como prever e regular a totalidade das relações 
sociais; 
- Ademais, a incompletude ou abertura do sistema é importante para possibilitar a 
mobilidade do próprio sistema, de forma a permitir que acompanhe as transformações 
sociais, campo extremamente dinâmico. 
2 
 
* Todavia, frise-se, as lacunas não estão no sistema jurídico, mas nas normas jurídicas. Isto 
porque, através dos meios de integração, o intérprete colmata as lacunas, preenche os vazios. 
1.4.1) Espécies de Lacuna: 
a) Lacunas normativas – ausência de lei para o caso concreto; 
b) Lacunas ontológicas – a lei existe, mas não mais corresponde à realidade social. A norma 
estaria, assim, desatualizada, não apresentando mais compatibilidade com os fatos sociais e 
com o desenvolvimento técnico; e 
c) Lacunas axiológicas – a lei existe, mas não é uma norma justa para solução do caso 
concreto. A norma processual acaba por levar a uma solução injusta ou insatisfatória. 
1.4.2 Meio de integração das lacunas: 
a) Analogia: 
- É um recurso técnico que consiste em se aplicar, a uma hipótese não prevista pelo legislador, 
a solução por ele apresentada para uma outra hipótese fundamentalmente semelhante à não 
prevista. 
Trabalhadores Ferroviários - CLT, art. 244, § 2º - Considera-se de 
"sobreaviso" o empregado efetivo, que permanecer em sua própria 
casa, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço. 
Cada escala de "sobreaviso" será, no máximo, de vinte e quatro horas, 
As horas de "sobreaviso", para todos os efeitos, serão contadas à razão 
de 1/3 (um terço) do salário normal. 
** Analogia in malam partem no Direito Penal. 
b) Costumes: 
- Regras sociais resultantes de uma prática reiterada de forma generalizada e prolongada, o 
que resulta numa certa convicção de obrigatoriedade, de acordo com cada sociedade e cultura 
específica. 
CC/02, Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume 
a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á 
concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa. 
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CC/02, Art. 569. O locatário é obrigado: II - a pagar pontualmente o 
aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume 
do lugar; 
CC/02, Art. 596 (Prestação de serviços). Não se tendo estipulado, nem 
chegado a acordo as partes, fixar-se-á por arbitramento a retribuição, 
segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade. 
c) Princípios Gerais do Direito: 
- São princípios que inspiram e dão embasamento à criação de toda e qualquer norma, 
inclusive e especialmente a Constituição, bem como os valores sociais que afetam o sistema e 
dirigem sua finalidade. 
- São exemplos dos princípios gerais do Direito no Brasil: a justiça, a dignidade do homem, 
a isonomia, a anterioridade para fins de cobrança de impostos, o sistema republicano 
etc. 
d) Equidade: 
- Aplicação justa no caso concreto, tendo em vista a falta de norma jurídica e dos outros 
meios de integração. Equidade é, assim, uma colmatação justa da falha do ordenamento 
jurídico. 
Ex: Lei de Arbitragem. 
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Hermenêutica e o problema das Antinomias Jurídicas: 
- Ligada ao problema da coerência do sistema jurídico; 
- Para que um sistema seja coerente, é necessário que os seus elementos não entrem em 
contradição entre si. 
2.1 Antinomias próprias: 
- Verificam-se toda vez que uma norma jurídica proíbe uma dada conduta enquanto 
outra norma jurídica faculta a mesma conduta.- Bobbio: “1) entre uma norma que ordena fazer algo e uma norma que proíbe fazê-lo 
(contrariedade); 2) entre uma norma que ordena fazer e uma que permite não fazer 
(contraditoriedade); 3) entre uma norma que proíbe fazer e uma que permite fazer 
(contraditoriedade)”. 
2.2 Antinomias Impróprias: 
- São aquelas contradições mais sutis entre as normas jurídicas, envolvendo o conflito de 
valores, finalidades, sentimentos e terminologias do sistema jurídico. Dividem-se em: 
TELEOLÓGICA, VALORATIVA, PRINCIPIOLÓGICA e SEMÂNTICA. 
a) A ANTINOMIA IMPRÓPRIA TELEOLÓGICA: ocorre quando uma norma 
jurídica estabelece os meios para a aplicabilidade de outra norma jurídica, mas os meios 
oferecidos se revelam incompatíveis com o fim previsto na norma originária. Exemplo: 
sucede com a lei que fixa o valor atual do salário mínimo, que não atende às necessidades 
vitais do trabalhador, aludidas na norma constitucional do art.7º da CF/88. 
CF/88, Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de 
outros que visem à melhoria de sua condição social: 
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de 
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com 
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, 
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe 
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para 
qualquer fim; 
Decreto 9.255/17, Art. 1º A partir de 1º de janeiro de 2018, o salário 
mínimo será de R$ 954,00 (novecentos e cinquenta e quatro reais). 
Parágrafo único. Em virtude do disposto no caput, o valor diário do 
salário mínimo corresponderá a R$ 31,80 (trinta e um reais e oitenta 
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centavos) e o valor horário, a R$ 4,34 (quatro reais e trinta e quatro 
centavos). 
 
b) ANTINOMIA IMPRÓPRIA VALORATIVA: ocorre toda vez que acontece uma 
discrepância entre os valores cristalizados por duas ou mais normas jurídicas, quando a 
ordem jurídica pune mais severamente uma infração social branda e mais levemente 
uma infração social mais grave, como ocorre com a punição mais severa dos crimes de furto 
e roubo, quando comparada com a punição dos crimes contra a administração pública, no 
Código Penal Brasileiro, potencialmente mais lesivos para o conjunto da sociedade. 
 
c) ANTINOMIA IMPRÓPRIA PRINCIPIOLÓGICA: verifica-se toda vez que os 
princípios jurídicos entram em colisão, sinalizando soluções diversas para o 
intérprete/aplicador do Direito, como ocorre com o conflito entre os princípios 
constitucionais da liberdade de informação e da vida privada das autoridades públicas. 
d) Antinomia Imprópria Semântica: surge toda vez que uma mesma palavra comporta 
diferentes sentidos, a depender do ramo jurídico em que é utilizada. Exemplo: a palavra posse 
tem diversos significados a depender de se utilizada no Direito Civil ou no Direito 
Administrativo. 
2.3 Solução das Antinomias – critérios: 
1) HIERÁRQUICO: o mais importante, e que tem mais referência diante dos demais. 
Norma jurídica superior x inferior. 
CF/88, Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de 
outros que visem à melhoria de sua condição social: 
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 
cinqüenta por cento à do normal; 
CLT, art. 61, § 2º - Nos casos de excesso de horário por motivo de 
força maior, a remuneração da hora excedente não será inferior à da 
hora normal. Nos demais casos de excesso previstos neste artigo, a 
remuneração será, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) 
superior à da hora normal, e o trabalho não poderá exceder de 12 
(doze) horas, desde que a lei não fixe expressamente outro limite. 
 
2) CRONOLÓGICO: norma jurídica anterior x posterior - prevalece: posterior. Ex.: CC 
1916 e CC/02; 
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3) ESPECIALIDADE: conflito entre uma norma que regule um tema genericamente x 
uma norma que regule especificamente. 
NCPC, Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do 
vencedor. 
Lei 12.016/09 (Lei do MS), Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a 
interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários 
advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé. 
 
4) PARA A SOLUÇÃO DAS ANTINOMIAS PRINCIPIOLÓGICAS: 
- Recorrer-se-á ao uso da ponderação. 
Exemplos: 
A) o debate entre os princípios da liberdade de expressão x proteção aos valores éticos e 
sociais da pessoa ou da família, ao tratar do eventual controle da programação de televisão. 
B) conflito entre os princípios da liberdade religiosa x proteção da vida, em situações em que 
envolvam a transfusão de sangue para as testemunhas de Jeová. 
C) Estado Laico x Ensino religioso confessional nas escolas públicas.

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