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TRABALHO SEMINÁRIO CONTRATOS I (2)

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ESCOLA DE DIREITO DOM HELDER CÂMARA
TRABALHO FINAL DO SEMINÁRIO: CONTRATOS EXTRAVAGANTES I
QUESTÕES AVALIATIVAS
1. Explicar o “CDI” - Certificado de Depósito Interbancário”.
INTRODUÇÃO
	Os bancos devem dinheiro aos aplicadores e aos depositantes à vista, ou em prazos curtíssimos, mas emprestam a prazos, quase sempre, longos. Se os aplicadores e os depositantes resolverem todos quererem seu dinheiro de uma só vez, há o risco dos bancos não possuírem os valores imediatamente. Para se evitar situações como essa, os bancos têm obrigatoriamente que ter reservas disponíveis proporcionais aos seus empréstimos.
	Com o intuito de garantir uma distribuição de recursos que atenda ao fluxo demandados pelos bancos, foi criado, no meio da década de 1980, O CDI – Certificado de Depósito Interbancário, que lastreia as operações entre os bancos. O CDI tem características semelhante ao CDB (Certificado de Depósito Bancário), mas com a diferença de que só é negociado entre bancos.
	A partir de 1988, o Bank of international Settlements (BIS) localizado na cidade de Basileia na Suíça, tendo em vista a globalização das finanças, resolveu coordenar a uniformização dos procedimentos de segurança bancárias, tornando-se o banco central dos bancos centrais de 27 países, inclusive do Brasil. 
	Nesse contexto, a partir de um acordo inédito entre bancos de vários países, surgiu o Basileia 1 que, dentre outras medidas adotados, determinou que os bancos deveriam ter um capital mínimo de 8% sobre seus ativos (financiamentos e aplicações de recursos) objetivando proteger os depositantes e evitar a “quebra”. O Basileia 1 foi implementado no Brasil em 1994.
	Na prática, observou-se que a aplicação de exigências uniformes de capital para ativos diferentes não estava funcionando e precisava ser revista. No bojo dessa nova demanda, surgiu o Basileia 2, que foi instituído pelo BIS em 2001, que reconhecia a existência de diferentes risco de crédito, risco operacional e preços de mercado, relativizando as exigências de capital das instituições financeiras. No Brasil, o Basileia 2 foi implantado em 2007.
	Sob o impacto da crise econômica mundial de 2008, e buscando aumentar ainda mais a segurança de investidores e depositantes, o BIS, em 2010, por meio do Basileia 3, determinou, entre outras ações, que os bancos não devem emprestar mais de 33 vezes o seu capital. Esta regra começou a valer no Brasil em 2013.
	Após a explanação anterior, pode-se entender melhor o conceito de CDI. Certificado de Depósito Interbancário – CDI é um tipo de operação financeira realizada entre bancos para captação de recursos, no qual o banco que tem “dinheiro sobrando” no final do dia empresta para outro banco que está “com dinheiro faltando”, tendo em vista que não pode fechar o dia com balanço negativo, em obediência às regras de Basileia, a fim de se evitar risco de quebra sistêmica. 
	O banco que precisa de dinheiro para fechar com saldo positivo, emite um Certificado de Depósito Interbancário para outro que irá lhe emprestar parte do seu excedente. O CDI funciona como uma garantia de que o banco devedor pagará sua dívida com o banco credor. 
	No dia seguinte o banco credor devolve o título e recebe o dinheiro de volta acrescido com a taxa do CDI acordada pelas duas partes, que pode ser prefixada ou pós-fixada.
	A taxa que incidirá neste empréstimo de prazo curtíssimo é negociada diariamente entre os bancos e está intimamente ligada à taxa Selic, definida pelo Banco Central do Brasil “como a taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) para títulos federais”. O CDI não sofre taxações do governo. As negociações feitas são registradas na CETIP, que é uma plataforma de serviços para mercado de capitais, que calcula e divulga a taxa DI, que é uma média das operações financeiras realizadas num dia.
A CDI acumulado em 2014 foi de 10,81%, até maio/2015 o acumulado do ano é de 3,78%. É importante ressaltar que, quanto mais baixa estiver a taxa do CDI, mais barato está o custo do dinheiro no mercado. Consequentemente, a rentabilidade dos investimentos em renda fixa, também caem acentuadamente.
2. Leasing: Apontar utilização deste contrato.
	O leasing ou arrendamento mercantil é um contrato complexo que possui características da locação e também da compra e venda. O leasing é regulado no ordenamento jurídico nacional pela Lei nº 6.099/74, alterada pela Lei nº 7.123/83 e pela Resolução 2.309/96, entre outras normas. O leasing é isento de IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) o que constitui uma vantagem importante desse contrato. 
	O leasing é considerado um arrendamento mercantil, realizado entre pessoa jurídica, que é a arrendadora, e pessoa física ou jurídica, que é o arrendatário, tendo por objeto o arrendamento de bens, móveis ou imóveis, adquiridos pela arrendadora, de acordo com as especificações do arrendatário.
	Em princípio o contrato tem forma de locação, visto que o bem é transferido para uso de outra pessoa, mediante pagamento de contraprestações, garantindo-se, contudo, a propriedade do arrendador. Após o prazo acordado entre as partes, há a opção de compra do bem por um valor previamente estipulado em contrato.
	O arrendatário (pessoa física ou jurídica) escolhe o automóvel e a arrendadora (empresa de leasing), ao pagar o preço, compra o bem do fornecedor, transferindo a posse ao arrendatário mediante o pagamento de contraprestações. De acordo com César Fiuza, 1FIUZA, César. Direito Civil Curso Completo. 17ª ed., 2014. p. 837.
“[…] após o término do contrato terá o arrendatário terá três opções: adquirir o bem, descontados os aluguéis já pagos; encerrar o contrato, restituindo o bem; ou prorrogar o arrendamento.” 
	Saliente-se que o valor das é elevado porque cada parcela, na verdade, está sendo abatida no preço total do bem.
	Nessa modalidade de leasing há o Valor Residual Garantido ou VGR, que um valor mínimo, pago ao arrendatário, além das contraprestações ordinárias. O VGR pode ser diluído em todas as contraprestações, ser pago adiantadamente, ou pago no final do contrato, ou seja, é cobrado não só o uso da coisa mas também o seu custo de aquisição. Funciona como uma espécie de seguro para o arrendador, mas, mesmo assim, é vantajoso para o arrendatário porque o valor da opção de compra ou valor residual garantido VRG é pequeno quando comparado às prestações advindas de um contrato de financiamento. 
	Uma utilização prática do leasing pode ocorrer, por exemplo, quando uma grande companhia aérea necessita adquirir um avião. Um bem notadamente caro, em vez de ficar descapitalizada e adquirir o avião de um só vez, ou fazer um financiamento com taxas normalmente elevadas, ela pode pactuar com uma empresa de leasing, normalmente vinculada a um banco, que fará a compra da aeronave, e posteriormente a alugará à referida empresa. Neste caso o preço do aluguéis serão altos, porque cada parcela já sendo abatida no preço total do avião. No final do contrato de locação, a companhia aérea poderá comprar o avião, pagando o valor restante, descontando os aluguéis já pagos; ou proceder ao encerramento do contrato restituindo o avião à empresa de leasing; ou dar prosseguimento à locação, pagando, em regra, aluguéis mais baixos. Conforme ensina César Fiuza2FIUZA, César. Direito Civil, cit., p. 839.
, a opção deve ser exercida ao final do contrato, sob pena de descaraterizar o leasing, transformando-o em compra e venda a prazo.
	
	As construtoras e empreiteiras utilizam o leasing de máquinas, sobretudo para utilização daquelas mais caras, que não valem a pena serem adquiridas pela empresa em virtude do uso ser pontual ou por tempo determinado. É mais interessante para o empresário arrendar as máquinas enquanto a obra é realizada do que fazer um financiamento para adquiri-las.
3. Franquia: identifique possibilidade de ocorrência de dois tributos e explique-os.
	
	A franquia ou franchising é o contrato mercantil
no qual se unem o franqueador, que autoriza ou franqueado a explorar sua marca ou patente, associado ao direito de distribuição de produtos e à prestação de serviços, mediante pagamento de prestações periódicas sobre os lucros obtidos chamadas royalties. A atividade de franquia encontra-se discriminada no subitem 17.08, da lista anexa à Lei Complementar nº 116/03 que prevê os serviços sujeitos ao imposto municipal. Entretanto, prestar serviços é somente parte das obrigações assumidas em um contrato de franquia. 
	De acordo com a Lei de Franquia Brasileira (Lei 8.955/94), os royalties são definidos como sendo a “remuneração periódica pelo uso do sistema, da marca ou em troca dos serviços efetivamente prestados pelo franqueador ao franqueado”. A referida lei não estabelece quais tipos de royalties podem ser cobrados, não determinando restrições quanto ao seu critério de apuração, base de cálculo, frequência, etc. 
	Sobre a possibilidade de incidência de dois impostos sobre a franquia, é importante explicar, preliminarmente, que há três regimes tributários vigentes no Brasil hoje: Simples Nacional, Lucro Real e Lucro Presumido. Em geral, as franquias tem se beneficiado do Simples porque suas operações não ultrapassam o teto de R$ 3.600.000,00 milhões ao ano, e este imposto tem uma carga tributária menor, o que aumenta as vantagens para os franqueados. Caso as operações financeiras das franquias sejam muito baixas ou ultrapassem o teto citado, devem ser analisados os regimes de Lucro Real e Lucro Presumido a fim de se verificar qual mais adequado a cada caso.
	No entanto, há possibilidade de ocorrência de mais um imposto a ser pago nos contratos de franquia: o ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) cobrado sobre os royalties, num percentual que varia entre 2 e 5%. O ISS, de competência dos municípios e do Distrito Federal, está previsto no artigo 156, inciso III, da Constituição Federal de 1988. 
	Há divergência entre os tribunais quanto à questão. Alguns, como o de Minas Gerais, o do Rio de Janeiro e do Paraná, entendem que a franquia está no rol das atividades tributáveis pelo ISS conforme a LC 116/03, concebendo-a como prestação de serviços. Outros, como o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e o de São Paulo, têm entendimentos mais favoráveis no sentido da não incidência do ISS sobre os royalties, sob o argumento de que a prestação de serviços é apenas uma das atividades previstas no contrato de franquia, é uma atividade-meio e não o objetivo precípuo do contrato.
	Além disso, cumpre destacar que o know how transferido pelo franqueador, que juridicamente não pode ser caracterizado como prestação de serviço comum, conforme ensina Maria Helena Diniz, tendo em vista que, enquanto a prestação de serviço é considerada uma obrigação de fazer (ensinar, prestar assistência, alugar, treinar etc.), a transferência de know how é concebida como uma obrigação de dar (transferir/fornecer) e, portanto, não é fator gerador de cobrança do ISS.
	Outro aspecto importante da questão é a discussão se o franqueado é ou não consumidor e destinatário final de um produto ou serviço. O franqueador apenas cede ao franqueado a licença para o uso da marca, presta-lhe assistência técnica, lhe dá condições para que ele forneça bens e serviços. Por esta análise, percebe-se que o franqueado não se caracteriza como consumidor de um serviço.
	Há duas ações no STF que discutem a constitucionalidade da cobrança do ISS sobre os royalties pagos oriundos de contratos de franquia: Recurso Extraordinário 603.136, considerado de repercussão geral, ajuizado pela Venbo Comercial de Alimentos (da rede Bob's), que se encontra tramitando desde de 2009. A outra é a ADIN nº 4.784/DF, proposta pela Associação Nacional das Franquias Postais do Brasil (Anafpost) em maio de 2012.
	Em relação ao recurso citado, a Procuradoria-Geral da República apresentou um parecer no qual defende que a natureza híbrida do contrato de franquia permitiria a incidência do ISS. O ministro Gilmar Mendes está com o processo desde maio de 2013, mas ainda não se manifestou sobre a questão. Já em relação à ação da Anafpost, a PGR apresentou um parecer requerendo a declaração da inconstitucionalidade da cobrança de ISS sobre os contratos de franquia empresarial. Os autos estão com o Ministro Roberto Barroso desde de junho de 2013, mas também ainda não houve manifestação.
	Enquanto a questão não se resolve, o franqueado pode fazer a consignação do pagamento em juízo, com vistas a afastar as sanções decorrentes do inadimplemento, e/ou propor uma ação declaratória cumulada com repetição de indébito, pleiteando todos os recolhimentos de ISS feitos nos últimos cinco anos, se for o caso, solicitando que o magistrado se manifeste a respeito da inconstitucionalidade do subitem 17.08 da LC 116/03, tendo em vista que seus efeitos permanecem vigentes e o não recolhimento do imposto implicará em sonegação fiscal. 
4. Know How: apresentar imagem de aplicação do contrato de know how em veículos terrestres.
O superveloz trem-bala atinge velocidade superior a 500 km/h, realidade na Europa e Japão há mais de 2 décadas, está vindo para o Brasil a passos de tartaruga. 
 
Ônibus considerado o mais caro e confortável do mundo. O veículo é equipado com sistema que possibilita o deslocamento, para aumentar o espaço interno quando não estiver em movimento. Além disso, também é possível elevar a parte superior, transformando-o em um terraço de dar inveja a qualquer proprietário de cobertura. 
 
 
BIBLIOGRAFIA
FIUZA, César. Direito Civil Curso Completo. 17ª ed. rev., atual. e ampl., Belo Horizonte: Editora Del Rey, 2014. 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro— Teoria Geral das Obrigações. v. 2. 29ª. ed., São Paulo: Editora Saraiva. 2014.
PIOLLI, Marília Bugalho. Direito das redes de franquia não recolherem ISS começa a ser reconhecido pelo Poder Judiciário. Disponível em < http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4018 >. Acesso em 18 de maio de 2015.
SCOCUGLIA, Lívia. Não incide ISS em contrato de franquia, decide TJ de São Paulo. Disponível em < http://www.conjur.com.br/2014-nov-04/nao-incide-iss-contrato-franquia-decide-tj-sao-paulo >. Acesso em 20.05.2015.
Imagem trem-bala. Disponível em: < http://megaarquivo.com/tag/trem-bala >. Acesso em 20.05.2015
Imagens ônibus. Disponível em: < http://www.hoya.com.br/blog/o-onibus-mais-caro-do-mundo/>. Acesso em 20.05.2015.
Trabalho apresentado na disciplina Direito Civil III – Contratos. Tema: Leasing de Arthur de Araújo Souza e Soares, 10.11.2011.
Textos sobre os contratos de franquia e know how disponibilizados pelo Prof. Romer para utilização no seminário.

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