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TÍTULO II Dos crimes contra o patrimônio Neste título estão consignados os crimes de contra o patrimônio, apesar de os ilícitos contra o patrimônio já estarem protegidos pelo Direito Civil, entendeu-se, por bem, que os ilícitos mais graves seriam considerados também ilícito penal. Isto foi feito de modo a proteger mais do que o patrimônio individual, mas o patrimônio como interesse social. Discute-se se patrimônio seria somente aquilo com valor financeiro, Hungria defende que não, o patrimônio atinge também aquilo que não tem valor econômico. CAPÍTULO I Furto 1 Furto. 1.1 Conceito: Furto Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Furto qualificado § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. Furto de coisa comum Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 1º - Somente se procede mediante representação. § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. 1.2 Bem juridicamente tutela e objeto jurídico: O bem juridicamente tutelado é o patrimônio, englobando-se a posse. O objeto material é a coisa alheia móvel contra qual é dirigida a conduta praticada pelo agente. 1.3 Classificação doutrinária: Comum. Comissivo ou omissivo impróprio. Doloso. Material. De dano. De forma livre. Instantâneo, podendo ser considerado de efeitos permanente se a res furtiva for destruída e permanente, nos casos de furto de energia. Não transeunte. Monossubjetivo. Plurissubsistente. 1.4 Elementos do tipo: A ação nuclear é subtrair, ou seja, tirar, retirar de outrem sem a sua permissão com o fim de assenhoramento definitivo, sendo assim o furto de uso é considerado fato atípico. É importante destacar que não pode haver consentimento da vítima ainda que o bem lhe seja retirado à vista da vítima. É crime de forma livre, pois a subtração pode se dar de várias maneiras, só não pode haver violência ou grave ameaça, pois neste caso, estar-se-ia diante de um roubo. “Coisa alheia” é patrimônio na posse de outra pessoa que não o autor do crime. Não podem ser objeto do delito a res nullius (coisa sem dono), res derelicta (coisa abandonada), res desperdita (coisa perdida), neste último caso não se trata de furto, mas trata-se de crime, qual seja, apropriação de coisa achada (art. 169, p.ún., II). Quando a coisa é própria, mas está sob a posse de outrem, há uma corrente que defende não haver furto, e, sim, crime contra a administração da justiça, se o bem estava com outrem devido à determinação judicial; outra corrente afirma que houve furto, pois este protege não só a propriedade, mas também a posse. Famulato é o furto do empregado das coisas de seu patrão, utilizando-se da confiança que lhe é auferida, de forma transitória, não se trata de apropriação indébita, pois a disposição é transitória. Trata-se de crime comum, podendo ser sujeito ativo qualquer pessoa. O sujeito passivo é a qualquer pessoa, seja ela física ou jurídica. 1.5 Tipo subjetivo: O elemento subjetivo é o dolo, é necessário que o agente queira subtrair a coisa alheia. A expressão “para si ou para outrem” faz pressupor a finalidade do assenhoramento definitivo, assim se o agente subtrai sem a finalidade de ficar com o objeto para si, não há crime, pois falta a finalidade específica que o crime exige, no caso estar-se-á diante de simples furto de uso. Se não houver a finalidade específica de que o agente pratique determinado ato, não há que se falar em constrangimento ilegal. O consentimento da vítima, por óbvio, exclui o crime. Não está prevista modalidade culposa, assim se o agente subtrai a coisa sem saber que é coisa alheia exclui o tipo penal, trata-se de erro de tipo. 1.6 Consumação e tentativa: Discute-se tanto doutrinária, como jurisprudencialmente, qual é o momento consumativo do delito, para Capez e Damásio basta que a coisa se transfira para a disponibilidade do autor do furto, já uma segunda corrente defende que para a consumação do crime é necessária a posse mansa e pacífica da res furtiva. Hipóteses em que o crime de furto se reputa consumado: o agente que furtou perde o bem subtraído, prisão em flagrante de um dos agentes e fuga dos demais com a res, subtração de parte dos bem, prisão em flagrante. A tentativa é admissível, por tratar-se de crime material, desde que a consumação seja impedida por circunstâncias alheias à vontade do agente. Tentativa de furto ou mero ato preparatório, para diferenciar neste caso devemos observar se já houve algum ato para dar início ao núcleo da ação. Crime impossível ou tentativa de furto: loja com sistema de alarmes e segurança, punguista que enfia a mal no bolso errado. Desistência voluntária ou tentativa de furto: deve haver voluntariedade na ação sempre. 1.7 Concurso de pessoas: O crime é monossubjetivo, podendo ser praticado por uma só pessoa. O Código Penal adota a teoria restritiva, sendo autor do crime apenas aquele que efetivamente subtraiu a coisa, todavia pela teoria do domínio do fato também se considera coautor do o mentor intelectual dele. Diferenças entre coautoria e participação. Autor mediato: se utiliza de pessoa sem discernimento. Participação mediante omissão (art. 13, §2º, Código Penal), por exemplo o empregado que deixa a chave na porta do estabelecimento para o outro mais tarde entrar para furtar. O ajuste prévio é indispensável ao concurso de pessoas. A participação posterior no crime só será considerada concurso de pessoas se tiver sido anteriormente acertada. 1.8 Concurso de crimes: O concurso material de crimes é possível (p.ex. estupro e furto) , todavia há que se observar que a prática do crime não pode ser meio necessário para a prática do furto, haja vista o princípio da consunção(p. ex. vilipêndio a cadáver e furto; violação de domicílio/dano e furto). O concurso formal de crimes também é possível (p.ex. agente que furta várias pessoas em um ônibus). A figura do crime continuado também é admitida apenas para crimes da mesma espécie (furto simples e furto simples), uma vez que não se admite que seja executado de maneira diversa, quanto ao furto e roubo o STF, bem como o STJ já se manifestaram no sentido de não ser possível. Discute-se doutrinariamente se aquele que rouba e vende a res furtiva estaria cometendo furto e estelionato ou a venda configuraria apenas um post factum impunível, a corrente majoritária defende ser um post factum impunível. No caso de se furtar um talão de cheques em branco e emitir os referidos cheques posteriormente há decisões em vários sentidos, inclusive no próprio STF: trataria de concurso de crimes (furto e estelionato); trataria depost factum impunível, respondendo apenas pelo furto; o furto estaria absorvido pelo estelionato. Capez defende que se o estelionato ocorre uma vez só é estelionato, já se se usa de vários cheques estar-se-á diante de concurso de crimes. O furto de documento com sua posterior alteração configura concurso de crime de furto coom falsificação de documento público (art. 297, CP). No caso de furto de arma de fogo, haverá concurso de crimes entre o furto e o porte ilegal ou irregular da arma, haja vista haver ofensa a bens jurídicos diversos. 1.9 Furto famélico ou necessitado. É o furto cometido pelo miserável, que precisa do alimento para saciar a fome, neste caso não há crime, graças à exclusão da ilicitude pelo estado de necessidade. O furto famélico não se aplica a bens supérfluos. 1.10 Formas: 1.10.1 Furto noturno: Previsto no §1º, trata-se de causa de aumento de pena (1/3). Trata-se de período de repouso noturno e não noite, ou seja, depende dos hábitos locais, é aquele momento em que as pessoas se recolhem em suas casas para repousar. Não é necessário que a casa esteja habitada, ou mesmo que tenha pessoas dormindo na casa, basta que se esteja no período de repouso noturno, assim já foi entendido pelo STF. A majorante não se aplica a furto qualificado. 1.10.2 Furto privilegiado: Trata-se do furto de pequeno valor e tem alguns requisitos para ocorrer, quais sejam a primariedade e pequeno valor da coisa furtada. A primariedade é apenas a não reincidência não exigindo a lei bons antescedentes. O pequeno valor da coisa subtraída fixado pela jurisprudência é aquele que não ultrapassa o valor de um salário mínimo. Não se confunde pequeno valor da coisa subtraída com pequeno prejuízo, requisito aplicado para o crime de estelionato e não para o crime de furto. O valor deve ser medido no tempo da subração.. No crime continuado, leva-se em consideração o valor total dos bens subtraídos. O benefício concedido constitui direito subjetivo do réu, em que pese a presença do verbo poder. Admite-se a figura do furto noturno privilegiado, observando-se a disposição na lei. Também admite-se o furto privilegiado-qualificado, tendo em vista serem as qualificadoras de natureza objetiva. Não se deve confundir furto privilegiado com princípio da insignificância, já que este último é muito mais abrangente. 1.10.3 Furto de energia: A energia foi equiparada à coisa alheia móvel. Furta-se energia antes de esta passar pelo medidor, a utilização de fraude faz com que o crime seja de estelionato. 1.10.4 Furto qualificado: Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa (inciso I): a violência é contra obstáculo e jamais contra pessoa; a violência pode se dar em qualquer momento da consumação do crime; observa-se que o obstáculo não pode fazer parte do coisa subtraída, assim como deve necessariamente ser destruído; o STJ vem entendo que a prova pericial não é indispensável nestes casos. Com abuso de confiança , ou mediante fraude, escalada ou destreza (inciso II): a confiança decorre de certas relações (difere-se da apropriação indébita); fraude é meio ardil para diminuir a vigilância; não se deve confundi-lo com estelionato, neste a vítima entrega a coisa a ser subtraída ao agente, naquele o agente se vale de um engodo para subtrair algo sem a vítima ver; a escalada significa o obstáculo exigir esforço incomum , o critério é objetivo relacionando-se ao obstáculo e não ao agente; destreza, a chamada punga, o apoderamento do bem sem percepção pela vítima. Com emprego de chave falsa (inciso III): a chave falsa deve ser usada para transpor o obstáculo; chave furtada não é chave falsa; o STF já exigiu exame pericial do objeto. Mediante concurso de duas ou mais pessoas (inciso IV): discute-se se configuraria o concurso se os agentes não estivessem todos presentes, o STJ já admitiu que não há furto qualificado sem a presença, Capez acredita ser dispensável o requisito; quanto à associação criminosa ainda temos pouca jurisprudência, em relação à quadrilha discutia-se, inclusive jurisprudencialmente, a existência ou não do bis in idem; se o coautor for absolvido não há furto qualificado. 1.10.5 Furto de veículo automotor: Ocorrerá sempre que o veículo automotor furtado for transportado para outro estado ou para o exterior. A consumação se dá apenas com a transposição do limite territorial imposto. 1.11 Distinções. Apropriação indébita. Estelionato. Exercício arbitrário das próprias. Favorecimento real. Receptação. Roubo. Peculato-furto. 1.13 Ação penal. Procedimento. Lei dos Juizados Especiais Criminais. Ação penal pública incondicionada. É cabível a suspensão condicional do processo para o crime de furto simples. 1.14 Do furto de coisa comum. O tipo penal tutela a posse legítima ou a propriedade. Trata-se de crime próprio quanto ao sujeito ativo já que pode ser cometido por condômino, coerdeiro ou sócio. O sujeito passivo também é próprio devendo ser as mesmas pessoas citadas acima. É preciso existir o dolo para ficar para si ou para outrem aquilo que é comum. O §2º trata de causa de exclusão da ilicitude. CAPÍTULO II Roubo e Extorsão 1 Roubo. 1.1 Conceito: Roubo Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. 1.2 Bem juridicamente tutela e objeto jurídico: O bem juridicamente tutelado é o patrimônio, englobando-se a posse, a integridade física e a liberdade individual. O objeto material é a coisa alheia móvel e a pessoa humana contra as quais é dirigida a conduta praticada pelo agente. 1.3 Classificação doutrinária: Comum. Comissivo. Doloso. Material. De dano. De forma livre. Instantâneo, podendo ser considerado de efeitos permanente se a res furtiva for destruída e permanente, nos casos de furto de energia. Não transeunte. Monossubjetivo. Plurissubsistente. 1.4 Elementos do tipo: A ação nuclear, tanto no roubo próprio quanto no roubo impróprio, é subtrair, ou seja, tirar, retirar de outrem sem a sua permissão com o fim de assenhoramento definitivo, como no furto, entretanto é mais grave que o furto, pois exige a que a ação seja realizada mediante violência ou grave ameaça. O crime descrito no caput é conhecido como roubo próprio e o do §1º é o roubo impróprio, a diferença entre eles é o momento em que a violência ou grave ameaça é praticada. Meios executórios do crime de roubo: Emprego de grave ameaça: qualquer tipo de ameaça, inclusive o uso ostensivo de arma, ainda que seja de brinquedo ou que o agente simule estar armado. Emprego de violência física: seo empurrão é com intuito de distrair a vítima constitui furto, já se é com intuito de lhe diminuir o poder de reação roubo; no caso de arrebatamento de objeto preso ao corpo da vítima, há discussão doutrinária se o delito constituirá furto ou roubo; Qualquer meio que reduza a impossibilidade de resistência: utiliza-se de sonífero na bebida, por exemplo. Trata-se de crime comum, podendo ser sujeito ativo qualquer pessoa. O sujeito passivo é a qualquer pessoa, seja ela física ou jurídica. O sujeito passivo pode ser imediato (quando é possuidor ou proprietário da coisa) ou mediato (quando não é), no último caso está-se diante de duplo sujeito passivo. 1.5 Tipo subjetivo: O elemento subjetivo é o dolo, é necessário que o agente queira subtrair a coisa alheia, assim também ocorre no roubo impróprio. Roubo de uso: Apesar de não haver similitude com o furto já se decidiu em vários tribunais que no caso de roubar com a devolução posterior, tratar-se-ia de constrangimento ilegal, para parte da doutrina o constrangimento ilegal somente existiria se o uso fosse imediato seguido da devolução. 1.6 Princípio da insifignificância – roubo privilegiado. Não se aplica, visto o atentado à segurança social. 1.7 Crime impossível. Ocorre quando não há objetos a serem subtraídos, entretanto responderá no caso pelo crime correspondente à violência utilizada. 1.8 Desistência voluntária. Pode ocorrer, mas se houver emprego de violência, o agente deverá responder por ela. 1.9 Formas: 1.9.1 Roubo próprio: O constrangimento é empregado no início ou durante a subtração. Discute-se, assim como no furto, o momento da consumação do crime, enquanto para alguns é indispensável a retirada do bem da esfera de proteção da vítima, para outros basta o apoderamento da coisa. O crime se consuma ainda que o agente perca ou se desfaça do bem subtraído; também há consumação no caso de prisão em flagrante, mesmo que somente um dos agentes sem a res seja preso. 1.9.2 Roubo impróprio: O constrangimento é empregado posteriormente à subtração, com a finalidade de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si. Faz-se indispensável a existência de todos os elementos para haver a configuração do delito, caso contrário poderá haver concurso de crimes. A consumação se dá com o emprego de violência. A tentativa não é admissível, pois se o crime não se consuma há furto ou tentativa de furto. Observa-se que se a subtração não se consuma há concurso de crimes, já se não se consuma o constrangimento, há quem defenda, ainda que minoritariamente, que há tentativa de roubo impróprio. 1.9.3 Causas especiais de aumento de pena: Não se tratam de qualificadoras, mas majorantes que devem ser utilizadas na terceira fase de aplicação da pena. Emprego de arma: seja ela própria ou imprópria, para alguns vale a idoneidade da arma em causar maior temor na vítima, aplicando-se a majorante no caso ao uso de armas de brinquedo, aptas a causar o temor, entretanto este não foi o entendimento do STJ ao cancelar a súmula 174 em 2001, o fez sobre o fundamento que a majorante tem por fundamento punir mais gravemente o perigo real à incolumidade física, portanto a majorante não deve ser aplicada também à arma desmuniciada, por exemplo. Sendo assim impõe-se algumas questões: Na hipótese em que o agente emprega arma de brinquedo para praticar crime de roubo, ele responderá por qual crime? Roubo simples, mas há quem conteste. E a simulação de porte de arma constitui causa especial de aumento de pena? Não. É necessário o manejamento da arma para ocorrência da majorante ou basta apenas o seu porte ostensivo? É necessário o manejamento. É necessária a apreensão da arma de fogo e posterior elaboração do laudo pericial para a configuração da causa de aumento de pena? Sim, mas alguns acreditam que não. O agente que pratica o crime de roubo mediante emprego de arma de fogo, tendo o porte ilegal desta, responde pelo crime previsto no art. 14 ou 16 da Lei 10.826/2003? Em regra não, o crime é absorvido pelo delito de roubo, havendo absurdos nestas questões, por exemplo, quando o crime é do art.16 (arma de uso restrito) e o roubo é tentado. O mesmo não acontece se o porte da arma se dá em momento consumativo diferente, sem a intenção de praticar o roubo no primeiro momento. A circunstância se comunica aos demais agentes? Sim, por se tratar de circunstância objetiva. É possível a cumulação da majorante de emprego de arma do crime de roubo com a do crime de associação criminosa? Haveria bis in iden neste caso? O STF entende possível a cumulação. Concurso de duas ou mais pessoas: aplicam-se os mesmos comentários ao furto qualificado, dependerá da presença ou não dos agentes. Destaca-se a presença de menor, a absolvição de um dos coautores e a situação da associação criminosa. Transporte de valores: A majorante se relaciona com o sujeito passivo e exige que o agente reconheça a situação da vítima. O transporte de valores deve ser uma prestação de serviços específica. Roubo de veículo automotor: Neste caso, a majorante se relaciona com o objeto material do crime. Agente que mantém vítima em seu poder: Esta majorante foi incluída para combater o sequestro-relâmpago, todavia não serviu ao que veio, sendo que neste caso, geralmente ocorre extorsão e não roubo, os referidos tipos penais se diferenciam porque naquele é imprescindível a atuação do sujeito passivo. Assim, a majorante não serviu ao que veio, também não era possível punir o agente por extorsão mediante sequestro, pois neste caso é indispensável a presença de terceiro para pagar o resgaste. A situação se resolve apenas em 2009, quando é acrescentado uma majorante parecida ao crime de extorsão. Se o sequestro é praticado depois de se obter a res furtiva há concurso de crimes. 1.9.4 Roubo qualificado pela lesão corporal de natureza grave: Trata-se de crime complexo (roubo + lesões graves). A lesão pode ser provocada por dolo ou culpa que o agente responderá pelo roubo qualificado, haja vista a aplicação do princípio da consunção aos crimes complexos. Se a lesão advém de culpa, não se admite tentativa, todavia se advém de dolo a tentativa é admitida. A lesão leve é absorvida pelo crime de roubo. A lesão pode ser aplicada em terceiro. Não se puniu a lesão que não advém de violência física, o que para Magalhães Noronha foi um erro, devendo nestes casos responder em concurso por roubo simples e lesão. As causas de aumento de pena não incidem sobre a hipótese de roubo qualificado. O crime se consuma com a subtração da res furtiva e a produção das lesões corporais. Não está incluído no rol dos crimes hediondos. 1.9.5 Latrocínio: Também é um crime complexo (roubo + homicídio). É um crime contra o patrimônio, pois o principal objetivo do agente é subtrair a res furtiva. Pode haver dois sujeitos passivos, um suporta a diminuição do patrimônio e o outro o óbito. Não se trata de crime preterdoloso, sendo admitida a morte em caso de dolo ou culpa. Ressalte-se que na hipótese de preterdolo não há que se falar em tentativa. A morte deve advir de violência, caso contrário não há que se falar em latrocínio. Também não se fala em latrocínio se a morte advier de motivos que não a diminuição do patrimônio alheio, o agente respoderá em concurso de crimes. A doutrina e a jurisprudência convencionaram algumas respostas acerca da consumação do crime, prevalecendo a consumação do crime com relação ao crime contra a vida: subtração consumada e morte consumada – latrocínio consumado; subtração consumada e morte tentada – tentativa de latrocínio; subtração tentada e morte consumada – latrocínio consumado(súmula 610, STF); subtração tentada e morte tentada – latrocínio tentado. A competência é do juiz singular, pois por questão de política criminal inseriu o dispositivo nos crimes contra o patrimônio, não admitindo, portanto a interpretação extensiva de dispositivo constitucional. São coautores do crime quem subtrai e quem mata, a menos que o agente que subtraiu não soubesse que seu comparsa levava uma arma de fogo. Ainda que haja várias mortes, se houve apenas uma subtração o crime é único. As causas de aumento de pena não se aplicam a este tipo penal. A morte do coautor por erro qualifica o delito. Trata-se de crime hediondo. Atualmente, entende-se que aquele que mata e depois lhe ocorre de subtrair pertences da vítima respondem por latrocínio. 1.9.6 Concurso de crimes: Há crime único no caso de roubo a várias pessoas com a subtração patrimonial de apenas uma; no caso de uma pessoa ser roubada, mas levar consigo além de seus bens, bens de terceiros; no caso de voltar várias vezes a uma mesma residência em uma só ação para subtrair tudo que lá há. Haverá concurso formal quando num só contexto subtraia bens de várias pessoas. 1.9.7 Ação penal e procedimento: Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. Processa-se mediante procedimento ordinário. 2 Extorsão. 2.1 Conceito: Extorsão Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta- se a pena de um terço até metade. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 § 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009) 2.2 Bem juridicamente tutela e objeto jurídico: O bem juridicamente tutelado é o patrimônio, englobando-se a posse, a integridade física e a liberdade individual. O objeto material é a coisa alheia móvel e a pessoa humana contra as quais é dirigida a conduta praticada pelo agente. 2.3 Classificação doutrinária: Comum. Comissivo. Doloso. Formal. De dano. De forma livre. Instantâneo, podendo ser considerado de efeitos permanente se a res furtiva for destruída e permanente, nos casos de furto de energia. Transeunte ou não transeunte. Monossubjetivo. Plurissubsistente. 2.4 Elementos do tipo: A ação nuclear é a ação de constranger. Os meios de execução do constrangimento é o emprego de violência ou grave ameaça. Não é requisito que a ameaça seja injusta, ainda que ela seja justa configura o delito, por exemplo, alguém que obriga o outro a fazer algo sob pena de denunciá-lo a respeito de crime efetivamente praticado pela vítima. O crime é idêntico ao de constrangimento ilegal, porém aqui existe o dolo específico de se exigir alguma vantagem econômica. A vantagem precisa ser indevida, caso contrário configura crime de exercício arbitrário das próprias razões. Trata-se de crime comum, podendo ser sujeito ativo qualquer pessoa. O sujeito passivo é a qualquer pessoa, seja ela física ou jurídica. O sujeito passivo pode ser aquele que sofre a violência, aquele que deixa de fazer ou tolere que se faça algo que ele não queira e aquele que tem seu patrimônio diminuído. 2.5 Tipo subjetivo: O elemento subjetivo é o dolo específico, pois exige a finalidade de se obter vantagem econômica. 2.6 Consumação e tentativa. Apesar de pequena parte da doutrina defender tratar-se de crime material, a doutrina majoritária sustenta ser crime forma, que se consuma com o simples constrangimento, tal posição está na súmula 96 do STJ que prevê: “o crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção do resultado.”. A tentativa é admissível, basta que o agente não pratique o que foi intimidado. Ressalte-se que a violência ou grave ameaça deve ser idônea, ou seja, constranger o homem médio. 2.7 Formas. 2.7.1 Simples: Prevista no caput. 2.7.2 Causa especial de aumento de pena: Tal circunstância é reconhecida inapropriadamente como qualificadora, apesar de se tratar de causa de aumento de pena. Cometimento do crime por duas ou mais pessoas: aqui não se exige concurso e sim cometimento, ou seja, somente se aplica no caso de coautoria. Com emprego de armas: valem os mesmos comentários acerca do crime de roubo. 2.7.3 Qualificada: É a extorsão qualificada pelo resultado morte, aplica-se todos os comentários feitos ao crime de roubo qualificado pelo resultado lesão ou morte. Ressalte-se que a extorsão qualificada pelo resultado morte é crime hediondo. 1.9.4Qualificada: “Sequestro relâmpago”: Trata-se de crime complexo (roubo + lesões graves). A lesão pode ser provocada por dolo ou culpa que o agente responderá pelo roubo qualificado, haja vista a aplicação do princípio da consunção aos crimes complexos. Se a lesão advém de culpa, não se admite tentativa, todavia se advém de dolo a tentativa é admitida. A lesão leve é absorvida pelo crime de roubo. A lesão pode ser aplicada em terceiro. Não se puniu a lesão que não advém de violência física, o que para Magalhães Noronha foi um erro, devendo nestes casos responder em concurso por roubo simples e lesão. As causas de aumento de pena não incidem sobre a hipótese de roubo qualificado. O crime se consuma com a subtração da res furtiva e a produção das lesões corporais. Não está incluído no rol dos crimes hediondos. 1.9.5 Latrocínio: Também é um crime complexo (roubo + homicídio). É um crime contra o patrimônio, pois o principal objetivo do agente é subtrair a res furtiva. Pode haver dois sujeitos passivos, um suporta a diminuição do patrimônio e o outro o óbito. Não se trata de crime preterdoloso, sendo admitida a morte em caso de dolo ou culpa. Ressalte-se que na hipótese de preterdolo não há que se falar em tentativa. A morte deve advir de violência, caso contrário não há que se falar em latrocínio. Também não se fala em latrocínio se a morte advier de motivos que não a diminuição do patrimônio alheio, o agente respoderá em concurso de crimes. A doutrina e a jurisprudência convencionaram algumas respostas acerca da consumação do crime, prevalecendo a consumação do crime com relação ao crime contra a vida: subtração consumada e morte consumada – latrocínio consumado; subtração consumada e morte tentada – tentativa de latrocínio; subtração tentada e morte consumada – latrocínio consumado (súmula 610, STF); subtração tentada e morte tentada – latrocínio tentado. A competência é do juiz singular, pois por questão de política criminal inseriu o dispositivo nos crimes contra o patrimônio, não admitindo, portanto a interpretação extensiva de dispositivo constitucional. São coautores do crime quem subtrai e quem mata, a menos que o agente que subtraiu não soubesse que seu comparsa levava uma arma de fogo. Ainda que haja várias mortes, se houve apenas uma subtração o crime é único. As causas de aumento de pena não se aplicam a este tipo penal. A morte do coautor por erro qualifica o delito. Trata-se de crime hediondo. Atualmente, entende-se que aquele que mata e depois lhe ocorrede subtrair pertences da vítima respondem por latrocínio. 1.9.6 Concurso de crimes: Há crime único no caso de roubo a várias pessoas com a subtração patrimonial de apenas uma; no caso de uma pessoa ser roubada, mas levar consigo além de seus bens, bens de terceiros; no caso de voltar várias vezes a uma mesma residência em uma só ação para subtrair tudo que lá há. Haverá concurso formal quando num só contexto subtraia bens de várias pessoas. 1.9.7 Ação penal e procedimento: Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. Processa-se mediante procedimento ordinário.
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