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Disciplina: Operações de terminais, armazéns e controle de estoques Aula 2: Natureza e características das cargas Apresentação Nesta aula, estudaremos as cargas, analisando sua conceituação, natureza, classificação e características. Veremos também o que são embalagens, contêineres e unitização. Bons estudos! Objetivos Definir conceitos e natureza das cargas; Descrever contêiner, unitização e embalagens. Natureza e características das cargas Segundo Rodrigues (2007): Mercadoria é qualquer produto que seja objeto do comércio. Isso significa que o termo mercadoria define a ótica do seu proprietário. Logo, carga é qualquer mercadoria entregue a terceiros para ser transportada pagando frete e/ou ser armazenada pagando tarifa. Caminhão transportando mercadorias. (Fonte: nd3000 / Shutterstock) QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DAS CARGAS? 1 Peso Determina o tipo e a capacidade dos equipamentos adequados à sua movimentação. 2 Volume Determina o espaço que a carga vai ocupar. 3 Dimensões Permitem avaliar necessidades específicas na movimentação da carga no espaço que necessitam. 4 Valor Define o limite de responsabilidade na movimentação, transporte e armazenagem. 5 Fragilidade Define as necessidades de cuidados específicos com a carga. Carga geral É toda mercadoria acondicionada em sacos caixas, engradados, tambores, etc. ou, ainda, volumes sem embalagens, como animais vivos, veículos, maquinários, blocos de pedra, chapas e outros. A carga geral pode ser: Solta Quando se refere aos volumes acondicionados sob dimensões e formas diversas, como sacarias, fardos, caixa, engradados etc. Unitizada É uma carga de materiais embalados ou não, mas arranjados e acondicionados em agrupamentos que permitam a movimentação e/ou armazenagem como uma única unidade, como, por exemplo, um contêiner. A carga geral pode ser acondicionada em contêineres, veículos ou em cargas especiais. O QUE É UM CONTÊINER? Equipamento, geralmente de grandes dimensões (20 ou 40 pés de comprimento em grande parte dos modelos), destinado ao acondicionamento e transporte de carga de forma unitizada (de acordo com o artigo 4º do Decreto 80.145 de 15/08/77 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D80145.htm> ). Pode ser construído em aço, alumínio, fibra ou outros materiais. Contêiner. (Fonte: Aleksandr Petrunovskyi / Shutterstock) Normalmente, tem formato retangular identificável, registrado e com numeração específica e individual composta por 4 letras e sete algarismos, para uso repetitivo. O contêiner não é considerado embalagem, mas, sim, um acessório. No Brasil, deve atender ao disposto na norma ABNT NB-443. 1 QUAIS AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DE UM CONTÊINER? Vantagens Permite a operação independentemente das condições atmosféricas/tempo; Aumento da segurança física dos produtos (roubo, avarias e perdas); Operações de carga e descarga mais rápidas; Diminuição dos custos de transportes etc. Desvantagens Espaços perdidos dentro da unidade de carga; Exigência de equipamentos de alto investimento para a movimentação da unidade de carga nos locais de expedição e recebimento e nos pontos de transferência de veículo de transporte; Pagamento de aluguel do contêiner; Pagamento de taxas de demurrage pelo uso do contêiner, quando este ficar à disposição do exportador por um período além do prazo livre; Transporte do contêiner vazio para o local onde se faz a estufagem do mesmo; A incorporação da tara do contêiner na tonelagem global de transporte pode acarretar acréscimo no valor do frete rodoviário, na situação em que a carroceria for do tipo reversível contêiner/carga seca; Sujeito a pagamento de frete marítimo mínimo, que pode exceder o frete da mercadoria transportada sob outra forma de acondicionamento; Acréscimos no valor do frete básico marítimo (liner-terms) sob certas condições, sendo as P/H (pier-to-house) e P/P (pier-to-pier) as mais frequentes; Custos de reparos, reposição e retorno dos contêineres. QUAIS OS TIPOS DE CONTÊINERES DE CARGA GERAL? 2 Dry Cargo Fechado com portas em um extremo. Fechados com portas em um extremo e nas laterais Oferece duas opções para colocação da carga. Tanque Usado para cargas líquidas, a granel e gases. Plataforma e Flat-Racks Apresenta apenas o fundo para apoio e todas as laterais e teto livres para cargas com dimensões especiais. O contêiner pode, ainda, apresentar outras configurações, que são: 1 Open TOP Com teto aberto para permitir colocação e retirada de carga por içamento. 2 Open Side De teto livre e aberto lateralmente. 3 Half Contêiner De meia altura. 4 Ventilado não isolante 5 Térmico Aquecido ou refrigerado para atender requisitos técnicos da carga. Atividade 1. O contêiner utilizado para produtos que requerem temperatura constante durante seu transporte para não alterar sua qualidade e apresentação, muito comum para produtos perecíveis, é: a) Contêiner Plataforma e Flat-Racks b) Contêiner Tanque c) Contêiner para Granéis d) Contêiner Esqueleto e) Contêiner Térmico 2. Mercadorias heterogêneas, acondicionadas em caixas, sacas, fardos, cartões, bombonas, amarrados, tambores etc: a) Carga unitizada b) Carga especial c) Carga geral d) Carga consolidada e) Carga embalada Granéis É toda carga homogênea, sem acondicionamento específico, que pode ser: Sólida Minérios, grãos etc. Líquida Derivados de petróleo, leite, água, produtos químicos etc. Gasosa GLP, Oxigênio, Acetileno, Argônio etc. São cargas não acondicionadas. Portanto, sem invólucro ou embalagem. QUAIS OS TIPOS DE ARMAZENAGENS DE GRANÉIS? Contêiner para granéis Veja o exemplo de contêiner para granéis sólidos: Carga do veículo Expressão que vem do transporte de cargas rodoviário e que indica a quantidade de carga necessária para completar o total de carga transportável. Cargas especiais Exigem cuidados diferenciados e especiais, como, por exemplo, a mercadoria que necessita de refrigeração, as cargas vivas ou as cargas classificadas como perigosas. Embalagem Segundo Rodrigues (2011, p.54): Embalagem é parte de um sistema complexo que envolve design, marketing, logística, engenharia de produção e meio ambiente. Veja seus objetivos: 1 Minimizar o custo aplicado aos materiais utilizados. 2 Reduzir a possibilidade de danos às mercadorias protegidas, agregando valor ao oferecer informações sobre os produtos. A embalagem deve ser resistente o suficiente para suportar todo o processo de transferência e armazenagem, visando à proteção do seu conteúdo. A inadequação da embalagem se equipara ao vício próprio da mercadoria e, ficando comprovada a culpa do fabricante ou exportador em oferecer mercadorias com embalagens insuficientes, o terminal ou o transportador poderão alegar isenção de responsabilidade por eventuais avarias ocorridas com a mercadoria. (RODRIGUES, 2011, p.55) O projeto de uma embalagem deve considerar as seguintes funções: Proteger a mercadoria Sabemos que a maioria das avarias decorre de embalagens inadequadas, o que facilita a exposição aos agentes naturais, impactos no processo de movimentação ou furtos. Por isso, busca-se sempre um equilíbrio entre reduzir pesos e custos, mantendo-se resistência e eficácia durante o manuseio e o transporte. Aumentar a eficácia da movimentação As características relativas ao tamanho, peso unitário e altura do volume são fatores determinantes na seleção do equipamento de movimentação, sistema de armazenagem e otimização do transporte. Identificar, transmitir informações e promover um produto A embalagem pode servir para identificar o modelo e a cor de um produto, divulgar instruções de uso, bem como possibilitar que seja um meio de divulgação de umamarca. Os tipos de embalagens mais usuais são: Embalagem de contenção Embalagem em contato direto com o produto, o que exige certa compatibilidade entre ambos. Exemplo: Isopor moldado em cavidades na forma de berço onde se assenta um monitor de vídeo. Embalagem de apresentação Envolve a embalagem de contenção, com a qual o produto se apresenta ao usuário no ponto de venda a varejo, visando despertar a vontade do consumidor. Embalagem de comercialização Contém um múltiplo da embalagem de apresentação, destinada à comercialização atacadista. Portanto, esse tipo de embalagem não deve ser aberta na área de comercialização do varejo. Embalagem de movimentação (transporte) É múltipla da embalagem de comercialização em um processo denominado unitização, ficando mais resistente aos agentes externos, de caráter físico, químico, natural e humano. Essa embalagem deve ser movimentada racionalmente por equipamentos mecânicos. Unitização de cargas Unitizar cargas significa tornar única uma série de mercadorias de pesos, tamanhos e formatos distintos, permitindo, assim, a movimentação mecânica dessa unidade. Denomina-se unitização de cargas o processo de agregar fisicamente volumes fracionados em uma única unidade de carga, que pode ou não apresentar dimensões padronizadas e que deverá ser mantida inviolável ao longo de todo o percurso da origem até o destino, com o objetivo de facilitar a movimentação, armazenagem e transporte, além de reduzir os custos de movimentação, obtendo maior produtividade operacional, gerando também segurança adicional. (RODRIGUES, 2011, p. 57) Com a crescente utilização dos contêineres, veio o desenvolvimento de navios especializados e equipamentos nos portos (empilhadeira, guindaste, portainer, transtainer, entre outros) que permitiram, com o passar do tempo, aumentar cada vez mais o volume de movimentações em terra, com operações seguras. Isso é associado à redução de custos operacionais e ao aumento da confiabilidade que fazem com que o comércio entre as nações seja impensável sem tal equipamento. Navio de carga. (Fonte: Avigator Thailand / Shutterstock) Os principais sistemas utilizados na unitização de cargas são: Saiba mais Para conhecer as características dos principais sistemas de unitização de cargas, leia o texto “Principais sistemas utilizados na unitização de cargas”. <galeria/aula2/anexo/a02_18_01.pdf> Movimentação de cargas É classificada nos seguintes tipos: Movimentação Porta a Porta (door-to-door) Nesse tipo de movimentação, a carga é coletada na porta do embarcador e entregue na porta do comprador (porta a porta). Movimentação Porta a Porto (door-to-pier) Esse tipo de movimentação é semelhante, no início, à movimentação porta a porta (door-to-door), mas no porto de descarga o contêiner é esvaziado pelo armador, que dele toma posse imediata, enquanto a mercadoria é entregue ou colocada à disposição do consignatário. Nessa operação, há um acréscimo de 7% ao frete na exportação ou de 3% na importação, além da taxa de sobre-estadia dentro dos critérios citados no item anterior. Movimentação Porto a Porta (pier-to-door) É um tipo de movimento inverso ao porta a porto (door-to-pier), em que se considera um acréscimo de 3% ao frete de exportação ou de 10% no caso de mercadoria importada, mais a taxa de sobre-estadia. Movimentação Porto a Porto (pier-to-pier) Dá-se quando a mercadoria é conteinerizada no porto no momento do embarque, e retirada do contêiner ao desembarcar, sendo transportada dessa forma por conveniência do armador. Os equipamentos mais utilizados na movimentação de cargas são: Empilhadeiras Tipo de veículo empregado nas dependências portuárias para execução dos serviços de transportes, empilhamento e desempilhamento de cargas. Trata-se de um equipamento mecânico, versátil, utilizado basicamente para a movimentação horizontal de cargas, inclusive para seu armazenamento. As empilhadeiras podem ser dos tipos: 1 Empilhadeira de Mastro Retrátil/Pantográfica 2 Empilhadeiras Elétricas com Patolas 3 Empilhadeiras Elétricas com Patolas Pantográficas 4 Empilhadeira Frontais a Contrapeso 5 Empilhadeiras Laterais 6 Empilhadeira Selecionadora de Pedidos 7 Empilhadeiras Tri-laterais 8 Selecionadoras de Pedidos Híbridas Paleteiras Equipamentos automáticos ou semiautomáticos constituídos de transportadores contínuos sincronizados e mecanismos para receber embalagens do transportador, posicionando-as sobre paletes. São mais simples do que as empilhadeiras, destinados primordialmente à elevação e colocação de volumes em estantes. Transpaleteiras e Transelevadores Equipamentos relativamente sofisticados, para uso em áreas de armazenagem vertical. O transelevador se refere a um equipamento para movimentação de materiais em que os garfos têm capacidade de acesso de 180º para estocar e recuperar paletes de ambos os lados do equipamento em um corredor estreito. Pontes Rolantes Esteiras telescópicas ou aéreas, destinadas principalmente à movimentação de carga em ciclos contínuos. Tratores de Terminal (tug-master) Equipamentos de força parecidos com cavalos mecânicos, porém de uso restrito a áreas internas de terminais de carga, nas quais puxam a longas distâncias comboios de semirreboque rodoviários ou carretilhas de ferro com rodas de borracha maciça, mais conhecidas como roll-trolers. Robôs de Transferência e/ou Veículos Automaticamente Guiados (AGV) Muito empregados nas indústrias, devido aos ciclos repetitivos, porém de difícil uso nos terminais de operadores logísticos. Os AGVs são comandados por fotocélulas. Pórticos Equipamento desenvolvido originalmente no começo dos anos 1960 para içar e movimentar máquinas pesadas e seus componentes dentro de edifícios e áreas fabris, onde os espaços são confinados e guindastes convencionais não tinham acesso. Guindastes Máquina usada para erguer, movimentar e baixar materiais pesados. Um guindaste é basicamente constituído de uma torre equipada com cabos e roldanas e é amplamente utilizado na construção civil, na indústria de equipamentos pesados e, especialmente, no setor portuário, onde é de fundamental importância na movimentação de contêineres e cargas pesadas. Saiba mais Para conhecer sobre guindastes, leia o texto “Tipos de Guindastes”. <galeria/aula2/anexo/a02_24_01.pdf> Atividade 3. A principal característica dos contêineres é o fato de: a) Possuírem medidas padronizadas. b) Serem modulares. c) Serem grandes. d) Possuírem custo relativamente baixo. e) Serem leves. Notas Unitizada Unitizar uma carga significa agrupar volumes, tendo como principal objetivo a facilitação no manuseio, movimentação, armazenagem e transporte da carga. Demurrage Multa paga para a sobre-estadia do contêiner, após ultrapassar o período de uso grátis, como se fosse o “aluguel”. Referências BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/Logística Empresarial. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. PEREIRA, Newton Narciso. Operação de Terminais e Armazéns. Rio de Janeiro: SESES, 2016. RODRIGUES, Paulo. R. A. Gestão Estratégica da Armazenagem. 2. ed. São Paulo: Aduaneira, 2008. Próximos Passos Instalação e operação de CDs, a localização de terminais de carga; Operações em terminais de carga e fatores que afetam a capacidade de armazenagem. Explore mais Leia os textos: NATUREZA DE CARGA; <http://www.fiesp.com.br/transporte-e-logistica/natureza-de-carga/> Código de natureza de carga; <http://www.sindicomis.com.br/sindicomis/Noticias%202013/C%C3%93DIGO%20DE%20NATUREZA%20DE %20GRU.pdf> Vantagens, Desvantagens e Dificuldades na Conteinerização das Commodities Agrícolas Exportáveis. <https://www.researchgate.net/publication/258359801_Vantagens_Desvantagens_e_Dificuldades_na_Conte1 2
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