Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AVALIAÇÃO DE USINAGEM COM DIFERENTES ESTRATÉGIAS DE FRESAMENTO Fabio Pedroni - fpedroni1@ucs.br Jackson Antônio Schmitt - jaschimit@ucs.br Leonardo Dornelles dos Santos - ldsantos3@ucs.br Luis Gustavo da Silva - lgsilva2@ucs.br Marcos Hernandes Belmudes Lopes - mhlopes@ucs.br Resumo: Neste estudo de usinagem por fresamento, procurou-se avaliar os resultados obtidos na usinagem do aço P20, comparando as estratégias de fresamento com movimento de corte concordante e discordante, ambas utilizando fresa de topo reto com inserto de metal duro como ferramenta de corte. Os parâmetros de corte, como velocidade de corte, avanço e profundidade de usinagem foram as mesmas nos dois processos. Após os testes observou-se pouca diferença no cavaco gerado pelos dois processos. Já na avaliação da variação dimensional, e a qualidade superficial, a estratégia de fresamento concordante apresentou melhor resultado em relação à estratégia discordante. Palavras-chave: fresamento, qualidade superficial e estratégias de usinagem. 1. INTRODUÇÃO: O processo de usinagem por fresamento é um dos mais universais e conhecidos, possuindo grande variação quanto ao tipo de máquina utilizada, movimento da peça e tipos de ferramentas. As aplicações freqüentes do processo são a obtenção de superfícies planas, rasgos, ranhuras, perfis, contornos, cavidades e roscas, entre outros. Como vantagens gerais do processo de fresamento, pode-se citar as altas taxas de remoção obtidas e a possibilidade de obtenção de superfícies de elevada qualidade e complexidade. No processo de fresamento são normalmente utilizadas fresas de topo, estas ferramentas proporcionam a execução de superfícies de formas complexas, rasgos e cortes de diferentes tipos e tamanhos. Quanto aos movimentos de corte, pode ser dividida em movimento concordante e discordante, figura 01. Figura 01 – Movimento concordante e discordante Fonte: Sandvik 1.1 MOVIMENTO CONCORDANTE: No fresamento concordante, ou para baixo, os movimentos de corte e avanço têm aproximadamente o mesmo sentido. A característica principal desta técnica é que a ferramenta empurra a peça contra a mesa da máquina, sendo recomendado no caso de fixação deficiente. O principal inconveniente de sua aplicação é que há uma componente que empurra a peça contra a ferramenta, gerando solavancos e vibrações que impossibilitam a aplicação no caso de folgas no fuso das máquinas. Em contra partida, o início do contato da ferramenta com a peça ocorre na porção mais larga do cavaco, evitando o desgaste excessivo do flanco da ferramenta. A desvantagem é que na usinagem de materiais fundidos as inclusões e irregularidades superficiais podem levar à redução da vida da ferramenta. 1.2 MOVIMENTO DISCORDANTE: No fresamento discordante ou convencional, o sentido do movimento de corte é contrário ao avanço, sendo favorável na aplicação em máquinas com folga. A ferramenta tende a levantar a peça, exigindo sistemas de fixação mais rígidos. O corte se inicia na espessura mínima do cavaco causando desgaste excessivo da aresta de corte pelo recalcamento do material antes do início do corte. Por estes motivos, não é recomendado seu uso em operações de fresamento HSC. Ele é vantajoso no caso da usinagem de materiais com cascas endurecidas e inclusões superficiais, pois o corte se inicia na parte já usinada da peça. 2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL: Os procedimentos experimentais deste trabalho foram realizados em um centro de usinagem no laboratório da universidade de Caxias do Sul (UCS). Os testes foram realizados utilizando como ferramenta de corte uma fresa de topo reto com inserto de metal duro, tendo como material usinado o aço P20. Neste estudo realizou-se a avaliação de duas estratégias de fresamento (concordante e discordante), utilizando os mesmos parâmetros de corte entre elas. A velocidade de corte utilizada no experimento foi de 200 m/min, com uma rotação de 3980 rpm, já o avanço AP foi igual a 0,5 mm/rev. A profundidade de usinagem foi de 22 mm para cada sentido de corte. Não foi utilizado fluidos lubri-refrigerantes. 3. RESULTADOS E AVALIAÇÕES: Após os ensaios das duas estratégias, observou-se uma menor variação dimensional no método de fresamento concordante em relação ao método discordante, obtendo ambos os processos variações dimensionais conforme verificado na tabela 01. Já no parâmetro de qualidade superficial, foi avaliado a rugosidade da superfície utilizando um rugosímetro. Neste quesito o processo que melhor apresentou resultado foi o método concordante, os valores de rugosidade estão nos gráficos 01 e 02. Quanto à geração de cavacos não foram observadas variações significantes entre os dois processos, conforme verificado na figura 02. Tabela 01 – Valores dimensionais Gráfico 01 – Corte Discordante Avaliação Dimensional Diâmetro e Circularidade Posição Concordante Desvio concordante Discordante Desvio discordante Diferença Diâmetro Ø_01 - Altura_3.5 39,4366883 0,0366883 39,4825487 0,0825487 0,0458604 Ø_02 - Altura_7.0 39,4371224 0,0371224 39,4826493 0,0826493 0,0455269 Ø_03 - Altura_10.5 39,4382108 0,0382108 39,4825151 0,0825151 0,0443043 Ø_03 - Altura_14.0 39,4380829 0,0380829 39,4823985 0,0823985 0,0443156 Ø_03 - Altura_17.5 39,438032 0,038032 39,4832391 0,0832391 0,0452071 Circularidade Circularidade_01_3.5 0,0186798 0,0186798 0,0213131 0,0213131 0,0026333 Circularidade_02_7,0 0,0188324 0,0188324 0,0179648 0,0179648 -0,0008676 Circularidade_03_10.5 0,0169702 0,0169702 0,0140818 0,0140818 -0,0028884 Circularidade_04_14.0 0,0179307 0,0179307 0,0160507 0,0160507 -0,00188 Circularidade_05_17,5 0,0189293 0,0189293 0,0114723 0,0114723 -0,007457 Valores de Rugosidade Obtidos Ra 1 = 2,49 um Rz = 9,21 um Ry = 10,91 um Ra 2 = 2,31 um Rz = 9,18 um Ry = 9,74 um Ra 3 = 2,42 um Rz = 9,75 um Ry = 10,60 um Ra m = 2,406 um Rz m = 9,38 um Ry m = 10,41 um Gráfico 02 – Corte Concordante Figura 02 – Formação do cavaco CONCORDANTE DISCORDANTE 4. CONCLUSÕES: Na análise dos resultados obtidos observou-se um melhor resultado na estratégia de corte concordante, tendo em vista que este método foi o que apresentou uma menor variação dimensional e uma melhor rugosidade superficial. Segunda a literatura, este melhor desempenho do método concordante se deve ao fato de que neste método o início do corte é com a profundidade máxima de corte e o fim teoricamente zero. Desta forma o acabamento e as tolerâncias tendem a apresentar melhores resultados, pois são gerados menores esforços e vibrações durante a usinagem, e isto evita que a aresta se esfregue ou queime contra a superfície antes do contato no corte e uma espessura grande de cavacos é vantajosa e as forças de corte tendem a puxar a peça para dentro da fresa, fixando a aresta de corte no corte. Já no sentindo de corte discordante ocorre o contrário, o inicio do corte é com profundidade mínima e vai aumentando até o máximo ocasionando vibrações e rugosidade maior em comparação com o corte concordante. Estes fenômenos ocorrem devido ao esmagamento do material que ocorre no inicio do contato do gume de corte com o material e conseqüente aumento do esforço de usinagem, as forças envolvidas tende a arrancar a peça da mesa ocasionando vibrações, cavacos com espessuras maiores na saída tendem a diminuir a vida útil da ferramenta, a grande espessura e a alta temperatura na saída fazem, algumas vezes, com que os cavacosgrudem ou soldem na aresta de corte, o que os carregará no início do próximo corte ou causará um microlascamento da aresta momentâneo e como a espessura de cavacos começa no zero e aumenta no final do corte as forças de corte tendem a empurrar a fresa e a peça para longe uma da outra. As diferenças de valores apresentados entre Ry e Rz reforçam que a vibração no corte discordante é maior que no corte concordante ocasionando diferenças dimensionais. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Renan Rodrigues. SANTIN. Estudo da relação entre as principais estratégias de fresamento de cavidades na usinagem de moldes termoplasticos. Escola de engenharia de Piracicaba – Curso de engenharia Mecânica, 2012. CAMARGO, R. (2002). Rugosidade superficial nas operações de torneamento. Santa Bárbara D’Oeste: SENAI. Sandvik – www.sandvik.com STEMMER, Caspar Erich. Ferramentas de corte I, Florianópolis, 2007. UDESC – Universidade do estado de Santa Catarina – Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas.
Compartilhar