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TEXTO - A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

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1 
 
 
 
 CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA 
 
Metodologia Científica 
 
__________________________________________________________________________ 
 
TEXTO 3 
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
 
O interesse dos seres humanos pelos fenômenos naturais e pela vida em sociedade 
é tão antigo quanto a nossa própria cultura. O movimento dos corpos celestes, a 
reprodução dos seres vivos, a transformação de materiais, a purificação de metais, a 
saúde dos seres humanos, a sucessão das estações do ano são exemplos de temas 
que já eram estudados por filósofos e naturalistas do Egito, da Grécia e China 
antigos. 
 
Os filósofos da Grécia Antiga, a partir do século IV a. C., produziram muitas obras 
que procuravam explicar o que ocorre no mundo e também pensar sobre o próprio 
conhecimento e sua produção. Sendo o conhecimento algo que está em nossas 
mentes, ou em textos de todos os tipos (escritos, desenhos, gráficos, símbolos), 
como é possível saber que esse conhecimento corresponde à realidade que ele 
tenta representar ou explicar? 
 
 
Preocupado com essas questões, Platão (427-347 a.C.), filósofo grego, estabeleceu 
uma distinção entre a "doxa" (opinião) e a "episteme" (ciência). Ele dizia que uma 
pessoa comum, não educada para a ciência, ficava limitada em seus conhecimentos por suas percepções 
sensoriais e suas paixões. Pois aquilo que os sentidos percebem muitas vezes não corresponde à realidade, 
pode ser somente uma ilusão criada pela forma de olhar. Já o filósofo é aquele que poderia atingir o verdadeiro 
conhecimento, que seria a ciência, pois aprende a lidar com o mundo das ideias. 
Para Platão, o conhecimento da verdade seria um conhecimento perfeito e, por isso, imutável. Uma vez 
atingida a verdade, ela valeria para todo o sempre. Platão preocupa-se em utilizar a razão para descobrir, em 
um mundo de aparências e em constante mudança, aquilo que pertence ao mundo perfeito e imutável das 
ideias. Essa distinção entre ciência e "senso comum", estabelecida pelo filósofo há 25 séculos, permanece até 
os dias de hoje. E muitos cientistas e professores de ciências naturais ou humanas acreditam nessa divisão 
perfeita do mundo em pessoas que sabem ciência e aquelas que não sabem. 
"O que é senso comum? Esta expressão não foi inventada pelas pessoas de senso comum. Creio que elas nunca 
se preocuparam em se definir. Um negro, em sua pátria de origem, não se definiria como pessoa 'de cor'. 
Evidentemente. Esta expressão foi criada para os negros pelos brancos. Da mesma forma a expressão 'senso 
comum' foi criada por pessoas que se julgam acima do senso comum, como uma forma de se diferenciarem das 
pessoas que, segundo seu critério, são intelectualmente inferiores. Quando um cientista se refere ao senso 
comum, ele está, obviamente, pensando nas pessoas que não passaram por um treinamento científico". 
 
Platão foi um dos 
precursores do 
pensamento científico 
Imagem: Reprodução 
2 
 
Podemos dizer que qualquer pessoa seja ela cientista ou não, age em alguns casos de acordo com seu senso 
comum e, em outros, de acordo com um conhecimento mais elaborado. Para quem é professor, essa ideia é 
muito importante. Nossos alunos sempre têm algum conhecimento prévio que se aproxima do conhecimento 
científico, ou seja, que não é apenas senso comum. Na TV, nossos alunos assistem, com grande frequência, a 
documentários e reportagens envolvendo questões científicas, pesquisas, descobertas, polêmicas. Quando 
crianças e jovens assistem documentários em vídeo ou mesmo reportagens de TV, podem adquirir 
informações, aprender fatos e viver processos de construção de conceitos científicos. 
Voltando à Grécia Antiga, Aristóteles (384-322 a.C.), outro filósofo grego, escreveu uma imensa obra, na qual 
os estudos da natureza ocuparam grande parte. Em seus escritos encontram-se sistemas de classificação de 
vegetais, discussões sobre a organização do universo e sobre o movimento dos corpos celestes. No modelo de 
universo proposto por Aristóteles, a Terra ocupa o centro (modelo Geocêntrico de universo) e todos os outros 
corpos celestes giram ao seu redor. 
Pensando em formas de garantir que a ciência (episteme) não permaneça apenas como opinião (doxa), 
Aristóteles desenvolveu a lógica, que no seu entender significava as regras do pensamento correto, ou a ciência 
da demonstração. Quando um filósofo afirma algo, tem que demonstrar que sua afirmação é verdadeira. Para 
isso, deve utilizar a lógica, "ciência das leis ideais do pensamento e a arte de aplicá-las corretamente na 
procura e demonstração da verdade". 
Os trabalhos desenvolvidos pelos filósofos da Grécia Antiga tiveram uma influência 
muito grande em toda cultura ocidental. A visão aristotélica de universo e sua 
lógica tornaram-se sinônimo de verdade durante séculos. Até que, no período que 
engloba os séculos XVI, até o XVIII, surge a ciência moderna, tendo como principais 
fundadores Galileu Galilei (1564-1642) e Isaac Newton (1642-1727) 
Entre as inúmeras mudanças no conhecimento da revolução científica desse 
período, a relacionada com o movimento dos corpos celestes e a posição da Terra 
em relação a esses corpos, tornou-se um símbolo. Galileu, inspirado pela obra de 
Copérnico (1473-1543) As Revoluções dos Orbes Celestes, convenceu-se de que a 
Terra não poderia ocupar o centro do universo e que essa posição deveria ser 
ocupada pelo Sol (modelo Heliocêntrico de universo). 
 
Utilizando, pela primeira vez, uma luneta para observar o céu, Galileu descobre as quatro maiores luas do 
planeta Júpiter. Ele observa os movimentos dessas luas e nota que elas se moviam ao redor do planeta, como a 
Lua se move em volta da Terra. Idéia que se contrapunha frontalmente ao modelo de uma Terra em repouso e 
único centro do universo. 
 
 
O universo segundo o pensamento contestado por 
Galileu 
Ilustração: Reprodução 
 
Galileu foi um dos fundadores 
da ciência moderna 
Ilustração: Reprodução 
3 
 
Em 1638, Galileu já se preocupava com o modo de se fazer ciência e propõe um método científico de produção 
de conhecimento. Com ele, e depois, definitivamente, com Newton, fica estabelecido que o conhecimento para 
ser ciência precisa ser produzido e apresentado de acordo com os métodos empregados por esses cientistas 
pioneiros. 
É preciso salientar, no entanto, que Galileu e Newton são apenas os 
representantes de um grande número de pensadores que, naquela mesma época, 
também estavam preocupados com as questões relacionadas ao conhecimento 
científico e sua produção. Como exemplo, podemos citar Descartes (1596-1650) e 
a sua obra Discurso do método e Francis Bacon (1561-1626), cujo lema era "saber 
é poder", que propunha um conhecimento científico que proporcionasse o 
domínio do ser humano sobre a natureza. 
 
No contexto histórico dessas discussões- Europa dos séculos XVI, XVII e XVIII - 
acontecia uma grande mudança social e política, uma revolução, que tinha como 
principal causa o desenvolvimento de uma nova classe social, a burguesia. Os 
burgueses se opunham aos interesses da aristocracia, e desejavam governar-
seindependentes do poder dos reis e de seus herdeiros. Os reis absolutistas caem, 
na Inglaterra, em 1688; e em 1789, na França, com a revolução francesa. O século 
XVIII fica conhecido como o Século das Luzes. O Iluminismo propaga uma visão de 
mundo na qual os seres humanos não dependem mais do desígnio da divina 
providência, mas devem traçar seus próprios destinos, tendo o conhecimento 
científico como ferramenta. 
 
Projetos e maquetes de inventos de Da Vinci 
Foto: Reprodução 
Durante o século XIX, a ciência passa por um enorme desenvolvimento. A Física, a Biologia, a Geologia e a 
Astronomia passaram a apresentar descobertas e teorias cada vez mais surpreendentes. O uso do microscópio 
e do telescópio possibilitounovas e revolucionárias descobertas, como os seres vivos microscópicos e suas 
relações com a saúde humana, e os novos corpos celestes como as nebulosas e os planetas Urano e Netuno, 
invisíveis a olho nu. 
Ainda neste século, surgiram as ciências humanas, dentre elas, a Geografia, a História, a Sociologia, e a 
Psicologia. Ao mesmo tempo, iniciou-se um grande debate em torno da natureza do conhecimento científico 
produzido por essas ciências. A ideia de que somente o conhecimento produzido nos moldes dos trabalhos de 
Newton era ciência ou ainda que para ser científico era necessário passar pela Matemática começa a ser 
questionada. 
 
Leonardo Da Vinci 
Imagem: Reprodução 
4 
 
É nesse contexto, durante o século XIX, que se desenvolve o 
pensamento positivista. Seu principal representante é o filósofo 
Augusto Comte (1798-1857). O positivismo radicaliza o papel da 
razão no estabelecimento de relações necessárias e permanentes. 
Daí a ideia de "determinismo", ou seja, à ciência cabe estabelecer as 
leis gerais, aquelas que determinam o que necessariamente sempre 
irá ocorrer. 
Essa concepção de ciência está fortemente influenciada pela Física. 
Se um gás que se encontra em um recipiente de volume constante 
(de vidro, por exemplo) e tem sua temperatura elevada, então, sua 
pressão irá, necessariamente, se elevar também. Essa é uma lei 
geral. Comte considera que qualquer cientista, seja ele físico, 
biólogo ou sociólogo, deve ter como meta estabelecer "leis gerais" 
como as leis das transformações gasosas, por exemplo. 
No final do século XIX, James Clerk Maxwell (1831-1879), afirma que a luz é uma onda eletromagnética e, nos 
últimos anos desse século, John Joseph Thomson (1856-1940) descobre o elétron, partícula negativa. Ele 
propõe, então, que deveriam existir também partículas positivas, já que a matéria em si é neutra. 
No período de 1909 a 1911, Ernest Rutherford (1871-1937), realiza experimentos que lhe permitem concluir 
que o átomo tem sua massa concentrada em um núcleo muito pequeno em torno do qual movem-se os 
elétrons. 
Nessa época, muitas explicações e modelos utilizados pela Física apresentam problemas. Um deles, por 
exemplo, estava relacionado com o modelo de átomo recém-proposto por Rutherford. Acontece que os 
estudos sobre eletromagnetismo de Maxwell mostravam que o elétron, como qualquer partícula com carga 
elétrica, quando realiza um movimento acelerado, perde energia, que é emitida na forma de uma onda 
eletromagnética. Os elétrons de um átomo, por sua vez, movem-se em torno do núcleo, em trajetórias 
circulares e, portanto, estão em movimento acelerado. Então, de acordo com o eletromagnetismo, eles 
deveriam emitir sua energia e não conseguiriam permanecer movendo-se ao redor do núcleo, pois iriam cair 
em direção a ele, atraídos pela carga positiva. Como resolver essa contradição? 
 
Em 1905, o cientista alemão Albert Einstein (1879-1955), publicou 
um trabalho sobre o Efeito Fotoelétrico, propondo que a luz seria 
composta por um conjunto de "corpúsculos de luz" chamado 
fótons. Essa idéia contrapunha-se à de Maxwell que mostrara em 
seus trabalhos ser a luz uma onda eletromagnética. Surge a 
pergunta: mas, então, a luz é uma onda ou um conjunto de 
partículas? 
Surge a idéia de que qualquer tipo de energia, em particular a luz, 
não pode ter sua intensidade aumentada ou diminuída 
continuamente. Há uma quantidade mínima de energia abaixo da 
qual ela não mais existe. Essa quantidade mínima recebeu o nome 
latino de quantum. O quantum de energia da luz é o fóton. A 
energia quantizada explica a estabilidade do átomo, com os 
elétrons em órbita ao redor do núcleo. Mas não resolve o problema 
da luz que, dependendo do experimento, parece ser uma onda em 
alguns casos, mas parece ser composta de fótons em outros. 
 
Durante todo o século XX, a ciência e a tecnologia, passaram a ter um desenvolvimento acelerado, como nunca 
houve na história. Grande parte desse desenvolvimento ocorreu a partir da 2ª Grande Guerra, que terminou, 
em agosto de 1945, com a explosão de duas bombas atômicas em território japonês. Essa guerra foi vencida 
por aqueles que ganharam a corrida científica, chegando a controlar a energia dos núcleos atômicos. A partir 
 
A História também é uma ciência. Ilustração do rio 
S. Francisco no século XIX 
 
O cosmos sempre desafiou o ser humano, que 
utiliza a Ciência para tentar conhecê-lo 
Imagem:Reprodução 
5 
 
daí, praticamente todos os países mais desenvolvidos e aqueles em busca de desenvolvimento, passaram a 
investir parte de seus orçamentos em construção de conhecimentos científicos. 
Com o enorme desenvolvimento das pesquisas científicas durante o século XX, 
houve muitas descobertas e muitas questões foram resolvidas. De todo esse 
processo, podemos ter uma certeza: toda boa teoria científica é aceita por resolver 
muitos problemas já existentes. Porém, toda nova teoria, além de responder a 
velhas perguntas, sempre propõe um novo conjunto de problemas, fazendo com 
que o conhecimento não pare de evoluir, de se transformar permanentemente. 
 
Texto original: Vinicius Signoreli 
Edição: Equipe EducaRede 
Fonte: http://www.educarede.org.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Ciência busca promover a 
saúde. Pesquisa sobre afecções 
do aparelho respiratório 
Ilustração: Reprodução

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