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Arquitetos do pós-modernismo Ayrton Lolô Cornelsen
Ricardo Bofill Francisco Bolonha Frank Gehry Michael Graves Philip Johnson Léon Krier
Wassili Luckhardt Pier Luigi Nervi Oscar Niemeyer Juhani Pallasmaa
Paulo Mendes da Rocha Pedro Paulo de Mello Saraiva Ieoh Ming Pei
William Pereira Antoine Predock
Tom Wright (arquiteto) Jørn Utzon
Robert Venturi
ROBERT VENTURI E AS COMPLEXIDADES E CONTRADIÇÕES QUE TRANSFORMARAM O MUNDO DA ARQUITETURA
Robert Venturi (1925-2018) foi um dos mais influentes arquitetos americanos do século passado, não apenas por sua obra construída, nem tampouco por seu trabalho como designer. Neste sentido, ele jamais alcançará o patamar de Wright, Kahn, ou até mesmo Gehry. Entre 1965 e 1985, ele e sua parceira, Denise Scott Brown, provocaram o nascimento de uma nova perspectiva no mundo da arquitetura, transformando a maneira com que percebemos nossas cidades e paisagens, assim como Marshall McLuhan, Bob Dylan e Andy Warhol foram responsáveis por profundas transformações no mundo da arte, da música e da cultura durante o mesmo período.
Trabalhei com Bob Venturi durante a minha formação como arquiteto durante os anos 70; Cresci lendo seus livros e visitando as suas obras. Para mim Bob foi como um pai. Meu pai era apenas um ano mais novo que ele, e Denise tem a mesma idade da minha mãe.
Todos aqueles que viveram entre os anos 1960 e 1970 tiveram o prazer de presenciar uma das décadas mais explosivas e lisérgicas que o mundo já viu. Neste efervescente universo cultural, Bob e Denise Venturi foram tão importantes para os arquitetos como eram as personalidades do mundo da musica e da arte para a população em geral. Eles eram atraentes, espirituosos e descolados - passaram a sua lua de mel em Las Vegas e transitavam entre Yale, Penn, UCLA e o Museu de Arte Moderna de Nova York. Nós os víamos como uma espécie de super-heróis do mundo da arquitetura durante a disseminação meteórica de seus conceitos e ideias durante os anos 60. Logo após seu casamento em 1967, Denise acreditava que eles pudessem alcançar o mesmo nível de influência que seus mentores um dia haviam experimentado, Maxwell Fry e Jane Drew, ou os colegas Allison e Peter Smithson. Ela não precisou nem mesmo se preocupar com isso. Seguindo o sucesso da publicação de Complexidade e Contradição em Arquitetura, Robert Venturi viria a ser um dos arquitetos mais premiados que o mundo da arquitetura já viu, um guru da teoria de nossa disciplina e um incendiário das críticas ao “modernismo corporativo” - um sinônimo da industria militar dos EUA durante o período da guerra do Vietnã.
Nem todos se lembram, entretanto, que por um longo período de tempo, Denise Scott Brown chegou a eclipsar a figura de seu marido: Denise foi a primeira mulher a dirigir um curso de arquitetura, a primeira a assumir uma das maiores empresas do ramo nos Estados Unidos e uma das primeiras a dirigir uma das maiores escolas de arquitetura da América (Yale). Ao incorporar-se ao escritório de seu marido e colega de profissão, ela batalhou duro para encontrar espaço em um campo completamente dominado por figuras masculinas. Bob, felizmente não deu ouvidos àqueles que sugeriram que ele mantivesse o nome da empresa como “Venturi e Rauch” - um dos nomes mais proeminentes e reconhecidos na época.
Denise Scott Brown e Robert Venturi. Imagem Rollin LaFrance, Cortesia de VSBA
Como muitos dos jovens arquitetos que leram o pequeno livro branco de Venturi publicado pelo MoMA, encontrei naquelas minúsculas fotos e em sua prosa densa um argumento libertador contra a arquitetura do establishment da escola "Harvard- Bauhaus", da General Motors e das sofisticadas torres miesianas de aço e vidro projetadas pelo SOM. Apaixonado pela literatura inglesa, eu bem sabia que Venturi havia lido "Os Sete Tipos de Ambigüidade" de William Empson, utilizando-o como base para a avaliação das diferentes "ordens" nos projetos de arquitetura. Também estava familiarizado o suficiente com a obra de Eliot, Pound e os the New Critics - para compreender que aA construções poderiaM ser interpretadas como um texto, a medida que essas figuras analisavam a sintaxe poética, ele transportou estes conceitos para o mundo da arquitetura. Para Robert, os edifícios eram capazes de expressar humor, ambivalência, suavidade, frivolidade - na verdade, qualquer emoção que pudesse também ser transmitida através de poesias, sinfonias ou arte
abstrata. Robert certa vez me disse: veja em Michelangelo, Lutyens, Frank Furness e no Greek Revival bank, logo ali na esquina. Em todos eles você encontrará composições complexas e difíceis, responsáveis por ampliar a nossa consciência estética e desafiar nossas preferencias.
Mal sabia eu que ele tinha mais um livro para ser publicado, pouco tempo antes de concluir minha graduação, algo que viria a causar um estardalhaço tão grande, um impacto ainda maior que Complexidade e Contradição em Arquitetura. O título deste livro já havia sido escolhido enquanto ele aguardava sua publicação: Aprendendo com Las Vegas. Gastei o dinheiro que eu tinha e o que eu não tinha na época para comprar uma cópia - o Novo Testamento que vinha para esclarecer
o Antigo. Ainda mais professo, esta bíblia do pós-modernismo foi calculadamente impressa com as dimensões de um livro sagrado. Eu fui para casa e o li de cabo à rabo sem pestanejar. Pensei muitas vezes, que talvez eu deveria esconde-lo dos meus colegas assim como escondia as Playboys meus pais durante a adolescência.
As idéias de Aprendendo com Las Vegas chocaram tanto o establishment arquitetônico que até mesmo criaram um cisma entre alguns dos entusiastas mais fervorosos de Venturi e defensores do "pós-modernismo". Ele, claro, nunca assumiu esse rótulo. Como todo americano, ele percebia os conceitos de Main Street, de Strip e Long Island como uma extensão de muitos dos movimentos artísticos do pós-guerra, incluindo o realismo de Edward Hopper e Charles Demuth, o regionalismo de William Carlos Williams e Grant Wood, a Supergrafia, a Pop Art e os primórdios do Minimalismo. Scott Brown foi uma das primeiras defensoras da preservação dos bairros urbanos; Steve Izenour foi quem iniciou por primeira vez um projeto de preservação do tipo, o Doo Wop Preservation Society em Wildwood, New Jersey. Charles Moore publicou um livro em homenagem à Disneylândia, “You Have to Pay for the Public Life”. Embora atualmente seja difícil de conceber, durante os anos 1970, essas críticas à paisagem urbana americana eram ainda bastante incipientes.
Assim como no escritório de Louis Kahn, aonde haviam sido forjados dezenas e dezenas de dos mais talentosos arquitetos daquela época, o escritório de Venturi, Rauch e Scott Brown (VRSB) tornou-se um trampolim na carreira de outros tantos novos talentos. Entretanto, os críticos raramente mencionam o fato de que alguns daqueles jovens arquitetos que haviam trabalhado com o Venturi durante os anos 60 e 70 acabaram voltando ao "modernismo" durante a década de 1980 - Steve Kieran, Jim Timberlake, WG Clark e Fred Schwartz por exemplo - ainda que a grande maioria tinha na arquitetura tradicional e vernacular sua mais intensa fonte de inspiração. Tony Atkin, Elizabeth Plater-Zyberk, Stanley Taraila e Cameron McTavish foram aqueles que decidiram seguir os passos do mestre, tornando-se arquitetos e urbanistas de muito sucesso. Como Vincent Scully sempre dizia, sem a figura de Robert Venturi, liderando com ousadia estes jovens pensadores, jamais teríamos presenciado algo como o Congresso para o Novo Urbanismo. A diversidade e o pluralismo são coisas difíceis de aceitar para muitos arquitetos contemporâneos, mas inevitavelmente, são condições intrínsecas à modernidade.
Uma das grandes contribuições de Venturi para a nossa disciplina, mesmo que de maneira não intencional, foi a rápida ascensão da teoria crítica da arquitetura logo após a publicação de Complexidade e Contradição em Arquitetura. Venturi, entretanto, procurou se distanciar desses chamados "teóricos puros", afirmando sempre que era um"arquiteto de ofício", o qual
desejava expressar suas idéias através de edifícios construídos, e não somente em palavras escritas. Pensando assim, Venturi foi um grande pragmático, um americano até os ossos, assim como John Dewey ou Henry David Thoreau. Ao celebrar as "condições da modernidade" porém, sem rejeitar o humanismo, ele se pronunciava frente a difícil situação em que se encontravam a grande maioria dos arquitetos durante a segunda metade do século XX. Filho de um irascível Quaker, vigoroso defensor da igualdade de direitos e da auto-estima individual, Venturi e seu escritório estavam comprometidos em melhorar a qualidade de vida de seus clientes, construindo uma consciência baseada nas inter-relações humanas. Ele nunca se envergonhou em admitir que era, de fato, um arquiteto pop-ulista.
Hoje, infelizmente, é deprimente ver um edifício como o Museu de Arte Contemporânea de La Jolla ameaçado por um empreendimento de segunda categoria. Os grandes projetos realizados pela VRSB tornaram-se ícones da arquitetura moderna americana: Vanna Venturi House, Guild House, Franklin Court Museum, Oberlin Art Museum, Gordon Wu Hall, the Sainsbury Wing. Poucos deles foram construídos depois de 1990.
Durante as últimas três décadas de sua fecunda carreira, Venturi recebeu todos os tipos de prêmios e honrarias, principalmente relacionados às suas primeiras obras enquanto fez pouquíssimos novos amigos na academia ou entre os críticos de arquitetura contemporânea. Agora tudo isso é apenas história. Mas eu ainda tenho esperança de que durante os próximos anos estes críticos passem a olhar para a sua prolífica carreira com outros olhos. Robert viveu durante uma época muito peculiar, aceitando todas as dificuldades e contradições com muito bom humor. Buscando sempre alcançar um meio termo através de seus projetos, ele foi um arquiteto perfeitamente contemporâneo ao seu tempo e lugar: Filadélfia, Estados Unidos, século XX.
Venturi e Scott-Brown mostram que uma arquitetura amigável não implica falta de profundidade intelectual
Robert Venturi. Image © Denise Scott Brown
Minha cabeça, sem dúvida, é difusa e dispersa. Compara elementos distintos da arquitetura, marcados por momentos distantes, os lê e os contempla com paixão e intensidade. Não me resta dúvida que a leitura do protagonista deste artigo deu forma não somente aos meus pensamentos, mas também aos de muitos outros. Morre Robert Venturi, aos 93 anos, uma figura importante e uma referência central para a arquitetura.
E qual é o motivo disso? Venturi escreveu o livro Complexidade e Contradição na Arquitetura, cujas ideias apresentaram uma ótica impactante para toda a disciplina. No livro, Venturi se dedica a explicar uma frase de Rennie Mackintosh: "Há esperança no erro honesto, nenhuma na perfeição congelada do mero estilo".
Jean Beaufort, bajo licencia CC0. ImageLas Vegas, Estados Unidos
O Movimento Moderno, com o final da Segunda Guerra Mundial, foi considerado, por muitos, a única referência possível na arquitetura. O próprio contexto político e econômico tornava difícil valorizar o patrimônio, principalmente por causa da destruição massiva causada pela guerra e pela intensa discussão que tomou conta das teorias de restauro. Dessa forma, o racionalismo se torou
uma arma do desenho, utilizada, por exemplo, na Itália para a recuperação de casas históricas destruídas.
Dentro dessa ótica, em 1962, Venturi vai para a Itália com uma bolsa de estudos, e começa a defender que a assimetria, a imperfeição dos monumentos antigos, as próprias ordens, e toda a surpresa do que é casual já não são vistas tanto como um desvio, mas sim como um passado que tem muito a ensinar. Para ele,o passado enriquece a arquitetura, fazendo parte da vida. Sem dúvida nenhuma sua herança italiana trazia contradição e complexidade para sua mente estadunidense.
Sua carreira profissional, sempre ao lado de sua companheira Denise Scott-Brown, está forrada de exemplos que tiveram grande importância para a arquitetura. A casa que o arquiteto projetou para sua mãe, por exemplo, é citada na literatura ao lado de grandes obras. Ela começa com um frontão e vê sua empena frontal desenhada por um semicírculo como se fosse um arco-íris. Esta recuperação das duas águas do telhado para a arquitetura, que ele considerava contemporânea, foi um posicionamento corajoso enquanto Paul Rudolph, SOM ou Philip Johnson faziam proposições ortogonais. Mais tarde Johnson faz referência a Venturi em seu arranha-céu com janelas - o AT&T - que conta com um frontão dividido.
Franklin Court / Venturi Scott Brown. Image © Mark Cohn
No entanto, Venturi estava mais interessado, por exemplo, em recuperar a casa de Benjamin Franklin na Filadélfia com uma estrutura metálica branca que recuperaria parte da habitação demolida. Também é verdade que Venturi e Scott-Brown foram os grandes arquitetos que abriram a caixa de Pandora do pós-modernismo, confundindo, em muitos casos, a apreciação e a integração com o ambiente, com a decoração e a falta de proporção. Em Aprendendo com Las Vegas (com Denise Scott-Brown e Stepen Izenour) se buscava, já com a narrativa americana e pop, os valores simbólicos da arquitetura e das ruas da cidade.
Um dos seus projetos mais importantes aconteceu a partir de um concurso, a Ala Sainsbury da National Gallery de Londres, em 1986. Venturi deixou claro muitas vezes que não deve ser considerado como um edifício só, mas como uma extensão do museu inglês. É importante destacar que os pilares desta nova ala são réplicas exatas da estrutura do edifício principal de William Wilkins. Como contraste, podemos observar a solução proposta por Henri Cobb, por exemplo, que apostou em uma arquitetura linear e volumétrica, vemos que têm uma linguagem próxima a dos ganhadores. Ou ainda, podemos analisar a proposta de Richard Rogers, e questionar como veríamos hoje em dia as imagens de um Pompidou Londrino. Esses projetos mostram a qualidade do projeto de Brown e Venturi, e justificam a vitória no concurso.
Sainsbury Wing, National Gallery London / Venturi Scott Brown. Image © Valentino Danilo Matteis Portanto, se seu material escrito influenciou muitos anacronismos contemporâneos, ou o pós- modernismo, no sentido mais ofensivo possível, suas obras demonstram influências diferentes. Ao projetar uma construção anexa a um edifício existente, Venturi, conjuntamente com Brown, mostra que é importante fazer uma arquitetura amigável, que seja entendida e apreciada pelas pessoas em geral e que isso não significa projetar com falta de rigor ou profundidade intelectual, mas pelo contrário, é necessário expor a vontade de compartilhar e entregar o seu próprio prazer. Ele mostra que é importante aproximar as pessoas, fazê-las perceber e valorizar as obras de arte sem esquecer de contemplar o grande museu e o nome de quem o projetou e acaba de partir.
Museo de Arte Contemporáneo de San Diego / Venturi Scott Brown. Image © Phillipp Scholz Rittermann
O que é desconstrutivismo?
Tschumi's Parc de la Villette . Imagem Cortesia de The Architectural Review
“Desconstrutivismo” (embora a palavra não conste no dicionário da língua portuguesa), poderia ser entendido como a desmontagem ou demolição de uma estrutura construída, seja por razões estruturais ou como um ato subversivo. Muito além do significado literal da palavra, o fato é que a grande maioria das pessoas, inclusive os arquitetos, mal sabem o que é realmente o desconstrutivismo.
Efetivamente, desconstrutivismo não foi um estilo de arquitetura. Muitos menos pode ser considerado um movimento de vanguarda. Não possui um conjunto de “regras” específicas ou uma estética consensual e também não foi um movimento de revolta contra os paradigmas da arquitetura moderna. Desconstrutivismo poderia ser traduzido como uma provocação, uma incitação à explorar diferentes possibilidades e uma liberdade formal ilimitada.
Durante os anos da Primeira Guerra Mundial, vanguardistas russos conhecidos como construtivistas, romperam com os paradigmasda arquitetura e da composição clássica. Suas séries de desenhosilustravam projetos que desafiavam as “normas geométricas” do mundo da arquitetura. Proporcionando um novo ponto de vista crítico e experimental, suas formas fantásticas provocaram as pessoas à repensar os limites da disciplina, abrindo as portas para um novo universo experimental no campo da arquitetura. No pós-guerra, a Rússia passava por um inevitável e radical período de mudanças e revoluções. Este contexto influenciou decisivamente a maneira de se pensar e conceber a arquitetura. A partir de então, a arquitetura começou a ser vista como uma forma superior de arte, influenciando e sendo influenciada diretamente pela sociedade na qual estava inserida. Por conseguinte, a revolução social resultaria impreterivelmente em uma revolução na arquitetura. A geometria, seja no campo expandido da arte ou na própria arquitetura, assumiu formas completamente irregulares. Naquele momento, Vladimir Tatlin projetou seu monumento em forma de torre, para a Terceira Exposição Internacional de 1919. Seguindo a mesma linha, Aleksandr Rodchenkoapresentou um projeto experimental para uma estação de rádio, onde estavam presentes todos os tipos possíveis de experimentação geométrica e irregularidades formais. Entretanto, seja por motivos econômicos ou tecnológicos, essas arrojadas estruturas nunca chegaram às vias de fato, e permaneceram apenas como esboços de uma realidade que ainda deveria ser explorada.
Paralelamente ao movimento construtivista russo, o modernismo também começava a por suas asas de fora. Talvez tenha sido apenas uma questão de timing de ambos os movimentos que levou o modernismo a triunfar decisivamente sobre o construtivismo. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, tudo o que as pessoas mais desejavam era uma vida estável e descomplicada; O construtivismo não tinha a menor chance de prevalecer em um cenário deste tipo. Toda e qualquer ornamentação foi abolida, deixando apenas espaço para uma funcionalidade elegante e manifesta.
Tatlin Tower. Imagem Cortesia de Flickr User Andy Roberts under CC by 2.0
Qual é a relação entre o desconstrutivismo, o construtivismo russo e o modernismo?
Cortesia de Elizabeth W Garber
Villa Savoye Le Corbusier
Equívocos em torno do desconstrutivismo podem ser o resultado da própria terminologia. A palavra se traduz em um ato de demolir ou desconstruir uma estrutura existente, implicando um ato subversivo. O desconstrutivismo não foi um grande movimento dentro da arquitetura e tampouco um estilo artístico que ganhou o mundo da noite para o dia capaz de transformar a realidade tal qual a conhecemos. Foi uma mistura de construtivismo e modernismo, influenciado pelo pós- modernismo, pelo expressionismo e também pelo cubismo.
O termo apareceu por primeira vez na década de 1980, como uma idéia desenvolvida pelo filósofo francês Jacques Derrida. Derrida, amigo próximo do arquiteto Peter Eisenman, desenvolveu a ideia de fragmentação estrutural para explorar a assimetria da geometria (claramente inspirada no construtivismo russo), mantendo a funcionalidade central do espaço (inspirada pelo modernismo). O tema veio à tona durante o concurso de arquitetura para o Parc de la Villette na primeira metade dos anos 1980, graças tanto à proposta vencedora, desenvolvida por Bernard Tschumi, assim como pelo projeto desenvolvido por Derrida em parceria com Eisenman.
O desconstrutivismo ganhou mais atenção durante a exposição de arquitetura desconstrutivista de 1988 do MOMA, organizada por Philip Johnson e Mark Wigley, apresentando projetos desenvolvidos por Zaha Hadid, Peter Eisenman, Daniel Libeskind, entre muitos outros. Naquela época, o desconstrutivismo não era considerado um movimento estabelecido ou um estilo como o cubismo ou o modernismo. Johnson e Wigley perceberam algumas semelhanças na abordagem projetual dos arquitetos e as apresentaram lado à lado em um dos mais importantes museus de Nova Iorque.
Peter Eisenman. Image © Chris Wiley
Tschumi's Parc de la Villette . Imagem Cortesia de The Architectural Review
Os projetos reunidos nesta exposição possuem uma sensibilidade única e particular, aonde a ideologia da formalidade pura e simples é contestada. Chamamos de desconstrutivistas aqueles projetos que tem a capacidade de desestabilizar a nossa maneira de perceber o mundo. A exposição examina um episódio, um ponto de intersecção entre vários arquitetos, onde cada um deles apresenta uma estrutura inquietante, a qual explora o potencial oculto do modernismo. - Phillip Johnson e Mark Wigley, trecho do livro Arquitetura Desconstrutivista publicado pelo MoMA.
1988 Deconstructivism Exhibition. Imagem via MoMA
Seguindo as teorias de Derrida e a abordagem “vanguardista” do construtivismo russo, os arquitetos começaram a experimentar com os espaços e os volumes. O estilo desconstrutivista foi então caracterizado pela assimetria e descontinuidade. As regras do jogo da arquitetura foram quebradas e a máxima moderna “a forma segue a função” foi completamente abandonada, mas ainda assim, algo do refinamento e da elegância do modernismo permaneceu. Os edifícios foram manipulados de forma a assumir formas geométricas imprevisíveis, mas conservando a sua função. Basicamente, podemos dizer que os arquitetos começaram a se divertir com seus modelos deixando de lado a parte mais prática: e por que não?
No entanto, a maioria dos arquitetos rejeitava o rótulo de “desconstrutivistas”, distanciando-se de qualquer tipo de movimento. Bernard Tschumi acreditava que “chamar a obra desses arquitetos de 'movimento' ou de um novo 'estilo' estava completamente fora de contexto, mostrando como suas ideias eram incompreendidas”, não estávamos tratando de um estilo contrário ao pós-modernismo. Infelizmente, o termo pegou, e estas obras continuam sendo tratadas como arquitetura "desconstrutivista" até hoje. Deixando de lado o chavão, esta abordagem desconstrutivista foi responsável pela criação de algumas das estruturas mais emblemáticas e premiadas do mundo até então, influenciando decisivamente as novas gerações de arquitetos.
Frank Gehry House. Imagem © Liao Yusheng
Louis Vuitton Foundation, Frank Gehry Architects. Imagem © Todd Eberle
Walt Disney Concert Wall
Amor em Las Vegas: 99% Invisible revisita o romance pós-moderno de Denise Scott Brown e Robert Venturi
Qual edifício é melhor, o pato ou o galpão decorado? Mais importante, que tipo de arquitetura o americano prefere? Em seu seminal livro de 1972, Aprendendo com Las Vegas, Denise Scott Brown e Robert Venturi investigaram essas questões, voltando as costas para o modernismo paternalista em favor da brilhante, ostensivamente kitsch e simbólica Meca do urbanismo espraiado, Las Vegas. De um encontro casual na Biblioteca de Belas Artes da Universidade da Pensilvânia a algumas viagens de estudo em conjunto para Las Vegas - descobrir os detalhes ocultos do romance e da cidade que definiram o pós-modernismo é o tema do mais recente episódio do podcast 99% Invisible.
A partir de uma interação clandestina após uma reunião para discutir a demolição da Biblioteca de Belas Artes de 1890 na Universidade de Pensilvania - onde Scott Brown e Venturi lecionavam - a dupla descobriu seu interesse comum pelo histórico e ornamental. Ambos gostavam de arquitetura decorativa e logo começaram a compartilhar pesquisas e até mesmo ensinar um ao lado do outro. Depois de se mudar da Universidade da Pensilvânia para Berkley, Scott Brown tropeçou no mar de néon da strip de Las Vegas. “É amor ou ódio?” Scott Brown lembra de se perguntar. Em 1966, ela convidou Venturi para uma visita à cidade.
© Robert Venturi
Os dois passaram quatro dias fotografando, dirigindo pela strip e, finalmente, se apaixonando. Scott Brown acabaria pedindo a mão de Venturi em casamento e voltando para a costa leste dos EUA, onde ambos assumiriam cargos em Yale. Ainda apaixonados pela cidade, Scott Brown e Venturi planejaram um estúdio de 12 semanas em Las Vegas, onde fizeramanotações, conduziram entrevistas, desenharam mapas, fizeram fotos, percorreram a strip e participaram de inaugurações de cassinos.
©
Denise Scott Brown
Scott Brown e Venturi compilaram o trabalho de seus alunos com a ajuda do assistente de ensino Steven Izenour em 1972 para dar corpo ao seminal Aprendendo com Las Vegas. O livro pedia que os arquitetos se afastassem das torres corporativas e considerassem os lugares cotidianos do gosto das pessoas.
Talvez a inclusão mais famosa nas publicações tenha sido a discussão do pato e do galpão decorado - um edifício genérico constotuído por um bloco modernista que exigia sinalização para expressar seu significado. Venturi e Scott Brown queriam tornar os edifícios legíveis. Assim, nem toda estrutura precisava de um sinal ou forma simbólica, mas precisava desesperadamente se comunicar de algum modo além da impotente torre modernista envidraçada que se tornava cada vez mais comum nas cidades americanas.
Embora o livro tenha sido considerado um chamado em defesa do movimento pós-moderno, Scott Brown notou que Aprendendo com Las Vegas trata menos da strip de Las Vegas em si e mais sobre se
engajar criticamente no cotidiano. Nós, talvez, podemos dizer que o livro trata tando de arquitetura quanto do romance que o originou.
A retomada do pós-modernismo: por que agora?
Piazza D'Italia / Charles Moore. Cortesia de The Charles Moore Foundation
O argumento, elaborado pelo historiador de arquitetura Charles Jencks na introdução de seu novo livro Postmodern Design Complete, de que os estilos pós-modernos nunca realmente deixaram a arquitetura parece mais preciso que nunca. O movimento do final dos anos 1970 que começou como uma reação aos cânones utópicos do modernismo retomou fôlego dentro do campo profissional, definindo o momento presente na cultura arquitetônica.
Isso levanta uma importante questão: qual é o movimento atual da arquitetura? E o que veio na sequência do pós-modernismo? Se é que houve algo, foi um grito lamurioso de "chega de pós- moderno", seguido por uma onda recente de "salve o pós-moderno", muito bem exemplificada pela recente movimentação para preservar o edifício AT&T de Philip Johnson da remodelação proposta pelo Snøhetta. Até Norman Foster se pronunciou, dizendo que embora nunca tenha sido um entusiasta do movimento pós-moderno, compreender sua importância na história da arquitetura. O pós-modernismo está retornando com todas as suas citações e o espalhafato que lhe são característicos. Em um recente artigo publicado pela Metropolis Magazine,, Thomas de Monchaux explica por que essa tendência não é necessariamente um retorno, mas uma revisão de algo que nunca realmente se afastou, com base em três livros: Postmodern Design Complete, Post-Modern Buildings in Britain, e Revisiting Postmodernism. A análise descreve por que depois do pós-moderno veio mais pós-modernismo, e investiga por que especificamente agora estamos presenciando essa retomada.
A torre de Mies van der Rohe em Londres que nunca foi construída
Cortesia de Drawing Matter, REAL foundation. Imagem © John Donat
Na década de 1960, James Stirling perguntou a Ludwig Mies van der Rohe por que não ele ainda não havia concebido visões utópicas para novas sociedades, como a Broadacre City de Frank Lloyd Wright ou Cité Radieuse de Le Corbusier. Mies respondeu que não estava interessado em fantasias, mas apenas em "tornar bela a cidade existente". Quando Stirling contou esta conversa, várias décadas depois, foi na ocasião de um inquérito público convocado em Londres - ele estava tentando desesperadamente salvar o único projeto de Mies van der Rohe no Reino Unido -- que estava prestes a ser negado pelos órgãos municipais de planejamento.
Sem sucesso: a proposta não foi construída; os desenhos foram enterrados em um arquivo privado. Agora, pela primeira vez em mais de trinta anos, a Mansion House Square de Mies será apresentada ao público em uma exposição no Royal Institute of British Architects (RIBA) - intitulada Mies van der Rohe e James Stirling: Circling the Square - e, se conseguir financiamento, em um livro, cuja proposta está atualmente no Kickstarter,
Cortesia de Drawing Matter, REAL foundation. Imagem © John Donat
Descrito pelo Príncipe Charles como "um toco de vidro gigante" e por Richard Rogers como "o culminar da obra de um mestre arquiteto", a elegante torre de escritório de bronze Mies ainda é controversa - mesmo meio século após sua concepção. Um elemento chave para a proposta foi a
criação de uma grande praça pública a leste do local, adjacente à residência do prefeito da cidade. Em alguns aspectos, este espaço era o principal atributo do projeto. Mies tomou um perigoso padrão de ruas em torno do Banco da Inglaterra e racionalizou-o perfeitamente com um único movimento. Debaixo da bagunça das faixas medievais havia uma grade romana quase invisível, que os edifícios neoclássicos próximos já haviam começado a tentar reviver no século passado. Mies acrescentou uma torção à Queen Victoria Street (uma das ruas diagonais que levam ao banco), cujo produto era um novo quadrado quase geometricamente perfeito.
Cortesia de Drawing Matter, REAL foundation. Imagem © John Donat
No final dos anos 1930 Mies tinha sido forçado a fechar a Bauhaus e fugir da Alemanha nazista. Como resultado, houve uma ruptura profunda em sua obra, gerando dois períodos muito distintos - um antes e um depois de sua emigração para a América. A importância da Mansion House Square é que ele foi um dos dois únicos projetos concebidos para a Europa nos 25 anos entre o final da Segunda Guerra Mundial e sua morte em 1969. Ele foi extremamente exigente em relação às comissões que aceitou, e podemos, portanto, assumir que sua torre em Londres deveria estar ao lado da Neue Nationalgalerie em Berlim como uma mensagem para o Velho Mundo. A proposta de Londres de Mies é, portanto, única - uma lição surpreendente de como a arquitetura moderna racionalista deveria abordar os antigos contextos urbanos da Europa.
Cortesia de Drawing Matter, REAL foundation. Imagem © John Donat
Quando Mies visitou Londres em meados dos anos 1960, imediatamente percebeu que o módulo de sua torre estava fora de alinhamento com um edifício adjacente de Lutyens. Todo o módulo foi ampliado e as alturas do piso alterada de modo que as linhas horizontais entre as estruturas envolvessem a praça como um grande ambiente urbano. A grande sensibilidade de Mies ao contexto é notavelmente consistente ao longo de sua vida, desde a Casa Riehl em 1907 até a Mansion House Square, sessenta anos depois.
Não há fantasia para o pensamento de Mies. Ele trabalhava quase exclusivamente em edifícios únicos ou pequenos conjuntos de edifícios, usando uma precisão incrível para harmonizar seus projetos com seus arredores. Ele não escreveu manifestos, ele os construiu. Sua ambição não era revolucionária, mas reformista - em outras palavras, Mies tentou transformar e reformular o que já havia sido feito, ao invés de imaginar uma tábula rasa (que em todo caso é sempre uma espécie de ficção). Em conversa com Stirling, Mies teria concluído o assunto sobre as utopias com uma observação que é ou extremamente arrogante ou estranhamente humilde: "Se os arquitetos não estão felizes adicionando ao contexto existente, é porque eles são incapazes de adaptar seu próprio estilo suficientemente para se misturar e harmonizar."
Dez edifícios que resumem o triunfo do pós-modernismo
Via Archive of Affinities. Imagem © Nils-Ole Lund
Por ser um movimento tão recente no discurso arquitetônico internacional, o alcance e significado do pós-modernismo pode, às vezes, passar despercebido. Nessa seleção, feita por Adam Nathaniel Furman, o "incrivelmente rico, extenso e complexo ecossistema de projetos que surgiram desde a explosão inicial do pós-modernismo nos anos 1960 até o início dos anos 1990", é exposto para nossa análise.
De mesquitas que idealizam um passado idílico, através deAladdin de Walt Disney nos anos 1990, a um teatro em Moscou que tem em sua fachada uma colagem construtivista de cenas clássicas, ainda "há categorias do pós-modernismo a serem descobertas e táticas a serem aprendidas." Esses projetos traçam formas figuração estilística complexas, do pós-modernismo acadêmico a formas mais populares que se espalharam como fogo no final do século XX.
O pós-modernismo como condição arquitetônica, econômica e cultural está vivo e vai bem. Por toda a parte. No discurso arquitetônico, a integração complexa e enriquecedora de múltiplas referências em uma tectônica fluida que incorpora nossas identidades locais simultaneamente multiformes e sem fronteiras foi uma área proibida por muitos anos.
A Basilica de Nossa Senhora da Paz de Yamoussoukro, Costa do Marfim/ Pierre Fakhoury
Basílica de Nossa Senhora da Paz, Yamoussoukro, Costa do Marfim. Imagem © Felix Krohn
Mesquita Sheikh Zayed, Abu Dhabi
Mesquita Sheikh Zayed, Abu Dhabi. Imagem © Phil Page
Horton Plaza, San Diego / Jon Jerde
Horton Plaza, San Diego. Imagem © Joanne DiBona
Piazza d'Italia, New Orleans / Charles Moore
Piazza d'Italia, New Orleans. Cortesia de Notes From Architecture
Walt Disney World Dolphin and Swan Hotels and Resort, Orlando
Walt Disney World Dolphin and Swan Hotels and Resort, Orlando
Grand Lisboa Tower, Macau / Dennis Lau & Ng Chun Man Architects
Courtesy of Dennis Lau & Ng Chun Man Architects. Grand Lisboa, Macau. Imagem via CTBUH
PPG Place, Pittsburgh / Philip Johnson
PPG Place, Pittsburgh. Imagem via The Red List
Edifício do Serviço de Inteligência Secreta (MI6), Londres / Terry Farrell
Sede do MI6 , Londres. Imagem © Tony Grant
Vancouver, Canadá
Vancouver, Canadá. Cortesia de Safdie Architects
Neue Staatsgalerie, Stuttgart / James Stirling
Neue Staatsgalerie, Stuttgart. Cortesia de Nieuwe Musea
A Pós-Modernidade – BRASIL
A arquitetura pós-moderna é um termo genérico para designar uma série de novas propostas arquitetônicas cujo objetivo foi o de estabelecer a crítica à arquitetura moderna, desse ponto surge uma nova corrente arquitetônica, desta vez antagônica ao modernismo como um todo, o chamado “pós- modernismo”. A expressão pós-modernismo tentava identificar tudo o que vinha após o modernismo. No entanto, é difícil definir esse movimento, porque ele bebeu de todas as fontes arquitetônicas ocidentais, até mesmo do modernismo, apesar de renegá-lo em muitos aspectos.
Surgiu a partir da década 60 e perdurou até o início da década de 90 . Seu auge é associado à década de 80 (e final da década de 70) em figuras como Robert Venturi, Philip Johnson e Michael Graves nos Estados Unidos, Aldo Rossi na Itália, e na Inglaterra James Stirling e Michael Wilford, entre outros.
O pós-modernismo teve muito impacto na Europa nos Estados Unidos, no Brasil não existiu o debate com o mesmo vigor e a grande tradição moderna, mesmo bastante desgastada, não permitiu muito espaço para uma crítica de qualidade da produção arquitetônica. Apesar de no Brasil não haver tamanha representatividade na arquitetura pós-moderna, houve discussões em diversas áreas. Como exemplo tem-se Vila Nova Artigas, que mesmo não tendo se desvinculado quase que por completo do Movimento Moderno, já mostrou-se crítico e insatisfeito.
Edifício AT&T, EUA, Philip Johnson. Um dos grandes representantes da Pós-Modernidade na Arquitetura.
A chamada “arquitetura pós-moderna” brasileira se reflete em grande parte na adoção dos elementos formais mais óbvios da manifestação norte-americana do “movimento”. No Rio de Janeiro
seu exemplo mais conhecido talvez seja o edifício Rio Branco, projeto de Edison Musa, que repete o uso do frontão – que se tornou uma marca de Philip Johnson – e subdivide o edifício em base, corpo e coroamento (como na divisão clássica). Igualmente, o arquiteto mineiro Éolo Maia adota como estilo alguns elementos da arquitetura do americano Michael Graves entre outros (Maia utilizou um largo repertório de referências em sua arquitetura). Ainda que criticada pela fragilidade de sua base teórica, a adoção do “pós-modernismo” como estilo teve o importante papel de atenuar a hegemonia da arquitetura moderna no Brasil, apontando a possibilidade de novos rumos.
Centro Empresarial Cidade Jardim, Salvador-BA, Fernando Peixoto.
O arquiteto Robert Venturi traçou um paralelo de características antagônicas entre o pós- modernismo e o modernismo.
	Pós-Modernismo
	Modernismo
	Simbolismo figurativo
	Simbolismo Insinuado
	Ornamento aplicado
	Ornamento integrado
	Arquitetura heterogênea
	Arquitetura pura
	Arquitetura populista
	Arquitetura elitista
	Evolutiva, seguindo ideais históricos
	Revolucionária
	Convencional e configuração barata
	Singular, arrojada até heróica
	Fachadas frontais belas e luxuosas
	Todas as fachadas tratadas iguais
	Construção convencional
	Tecnologia progressiva
	Aceita escala de valores do cliente
	Ideal do arquiteto
Museu de Mineralogia, Belo Horizonte, Minas Gerais, Éolo Maia.
PÓS-MODERNIDADE
“A percepção da forma tem base cultural e o significado em arquitetura é resultado de intensões culturais”. (Norberg-Schulz)
CONTEXTUALIZAÇÃO
O Pós-modernismo vigorou durante aproximadamente 20 anos, nas décadas de 1980 e 1990.
Os anos 80 do seculo XX foram um período extremamente consumista, graças a política economica do presidente norte americano Reagan, que permitiu o enriquecimento de grande parte da população dos EUA. Talvez esse seja o motivo da arquitetura pós-moderna ser chamada também de “arquitetura do consumo”.
CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO ARQUITETONICA NO PÓS-MODERNO
O pós-modernismo caracterizou-se por questionar de diversas maneiras o seu precedente: o modernismo. Cada arquiteto visava repensar um aspecto que considerava falho ou totalmente errado, mas poucos conseguiram combater de uma só vez todas as doutrinas que o modernismo criou. O pós-moderno formular-se como antítese do movimento anterior.
Todos os que se colocaram sob a denominação de pós-modernos queriam, de uma forma ou de outra, fazer com que a arquitetura fosse novamente portadora de símbolos, de signos convencionais que falassem a todos, que comunicassem valores culturais que transbordavam as questões meramente construtivas. Por isso o pós-modenismo resgata os estilos anteriores ao modernismo e os utilizada de forma diferenciada.
Robert Venturi – arquiteto e teórico norte americano – foi o primeiro a escrever sobre o pós- modernismo, ele elaborou um paralelo de características antagônicas entre o modernismo e o pós- modernismo:
	MODERNISMO
	PÓS-MODERNISMO
	Simplificação
	Complexidade, contradição
	Unicidade
	Ambigüidade, tensão
	Exclusividade
	Inclusividade
	Puritanismo
	Hibridismo
	Unidade óbvia (objetividade integrista)
	Vitalidade emaranhada
Com base nesse paralelo vamos esmiuçar cada uma dessas características com o intuito de entender melhor o que elas significaram para a arquitetura.
Complexidade/Contradição: O Pós-modernismo “sacudiu” o marasmo criativo que assolava a arquitetura moderna nos anos 70. Como exemplo de contradição podemos observar o Edifício Mutual de Seguridad, construído em 1999.
Ambiguidade/Tensão: O pós-modernismo bebeu de todas as fontes arquitetonicas ocidentais, até mesmo do modernismo. Essa mistura e sobreposição de elementos é que causa essa sensação de tansão. Na imagem que segue pode-se perceber a simetria e os elementos clássicos misturando-se a elementos construtivos da época (vidro, concreto, etc.), que levanta uma polemica muito grande acerca da obra.
Hotel Unique. Arq. Ruy Otake. Fonte: Acervo da prof. Ana Laura Vilella
Inclusividade: Não há padronização, sempre se parte do pressuposto da obra para o indivíduo que a habita; No caso das instalações do Grupo Escolar Vale Verde por exemplo, onde o arquiteto cria toda uma sombologia para criticar a forma como as escolas trabalham com as criaças.
Instalações do Grupo Escolar Vale VerdeHibridismo: Ocorre um processo quase de clonagem, onde a composição complexa e a justaposição de elementos levam a ornamentaçao gratuíta dos edifícios. A mistura desses elementos é que facilita a interpretação do hibridismo;
Museu de Minaralogia, Belo Horizonte - MG, 1992
Museu de Mineralogia ao lado de edifício histórico
Vitalidade emaranhada: Os pós-modernistas não tinham medo de instroduzir elementos diferentes em suas obras, tanto é que aparecem obras com colunas clássicas, formas geométricas e até mesmo características bem peculiares do modernismo. Isso fornece ás obras essa tal vitalidade emaranhada.
O projeto do Centro Comercial Cidade Jardim de Salvador, do arquiteto Fernando Peixoto possui o que chamamos de vitalidade emaranhada tanto em termos de conceito quanto nas formas e cores. O edifício situa-se na cidade de Salvador em meio a edifícios residenciais. Para fazer com que seu projeto se destacasse dos demais, até pelo fato de possui um uso diferente dos demais, ele optou por formas inusitadas e escultóricas e cores mais ainda. No projeto foram utilizados brises que variam da cor cobre para o cinza. Os brises conformam uma segunda pele que esconde os caixilhos. A estrutura do edifíció é de concreto armado.
Centro Empresarial Cidade Jardim, Salvador. Arq. Fernando Peixoto.
Sabemos, portanto, que os pós-modernistas propuseram-se a restabelecer o contato dos habitantes da cidade com a arquitetura que os rodeava através da utilização do que eles consideraram como signos arquitetônicos, que são os chamados símbolos, ou também arquitetura falante.
Com as imagens a seguir vemos como é clara a diferenciação entre a arquitetura moderna e a pós- moderna:
Edifício Gustavo Capanema - Rio de Janeiro, RJ. É o primeiro edificio modernista do mundo. Projetado por uma equipe de arquitetos, incluindo Oscar Niemeyer e Le Corbusier
Centro Empresarial Raja Gabaglia Fonte: Acervo da prof. Ana Laura Vilella

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