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Disciplina: Gerenciamento de Riscos Ambientais e Biossegurança Aula 1: Análise de Riscos Apresentação Nesta aula, analisaremos o histórico dos riscos, as principais conceituações e o constante processo de evolução dos diversos sistemas de gerenciamento desses riscos, abordando as metodologias e as ferramentas preventivas implementadas no Brasil e no Mundo. Primeiramente, veremos uma breve evolução histórica da relação do homem com as atividades de risco. Em seguida, estudaremos a classificação dos riscos, as definições e as terminologias utilizadas, assim como as principais normas relativas ao processo de gerenciamento de riscos. Objetivos Reconhecer a importância do histórico dos riscos ambientais em âmbito do gerenciamento; Identificar as principais definições de riscos e perdas, bem como o entendimento da gestão dos desvios como medidas preventivas; Definir como as ferramentas do Gerenciamento de Riscos deverão ser implementadas para possibilitar as diversas medidas de controle. HISTÓRICO DOS RISCOS As atividades inerentes ao ser humano, desde os primórdios, estão intrinsecamente ligadas ao potencial de riscos. Com relativa frequência, esses riscos resultam em lesões físicas, perdas temporárias ou permanentes da capacidade para executar as tarefas e até em morte. Quando o homem das cavernas se transformou em artesão, descobrindo o minério e os metais, ele pode facilitar seu trabalho com a fabricação das primeiras ferramentas. Contudo, surgiram as primeiras doenças do trabalho, provocadas pelos materiais utilizados para a confecção de artefatos e ferramentas. As atividades de caça e pesca, cruciais à sobrevivência do homem primitivo, por exemplo, sempre foram afetadas pelos acidentes que, muitas vezes, diminuem a capacidade produtiva devido a lesões físicas. QUANDO SE PENSOU EM SEGURANÇA? A informação mais antiga sobre a necessidade da segurança no trabalho, alusiva à preservação da saúde e da vida do trabalhador, está registrada em um documento egípcio, o papiro Anastácio V, que descreve as condições de trabalho de um pedreiro: Se trabalhares sem vestimenta, teus braços se gastam e tu te devoras a ti mesmo, pois, não tens outro pão que os seus dedos. Assim, o homem evoluiu para a agricultura e para o pastoreio, alcançou a fase do artesanato e atingiu a era industrial, sempre acompanhado de novos e diferentes riscos que afetam sua vida e saúde. Por isso, conhecer os perigos, encontrar maneiras de controlar as situações de risco, desenvolver técnicas de proteção, procurar produtos e materiais mais seguros e aplicar os conhecimentos adquiridos a uma filosofia de preservação, foram passos importantes que caracterizaram a evolução humana ao longo da sua existência. Atenção A princípio, a necessidade de proteção dominava as preocupações individuais. Só muito lentamente, em termos históricos, a noção de proteção individual foi sendo substituída pela da proteção da tribo, da nação, do país, do grupo étnico ou civilizacional e, só muito mais tarde, pela proteção da espécie. Portanto, o conceito de prevenção evoluiu juntamente com a racionalidade e a capacidade de organização da espécie humana, desenvolvendo a habilidade da antecipação e reconhecimento dos riscos das suas atividades. Contribuição de Bernardino Ramazzini e outros estudiosos Bernardino Ramazzini. (Fonte: Wikipedia) O estudo da relação do homem com o trabalho e os riscos derivados dessa relação teve início, de forma mais ampla, com o médico italiano Bernardino Ramazzini, considerado o pai da medicina do trabalho. Outros estudiosos apresentaram suas contribuições sobre o tema, com o passar dos anos, levando a uma evolução e mudança de conceitos, ampliando sua abordagem. Nesse contexto, os acidentes de trabalho passam de eventos incontroláveis e aleatórios para tornarem-se eventos indesejáveis e de causas conhecidas e evitáveis. Modificando, assim, o processo tradicional de segurança, baseado em trabalhos estatísticos. O avanço tecnológico 1 1780 O início da Revolução Industrial. 2 1776 A invenção da máquina a vapor por James Watts. 3 1785 O regulador automático de velocidade alterou profundamente a tecnológica no mundo. Foi esse avanço tecnológico que permitiu a organização das primeiras fábricas modernas, a extinção das fábricas artesanais e o fim da escravatura, significando uma revolução econômica, social e moral. Também foi com o surgimento das primeiras indústrias que os acidentes de trabalho e as doenças profissionais (provocados por substâncias e ambientes inadequados) se alastraram, tomando grandes proporções. Grande, também, era o número de mutilados. O movimento prevencionista Melhoras surgiram quando os trabalhadores se tornaram especializados e foram treinados para manusear equipamentos complexos que necessitavam de cuidados especiais para garantir maior proteção e melhor qualidade. Tentativas isoladas para controlar os acidentes e as doenças ocupacionais até eram realizadas. Porém, essa situação grave com acidentes e baixas perdurou até a Primeira Guerra Mundial. Só após seu término, surgiram as primeiras tentativas científicas de proteção ao trabalhador, com esforços voltados para o estudo de: 01 Doenças; 02 Condições ambientais; 03 Layout das máquinas, equipamentos e instalações; 04 Proteções necessárias para evitar a ocorrência de acidentes e incapacidades. Esse movimento prevencionista evolui durante a Segunda Guerra Mundial, devido à percepção de que a capacidade industrial dos países em luta seria o ponto crucial para determinar o vencedor. Essa capacidade seria mais facilmente adquirida com um maior número de trabalhadores em produção ativa. A partir desse fato, a higiene e a segurança do trabalho transformaram-se em uma função importante nos processos produtivos. Saiba mais Nos países da América Latina, a preocupação com os acidentes do trabalho e com as doenças ocupacionais ocorreu mais tardiamente. No Brasil, os primeiros passos surgiram no início da década de 1930 sem grandes resultados. Inclusive, na década de 1970, o Brasil foi apontado como o campeão em acidentes do trabalho. Segurança do trabalho A segurança do trabalho, para ser entendida como prevenção de acidentes na indústria, deve preocupar-se com a preservação da integridade física do trabalhador, mas também precisa ser considerada como fator de produção. 1. Os acidentes, provocando ou não lesão no funcionário, influenciam negativamente na produção através da perda de tempo e outras consequências, como: ✔ Perdas materiais; ✔ Diminuição da eficiência do trabalhador acidentado ao retornar ao trabalho; ✔ Aumento da renovação de mão de obra; ✔ Elevação dos prêmios de seguro de acidente e moral dos trabalhadores afetados. 2. Portanto, as cifras correspondentes aos acidentes do trabalho representam um entrave no plano de desenvolvimento socioeconômico de qualquer país, já que aparecem sob a forma de gastos com: ✔ Assistência médica e reabilitação dos trabalhadores incapacitados; ✔ Indenizações e pensões pagas aos acidentados ou às suas famílias; ✔ Prejuízos financeiros decorrentes de paradas na produção; ✔ Danos materiais nos equipamentos; ✔ Perdas de materiais; ✔ Atrasos na entrega de produto; ✔ Outros imprevistos que prejudicam o andamento normal do processo produtivo. Dessa forma, especialistas dedicam-se ao estudo de novas e melhores formas de se preservar a integridade física do homem e do meio em que atua, por meio do controle e da prevenção dos riscos potenciais de acidentes. Assim, surgiram e evoluíram ações voltadas, inicialmente, à prevenção de danos causados às pessoas, advindos de atividades laborais. Logo, foram elaboradas normas e disposições legais com a finalidade social de reparaçãode danos às lesões pessoais. Estudos de Heinrich, Blake e Bird Na medida em que a preocupação quanto à reparação das lesões se avolumava, estudiosos, como H. W. Heinrich e R. P. Blake, apontavam outro enfoque: a importância de ações voltadas para a prevenção dos acidentes antes dos mesmos se tornarem fato concreto. Juntamente ao seguro social, desenvolveram-se estudos e técnicas que propiciaram a evolução do prevencionismo. O engenheiro H. W. Heinrich chegou ao seguinte resultado proporcional de 1:29:300: isto é, 1 lesão incapacitante para 29 lesões leves e 300 acidentes sem lesões. Essa proporção originou a pirâmide de Heinrich: Pirâmide de Heinrich. Ampliando esses estudos, o engenheiro Frank E. Bird Jr. analisou acidentes ocorridos em 297 empresas, representando 21 grupos de industrias diferentes com mais de 1.750.000 operários, chegando a uma proporção de 1:10:30:600: 1 lesão incapacitante, 10 lesões leves, 30 acidentes com danos à propriedade e 600 incidentes. A partir das relações 1:10:30:600 é possível concluir que o esforço de ação deve ser dirigido para a base da pirâmide e não apenas para os eventos resultantes em lesão grave ou incapacitante. Isso porque as lesões principais são eventos raros e, assim, apresentam-se como oportunidades para a aprendizagem sobre prevenção disponíveis em eventos menos graves, principalmente incidentes, primeiros socorros e atos inseguros. Pirâmide de Bird. | Jairo Fonseca Alvarez Erro humano O comportamento humano nem sempre é constante e racional, por isso não segue padrões rígidos pré-estabelecidos. Assim, o fator humano pode influenciar de maneira substancial a confiabilidade de um sistema e as perdas decorrentes de um acidente. O erro humano é um desvio anormal em relação a uma norma ou padrão estabelecido. Dessa forma, a caracterização do erro humano não é simples e direta, mas depende de uma definição clara do comportamento ou do resultado esperado. Os processos de percepção e aceitação do risco e de tomada de decisão caracterizam-se como os principais catalisadores do erro humano. O erro humano por falta de atenção é inerente à natureza humana: ✔ Realizar uma tarefa de trabalho esquecendo-se de cumprir o passo anterior; ✔ Abrir duas válvulas que nunca poderiam estar abertas simultaneamente; ✔ Acionar tecla ou botão errado; ✔ Não perceber uma mensagem ou informação; ✔ Errar cálculos que são feitos de forma automática; ✔ Falhar em ter mais cuidado. O reconhecimento dos riscos em um processo produtivo ou organizacional é relevante para a identificação e a correção dos desvios do sistema antes que ocorra a sua falha, reduzindo-se, dessa forma, a probabilidade de erro humano. Apesar disso, mesmo que todos os riscos sejam conhecidos, ainda há a possibilidade de falha humana, pois cada indivíduo organiza e interpreta as situações de maneira diferente. Conceituação e definição de termos A seguir, serão apresentados alguns conceitos relevantes para o prosseguimento dos estudos sobre o processo de gerenciamento de riscos. Perigo Fonte ou situação (condição) com potencial para provocar danos em termos de lesão, doença, dano à propriedade, dano ao meio ambiente, ou uma combinação desses. Representa as condições de uma variável com potencial para causar danos, como: Lesões pessoais; Danos a equipamentos; Instalações e meio ambiente; Perda de material em processos ou redução da capacidade produtiva. Desvio Ação ou condição com potencial para conduzir, direta ou indiretamente, a danos pessoais, patrimoniais ou causar impacto ambiental, em desconformidade com as normas de trabalho, procedimentos, requisitos legais ou normativos, requisitos do sistema de gestão ou boas práticas. O conceito de desvio é similar ao de perigo, contudo desvio está associado a uma não conformidade com requisitos pré-definidos. Dessa forma, todo desvio é um perigo, mas nem todo perigo é um desvio, como perigos naturais, ou aqueles oriundos de mudanças e processos inovadores, que não estejam padronizados. Desvios são usualmente evidenciados por inspeções in loco, e são um importante conceito na auditoria comportamental. Perigos podem ser identificados tanto in loco quanto por análise a priori ou técnicas de análises de risco. O encadeamento de perigos ou desvios normalmente são os causadores de acidentes. Segurança Segurança é a garantia de um estado de bem-estar físico e mental, traduzido por saúde, paz e harmonia. Já segurança do trabalho é a garantia do estado de bem-estar físico e mental do empregado no trabalho para a empresa, e, se possível, fora desse ambiente. É um compromisso acerca de uma relativa proteção da exposição a perigos. Dano Consequência negativa do acidente que gera prejuízo. Gravidade da perda humana, material ou financeira. A probabilidade e a exposição podem manter-se inalteradas e, mesmo assim, existir diferença na gravidade do dano. Os danos podem ser: Pessoais – lesões, ferimentos, perturbação mental; Materiais – danos em aparelhos, equipamentos; Administrativo – prejuízo monetário, desemprego em massa. Causa Origem, de caráter humano ou material, relacionada a evento catastrófico ou acidente, pela materialização de um perigo, resultando em danos. É aquilo que provocou o acidente, sendo responsável por sua ocorrência, permitindo que o risco se transformasse em dano. Portanto, antes do acidente existe o risco e após o acidente existe a causa. Existem três tipos de causas: Atos inseguros; Condições inseguras; Fator pessoal de insegurança. Sistema É um arranjo ordenado de componentes que estão inter-relacionados e que atuam e interagem com outros sistemas, para cumprir uma determinada tarefa ou função (objetivo) previamente definido, em um ambiente. Um sistema pode conter ainda vários outros sistemas básicos, chamados subsistemas. Probabilidade É a chance de ocorrência de uma falha que pode conduzir a um determinado acidente. Essa falha pode ser de um equipamento ou componente do mesmo, ou pode ser ainda uma falha humana. Confiabilidade É quantitativamente definida como sendo a probabilidade de um componente, dispositivo, equipamento ou sistema desempenhar satisfatoriamente suas funções por um determinado espaço de tempo e sob um dado conjunto de condições de operação. Sinistro Prejuízo sofrido por uma organização, com garantia de ressarcimento por seguro ou por outros meios. Incidente Qualquer evento ou fato negativo com potencial para provocar danos, que, por algum fator, não leva ao acidente. Também denominado de quase acidente. Esse evento, muitas vezes, é atribuído ao “anjo da guarda”. O estudo dos incidentes leva ao conhecimento sobre as causas que poderiam vir a tornar-se acidentes. Perdas As perdas podem ser tangíveis, quando se referem a prejuízos mensuráveis, ou intangíveis, quando se referem a elementos de difícil mensuração como a imagem da empresa. Ato inseguro É todo ato, consciente ou não, realizado pelo trabalhador ou empresa, capaz de provocar dano ao trabalhador, a seus companheiros ou a máquinas, materiais e equipamentos. Está diretamente relacionado à falha humana. Os atos inseguros são cometidos por imprudência, imperícia ou negligencia. Exemplo: Falta de treinamento; Excesso de trabalho; Pressa; Teimosia; Curiosidade; Improvisação; Autoconfiança. Condição insegura Consiste em irregularidades ou deficiências existentes no ambiente de trabalho que constituem riscos para a integridade física do trabalhador e para a sua saúde, bem como para os bens materiais da empresa. A falta de limpeza e ordem no ambiente de trabalho, assim como máquinas e equipamentos sem proteção ou a segurança improvisada, são fatores que produzem a condição insegura.Fator pessoal de insegurança Problema pessoal do indivíduo que pode vir a provocar acidentes, tais como: Problemas de saúde; Problemas familiares; Dívidas; Alcoolismo; Uso de substâncias tóxicas. Nível de exposição É relativo à exposição a um risco que favorece a sua materialização como causa de um acidente e dos danos resultantes. O nível de severidade varia de acordo com as medidas de controle adotadas, ou seja: Acidente Toda ocorrência não programada que pode produzir danos. Portanto, trata-se de um acontecimento não previsto ou, se previsto, que não é possível precisar quando acontecerá. Há diferentes conceitos para acidente, os principais são: Conceito legal – ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda ou redução permanente ou temporária da capacidade laboral para o trabalho; Conceito prevencionista – ocorrência não programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil, lesões nos trabalhadores ou danos materiais. Risco Risco é uma derivação da antiga língua italiana denominada risicare, que representa evolução social, científica e tecnológica do ser humano em “ousar”, que possibilita uma “escolha” do homem e não um destino divinamente determinado. Alguns autores costumam definir risco como a possibilidade de um evento adverso que possa afetar negativamente a capacidade de uma organização para alcançar seus objetivos. Nesse contexto, o risco é considerado um evento indesejável. No N ível de exposição = Risco Medidas de controle adotadas entanto, ao se apostar na Mega Sena, corre-se o risco de ganhar, o que, de forma alguma, é algo negativo ou indesejável. Para esses autores, a possibilidade de um evento conduzir-se a um resultado favorável é chamada de chance, enquanto a possibilidade de um evento conduzir-se a um resultado desfavorável chama-se de risco. O risco poderá ter pelo menos três significados: Hazard – condições de uma variável com potencial necessário para causar danos como lesões pessoais, danos a equipamentos e instalações, danos ao meio-ambiente, perda de material em processo ou redução da capacidade de produção. A existência do risco implica na possibilidade de existência de efeitos adversos; Risk – expressa uma probabilidade de possíveis danos de um período específico de tempo ou número de ciclos operacionais, podendo ser indicado pela probabilidade de um acidente multiplicado pelo dano em valores monetários, vidas ou unidades operacionais; Incerteza – quanto à ocorrência de um determinado acidente. Ferramentas de Gerenciamento de Riscos A análise de riscos é essencial para o desenvolvimento de um sistema de gerenciamento de risco eficaz, que poderá reduzir o número de acidentes/incidentes nas indústrias. Ela envolve a identificação, avaliação, gerenciamento e comunicação de riscos ao meio ambiente e à saúde, permitindo antecipar e atuar sobre eventos danosos, de forma a planejar ações de controle e de capacitação para agir em emergências. Assim, o risco é definido como a medida de perda econômica e/ou de danos à vida humana resultante da combinação entre a frequência de ocorrência de um evento indesejável e a magnitude das respectivas consequências. O risco está, portanto, associado à chance de acontecer um evento indesejado, assim, deve-se entender que o perigo pode ser intrínseco à operação industrial, mas ele pode ser gerenciado, atuando-se na sua frequência de ocorrência, nas consequências ou em ambas as variáveis. Atenção É importante que o profissional por trás das análises e uso dessas ferramentas seja suficientemente qualificado e saiba que, muitas vezes, o emprego de uma só pode não ser o bastante para a tomada da melhor decisão. Por isso, é importante que essa pessoa tenha o conhecimento das demais ferramentas para que possa buscar a solução ideal em vários recursos. Melhores ferramentas Veja a seguir algumas das melhores e mais utilizadas ferramentas: PFMEA O PFMEA (Process Failure Mode and Effective Analysis) tem como objetivo reconhecer e avaliar a potencial falha de um processo e seus respectivos efeitos. Essa ferramenta também identifica ações que devem ser tomadas para reduzir ou efetivamente eliminar a probabilidade dessas falhas ocorrerem. Além disso, identifica e classifica, para cada etapa do processo, os riscos potenciais de falhas. Ao indicar as possíveis falhas que possuem o maior número de prioridade de risco (RPN), a ferramenta cumpre duas funções: Ajudar a engenharia e o gerenciamento a evitar falhas potenciais, poupando tempo e dinheiro; Determinar a melhor maneira de investir o orçamento financeiro e o tempo disponível. Essa ferramenta acaba se transformando em um banco de conhecimento da empresa, uma vez que fornece o registro de todas as falhas que já foram consideradas e as ações que foram tomadas. What If Ferramenta de aplicação simples e de abordagem muito útil no processo de identificação e de detecção de riscos. É uma técnica que possibilita esse processo em qualquer fase do projeto. Para empregar a ferramenta, são feitas reuniões com a equipe que conhece os processos e são avaliadas questões como o fluxo do processo e dos subprocessos envolvidos, entradas e saídas. Baseando-se no conhecimento dos integrantes da equipe, faz-se a pergunta simples “E se?” (em inglês, What if, nome da ferramenta). Por exemplo: “E se a pressão nessa válvula for muito alta?” A partir das respostas, a equipe é capaz de identificar perigos genéricos e suas causas. Note que as respostas não necessariamente precisam ir a fundo na identificação das causas, mas podem possibilitar aos envolvidos que implantem medidas de prevenção ao detectar possíveis riscos. Check List Trata-se de uma ferramenta de contribuição, uma vez que precisa que os riscos já tenham sido identificados anteriormente em outros processos. O check list serve para verificar a aplicação — ou não — das medidas recomendadas em processos de análise de risco anteriores. Para essa verificação, as medidas anotadas anteriormente são listadas e assinaladas (em um quadrado ao lado de cada uma), divididas nas três opções: “Sim”; “Não”; “Não Aplicável”. É muito fácil e simples adotar o uso de check lists, mas para que seja realmente efetivo, devem ser construídos de forma que sua interpretação e aplicação sejam tão simples quanto. Por isso, torna-se fundamental que a diagramação do formulário seja adequada para que seu preenchimento seja claro. APR A Análise Preliminar de Riscos (APR), como o próprio nome já informa, é uma técnica que deve ser aplicada em fases iniciais de novos projetos ou de novas atividades. É uma ferramenta utilizada para evitar futuros acidentes. Consiste, basicamente, na construção de uma tabela em que são listados os possíveis perigos a uma atividade, a um sistema ou a um processo e quais são as causas e consequências desse perigo. Essas análises são feitas de acordo com o grau de severidade e a probabilidade de acontecerem, gerando um índice de risco que vai de 1 a 3 (3 sendo o mais grave). A tabela ainda pode ser acrescida de mais informações e medidas preventivas ou corretivas. 5 Porquês Para fazer uso dessa ferramenta, é preciso entender que o conceito básico dela é fazer a pergunta “Por quê?” quando um problema for encontrado. Não há uma regra que dita que as perguntas devem ser repetidas 5 vezes, mas esse número é bastante usual na aplicação da técnica. As perguntas geram respostas que tendem a remover as principais camadas de causas imediatas, aquelas que possivelmente escondem as causas básicas. Essa técnica dos 5 porquês tornou-se conhecida por gerar benefícios, como: A identificação das causas básicasde um problema; As relações entre as causas, baixo custo e integração com outras ferramentas de gestão e análise de risco; Envolvimento de diversos funcionários. Tudo isso por ser uma ferramenta de uso simples e prático. Foco na excelência Vimos nesta aula que utilizar ferramentas de gestão e de análise de risco em uma empresa é mais do que priorizar a segurança: é um movimento que envolve as pessoas relacionadas com as tarefas para que a excelência seja sempre a meta. Os esforços devem ser combinados, associando as facilidades das ferramentas e dos métodos a uma equipe dedicada a minimizar os riscos e a aumentar as chances de sucesso do negócio. Outras ferramentas serão apresentadas ao longo de nossa disciplina, como o Hazzop e a Árvore de Falhas, ampliando seu entendimento sobre Gerenciamento de Riscos. (Fonte: Olivier Le Moal / Shutterstock) Atividade 1. “É relativo à exposição a um risco que favorece a sua materialização como causa de um acidente e dos danos resultantes”. Esta é a definição de: a) Incidentes b) Risco c) Dano d) Nível de Exposição e) Acidente 2. Marque a única opção abaixo que não corresponde ao erro humano: a) Avaliação errada de informações confusas b) Participação efetiva em treinamentos e programas de conscientização c) Arquivo Técnico desatualizado d) Falhas na comunicação verbal e) Erros nas comunicações em situações críticas 3. O Engenheiro Frank Bird, após seus estudos em diversas empresas, desenvolveu excelente trabalho prevencionista baseando-se nos: a) Desvios b) Danos c) Acidentes d) Acidentes fatais e) Incidentes Referências ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Normas relativas à prevenção e combate a incêndios e explosões. BARALDI, Paulo. Gerenciamento de riscos empresariais: a gestão de oportunidades, a avaliação de riscos e a criação de controles internos nas decisões empresariais. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro. Manual de planejamento: gestão de riscos corporativos. São Paulo: Sicurezza, 2003. BRITO, Osias Santana. Gestão de riscos: uma abordagem orientada a riscos operacionais. São Paulo: Savaiva, 2007. COCURULLO, Antônio. Gestão de riscos corporativos. Riscos alinhados com algumas ferramentas de gestão: um estudo de caso no setor de celulose e papel. São Paulo: Scortecci, 2002. Próximos Passos Os principais acidentes ocorridos no Brasil; Ampliação da abordagem sobre riscos e perigos; Índices de Riscos; Questões relacionadas à vulnerabilidade de um Sistema com riscos de perdas. Explore mais Não deixe de visitar os sites a seguir. Eles contêm informações relevantes e complementares sobre o tema que acabamos de estudar. Revista Proteção <http://www.protecao.com.br/home/> ; Administradora de imóveis e condomínios CIPA <http://www.cipa.com.br/> ; Blog sobre segurança SESMT <http://www.sesmt.com.br/> ; Assista também ao Documentário: Carne e Osso <https://www.youtube.com/watch?v=887vSqI35i8> e entenda como, em um determinado seguimento, a ausência de medidas de gerenciamento poderão gerar riscos para os trabalhadores e para o negócio de forma geral.
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