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AULA 11 - DEFEITOS DO NEGOCIO JURìDICO - ERRO

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DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Sabe-se, já, que a vontade é a substância do ato jurídico, de modo que, se a sua manifestação não corresponde ao que o agente verdadeiramente quer, ou, se o querer do agente estava travado, em conseqüência de uma causa qualquer capaz de tolher o seu arbítrio, o ato se apresenta viciado e a consequência é que a parte por ele prejudicada, ou a própria parte, cuja vontade não estava sã, pode promover a sua anulação pelos meios estabelecidos em lei. O resultado, então, destes vícios e defeitos que o ato jurídico pode apresentar quanto à vontade é torná-lo inválido.
A invalidade do ato consiste, principalmente, na destruição de seus efeitos jurídicos; também, por via de conseqüência, as partes devem ser restituídas ao estado em que se encontravam antes de terem praticado o ato inválido. Se isto for impossível (ou seja, a restituição ao status quo ante), tem lugar uma indenização.
Classificamos os defeitos jurídicos da vontade em dois grandes grupos.
PRIMEIRO GRUPO: casos em que há discordância entre a vontade e a declaração de vontade, em que não apresenta defeito algum na vontade. Aqui estão postos: 
ERRO – erro no meio de expressão, ou quando da expressão. Ex: num leilão, o sujeito ergue o braço para chamar o garçom, mas acaba por arrematar um bem.
SIMULAÇÃO – realização de um negócio aparente para encobrir um outro verdadeiro que as partes desejam. Ex: compra e venda simulada, entre pai e filho, para encobrir uma doação.
RESERVA – sujeito deseja coisa diversa do que declara, de maneira consciente. Ex: promessa de recompensa, quando o sujeito que faz a promessa pensa em não pagá-la. 
SEGUNDO GRUPO: neste grupo, chamado grupo dos vícios, estão os casos em que a própria vontade está perturbada. Aqui temos: 
ERRO - diferente do erro do primeiro grupo, dá-se quando há formação equivocada por conta própria.
DOLO: indução da vontade por outra pessoa.
COAÇÃO: deliberação forçada por violência ou ameaça.
Diante disso, é importante que saibamos que há diferença entre o erro de declaração, constante do primeiro grupo, e erro-vício, constante do segundo grupo.
1. ERRO
É de se notar, primeiramente, que no erro de discordância entre a vontade e a representação, tenho uma representação exata das coisas, formo sobre a coisa uma vontade válida (não apresenta defeito algum na vontade), mas, ao manifestá-la, engano-me nos meios de expressão - chamamos de erro de declaração, também chamado erro obstativo; enquanto que no caso do erro-vício, eu me engano é ao formar uma representação da coisa, de tal maneira que a minha vontade já se construiu viciosamente (a própria vontade está perturbada). Este último é que é o erro propriamente dito, porque neste existe uma representação falsa da realidade; por este motivo Savigny chamava-o de erro próprio e o erro de declaração, erro impróprio.	
Todavia, não é esta classificação que vai apontar a nulidade ou anulabilidade do negócio, em termos de erro, mas sim se o erro é essencial ou acidental. 
A) ERRO ESSENCIAL E ERRO ACIDENTAL
	ERRO ESSENCIAL é aquele e recai:
sobre o próprio negócio, como ao supor estar sendo oferecida coisa à venda quando, em verdade, está sendo oferecida em permuta. 
sobre a própria coisa, sobre o objeto, como quando, ao comprar uma coisa, pensamos que estamos comprando outra. 
não no objeto em si, mas nas suas qualidades essenciais, como quando se compra um cavalo, pensando ser puro-sangue, mas não é. 
sobre a pessoa, ou sobre suas qualidades essenciais como, por exemplo, ao tomar um professor julgando ser pessoa cuja reputação me é conhecida e depois verifico que me enganei, por uma questão de identidade de nome. 
sobre a causa do negócio, sobre um motivo que nos leve a realizar um negócio. Este último só tem relevância quando a causa foi declarada pela parte. 
Assim, todas as vezes que o erro não cai nem no negócio nem no objeto ou em suas qualidades essenciais, não há caso declarado de erro; é, portanto, acidental, não conduzindo à anulabilidade. Esta é a regra fundamental.
B) ERRO DE FATO E ERRO DE DIREITO
Outra classificação é a que separa o erro em erro de fato e erro de direito. Em princípio, parece que só o erro de fato pode ser causa de anulação de ato jurídico, pois a ignorância da lei não é permitida a ninguém. Todavia, há um caso em que o erro de direito pode levar à anulação do ato. Dá-se assim quando a convicção em que estava o agente a respeito de uma certa disposição legal foi a causa do negócio jurídico. Por exemplo, quando declaro que em virtude de tal lei, faço o negócio jurídico. Depois, verifico que não existe a tal lei.
C) ERRO ESCUSÁVEL E ERRO INESCUSÁVEL
Depois, temos outra distinção importante: dizemos erro escusável para aquele erro que um homem dotado de atenção poderia cometer; dizemos, de outro lado, que é inescusável o erro que poderia ser evitado pelo homem de atenção mediana. A distinção é importante, porque só o erro escusável pode levar à anulação do negócio. Já o erro inescusável é de responsabilidade de quem o cometeu, não ensejando a possibilidade de anulação do negócio. O que se deve saber analisar é a expressão “atenção mediana”. Não posso pretender que a atenção mediana de um advogado seja a mesma de um camponês. Muito cuidado, portanto, com o contexto.
D) ERRO COMUM
Erro comum é aquele que todos podem cometer. Por exemplo: a pessoa se dirige a um guichê de uma repartição a fim de recolher determinado imposto. Mais tarde verifica-se que o sujeito que recebeu a quantia e deu quitação sobre o imposto recolhido não era funcionário público daquela repartição e, por isso, não era agente capaz de receber tal quantia. Pergunta-se: pode o Estado propor anulação do ato de pagamento, alegando que a pessoa que recebeu e deu quitação não tinha poderes para tanto? Não, pois se trata de erro comum. Ou seja, todas as pessoas que se aproximassem daquele guichê, incidiriam no mesmo erro, pois é típico caso de erro comum. Todavia, embora aqui se exija e escusabilidade do erro, ela opera em sentido diverso, não ensejando a anulação. Se for, de outro lado, inescusável o erro (por exemplo, ao invés de um adulto receber a quantia e dar quitação, era uma criança em seu lugar), a parte prejudicada pode pleitear a anulação do ato.
E) ERRO NA TRANSMISSÃO DA DECLARAÇÃO
Estas situações ocorrem quando o sujeito, impossibilitado de declarar diretamente sua vontade, lança mão de um meio qualquer, como por exemplo, um mensageiro, um núncio, ou mesmo de e-mail, telegrama, carta. Então, devemos perguntar se é anulável o erro e até quando ocorre erro do mensageiro. A resposta é que é anulável desde o momento que se trate de erro essencial. 
E como fica a responsabilidade pelos danos que porventura a mensagem errada tenha acarretado? A resposta mais acertada diz respeito à iniciativa. De quem foi a iniciativa de transmitir vontade indiretamente? Assume o risco aquele que pediu que alguém lhe enviasse a declaração de vontade, ou aquele que decidiu enviá-la indiretamente.
F) OBSERVAÇÕES FINAIS
1ª – NOS ATOS JURÍDICOS BILATERAIS, BASTA QUE UMA DAS PARTES ESTEJA EM ERRO, PARA QUE O ATO SEJA ANULÁVEL.
2ª – QUALQUER PESSOA PREJUDICADA PODE ANULAR O ATO JURÍDICO POR ERRO, NÃO SENDO ADMITIDA A INICIATIVA DE ANULAÇÃO POR QUEM TEVE PROVEITO. 
3ª – O ÔNUS DA PROVA RECAI SOBRE QUEM ALEGA O ERRO.

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