Buscar

Fonetica_e_fonologia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
 
 
 
 
Página 2 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXPEDIENTE 
 
Uníntese | Uníntese Virtual 
 
Pedro Stieler 
Diretor 
 
Maria Bernardete Bechler 
Vice-Diretora 
 
Carmem Regina dos Santos Ferreira 
Gestora de Marketing 
 
Roberto de Oliveira 
 Gestor Administrativo 
 
Wiltom Dourado 
Gestor Acadêmico 
 
 
Maria Bernardete Bechler 
 Texto 
 
 
Aline Madrid 
Flávia Burdzinski de Souza 
Designers Educacionais 
 
 
 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
- 2016 - 
Direitos Autorais reservados à UNÍNTESE 
 
Página 3 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
 
 
II FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
Maria Bernardete Bechler 1 
 
 
 
2.1- A Relação entre Fonética e Fonologia 
 
Antes de tratarmos das áreas da Fonética e da Fonologia na Língua 
Brasileira de Sinais, consideramos importante uma abordagem sobre como esses 
aspectos da linguagem humana se realizam nas línguas orais. 
A Fonética e a Fonologia se dedicam a estudar os sons da fala. Sempre 
que a fala for usada para a comunicação através do uso de uma língua oral, 
falantes e ouvintes necessitam requisitos físicos essenciais para que esse processo 
realmente se concretize: o funcionamento adequado do cérebro, dos pulmões, da 
laringe, do ouvido e de outros órgãos que se estruturam para possibilitar a 
produção e a percepção dos sons da fala. 
Mesmo contando com todos os órgãos físicos em perfeito estado, esse 
processo de comunicação somente se efetivará se ambos conhecerem a língua 
que estiver sendo usada no processo da fala. Para a compreensão da língua, é 
fundamental que os sons emitidos através da fala estejam organizados em uma 
estrutura linguística, expressa através de palavras, frases, que possibilitem um 
sentido, permitindo que o ouvinte possa entendê-las e interpretá-las. 
 
1.Possui especialização em Supervisão Escolar, em Filosofia da Educação e em Coordenação de Práticas e 
Processos Pedagógicos. Graduação em Letras pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio 
Grande do Sul e graduação em Letras pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. 
Atualmente é professora visitante da Universidade Tuiuti do Paraná e vice-diretora da UNÍNTESE. Tem 
experiência na área de Educação, com ênfase em educação, ensino e aprendizagem e elaboração de 
projetos. 
 
Página 4 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
Veremos que esses aspectos serão estudados por duas áreas da ciência, 
uma que descreve os sons da fala no processo de comunicação: a FONÉTICA, e a 
outra ciência que estuda a relação de cada um dos sons emitidos, as combinações 
que irão originar as palavras, as frases, permitindo que a fala seja compreendida, 
que é o campo da FONOLOGIA. 
Assim sendo, cabe à Fonética descrever os aspectos fisiológicos, acústicos 
e perceptuais (ouvidos) dos sons da fala. Cabe à Fonologia estudar os sons, 
estabelecendo as distinções, diferenças de significado entre as palavras, bem 
como a relação e a organização dos sons nos sistemas combinatórios que 
estruturam as palavras. 
A seguir estaremos apresentando algumas informações sobre a Fonética 
e a Fonologia em nas línguas orais. 
 
2.1.1 Sobre a Fonética das Línguas Orais 
A Fonética é a área da linguística que estuda os sons da fala humana e 
fornece instrumentos para a sua descrição, classificação e transcrição. Vimos 
anteriormente que sempre que um falante transmitir uma mensagem oral para 
um ouvinte e for por ele compreendido, se efetiva um processo de comunicação 
que envolve a Fonética e a Fonologia. Os sons pronunciados pelos falantes e 
descritos pela Fonética são chamados de “fones”: fones são as unidades de som 
que constituem uma palavra. Por exemplo, na palavra “bota” (b-o-t-a) temos 
quatro sons que constituem as unidades mínimas em que se pode segmentar 
numa sequência sonora. Essa separação só pode ocorrer linearmente, um som 
após o outro, pois não podemos emitir os sons ao mesmo tempo. Além de ser 
possível segmentar, também é possível trocar um som por outro, formando outra 
palavra, no caso de “bota”, por exemplo, podemos formar “rota” ou “cota” 
somente substituindo o primeiro fone. 
No estudo da Fonética, alguns sinais são convencionais, por isso vamos 
apresentá-los para melhorar o entendimento deste estudo: quando 
transcrevemos foneticamente, os fones são colocados entre colchetes [ ]. Por 
exemplo, a transcrição fonética da palavra “bota” é *‘bo.ta]. Note que há uma 
aspa simples colocada antes de uma sílaba ou da primeira sílaba, sinal que marca 
que a sílaba é acentuada. O ponto final entre as sílabas marca a separação silábica. 
 
Página 5 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
Para descrever os sons da fala, a Fonética se utiliza do Alfabeto Fonético 
Internacional (AFI)2, criado em 1886, sendo, desde então, muito utilizado por 
linguistas, fonoaudiólogos, professores, estudantes e por todas as pessoas 
interessadas em saber a pronúncia de uma palavra em qualquer idioma. Em 
muitos dicionários de língua estrangeira podemos encontrar ao lado da palavra 
em português, a sua transcrição fonética, visando auxiliar na pronúncia da palavra. 
As descrições dos sons poderão ser realizadas nas dimensões da Fonética 
Articulatória, da Fonética Auditiva e da Fonética Acústica. 
A Fonética Articulatória estuda a estrutura biológica, fisiológica, 
anatômica, que permite a articulação dos sons, a produção da mensagem. Leva 
em conta o que acontece no aparelho fonador durante a produção dos sons. 
Na dimensão da Fonética Auditiva ou perceptiva são realizados estudos 
sobre os mecanismos de percepção do ouvinte, como os sons são decodificados 
pela nossa mente, o nosso cérebro. Nessa dimensão são analisadas as variações 
linguísticas, os falares característicos de cada região e a capacidade que os 
ouvintes têm de distinguir os sons, bem como de identificar as diferenças entre os 
sons falados nas regiões ou grupos, em relação ao padrão linguístico de um povo. 
A dimensão da Fonética Acústica estuda as características físicas como a 
amplitude, a duração e frequência do som que é emitido na realização da fala 
através das ondas sonoras, que são produzidas quando o ar passa pelo aparelho 
fonador. A partir da invenção do fonógrafo, aparelho criado por Thomas Edison, os 
pesquisadores da Fonética puderam efetuar gravações de sons para análise 
acústica, contribuindo para significativos estudos e descobertas, incluindo a 
possibilidade de identificar características do falante que emitiu determinados 
sons. 
Resumidamente, podemos dizer que para a produção dos sons da fala, o 
ser humano necessita a corrente de ar que sai dos pulmões, a contração dos 
pulmões que produz o percurso do ar e faz vibrar as pregas vocais. Esse ar quando 
sai, passa pelas cordas vocais excitando o trato vocal, que funciona como uma 
caixa de ressonância, amplificando as frequências do trato vocal, gerando os sons 
que ouvimos. 
Abaixo, a gravura demonstra a passagem do ar pelas pregas (cordas) 
vocais gerando o som: 
 
 
2 O Alfabeto Fonético Internacional está disponível em http://www.fonologia.org/arquivos/tb_ipa_chart.pdf 
 
Página 6 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
 
 
 
 
Corrente de Ar3 
O Aparelho Fonador humano é formado pelos pulmões, os brônquios, a 
traqueia (que constituem os órgãos respiratórios), pela laringe ( que é o local onde 
estão as pregas vocais ou "cordas vocais" que produzem a sonoridade e a vibração 
dos sons); e pelo trato vocal - formado pela faringe, boca (lábios, dentes, alvéolos, 
palato, véu palatino, língua e úvula) e cavidade nasal (compostapelas fossas 
nasais e parte superior da laringe). 
 
Aparelho Fonador4 
 
 
2.2- A Fonologia 
 
No início desta unidade vimos que a fonética estuda os sons da fala nas 
dimensões articulatória, auditiva e acústica - ou os gestos corporais, na 
 
3 Disponível em: http://www.thomazaquino.med.br/leitura_do.php?id=40 
4 Disponível em: http://www.ocorpohumano.com.br/img/respiratorio_anato.jpg 
 
Página 7 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
modalidade das línguas visoespaciais. Assim, vimos que a Fonética se propõe a 
descrever todos os sons ou gestos das línguas humanas de uma forma autônoma, 
fora de um sistema de relações com os outros sons, como por exemplo, os sons 
[p], [b], [d] [K] são apenas sons da fala, existentes nas línguas orais, analisados 
isoladamente. A unidade mínima da Fonética é o “fone”, o som da fala. 
Diferentemente da Fonética, a Fonologia se preocupa em saber como 
esses sons funcionam no sistema da língua, as relações que eles estabelecem 
entre si, as diferenciações e as combinações que originam os morfemas, sílabas, 
palavras, frases. O som da língua para ser considerado um fonema, tem que ter 
algum valor no sistema linguístico. Segundo Saussure (1995), um som tem valor 
linguístico se ele tiver o poder de modificar o significado de um signo, de uma 
palavra. Vamos observar o exemplo nos signos: bota e cota – os sons [b] e [k] são 
distintivos porque mudam o significado, assim também em bala e vala, os sons /b/ 
e /v/ são distintivos, mudam o significado da palavra. Quando somente um som 
muda o significado de uma palavra, como nos exemplos: bota e cota, bala e vala, 
constituem o que chamamos de pares mínimos. Esse som que tem valor distintivo 
se chama Fonema. Existem situações em que uma palavra é pronunciada de forma 
diferente, conforme o meio cultural e geográfico do falante, por exemplo: 
bassoura e vassoura- temos dois sons diferentes /b/ e /v, porém não são 
considerados fonemas diferentes porque eles não alteram o significado da 
palavra, representam apenas uma variação linguística. Não têm valor distintivo. 
Retomando: “o fonema é a menor unidade linguística que distingue 
significados” (VIOTTI, 2008, p.53). É a menor unidade linguística que muda o 
sentido de um signo, que é formado por um significante e um significado. 
Observemos agora as palavras “tia” e “dia”. O /t/ e o /d/ são fonemas porque 
mudam o significado das palavras. Se estivermos no Rio de Janeiro, a palavra tia 
será pronunciada como tchia e dia como djia, porém, mesmo com pronúncia 
diferente, a comunicação não será prejudicada, porque o significado de cada 
palavra não foi alterado, são modos diferentes de realização dos fonemas /t/ da 
palavra tia e /d/ da palavra dia. 
A Fonética e a Fonologia são ciências interdependentes, pois qualquer 
estudo fonológico parte da análise fonética ou acústica, para depois analisar as 
unidades distintivas da língua que são os fonemas. 
 
2.2.1 A Fonologia das Línguas de Sinais 
 
Página 8 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
As línguas de sinais não usam sons. Então, a área da Linguística, que 
estuda a Fonética e a Fonologia, não se aplica às línguas de sinais? Vamos explicar 
um pouco sobre essa questão para que fique bem claro para todos, uma vez que a 
Fonética e a Fonologia foram criadas a partir dos estudos das línguas orais. 
Como explicar a Fonética e a Fonologia das línguas de sinais? Vamos 
lembrar que o signo linguístico é formado por significante e significado, unidades 
inseparáveis. O significante é uma representação mental acústica (na modalidade 
oral) ou ótica (na modalidade das línguas de sinais). Essa representação mental 
acústica existe no pensamento, não se concretiza na fala. No início dos estudos 
linguísticos das línguas de sinais, William Stokoe - o criador da linguística da língua 
de sinais- chamou o estudo dos significantes dos sinais de quirologia, que é uma 
palavra de origem grega, formada a partir da raiz “quir”, que significa mão. Porém, 
este nome não foi bem aceito, caiu em desuso, e, tanto surdos quanto ouvintes 
passaram a usar os termos da Fonética e da Fonologia para tratar dos significantes 
das línguas de sinais. Vimos, então, que tanto a Fonética quanto a Fonologia nas 
línguas orais estudam os sons da fala e, nas línguas de sinais, os estudos da 
Fonética e da Fonologia, segundo Quadros & Karnopp abrangem a descrição 
espaço-visual: 
A fonética descreve as propriedades físicas, articulatórias e perceptíveis de 
configuração e orientação de mão, movimento, locação, expressão corporal e 
facial. [...] A primeira tarefa da fonologia para as línguas de sinais é 
determinar as unidades mínimas que formam os sinais. A segunda tarefa é 
estabelecer quais são os padrões possíveis de combinação entre essas 
unidades e as variações permitidas/possíveis no ambiente fonológico (2004, 
p. 81-82). 
Nas línguas orais, cujo processo de comunicação é oral-auditivo, a 
Fonética descreve os sons da fala; nas línguas de sinais, por serem gestual-visual, a 
comunicação acontece através dos movimentos, gestos e expressões faciais que 
são percebidos pela visão. Assim sendo, a Fonética estuda as unidades mínimas, 
os aspectos físicos dos sinais, dos gestos corporais, independentemente do valor 
que assumem no funcionamento da língua. 
 
 
Página 9 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
Produção e Expressão / Português5 
 
Português recepção6 
 
 
Produção e Expressão / LIBRAS7 
 
 
Recepção /LIBRAS
8
 
 
5 Fonte: http://image.slidesharecdn.com/librasaspectoslinguisticos-140131045446-phpapp02/95/lngua-brasileira-de-
sinais-libras-aspectos-lingusticos-10-638.jpg?cb=1391144185 
6 Fonte: http://image.slidesharecdn.com/librasaspectoslinguisticos-140131045446-phpapp02/95/lngua-brasileira-de-
sinais-libras-aspectos-lingusticos-11-638.jpg?cb=1391144185 
7 Fonte: http://image.slidesharecdn.com/librasaspectoslinguisticos-140131045446-phpapp02/95/lngua-brasileira-de-
sinais-libras-aspectos-lingusticos-12-638.jpg?cb=1391144185 
8 Fonte: http://pt.slideshare.net/andreconeglian/libras-aspectos-linguisticos-30661546 
 
Página 10 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
 
Anteriormente, vimos que a linearidade é característica, uma 
propriedades do signo linguístico. Convém lembrar que a linearidade nas línguas 
orais assim se manifesta: na hora da fala, os sons são pronunciados um após o 
outro, não sendo pronunciados dois sons ao mesmo tempo; na hora da escrita de 
uma palavra escrevemos uma letra após a outra, assim também nas frases, nos 
textos, sempre uma palavra após a outra, nunca duas ao mesmo templo, 
simultaneamente. A linearidade pressupõe um som articulado de cada vez e, na 
escrita, uma letra após a outra, uma palavra após a outra, formando frases ou 
textos. Nas línguas orais não há simultaneidade 
No início dos estudos linguísticos das línguas de sinais, Stokoe (apud 
Quadros & Karnopp, 2007, p. 48), percebeu que a diferença fundamental entre 
línguas de sinais e línguas orais, está na simultaneidade de organização dos 
elementos das línguas de sinais. Na época, a característica fundamental das 
línguas orais estava na linearidade e nas línguas de sinais a principal característica 
estava na simultaneidade. Segundo Stokoe (apud Quadros & Karnopp, 2007, p. 48) 
a diferença fundamental entre línguas de sinais e línguas orais, está na 
simultaneidade de organização dos elementos das línguas de sinais. 
Primeiramente, foi Stokoe quem indicou a estrutura para análise da 
formação e da decomposição dos sinais da ASL - American Sign Language em três 
parâmetros, os quais, assim como os fonemas das línguas orais, não têm 
significado isoladamente. Os parâmetros são os seguintes: 
a) Configuraçãode Mãos (CM) 
b) Locação de Mãos (L) (ou ponto de articulação) 
c) Movimento da mão (M) 
O esquema abaixo, apresentado por Hultst (apud Quadros & Karnopp, 
2004, p.49) procura demonstrar as características da linearidade na Língua 
Portuguesa e da simultaneidade na Língua de Sinais. Na Língua Portuguesa 
percebemos a sucessão temporal na estrutura da organização dos fonemas na 
composição do morfema, linearmente. Na Língua de Sinais percebemos a 
simultaneidade, com a estrutura vertical da organização dos elementos 
fonológicos que compõem o sinal. 
 
Página 11 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
 
Produção, Expressão e Recepção
9
 
Estudos posteriores realizados a partir do trabalho de Stokoe apresentam 
avanços nos estudos fonológicos das línguas de sinais, constatando a presença da 
linearidade também nas línguas de sinais e a adição de outros parâmetros que 
foram adicionados à Fonologia das línguas de sinais. 
Segundo Viotti (2008, p.50), a fonética-fonologia das línguas de sinais 
apresentam as características de linearidade e simultaneidade. A linearidade se 
apresenta quando, na realização de um sinal, há sequência de suspensões e 
movimentos. As suspensões ocorrem quando os sinais são realizados com as 
mãos, ou parte delas, paradas. Os movimentos ocorrem quando os sinais são 
realizados com as mãos em movimento. Vamos demonstrar a linearidade na 
língua de sinais com um modelo de usado por Viotti no sinal EXEMPLO. 
Nesse sinal, a mão, posicionada à frente do queixo, faz um pequeno 
movimento até contactar o queixo. Esse contacto corresponde a uma 
suspensão. A seguir, a mão se afasta até a posição inicial, repete o movimento 
e faz o contacto com o queixo novamente. Por isso podemos dizer que o sinal 
EXEMPLO constitui-se de quatro segmentos: um movimento, uma suspensão, 
outro movimento e outra suspensão (VIOTTI, 2008, p. 50). 
A Fonologia da Língua de Sinais Brasileira estuda os traços distintivos, as 
unidades mínimas que formam os sinais. As unidades mínimas que formam os 
sinais são constituídas pelos seguintes parâmetros: 
a) Configuração de mão, 
b) Locação (ponto de articulação) 
c) Movimento, 
d) Orientação da mão 
 
9 Fonte: http://image.slidesharecdn.com/librasaspectoslinguisticos-140131045446-phpapp02/95/lngua-brasileira-de-
sinais-libras-aspectos-lingusticos-16-638.jpg?cb=1391144185 
 
Página 12 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
e) Aspectos não-manuais. 
As mãos são os principais articuladores das línguas de sinais. Os 
movimentos das mãos se realizam no espaço em frete ao corpo em determinados 
pontos de articulação. 
Um sinal pode ser articulado com uma ou duas mãos. Um mesmo 
sinal pode ser articulado tanto com a mão direita quanto com esquerda; tal 
mudança, portanto, não é distintiva. Sinais articulados com uma mão são 
produzidos pela mão dominante (tipicamente a direita para destros e 
esquerda para canhotos), sendo que sinais articulados com as duas mãos 
também ocorrem e apresentam restrições em relação ao tipo de interação 
com as mãos.(Quadros & Karnopp 2004,p.51) 
Os movimentos da face, expressão do olhar e movimentos do corpo 
também têm funções linguísticas. 
A produção de um sinal pode ser realizada com uma só mão, e quando 
ocorre é realizada pela mão dominante. Um sinal pode ser realizado pela mão 
direita ou esquerda. 
A seguir serão descritos parâmetros, ou unidades distintivas, da Língua 
Brasileira de Sinais, segundo Quadros & Karnopp (2004, p.51-64), que assim os 
define: locação, movimento, configuração de mão, orientação da mão e 
expressões não-manuais. 
2.2.2 Parâmetros ou Unidades Distintivas da Língua de Sinais Brasileira 
 
Configuração de Mão (CM) 
 
Movimento (M) 
 
Locação (L) 
 
Orientação da Mão (OM) 
 
Expressões Não-Manuais (ENM) 
 
Nas línguas de sinais os parâmetros fonológicos (configurações de mão, 
as locações e os movimentos) têm caráter distintivo. O que isso quer dizer? Nas 
línguas orais, muitas palavras, quando comparadas entre si, diferem no 
significante e no significado apenas por um fone, um som diferente entre elas, 
exemplo pata e bata. Esse fone é uma unidade distintiva. Os sinais da LIBRAS, 
assim como as palavras do português, se estruturam a partir de unidades mínimas 
 
Página 13 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
espaciais, respectivamente. Podemos exemplificar com os sinais distintos 
APRENDER e SÁBADO. Os significados distintos entre os sinais acontecem pelo fato 
de que em APRENDER o sinal é articulado na testa e em SÁBADO o sinal é 
articulado na boca do usuário da LIBRAS. Isto é, há uma característica espacial 
distinta nos sinais, o ponto de articulação, que os distingue. Quando o significado 
de um sinal é alterado somente por um dos parâmetros, chamamos de pares 
mínimos. A seguir, apresentaremos os exemplos disponíveis em Quadros & 
Karnopp (2004, p. 52): 
Pares Mínimos na LIBRAS10 
 
Configuração de Mãos (CM) 
Ponto inicial para realização de um sinal. Para Lucinda Ferreira (2010, p. 
36) entende-se por configuração de mãos as diferentes formas que a(s) mão(s) 
assume(m) na articulação de um sinal. 
 
10 Fonte: http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo7/libras/unidade4/unidade4_arquivos/imagem4.jpg 
 
Página 14 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
A configuração é um elemento distintivo, podendo mudar o significado do 
sinal. 
 
Movimento (M) 
O movimento, como o próprio nome diz, dá dinamismo para a língua. É 
uma habilidade fundamental para a realização da comunicação na língua de sinais. 
O movimento é um parâmetro importantíssimo na produção do sinal. 
Normalmente indica uma variação da raiz, da base, mudando o significado do 
sinal, porém sempre relacionado ao sinal de origem, distinguindo nomes, verbos, 
tempos verbais. 
 
Página 15 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
Para a realização do movimento é necessário o objeto e o espaço 
(Quadros e Karnopp, 2004, p. 54). O objeto refere-se à mão, enquanto que o 
espaço refere-se à área em torno do corpo da pessoa que realiza o sinal. 
Segundo Ferreira Brito (apud Quadros e Karnopp, 2004, p.56) os 
movimentos referem-se ao: 
• Tipo (movimentos retos, curvos, sinuosos, circulares e em várias 
direções, de interação, dobramento de pulso, curvamento, interno de mãos...) 
• Direcionalidade (para cima, baixo, direita, esquerda, dentro, fora,...) 
• Maneira (qualidade, tensão, velocidade) 
• Frequência (repetição) 
O movimento é um parâmetro que pode variar, seguindo as regras da 
língua, sabendo-se que a variação resulta em significado diferente. Mudanças no 
movimento podem “distinguir itens lexicais, como por exemplo, nomes de 
verbos”, direcionalidade e tempos do verbo (Quadros e Karnopp, 2004, p.55). 
 
Movimento11 
 
 
11 Fonte: Quadros & Karnopp (2004, p. 55). 
 
Página 16 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
Tipos de Movimentos12 
a)Movimento Retilíneo 
 
b) Movimento Helicoidal 
 
 
c) Movimento Sinuoso 
 
 
d) Movimento Circular 
 
 
12Fonte: http://pt.slideshare.net/janinhaF/libras-16843549 
 
Página 17 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
e) Movimento Semicircular 
 
 
 
Locação (L) ou Ponto de Articulação 
A locação é um dos principais parâmetros na realização do sinal. É a área 
que contém todos os pontos de articulação dos sinais. Compreende um número 
limitado de locações que são: tronco, cabeça, mão e espaço neutro e subespaços 
como o nariz, boca, olho, etc. 
 
Locação13 
A realização de alguns sinais necessita de movimento,indo de um ponto 
de locação para outro. Ainda assim o sinal somente terá um ponto de locação. 
Ferreira Brito e Langevin (1995) (apud Quadros e Karnopp, 2004, p. 58) 
detalham os pontos de articulação apresentados no quadro: 
 
 
13 Fonte: Quadros & Karnopp , 2004, p.57 
 
Página 18 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
CABEÇA 
topo da cabeça, testa, rosto, parte superior do rosto, parte 
inferior do rosto, orelha, olhos, nariz, boca, bochechas, queixo 
TRONCO 
Pescoço, ombro, busto, estômago, cintura, braços, braço/ 
antebraço, cotovelo 
MÃOS 
palmas, costas das mãos, lado do indicador, lado do dedo 
mínimo, dedos, ponta dos dedos, dedo mínimo, anelar, dedo 
médio, indicador, polegar 
ESPAÇO 
NEUTRO 
É o espaço à frente do corpo da pessoa que sinaliza (sinalizador). 
Vejamos o sinal: 
 
 
Significado do sinal: casa, morar. 
Para realizar este sinal, não tocamos nenhuma parte do corpo. 
Assim dizemos que esse sinal é realizado no espaço neutro. 
Orientação de Mão (OR)14 
Entende-se por orientação a direção para a qual a palma da mão aponta 
na realização do sinal: para cima, para baixo, para o corpo, para a frente, para a 
direita, para a esquerda. 
 
 
 
14 Fonte: Quadros & Karnopp, 2004,p.59-60 
 
Página 19 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
 
 
Expressões Não-Manuais15 
As expressões não-manuais são unidades mínimas que se realizam com o 
movimento da face, dos olhos, da cabeça e do tronco. Segundo Quadros e 
Karnopp (2004, p. 60), as expressões não-manuais têm duas importantes funções 
nas línguas de sinais: 
• Marcação de construções sintáticas – marcam frases interrogativas, sim-
não interrogativas, orações relativas; 
• Diferenciações de itens lexicais - marcam referência específica, 
referência pronominal, partículas negativas, grau do espectro. 
a) Exemplos de expressões não-manuais (ENM) 
 
 
b) Gestos bucais são realizados concomitantemente com um sinal, 
podendo ser uma marca icônica do significado representado pelo 
sinal. Exemplos: 
 
15Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-45732013000200005 
 
Página 20 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
 
c) Imagem visual da palavra através de uma articulação da boca 
relacionada a palavra que está sendo pronunciada. 
 
 
EXPRESSÕES NÃO-MANUAIS NA LIBRAS 
(Ferreira Brito e Langevin, 1995) 
ROSTO CABEÇA ROSTO E CABEÇA TRONCO 
Parte superior: 
Sobrancelhas franzidas/olhos 
arregalados/ lance de olhos / 
sobrancelhas levantadas. 
 
Parte inferior 
Bochechas infladas/bochechas 
contraídas/ 
 
Lábios contraídos e projetados 
e sobrancelhas franzidas / 
 
Correr de língua na parte 
inferior interna da bochecha 
 
Apenas bochecha direita 
inflada 
 
Contração do lábio superior 
Franzir de nariz 
balanceamento 
para frente e 
para trás (sim) 
 
balanceamento 
para os lados 
(não) 
 
inclinação para 
frente 
 
inclinação para o 
lado 
 
inclinação para 
trás 
 
Cabeça projetada 
para frente, 
 
Olhos levemente 
cerrados, 
 
sobrancelhas 
franzidas. 
 
Cabeça projetada 
para trás e olhos 
arregalados. 
 
para frente 
 
para trás 
 
balanceamento 
alternado dos 
ombros 
 
balanceamento 
simultâneo dos 
ombros 
 
balanceamento de 
um único ombro 
 
 
Página 21 de 21 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
 2.3 Restrições na Formação de Sinais 
Segundo Quadros e Karnopp, (2004, p.79), restrições físicas e linguísticas 
explicitam possíveis combinações entre as unidades mínimas (CM,M e L) na 
formação dos sinais. 
As restrições na formação dos sinais são oriundas do sistema de 
percepção visual e do sistema articulatório – fisiologia das mãos. Há duas 
restrições fonológicas para a boa formação dos sinais envolvendo as duas mãos: a 
condição de simetria e a condição de dominância. 
Condição de simetria: determinadas restrições aparecem caso as duas 
mãos se movam na produção de um sinal: A CM deve ser a mesma para asa duas 
mãos, a Locação deve ser a mesma ou simétrica, e o movimento deve ser o 
mesmo ou alternado. 
 
Condição de simetria16 
Condição de dominância: se as mãos apresentam distintas CM, então a 
mão ativa produz o movimento, e a mão passiva serve de apoio, apresentando um 
conjunto de CM (não-marcados). 
 
 
Condição de dominância17 
 
16
 Fonte: Quadros & Karnopp,2004,p.79 
17 Fonte: Quadros & Karnopp,2004,p.79

Outros materiais