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Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro GABARITO Avaliação Presencial – AP3 Período - 2012/2o Disciplina: Método, Ideologia e Ética nas Organizações Coordenador: Luís Henrique Abegão 1. (Valor 2,0) Com base nas discussões apresentadas na disciplina, apresente uma distinção entre moral e ética, concentrando-se nos principais argumentos que as diferenciam, e indicando, ainda, a relação que existe entre esses conceitos e o de ideologia. Resposta: Apesar das palavras moral e ética terem, etimologicamente, o mesmo significado - moral, do latim mores, e ética, do grego ethos, significam, ambas, costume, modo de agir -, há uma distinção conceitual entre elas. A moral representa o conjunto de valores adotados, de modo particular, por um grupo social, de forma a estabelecer, por conseqüência, uma distinção entre o que o grupo julga ser o bem e a virtude e aquilo que ele considera ser o mal e o vício. A ética se distingue da moral por não ter uma função normatizadora das situações particulares e cotidianas, e sim por exercer um papel de examinadora ou questionadora da moral e, por isso, é também denominada de filosofia moral. A ética, portanto, tem um caráter universal, diferentemente da moral, que está atrelada à cultura de um grupo social em particular. A ideologia capitalista reproduz certos valores, como o individualismo, a competição, o sucesso, o hedonismo, modificando e homogeneizando culturas; o que acarreta em uma nova ordem de valores morais baseada no primado do indivíduo. Como a função precípua da ética é a de garantir a emergência de valores universais, os comportamentos e valores referidos ao indivíduo desvalorizam e dificultam a reflexão ética. 2. (Valor 2,0) Qual a principal contribuição de Amartya Sen para a compreensão do conceito de pobreza e por que esta visão diferenciada contribui para uma perspectiva mais ética sobre a desigualdade social? Resposta: A pobreza vista apenas como privação de renda e, por conseqüência, como privação em relação ao consumo, reduz em muito a real situação de vulnerabilidade social que tais indivíduos vivenciam. Afinal, segundo Armartya Sen, a privação da liberdade econômica é apenas uma das dimensões da pobreza, que também revela uma privação de liberdade social. Muitas vezes, as pessoas que sofrem privação de liberdade econômica podem contar com uma rede de proteção social e com políticas públicas – incluindo os mecanismos de redistribuição de renda –, que oferecem facilidades econômicas alternativas e oportunidades sociais para o enfrentamento das condições desfavoráveis de vida, garantindo a elas uma certa participação e inserção social. No entanto, quanto menores são as oportunidades sociais e econômicas direcionadas a essa população fragilizada, menor será a possibilidade de exercício pleno da cidadania, o que acaba por acarretar privação de liberdade social. E o que se espera é que cada indivíduo possa desfrutar das liberdades econômica e social, pois somente desta forma confere-se um verdadeiro sentido à vida. Em relação à liberdade econômica, Sen nos chama a atenção para o fato de que não basta apenas a ampliação de oportunidades e se não é possível aproveitá-las. Desse fato decorre a importância que o autor dá à ampliação da capacidades, juntamente com as oportunidades. 3. (Valor 2,0) Na aula 7 apresentamos um questionamento ético a respeito da economia. Na perspectiva de Hans Jonas, qual o motivo central para o distanciamento entre economia e ética? Resposta: A finalidade primordial da economia, na perspectiva de Jonas, é a de garantir a todos os implicados (aqui incluídas as gerações futuras) as condições de sobrevivência, o que, segundo o autor, depende de uma intrincada rede de cooperação, que deve garantir inclusive a sobrevivência dos mais fragilizados. Sendo assim, na perspectiva de Jonas, todos os cidadãos devem assumir a responsabilidade pelo bem-estar de todos. Esse deveria ser o propósito da economia e todos deveriam contribuir para a sua consecução. O motivo central, portanto, para o distanciamento entre economia e ética, na perspectiva de Jonas é a não consideração quanto ao propósito central da economia, sua meta-compromisso, ficando a preocupação da ciência econômica mais ligada aos meios que aos fins. 4. (Valor 2,0) Para o economista Milton Friedman, a única responsabilidade social da empresa é gerar lucro aos seus acionistas, agindo em conformidade com as leis e regras estabelecidas. A visão de Friedman sobre a Responsabilidade Social é considerada como a visão clássica da RSC. Considerando a visão mais recente, em que ela difere da de Milton Friedman? Resposta: Enquanto para Friedman a Responsabilidade Social do Capital consiste em gerar o maior lucro possível para seus acionistas, observando os princípios da legalidade, a visão mais recente da RSC incorpora a perspectiva da sustentabilidade e considera que o capital também deve assumir a responsabilidade por garantir as condições para que as gerações futuras possam satisfazer suas necessidades como nós hoje o fazemos. Neste sentido, o capital deve incorporar a perspectiva da ética nos negócios e considerar a sua contribuição para a manutenção ou melhoria das condições ambientais, sociais, político-insticionais e econômicas. 5. (Valor 2,0) Explique qual a função do código moral de uma organização e aponte três aspectos que devem ser observados no processo de construção ou revisão do código moral para que ele seja efetivo em sua função. Resposta: A função do código moral de uma organização é o de estabelecer regras de conduta que possam orientar todas as relações empresarias, sejam internas ou externas. A moral de uma empresa é a manifestação de seus valores, que uma vez postos em prática dão consistência à cultura organizacional. O código moral espelha essa cultura e define, em termos práticos, a vivência dos valores organizacionais. Quanto ao processo de construção ou revisão do código, o aspecto mais importante diz respeito à forma como o mesmo é conduzido, pois deve-se garantir a participação, sobretudo, dos colaboradores, numa perspectiva dialógica de construção o código. Outro aspecto relevante refere-se ao fato de que o código não deve ser visto como uma coletânea de normas com suas respectivas punições em caso da não observância das mesmas. O código deve ser antes um guia para a ação. Outro fato que contribui para o sucesso do código diz respeito à sua observância pelos dirigentes da organização, os quais devem se envolver inclusive no processo de confecção e revisão do código.
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