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PRIVAÇÃO DO SONO E HIPERCORTISOLEMIA

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PBL 5 neuro
privação do sono e HIPERCORTISOLEMIA
Termos desconhecidos:
Teste de dexametasona - Teste de supressão do cortisol com 1mg de dexametasona via oral
O teste baseia-se na fisiologia do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e o “feedback” negativo
que a administração exógena de glicocorticóide exerce inibindo a secreção de CRH e
ACTH, com consequente redução da produção de cortisol pelas suprarrenais.
 Na síndrome de Cushing, entretanto, existe uma produção autônoma de cortisol que não é
inibida por este mecanismo de feedback negativo. Além da síndrome de Cushing, existem
algumas situações que também podem apresentar respostas anormais: depressão, alcoolismo, estresse crônico, doença aguda, uremia, elevação de estrógeno e gravidez.
Modo de execução: Administra-se 2 cp de 0,5 mg (1 mg) de dexametasona por via oral
entre 23 e 24 horas. Na manhã seguinte, às 8 h, deverá ser realizada a coleta de sangue
para dosagem do cortisol sérico. Destacar no pedido do exame a necessidade de
coletar o sangue exatamente às 8h00.
Concentrações superiores a 1,8 g/dL se faz necessário prosseguir na investigação
diagnóstica da síndrome de Cushing. 
https://www.endocrinologiausp.com.br/wp-content/uploads/2010/04/Teste-de-supress%C3%A3o-do-cortisol-com-1mg-de-dexametasona-via-oral.pdf.
Objetivos:
1). Relacionar hipercortisolemia relacionada a mudança no ciclo circadiano e consequências
Durante situações físicas ou emocionais stressantes o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) é activado. O hipotálamo segrega a hormona libertadora de corticotrofina (CRH) que actua na hipófise anterior, aumentando a libertação da hormona adrenocorticotrofina (ACTH). A ACTH é transportada no sangue até às glândulas supra-renais e interage com os receptores das células locais do córtex das glândulas supra-renais, que estimulam a produção e libertação de cortisol. 
O cortisol é a hormona de stresse glicocorticóide , o cortisol liga-se a pelo menos dois tipos de receptores, sendo ambos intracelulares. O primeiro é chamado receptor tipo I ou mineralcorticóide (MRs) e o segundo receptor tipo II ou glucocorticóides (GRs), tendo o cortisol maior afinidade pelo primeiro. Estas propriedades de ligação aos receptores são diferentes das de alguns corticoesteróides sintéticos/exógenos,
tal como a prednisolona e a dexametasona, as quais se ligam de um modo muito mais
selectivo aos receptores GRs. No final, o eixo é completado com o retrocontrolo negativo do cortisol sobre a hipófise e hipotálamo. O cortisol nos indivíduos normais é libertado de modo episódico, com um ritmo circadiano paralelo à secreção de ACTH. Os níveis de cortisol encontram-se mais elevados nas primeiras horas da manhã (8-9h) e diminuem gradualmente durante o dia, atingindo os níveis mínimos no final do dia (pelas 23h).
Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra Síndrome de Cushing: Aspectos Neuropsiquiátricos Arnaldo Furtado Paiva de Oliveira Machado
2). Identificar influência dos hormônios no sono e suas interações (para dormir e acordar)
Hormônio de crescimento (HGH)
o hormônio de crescimento é um polipeptídio derivado de um grande precursor (pro-HGH) e que apresenta meia-vida de 20 a 25 minutos. É sintetizado e secretado pelos somatotrofos. Sua secreção é regulada pelo GHRH (hormônio liberador de HGH) e pela somatostatina (hormônio inibidor de liberação de somatotropina). Estes se encontram sobre complexas influências neurais, metabólicas e hormonais, resultando em fina secreção pulsátil de GH representada por picos de episódios associados às refeições, à atividade física, ao estresse psicológico e físico, além de características relacionadas ao padrão noturno de sono. Durante os estágios 3 e 4 do sono ocorrem picos de secreção de HGH.
Corticotrofina (ACTH)
O ACTH é um peptídeo e sua secreção é estimulada pelo hormônio liberador de corticotrofina (CRH) e pela vasopressina (AVP) e ocorre de forma pulsátil. Sua concentração plasmática varia com o ritmo circardiano característico, apresentando diminuição entre 23 e
24h e elevação nas primeiras horas da manhã. O ACTH e outros derivados da POMC
são secretados em resposta a eventos de estresse. O controle inibitório é exercido via
Jeedback negativo do cortisol
Hormônio Tireoestimulante (TSH)
o TSH é uma glicoproteína com meia-vida de 50 minutos, produzida e secretada pelos tireotrofos. 
A secreção de TSH é pulsátil e com padrão circadiano, com pico entre 22h e 2h. Embora a secreção de TSH tenha regulação central pela ação estimulatória do hormônio liberador de tireotrofina (TRH) e pelo efeito inibitório da somatostatina e dopamina, o mais importante mecanismo regulatório ocorre a partir do Jeedback negativo do hormônio tireoidiano em nível tanto da hipófise quanto do hipotálamo.
Parte II - Sistemas orgânicos, doenças e situações
9 – Endocrinologia da noite
ADENOSINA
A adenosina é utilizada por todas as células para construir algumas das moléculas mais básicas para a vida, incluindo o DNA, o RNA e o trifosfato de adenosina (ATP). A adenosina é também liberada por alguns neurônios e pela glia e atua como um neuromodulador em sinapses em todo o encéfalo. É uma substância que pode ter apelo para os milhões que bebem café, chá e refrigerantes à base de cola. Desde os tempos antigos, antagonistas dos receptores de adenosina, como cafeína e teofilina, têm sido usados para manter as pessoas acordadas. Por outro lado, a administração de adenosina ou de seus agonistas aumenta o sono. Os níveis extracelulares de adenosina que ocorrem naturalmente no encéfalo estão mais altos durante a vigília do que durante o sono. Os níveis aumentam progressivamente durante períodos prolongados de vigília e de privação dsono, e diminuem gradativamente durante o sono. Alterações relacionadas à vigília nos níveis de adenosina não ocorrem em todo o encéfalo, mas apenas em certas regiões relacionadas ao sono. Essas duas propriedades da adenosina – seus efeitos promotores do sono e a relação entre seus níveis e a necessidade de sono – sugerem fortemente que ela seja um importante fator promotor do sono. Como a adenosina poderia promover o sono? A adenosina tem um efeito inibitório sobre os sistemas modulatórios difusos de ACh, NA e 5-HT, os quais tendem a promover a vigília. Isso sugere que o sono pode ser o resultado de uma reação em cadeia de moléculas.
Óxido nitríco
Outro importante fator promotor do sono é o óxido nítrico (NO). Lembre- -se que o NO é uma pequena molécula, móvel e gasosa, que pode se difundir facilmente através de membranas e serve como mensageiro retrógrado (da pós- -sinapse para a pré-sinapse) entre certos neurônios. Os neurônios colinérgicos do tronco encefálico capazes de promover a vigília expressam níveis especialmente altos da enzima que sintetiza NO. Os níveis de NO no encéfalo atingem seu ponto mais alto durante a vigília e aumentam rapidamente com a privação de sono. Como o NO promove o sono? Os estudos têm mostrado que o NO dispara a liberação de adenosina. Como vimos, a adenosina promove o sono não REM, suprimindo a atividade de neurônios que ajudam a manter a vigília.
Neurociência da mente e do comportamento Roberto Lent
■ CORRELATOS FISIOLÓGICOS DOS ESTADOS E ESTÁGIOS DO SONO Todos os principais sistemas fisiológicos são influenciados pelo sono. As alterações na função cardiovascular incluem redução da pressão arterial e da frequência cardíaca durante o sono NREM, em particu- lar durante o sono de ondas lentas. Durante o sono REM, a atividade física (surtos de movimentos oculares) está associada à variabilidade na pressão arterial e na frequência cardíaca, a qual é mediada prin- cipalmente pelo nervo vago. As arritmias cardíacas podem ocorrer seletivamente durante o sono REM. A função respiratória também muda. Em comparação com a vigília relaxada, a frequência respira- tória torna-se mais regular durante o sono NREM (especialmente no sono de ondas lentas) e o sono REM tônico,e torna-se muito irregu- lar durante o sono REM fásico. A ventilação por minuto diminui no sono NREM de maneira desproporcional à redução da taxa metabó- lica no início do sono, resultando em elevação da PCO2. A função endócrina também varia com o sono. O sono de on- das lentas está associado à secreção de hormônio do crescimento em homens, enquanto o sono em geral está associado à maior secreção de prolactina tanto em homens como em mulheres. O sono tem um efeito complexo sobre a secreção de hormônio luteinizante (LH): du- rante a puberdade, o sono está associado à maior secreção de LH, porém o sono em moças pós-puberais inibe a secreção de LH na fase folicular inicial do ciclo menstrual. O início do sono (e provavelmen- te do sono de ondas lentas) está associado à inibição do hormônio estimulante da tireoide e do eixo hormônio adrenocorticotrófico- -cortisol, efeito que se superpõe aos ritmos circadianos proeminentes nos dois sistemas. O hormônio pineal melatonina é secretado predominantemente à noite, tanto nas espécies de vida diurna quanto naquelas de vida no- turna, refletindo a modulação direta da atividade pineal pelo marca- -passo circadiano através de uma via neural em circuito do NSQ à glândula pineal. A secreção de melatonina não depende da ocorrên- cia de sono, e persiste em indivíduos que se mantêm acordados à noi- te. A secreção é inibida pela luz do ambiente, efeito mediado por uma conexão neural da retina via SNC. O papel da melatonina endógena na regulação do ciclo normal de sono e vigília não está esclarecido, mas a administração de melatonina exógena pode potencializar a so- nolência e facilitar o início do sono quando administrada à tarde ou no início da noite, momento em que os níveis de melatonina endóge- na estão baixos. A eficácia da melatonina como terapia promotora do sono para pacientes com insônia atualmente ainda é desconhecida. O sono também é acompanhado por alterações da função ter- morreguladora. O sono NREM está associado à atenuação das res- postas termorreguladoras ao estresse de calor ou frio, e alguns estu- dos sobre os neurônios termossensíveis do hipotálamo realizados em animais documentaram uma redução dependente do sono NREM do ponto de ajuste termorregulador. O sono REM está associado à au- sência total de responsividade termorreguladora, resultando em pe- cilotermia funcional. Contudo, o impacto adverso em potencial dessa falha da termorregulação é atenuado pela inibição do sono REM em temperaturas ambientais extremas.
3). Pesquisar a produção de melatonina e cortisol assim como estímulos para sua síntese e inibição
GLÂNDULA PINEAL
A melatonina, secretada pela glândula pineal, tem seu pico no plasma às 4h da manhã. Existem elevações da secreção com a noradrenalina, porém poucas substâncias são capazes de alterar sua produção. Os corticosteróides podem diminuir os níveis plasmáticos; entretanto, a produção de melatonina parece estar fora do controle porJeedback. O ciclo luz-escuridão provavelmente é o fator mais importante na regulação do ciclo da melatonina, que tem ritmo maior no primeiro ano
de vida. A secreção está bastante reduzida com o envelhecimento, sendo quase indetectável após os 60 anos de idade. O exercício intenso diurno aumenta, em curto prazo, a produção deste hormônio; porém, as consequências de tal pico permanecem desconhecidas.
Em seres humanos, os níveis de melatonina tendem a aumentar aproximadamente no momento em que nos tornamos sonolentos, no início da noite, apresentando um pico nas primeiras horas da manhã e caindo para os níveis basais quando acordamos. Evidências sugerem que a melatonina ajude a iniciar e manter o sono, mas seu papel preciso nos ciclos naturais de sono-vigília não está bem esclarecido. Nos últimos anos, a melatonina tornou-se popular como uma droga indutora do sono. Embora tenha sido algo promissora para o tratamento dos sintomas do efeito dos voos transmeridianos e da insônia que afeta alguns adultos mais idosos, o efeito geral da melatonina como indutora do sono permanece em debate
Cortisol
Na síntese do cortisol a glândula adrenal é estimulada pelo lóbulo anterior da hipófise através do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). A produçãodo ACTH é modulada pelo hipotálamo, através da secreção por parte deste do hormônio liberador de corticotrofina (CRH).O cortisol é um dos hormônios produzidos pelas glândulas suprarenais. É secretado em resposta ao estresse. Em quantidades moderadas, o cortisol não é prejudicial. Porém, quando produzido em excesso, dia após dia – como conseqüência de um estresse crônico e implacável – esse hormônio é tão tóxico para o cérebro que acaba matando ou danificando bilhões de células cerebrais.
Parte II - Sistemas orgânicos, doenças e situações
9 – Endocrinologia da noite
4). Explicar os sintomas em relação ao sono
Cognição
Os mecanismos pelos quais o hipercotisolismo influencia o processo cognitivo
permanecem ainda por explicar, a atrofia cerebral e os mecanismos responsáveis por esta poderão provavelmente ser as causas da existência dos défices
cognitivos e de memória, havendo vários estudos que mostram o quanto esses parâmetros
estão correlacionados de modo positivo. Simultaneamente, o hipocampo e o córtex pré-frontal são das zonas mais atingidas na atrofia cerebral da SC, sendo essas que regulam a memória e as funções cognitivas respectivamente.
Se a hipótese da neurotoxicidade resultante da exposição neuronal excessiva ao
cortisol for explicada pela activação dos receptores dos glucocorticóides, então a localização
neuroanatómica destes no hipocampo e córtex pré-frontal pode também ser relevante na
génese das perturbações das funções cognitivas/executivas e da memória. Sendo a memória uma função muito complexa em termos de estruturas anatómicas e funcionamento fisiopatológico, as suas perturbações na SC poderão ocorrer devido a processos neuropatológicos difusos no hipocampo, a nível metabólico.
A superprodução de cortisol interfere na função dos neurotransmissores. As
células cerebrais não conseguem se comunicar umas com as outras, e a mente
começa a ficar confusa.
Depressão
São alguns os estudos que caracterizam a sintomatologia depressiva associada ao SC
como atípica, pois estão presentes irritabilidade, hiperfagia, hipersónia ou insónia e aumento
da fadiga, ou como melancólica, associada a hipervigilância, insónia, anedonia e anorexia.
Apesar de haver inúmeras explicações para o surgimento de depressão esta provavelmente estará ligada à acção directa ou indirecta do aumento dos níveis de cortisol, pois surge em todas as formas de hipercortisolismo. O facto do cortisol passar facilmente a barreira hemato-encefálica e ter o cérebro como um importante alvo, leva a que se originem distúrbios nos neurotransmissores cerebrais, principalmente a nível hipotalâmico, por alterações bioquímicas, electrofisiológicas e de estruturas anatómicas cerebrais importantes na regulação do humor (ex: amígdala).No entanto, é necessário não esquecer que a depressão é muito provavelmente uma patologia de etiologia multifactorial e, por essa razão, haverá certamente uma variedade de factores, não só biológicos mas também psicossociais, que possam explicar o surgimento da depressão na SC. Como já referido, o excesso de glicocorticóides, assim como o stresse repetido pode levar também a alterações da amígdala, tanto a nível morfológico como funcional. Esta estrutura cerebral é conhecida por ter implicações na regulação do humor e na fisiopatologia da depressão e ansiedade, deste modo, alterações da amígdala puderam explicar pelo menos em parte a sintomatologia depressiva na SC.
Memória
Quando o cortisol é liberado numa situação estressante, ele inibe a utilização de glicose pelo principal centro de memória, o hipocampo. Se não houver glicose no hipocampo, este sofre uma deficiência de energia e o cérebro não tem como, quimicamente, guardar uma memória. Apessoa pode vivenciar um fato, mas não tem como recordálo. Isso é responsável pelo imediato déficit de memória transitória de pessoas estressadas.
 O excesso de cortisol mata as células cerebrais. Isso acontece quando o cortisol
rompe o metabolismo normal dessas células e faz com que quantidades demasiadas de cálcio penetrem nelas. Esse excesso de cálcio acaba produzindo moléculas chamadas radicais livres, que matam as células cerebrais.
Parte II - Sistemas orgânicos, doenças e situações
9 – Endocrinologia da noite
5). Explicar o ciclo circadiano e explicar a adaptação na mudança 
■ FISIOLOGIA DA RITMICIDADE CIRCADIANA O ciclo de sono e vigília é o mais evidente dos muitos ritmos de 24 h dos seres humanos. Variações diárias proeminentes também ocor- rem nas funções endócrina, termorreguladora, cardíaca, pulmonar, renal, gastrintestinal e neurocomportamental. No nível molecular, a ritmicidade circadiana endógena é impelida por alças de feedback da transcrição/tradução independentes (Fig. 20.2). Na análise de uma variação diária em seres humanos, é importante distinguir en- tre os componentes rítmicos suscitados passivamente por alterações ambientais ou comportamentais periódicas (p. ex., a elevação da pressão arterial e da frequência cardíaca quando o indivíduo assume a postura ereta) e aqueles produzidos ativamente por um processo oscilatório endógeno (p. ex., a variação circadiana no cortisol plas- mático que persiste sob uma variedade de condições ambientais e comportamentais). Embora atualmente se reconheça que muitos tecidos periféricos de mamíferos possuem relógios circadianos que regulam diversos processos fisiológicos, essas oscilações histoespecíficas independen- tes são coordenadas por um marca-passo neural central localizado nos núcleos supraquiasmáticos (NSQ) do hipotálamo. A destrui- ção bilateral desses núcleos resulta em perda do ritmo circadiano endógeno da atividade locomotora, que só pode ser restaurado por transplante da mesma estrutura de um animal doador. O período geneticamente determinado desse oscilador neural endógeno, que é em média de 24,2 h em seres humanos, é normalmente sincronizado para o período de 24 h do ciclo ambiental de luz e escuridão. Peque nas diferenças no período circadiano originam variações na prefe- rência diurna, com o período circadiano mais curto nos indivíduos que acordam cedo, em comparação com aqueles que dormem tarde. A geração dos ritmos circadianos em mamíferos pelo ciclo de luz e escuridão é mediada pelo trato retino-hipotalâmico, uma via monos- sináptica que vincula células ganglionares retinianas fotorreceptoras especializadas aos NSQ. Os seres humanos são extremamente sensí- veis aos efeitos reajustadores da luz, sobretudo nos comprimentos de onda mais curtos (cerca de 460 a 480 nm) do espectro visível. O período e a arquitetura interna do sono estão diretamente vin- culados ao débito do marca-passo circadiano endógeno. Paradoxal- mente, os ritmos circadianos endógenos de tendência ao sono, sono- lência e propensão ao sono REM atingem o máximo próximo à hora habitual de despertar, logo depois do nadir do ciclo de temperatura circadiano endógeno, enquanto o ritmo circadiano de propensão à vigília atinge o máximo 1 a 3 h antes da hora de dormir habitual. Portanto, tais ritmos são programados para combater o declínio ho- meostático da tendência ao sono durante o episódio de sono habitual e o aumento da tendência ao sono ao longo do dia de vigília habitual, respectivamente. Assim, um descompasso do débito do marca-passo circadiano endógeno com o ciclo de sono e vigília desejado pode in- duzir insônia, menor vivacidade e redução do desempenho, eviden- tes em trabalhadores noturnos e viajantes de avião. 
Os distúrbios de sono-vigília são importantes a ponto de a Associação Psiquiátrica Americana (APA) incluí-los entre os problemas psiquiátricos, ao criar a Classificação de Doenças Mentais (DSM-IV). A presença constante de um padrão de sono desestruturado que obedece a uma má sintonia entre o padrão endógeno e as exigências exógenas, leva a problemas com reflexos laborativos no indivíduo e, até mesmo, na sociedade. No entanto, é fundamental não esquecer que, além das alterações
patológicas, o uso de medicamentos deve ser averiguado com cuidado. Assim, são
quatro tipos definidos pela APA:
~ Sono atrasado: padrão de sono persistente que consiste em acordar e despertar tarde com incapacidade, em que pese o desejo, de fazê-los mais cedo.
~ let lag: sonolência e alerta presentes em momentos inadequados do dia e que ocorrem após viagens entre zonas com diferentes fusos horários.
~ Modificações de turnos de trabalho : insônia nos momentos em que o indivíduo deveria dormir e sonolência quando deveria estar desperto, freqüentemente nas trocas de horários de trabalho.
~ Tipo não-especificado: ausência de padrão ou padrão freqüentemente irregular.
O ritmo circadiano está presente a partir da 30' semana de gestação e o relógio
biológico oscila devido a sinais maternos. As variações do conteúdo de melatonina na pineal aparecem a partir da terceira semana de vida extra-uterina e permitem ao recém-nascido dormir sem horário. Uma atitude cronológica dirigida poderá levar a estratégicas terapêuticas mais efetivas. Recentemente, localizou-se o controle genético do ritmo circadiano, possivelmente regulado pelo gene hPer2. O Instituto Médico Howard Hughes sequenciou este gene e descreveu uma família, em Utah (EUA), com mutações deste gene em que todos os membros tinham um padrão de sono igual.
A melatonina, secretada pela glândula pineal, é um hormônio que sofre ação no controle de sua secreção pela luz, de modo ainda não bem esclarecido. Em geral, aceita-se ser esta substância
participante de nosso sistema de relógio biológico, mantendo-nos informados momento a momento da hora do dia, da temporada do ano e do transcurso do tempo.
Parece ter este hormônio um efeito sedativo suave, assim como cardiotônico via
diminuição da secreção de corticosteróides, além de ser discretamente bradicardizante e hipotensor, produzir antioxidantes e apresentar discreta ação analgésica.
6) identificar estágios do sono e os sistemas nervosos envolvidos (SARA)
O Ciclo do Sono 
Aproximadamente 75% do tempo total do sono são passados no sono não REM, e 25%, no sono REM, com ciclos periódicos entre esses estágios durante toda a noite. O sono não REM está geralmente dividido em quatro estágios distintos. Durante uma noite normal, passamos ao longo dos estágios do não REM, depois pelo REM e então de volta aos estágios não REM, repetindo o ciclo aproximadamente a cada 90 minutos. Esses ciclos são exemplos de ritmos ultradianos, os quais têm períodos mais rápidos do que os ritmos circadianos. Em média, adultos saudáveis tornam-se sonolentos e adormecem, entrando primeiro no estágio 1 do sono não REM. 
O estágio 1 é um sono de transição, quando os ritmos alfa do EEG da vigília relaxada se tornam menos regulares e se desvanecem e os olhos fazem movimentos circulares lentos. O estágio 1 é fugaz, geralmente durando apenas uns poucos minutos. É também o estágio de sono mais leve, significando que podemos ser facilmente acordados durante essa fase. 
O estágio 2 é um pouco mais profundo e pode durar de 5 a 15 minutos. As suas características incluem a oscilação ocasional de 8 a 14 Hz do EEG, chamada de fuso do sono, que é gerada por um marca-passo talâmico . Além disso, uma onda aguda de alta amplitude, chamada de complexo K é observada algumas vezes. Os movimentos oculares quase cessam. 
Na sequência, segue o estágio 3, e o EEG inicia ritmos delta lentos, de grande amplitude. Há poucos movimentos oculares e corporais. 
O estágio 4 é o estágio de sono mais profundo, com ritmos do EEG de grande amplitude, de 2 Hz ou menos. Durante o primeiro ciclo de sono, o estágio 4 pode persistir por 20 a 40 minutos.
 O sono, então,começa a tornar-se mais leve novamente, ascende através do estágio 3 para o estágio 2 por 10 a 15 minutos e subitamente entra em um breve período de sono REM, com seus rápidos ritmos beta e gama do EEG e movimentos oculares agudos e frequentes. À medida que a noite progride, ocorre uma redução geral na duração do sono não REM, particularmente dos estágios 3 e 4, e um aumento dos períodos REM. Metade do sono REM de uma noite ocorre durante o seu último terço, e os ciclos REM mais longos podem durar de 30 a 50 minutos. Ainda assim, parece haver um período refratário obrigatório, de aproximadamente 30 minutos, entre os períodos de REM; em outras palavras, cada período REM é seguido por, pelo menos, 30 minutos de sono não REM antes que o próximo período de sono REM possa iniciar. 
A Vigília e o Sistema Ativador Reticular Ascendente.
A estimulação elétrica do tegmento na linha média do mesencéfalo, dentro da formação reticular, alterou os ritmos de EEG lentos de sono não REM no córtex, passando para um estado mais alerta, com o EEG similar ao do estado de vigília. Moruzzi chamou essa região pouco definida de sistema ativador reticular ascendente (o SARA). Vários conjuntos de neurônios aumentam suas taxas de disparo em antecipação ao momento de acordar e durante as várias formas de alerta. Eles incluem células do locus coeruleus que contêm noradrenalina, células dos núcleos da rafe que utilizam serotonina, células que usam acetilcolina, do tronco encefálico e do prosencéfalo basal, neurônios do mesencéfalo que usam histamina como neurotransmissor e neurônios do hipotálamo que usam hipocretina (orexina) como neurotransmissor. Coletivamente, esses neurônios estabelecem sinapses diretamente em todo o tálamo, no córtex cerebral e em muitas outras regiões do encéfalo. Os efeitos gerais de seus transmissores são a despolarização de neurônios, um aumento de sua excitabilidade e a supressão das formas rítmicas de disparo. Esses efeitos são observados mais claramente em neurônios de retransmissão do tálamo. A hipocretina (também chamada de orexina; ver) é um pequeno neurotransmissor peptídico expresso principalmente por neurônios cujos corpos celulares se situam no hipotálamo lateral. Os axônios dos neurônios que secretam hipocretina (orexina) se projetam amplamente para todo o encéfalo e excitam fortemente células dos sistemas moduladores colinérgico, noradrenérgico, serotoninérgico, dopaminérgico e histaminérgico. Quando esse peptídeo foi descoberto, os pesquisadores acharam que a hipocretina (orexina) estava envolvida especificamente no comportamento alimentar, porém ela claramente tem um papel mais geral. Esse peptídeo também promove vigília, inibe o sono REM, facilita a atividade de neurônios que acentuam certos tipos de comportamento motor e está envolvido na regulação dos sistemas neuroendócrinos e neurovegetativos. A perda de neurônios contendo hipocretina (orexina) leva a um distúrbio do sono, chamado de narcolepsia.
7). Pesquisar alterações e consequência do sono durante o dia 
O Núcleo Supraquiasmático: um Relógio Encefálico 
Um relógio biológico que produz ritmos circadianos consiste em vários componentes: 
Sensor de luz → Relógio → Via eferente 
Uma ou mais vias aferentes são sensíveis à luz e à escuridão, e estas regulam o relógio e mantêm seu ritmo coordenado com os ritmos circadianos do meio. O relógio continua a funcionar e mantém seu ritmo básico mesmo quando a via aferente for removida. As vias eferentes do relógio permitem controlar certas funções cerebrais e corporais, de acordo com a precisão temporal do relógio. Os mamíferos têm um par de minúsculos grupos de neurônios no hipotálamo, que servem como um relógio biológico: os núcleo supraquiasmáticos (NSQ). Cada NSQ tem um volume de menos de 0,3 mm3, e seus neurônios estão entre os menores no encéfalo. Eles estão localizados em cada lado da linha média, nas bordas do terceiro ventrículo . Quando o NSQ é estimulado eletricamente, ritmos circadianos podem ser alterados de maneira previsível. Entretanto, lesões no NSQ não abolem o sono, e os animais continuam a coordenar seu sono e sua vigília com ciclos claro-escuro se estes estiverem presentes. O sono parece ser regulado por um outro mecanismo distinto do relógio circadiano e depende fundamentalmente da quantidade de tempo e do horário do sono prévio. Pelo fato de o comportamento estar normalmente sincronizado com ciclos claro-escuro, deve haver também um mecanismo fotossensível para regular o relógio encefálico. O NSQ realiza este acoplamento via tracto retino-hipotalâmico: os axônios de células ganglionares na retina estabelecem sinapses diretamente com dendritos dos neurônios do NSQ. Essa aferência oriunda da retina é necessária e suficiente para arrastar os ciclos sono-vigília para a noite e o dia. Quando são feitos registros de neurônios do NSQ, observa-se que muitos são, de fato, fotossensíveis. Diferentemente dos neurônios mais familiares da via visual, os neurônios do NSQ possuem campos receptivos muito grandes, não seletivos e respondem mais à luminosidade do que à orientação e ao movimento do estímulo luminos. As células ganglionares sensíveis à luz, contudo, expressam um tipo singular de fotopigmento, denominado melanopsina, que não está presente nos cones e bastonetes. Esses neurônios são excitados muito lentamente pela luz, e seus axônios enviam sinais diretamente ao NSQ, que pode reajustar o relógio circadiano que ali reside. Os axônios eferentes do NSQ inervam principalmente partes próximas do hipotálamo, mas alguns também se projetam ao mesencéfalo e a outras partes do diencéfalo. Pelo fato de quase todos os neurônios do NSQ usarem GABA como seu principal neurotransmissor, esses neurônios presumivelmente ini- bem os neurônios que inervam. Ainda não está claro como o NSQ estabelece a precisão temporal de tantos comportamentos importantes. Extensas lesões das vias eferentes do NSQ perturbam os ritmos circadianos. Além das vias eferentes axonais, os neurônios do NSQ podem secretar ritmicamente o peptídeo neuromodulador vasopressina. 
O Ato de Adormecer e o Estado Não REM.
 Adormecer envolve uma progressão de mudanças ao longo de vários minutos, culminando no estado não REM. O que inicia o sono não REM ainda não está inteiramente esclarecido, embora certos fatores promotores do sono contribuam,e há uma redução geral na frequência de disparos da maioria dos neurônios moduladores, no tronco encefálico (aqueles que usam NA, 5-HT e ACh). Embora a maioria das regiões do prosencéfalo basal pareça promover o alerta e a vigília, um subconjunto de seus neurônios colinérgicos aumenta sua frequência de disparos com o início do sono não REM, ficando silencioso durante a vigília. Os estágios iniciais do sono não REM incluem os fusos de sono do EEG, descritos anteriormente, os quais são gerados em parte pela ritmicidade intrínseca dos neurônios talâmicos. À medida que o sono não REM progride, os fusos desaparecem e são substituídos por ritmos delta len tos (menores do que 4 Hz). Os ritmos delta também podem ser um produto de células talâmicas, ocorrendo quando os seus potenciais de membrana se tornam ainda mais negativos que durante os ritmos de fuso (e muito mais negativos que durante a vigília). A sincronização da atividade durante os ritmos de fuso ou delta deve-se às interconexões neurais dentro do tálamo e entre o tálamo e o córtex. Devido às fortes conexões excitatórias recíprocas entre o tálamo e o córtex, a atividade rítmica em um deles é frequentemente projetada de maneira intensa e ampla sobre o outro.
Por Que Nós Dormimos?
Muitas pessoas argumentam que um comportamento tão universal como o sono deve ter uma função crítica; se assim não fosse, algumas espécies teriam perdido a necessidade de dormir durante a evolução.Qualquer que seja a função, existem boas razões para crermos que o sono é necessário basicamente para o encéfalo. A consequência mais imediata e óbvia da privação de sono é o prejuízo cognitivo. Passar 8 horas tranquilamente na cama sem dormir deve permitir a seu corpo recuperar-se do esforço físico, mas você não vai estar em sua melhor forma mental no dia seguinte.. Se o sono é restaurador, o que ele está restaurando? O repouso tranquilo certamente não é um substituto para o sono. Dormir é alguma coisa mais do que simples repouso. A privação prolongada de sono pode levar a sérios problemas físicos e comportamentais. Infelizmente, ninguém ainda identificou algum processo fisiológico determinado que seja claramente restaurado pelo sono, ou uma substância essencial que seja produzida ou uma toxina que seja destruída enquanto dormimos. O sono nos prepara para uma nova e efetiva vigília. Contudo, o sono renova-nos da mesma maneira que o ato de comer e beber o fazem, pela substituição de substâncias essenciais, ou da maneira como a cicatrização de uma ferida repara os tecidos danificados? A maioria das evidências indica que o sono não é um momento de reparação aumentada dos tecidos corporais. É possível, contudo, que regiões do encéfalo, como o córtex cerebral, possam alcançar alguma forma de “repouso” essencial somente durante o sono não REM. As teorias de adaptação para explicar o sono assumem muitas formas. Ao mesmo tempo, o sono pode ser uma adapta-ção para conservação de energia. Enquanto dorme, o corpo trabalha apenas o suficiente para manter-se vivo, a temperatura corporal interna cai, a regulação da temperatura é deprimida, e a taxa de gasto de calorias é mantida baixa.
8). Buscar recomendações para melhor adaptação 
Sono normal e seus distúrbios
 Deixar de lado as preocupações do dia-a-dia e fazer uma refeição leve antes de dormir não garantem necessariamente uma boa noite de sono. Diversos fatores, tais como álcool, tabaco, aumento de peso, entre outros, podem contribuir para noites mal dormidas. Então, o que podemos fazer para conseguir naturalmente um sono reparador? O conjunto dessas recomendações recebeu o nome de Higiene do Sono: 
• Procure deitar-se e levantar-se em horários regulares todas as noites.
 • Vá para a cama somente quando estiver com sono, não usando a cama para leitura, ver televisão ou alimentar-se; para essas atividades, prefira a sala ou outro ambiente. 
• Evite ficar na cama sem dormir; se necessário, levante e faça uma atividade calma até ficar sonolento novamente. Ficar na cama rolando de um lado para outro gera estresse e piora a insônia. 
• Tente realizar atividades repousantes e relaxantes depois do jantar; tome um banho e diminua a luminosidade do quarto enquanto se prepara para deitar-se.
 • Evite o uso de álcool e de cafeína pelo menos 6 h antes do seu horário de dormir. 
• Evite o uso de medicamentos para dormir sem orientação médica.
 • Evite cochilos durante o dia; eles atrapalham seu sono à noite.
 • Não leve problemas para a cama. 
• Faça atividades físicas regularmente, porém evite exercícios intensos pelo menos 4 h antes de dormir. 
Neurociência da mente e do comportamento Roberto Lent
Estudos experimentais em animais implicaram variavelmente a formação reticular bulbar, o tálamo e o prosencéfalo basal na geração do sono, mas também se sugeriu a participação da formação reticular do tronco encefálico, do mesencéfalo, do subtálamo, do tálamo e do prosencéfalo basal na geração da vigília ou do despertar eletroencefalográfico. Os modelos atuais propõem que a capacidade de geração de sono e vigília se distribui ao longo de um “cerne” axial de neurônios, que se estende desde o tronco encefálico rostralmente até o prosencéfalo basal. Um aglomerado de neurônios GABA (ácido-aminobutírico) galaninérgicos no hipotálamo pré-óptico ventrolateral (POVL) é ativado seletivamente no momento do início do sono. Esses neurônios se projetam e inibem múltiplos centros neurais de vigília, que compreendem o sistema ascendente da vigília, e lesões celulares específicas seletivas no POVL reduzem substancialmente o tempo de sono, indicando que os neurônios hipotalâmicos do POVL desempenham um papel executivo cru- cial na regulação do sono. Dados mais recentes identificaram outro centro de sono, o núcleo pré-óptico mediano (nOPMn) do hipo- tálamo, com padrões e projeções de ativação similares, sugerindo que, como no caso da vigília, o controle executivo do sono também pode ser multicêntrico. Regiões específicas da ponte estão associadas aos correlatos neurofisiológicos do sono REM. Pequenas lesões na ponte dorsal resultam em perda da inibição muscular descendente, normalmente associada ao sono REM; microinjeções do agonista colinérgico car- bacol na formação reticular pontina produzem um estado com todas as características do sono REM. Tais manipulações experimentais são simuladas por estados patológicos em seres humanos e animais. Um aspecto proeminente da narcolepsia, por exemplo, é a paralisia abrupta, completa ou parcial (cataplexia) em resposta a uma varie- dade de estímulos, uma ativação patológica dos sistemas neurais que medeiam a atonia do sono REM normal. Em cães com narcolepsia, a fisostigmina, um inibidor central da colinesterase, aumenta a fre- quência de episódios de cataplexia, enquanto a atropina a diminui. Já no distúrbio comportamental do sono REM (ver adiante), os pa- cientes sofrem uma falha da inibição motora normal durante o sono REM, resultando em movimentos involuntários e, às vezes, violentos ao despertarem de sonhos.
Neurociências desvendando o sistema nervoso Mark F. Bear
Neurociências ilustrada Claudia Krebs
Neurologia clínica de Harrison Stephen Hauser ; Scott Josephson
Modulação da Memória
Os principais sistemas moduladores da formação de todo e qualquer tipo de memória são neurônios GABAérgicos agindo sobre receptores chamados GABA no hipocampo, córtex entorrinal, córtex cingulado, córtex parietal e amígdala para as memórias declarativas, no striatum e no cerebelo para as memórias procedurais, e no córtex pré-frontal para a memória de trabalho das sinapses cerebrais dos mamíferos.
A segunda linha de moduladores são as vias dopaminérgica, noradrenérgica, serotonérgica e colinérgicas do cérebro, agindo respectivamente sobre receptores específicos. Essas vias têm pouca ou nenhuma importância na regulação da consolidação de memórias procedurais. A via colinérgica e a dopaminérgica modulam a memória de trabalho no córtex pré-frontal e, no caso da primeira, também na amígdala basolateral.
Já para as memórias declarativas, todas as vias mencionadas são fortemente moduladoras da formação tanto da memória de curta como da de longa duração. A primeira é regulada nos primeiros minutos após a aquisição por receptores dopaminérgicos, noradrenérgicos, serotonérgicos e colinérgicos no hipocampo e no córtex entorrinal e parietal posterior. O efeito das diversas vias é complexo e depende de ações de sinal às vezes contrário nas diversas estruturas.
A memória de longa duração é fortemente modulada por receptores dopaminérgicos, noradrenérgicos, serotonérgicos e colinérgicos muscarínicos no hipocampo, no córtex entorrinal, cingulado e parietal posterior. Pelo menos as três primeiras vias exercem sua modulação via regulação da adenilato ciclase, enzima que intervém na síntese de um composto denominado cAMP que regula a atividade de uma das principais enzimas envolvidas na formação e evocação de memórias, a PKA.
A terceira linha de moduladores da consolidação das memórias atua basicamente só sobre a consolidação de memórias de longa duração e está composta por alguns neuromoduladores(B-endorfina, vasopresssina, outros peptídios e benzodiazepinas endógenas) e por vários hormônios periféricos. Destes se destacam os chamados "hormônios do estresse", adrenocorticotrofina(ACTH),os corticóides, e a adrenalina, noradrenalina e vasopressina circulantes. Todos esses hormônios agem através do complexo basolateral da amígdala; os glucocorticóides, de maneira direta, por receptores próprios, e as restantes substâncias por mecanismos reflexos que ativam o sistema de receptores B-noradrenérgicos dessa estrutura. Salvo B-endorfina, que inibe a consolidação em qualquer dose, as demais substâncias mencionadas neste parágrafo como hormônios do estresse melhoram a consolidação em níveis moderados e a inibem em doses ou concentrações elevadas.
O processamento das memórias declarativas envolve o hipocampo, o córtex entorrinal e várias outras áreas corticais. Entre as memórias declarativas, as mais aversivas, emocionais ou alertantes são fortemente moduladas pelos núcleos basal e lateral da amigdala. As memórias procedurais são processadas preponderantemente pelo neostriatum e pelo cerebelo e sistemas a eles associados.
A memória envolve modificação da forma e função das sinapses.
Scientific American Brasil - por Ivan Izquierdo

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