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ABORTO - A CONCEPÇÃO DA VIDA NAS VISÕES CONTEMPORÂNEAS

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ABORTO - A CONCEPÇÃO DA VIDA NAS VISÕES CONTEMPORÂNEAS 
Stwart Cruz Rocha�
RESUMO
Nesta obra trataremos do direito à vida disposto no artigo 5º da Constituição Federal de 1988, dando enfoque à questão do aborto e fazendo contrapontos na realidade brasileira sobre o assunto. Mas não há de se falar do aborto, de forma superficial e rasa, pois se faz necessário a compreensão do tema e de variantes sociais incidentes sobre a questão. É necessário ainda, a discussão sobre formas de prevenção à gravidez, e políticas que foram adotadas no país para o controle destes índices; e ainda a necessidade da discussão social da real concepção sobre o tema gerador de tal discussão que é o aborto; seria realmente um cerceamento da criança (feto) do direito à vida sustentado na CF/88? Faremos uma exposição breve dos posicionamentos contrários e favoráveis ao tema.
Palavras-chave: Direito, vida, aborto, Constituição.
Introdução 
Consagrado na Constituição Federal/88 no art. 5º, o direito à vida revela-se como um direito natural, ou seja, nasce com o ser humano, faz parte da essência do homem e tem um caráter predominante de inviolabilidade; e ainda assim demorou um grande espaço de tempo para ser tutelado e garantido positivamente, pois só veio a ser contemplado de forma expressa a partir da Constituição de 1946. Este direito tem atualmente previsão também em legislações internacionais recepcionadas pelo ordenamento jurídico brasileiro. “O direito à vida é inerente à pessoal humana. Este direito deverá ser protegido pela Leis. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida.” (Assembleia Geral das Nações Unidas, Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, 17 de Dezembro de 1966). Como exemplo podemos citar esta legislação internacional.
 
Ao contemplar expressamente o direito à vida em seu texto constitucional, o constituinte não faz distinção entre a vida intra e extra-uterina e nem tampouco um juízo de valor entre uma e outra; ficando assim assegurada a proteção constitucional à vida em todas as suas formas seja ainda na fecundação, nas etapas embrionárias, ou ainda após o nascimento. É aí que há uma das principais discussões que seria o conceito de onde surge a vida humana.
Objetivo
	Este trabalho tem como objetivo a obtenção de nota parcial da disciplina de Direito Constitucional II, abordando o tema “Direito à vida”, firmado no art. 5º que dispõe sobre a inviolabilidade deste direito; tratando mais especificamente sobre o aborto, suas práticas, e a discussão sobre a sua legalização no ordenamento pátrio.
Metodologia
	Adotamos a pesquisa bibliográfica e documental a doutrinas relacionadas ao tema, bem como a artigos de acadêmicos e organizações não governamentais que visam a luta pelo direito à vida.
Resultados 
	Por apresentar-se como um direito natural do ser humano e devido à sua principal característica, que seria a tutela e o resguardo à inviolabilidade da vida, surgem diversas correntes que buscam ao menos delimitar os limites de surgimento e alcance da vida�; é nesse sentido que há uma das principais discussões que seria o conceito de onde surge a vida humana; existem controversas nas ciências médica e biológica quanto ao inicio da vida devido às várias teorias existentes a respeito. No entanto, o entendimento que prevalece é o de que a concepção é que inaugura a vida humana; estudiosos sobre o assunto confirmam que o conceito de vida humana e o momento em que ela se inicia são temas que pertencem às ciências médicas e biológicas”, e ficando assim restante à ciência jurídica definir quando inicia e termina a proteção jurídica da vida bem como a sua abrangência. “[...] do ponto de vista biológico não existe processo de humanização. Ou é humano desde o inicio de sua vida ou não será jamais: não há momento algum que marque a passagem do não humano ao humano”. (LIMA, 2012, p.41, 42 apud BRITO, Edson de Souza; ROSA, Valeria Cristina de Carvalho, 2014, Disponível em: http://jus.com.br/artigos/28983/direitos-humanos-e-o-principio-fundamental-do-direito-a-vida); com isso podemos entender que a partir da concepção, o indivíduo já tem tudo o que lhe é essencial, e não necessita que nada lhe seja acrescentado. Isto mostra, segundo os favoráveis a esta corrente filosófica que, já se tem o início da vida, pois neste momento o indivíduo já teria em si todas as características de um ser racional, ficando necessariamente ligado à mãe, mas não sendo o embrião parte do organismo dela. Há de se salientar que a proteção à vida tutelada na carta magna abrange todas os ciclos da vida, seja desde o momento do seu surgimento (início – neste caso a concepção), até o seu fim.
	
	Por outro lado, o jurista Leslei Lester dos Anjos Magalhães em sua obra “O princípio da dignidade da pessoa humana e o direito à vida” sustenta que uma das principais correntes acerca do início da vida entende que somente há de se falar em uma nova vida, na oitava semana, pois é quando ocorre a formação do sistema nervoso, e seria a partir daí que o embrião poderia ser considerado um ser humano.
	Dada essa discussão que percorre longa data, e não deve se apaziguar tão breve, é mister que também nos atentemos para outra perspectiva; dada a discussão para se entender qual o início da vida, as discussões sobre a interrupção voluntária da gravidez (aborto) avançam no sentido de que discute-se também o direito de decisão da mulher sobre o próprio corpo, e ainda no entendimento de que este tema deve ser tratado não como tema da seara penal, mas sim como um agravante para a saúde pública.
	A respeito da liberdade de decisão da mulher sobre o próprio corpo, pode-se dizer que tal questão tem fundamento nas ideias de autonomia e liberdade do liberalismo, que foram adotadas pelo feminismo contemporâneo (1970/1985), e deram um diferencial significativo na luta das mulheres pelas suas liberdades, fossem sociais ou mesmo sobre o próprio corpo. Estas liberdades vem sendo construídas socialmente ainda aos poucos, e é exatamente por isto que se faz necessária as discussões e lutas dos movimentos que tem tais objetivos.
	No Brasil, o legislador cuidou de garantir através da Constituição o direito à vida, mas deixou para as leis infra constitucionais o papel de suprir as lacunas para que esses meios fossem efetivados, como é o caso tratado em tela; o Código Penal tipifica os crimes contra a vida, e os que podem gerar resultado que atente contra ela, e foi redigido em 1940, época em que não eram tão eficazes ainda os movimentos em defesa dos direitos das mulheres em toda seara cível e mesmo social; é por isso que há tantos protestos feministas criticando no sentido de que o legislador em momento algum contemplou as possíveis necessidades da mulher, ou mesmo sua liberdade de escolha, uma vez que trata-se do seu corpo quando gera uma vida.
O Código Penal dispõe nos art. 124 a 128/CP que:
O Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena – detenção, de um a três anos.
Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena – reclusão, de três a dez anos.
Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena – reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
�Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
�I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
�II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
	Nota-se que o aborto não é legalizado no Brasil, mas sim admitido emalguns casos específicos, que seriam: casos em que não há outro meio de salvar a vida da gestante, ou em casos de gravidez consequente de um estupro. Há recente decisão do STF, sobre caso não tratado nesta legislação, e que gerou jurisprudência favorável à interrupção voluntária da gravidez no caso de o feto ser anencefálico; temos, portanto, três situações possíveis ao aborto em nosso ordenamento jurídico. 
	Importante salientar que essa permissão de abortar nesses três casos específicos, não é uma exceção ao ato criminoso (ainda considerado no Brasil), mas trata-se de uma �escusa absolutória.
	Talvez o principal argumento dos que são favoráveis à interrupção voluntária da gravidez, seja quanto às práticas clandestinas de aborto, que acabam por colocar em risco não também a vida da mulher que recorre a este meio.
	De acordo com a PNA (Pesquisa Nacional de Aborto) realizada em 2010, a interrupção da gravidez é prática tão comum no Brasil que até completar 40 anos, mais de uma em cada cinco mulheres já fez aborto. Mostra ainda que a maioria das interrupções é feita por jovens entre 18 e 29 anos, independentemente do nível social e racial, e que é prática comum entre mulheres de todas as classes; aí é que está o problema, pois as jovens que tem condições de pagar, recorrem a métodos mais seguros, e na maior parte das vezes são isentas do risco de morte; enquanto que as mulheres que não tem condição de pagar, optam por uma opção menos segura em clínicas clandestinas, utilizando-se de métodos muitas vezes agressivos ao seu corpo, e acabam colocando também a sua própria vida em risco.
	Talvez um dos principais entendimentos acerca do assunto seja na necessidade de conscientização social e cultural em nosso país, a fim de que se entenda que a interrupção voluntária da gravidez não deve ser tratada como método anticoncepcional. Mas sim entender que ela é uma solução muito mais grave, pois além de impedir o nascimento de uma pessoa, de um modo geral, pode causar profunda tristeza nas mulheres que o praticam. Por nisso se faz necessário repensar o caráter altamente repressivo do ordenamento brasileiro, pois este que já não bastasse as teorias e opiniões divergentes, mostra-se entranhado por valores morais e mesmo religiosos que impedem o avanço dos debates e discussões sobre o tema, causando como consequência, de uma forma direta um número enorme de abortos clandestinos que põem em risco a vida e a saúde da mulher. É necessário um ajuste ideal a fim de não se negligenciar a proteção da vida dos nascituros (embriões), mas também considerar os direitos das mulheres.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado Federal, 1988.
BRITO, Edson de Souza; ROSA, Valeria Cristina de Carvalho. Direitos humanos e o princípio fundamental do direito à vida In www.jus.com.br. Disponível em http://jus.com.br/artigos/28983/direitos-humanos-e-o-principio-fundamental-do-direito-a-vida. Acesso em 20 de maio de 2015.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Volume 2, Parte Especial. 4ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2004
LOPES, Antonio Carlos; LIMA, Ana Carolina Alves de Souza; SANTORO, Luciano de Freitas. Eutanásia, Ortotanásia e Distanásia: aspectos médicos e jurídicos. 1ª Edição. São Paulo: Editora Atheneu, 2011.
LUNA, Naara. A Polêmica do Aborto e o 3o Programa Nacional de Direitos Humanos*. In Revista de Ciências Jurídicas, Vol. 57, nº 1, Rio de Janeiro, 2014, 237 a 275.
MAGALHAES, Leislei Lester dos Anjos. O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e o Direito à Vida. 1ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2012.
SARMENTO, Daniel. Legalização do Aborto e Constituição. In www.pfdc.pgr.mpf.mp.br. Disponível em: http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/publicacoes/direitos-sexuais-e-reprodutivos/aborto/legalizacao_do_aborto_e_constituicao_daniel_sarmento.pdf. Acesso em 21 de maio de 2015.
SCAVONE, Lucila. Políticas feministas do aborto. In Estudos feministas. Florianópolis: Agosto de 2008.
UNIDAS. Organização das Nações. Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos. 1966.
� Graduando em Ciências Jurídicas, campus de Barra do Bugres, pela Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT). E.mail: stwart_lirou3@hotmail.com
� LOPES, Antonio Carlos; LIMA, Ana Carolina Alves de Souza; SANTORO, Luciano de Freitas. Eutanásia, Ortotanásia e Distanásia: aspectos médicos e jurídicos. 1ª Edição. São Paulo: Editora Atheneu, 2011.
� Forma qualificada
� Aborto necessário
� Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
� É uma expressão jurídica usada no Código Penal Brasileiro para designar uma situação em que houve um crime e o réu foi declarado culpado, mas, por razões de utilidade pública, ele não está sujeito à pena prevista para aquele crime.

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