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EMPRESARIAL II Professor: Marcelo Leonardo * Este material é apenas um roteiro resumido do nosso objeto de estudo. Dessa forma, o aluno deve usá-lo apenas como um guia resumido de conteúdos para expandir seu aprendizado através das aulas, livros de doutrina, legislação e jurisprudência. Já dizia Sócrates: “ Eu não posso ensinar nada a ninguém, eu só posso fazê-lo pensar”. DIREITO CAMBIÁRIO - TÍTULOS DE CRÉDITO INTRODUÇÃO - TÍTULOS DE CRÉDITO Histórico do Crédito - Sociedades primitivas: - Propriedade (estática) → Contrato (dinâmico) → Comércio - Troca Direta → Troca Indireta/ Moeda → Crédito / Títulos de Crédito. - O comércio se limitava ao Escambo (Troca direta de mercadorias). - Posteriormente: Troca indireta (Dinheiro/Moeda). Ex: Sal, Metais preciosos, papel-moeda (fiduciária e universal). - Num momento posterior, a própria moeda já não conseguia suprir a demanda do mercado dinâmico, que precisava de mais crédito para circular riquezas. Tal fato motivou o surgimento dos Títulos de Crédito. A Principal função dos Títulos de Crédito: Circular Riquezas de forma ágil e segura. - CRÉDITO: É um artifício da inventividade humana. Direito a uma prestação futura, baseada na confiança e prazo. É a possibilidade da realização de uma necessidade com o capital alheio. É criado basicamente através de contratos e títulos de crédito. NOÇÃO INICIAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO - TÍTULO (Titulus: Inscrição). Titular é o beneficiário de um título ou determinada inscrição. - TÍTULO DE CRÉDITO: Documento que se inscreve e instrumentaliza um crédito e permite sua mobilização com rapidez e segurança. Função principal é a Circulação de Riquezas, por isso a formalidade para proteger as partes envolvidas. - Um dos principais benefícios dos títulos de crédito → possibilidade de substituição do papel moeda nas relações negociais, facilitando as transações mercantis ao dotarem de maior segurança a circulação de crédito. HISTÓRICO DO DIREITO CAMBIÁRIO NO MUNDO - Direito Cambiário ou Cambial: Ramo do direito Empresarial que disciplina as normas sobre os Títulos de Crédito. - Títulos de Crédito e Direito Comercial surgiram na Idade Média. Sistema Feudal (“direitos locais”). - 04 Momentos marcantes; - 1) Período Italiano: Vai até 1650. Cidades marítimas italianas, onde se realizavam as feiras medievais, que atraiam os grandes mercadores da época. Houve desenvolvimento das operações de Câmbio em razão da diversidade de moedas entre as várias cidades medievais. Surge o Câmbio Trajetício (transporte de Moedas por banqueiros). Esse câmbio era feito através de documentos: A Cautio (origem da Nota Promissória), através da qual o banqueiro reconhecia a dívida e prometia pagá-la no lugar, prazo e moeda convencionada; e a Littera Cambii (origem da Letra de Câmbio), uma ordem de pagamento do banqueiro ao seu correspondente. - 2) Período Francês. (1650 a 1848). Surge a “cláusula à ordem” na França, acarretando o surgimento do Endosso, permitindo ao beneficiário da Letra de Câmbio transferi-la independentemente da autorização do sacador. - 3) Período Alemão (1848 a 1930). Ordenação Geral do Direito Cambiário em 1848. Consolidou as normas sobre as Letras de Câmbio e os títulos de crédito em normas específicas e diferentes do direito comum. - 4) Período Uniforme (1930…) Convenção de Genebra sobre títulos de crédito e aprovação da Lei Uniforme das Cambiais, diante das dinâmicas e necessidades do comércio internacional. - 5) Atualmente (“Crise” / Comércio Eletrônico): Transição, pois não vemos mais Letras de Câmbio, Cheques, Notas Promissórias no mercado, em razão dos Cartões de Débito / Crédito, Assinaturas Eletrônicas. Nem a moeda, nem os títulos de crédito tradicionais conseguem, de maneira eficiente, dar efetividade ao mercado globalizado. HISTÓRICO NO BRASIL - BRASIL : Participou da Convenção de Genebra e aderiu em 1942. Foram aprovados pelo Congresso Nacional os Decretos 57.663/1966 e 57.595/1966, Leis Uniformes das Cambiais / Lei Uniforme de Genebra - LUG e Lei do Cheque. - obs: O Brasil já possuía uma legislação Cambial (Decreto 2044/1908 - Lei Saraiva). - Atualmente temos o CC/2002 que regula (887 a 926) de forma supletiva os títulos de créditos próprios já existentes e efetivamente os novos títulos. CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO - Conceito (Italiano Cesare Vivante): Documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo, nele mencionado. - Conceito CC/2002 (887): “O título de Crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”. - Dos conceitos, extraímos os princípios: a) Cartularidade (Documento Necessário ao Exercício do direito nele mencionado) O exercício de qualquer direito representado no título pressupõe a sua posse legítima. Cartularidade é uma espécie de confusão (princípio da incorporação) entre o direito e a cártula. A Cártula (Chartula: diminutivo de Charta, pequeno papel) é imprescindível para a comprovação da existência e exigibilidade do crédito. O direito de crédito mencionado na cártula não existe sem ela, não pode ser transmitido sem sua tradição e não pode ser exigido sem a sua apresentação. Obs: Atualmente está relativizado em razão dos processos virtuais (CPC 425); títulos magnéticos; boletos; Duplicatas Virtuais (protesto por indicações e comprovante de entrega das mercadorias). O Próprio CC 889, parág. 3o, menciona títulos criados em computador. Títulos eletrônicos para o agronegócio Lei 11076/2004. b) Literalidade: vale apenas o que que está escrito no título ( valores, local, data, etc). O título vale pelo que contém. Somente os atos lançados no próprio título produzem efeitos perante o portador. A literalidade faz o título cumprir sua função principal de circulação do crédito de forma segura. - Uma quitação parcial, por exemplo, deve ser lançada no próprio título. O mesmo serve para o Aval e Endosso. - Obs: Aval feito em documento separado poderá, no máximo, valer como fiança. c) Autonomia: (princípio mais importante) O TC é documento constitutivo de direito novo, autônomo, originário e desvinculado da relação jurídica que lhe deu origem. - Quando o título circula, não interessa a relação jurídica originária. O vício que atinge uma relação anterior não contamina as demais. Todos que intervêm no título (emitente, endossantes, avalistas) ficam autonomamente responsáveis. O credor escolhe qualquer um para cobrar. - C.1) Abstração: Desvinculação da relação originária - Obs: Nem todos têm, como a Duplicata (que é causal ). Letra, Nota e cheque são abstratos. - C.2) Inoponibilidade das exceções (defesas) pessoais: O terceiro de boa-fé não tem relação com eventual vício no contrato que gerou o título. Ex.: AA compra um carro e emite cheque para o vendedor BB;o carro deu problemas, mas BB já passou o cheque para CC. - Obs: Se os títulos não tivessem essas características, ninguém receberia. - Obs: Não se pode opor exceções pessoais contra o terceiro de boa-fé. Contra o terceiro de má-fé (sabe do vício da negociação originária) pode haver exceção pessoal. - Obs: Se o título ainda não circulou (está apenas entre partes) as exceções podem ser opostas em razão da falha no negócio. - Obs: As defesas que o devedor pode opor a um terceiro de boa-fé são aquelas diretas entre eles, bem como alegações de vício de forma do título, ao conteúdo literal da cártula, a prescrição, falsidade, etc. Para ser oponível a terceiro, o defeito deve constar da cártula, nos limites em que seja lícito anotá-lo ali. A assinatura falsa equipara-se a ausência de assinatura. Não é exceção pessoal, mas formal. - Obs: A prescrição acaba a abstração, vinculando o título à origem da dívida. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 1) QUANTO À ESTRUTURA a) Promessa de Pagamento: Existe uma promessa de pagar: Devedor/ Emitente (Sacador) x Credor (Tomador). Ex.: Nota Promissória. b) Ordem de Pagamento : Existe uma ordem para pagar. (Sacador) Devedor x (Sacado) Responsável pelo pagamento x (Tomador) Credor. Ex.: Letra de Câmbio, Duplicata, Cheque 2) QUANTO À FORMA DE TRANSFERÊNCIA OU CIRCULAÇÃO a) Título ao Portador: - Circula pela mera tradição (904 CC/02). - A indicação do credor não é expressa. Não traz inscrito o nome do credor. - A simples transferência da cártula, portanto, realiza a transferência de titularidade do crédito. Quem se apresentar com o título é considerado titular do crédito. - Ex: O único caso dos títulos típicos / próprios ao portador é o Cheque com o limite de valor até R$ 100,00. Simples Tradição. - Ex: Conhecimento de Transporte Ferroviário b) Título Nominal: - É aquele que identifica expressamente o seu titular (credor). A mera tradição da cártula não transfere a titularidade. b1) À Ordem: Pode ser transferido por um ato formal à ordem do beneficiário (Endosso / 910 CC/02). Em regra, os títulos de crédito típicos / próprios são Nominais à Ordem. Ex: Letra de Câmbio, Nota Promissória, Cheque e Duplicata. (Tradição + Endosso). b2) Não à ordem: Transfere-se sob o regime civil da Cessão de Crédito. (Tradição / Cessão Civil de Crédito) c) Título Nominativo: (921 CC/02): São emitidos em favor de pessoa determinada, cujo nome consta de registro específico mantido pelo emitente do título. A transferência somente ocorre por meio de termo no mencionado registro, assinado pelo emitente e adquirente do título. (922 CC/02) . Ex: Certificados de debêntures e Letra Imobiliária. 3) QUANTO AO MODELO a) Título de Modelo Livre : A lei não estabelece uma padronização obrigatória. A emissão não se sujeita a uma forma específica. Ex.: Letra de Câmbio e Nota Promissória. Podem ser criados em uma simples folha de papel, desde que constem nela os requisitos essenciais desses títulos. b) Título de Modelo Vinculado: Rígida padronização fixada pela legislação cambiária específica. Só produzem efeitos quanto preenchem as formalidades legais. Ex.: Cheque e Duplicata ( Lei 5474/1968) 4) QUANTO ÀS HIPÓTESES DE EMISSÃO a) Título Causal: É aquele que somente pode ser emitido nas hipóteses que a lei autoriza. Ex.: Duplicata. Só pode ser emitida para documentar uma Compra e Venda Mercantil ( Duplicata Mercantil) ou Prestação de Serviços ( Duplicata de Serviços). b) Título Abstrato: A emissão não está condicionada a nenhuma causa preestabelecida em lei. Podem ser emitidos em qualquer hipótese. Ex.: Cheque e Nota Promissória. CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO: a) Natureza de bem móvel (82 e 84 CC/02) b) Ato unilateral (Declaração unilateral de vontade): o emitente cria a cártula ao preencher e assinar e emite ao entregar a alguém, assumindo uma obrigação c) São títulos de apresentação (São necessários para o exercício do direito) d) São típicos: legalmente definidos. (a emissão de documento que não se caracteriza nos tipos e exigências legais não se submete ao direito cambiário, mas ao contratual). e) São títulos de resgate (futuro pagamento em dinheiro) f) São títulos de circulação (Circulabilidade): título foi criado para circular crédito (à ordem). Podemos endossar e o título circula. g) Força Executiva (CPC 784): Obrigação líquida e certa. Títulos extrajudiciais. h) São documentos formais. (precisam observar os requisitos formais estabelecidos pela legislação cambiária). O formalismo oferece confiança à circulação dos títulos de crédito. Ex: Todo cheque tem o mesmo padrão, mesmo que mude de banco. Letra de Câmbio e Nota Promissória (LUG - Dec. 57663/1966); Duplicata (Lei 5474/1968), Cheque (Lei 7357/1985). Obs: O não atendimento dos requisitos formais não implica em ato ilícito, mas em retirada do âmbito das normas cambiárias para o direito comum. (888, CC/02) - Obs.: Os títulos, como ato jurídico, precisam de (art. 104, CC/02) Agente capaz; Objeto lícito, possível, determinável; Forma prescrita ou não defesa em lei; Manifestação livre de vontade. Atividade de revisão e fixação do assunto: Responda: 1) O que é um título de crédito?. Dê dois exemplos. 2) Como surgiram os títulos de crédito e quais as suas principais funções? 3) Explique os princípios da cartularidade, literalidade, autonomia e abstração. 4) Quais as diferenças entre promessa de pagamento e ordem de pagamento? 5) Explique o que são títulos ao portador e títulos nominais ( “à ordem” e “não à ordem”) 6) Julgue a afirmação “ os títulos de crédito são documentos de apresentação, resgate e circulação ”. ATOS (INSTITUTOS) CAMBIÁRIOS a) SAQUE: é a emissão do título pelo sacador. Todo título tem sacador (Normalmente o devedor. A duplicata é emitida pelo credor/sacador). b) ACEITE: Ato formal que caracteriza a obrigação do sacado em efetuar o pagamento (Ordem de Pagamento). - Nota Promissória: Não existe aceite na promessa de pagamento. - Letra de Câmbio: o aceite é facultativo. Se o sacado não aceita, vai ocorrer o vencimento antecipado da dívida. - Na duplicata é obrigatório. - No cheque: o sacado é o banco, por isso não tem aceite, mas pagamento se tiver fundos. c) ENDOSSO: Ato jurídico unilateral que transfere o título do endossante (credor) ao endossatário (novo credor) e vincula/responsabiliza o endossante (codevedor) por seu pagamento. - É ato que põe o título (à ordem) em circulação: → Títulos “ não à ordem” são transmitidos por Cessão Civil de Crédito. (Apenas transfere, sem garantir) → Títulos “à ordem” são transmitidos por Endosso (Os títulos típicos, nominados, próprios circulam por endosso, pois todos possuem implícita a cláusula “à ordem”). (Endosso transfere e garante). - Não existe endosso modal, condicional. - Forma: Simples assinatura no verso do título (ou no anverso com expressão “endosso” ou similar). - Endosso Parcial : É vedado !! (nulidade / não escrito). Lei Saraiva (Dec. 2044/1908) e CC (912) - Não há limite quanto ao número de endossos. - Solidariedade: → CC/02 (903), o endosso não gera a solidariedadedo endossante; → Leis Especiais (cheque, NP, LC e Duplicata), os sacadores, aceitantes, endossantes e avalistas são todos solidariamente responsáveis para com o portador, somente se desobrigando se o devedor principal ou algum outro devedor com responsabilidade anterior, à dele, pagar a dívida. Exemplo: 1o. A ( emissor) → 2o.B/C ( Avalistas) → 3o. D (Beneficiário/Endossante) → 4o. E (Endossante) → 5o. F (Endossante) → 6o. G/H (Avalistas) → Z(Credor / Apresentante). - Z Pode apresentar a cártula e exigir a totalidade do pagamento, indistintamente, de A, B, C, D, E, F, G e H. Aquele que paga, pode voltar-se contra os coobrigados anteriores, nunca os posteriores. Se D pagar, pode voltar-se contra A e B/C - c.1) Endosso Próprio (transfere a propriedade do título / /titularidade da obrigação e garante o pagamento): → Em preto ( tomador assina o título no verso e indica o nome do beneficiário); → Em branco ( sem indicação do endossatário. Qualquer portador pode cobrar). - c.2) Endosso Impróprio (Transmite apenas a posse do título, não produz os efeitos de transferir e responsabilizar o endossante como codevedor: → endosso-caução (dado em garantia de obrigação); → endosso-mandato (Procuração no verso “dou poderes a.. para”) Apenas poderes para representar, cobrar, protestar a dívida. Arts. 18 e 19 Dec. 57.663/66 - Endosso Póstumo (Tardio): depois do vencimento pode haver endosso, mas não depois do protesto ou do prazo para protestar, quando passa a circular como cessão de crédito. Perde a finalidade de garantir o título. Apenas serve para transmitir o título. Obs: O aval continua a produzir os mesmos efeitos após o protesto. Obs: CCC apenas transfere o crédito / Endosso transfere e garante. d) AVAL: - Ato cambiário, unilateral e autônomo, pelo qual um terceiro (avalista) se responsabiliza pelo pagamento da obrigação constante do título. - Caracteriza-se pela simples assinatura no anverso do título ou no verso, com expressões como “avalizo”, “em aval”. - Normas: Art. 30 da LUG e 897 CC/02. - Fiança e Aval: Garantias Pessoais + Precisam da Vênia Conjugal (1647,III salvo regime de separação absoluta, sob pena de nulidade total da garantia). - Obs: STJ vem entendendo que esta regra é apenas para os títulos não previstos em leis especiais. Estes últimos, não têm exigência de vênia. “Assim, merece ser mantido o acórdão recorrido, que, na espécie, afastou o pedido de declaração de nulidade do aval, protegendo, apenas, a meação do cônjuge em relação aos bens comuns, já que casados sob regime da comunhão parcial”, concluiu o ministro ao negar provimento ao recurso especial. Fiança x Aval: - Aval : Garantia autônoma (independente da anterior). Garantia Cambial, solidária própria dos títulos de crédito. Basta assinar o título de crédito. - Fiança: Garantia acessória ( depende do contrato principal); Garantia subsidiária dos contratos; Benefício de Ordem. - Aval Parcial ou Total: → CCB/02 : Pela regra geral, o aval parcial é vedado (art. 897, parágrafo único, do CC). Como a lei de Duplicatas é omissa, aplica-se a vedação do CC/02. → Leis Especiais: 7357/85 Cheque, Decreto 57663/66, Art.30 Letra de Câmbio e Nota Promissória). O aval pode ser parcial. - Pluralidade de Avalistas: → Avais Simultâneos (coavais) Duas ou mais pessoas avalizam um título conjuntamente). Devedores do mesmo grau. São considerados uma só pessoa / Solidariedade. Cada um responde pela totalidade da dívida em relação ao credor, com regresso total em relação ao devedor principal, mas por metade da obrigação (proporcionalmente) em relação ao outro. → Avais Sucessivos (aval do aval) Alguém avaliza um avalista. (Avalista 1 e Avalista 2 / Devedores de grau diferente). Cada avalista responde pela totalidade da dívida e tem regresso em relação à totalidade. - Direito de Regresso do avalista: - a) Cobrar a totalidade do avalizado - b) Cobrar proporcionalmente do igual coobrigado (aval simultâneo) - c) Cobrar a totalidade dos coobrigados anteriores. Obs: O aval continua a produzir os mesmos efeitos após o protesto. e) VENCIMENTO E PAGAMENTO - As cártulas são títulos de apresentação. O devedor cumprirá sua obrigação àquele que lhe trouxer a cártula vencida - O pagamento deve ser feito no vencimento. - O pagamento parcial deve ser anotado no título, para poder ser alegado em relação a terceiros (princípio da literalidade). - Pagando o título, o devedor pode exigir do credor a entrega da cártula. - Pode exigir também a quitação em documento separado, mas esta (sozinha) vale apenas entre as partes originárias, não tem valor em relação ao terceiro de boa-fé (endossatário), que pode exigir o pagamento, ainda que o valor tenha sido pago ao endossante. f) PROTESTO (Se alguma obrigação anotada no título não é cumprida, o portador poderá fazer o protesto /Tabelionato de Protesto - Lei 9492/97). - Ato formal e solene que comprova o descumprimento da obrigação. - O devedor deverá ser intimado para no prazo de três dias úteis fazer o pagamento. Após tal prazo, pode ser registrado o protesto. - a) Por falta de pagamento (Após o vencimento, o protesto sempre será efetuado por falta de pagamento) - b) Por falta de aceite (só pode ser efetuado antes do vencimento e após o decurso do prazo para o aceite ou a devolução). Típico da Letra de Câmbio e Duplicata. - c) Por falta de devolução. (devido quando o sacado retiver a letra de câmbio ou a duplicata enviada para aceite e não proceder à devolução no prazo legal. Pode ser baseado na segunda via da letra de câmbio ou nas indicações da duplicata) - O protesto é: - a) Facultativo em relação ao devedor principal e seus avalistas - b) Necessário (obrigatório) para os devedores secundários (endossantes e seus avalistas); g) AÇÃO CAMBIAL : - Regra geral de prescrição (3 anos). CC 206, parágrafo 3o. Obs: Cheque tem prazo especial. - Processo de Execução. Art 784 CPC. Dívida líquida, certa e exigível. - Se o título prescrever, o negócio originário não é alcançado e o débito pode ser cobrado, mas perde a força de título de crédito (autonomia, etc.). A origem pode ser questionada. É apenas documento comum que comprova dívida. Ação Monitória (700 CPC) ou Ação de Cobrança. - Com a prescrição, não haverá mais responsabilidade dos coobrigados (avalista e endossantes), pois perdeu a força de título de crédito e suas características, como a autonomia. REQUISITOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO: Art. 889 CC Essenciais: 1) Assinatura do emitente: o TC é Ato Unilateral de Vontade ( Negócio Jurídico pode ser contrato ou ato unilateral). Existem duas vontades, mas apenas uma é manifestada. A assinatura é, assim, requisito essencial. Obs: Analfabeto, mediante procuração pública. 2) Data de emissão. Difere do dia de vencimento, que não é obrigatório. Se não houver data de vencimento, considera-se à vista. TC à vista vence no mesmo momento em que é emitido, mas não é cumprido (pago) no mesmo momento.3) Descrição dos direitos inerentes ao título. (deveres que são assumidos pelo devedor (Princípio da literalidade) Obs.: Não são essenciais: a) a data do vencimento (considera-se à vista sem esta data). b) o local de emissão e vencimento (havendo omissão, o domicílio do emitente). Em regra as obrigações cambiais são quesíveis (pagas no domicílio do devedor). A portável ou “portable” é paga no domicílio do credor). Súmula 387 do STF. O TC pode ser emitido sem alguns dados, pois podem ser preenchidos pelo credor de boa-fé no momento da cobrança, protesto, execução. Apesar da súmula, há um risco diante da circulação do título e o terceiro de boa-fé. ESPÉCIES DE TÍTULO DE CRÉDITO - Títulos Próprios, típicos, nominados (leis próprias e específicas). - Cheque, duplicata, nota promissória e letra de câmbio. - Lei Uniforme é mais genérica e trata da letra de câmbio e nota promissória. 1) LETRA DE CÂMBIO: - Lei Uniforme (Dec. 57.663/66) e supletivamente Lei Saraiva ( Dec. 2044/1908) - - Título de crédito com origem mais remota (Littera Cambii) - Itália, idade média, câmbio trajetício / Comerciante passava o seu dinheiro para um banqueiro → o qual determinava que → um banqueiro de outra cidade fizesse o pagamento para o comerciante na moeda da nova cidade. - Ordem de Pagamento com cláusula implícita “à ordem” transmissível por endosso. Obs: Com cláusula “não à ordem” → Cessão Civil de Crédito. - Ordem de pagamento semelhante ao cheque, mas o Sacado se torna devedor principal se concordar com a ordem. No cheque, o banco é apenas um intermediário que cumpre a ordem. - Sacador (emitente) x Sacado x Tomador. - Obs: Não necessariamente são pessoas diferentes. - a) à ordem do próprio sacador ( Sacador = Tomador) - b) sobre o próprio sacador ( Sacador = Sacado) - c) por ordem e conta de terceiro (Sacador x Sacado x Tomador) Pessoas diferentes. Requisitos Essenciais (arts. 1o. e 2o. da Lei Uniforme) a) Cláusula Cambiária: Identificação precisa do título com a expressão “ Letra de Câmbio” b) Uma ordem incondicional de pagamento de quantia determinada: Não pode ter condição suspensiva ou resolutiva. Deve ser mencionada a Quantia Certa, a moeda de pagamento. c) O nome do sacado (devedor principal da letra) d) O nome do tomador e) Assinatura do sacador (torna-se codevedor a partir da emissão da letra, pois garante a aceitação e o pagamento do título) f) A data e local do do saque (emissão) ou a menção de um lugar junto ao nome do sacador g) O lugar do pagamento Requisitos não essenciais: a) época do pagamento (Considera-se vencível à vista / apresentação para aceite). Tem até um ano para apresentar para aceite. b) Lugar do pagamento ( Lugar ao lado do nome do sacado/aceitante). c) Lugar de emissão ( Lugar ao lado do nome do sacador) Obs: A jurisprudência vem amenizando os requisitos e aceitando a emissão da Letra e qualquer outro título em branco ou incompleto. Súmula 387 do STF “a cambial emitida ou aceita com omissões ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto”. O CC também admite no artigo 891. Aceite da Letra - Como o emitente não é a pessoa que vai pagar, o aceite é o ato pelo qual o sacado assume o obrigação cambial e se torna o devedor principal da letra (aceitante). É facultativo (porém irretratável) na Letra de Câmbio. - Quem recebe a ordem não é quem emite, então o sacado precisa dar o Aceite. - A Letra é emitida e entregue ao Tomador para levar ao Sacado, que precisará dar o Aceite. Art. 21 da LUG. Se aceitar, torna-se o devedor principal, e o sacador fica como garantidor do título. - Em princípio, o Sacado não tem obrigação cambial, uma vez que não é obrigado a cumprir ordem de pagamento contra a sua vontade. - Recusa Total de Aceite: Se o sacado não aceitar, não assume qualquer obrigação, e o Sacador (emitente) torna-se o devedor principal (a dívida tem o vencimento antecipado). - Aceite Parcial: Recusa parcial do débito. Também ocorrerá o vencimento antecipado do título, podendo o tomador cobrar a totalidade do crédito contra o sacador, mas o sacado vincula ao pagamento do título nos termos do aceite. Art. 26 LUG. - a) Aceite-Limitativo: sacado aceita parte do valor do título. - b) Aceite-Modificativo: sacado altera alguma condição de pagamento, como o vencimento. Obs: Existe uma forma de o Sacador evitar o vencimento antecipado (recusa total ou parcial de aceite), colocando “Cláusula Não aceitável” (art. 22 LUG), que impõe ao tomador a obrigação de só procurar o sacado para aceite na data do vencimento. Esta cláusula não é cabível nas Letras “a certo termo de vista”. Vencimento da Letra a) Letra com Dia Certo: Vence em data preestabelecida pelo sacador.No momento da emissão é fixada uma data certa de vencimento futuro. Ex: Dia 30 de novembro de 2018. b) Letra à vista: Tem vencimento no dia da apresentação do título. Será considerada à vista a letra que não indicar a época do pagamento. c) Letra a certo termo da vista (aceite): Vence após um prazo, estipulado na emissão, que começa a correr a partir do aceite. d) Letra a certo termo de data: Vence após um determinado prazo estipulado pelo sacador, mas que começa a correr não a partir do aceite, mas a partir da própria emissão ( saque). Ex: Em 90 dias. Obs: Nos prazos, não se conta o dia do começo, mas conta-se o dia do término. Prazo de apresentação da letra: - Entregue a letra ao tomador, este deve apresentá-la ao sacado para o aceite. - Na letra a certo termo da vista: o tomador deverá apresentá-la para aceite no prazo estabelecido no título, ou, caso não tenha sido estabelecido prazo algum, dentro de um ano, contado da data de sua emissão ( art. 23 LUG). - Na Letra à vista, o tomador não precisa necessariamente levá-la para aceite do sacado, podendo optar por apresentá-la diretamente para pagamento, o que deve ser feito em um ano a partir da emissão do título. - Obs: apresentada a letra para aceite, o sacado deverá devolvê-la de imediato (art. 24 LUG) e não poderá retê-la, sob pena de crime de apropriação indébita( art. 168 CP). - Aceita a letra, o tomador deve aguardar a data de vencimento. Vencida, ela se tornará exigível e apresentada ao aceitante para pagamento ( devedor principal) - Protesto da letra de câmbio: dois dias úteis seguintes ao vencimento ( art. 44 LUG). Endosso e Aval na Letra de Câmbio: - Toda Letra é endossável, mas o sacador pode proibir o endosso com a cláusula “não à ordem”. Art. 11 da LUG. Passa a ser Cessão Civil de Crédito, perdendo a autonomia. - O endosso pode ser lançado na própria letra ou numa folha anexa e colada, quando falte espaço na cártula. - Não se admite endosso parcial. - O endosso após o vencimento produz efeitos, mas não após o protesto → passa a ser CCC. 2) NOTA PROMISSÓRIA - Mesmo Regime Jurídico da Letra de Câmbio → Lei Uniforme ( Dec. 57.663/66) - Letra é Ordem de Pagamento xNota Promissória é Promessa de Pagamento - Não existe aceite, pois é uma Promessa de Pagamento do próprio devedor. - Cláusula implícita “à ordem” (transmissível por endosso), mas pode ter expressa a cláusula “não à ordem”. (Cessão Ordinária de Crédito) - Sacador/Promitente (devedor) x Tomador (credor) - - Instrumento autônomo e abstrato de confissão de dívida, emitido pelo devedor que, unilateralmente e desmotivadamente, promete o pagamento de quantia em dinheiro especificada na cártula. - REQUISITOS ESSENCIAIS (nos moldes da Letra de Câmbio) a) Cláusula Cambiária: Expressão “Nota Promissória” no próprio texto do título. b) Uma promessa incondicional de pagamento de quantia determinada c) O nome do Tomador ( impede, em tese, a emissão de Nota ao Portador, mas pode ser transferida por endosso em branco) d) A data do saque/emissão (todos os títulos,na ausência perdem a executividade) e) A assinatura do subscritor ou representante com poderes especiais. f) O lugar do saque ou menção de um lugar junto ao nome do subscritor. Obs: A Nota Pode ser emitida em branco ou incompleta (STF 387) Obs: A ausência de época do pagamento ( vencimento) → considerada à vista. Lugar de emissão e lugar de pagamento (na ausência → , lugar ao lado do nome ou domicílio do subscritor). VENCIMENTO: (semelhante à Letra) a) Dia certo: Vence em data preestabelecida pelo sacador.No momento da emissão é fixada uma data certa de vencimento futuro. Ex: Dia 30 de novembro de 2018. b) à Vista: Pode ser apresentada de imediato.Tem vencimento no dia da apresentação do título. Será considerada à vista a Nota que não indicar a época do pagamento. c) A certo termo de data: Vence após um determinado prazo estipulado pelo sacador, a partir da própria emissão ( saque). d) a certo termo de vista * (Aparentemente não cabível, pois a Nota não tem aceite. Mas, nesse caso, a Nota deve ser levada ao visto do subscritor no prazo de um ano a contar do saque . Após o visto, começará a correr um prazo já estipulado desde a emissão, após o qual considera-se vencido o título. PRESCRIÇÃO: 03 anos do vencimento do título. Ação Monitória: 05 anos do dia seguinte ao vencimento do título ( STJ 504). NOTA VINCULADA A CONTRATO BANCÁRIO - Os títulos quase não são mais usados. A Nota ainda encontra utilização em Contratos Bancários. Os bancos tentam dar liquidez e executoriedade aos seus contratos vinculando Notas Promissórias. O STJ tem decidido sobre o tema. - Autonomia e Abstração (relativizadas) x Executoriedade (dívida líquida): - Constando expressamente da Nota a vinculação a determinado contrato, estará relativizada a autonomia/abstração do título, já que o terceiro que recebeu por endosso tem conhecimento da relação contratual de origem e, portanto, fica consciente de que podem ser opostas exceções pessoais ligadas ao contrato. Obs: A Nota perde a abstração, mas não a executoriedade, salvo se o contrato descaracterizar a liquidez (Se o contrato for de dívida líquida, ok). Dívida ilíquida: Contrato de abertura de crédito - STJ 233: “O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta-corrente, não é título executivo” - STJ 258: “A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou”. - - Spread Bancário → juros altos, insegurança, Iliquidez - Solução para os bancos → Lei 10.931/2004 : Cédula de crédito bancário; - - Cláusula-Mandato: STJ 60 (É nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste”. (O banco se colocava como mandatário do devedor e emitia uma Nota Promissória para tentar dar liquidez aos débitos vencidos). 3) CHEQUE - Lei do Cheque: 7.357/85 - Ordem de pagamento à vista emitida contra um Banco em razão de fundos que o emitente tem (depósito) naquela instituição financeira. - Título por meio do qual uma pessoa (emitente) dá uma ordem a uma instituição financeira (sacado), na qual mantém conta bancária, para que pague, a vista, certa quantia a alguém (tomador). - Não admite Aceite - Sacador (emitente/correntista) x Tomador (credor) x Sacado ( Instituição Financeira). - Título de Modelo Vinculado: só é cheque o documento emitido pelo Banco, em talonário específico, com numeração própria e dentro dos padrões estabelecidos pelo Banco Central. - Título Nominal, salvo com valor não superior a R$ 100,00 (ao portador) - Lei 9069/95. Obs: Exceção à regra da legislação cambiária especial de vedação de títulos ao portador. Lembrando que o CC/02 admite títulos ao portador. Obs: O Endosso em branco é permitido e acaba fazendo o título circular ao portador (pela mera tradição). - Cláusula implícita “à ordem”, assim como a Letra de Câmbio e Nota Promissória. (circula por Endosso). Com cláusula “não à ordem” → Cessão Civil de Crédito. - REQUISITOS ESSENCIAIS a) Cláusula Cambiária: Expressão “Cheque” b) Ordem Incondicional de pagamento de quantia determinada ( algarismos e por extenso). c) Nome da Instituição Financeira (sacado) d) A data do saque e) Lugar do saque ou a menção de um lugar junto ao nome do emitente (importante na determinação do prazo de apresentação). f) Assinatura do próprio emitente (sacador) - CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES: - Não há limite de endossos nos Títulos de Crédito. Obs: Houve anteriormente no cheque, por força da Lei 9311/96 (CPMF), mas não existe mais tal limitação. - Autonomia Relativa: Algumas decisões vêm entendendo que o cheque vinculado a contrato pode ter a causa debendi discutida. André Santa Cruz critica tal entendimento, pois gera insegurança jurídica e relativiza o princípio fundamental do direito cambial (autonomia). - O Banco tem obrigação de conferir a regularidade da cadeia de endossos, mas não a autenticidade das assinaturas. Art.39. Obs: O STJ já decidiu algumas vezes que o banco tem a obrigação. - A única assinatura que o banco tem condições de conferir a legitimidade é a do emitente do cheque, através do cartão de autógrafos do correntista. - STJ já decidiu que cheque não é forma de pagamento de aceitação obrigatória. (Receber ou aceitar é opção do comerciante). CHEQUE “PRÉ-DATADO” (PÓS-DATADO). - Cheque é ordem de pagamento à vista, mas os costumes popularizaram a emissão para pagamento futuro. - A anotação deve ser feita no próprio título (STJ), mas segundo o art. 32, Considera não escrita a menção de pagamento futuro. Continua sendo ordem de pagamento à vista e tem como consequência: a) ampliação do prazo de apresentação; b) responsabilidade civil por quebra de acordo ( boa-fé objetiva, danos materiais e morais, etc); - STJ 370: “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado”. - STJ 388: “A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral”. MODALIDADES DE CHEQUE a) Cruzado ( arts. 44 e 45): Dois Traços Transversais e paralelos no anverso do título. Só pode ser pago mediante crédito em conta não desconta na boca do caixa). Pode ser em branco ou em preto (indicando o banco que poderá serdepositado) b) Visado (art. 7o.): Banco confirma (no verso) a existência de fundos suficientes durante o prazo de apresentação. Vencido o prazo, o visto perde a validade. c) Administrativo (art. 9o, III.): Emitido por um banco contra ele mesmo (emitente e sacado), para ser liquidado em uma de suas agências. Proporciona grande segurança em negócios de valores altos. Ganhou a praxe comercial. d) Para ser creditado em conta ( art. 46): O sacado não pode pagar em dinheiro, por proibição expressa no anverso. Pagamento é feito por transferência, crédito em conta ou compensação). PRAZO DE APRESENTAÇÃO - Prazo para o cheque ser apresentado para pagamento na instituição financeira sacada. - Cheque da “mesma praça”: 30 dias (contados da data de emissão) - Cheque “de praças diferentes”: 60 dias. (contados da data de emissão) - Art . 33 Obs: Mesmo com o transcurso do prazo, o cheque pode ser levado ao banco para ser descontado, pois somente depois que transcorrer o prazo de prescrição → a instituição financeira não poderá mais receber e pagar o título ( art. 35). SUSTAÇÃO DO CHEQUE a) Revogação ou contraordem (art. 35): Por carta ou aviso judicial / extrajudicial, com razões motivadoras do ato. Só produz efeitos após o prazo de apresentação. Ex: Credor demora a apresentar. Se não for feita, o cheque pode ser pago antes de prescrever. Mesmo feita, o cheque continua título de crédito e pode ser cobrado judicialmente. b) Oposição (Sustação) (art. 36) Mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente pode sustar, manifestando ao sacado, por escrito, oposição fundada em relevante razão de direito. Obs: Não cabe ao banco julgar a relevância da alegação, devendo apenas acatá-la. (discussão judicial) Obs: Estelionato ( art. 171, parágrafo 2o., VI do CP) x Cheque pré-datado. STJ entende que neste último caso é mera garantia de dívida e afasta a possibilidade de incriminação. c) cancelamento do Talonário de cheque: é ato por meio do qual o correntista bloqueia a utilização de uma ou mais folhas de cheque impressas, mas que não foram preenchidas e assinadas. Não emitiu o cheque ainda, mas perdeu ou teve subtraída um ou mais folhas do talonário, evitando fraudes. PRESCRIÇÃO DO CHEQUE - Título executivo: 784, I do CPC/2015. - Prazo: 6 meses após o término do prazo de apresentação ( art. 59). Conta-se do prazo e não da apresentação. - Obs: Cheque pré-datado apresentado prematuramente: Prazo tem sido contado a partir da data de apresentação efetiva (primeira). Enunciado 40 da I Jornada de Direito Comercial CJF Cobrança de Cheque Prescrito -Ação de enriquecimento ilícito (2 anos após o término do prazo prescricional de 6 meses). - Ação Monitória (civil - 5 anos do dia seguinte à data de emissão, STJ 503/531). - Ação de cobrança (civil CC 205 (10 anos) /206 prazos variados ). 4) DUPLICATA - Lei 5474/68 e Decreto-lei 436/69. - Título emitido pelo próprio credor, declarando existir, a seu favor, um crédito de determinado valor em moeda corrente, fruto obrigatoriamente, de um negócio empresarial subjacente de compra e venda de mercadorias ou de prestação de serviços, em determinada data de vencimento. - Concebido pelo direito Brasileiro em razão do pouco uso da Letra de Câmbio (falta de confiança). - Ordem de Pagamento (vendedor → comprador) - Duplicata (Ordem causal, aceite obrigatório) x LC (Ordem Abstrata, aceite facultativo) - Título Causal: somente para Compra e venda mercantil e Prestação de serviços. Nenhum outro negócio admite a emissão de duplicatas. Mesmo com a causalidade, a duplicata não perde a Abstração/Autonomia. - Causalidade → CP art. 172 ( crime: emissão de duplicata em desacordo com a mercadoria vendida) EMISSÃO - Título emitido pelo próprio Credor - Fatura (conta) → Duplicata (“espelho da relação causal” para representar e/ou negociar com terceiros o crédito sobre o valor devido). - Sacador (Credor, Vendedor, Prestador de serviço) → envio para o Sacado (devedor/comprador) pagar (se for à vista) ou dar o Aceite e devolver (se for a prazo). Obs:Normalmente o Sacador negocia as duplicatas com instituições financeiras para receber o pagamento de forma adiantada. CV Merc-> Prazo não inferior a 30 dias/Entrega ou despacho -> FATURA / DUPLICATA - Art. 1o. Da Lei de Duplicatas: “ em todo o contrato de compra e venda mercantil entre partes domiciliadas no território brasileiro, com prazo não inferior a 30 (trinta) dias, contado da data da entrega ou despacho das mercadorias, o vendedor extrairá a respectiva fatura para apresentação ao comprador” - Obs: A fatura é uma popular “conta”, indicando detalhes da negociação. - A fatura discriminará as mercadorias vendidas ou indicará somente os números e valores das notas parciais emitidas por ocasião das vendas, despachos ou entrega das mercadorias. Art. 1o., parágrafo 1o. - Art. 2o. “no ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitido qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador”. - obs: Essa restrição é apenas para Letras de Câmbio ( STJ). Podem ser emitidas promissórias ou cheques. - - ACEITE - - Emitida a Duplicata → enviar para o devedor (aceite e devolução no prazo de 10 dias assinada ou com as razões de negativa do aceite. Art. 7o. LD.) - LC (aceite facultativo) x Duplicata (aceite obrigatório). - Aceite obrigatório ≠ Aceite irrecusável - Na Duplicata: Aceite expresso ou Presumido (comprador recebe as mercadorias sem questionar. Comprova-se pelo demonstração do recebimento das mercadorias.) - Para que haja Recusa do Aceite, é necessária apresentação de justificativa: - a) não recebimento da mercadoria; - b) existência de vícios no produto; - c) entrega fora do prazo estipulado ( art. 8o. Lei de Duplicatas). - REQUISITOS: a) Cláusula Cambiária ( expressão “Duplicata”) b) Cláusula “à ordem”: autoriza a circulação por endosso. c) Data de emissão = data da fatura d) Números de Ordem da fatura e da duplicata e) Data do vencimento, quando não for à vista f) Nome e domicílio do vendedor e comprador g) A importância a ser paga ( em algarismos e por extenso) h) O local (praça) do pagamento i) O local para aceite do sacado j) Assinatura do sacador VENCIMENTO: - Só pode ser com dia certo (a prazo) ou à vista. - Não são admitidas “a certo termo de vista”, nem “a certo termo de data”. PROTESTO a) falta de aceite b) falta de devolução c) falta de pagamento - Art. 13 da LD. Protesto deve ser feito na praça de pagamento constante do título. Execução também. O portador que não o fizer no prazo de 30 dias do vencimento, perderá o direito de regresso contra os endossantes e avalistas. d) Protesto por Indicações ( art. 13 LD): Quanto há retenção do título, o credor fornece ao cartório as indicações do título, obtidas no livro de registro de duplicatas. ( número de ordem, data e valor, nomes etc.) Obs: Pode haver execução só com o Protesto por indicações + comprovação deentrega das mercadorias. Exceção ao princípio da cartularidade. Obs: Sendo o título extraviado ( ou não devolvido) tem ocorrido a emissão de Triplicata. COBRANÇA JUDICIAL Art. 15. Aceite expresso: Execução títulos executivos Aceite presumido: Sem aceite + Protesto ( mesmo contra o devedor principal) + Comprovante de recebimento das mercadorias + ausência de justificativa formal do sacado ( arts. 7o. e 8o.). Obs: STJ exige prova inequívoca do recebimento das mercadorias ou da prestação do serviço para configurar título executivo. - Prescrição da execução: - 03 anos do vencimento → Devedor principal e avalistas. - 01 ano do protesto→ codevedores ( endossantes) e avalistas - 01 ano do pagamento → qualquer dos coobrigados e os demais Ação Monitória ( duplicata prescrita para execução ou sem aceite e demonstração inequívoca). Ação Ordinária de Cobrança CONTRATOS EMPRESARIAIS NOÇÕES GERAIS - TGC Conceito: Acordo de vontades, na conformidade da lei (função social e boa-fé objetiva), com a finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos. Vontade --> Consentimento <-- Vontade Contrato CONTRATOS - PRINCÍPIOS 1) Autonomia da Vontade - CC/02 à Art. 421. “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato..” - CF - Art. 5º, C.R.: “II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. (Contorno Negativo: Podemos fazer tudo se não houver proibição) - CF Art. 3º: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; (...) III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;”. - Limites Positivos: Deveres constitucionais sobre o poder público e sobre os contratantes. 2) Consensualismo 3) Força Vinculante dos Contratos ( Obrigatoriedade / Intangibilidade ) - pacta sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos) - Contrato = Lei entre as partes 4) Relatividade dos Efeitos do Contrato (efeitos entre as partes) 5) Supremacia da ordem pública - CCB/02 – art. 2035 “Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública...” 6) Boa-Fé e Probidade - Boa-Fé subjetiva (CCB/1916): Estado psicológico, convicção ou ignorância que leva a pessoa a pensar que age conforme o direito. - Boa-Fé objetiva (CCB/2002): Regra de comportamento leal e honesto nas relações jurídicas. - Ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza. - Boa-fé objetiva: preservação do escopo comum. Proteção da legítima confiança das partes. - Art. 422 CCB/2002 – Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé .Obs.: desde as etapa das tratativas até o cumprimento do contrato. - CCB Art. 113 e 187. - Deveres anexos: lealdade, confiança, assistência, informação, confidencialidade ou sigilo. Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costume 7) Função Social do Contrato O contrato deve ser socialmente benéfico ou não trazer prejuízos para a sociedade. - CF Art. 3º: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; (...) III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;”. - Limites Positivos: Deveres constitucionais sobre o poder público e sobre os contratantes. - CF: art. 1º. República à Fundamento Dignidade da Pessoa humana, Valor social do trabalho e livre iniciativa. Cf art. 3º. Objetivos Fundamentais da República à Sociedade livre, justa e solidária. CF art. 170 . Ordem econômica à Tem por fim vida digna conforme ditames de justiça social. Funcionalização ligada a valores sociais. - Função Social: dever de respeito a interesses extracontratuais socialmente relevantes alcançados pela relação contratual. 8) Equilíbrio Econômico: Preservação da racionalidade econômica livremente pactuada, especialmente a comutatividade entre as prestações. - PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO CONTRATUAL (equivalência material) - Concretização dos valores constitucionais nas relações contratuais, em especial a igualdade substancial e a solidariedade social, buscando estabelecer simetria informativa e respeito à comutatividade livremente pactuada. - Flexibiliza a força obrigatória, sem revogá-la - Preservar o conteúdo e equilíbrio fixado originariamente pelas partes, sobretudo nos casos de comutatividade. DESDOBRAMENTOS DA BOA-FÉ OBJETIVA 1) VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM - Vedação do comportamento contraditório. - Coerência de comportamento. - Ex. Art. 330 CC. - Gênero e Supressio espécie. 2) SUPRESSIO - Supressão, perda de um direito pela falta de seu exercício por tempo razoável. - Silêncio ensurdecedor, comportamento omissivo - Difere da Prescrição (perda da pretensão). Esta subordina a pretensão apenas pela fluência do prazo, já a supressio depende do comportamento da parte deixa de ser aceitável em razão de sua inércia anterior. - Um direito não exercido durante determinado tempo perde a eficácia e não pode mais ser exercitado. Ex: uso da área em comum por condômino em regime de exclusividade por longo período, que implica na supressão da pretensão de cobrança de aluguel pelo período de uso. 3) SURRECTIO – “Outro lado da moeda” em relação à Supressio. Surgimento de um direito. - Ex. art. 330. Pagamento reiterado em local diverso do contrato. 4) TU QUOQUE ( Tu quoque, Brutus, Fili Mi!) - Júlio César. - Comportamento que rompe a confiança e surpreende a parte, colocando-a em desvantagem. - Ex. art. 180 – Menor de 18 não pode invocar o benefício da idade se dolosamente a escondeu. - Exceção do contrato não cumprido. 5) DUTY TO MITIGATE THE LOSS: o dever de mitigar o próprio prejuízo. Os contratantes devem tomar as medidas necessárias e possíveis para que o dano não seja agravado. A parte a que a perda aproveita não pode permanecer deliberadamente inerte diante do dano. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS Quanto aos Efeitos: 01) Unilaterais, bilaterais - Unilaterais - são os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes. Ex.: Doação Pura, Empréstimo (Mútuo, Comodato), Depósito, Mandato, Fiança. - Bilaterais - são os contratos que geram obrigações para ambas as partes. - Plurilaterais: são aqueles que envolvem várias partes (mais de duas), todas possuindo direitos e obrigações, na mesma proporção. São exemplos o seguro de vida em grupo e o consórcio. Gonçalves afirma que “uma característica dos contratos plurilaterais é a rotatividade de seus membros”. - BILATERAL IMPERFEITO: É o unilateral que por circunstância acidental, ocorrida no curso da execução, gera alguma obrigação para o contratante que não se comprometera. Pode ocorrer com o depósito ou o comodato quando surgir para o depositante ou comodante a obrigação de indenizar certas despesas realizadas pelo comodatário e pelo depositário. Ou aquele contrato que já na suacelebração atribui prestações às duas partes, mas não em reciprocidade. 02) Gratuitos (benéficos) ou Onerosos (Quanto à vantagem patrimonial) - Gratuitos – São aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem. Para a outra parte há só sacrifício. Ex.: Doação Pura, comodato, mútuo sem juros - Onerosos – Ambos os contratantes obtêm um proveito, ao qual corresponde um sacrifício. Sacrifícios e benefícios recíprocos. Ex.: compra e venda, locação, empreitada. Onerosos: Comutativos x aleatórios Contratos Personalíssimos e Impessoais - Personalíssimo (intuitu personae / em razão da pessoa) são os celebrados em atenção às qualidades pessoais de um dos contratantes, que não pode fazer-se substituir por outrem. (não se transmite ao sucessor). Caso não cumpra a obrigação por culpa --> perdas e danos. - Impessoais são aqueles cuja prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo obrigado ou por terceiro. O importante é que seja realizada, pouco importando quem a executa. Caso não cumpra a obrigação --> execução específica ou perdas e danos. * Contratos solenes (formais) Consensuais e Reais - Solenes - devem obedecer a uma forma prescrita em lei para se aperfeiçoar. Não observada a forma, o contrato é nulo. A vontade das partes não é suficiente. Ad solemnitatem (forma é da essência) x ad probationem tantum (para fins de prova) Ex.: Compra e venda de imóveis acima de 30 salários (Art. 108), Doação, Fiança. - Não solenes – são os contratos de forma livre (regra geral no direito brasileiro / art. 107 CC) - Basta o consentimento para a sua formação. - Consensuais – são aqueles formados unicamente pelo acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa e obediência de forma. - Contratos Reais são os que exigem, além do consentimento, a entrega da coisa. Ex. Depósito, comodato, mútuo, penhor, anticrese, arras. COMPRA E VENDA NÃO É REAL!! * Contratos paritários e de adesão Paritários - São aqueles tradicionais, em que as partes discutem livremente as condições em situação de igualdade ( par a par). - De adesão – são os que não permitem essa liberdade, devido à preponderância da vontade de um dos contratantes, que elabora todas as cláusulas. O outro apenas adere ao modelo. Ex. : Seguro, consórcio, transporte, telefonia, energia, água, etc... CCB/ Art. 423 e 424 CDC art. 47 e 54 * Contratos de execução instantânea, diferida e de trato sucessivo (execução continuada) - Execução instantânea ou imediata – os que se consumam num só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração. Ex.: Compra e venda à vista. - Execução diferida (adiada) ou retardada – os que devem ser cumpridos também em um só ato, mas em momento futuro (termo) - Trato sucessivo ou execução continuada - são cumpridos por atos reiterados. A obrigação sobrevive, apesar dos pagamentos periódicos. Ex.: Compra e venda a prazo; prestação permanente de serviço; locação * Contratos principais e acessórios - Principais - têm existência própria e autônoma. Ex.: compra e venda, locação. - Acessórios – dependem da existência de outro. Ex.: Fiança, Penhor, Hipoteca convencional. Obs.: O acessório segue o principal. Nulo o principal – nulo o acessório CONTRATOS EMPRESARIAIS 1) LEASING (ARRENDAMENTO MERCANTIL) 1.1 ORIGEM E DEFINIÇÃO Verbo To Lease (alugar, arrendar) Origem Americana - França: crédit bail. Inglaterra: Hire-Purchase. Brasil – Lei 6099/1974 Lei 7132/1983 / Lei 11649/2008 ( veículos automotivos). - Carlos Roberto Gonçalves: Contrato pelo qual uma empresa, desejando utilizar determinado equipamento ou um certo imóvel, consegue que uma instituição financeira adquira o bem, alugando-o ao interessado por prazo certo, admitindo-se que, terminado o prazo locatício, o locatário possa optar entre a devolução do bem, renovação da locação ou a compra pelo preço residual do bem. - Usado geralmente por comerciantes ou industriais. - Bens móveis ou imóveis (lei 9514/97) Contrato especial de “Locação” com opção de compra (VRG), renovação ou devolução do bem pelo locatário. Súmula 263 STJ contra VRG. Porém → súmula 293 STJ – “A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil” Bastante utilizado por empresas – Alugam e no fim podem comprar por um preço que leva em conta os aluguéis já pagos Arrendador (pessoa jurídica (S/A) autorizada BC) → Arrendatário (PF ou PJ - posse direta) x Fornecedor de Bem móvel ou imóvel 1.2 NATUREZA JURÍDICA Contrato Bilateral – obrigações recíprocas para ambos os contratantes Oneroso – Sacrifício para ambas as partes Consensual – não exige entrega da coisa para se aperfeiçoar Solene - Forma escrita Comutativo – prestações certas Trato sucessivo – a execução é continuada por período certo e renovável Adesão 1.3 ESPÉCIES - Financeiro: Tradicional - Leasing Operacional (renting): Feito pela proprietária do bem (fabricante ou fornecedor). Exemplo: Montadoras de veículos. - Lease back ou de Retorno,: O proprietário de um bem o vende à uma empresa que, por sua vez, faz o arrendamento ao antigo proprietário. 1.4 OBRIGAÇÃO DAS PARTES - As partes precisam estipular previamente o preço e a periodicidade do pagamento. - Além de pagar o preço, o arrendatário é obrigado a conservar o bem (que pertence ao arrendador, salvo desgaste normal) - O arrendatário responde também pelas infrações administrativas, civis e penais oriundas da utilização do bem. Jurisprudência vem entendendo que não se aplica a súmula 492 do STF, que responsabiliza as empresas locadora de veículos de forma solidária com o locatário, pelos danos que este causar a terceiros, no uso do carro locado. - O Arrendador deve garantir a posse pacífica do bem. - O Arrendador pode exigir seguro do bem. 1.5 AÇÕES JUDICIAIS - Constituição em mora (STJ 369). Mesmo havendo cláusula resolutiva expressa, precisa notificar o devedor para constituir em mora. - Rescisão contratual cumulada com Reintegração de posse. 1.6 ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA - Em garantia CC/2002. Arts. 1361 a 1368 e Dec-Lei 911/69 2) FRANQUIA (franchising) - Empreendedorismo x Dificuldades, riscos, recursos, ideias, tecnologia, etc. - Franquia: Lei 8955/1994. - Franquear a outros empresários o desfrute de tecnologia, logística, bom nome, em troca de remuneração. - Contrato Formal (escrito e 2 testemunhas) Art. 6o. Bilateral, Oneroso, consensual, trato sucessivo. - Ex: Habib’s, McDonald’s, Pizza Hut, 5 à séc, Puro Açaí, Yázigi. Boticário. 2.1 Conceito - Contrato pelo qual um comerciante detentor de uma marca ou produto (Franqueador) concede, mediante remuneração, o seu uso a outra pessoa (Franqueado) e lhe presta serviços de organização empresarial. GONÇALVES, Carlos Roberto. - “Sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administraçãode negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício” (Art. 2o.) 2.2 Modalidades: a) Franquia Industrial: usada na indústria automobilística e alimentícia ( General Motors, Coca-Cola). O franqueador se obriga a auxiliar na construção de uma unidade industrial para o Franqueado, que fabrica e vende os produtos. b) Franquia de comércio ou de distribuição. Franqueado vende produtos do franqueador. Visa o desenvolvimento da rede de lojas (Benetton, Boticário, etc). c) Franquia de Serviços: Franqueado negocia prestações de serviços inventadas pelo franqueador. Hotéis, restaurantes, lanchonetes, escolas. Yázigi, Hotéis Hilton, McDonald’s, Pizza Hut, etc.) 2.3 COF - Circular de Oferta de Franquia. Art. 3o. / 4o. - Entregue pelo Franqueador ao Franqueado, no mínimo 10 dias antes da assinatura do contrato, contendo os dados fundamentais do negócio a ser realizado: Histórico do negócio, pendências judiciais e financeiras; Projeções de investimentos necessários; taxas e valores a serem pagos pelo Franqueado; Condições de exclusividade e/ou área territorial de atuação; modelo de contrato-padrão, etc.. - Objetivo da COF: Permitir que o Franqueado conheça os detalhes do contrato e analisar a viabilidade econômica do negócio. 2.4 Divisão de tarefas e interesses - FRANQUEADOR FRANQUEADO Oferecimento de vantagem Mercantil Oferece remuneração direta ou indireta. Pagamento Inicial de filiação e Pagamentos periódicos (taxa ou royalty). Quantia determinada ou percentual. Expandir seus negócios Aproveita nome/imagem do Franqueador Divulgar a marca sem construir novos pontos Aproveita experiência administrativa do Franqueador Engineering (montagem e planejamento do estabelecimento) Aproveita experiência empresarial Franqueador Management (treinamento equipe e gerenciamento) Subordinação empresarial ao Franqueador, sem vínculo empregatício (manter padrão de qualidade e respeito pela marca) Marketing (divulgação e promoção) Mantém sua independência jurídica, tem seus empregados e suas responsabilidades, mas não tem independência mercadológica. 3. FACTORING (Faturização ou Fomento Mercantil) - Contrato atípico Conceito: Contrato por meio do qual o empresário transfere a uma instituição (que não precisa ser necessariamente um banco) as atribuições inerentes à administração do seu crédito. Algumas vezes, envolve também a antecipação desse crédito ao empresário. CRUZ, André Santa. - Empresa de Factoring (Faturizadora) compra, com recursos próprios, créditos vencíveis do Faturizado, mediante preço certo e ajustado - Assemelha-se ao Desconto Bancário, mas além de não exigir a participação de instituição financeira, inexiste (a princípio) responsabilidade regressiva contra o Faturizado. No Desconto, o Cedente pode ser acionado pelo Banco, em caso de inadimplemento do devedor. - Muito comum, diante da grande quantidade de cheques pós-datados. Partes: FATURIZADOR (Instituição de Factoring) X FATURIZADO (empresário que contrata o serviço de Factoring) x Cliente (devedor do crédito negociado). Faturizador: a) orienta o empresário acerca da concessão do crédito seus clientes b) antecipa o valor dos créditos que o empresário possui, pagamento de um valor menor para o titular originário do crédito (Faturizado). c) assume o risco da inadimplência desses créditos Faturizado: a) Maximiza as vendas ao oferecer mais vendas a prazo b) Garante capital de giro ao receber à vista os valores das vendas a prazo. c) Evita despesas com cobranças dos seus clientes d) Transfere o risco da inadimplência para a Faturizadora Modalidades: a) Conventional Factoring: Há antecipação dos valores referentes aos créditos do faturizado. (Administração de crédito + Serviço de Seguro + Serviço de Financiamento). b) Maturity Factoring: Não há antecipação dos valores, mas apenas a prestação de serviços de administração do crédito. (Serviço de administração de crédito + Serviço de Seguro) Características: - O Faturizador não é obrigado a aceitar todos os créditos que o faturizado queira repassar. Só aceita os que lhe parecem seguros. - Aplica-se aos contratos de Factoring a limitação de juros de 12% ao ano ( Lei de Usura). STJ entende que Factoring não tem natureza bancária, tanto que as Faturizadoras não precisam de autorização do Banco Central para funcionar, bastando ser sociedade empresária com esta finalidade prevista. - O preço do serviço é que não tem limitações e são destacados dos juros. - Cláusulas Típicas: a) Cláusula de Exclusividade: Impede que o Faturizado deixe apenas créditos ruins para um Faturizador e os bons para outro. b) Cláusula de Totalidade: O Faturizado transmite todos os seus créditos ao Faturizador, cabendo a este escolher os que vai garantir. c) Cláusula de Aprovação: a contratação depende de prévia aprovação pelo Faturizador. Polêmica sobre o Direito de Regresso do Faturizador contra o Faturizado - Em geral, predomina o entendimento que a instituição financeira deve assumir o risco do inadimplemento dos créditos cedidos pelo faturizado. Assim, o Faturizado que cede seu crédito à Faturizadora, não deve responder pela inadimplência dos créditos que cedeu. Assim, o Faturizado não garante o pagamento dos créditos transferidos, correndo por conta do faturizador os riscos decorrentes da inadimplência do devedor (regras normais da Cessão de Crédito CC 296). “Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor”. - O STJ tem entendimentos reforçando tal corrente, mas tem entendimentos mais recentes considerando que é possível o direito de regresso. “o risco assumido pelo faturizador é inerente à atividade por ele desenvolvida, ressalvada a hipótese de ajustes diversos no contrato firmado entre as partes” (STJ, REsp 992.421/RS, 2008). - André Santa Cruz, que defendia a corrente geral até a edição passada de seu livro, mudou de opinião na 8a. edição de 2018 e entende que cabe o direito de regresso, pois não há nada que proíba a autonomia da vontade das partes em estipular o contrário. Uma cláusula neste sentido seria benéfica ao contrato, pois o Faturizado teria mais cuidado na escolha dos clientes e créditos concedidos. “Se num contrato de factoring as partes livremente optaram por garantir o direito de regresso ao faturizador, por meio de cláusula contratual expressa ou simplesmente por meio de endosso dos títulos cedidos, esse direito do faturizador é legítimo. Não existe regra legal que impeça a previsão de tal cláusula ou que afaste a produção normal dos efeitos do endosso neste caso.” 4. CARTÃO DE CRÉDITO - Contrato por meio do qual uma instituição financeira (Operadora do Cartão), permite aos seus clientes a compra de bens e serviços em estabelecimentos comerciais cadastrados, que receberão os valores das compras diretamente da operadora. Esta, por sua vez, cobra dos clientes, mensalmente,o valor de todas as suas compras realizadas num determinado período. André Santa Cruz. - Contratos Coligados: Diferenciados estruturalmente, mas interligados por um nexo econômico, funcional, sistemático. - Cartão: Documento por meio do qual o cliente realiza a compra, apresentando-o ao estabelecimento comercial cadastrado. O sistema de cartões de crédito atualmente basicamente por: a) as Bandeiras (PJ Transnacionais, que estabelecem regras gerais ( VISA, MASTERCARD, AMERICAN EXPRESS..) b) as credenciadoras/emissoras (credenciam os estabelecimentos comerciais. Trabalha com várias bandeiras / emitem os cartões) c) os estabelecimentos credenciados d) os usuários/portadores dos cartões Relações Jurídicas (03): a) operadora x cliente ( Relação de Consumo) b) cliente x estabelecimento comercial (Relação de Consumo) c) estabelecimento comercial x operadora (Não há relação de consumo - STJ) Origem: - Surgiu como cartão de fidelização em postos de combustíveis (USA, anos 1920). Clientes juntavam as compras de um mês e pagavam todas no mês seguinte. Alguns Hotéis começaram o usar da mesma forma. Eram uma espécie de cartão de apresentação de bons clientes, gerando facilidades para estes e fidelidade para o comerciante. (Fran Martins). - Posteriormente, na década de 1950, surgiram os cartões nos moldes semelhantes aos de hoje (Diner’s Club). Este foi feito inicialmente para suprir despesas em hotéis e restaurantes. Depois surgiu o American Express. - Atualmente, as operações com cartão de crédito têm crescido bastante nos últimos anos. É raro o estabelecimento que não aceita cartão de crédito (perde clientela) - Vantagens: a) Segurança para Consumidor e Fornecedor ( não precisam andar com dinheiro) b) “Não” tem risco de inadimplemento para o Fornecedor. Elimina o risco dos cheques falsos ou sem provisão de fundos c) Facilita a relação comercial na ocasião/horário/local desejados pelo consumidor d) O crédito já está aprovado previamente (basta apresentar o cartão) Disposições Gerais: - As operadoras são instituições financeiras e, por isso, suas operações de crédito não sofrem os limites de juros de 12% ao ano previsto na Lei de Usura. STJ - 283. - O estabelecimento comercial deve conferir a assinatura do cliente do cartão com seus documentos pessoais para evitar fraudes, sob pena de responder perante a administradora. STJ. - Em caso de Perda ou Furto, o usuário deve comunicar imediatamente à administradora, sob pena de responder pelos gastos. Professor: Marcelo Leonardo * Este material é apenas um roteiro resumido do nosso objeto de estudo. Dessa forma, o aluno deve usá-lo apenas como um guia resumido de conteúdos para expandir seu aprendizado através das aulas, livros de doutrina, legislação e jurisprudência. Já dizia Sócrates: “ Eu não posso ensinar nada a ninguém, eu só posso fazê-lo pensar”.
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