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1 Figura 1: Célula de um sólido cristalino As partículas oscilam em torno de posições médias, presas pelas forças de coesão Figura 2: Dilatação volumétrica (a) A variação do volume depende do volume inical V0. (b) Toda dilatação é volumétrica. As três dimensões sofrem variação (c) Representação da variação do volume 1-Introdução Vimos que a temperatura de um corpo está relacionada com a velocidade das partículas que o constituem. Esta velocidade aumenta quando fornecemos energia térmica para o corpo e diminui quando esta energia é retirada. Um outro fenômeno relacionado com esta variação da energia é a dilatação térmica. A maioria dos corpos tende a aumentar de tamanho quando aquecido (e diminuir quando são resfriados) Novamente é o balanço entre a energia cinética das partículas do corpo e a energia de interação entre as mesmas que nos permitem entender este fenômeno. Veremos a seguir a dilatação nos sólidos e nos líquidos. O estudo da dilatação dos gases faz parte de um contexto maior, o estudo da termodinâmica. 2- Dilatação nos sólidos (i) introdução Consideremos inicialmente a dilatação dos sólidos cristalinos (um metal por exemplo). Estes sólidos são mais simples de se estudar porque suas partículas estão dispostas na forma de figuras geométricas bem definidas, com tais partículas ocupando os vértices destas figuras (veja a figura 1 para uma célula na forma de um cubo). Cada conjunto de partículas assim organizadas é chamado de célula, e um corpo cristalino é composto pela junção destas diversas células. Vamos considerar um caso simples onde as partículas estão dispostas nos vértices de um cubo. Estas partículas não estão fixas em relação às outras e podem se mover em torno de posições médias. Na representação da figura 1 utilizamos pequenas molas para representar esta liberdade relativa. Quando fornecemos energia térmica a um sólido a velocidade de oscilação destas partículas aumenta e cada uma delas tende a ocupar um espaço maior, e a célula como um todo passa a ocupar um espaço maior. E como conseqüência o sólido como um todo sofre dilatação. Nos sólidos não cristalinos (que são chamados de amorfos, o vidro seria um exemplo de sólido amorfo) o fenômeno é parecido mas não é exatamente igual. Nestes sólidos as partículas não estão agrupadas em formas geométricas fixas, e o conceito de célula não se aplica mais. No entanto a idéia geral que quanto maior o grau de agitação mais espaço cada partícula necessita continua valendo. (ii) dilatação volumétrica A dilatação de um sólido ocorre sempre nas três dimensões: altura, largura e comprimento (figura 2-b). O aumento (ou diminuição) destas três dimensões provoca uma variação no volume. Consideremos um corpo de volume inicial V0 (veja a figura 2-a), ao fornecermos energia térmica a este corpo haverá uma variação deste volume. Esta variação é proporcional ao próprio volume inicial (pois quando maior o volume inicial maior é o número de partículas do corpo que precisam de mais espaço). Além disto esta variação também é proporcional à variação de temperatura imposta ao corpo: quanto maior a temperatura maior é o grau de agitação e maior será o espaço ocupado pelas partículas. Resumo de Aula: Dilatação Térmica www.plantaofisica.blogspot.com 2 Quadro 1: Unidade do coeficiente de dilatação volumétrica V V 0 θγ ∆ ∆= [ ] [ ][ ][ ] V V0 θγ ∆ ∆= [ ] C m m 3 3 º/ /=γ [ ] C C 1 1-º º ==γ Figura 3: Dilatação superficial e linear. (a) Na dilatação superficial consideremos apenas a variação da superfície S do corpo (b) No caso da dilatação linear levamos em conta apenas a variação de uma única dimensão,: o comprimento L do corpo Quadro 2: Relação entre os coeficientes de dilatação . Normalmente é fornecido apenas o coeficiente de dilatação linear de um corpo. Podemos obter os outros coeficientes a partir da relação: 321 γβα == No entanto cada material possui características próprias que depende tanto da intensidade das forças de coesão entre seus constituintes quanto de suas massas e disposições geométricas. Tal particularidade é definida a partir de uma grandeza experimental chamada coeficiente de dilatação volumétrica do corpo (γ). Resumidamente estas considerações podem ser resumidas na seguinte expressão: θγ ∆=∆ V V 0 A unidade do coeficiente de dilatação pode ser obtida isolando-se γ na expressão acima (veja quadro 1), fazendo isto obteremos o ºC-1. Esta unidade (o inverso do grau Celsius) é chamada de grau Celsius recíproco. Devemos notar que o coeficiente de dilatação fornece a variação percentual do volume do corpo, por unidade de temperatura. A tabela 1 a seguir fornece alguns valores típicos de dilatação térmica. Por esta tabela podemos perceber que a ordem de grandeza destes coeficientes é de 10-5, o que significa que a variação é de um centésimo de milésimo do tamanho original. substância Coeficiente de dilatação volumétrica (ºC-1) Aço 3,3 x 10-5 Álcool 100 x 10-5 Chumbo 8,7 x 10-5 Cobre 5,1 x 10-5 Ferro 3,6 x 10-5 Vidro comum 2,7 x 10-5 Vidro pirex 0,9 x 10-5 Tabela 1: coeficiente de dilatação volumétrica de algumas substâncias (iii) dilatação superficial Apesar da dilatação ser sempre volumétrica temos alguns casos particulares de interesse, a dilatação superficial e a dilatação linear (próximo item). Dizemos que a dilatação é superficial quando uma dimensão é desprezível em relação às outras, ou quando estamos preocupados apenas com o aumento da área do corpo. A dilatação superficial segue a mesma lógica da dilatação volumétrica. Neste caso temos uma superfície S0 (figura 3-a), que sofre uma variação ∆S, que depende do tamanho inicial, da variação de temperatura e das características particulares do material. Resumidamente: θβ ∆=∆ S 0S Onde β é o coeficiente de dilatação superficial, que vale aproximadamente 2/3 de γ. (iv) dilatação linear. www.plantaofisica.blogspot.com 3 Figura 5: O comportamento anômalo da água. (a) Representação da molécula de água com seus pólos. (b) Água no estado liquido, sem a interação entre os pólos. (c) Surgimento da estrutura cristalina do gelo Figura 4 : Dilatação dos líquidos. Dizemos que ocorre dilatação linear quando uma das dimensões do corpo é muito maior que as outras duas (como no caso de um cabo ou de uma haste) ou quando a nossa preocupação está justamente em avaliar apenas uma dimensão deste corpo (figura 3-b). A dilatação linear é calculada da seguinte forma: θα ∆=∆ L L 0 Onde α é o coeficiente de dilatação linear do corpo, cujo valor é aproximadamente 1/3 de γ e L0 é o comprimento inicial do corpo (veja quadro 2). 3-Dilatação dos líquidos. A dilatação dos líquidos tem a mesma explicação básica da dilatação dos sólidos. Porém temos que lembrar que as forças de coesão entre as partículas no estado liquido são menores que no estado sólido, por esta razão os líquidos se dilatam bem mais que os sólidos. Uma outra diferença importante é que os líquidos são acomodados em recipientes, que também se dilatam quando aquecidos. Ao calcularmos a variação do volume do liquido devemos levar este fato em conta. Consideremos um recipiente de volume V0 completamente preenchido com um liquido (figura 4-a). Quando aquecermos o conjunto, o liquido se expandirá e irá vazar para um outro recipiente (figura 4-b). A questão é que e esta quantidade recolhida representa apenas a dilataçãoaparente do liquido, não a dilatação real. Quando aquecemos o liquido também tivemos que aquecer o recipiente que o continha fazendo com que este também dilata-se , e agora ele tem um volume maior que o original. Isto significa que nem todo o liquido dilatado vazou, parte se acomodou dentro do próprio recipiente. A dilatação real é a soma da dilatação aparente com a dilatação do frasco que continha inicialmente o liquido: aparentefrascoreal VV V ∆+∆=∆ Utilizando a expressão que calcula a dilatação volumétrica, temos: aparente0frasco0real0 V V V )()()( θγθγθγ ∆+∆=∆ Como a variação de temperatura e o volume inicial são os mesmo podemos simplificar a expressão. aparentefrascoreal γγγ += 4-Comportamento anômalo da água. Na introdução deste resumo foi dito que a maioria dos corpos tende a se dilatar com o aumento de temperatura (e contrair com a diminuição desta), vamos ver agora a exceção: a água. O gráfico 1 mostra o que acontece com o volume de uma certa massa de água quando variamos sua temperatura. Perceba que o volume diminui à medida que a temperatura cai, porém há um ponto de mínimo correspondente á temperatura de 4ºC, ponto a partir do qual o volume começa a aumentar enquanto aproximamos a temperatura do 0ºC. www.plantaofisica.blogspot.com 4 Quadro 3: Dilatação dos gases. A dilatação volume- trica dos gases segue a mesma lei da dilatação dos sólidos. θγ ∆=∆ 0V V Porém todos os gases possuem o mesmo coeficiente de dilatação volumétrica. Isto ocorre porque as moléculas de um gás praticamente não interagem. O valor deste coe- ficiente é 1/273 ºC-1. Isto significa que ao diminuirmos a temperatura de um gás, a partir de zero graus, em 1ºC seu volume ficará reduzido em 1/273. Se diminuirmos a temperatura 273ºC o volume deste gás seria reduzido até zero e neste caso teríamos a menor tempertatura (-273ºC) possível, correspondente à menor pressão existente . Gráfico 1: representação do comportamento anômalo dá água Para entendermos porque isto ocorre devemos entender como é a molécula dá água. Sabemos que ela é formada de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Mas é importante termos uma noção de como estes átomos estão dispostos. A figura 5-a mostra uma representação esquemática de uma molécula de água. Além desta disposição atômica especifica (chamada triangular) é necessário saber que a molécula de água é uma molécula polar. Ela tem uma concentração de cargas negativas próxima ao átomo de oxigênio (este átomo tende a “roubar” os elétrons dos outros átomos), desta forma há a separação entre as cargas da molécula: o lado em que está o oxigênio fica ligeiramente positivo enquanto o lado onde se encontra os hidrogênios fica ligeiramente negativo (figura 5-b). Quando a água se encontra no estado liquido todas estas informações são irrelevantes. A agitação de suas moléculas é tão grande que elas interagem muito pouco. Porém, à medida que a temperatura diminui, as moléculas começam a interagir de uma maneira bem específica: O oxigênio de uma molécula é atraído pelo hidrogênio de outra, tudo isto devido à existência destes polos. Como resultado há uma reorganização de tais moléculas em um padrão específico, cuja representação bidimensional (de algo que é tridimensional ) está na figura 5-c. Ocorre que esta disposição faz com que a mesma quantidade de água ocupe um volume maior, devido à existência de espaços vazios entre as moléculas. Este fenômeno de cristalização dá água começa ocorrer exatamente à temperatura de 4ºC (sob a pressão de uma atmosfera) e cessa à 0ºC. Abaixo desta temperatura teremos gelo, cujo comportamento segue o comportamento padrão. Veja mais sobre Física e Matemática no Site Plantão de Física - ΠΦ www.plantaofisica.blogspot.com
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