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apostila de Direito Civil III - Contratos- aluno (1)

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Prévia do material em texto

Profª Mª Maria Conceição Martins F. Castro
UNITRI
2018
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria das
Obrigações Contratuais e Extracontratuais. 23.ed.,rev. e atual. de
acordo com a Reforma do CPC. São Paulo: Saraiva, 2007, v. 3.
 GAGLIANO, Pablo Stolze e FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo Curso de
Direito Civil: Contratos: Teoria Geral. 8.ed. rev., atual. e amp., São
Paulo: Saraiva, 2012, v. 4, tomo I.
 ____. Novo Curso de Direito Civil: Contratos em Espécie. 5.ed. rev.,
atual. e amp., São Paulo: Saraiva, 2007, v. 4, tomo II.
 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Contratos e Atos
unilaterais. 7.ed., São Paulo: Saraiva, 2010, v.3.
 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Contratos.
Rio de Janeiro: Forense, 2006, v.3.
 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Dos Contratos e das Declarações
Unilaterais de vontade. 30.ed.atual., São Paulo: Saraiva, 2004, v.3.
 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Teoria Geral dos Contratos e Contratos
em Espécie. 9.ed.rev., atual. e ampliada, São Paulo: Ed. Método, 2014,
v. 3.
 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Teoria Geral das Obrigações e
Teoria Geral dos Contratos. 14. ed., São Paulo: Atlas, 2014, v.2.
 ____. Direito Civil. Contratos em Espécie. 14. ed., São Paulo: Atlas,
2014, v.3.
 Unidade I - Noções gerais e contextualização:
 1) Código Civil de 2002: Lei 10.406 de 10 de
janeiro de 2002, entrando em vigor após um ano
de “vacatio legis” (11 de janeiro de 2003).
 PARTE GERAL:
 Livro 1: Das pessoas – art. 1º a 78
 Livro 2: Dos bens – art. 79 a 103
 Livro 3: Dos fatos jurídicos – art. 104 a 232
 Título 1: Do negócio Jurídico; 
 Título 2:Dos atos jurídicos lícitos; 
 Título 3: Dos atos ilícitos (art. 186 a 188); 
 Título 4: Da prescrição e decadência (art. 189 a 
211); 
 Título 5: Da prova (art. 212 a 232)
 PARTE ESPECIAL:
 Livro 1: Do Direito das Obrigações: art. 233 a 965
 Título 1: Das modalidades de obrigações (art. 233 a 285);
 Título 2:Da transmissão das obrigações (art. 286 a 303);
 Título 3: Do adimplemento e extinção das obrigações (art.
304 a 388);
 Título 4: Do inadimplemento das obrigações (art. 389 a 420);
 Título 5: Dos contratos em geral (art. 421 a 480);
 Título 6: Das várias espécies de contratos (art. 481 a 853);
 Título 7: dos atos unilaterais (art. 854 a 886);
 Título 8: dos títulos de crédito (art. 887 a 926);
 Título 9: Da responsabilidade civil (art. 927 a 954);
 Título 10: Das preferências e privilégios creditórios (art. 955 a
965).
 Livro 2: Do Direito de empresa – art. 966 a 1195
 Livro 3: Do direito das coisas – art.1196 a 1510
 Livro 4: Do direito de família – art. 1511 a 1783
 Livro 5: Do direito das sucessões – art. 1784 a 2027
Fato Jurídico
Fato Jurídico 
(stricto sensu)
Ato Jurídico 
lato sensu
Ato lícito Ato ilícito
Fato Natural Fato humano (+ vontade)
Atos ilícitos (Penal, civil, 
administrativo)
+ Composição de Interesses = 
Negócios Jurídicos
+ Efeitos 
legais= Ato 
Jurídico 
Stricto sensu
unilateral Bilateral/Plurilateral
Ato-fato 
jurídico
 Fato jurídico: Uma ocorrência que interessa ao Direito, ou
seja, que tenha relevância jurídica.
 É todo acontecimento natural ou humano que produz
efeitos na órbita do direito.
 Acontecimento natural ou humano em razão dos quais
nascem, se modificam, subsistem e se extinguem
relações jurídicas.
 1)Fato jurídico Stricto sensu: todo acontecimento natural
determinante de efeitos na órbita jurídica. Podem ser:
1.1)Ordinários: De ocorrência comum: Morte, nascimento,
maioridade.
1.2)Extraordinários: São inesperados ou imprevisíveis:
terremoto, enchente, caso fortuito (imprevisibilidade -
causa desconhecida –greve, motim, mudança de governo)
ou força maior (inevitabilidade -fato da natureza)
2) Ato-fato jurídico: 
 categoria desenvolvida por PONTES DE MIRANDA, trata-se, em
linhas gerais, de um tipo que fica entre o ato (humano) e o fato
(da natureza, não intencional). Consiste no comportamento que,
posto provenha da atuação humana, é desprovida de
intencionalidade ou consciência (voluntariedade) em face de um
resultado jurídico. Ex.: compra de um doce por uma criança de
cinco anos.
 O ato humano é da substância desse fato jurídico, mas não
importa para a norma se houve, ou não, intenção de praticá-lo.
Não se leva em conta o elemento psíquico.
 3) Ato Jurídico lato sensu: Trata-se de um fato jurídico com
elemento volitivo.
 3.1)Ato jurídico em sentido estrito (art. 185, CC): simples
manifestação de vontade do agente, sem conteúdo negocial,
que determina a produção de efeitos jurídicos legalmente
previstos. Há um simples comportamento humano deflagrador
de efeitos previamente estabelecidos por lei.
 O agente não goza de ampla liberdade de escolha na
determinação dos efeitos resultantes de seu comportamento,
como se dá no negócio jurídico.
 3.2)Negócio jurídico: Ato jurídico em que há uma composição
de interesses das partes com uma finalidade específica.
 Procura criar normas para regular interesse das partes (ex.:
contratos, casamento, testamentos etc)
 Podem ser:
 A) Negócios jurídicos bilaterais: Há duas manifestações de
vontades coincidentes sobre o objeto ou bem jurídico
tutelado.
 Exemplo: contrato e casamento.
 B) Negócios jurídicos unilaterais: atos e negócios em que a
declaração de vontade emana de apenas uma pessoa, com
um único objetivo.
 Ex: testamentos, Declaração unilateral de vontade.
 4) Ato ilícito: Produz efeitos previstos em norma jurídica,
como sanção, porque viola mandamento normativo.
 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
 3.1. CONTRATO: art.421 a 853, CC
 Definição: Tradicional: negócio jurídico bilateral ou
plurilateral que visa à criação, modificação ou extinção
de direitos e deveres de conteúdo patrimonial.
 Visão civil-constitucional: negócio jurídico bilateral por
meio do qual as partes, visando a atingir determinados
interesses patrimoniais, convergem as suas vontades,
criando um dever jurídico principal (dar, fazer ou não
fazer), bem como deveres jurídicos anexos,
decorrentes da boa-fé objetiva e do superior princípio
da função social.
 Função social do contrato: art. 421, CC
 O princípio da socialidade adotado pelo CC
reflete a prevalência dos valores coletivos
sobre os individuais, sem perda, porém, do
valor fundamental da pessoa humana.
 A função social do contrato somente estará
cumprida quando a sua finalidade –
distribuição de riquezas – for atingida de
forma justa, ou seja, quando o contrato
representar fonte de equilíbrio social.
Visão civil constitucional: repensar a função social da
propriedade (contrato é instrumento de transferência de bens
e circulação de riquezas):
A) respeitar a dignidade da pessoa humana;
B) relativização do principio da igualdade das partes (somente
aplicável quando os contratos forem paritários)
C) consagrar uma cláusula implícita de boa fé objetiva.
D) respeitar o meio ambiente
E) respeitar o valor social do trabalho.
O Código Civil de 2002 sofreu uma alteração principiológica
que influenciou diretamente nos contratos: Eticidade,
Socialidade e Operabilidade
 A)Princípio da eticidade: distancia do tecnicismo
institucional advindo da experiência do Direito
Romano, procurando, em vez de valorizar
formalidades, reconhecer a participação dos valores
éticos em todo o Direito Privado.
 Dispositivos:
 - art. 113 (função interpretativa da boa fé objetiva)
 - art. 187 (função de controle da boa fé objetiva) –
sanção para a pessoa que contraria a boa-fé no
exercício de um direito.
 - art. 422 (função de integraçãoda boa fé objetiva)
 b) Princípio da socialidade: 
 Oposição ao individualismo que impregnou o CC 
de 1916. Palavra nós ao invés do eu.
 CC de 2002- busca atender a um país urbano –
necessidade de exaltação à proteção social. 
Prevalência dos valores coletivos.
 - Função social da propriedade – art. 5, XXII e 
XXIII e art. 170, III, da CF e art. 1228, par. 1º do 
CC.
 - Função social dos contratos – art. 421,CC. 
Contexto da sociedade.
 - Função social da posse – posse-trabalho –
Diminuição dos prazos da usucapião. Arts. 1238, 
par. Único e art. 1242, par. Único.
 c) Princípio da Operabilidade – simplicidade (facilitar a
interpretação e aplicação dos princípios nele previstos. Ex.:
prescrição e decadência) e efetividade, ou concretude do
Direito Civil, o que foi seguido pela adoção do sistema de
cláusulas gerais.

 Além disso, o CC/02 buscou valorizar um sistema baseado
em cláusulas gerais, que dão certa margem de interpretação
ao julgador.
 Cláusulas Gerais: Todos os vetores abertos expressamente
previstos pelo Código e que não estabelecem condutas.
Estabelece princípios (art. 421, 422, CC)
 Quando se insere determinado princípio geral (regra de conduta
que não consta do sistema normativo, mas que se encontra na
consciência dos povos e é seguida universalmente) no direito
positivo do pais (Constituição, leis etc), deixa este de ser princípio
geral, ou seja, deixa de ser regra de interpretação e passa a
caracterizar-se como cláusula geral.
 Cláusulas Gerais: Segundo Judith Martins Costa (intérprete da
filosofia realeana) pode ser conceituada como janelas abertas
deixadas pelo legislador para preenchimento pelo aplicador do
Direito caso a caso. Tem um sentido dinâmico.
 Muitas cláusulas gerais são princípios, p. ex.:função social do
contrato. Já a cláusula geral de atividade de risco não é princípio.
 Exs.: Função social do contrato (art. 421,CC); Função social da
propriedade (art. 5, XXII e XXIII e art. 170, III, da CF e art. 1228, par.
1º do CC); boa fé (arts. 113, 187 e 422, CC); bons costumes (art. 13
e 187, CC); atividade de risco (art. 927, par. Único, CC).
 Objetivo das cláusulas gerais abertas: 
 Para não envelhecer a regra (não temos que criar códigos e normas a
todo momento) e dar mais poder aos operadores do Direito.
 Quanto mais aberto, mais abrangente, melhor para aplicar a
equidade.
 3.2) Marcos Teóricos do Direito Civil brasileiro:
 A) Direito Civil Constitucional: Baseado em uma
Visão unitária do sistema (Canotilho). A fonte
primária do Direito Civil e de todo o ordenamento é
a Constituição. Ambos os ramos não são
interpretados isoladamente, mas dentro de um todo,
mediante uma interação simbiótica entre eles.
 Ao reunificar o sistema jurídico em seu eixo
fundamental, estabelecendo como princípios
norteadores da República Federativa do Brasil a
Proteção da dignidade da pessoa humana (art. 1º ,
III) modelo de Kant – personalização do Direito Civil
pela valorização da pessoa em detrimento do
patrimônio; a Solidariedade Social (art. 3º, I, e art.
170) por meio da Justiça social e erradicação da
pobreza e o Princípio da Isonomia ou igualdade
substancial (art. 3º e 5º) a CF realizou uma
interpenetração do Direito Público e o Privado.
 Vértice axiológico constitucional: Mudança de
interpretação. Os Princípios constitucionais
regem diretamente as situações de direito
privado. Os princípios irradiam diretamente nas
regras do Código Civil. Toda a norma
constitucional determina a realização das normas
civis. O Código só tem eficácia se tiver em
consonância com esses princípios
constitucionais.
 Direito civil constitucional - mudança de postura
– inversão da forma de interação dos dois ramos
do direito – o público e o privado – interpretando
o código civil segundo a constituição.
Neoconstitucionalismo. Em prol da dignidade da
pessoa humana.
 B) Eficácia horizontal dos direitos fundamentais:
 Aplicação direta dos direitos fundamentais às relações
privadas. As normas constitucionais que protegem os
direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata (Art. 5, par. 1º , CF), especialmente em face
de atividades privadas que tenham um “caráter
público”, como matrículas em escolas, clubes
associativos, relação de trabalho etc
 Horizontalidade: subsunção direta às relações
interprivadas. Sem a necessidade de qualquer ponte
infraconstitucional. Não se justifica mais denominar a
CF como uma Carta Política, fazendo crer que ela é mais
dirigida ao legislador (eficácia vertical). Melhor
denominá-la de carta fundamental.
 Nova visão da matéria, uma vez que as normas de
proteção da pessoas previstas na CF, sempre foram
tidas como dirigidas ao legislador e ao Estado (normas
programáticas) . Essa concepção não mais prevalece,
pois a eficácia horizontal torna mais evidente e concreta
a proteção da dignidade da pessoa humana e de outros
valores constitucionais.
 C) Diálogo das fontes: Alemanha – Erik Jayme
(professor da universidade de Helderberg).
 Brasil: Cláudia Lima Marques.
 A essência da teoria é que as normas jurídicas não
se excluem supostamente porque pertencentes a
ramos jurídicos distintos, mas se complementam.
Visão unitária do ordenamento jurídico.
 Código Civil e CDC – aplicação da tese aos
contratos – princípios sociais contratuais (boa fé
objetiva e função social dos contratos)
 O CDC estabeleceu princípios gerais de proteção
que, pela sua amplitude, passaram a ser aplicados
também aos contratos em geral, mesmo que estes
não envolvam relações de consumo. Destacam-se
os princípios gerais da boa-fé (art. 51, IV), da
obrigatoriedade da proposta (art. 51, VIII), e da
intangibilidade das convenções (art. 51, X, XI e XIII).
Pontes de Miranda – Escada Ponteana
1) O negócio jurídico possui três planos:
A) Plano de existência
B) Plano de validade
C) Plano de eficácia
2) Escada ponteana
1º ) Plano de existência: agente, vontade, objeto, forma –
pressupostos de existência. Substantivos sem
qualquer adjetivação.
2º) Plano de validade (art. 104, CC): capacidade (do
agente); liberdade (da vontade ou do consentimento);
licitude, possibilidade, determinabilidade (do objeto);
adequação (das formas) – requisitos de validade.
Adjetivação ao substantivo.
3º) Plano de eficácia: possibilidade de produção
dos efeitos do negócio jurídico de imediato ou a
submissão a determinados elementos acidentais
que podem implicar a perpetração dos efeitos ou
a sua contenção: condição, termo, consequências
do inadimplemento negocial (juros, multas,
perdas e danos), outros elementos.
Para que o negócio seja eficaz, deve ser existente e
válido.
Situações que isso não ocorre:
a) Negócio jurídico existente, válido e ineficaz:
contrato celebrado sob condição suspensiva
b) Negócio jurídico existente, inválido, eficaz:
Casamento anulável celebrado de boa-fé, que
gera efeitos como o casamento putativo (art.
1561, 1550, 1556,1558, CC)
Elementos essenciais do negócio jurídico. São os
pressupostos de existência do negócio jurídico, sem os
quais nenhum negócio jurídico existe. Encontram-se os
substantivos sem qualquer adjetivo. São eles:
1) Manifestação de vontade: é imprescindível que se
exteriorize. Pode ser:
a) expressa: a que se realiza por meio da palavra escrita
ou falada, gestos ou sinais, de modo explícito,
possibilitando o conhecimento imediato da intenção do
agente.
b) Tácita: é a declaração de vontade que se revela pelo
comportamento do agente. (Ex.: aceitação da herança,
que se infere da prática de atos próprios da qualidade
de herdeiros – art. 1805, CC).
Nos contratos, a manifestação de vontade só pode ser
tácita quando a lei não exigir que seja expressa.
c) Presumida: é a declaração não realizada expressamente, mas
que a lei deduz de certos comportamentos do agente (ex.:
presunções de pagamentoprevistas nos arts. 322 (pagamento
de prestações periódicas o pagamento da última estabelece
presunção de estarem solvidas as anteriores); 323 (a quitação
do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos)
e 324 (a entrega do título ao devedor firma a presunção de
pagamento)
# tácita: comportamento do agente.
#presumida: estabelecida pela lei.
d) Silêncio como manifestação de vontade: art. 111 e 147, 432,
CC.
Via de regra, o silêncio é ausência de manifestação de vontade.
Há situações em que a abstenção do agente ganha
juridicidade (art. 539, CC – aceitação da doação pura pelo
donatário)
Art. 111, CC: “O silêncio importa anuência, quando as
circunstâncias ou os usos o autorizaram, e não for necessária
a declaração de vontade expressa.” O dito popular “quem cala
consente” só tem força jurídica quando a lei o autoriza.
Ex.: doação pura e simples.
e) Reserva mental – art. 110, CC: Quando um dos declarantes
oculta a sua verdadeira intenção, isto é, quando não quer um
efeito jurídico que declara querer. Tem por objetivo enganar
o outro contratante ou declaratário. Se este não soube da
reserva, o ato subsiste e produz os efeitos que o declarante
não desejava.
É indiferente ao mundo jurídico pois se passa na mente do
declarante.
Ex. Amigo empresta dinheiro a outro em vias de suicidar. Na
verdade deseja salvar o amigo e não realizar empréstimo.
2) Agente emissor de vontade: A participação do sujeito de
direito é essencial para a configuração existencial do negócio
jurídico.
3) Objeto: Todo negócio jurídico pressupõe a existência de um
objeto – utilidade física ou ideal – em razão dos quais giram os
interesses das partes.
Ex.:Mútuo – recai sobre coisa fungível.
4) forma: Meio pelo qual a declaração se exterioriza. O tipo de
manifestação através do qual a vontade chega ao mundo
exterior. (forma escrita, oral, silêncio)
# forma legalmente prescrita: pressuposto de validade
1) Pressupostos de validade de caráter geral: art. 104, CC:
agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou
determinável; forma prescrita ou não defesa em lei:
a) Partes ou agentes capazes: Agente emissor de vontade
capaz e legitimado para o negócio jurídico;
b) Vontade livre, sem vícios: Manifestação de vontade livre
e de boa-fé;
c) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
d) Forma prescrita ou não defesa em lei: Forma adequada
(livre ou legalmente prevista em lei)
Mas, há requisitos específicos dos negócios jurídicos. São
peculiares a determinadas espécies. Ex.: Compra e
venda (a coisa, o preço e o consentimento)
1.1.1.Definição: É a aptidão para praticar e celebrar
negócios em geral, na órbita jurídica.
 Pessoa física ou jurídica deve ser plenamente
capaz.
 Agente capaz: capacidade de exercício (aptidão
para exercer direitos e contrair obrigações)
 Pessoa natural: art. 3º e 4º, CC (Não tendo
capacidade pessoal para os atos jurídicos deve
estar devidamente representada ou assistida).
 Legitimidade: capacidade especial para o negócio
Jurídico. Ex.: Tutor, plenamente capaz, não pode, mesmo em
hasta pública, adquirir bens do tutelado; venda de bem imóvel
por casal depende da autorização do outro consorte,exceto se o
regime for o da separação absoluta.(art. 1647, CC)
d) Contrato consigo mesmo: art. 117,CC
É da natureza da representação que o representante
atue em nome de apenas uma das partes do negócio
jurídico no qual intervém.
Todavia, pode ocorrer hipóteses de ambas as partes se
manifestarem por meio do mesmo representante,
configurando-se a situação de dupla representação.
O representante não figura e não se envolve no
negócio jurídico, apenas os representados.
Pode ocorrer ainda, que o representante seja a outra
parte no negócio jurídico celebrado.
São chamados de autocontrato, sendo possíveis desde
que a lei ou o representado autorizem. Do contrário o
negócio é anulável.
Jurisprudência: exige a ausência de conflitos de
interesses, como condição de admissibilidade do
autocontrato. Súmula 60 do STJ.
 Manifestação de vontade há que ser livre e não estar
impregnada de má-fé.
 Vícios do negócio jurídico: atacam com pena de
nulidade ou anulabilidade os negócios jurídicos
portadores de defeitos (erro, dolo, coação simulação,
fraude contra credores, lesão e estado de perigo).
 Princípios referentes à manifestação de vontade:
 A) Princípio da autonomia privada: liberdade de atuação
do indivíduo nos negócios jurídicos respeitados ditames
mínimos de convivência social e moralidade média.
 B) Princípio da boa-fé: padrão ético objetivo de
confiança recíproca nos deveres implícitos a todo
negócio jurídico: confiança, respeito, lealdade recíproca,
assistência. Art.422.
a) Licitude: não ser proibido pelo direito e pela
moral. Ex.: prestação de serviço de
cometimento de crime (ilícito – nulidade)
b) Possibilidade física ou jurídica: respeitar as leis
naturais e o ordenamento jurídico. Ex.:
alienação de um imóvel situado na lua ou venda
de herança de pessoa viva (nulidade)
c) Determinado: conter os elementos mínimos de
individualização que permitam caracterizá-
lo.Ex.: venda do cavalo de corridas relâmpago.
d) Determinável: indicação do gênero e
quantidade. Ex.: venda de 200 sacas de café.
 Princípio da liberdade de forma – art. 107, CC 
 Nos casos em que se exige solenidade e não é respeitada - nulidade
 Ex.: a) testamento (pública, cerrada ou particular)
b) Contratos de compra e venda de imóveis acima de 30 S.M. exige-se escritura 
pública e registro. Art. 108, CC.
Prova: Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só 
se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior 
salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados. (caput 
revogado pela lei 13.105 de 16/03/15)
 Parágrafo único - Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova
testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por
escrito.
 art.444 e 445CPC15:
 Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a prova testemunhal
quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se pretende produzir a
prova.
 Art. 445. Também se admite a prova testemunhal quando o credor não pode ou não podia, moral ou
materialmente, obter a prova escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, de depósito
necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão das práticas comerciais do local onde contraída a
obrigação
Elementos acidentais: São estipulações ou cláusulas acessórias que as
partes podem adicionar em seus negócios para modificar uma ou
algumas de suas consequências naturais.
São elas: Condição, modo ou encargo e termo. Sua presença é
dispensável para a existência do ato. Além de outros elementos –
efeitos do negócio
2) Condicão: é a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade
das partes subordina os efeitos (eficácia) ou o fim dos efeitos
(ineficácia) do negócio jurídico a evento futuro e incerto. Da sua
ocorrência depende o nascimento ou a extinção de um direito. art.
121, CC
a) Requisitos: voluntariedade, futuridade e incerteza
b) Condição: Conjunção “SE” (condição suspensiva) e “ENQUANTO”
(condição resolutiva)
 Exemplo: Cláusula de retrovenda: cláusula resolutiva expressa.
 A) Definição: cláusula pela qual o vendedor, em acordo com o comprador, fica com o
direito de, em até três anos, recomprar o imóvel vendido, devolvendo o preço e todas
as despesas feitas pelo comprador (art.505)
3) Termo (conjunção “quando”): art. 131 a 135,CC
Cláusula acessória que subordina os efeitos ou o fim
dos efeitos do negócio jurídico a evento futuro e
certo.
O termo não suspende a aquisição do direito, mas tão
somente o seu exercício (art. 131, CC)
3.1) Características: Futuridade e certeza.
3.2. Espécies de termo:
a)Termo certo: quando se reporta a determinada data
do calendário ou a determinado lapso de tempo.
Ex.: 10 de agosto de 2013 ou daqui a 3 anos.
b) Termo incerto: se refere a acontecimento futuro que
ocorrerá em data indeterminada. Ex.: A morte.
c) Termo inicial ou suspensivo (dies a quo) – art.
131, CC – suspende o exercício, não a aquisição
do direito. Ex.: Celebrado contrato de locação no
dia 20/09/12 para ter início dia 20/10.
d) Termo final ou resolutivo (dies ad quem) – art.
135, CC – se determinar a data de cessação do
ato negocial, extinguindo a obrigação.
Ex.: Data de término da locação.
# Prazo: É o intervalo entre o termo a quo e o
termo ad quem.
Art. 132 a 134, CC
Exigibilidade:
 Obrigação constituída sem prazo reputa-se
exequível desde logo – art. 134, CC (não é regra
absoluta)
Ex.: empreitada para construção de casa.
3) Modo ou com encargo (conjunções “para que”;
“com o fim de”): cláusula acessória, que impõe um
ônus ao beneficiário de determinada relação jurídica.
É a restrição que se impõe à vantagem obtida pelo
beneficiário que estabelece uma obrigação para com o
próprio instituidor, ou terceiro ou a coletividade. Art.
136, 137, 553, 562, CC.
Não suspende a aquisição nem o exercício do direito.
 Pacto acessório às liberalidades.
 Ex.: Obrigação imposta ao donatário de construir no
terreno doado um prédio para escola.
 1) Contrato e instrumento contratual:
 Contrato: negócio jurídico formado pela convergência
de vontades contrapostas (consentimento).
 Instrumento contratual: documentação do negócio. É
a sua expressão escrita, composta por cláusulas
contratuais, e, por vezes, por anexos. Compõe-se de:
 A) preâmbulo (parte introdutória: qualificação das
partes, descrição do objeto e, por vezes, anunciam-
se as razões ou justificativas do contrato.
 B) contexto: são as disposições do contrato, ou seja,
das cláusulas contratuais, quando se tratar de
contrato escrito.
 2) Convenção e Contrato:
 Convenção: é todo acordo de caráter patrimonial ou
não. É o gênero.
 Contrato: apenas patrimonial. Contrato é espécie.
 Forma do contrato: como o ato deve ser revestido.
 Os negócios jurídicos têm forma livre. A liberdade de forma do contrato só
deverá ser excepcionada quando a lei expressamente o determinar.
 Art. 107, CC: A validade da declaração de vontade não dependerá de forma
especial, senão quando a lei a exigir expressamente.
 Assim, os negócios formais ou solenes não são regra em nosso direito. Mas,
uma vez prescrita em lei, deverá ser observada também para efeito de prova.
 Negócios formais: compra e venda de imóvel acima de 30 SM; testamento.
 Prova: A comprovação do negócio jurídico. Art. 227CC, 444 e 445,CPC
 A prova escrita é necessária quando o valor do contrato exceder a 10 vezes o
SM vigente ao tempo da celebração.
Prova: Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal 
só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do 
maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados. 
(caput revogado pela lei 13.105 de 16/03/15)
 Parágrafo único - Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova
testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por
escrito.
 art.444 e 445CPC15:
 Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a prova testemunhal quando houver começo de
prova por escrito, emanado da parte contra a qual se pretende produzir a prova.
 Art. 445. Também se admite a prova testemunhal quando o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova
escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, de depósito necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão das práticas
comerciais do local onde contraída a obrigação
1) Princípio: “Ditames superiores, fundantes e simultaneamente
informadores do conjunto de regras do Direito Positivo.”
2) Principiologia clássica: Forma tradicional de contratar: partes
contratantes em igualdade de condições e que discutem cada
um dos pontos do contrato.
Igualdade formal: Pressuposição de igualdade
São eles:
a)autonomia da vontade: liberdade que tem as partes
contratantes de deliberar se querem ou não contratar,
podendo ainda escolher o conteúdo do contrato e ou outro
contratante.
B) Obrigatoriedade contratual: impunha o cumprimento do
contrato dentro de seus exatos contornos. “Pacta sunt
servanda”. O contrato fazia lei entre as partes.
c) Princípio da relatividade dos efeitos: as consequências de um
contrato deveriam repercutir estritamente entre as partes
contratantes. Era indiferente para a sociedade o conteúdo
acordado.
 3) A nova principiologia: 
 O desenvolvimento social decorrente da
urbanização e o fortalecimento do capitalismo
alterou as estruturas do que se entendia por
contrato e do ato de contratação em si.
 Parte-se do individualismo para uma nova ordem
de contratação que se encontra massificada. A
contratação em massa não permite a discussão
das cláusulas contratuais. Surge os contratos de
adesão.
 Nova concepção do contrato: fenômeno
econômico social: interessa à sociedade a tutela
da situação objetivamente gerada, por suas
consequências econômicas e sociais.
4) Visão civil constitucional: releitura dos
princípios clássicos e acréscimo de outros,
pairando sobre todos eles o princípio da
dignidade da pessoa humana:
1) Princípio da autonomia da vontade;
2) Princípio da força obrigatória dos contratos;
3) Princípio da relatividade subjetiva dos
efeitos dos contratos;
Princípios sociais dos contratos:
1) Princípio da função social do contrato;
2) Princípio da boa-fé objetiva;
3) Princípio da equivalência material.
Princípio da dignidade da pessoa humana: art. 1º, III,
CF
cláusula geral de natureza principiológica. Dignidade
traduz um valor fundamental de respeito à
existência humana, segundo as suas possibilidades
e expectativas, patrimoniais e afetivas,
indispensáveis à sua realização pessoal e à busca
da felicidade.
Direito de se viver plenamente.
Direito fundamental: redireciona o alcance das
normas do Direito Privado para a proteção da
pessoa, quais sejam: a autonomia, os bens, o
patrimônio, a pessoa e a propriedade.
Plano infraconstitucional: Efetiva proteção aos
direitos da personalidade (têm por objeto os
atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em
si e em suas projeções sociais) – art. 11 a 21, CC.
Valores tais como a vida, a imagem, a privacidade,
a integridade física etc não podem ser
desconsiderados a pretexto de se exigir
determinada prestação.
Não significa dizer que o contrato não deva ser
cumprido e que o princípio da autonomia da
vontade e da livre iniciativa podem ser
desprezados. O que não se pode é utilizar de
mecanismos atentatórios à dignidade da pessoa
humana.
Aplicação do princípio da proporcionalidade:
Prevalência do princípio da dignidade da pessoa
humana quando da eventual colidência com
outros ditames de envergadura moral, axiológica
e jurídica menor, segundo as circunstâncias do
caso concreto.
 Não se pode falar em contrato sem autonomia,
mesmo em um sistema como o nosso, que toma
por princípio maior a função social do contrato.
Não se pode neutralizar a livre iniciativa, mesmo
diante de contratos de adesão.
 Contrato é fruto da autonomia privada e da livre
iniciativa.
 Autonomia se expressa na Liberdade de contratar
(Liberdade de escolher a pessoa com a qual
contratar - consensualismo) e na liberdade
contratual (liberdade de escolher o conteúdo do
contrato – ex: contrato individual de emprego
possui conteúdo estabelecido na CF e normas
infraconstitucionais). Art. 421, CC.
 Dirigismo contratual: No século XX, com o
incremento tecnológico e as guerras o
individualismo liberal (laissez-faire) cede lugar
para ointervencionismo estatal destinado a
proteger os elementos economicamente fracos
(inversão do ônus da prova, responsabilidade
civil objetiva, desconsideração da pessoa jurídica,
teoria da imprevisão).
 Nítida demonstração desse fenômeno: Aprovação
do CDC (lei 8078/90)
 Princípio da autonomia da vontade: Permanece
como base da noção de contrato, embora
limitados e condicionados por normas de ordem
pública em benefício do bem estar comum.
 A autonomia da vontade é a liberdade para
decidir:
 Com quem contratar (Escolha da outra parte)
 Sobre o que contratar (Escolha do conteúdo)
 Quando contratar (Escolha do tempo)
Como contratar (Escolha da forma)
Ascensão e queda da Autonomia da Vontade
Atualmente, esse princípio perdeu seu caráter
absoluto, devendo ser ponderado com
a função social dos contratos (art. 421
CC/02).
 Pacta sunt servanda.
 As partes se obrigam a cumprir o contrato:
Segurança jurídica. Contratos paritários.
 Não tem mais caráter absoluto
 Atualidade: Contratos de adesão: pacta sunt
servanda mitigado (atenuado) por mecanismos
jurídicos de regulação do equilíbrio contratual, a
exemplo da teoria da imprevisão (art. 478, CC) –
teoria da onerosidade excessiva: evitar o
empobrecimento injustificado da outra parte;
lesão (art. 157, CC); estado de perigo (art. 156,
CC); redução equitativa da cláusula penal (art.
413, CC)
 Regra geral, os contratos só geram efeitos
entre as próprias partes contratantes, não
dizendo respeito a terceiros estranhos à
relação jurídica obrigacional.
 Exceção: Estipulação em favor de terceiro;
Contrato com pessoa a declarar.
 O contrato acompanha as mudanças de matizes
da propriedade.
 Socializando a noção de propriedade, o contrato
acompanha essa filosofia.
 Hoje em dia o indivíduo não é mais “senhor absoluto”
de sua vontade e em função disto o principio da
autonomia contratual se encontra na
contemporaneidade atrelado à função social do
contrato, como pode ser visto no artigo 421 do
Código Civil que afirma:
 “A liberdade de contratar será exercida em razão e
nos limites da função social do contrato”.
Conceito aberto e indeterminado
 Manifestação da função social:
 Níveis:
 A) intrínseco: visto como relação jurídica entre as
partes impõe-se o respeito à lealdade negocial e
à boa fé objetiva, buscando-se uma equivalência
material entre os contratantes.
 Trato ético e leal que deve ser observado pelas
partes contratantes em respeito à boa fé objetiva.
Leva em conta a desigualdade real de poderes
contratuais.
 Deve-se levar em consideração os deveres
jurídicos gerais e de cunho patrimonial (dar,
fazer ou não fazer) bem como os deveres
anexos que derivam desse esforço socializante
(deveres de informação, confidencialidade,
assistência, lealdade)
 B) Extrínseco: o contrato em face de toda
coletividade, visto sob o aspecto de seu
impacto eficacial na sociedade em que fora
celebrado.
 Contrato como instrumento de circulação de
riquezas e desenvolvimento social.
 Ocorre que o desenvolvimento deve ser
sustentado, racionalizado e equilibrado.
 Não se pode admitir contratos que
desrespeite leis ambientais, fraude leis
trabalhistas, os postulados de defesa do
consumidor.
 São limites à liberdade de contratar em prol
do bem comum.
 Suponha a construção de uma obra de vulto ou a
instalação de uma indústria:
 Deve-se avaliar, além dos requisitos formais de
validade (agente capaz, objeto lícito, forma
prescrita em lei..): os reflexos ambientais,
trabalhistas, sociais e morais (dir. da
personalidade)
 A relação da autonomia da vontade com a função
social do contrato pode ser verificada no contrato
de locação, mediante o qual o locador não
poderá exercer a mesma atividade que exercia o
locatário. Em suma, o que se percebe é que a
autonomia da vontade cede espaço para que
alguns interesses sejam preservados.
 Não se pretende aniquilar os princípios da pacta sunt
servanda, mas apenas temperá-los, tornando-os
mais vocacionados ao bem estar comum, sem
prejuízo do progresso patrimonial pretendido pelos
contratantes.
 Humanização da ideia de contrato: O princípio da
função social do contrato visa impor limites à
liberdade de contratar, em prol do bem comum. Banir
de nosso sistema o péssimo hábito de encarar o
contrato como rede de caça, em que o forte subjuga
o fraco, inclusive com cláusulas leoninas.
 Omissão no CC de 1916 – análise: Sociedade de
economia rudimentar, pós-escravocrata, e recém
ingressa na República. Poderio reacionário e força
política dos senhores de terra. Vocação materialista
do CC 1916. Propósito de tutelar o crédito e a
propriedade. Valores individuais, patriarcais e
conservadores.
 Constituição Federal de 1988: elevação dos
valores da pessoa humana; planejamento
econômico sustentado influenciam a legislação
ordinária. A abertura do horizonte ideológico na
perspectiva civil deu-se, efetivamente, após a
CF/88.
 Leis editadas após CF/88: CDC; Leis de Proteção
à Ordem Econômica; ECA, Lei de crimes
ambientais; Lei do Bem de família (8009/90); Lei
de lavagem de dinheiro.
 Função social no CC de 2002 – análise do art.
421:
 “A liberdade de contratar será exercida em razão
e nos limites da função social do contrato”.
 A atividade negocial encontra sua razão de ser
(justificativa) e limite no interesse social e nos valores
superiores de dignificação da pessoa humana.
 Abuso de Direito: Havendo excesso, estaremos diante
do abuso de Direito que poderá ensejar ação
indenizatória, nulidade relativa ou nulidade absoluta
do contrato (se houver fraude à lei).
 Era da contratação em massa – contrato de adesão:
maior veículo de circulação de riquezas e por outro
lado, mais eficaz instrumento de opressão econômica
que o Direito contratual já criou.
 Normas de resguardo ao princípio da função social
do contrato:
 A) art. 166, CC: “É nulo o negócio jurídico quando: VI:
tiver por objeto fraudar lei imperativa.”
 B) Art. 50, CC: Doutrina da desconsideração da
pessoa jurídica.
 C) Lesão (art. 157, CC, art. 4º da lei de economia
popular – lei 1521/51; art. 51, III e IV, CDC) e estado
de perigo (art. 156, CC): impedir o abuso de direito e
amparar um dos contratantes da esperteza ou ganância
do outro.
 Lesão: prejuízo resultante da desproporção existente
entre as prestações de um determinado negócio
jurídico, em face do abuso da inexperiência,
necessidade econômica ou leviandade de um dos
declarantes.
 Estado de perigo: Características comuns ao estado de
necessidade. Ocorre quando o agente, diante de
situação de perigo conhecido pela outra parte, emite
declaração de vontade para salvaguardar direito seu,
ou de pessoa próxima, assumindo obrigação
excessivamente onerosa. Trata-se de hipótese de
inexigibilidade de conduta diversa.
 Considerado Subprincípio da função social do contrato.
 Busca realizar e preservar o equilíbrio real de direitos e
deveres no contrato, antes, durante e após sua execução, para
harmonização dos interesses.
 Preserva a equação e o justo equilíbrio contratual, seja para
corrigir os desequilíbrios supervenientes, pouco importando
que as mudanças pudessem ser previsíveis.
 O que importa é verificar se a execução do contrato não
acarreta vantagem excessiva para uma das partes e
desvantagem excessiva para outra, aferível objetivamente.
 A lei presume juridicamente vulneráveis: o trabalhador, o
inquilino, o consumidor, o aderente de contrato de adesão.
 Resguarda esse princípio: a lesão, o estado de perigo, a teoria
da imprevisão (art. 478,CC), teoria da onerosidade excessiva e
a redução equitativa da cláusula penal (art. 413, CC).
 Distinção entre boa-fé objetiva e boa-fé subjetiva:
 Boa-fé subjetiva: trata-se da convicção íntima do agente que atua
acreditando que sua conduta se desenvolvesem nenhum vício e
da maneira correta. Valor psicológico. O agente realiza a conduta
sem ter ciência do vício que a inquina. Geralmente, deriva do
reconhecimento da ignorância do agente a respeito de
determinada circunstância, como ocorre na hipótese do
possuidor de boa-fé que desconhece o vício que macula sua
posse. Nesse caso, o legislador cuida de ampará-lo: art. 1214,
1216, 1217, 1219, 1220 e 1242, CCC
 Exemplos: art. 309, CC (devedor de boa-fé paga ao credor
putativo); art. 1242, CC (requisitos da usucapião ordinária); art.
1561, CC (casamento putativo).
 Quando o agente não apresenta boa-fé subjetiva ele está de má-
fé.
 Boa-fé objetiva: Natureza de princípio jurídico.
Verdadeira regra de comportamento, de fundo
ético e exigibilidade jurídica.
Não considera aspectos psicológicos, somente
avalia determinada conduta.
 padrão de comportamento, modelo de conduta
que impõe às partes uma atuação honesta.
Essa é a boa-fé contratual e quando não
presente não significa necessariamente que
houve má-fé.
 Art. 422, CC: Os contratantes são obrigados a
guardar, assim, na conclusão do contrato,
como em sua execução, os princípios de
probidade e boa-fé.
 A boa-fé objetiva executa três funções:
1º) interpretativa: interpreta a declaração de
vontade nos negócios jurídicos (art. 113 do
CC/02)
 2º) de controle: Delimitadora do exercício dos
direitos subjetivos: valora o abuso dos direitos
subjetivos (art. 187 do CC/02)
 3º) de integração: função criadora dos deveres
jurídicos anexos (art. 422 do CC/02)
 Quanto a esta terceira função observa-se que
possui grande relevância na jurisprudência, pois
estas normas não deverão estar dispostas no
contrato, mas devem ser cobradas e cumpridas.
 Tratam-se de deveres anexos:
 a) LEALDADE E CONFIANÇA: fidelidade aos compromissos assumidos,
com respeito aos princípios que norteiam a honra e a probidade.
Transparência na enunciação da verdade, sem omissões dolosas.
 B) ASSISTÊNCIA: dever de cooperação. Colaboração para o correto
cumprimento da prestação. Não dificultar o pagamento ou recebimento
do crédito. Esse dever de cooperação deve se dar em todas as fases
contratuais. Desde as negociações preliminares e após a sua execução.
Exemplos da CICA e das produção de peças de reposição de máquinas já
vendidas.
 C) INFORMAÇÃO: comunicar a outra parte todas as circunstâncias e
características do negócio.
 En. 24 das Jornadas de Direito Civil da Justiça Federal: “Em virtude do
princípio da boa-fé positivado no art. 422, a violação dos deveres
anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de
culpa”.
 Ex.: venda de veículo por concessionária que 3 meses depois o
automóvel sai de linha com desvalorização de 50%.
 D) CONFIDENCIALIDADE OU SIGILO: Não divulgar dados ou nformações.
 A boa-fé objetiva deve estar presente em todas as fases da relação
contratual, desde as negociações preliminares até a fase de execução
(art. 422, CC):
 Teorias que decorrem da boa-fé objetiva:
 1) A supreessio: quando o sujeito tem um direito
suprimido, em virtude do seu não exercício. Desse
modo, havida a reiterada e constante omissão do
sujeito diante de um direito que estava a sua
disposição, a consequência será a expectativa gerada
nos outros do seu não exercício.
 Exemplo: art. 330, CC: O pagamento reiteradamente
feito em outro local faz presumir renúncia do credor
relativamente ao previsto no contrato.
 Gera expectativa no devedor de que nunca exercerá
tal direito.
 2) A surrectio: Surreição: caminha lado a lado com a
supressio. Diante da supressão do direito de um,
viceja o nascimento do direito do outro. No exemplo,
a supressão do direito do credor resultou em direito
para o devedor.
 3) O venire contra factum proprium (teoria dos atos
próprios): ir contra fato próprio não pode. Repúdio à
contradição. Se o sujeito posiciona em determinado
sentido, depois não poderá assumir postura diversa à
anteriormente dada, exatamente por ferir a confiança
e lealdade recíprocas.
 Exemplo: empregador que assegura ao empregado
que não irá dispensá-lo convencendo-lhe de não sair
da empresa, e um mês depois, o dispensa alegando
má situação financeira da empresa.
 4) O tu quoque: decepção.
 Quando a parte que viola a norma jurídica pretenda,
posteriormente, a sua aplicação em benefício próprio.
Art. 180, CC “O menor entre dezesseis e dezoito
anos, não pode, para eximir-se de obrigação, invocar
a sua idade se dolosamente a ocultou quando
inquirido pela outra parte, ou se no ato de obrigar-
se, declarou-se maior”
 5) O duty to mitigate the loss: o dever que
tem o sujeito de mitigar a perda. O próprio
credor da relação jurídica obrigacional tem o
dever de atenuar o seu próprio prejuízo.
 Ex.: a Instituição financeira que diante do
inadimplemento do cliente nada manifesta
deixando a dívida alcançar montante
astronômico.
 Assim, poderá haver a redução do crédito do
credor.
 Enunciado n. 169 da III Jornada de Direito
Civil: “O princípio da boa-fé objetiva deve
levar o credor a evitar o agravamento do
próprio prejuízo”
O contrato é o negócio jurídico bilateral decorrente da
convergência de manifestações de vontades contrapostas.
Até a formação do contrato (que se dá por meio do
consentimento firmado), os interesses dos contratantes são
contrários.
Ex.: Contrato de compra e venda. Após a fase de tratativas
preliminares (preço mais alto pelo vendedor, preço mais
baixo pelo comprador), passa-se à proposta para aceitação
e fechamento do negócio.
O nascimento de um contrato segue um verdadeiro processo
de formação, cujo início é caracterizado pelas negociações
preliminares até que as partes chegam a uma proposta
definitiva, seguida da imprescindível aceitação. Somente
nesse momento o contrato estará formado.
Parte 1 --------consentimento------Parte 2
Proponente aceitante
 Esse processo de formação dos contratos, via de regra, é composto
por três fases distintas, quais sejam: as negociações ou tratativas
preliminares, a proposta e a aceitação. A seguir, analisar-se-á cada
uma dessas fases:
 1) Fase de pontuação (negociações preliminares):
 Fase anterior à formação do contrato.
 São as conversas iniciais, as sondagens. É neste momento que as
partes discutem, ponderam, refletem, fazem cálculos, estudos,
redigem a minuta do contrato (esboço do contrato).
 Aqui estão devidamente evidenciados os interesses antagônicos que
após devem chegar a uma proposta final e definitiva.
 Característica dessa fase: Não vinculação das partes a uma relação
jurídica obrigacional, porque não trazem uma manifestação de
vontade inequívoca de contratar, mas traduzem apenas uma
possibilidade de celebração de um contrato
 A celebração ou não de um contrato é um direito que assiste a cada
um dos negociantes, mas limitado à boa-fé objetiva.
 Responsabilização civil: Configurada a legítima expectativa de
contratar.
 Dizer que há direito subjetivo de não contratar não significa que os
danos daí decorrentes não devam ser indenizados.
 En. 24 da I Jornada de Direito Civil: “Em virtude do princípio da boa-fé
objetiva, positivado no art. 422 do novo Código civil, a violação dos
deveres anexos constitui espécie de inadimplemento,
independentemente de culpa”.
 ATENÇÃO: as negociações prévias, quando forem objeto de
um contrato preliminar, vinculam as partes, gerando
responsabilidade no caso de não conclusão do contrato
definitivo. Ver arts. 462 a 466, CC.

 Contrato preliminar é “uma avença através da qual as partes
criam em favor de uma ou mais delas a faculdade de exigir o
cumprimento de um contrato apenas projetado. Trata-se,
portanto, de um negócio jurídico que tem por objeto a
obrigação de fazer um contrato definitivo.” Gagliano e
Pamplona Filho (2009, p. 148),

 Ver, nesse sentido, o art. 463, CC.

 O exemplomais comum de contrato preliminar é o contrato
de compromisso de compra e venda (ver arts. 1417 e 1418,
CC), o qual é “um contrato de natureza especial em que as
partes, compromitente-vendedor e compromissário-
comprador, obrigam-se a concluir, posteriormente, o
contrato definitivo de compra e venda, reiterando neste a
mesma vontade expressa no compromissso.” (MATHIAS;
DANELUZZI, 2008, p. 93).
 objetivo do contrato de promessa de compra e venda: é, a
concretização de um contrato definitivo de compra e venda de bem
imóvel.

 Principal efeito: é o direito que o compromissário-comprador tem de
adjudicar compulsoriamente o imóvel objeto do contrato, uma vez
pago o preço e havendo recusa por parte do compromitente-
vendedor em celebrar a escritura definitiva, nos termos do art. 1418,
CC.

 Assim, o compromissário-comprador, por meio de uma ação de
adjudicação compulsória lastreada no art. 501 do CPC, poderá
conquistar sentença judicial substitutiva da declaração de vontade do
compromitente-vendedor, a qual servirá como título para o registro
no Cartório Imobiliário, de forma a conferir ao compromissário-
comprador a propriedade do imóvel.
 Art. 501CPC. Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração
de vontade, a sentença que julgar procedente o pedido, uma vez
transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não
emitida.
 De acordo com o art. 462, CC, o contrato preliminar, salvo no que se
refere à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao
contrato definitivo a ser celebrado.
2) Fase da proposta (oferta ou policitação):
Manifestação séria e precisa do proponente no sentido de
contratar, apresentando os pontos essenciais do futuro
negócio jurídico. Trata-se, em verdade, de declaração
unilateral e receptícia de vontade
Proponente ou Policitante Oblato ou Policitado
(autor da proposta) (destinatário da proposta)
Art. 427, CC: “A proposta de contrato obriga o proponente, se
o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do
negócio jurídico, ou das circunstâncias do caso”
 O proponente ou policitante se vincula àquilo que oferecer,
não podendo voltar atrás, salvo nas hipóteses previstas em
lei (art. 427 e 428, CC).
 Dessa forma, a recusa injustificada do proponente em
manter a proposta enseja responsabilidade pelas perdas e
danos suportadas pelo oblato.
 A proposta não obriga o oblato.
2.1) Hipóteses de perda da obrigatoriedade da proposta
(art. 427):
a) Se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar dos
termos dela mesma: é o caso do proponente deixar
expresso a reserva do direito de retratar-se ou
arrepender-se de concluir o negócio jurídico. Tal
possibilidade não se aplica nas ofertas feitas ao
consumidor (lei 8078/90)
b) Se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar da
natureza do negócio: ex.:propostas abertas ao
público, que se consideram limitadas ao estoque
existente ou quando se oferece carona, em uma moto,
a pessoas de um grupo (contrato de transporte
gratuito). A oferta somente pode ser considerada
válida ao primeiro que aceitar.
c) Se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar das
circunstâncias do caso: Neste caso, o juiz terá a
liberdade para aferir, no caso concreto, e respeitado o
princípio da razoabilidade a situação que não poderia
ser considerada obrigatória.
 2.2) Hipóteses de perda da obrigatoriedade da
proposta (art. 428) por força do lapso temporal
entre a proposta e a aceitação: Art. 428, CC: “Deixa
de ser obrigatória a proposta:
 I – se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi
imediatamente aceita. (“pegar ou largar”)
 Considera-se também presente a pessoa que
contrata por telefone ou outro meio de
comunicação semelhante, desde que simultânea.
 Pessoa presente: são as que mantêm contato direto
e simultâneo uma com a outra. Exemplo das
pessoas que tratam do negócio pessoalmente ou
por meio de transmissão imediata da vontade. O
aceitante toma ciência da proposta quase no
mesmo instante em que é emitida.
 Pessoa ausente: aquelas que não mantêm contato
direto e imediato entre si. As que contratam por
correspondência epistolar.
 Contratação eletrônica ou via internet: “É o negócio
jurídico celebrado mediante a transferência de
informações entre computadores, e cujo instrumento pode
ser decalcado em mídia eletrônica. Contratos celebrados
via correio eletrônico, internet, intranet, EDI ou qualquer
outro meio eletrônico, desde que permita a representação
física do negócio em qualquer mídia eletrônica, como CD,
disquete, fita de áudio ou vídeo.
 Critica-se o legislador por não ter mencionado, aqui, a
possibilidade de proposta via internet. A doutrina entende
que a aplicação do art. 428, CC, deve ser feita de forma
analógica às contratações via internet, dependendo da
situação.
 Assim, a proposta feita em um chat seria uma proposta
feita entre presentes, porque os envolvidos mantêm entre
si um contato direto. Já o e-mail seria considerado uma
proposta entre ausentes, porque entre a emissão da oferta
pelo correio eletrônico e a resposta do oblato medeia um
lapso temporal maior.
 II – se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido
tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento
do proponente.
 (por meio de carta, telegrama, e-mail, etc). Esse prazo
deve ser razoável e dependerá do caso concreto para sua
aferição (exemplo: utilização de e-mail versus utilização
de correspondência normal).
 III- se, feita a pessoa ausente, não tiver expedido a
resposta dentro do prazo dado;
 Findo o prazo para a resposta, não havendo aceitação, o
proponente estará desvinculado do seu compromisso.
 IV- se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao
conhecimento da outra parte a retratação do proponente.”
 É possível a retratação da proposta, consoante o disposto
no inciso IV do art. 428, CC. A retratação cabe mesmo que
não se tenha feito ressalva neste sentido. No entanto, ela
deve chegar ANTES ou SIMULTANEAMENTE à proposta.
Assim, se a retratação não for feita em tempo hábil,
poderá haver a aceitação do oblato, que vinculará o
policitante à execução do negócio, sob pena de responder
por perdas e danos.
 ATENÇÃO: a proposta pode se dirigir a pessoas
determinadas ou indeterminadas (exemplo: oferta ao
público – art. 429, CC).
 2.3) OFERTA AO PÚBLICO: ART. 429, cc
 Proposta de contratar feita à coletividade.
 De acordo com o parágrafo único do art. 429, CC, admite-
se a revogação da proposta feita ao público, desde que a
revogação seja feita pela mesma via de divulgação, e
desde que essa faculdade tenha sido ressalvada na própria
oferta. Quer dizer: se o proponente não reservou a
faculdade de revogação, dando inclusive ciência dela à
outra parte, não poderá exercê-la.
 A oferta ao público, portanto, não se diferencia
essencialmente das demais. Assim, desde que seja feita
em observância aos requisitos gerais de validade da
proposta, a oferta ao público torna-se obrigatória, salvo
se as circunstâncias ou os usos a descaracterizarem como
oferta.
 2.4) PROPOSTA NO CDC:
 Nas relações de consumo, a proposta feita ao público vincula o
ofertante (vide arts. 6º, III, IV, 30, 31 e 35 do CDC).
 Ex.: oferta operada por aparelhos automáticos de venda de
produtos. A mercadoria é exposta e afixado o preço, formando o
contrato com a introdução da moeda em uma ranhura.
 Ex.: oferta em vitrines, catálogos
 oferta ao público → obriga, vincula o proponente (art. 429, CC; art.
30, CDC).
 relação de consumo: art. 30, CDC → vincula o fornecedor,
independentemente da presença do consumidor.
 No caso de recusa no cumprimento → art. 35, CDC: “se o fornecedor
de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação
ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua
escolha:
 I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, 
apresentaçãoou publicidade; 
 II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
 III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia
eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e
danos.
 3. Aceitação
 É o ato de aderência do oblato à proposta feita, surgindo aí o
contrato. A aceitação deve ser externada sem vícios do
consentimento, sob pena de anulação do contrato. Além disso, o
aceitante deve ser capaz ou então estar devidamente representado ou
assistido.
 A aceitação pode ser expressa ou tácita, nos termos do art. 432, CC:
 “ Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação
expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á
concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa.”
 Ter-se-á aceitação tácita:
 a) Quando não seja usual a aceitação expressa: Exemplo: Industrial
costuma todos os anos enviar seus produtos a certa pessoa que os
recebe e na época oportuna os paga. Se num dado momento não
quiser mais as mercadorias, deverá avisar ao Industrial.
 B) Quando o ofertante dispensar a aceitação: se alguém reserva
acomodação em um hotel, dizendo que chegará tal dia, se o hoteleiro
não expedir a tempo a negativa, o contrato estará firmado.
 A aceitação também deve ser oportuna, ou seja, dentro do prazo
estabelecido ou dentro do prazo razoável (de acordo com o caso
concreto).
 É importante a regra estabelecida pelo art. 430, CC: “se a aceitação, por
circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente,
este deverá comunicar o fato imediatamente ao aceitante, sob pena de
responder por perdas e danos.”
 É obrigação do proponente, nesse caso, comunicar o recebimento tardio
da aceitação ao oblato, sob pena de responsabilização por perdas e
danos.
 Contraproposta: proposta de um novo contrato.
 No caso de aceitação feita fora do prazo, com adições, restrições ou
modificações, o art. 431, CC dispõe que há uma nova proposta.
 Retratação da aceitação: nos termos do que dispõe o art. 433, CC. A
retratação deve ser feita ANTES ou SIMULTANEAMENTE à aceitação.
 Contrato entre presentes:
 a proposta poderá ou não estipular prazo para a aceitação.

 Caso NÃO HAJA fixação de prazo, a aceitação deverá ser manifestada pelo
oblato imediatamente à proposta. Caso contrário, a proposta não terá
força vinculativa.

 Se a proposta FIXAR prazo, o oblato, para manifestar a aceitação, deverá
observá-lo, caso contrário, ela não terá força vinculativa em relação ao
policitante.
 4) Formação do contrato entre ausentes: art. 434, CC 
 por meio de carta, telegrama, e-mail, etc
 há duas teorias principais a respeito da aceitação:
 TEORIA DA INFORMAÇÃO OU DA COGNIÇÃO: considera
aperfeiçoado o contrato quando o policitante toma
conhecimento da aceitação do oblato.
 TEORIA DA AGNIÇÃO: dispensa que a resposta chegue ao
conhecimento do proponente:
 A) TEORIA DA DECLARAÇÃO PROPRIAMENTE DITA: o
contrato se forma no momento em que o aceitante ou
oblato, redige sua resposta. Difícil precisar o momento da
resposta.
 B) TEORIA DA EXPEDIÇÃO: considera formado o contrato
no momento em que a resposta do oblato é expedida.
 C) TEORIA DA RECEPÇÃO: reputa celebrado o contrato no
momento em que o proponente recebe a resposta.
Dispensa sua leitura. Mais segura que as demais. Nas
correspondências prova-se pelo A.R.
 O legislador brasileiro filiou-se à TEORIA DA EXPEDIÇÃO, nos
termos do que dispõe o art. 434, CC. Há, no entanto,
restrições, estabelecidas nos incisos do referido dispositivo, a
saber:
 a) no caso do art. 433 (retratação do oblato);
 b) se o proponente houver se comprometido a aguardar a
resposta;
 c) se a resposta não chegar no prazo convencionado.
 Assim: No direito brasileiro o momento em que o contrato se
torna obrigatório é o da expedição da aceitação, ressalvando-
se as exceções previstas nos incisos I a III do art. 434, CC.
 ATENÇÃO: alguns doutrinadores, dentre eles Carlos Roberto
Gonçalves e Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho,
defendem a ideia de que foi adotada pelo CC/2002 a teoria
da recepção, dada a amplitude da ressalva contida no art.
433, CC: se sempre é permitida a retratação antes da
resposta chegar às mãos do proponente e se não se reputa
concluído o contrato na hipótese de a resposta não chegar no
prazo convencionado, na realidade adotou-se a teoria da
recepção.
 5. Lugar de formação dos contratos: art. 435, CC

 É o lugar onde foi proposto.

 Em relação aos contratos eletrônicos (via internet), o
autor Álvaro Marcos Cordeiro Maia (STOLZE E
GAGLIANO, 2013, p. 144) defende a tese de que,
nessas situações, deve-se considerar formado o
contrato no lugar da residência do proponente e,
“somente quando não fosse possível o rastreamento
da residência ou sede do proponente, o registro
lógico é quem determinaria o local da celebração do
contrato eletrônico.” [...] Assim, “celebrado o contrato
a bordo de um avião, ou dentro de um navio em
águas internacionais, este deverá ser considerado
formado na residência do proponente, ou quando
não possível rastreá-lo, no local inquinado no
endereço lógico.”
 Necessidade da classificação: Verificar não só as
particularidades de cada contrato, acentuando as
semelhanças e diferenças entre as inúmeras espécies,
mas também os ônus e vantagens de cada contratante,
bem como os efeitos jurídicos que produz.
 A classificação dos contratos serve para posicionar
corretamente o negócio jurídico no âmbito do exame de
seu adimplemento e inadimplemento. Assim à medida
que são conhecidas as classificações fundamentais, o
estudioso, ao examinar um contrato, na prática, já terá
em mente as consequências jurídicas das espécies.
 Um mesmo contrato pode incidir em várias
classificações.
 Não há critério legal expresso, em analogia à
classificação de bens, faremos com base na análise dos
contratos em si mesmos, bem como em sua
consideração recíproca.
 I. CONTRATOS CONSIDERADOS EM SI MESMOS (sem qualquer relação com
outros)
 Há várias subdivisões, por força da multiplicidade de relações contratuais.
 1. Quanto à natureza da obrigação
 1.1. Unilaterais e Bilaterais ou plurilaterais
 1.2. Gratuitos ou Onerosos
 1.3. Comutativos ou Aleatórios
 1.4. Paritários, de Adesão ou por adesão
 2. Classificação quanto à forma
 2.1. Solenes ou não solenes
 2.2. Consensuais ou Reais
 3. Classificação dos contratos quanto à pessoa do contratante:
 3.1. Pessoais ou impessoais
 3.2. Individuais ou coletivos
 4. Classificação quanto à designação
 4.1. Contratos nominados e inominados.
 5. Classificação quanto ao tempo de execução:
 5.1. Contratos de execução imediata
 5.2. Contratos de execução diferida
 5.3. Contratos de execução continuada
 II. CONTRATOSRECIPROCAMENTE CONSIDERADOS: Principais e acessórios
 1.1. Contrato Unilateral bilateral (quanto às obrigações das partes):
 Não confunda: O Contrato é um negócio jurídico bilateral, posto
envolver pelo menos duas pessoas. Já o contrato, este pode ser
unilateral ou bilateral, ou seja, poderá produzir efeitos de natureza
patrimonial para uma ou para as duas partes.
 Contrato Unilateral: é aquele que, quando da sua feitura, gera
obrigação somente a uma das partes. Os efeitos são ativos de um
lado e passivos do outro. Só uma das partes se obriga, não havendo
contraprestação.
 Exemplo: contrato de doação pura e simples onde apenas o doador
contrai obrigações ao passo que o donatário só aufere vantagens.
Caso ainda do depósito, do mútuo, do mandato e do comodato.
 Como já vimos anteriormente o contrato aperfeiçoa-se, via de
regra, pelo consenso das partes.
Bilateralidade da obrigação contratual Bilateralidade do consentimento 
 Contrato bilateral: pressupõe obrigação, no momento da
feitura, para ambas as partes, ou para todas as partesintervenientes. Essas obrigações são recíprocas e
simultâneas (sinalagma), por isso, também são chamados de
contratos sinalagmáticos (prestações correlatas). Cada uma
das partes fica adstrita a uma prestação.
 Ex.: compra e venda (CC. Art. 481). O vendedor deve
entregar a coisa e receber o preço; o comprador deve receber
a coisa e pagar o preço.
 A importância da distinção entre contratos bilaterais e
unilaterais, reside no fato de os contratos do primeiro tipo
terem um regime especial de características próprias:
 - Exceptio non adimpleti contractus - Exceção (defesa) de
não cumprimento: consiste na regra de que nenhum dos
contratantes, antes de cumprida a sua obrigação (o que já
afasta a sua incidência em contratos unilaterais) pode exigir
o cumprimento da prestação do outro. (art. 476, CC).
 - Por consequência , a garantia de execução do
contrato só se aplica aos contratos bilaterais (art.
477, CC). Escopo de evitar o perigo a que ficará
exposto o contratante que se obrigar a cumprir
obrigação assumida, antes do outro, devido a
circunstâncias supervenientes de modificação no
patrimônio do devedor. Ex.: Venda a crédito.
 - Condição resolutiva tácita: é um instituto que
confere a uma das partes a faculdade de resolver o
negócio, com fundamento na falta de cumprimento
da outra parte ( art. 475, CC).
 - Vícios redibitórios (art. 441, CC): aplicável somente
aos contratos bilaterais. São defeitos ocultos da
coisa, que a tornem imprópria ao uso a que é
destinada ou lhe diminuam o valor.
 Assim, o contratante pontual, sendo bilateral o
contrato poderá: a) permanecer imóvel alegando a
exceção de contrato não cumprido ou b) pedir sua
rescisão com perdas e danos, se lesado pelo
descumprimento da outra parte.
 1.2. Contratos gratuitos ou onerosos:
 Contratos gratuitos: são aqueles que oneram apenas uma
das partes, proporcionando à outra só vantagens, sem
contraprestação, ou seja, toda a carga contratual fica por
conta de um dos contratantes.
 Ex.: doação sem encargo (pura e simples), o comodato, o
mútuo sem pagamento de juros, o depósito.
 Contratos onerosos: ambos os contratantes têm deveres e
obrigações, direitos e vantagens, ou seja, ambos sofrem
um sacrifício patrimonial correspondente a um proveito
almejado. Ônus e proveito devem fixar numa relação de
equivalência.
 Ex.: contratos de permuta, compra e venda, empreitada,
locação (locatário paga o aluguel para usar e gozar do
bem e o locador entrega o que lhe pertence para receber o
pagamento).
 Determinadas figuras contratuais podem ser estabelecidas
tanto na forma onerosa quanto gratuita: mútuo feneratício
(oneroso), do depósito, da doação com encargo.
 Importância da distinção:
 a) A interpretação dos contratos gratuitos deve ser
sempre mais restrita do que os negócios jurídicos
onerosos, uma vez que, por envolver liberalidade, o
contratante não onerado tem uma proteção menor do
que o pactuante devedor. Art. 114, CC: Os negócios
jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se
estritamente.”
 B) Na responsabilidade civil pelo descumprimento do
pactuado, nos contratos benéficos, o contratante
onerado somente responde por dolo, enquanto o
contratante beneficiado segue a regra da simples
culpa. Nos contratos onerosos cada um responde por
culpa, salvo as hipóteses de responsabilidade civil
objetiva. Art. 392, CC
 C) Riscos da evicção suportados apenas pelo
adquirente de bens em contratos onerosos. Art. 447
e ss, CC
 1.3. Contratos comutativos ou aleatórios: Subdivisão dos
contratos onerosos.

 Contrato comutativo: contrato em que uma das partes, além de
receber da outra prestação equivalente a sua, pode apreciar
imediatamente essa equivalência. No momento da formação,
ambas as prestações geradas pelo contrato estão definidas. As
partes têm conhecimento na conclusão do contrato de suas
respectivas prestações.
 Ex.:compra e venda. Assim, no ato do contrato as partes já
conhecem o sacrifício e proveito que haverá entre elas, tendo o
total conhecimento do que têm a dar e a receber.
 Contrato aleatório (alea = sorte) art. 458, CC: a obrigação de uma
das partes somente pode ser exigida em função de coisas ou
fatos futuros, cujo risco da não ocorrência é assumido pelo outro
contratante.
 As prestações de uma ou ambas as partes são incertas quando da
elaboração da avença, porque sua quantidade ou extensão está na
dependência de um fato futuro e imprevisível. Há incerteza para
ambas as partes sobre se a vantagem esperada será proporcional
ao sacrifício. O contrato pode ser aleatório por sua própria
natureza ou resultar de convenção das partes.
 Ex.: são aleatórios por natureza os contratos de seguro, jogo
e aposta (CC. Art. 814 a 817), incluindo-se nessa natureza as
loterias, rifas, lotos e similares. Mas temos também os
contratos acidentalmente aleatórios, é o caso da compra da
rede do pescador. Pode ocorrer de o arremesso da rede nada
captar. Mesmo que peixe algum venha na rede, vale o
contrato e é devido o preço, pois foi uma esperança que se
adquiriu. Temos, pois, um contrato de compra e venda que
normalmente é comutativo, transmutando em aleatório por
convenção das partes.
 O Código civil trata dos contratos aleatórios na modalidade
de compra e venda aleatória: art. 458 a 461, CC:
 A) Contrato de compra e venda de coisa futura com assunção
de risco pela existência (emptio spei): art. 458, CC: o
adquirente compra o risco das coisas virem ou não a existir.
 Ex.: compra de safra futura, assumindo o risco de nada
receber se o vendedor nada colher.
 Máquina de pegar bichos de pelúcia em parques infantis, pois
há a possibilidade de a mão mecânica descer e não pegar
qualquer bicho de pelúcia, apesar do depósito de fichas.
 B) Contrato de compra de coisa futura, sem assunção
de risco pela existência (emptio rei speratae) Art.
459, CC: não há assunção total dos riscos pelo
contratante, tendo em vista que o alienante se
comprometeu a que alguma coisa fosse entregue.
Ocorre se a álea versar sobre a quantidade da coisa
esperada. Basta que venha a existir, qualquer que
seja a quantidade.
 Ex.: Venda de colheita do ano vindouro, a parte terá
direito a todo preço, ainda que a coisa venha a existir
em quantidade inferior à esperada. Se nada colher,
desfaz-se o contrato.
 C) Contrato de coisa presente, mas exposta a risco
assumido pelo contratante (art. 460 e 461, CC):
venda de coisa atual sujeita a riscos.
 Ex.: compra de mercadoria embarcada, sem notícia
do seu estado atual, em que o adquirente assume o
risco de elas chegarem ao seu destino ou não.
 1.4 Contratos paritários e contratos de adesão e por adesão:
 Contratos paritários: são aqueles em que as partes estão em
situação de igualdade quanto ao princípio da autonomia de
vontade; na fase de pontuação discutem os termos do ato do
negócio e livremente se vinculam fixando cláusulas e condições
que regulam as relações contratuais. As cláusulas do contrato
podem ser discutidas uma a uma para que se alcance um
contrato satisfatório para ambas as partes.
 Contratos de adesão: aquele que foi elaborado exclusivamente
por uma das partes (o estipulante), que possui o monopólio do
negócio. Ex.: fornecimento de água ou eletricidade.
 Contratos por adesão: aquele que foi elaborado exclusivamente
por uma das partes (o estipulante), mas não há monopólio
sobre o negócio. As cláusulas são predeterminadas, sem
possibilidade de modificação, debate e transigência entre as
partes. Um dos contratantes se limita a aceitar as cláusulas e
condições previamente. Ex.: Seguro, contrato de consórcio,
compra de automóvel em concessionárias.
 O CC e o CDC mencionam apenas a figura dos contratos
de adesão: art. 54 CDC, art. 423 e 424, CC. Eventuais
dúvidas oriundas das cláusulas se interpretam em favor de
quem adere ao contrato (aderente).
 Traços característicosdos contratos de adesão:
uniformidade (objetivo do estipulante obter maior número
possível de contraentes); predeterminação unilateral (as
cláusulas são fixadas antecipadamente, sem qualquer
discussão);
 rigidez (não há possibilidade de rediscutir as cláusulas);
 posição de vantagem (superioridade material) de uma das
partes.
 Contrato tipo: contrato de massa, em série ou por
formulários, se caracteriza pela forma como as cláusulas
são predispostas, tal qual um contrato de adesão. Se
diferencia do contrato de adesão pela estrutura, pela
inexistência de predeterminação unilateral, com
possibilidade de discussão do seu conteúdo.
 2. Quanto à forma: Solenes ou Não-solenes e 
Consensuais ou Reais

 Contratos solenes (formais): só se aperfeiçoam quando o
consentimento das partes está perfeitamente adequado pela
forma prescrita na lei, objetivando conceder segurança a
algumas relações jurídicas. De regra, a solenidade se exige
na lavratura de documentos ou instrumentos (contrato)
público, lavrado nos serviços notariais (cartório de notas),
como na escritura de venda e compra de imóvel que é,
inclusive pressuposto para que o ato seja considerado
válido, ou seja, exige escritura pública. No contrato solene, a
ausência de forma torna-o nulo. (art. 108, 124, 134, II, CC).
 A forma é de sua substância.
 Forma difere de prova do contrato.
 Forma: maneira pela qual a manifestação de vontade deve
exteriorizar-se no momento da realização do contrato, para
que o negócio seja válido.
 Prova: é qualquer fato anterior, posterior ou concomitante à
celebração do contrato, que seja hábil a demonstrar a
existência do ajuste.
Contratos não solenes ou consensuais, são os que se
perfazem pela simples anuência das partes. O ordenamento
legal não exige forma especial para que seja celebrado, como no
contrato de transporte aéreo. Vigora em nosso ordenamento
jurídico o princípio da forma livre (art. 104, III, CC), a regra é a
forma não-solene. (art. 107, CC)
 Contratos Consensuais são os que se consideram formados
pela simples proposta e aceitação. A simples comunhão de
vontades aperfeiçoa o contrato (é a regra em nosso
ordenamento jurídico), seja este formal ou não, ficando assim,
hábil para gerar os efeitos jurídicos que lhes são próprios.

 Contratos Reais são os que só se formam com a entrega
efetiva da coisa.
 Ex.:empréstimo (mútuo e comodato), no depósito ou no
penhor.
 A entrega, aí, não é cumprimento do contrato, mas detalhe
anterior, da própria celebração do contrato. Antes da entrega
efetiva da coisa ter-se-á mera promessa de contratar e não um
contrato perfeito e acabado.
 3. Classificação dos contratos quanto à pessoa do contratante:
 3.1. Pessoais ou impessoais
 3.2. Individuais ou coletivos

 Contratos pessoais (intuitu personae) são celebrados em
função da pessoa do contratante, em virtude de sua
habilidade, experiência, técnica, idoneidade. O serviço só
poderá ser executado pelo devedor (obrigação infungível). A
impossibilidade ou negativa do cumprimento de sua parte
extinguirá a obrigação, substituindo-se por indenização por
perdas e danos se houver culpa. Em geral, são obrigações de
fazer.
 Ex.:a contratação de um ator, escultor, renomado médico ou
advogado, etc.

 Contratos impessoais são aqueles onde qualquer pessoa com
capacidade para executar o objeto do contrato, poderá fazê-
lo. As partes não especificam, a pessoa que irá cumprir o
contrato é irrelevante. Somente interessa o resultado da
atividade contratada.
 Ex.: reforma de um imóvel, feita por empresa de engenharia,
onde havendo problema com um ou mais pedreiros, basta
substituí-los por outros com iguais habilidades.
 Utilidade da distinção:
 A) os contratos intuitu personae são intransmissíveis,
não podendo ser executados por outrem. A morte do
devedor é causa de extinção da obrigação. Mas, seu
patrimônio responde.
 B) Havendo erro de pessoa nos contratos intuitu
personae, tais serão anuláveis (art. 139, II,CC), haja
vista que a determinação do sujeito contratante foi a
razão básica para a manifestação de vontade de
contratar.
 C) Nas obrigações intuitu personae, o
descumprimento culposo da obrigação de fazer gera
perdas e danos ou, sendo ainda possível a prestação
e havendo interesse do credor no seu cumprimento, a
busca de tutela específica, mas, jamais, pela sua
natureza, admitirá a prestação por terceiros, ainda
que às expensas do devedor.
 Contratos Individuais ou coletivos: número de sujeitos envolvidos.
 Contratos individuais: Refere-se a uma estipulação entre pessoas
determinadas, ainda que em número elevado, mas consideradas
individualmente.
 Contratos coletivos: também chamado de contrato normativo, tem-se
uma transubjetivação da avença, alcançando grupos não
individualizados, reunidos por uma relação jurídica ou de fato.
 Ao contrário do contrato individual, as cláusulas possuem força
normativa abstrata, em situação analógica a preceitos legais.
 Ex.: convenção coletiva (sindicato dos empregadores/toda categoria
econômica).
 Autocontrato (art. 117,CC): Contratar consigo mesmo, é logicamente
impossível. A relação contratual exige coexistência de duas vontades.
 Mecanismo da representação: O contrato pode ser concluído por meio
de representante. Este, em vez de o estipular com terceiro, celebra
consigo próprio. Por força de sua condição reúne, em sua pessoa, dois
centros de interesses diversos, ocupando as posições oposta de
proponente e aceitante.
 Portanto, só é possível quando a lei ou o representado autorizem. Do
contrário o negócio é anulável. E que não haja conflitos de interesses
entre as partes.
 4. Classificação quanto à designação: Contratos nominados e
inominados.
 Contratos nominados ou típicos. São aqueles em que a lei dá
denominação própria e submete a regras estabelecidas. Devemos
sempre preferir a expressão tipicidade, atendendo a que não é a
circunstancia de ter uma designação própria (nomem iuris) que
predomina, mas a tipicidade legal. contratos típicos são aqueles
tipificados em lei. O CC prevê os contratos típicos no título VI, do
livro I da parte especial.

 Contratos inominados ou atípicos (art.425,CC). São aqueles que a lei
não disciplina expressamente, mas que são permitidos, em virtude do
principio da autonomia da vontade. Assim, são atípicos os que
resultam da consensualidade, não havendo requisitos definidos na
lei, bastando para sua validade que as partes sejam capazes (livres), o
objeto do contrato seja lícito, possível e suscetível de apreciação
econômica. Este tipo de contrato não tem previsão expressa Ex.:
contrato de hospedagem.
 Os contratos atípicos ou inominados devem respeitar os parâmetros,
a matiz constitucional, fixados pelos princípios da boa-fé objetiva e
da função social do contrato. Aplicação dos arts. 421 e 422, CC.
 Contrato atípico no CC: art. 425: “É lícito às partes
estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais
fixadas neste Código”.
 Disposições gerais: art. 421 a 480, CC
 Diferença com os contratos coligados ou união de
contratos: O contrato atípico, embora careça de
previsibilidade legal, forma uma unidade negocial
autônoma, diferentemente do que ocorre com a coligação
e união, em que temos vários negócios jurídicos
conjugados, unidos entre si. Na coligação há uma
pluralidade negocial. Para estes também não há previsão
legal, mas aplica-se a autonomia da vontade.
 Ex.: avenças firmadas entre donos de postos de
combustível e os distribuidores de derivados de petróleo.
Há vários contratos coligados, podendo figurar ou não no
mesmo instrumento: contrato de fornecimento de
combustível, comodato de bombas, locação de
equipamentos.
 5. Contratos quanto ao momento da execução: De
execução imediata ou instantâneo; De execução
diferida; De trato sucessivo ou execução continuada

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