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Apresentação argumentos de causa e efeito e senso comum

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: 
TEORIA E PRÁTICA DA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA
PROFESSORA: GLERIS SUHETT FONTELLA
AULA 7b
TIPOS DE ARGUMENTO: SELEÇÃO E COMBINAÇÃO
ARGUMENTOS DE SENSO COMUM E DECAUSA E EFEITO 
OBJETIVOS
Reconhecer estrutura e aspectos persuasivos dos argumentos de causa e efeito e de senso comum.
Distinguir os vários tipos de argumento disponíveis ao profissional da área jurídica.
Compreender que a coesão sequencial depende não apenas das informações registradas, mas também dos tipos de argumento por meio dos quais esses dados são veiculados.
 Estabelecer relação significativa entre as fontes do Direito e os tipos de argumento.
 Redigir parágrafos argumentativos persuasivos.
ARGUMENTO DE SENSO COMUM
Consiste no aproveitamento de uma afirmação que goza de consenso geral; está amplamente difundida na sociedade.
A utilização da interpretação da polifonia no discurso jurídico tem por objetivo fortalecer o processo de persuasão por meio da incorporação de informações, de afirmações de outros enunciadores, como da opinião pública (conhecida como argumento de senso comum), da norma, da jurisprudência, da mídia, da Igreja, da família, enfim, vozes de diversos campos culturais que reforçam a posição do sujeito enunciador. 
Os meios de comunicação, além de informar, também realizam um “julgamento paralelo”, desencadeando na opinião pública um complexo conjunto de sentimentos, como, por exemplo, perplexidade, ódio, vingança, sensação de impunidade, etc.
Enfim, por todas as razões apresentadas, o senso comum é, hoje, fonte de prestígio cada vez maior no meio jurídico. 
Este argumento é muito bem recebido quando funciona como reforço de outros argumentos. 
O argumento de senso comum reforça os argumentos de autoridade e de causa e efeito, mas ele pode ser também associado a qualquer outro, dando-lhe completude e validade. 
EXEMPLOS:
 Sabe-se que quem tem o nome incluído no SPC passa por uma situação constrangedora. Sendo assim, aquele cujo nome foi inserido indevidamente nesse cadastro tem direito à indenização por danos morais.
"O que nosso país faz com os aposentados é uma vergonha! Velhinhos, que contribuíram a vida toda para a construção da história de nosso Brasil, passam dias nas filas do Seguro Social, esperando por uma aposentadoria irrisória, vergonhosa até. Maltratados, morrem em filas de hospital, não têm direito sequer a remédios e são as pessoas que, matematicamente, mais pagaram impostos ao governo, o mesmo governo que nem sequer os assiste. Essa situação precisa mudar, pois, além de insuportável, representa a maior das injustiças.” 
ARGUMENTO DE CAUSA E EFEITO 
Causa e efeito ou causa e consequência são como as duas faces de uma mesma moeda, pois, para que haja um efeito, naturalmente deve ter havido uma causa e vice-versa. Causa e consequência são quase indissociáveis, dependentes entre si. 
Atentando-se para as razões que deram origem a um determinado fato, é possível que o Direito se importe mais com a causa do que com o fato negativo (efeito). 
Causa: fato jurídico motivador da consequência também jurídica do fato. 
 Ex.1, pág.86
Quando se fala em aumento do número de atos infracionais cometidos por crianças e adolescentes na cidade do Rio de Janeiro, pode-se estar querendo discutir quais as causas de tal fenômeno. Qual seria a relação entre a prática desses “delitos” e a pobreza, por exemplo, ou o grau de escolaridade desses menores, ou o tráfico ilícito de entorpecentes? Somente será possível avaliar adequadamente como coibir as consequências desse fenômeno, ao localizar a sua causa. 
O Desembargador Sérgio Cavalieri Filho assinala a necessidade de distinguir causa e fator:
Por causa entende-se aquilo que determina a experiência de uma coisa: a circunstância sem a qual o fenômeno não existe. É, pois, o agente causador do fenômeno social, sua origem, princípio, motivo ou razão de ser. Eliminada a causa, o fenômeno haverá de desaparecer. Já o fator, embora não dê causa ao fenômeno, concorre para a sua maior ou menor incidência. É a circunstância que, de qualquer forma, concorre para o resultado. 
Pode-se dizer, por exemplo, que a pobreza, a miséria, é um fator de criminalidade, porque, segundo as estatísticas, 90% ou mais da população carcerária são constituídas de pessoas provenientes de classes sociais mais humildes. Mas não é certamente a causa do crime, porque há um número muito grande de pobres que não delinquem. Pode-se dizer igualmente que o analfabetismo, a ignorância, é outro fator da criminalidade(...) 
Para o Direito, o nexo causal existente entre dois eventos tem grande relevância, porque todo indivíduo tem direitos e obrigações decorrentes dos atos que pratica em face das demais pessoas que vivem sob as regras de um mesmo ordenamento jurídico. 
"nexo causal, ou relação de causalidade, é aquele elo necessário que une a conduta praticada pelo agente ao resultado por ela produzido". 
Se houve o dano, mas sua causa não está relacionada ao comportamento do agente, inexiste a relação de causalidade e, também, a obrigação de indenizar.
Ver caso concreto 1, pág. 88
. 
Certa vez, um soldado do Exército, chamado X, colocou sobre um armário do quartel um colchonete e, acima dele, um aspirador de pó. Quando o soldado K foi puxar o colchonete, dias depois, foi atingido pelo pesado aparelho de aspirar pó que não havia conseguido visualizar.
Será que a conduta de guardar esse objeto no referido lugar é um comportamento esperado para aquele contexto ou X agiu de maneira imprudente? Na verdade, o que perguntamos é: existe nexo de causalidade entre a conduta de X (deixar o aspirador de pó sobre um colchonete) e o resultado (os ferimentos causados em K)? 
Vejamos outro caso concreto, pág. 89.
Se uma pessoa contrata um hospital para fazer uma cirurgia e, em decorrência da conduta imperita adotada pelo médico durante a realização do procedimento cirúrgico, o paciente passa por problemas graves, a responsabilidade pelos danos causados à saúde do consumidor é da contratada. 
Perceba que o vínculo causal entre a conduta adotada e o resultado alcançado gera a obrigação jurídica de indenizar. É fato, portanto, que a relação de causa e consequência entre dois eventos é de grande importância, por exemplo, para a atribuição da responsabilidade de indenizar. 
Se tomarmos o vínculo causal entre dois eventos como elemento estruturante de um raciocínio argumentativo, três possibilidades são inicialmente vislumbradas. Perelman as enumera assim:
1- A argumentação facilita a relação entre dois acontecimentos sucessivos, por meio de um vínculo causal. 
2- A argumentação seleciona um acontecimento e busca descobrir qual a causa que pode tê-lo determinado. 
3- A argumentação analisa um acontecimento e tenta evidenciar quais os efeitos que dele devem resultar. 
A tendência natural do homem é a de sempre tentar entender o porquê ( o motivo, a causa) que impeliu alguém a adotar determinado comportamento, pois é por meio da causa que se consegue estabelecer uma interpretação coerente da conduta do indivíduo. 
A relação de causa e efeito entre dois eventos, muitas vezes, aproxima-se do próprio problema que a argumentação precisa enfrentar. 
Ver Relatório de apelação cível. PP 90-91. 
QUESTÃO DISCURSIVA
Leia o caso concreto indicado para esta aula e recorra, se desejar, às fontes indicadas. Redija um texto argumentativo que contenha 3 parágrafos: um argumento pró-tese, um argumento de causa e efeito e um argumento de senso comum. O caso concreto desta aula tem repercussão civil e criminal. Escolha apenas uma dessas linhas para teu texto.
Cliente baleado diz que vigia disparou após discussão em porta giratória
O cabeleireiro João Adriano Santos, de 29 anos, foi baleado por um vigia de uma agência bancária em São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, após ser parado na porta giratória e discutir com o funcionário. O tiro atingiu João nas costas, mas não causou ferimentos graves. Ele está consciente
e foi liberado após receber tratamento no Hospital São Mateus.
A Polícia Militar foi acionada pouco depois das 14h para ir até o banco, na Avenida Mateo Bei. O vigia, de 37 anos, está detido. João Adriano relatou que havia ido ao banco pagar uma conta e foi parado na entrada. O segurança teria pedido que ele retirasse todos os objetos de metal do bolso, mas João disse que não carregava nenhum objeto desse tipo. Houve uma discussão e João conta ter sido insultado pelo vigia.
Após entrar, João Adriano ficou ao lado do segurança, esperando que o amigo que o acompanhava passasse pela porta giratória. Nesse momento, afirma ter levado uma rasteira e, em seguida, o tiro. Ele foi levado para o hospital e, às 19h, estava no 49º Distrito Policial, em São Mateus, prestando depoimento. ?Acho que todas as portas giratórias de banco tinham que ser retiradas porque não há funcionários preparados para trabalhar com elas?, afirmou. A agência bancária foi fechada logo após o incidente.
O Banco disse estar acompanhando a recuperação do cliente e lamentou o ocorrido. Em nota oficial, a instituição afirmou que "colabora com as investigações sobre o incidente até o total esclarecimento dos fatos".
(Disponível em: <http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/03/cliente-baleado-diz-que-vigia-disparou-apos-discussao-em-porta-giratoria.html>. Acesso em: 12 fev. 2012.
Se julgar adequado, recorra às polifonias adiante:
Lesão corporal
Art. 129 do CP: Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 14 do CP: Diz-se o crime:
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
Pena de tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
Art. 6º do CDC: São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
Art. 14 do CDC: O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
A partir do caso concreto, produza uma fundamentação em texto corrido, dividido em parágrafos, de forma a buscar a adesão do auditório que a recebe. Na construção dos argumentos, deve-se buscar a persuasão e a reflexão crítica. 
Utilize-se, pelo menos, de argumento pró-tese, argumento de oposição, argumento de autoridade e argumento de causa e efeito. 
CASO CONCRETO 
Dijanira Baptista foi fumante inveterada por trinta anos. Ela era casada com Mauro Costa e tinha dois filhos: Mauro Costa Jr. e Paulo Baptista Costa. Em 28 de setembro de 1999, faleceu em decorrência de câncer pulmonar, provocado pelo fumo excessivo do cigarro de marca Hollywood, da companhia Souza Cruz S.A.
Seus familiares alegam que a companhia de cigarros sempre ocultou informações e dados sobre a nocividade do cigarro à saúde. A vítima fumava dois maços de cigarro por dia, cerca de 500.000 cigarros em trinta anos, e que tal fato, aliado à falta de informações sobre o produto nocivo, teria sido o responsável pelo contraimento da doença.
Além do mais, só recentemente as companhias são obrigadas a restringir o horário de veiculação de propagandas e a emitir comunicado de que o fumo é prejudicial à saúde. Isso, infelizmente, não chegou a impedir que Dijanira se tornasse viciada em cigarros, uma vez que era fumante de longa data, motivo pelo qual a família pleiteia indenização por dano. Após a descoberta do câncer, lutou duramente contra o vício: "Minha mãe tentou parar de fumar, mas as crises horríveis de abstinência e a depressão atrapalharam muito.
Quando conseguiu vencer o vício, a metástase estava diagnosticada". Paulo Gomes, advogado representante da Souza Cruz, afirma que a empresa cumpre as determinações legais e que seu produto apresenta todas as informações aos consumidores. Em relação às propagandas, sustenta que a apresentação de jovens saudáveis em ambientes paradisíacos não é prática apenas da indústria tabagista: "Desconheço a existência de publicidade que vincule produtos a modelos desgraciosos ou cenários deprimentes, que causem repulsa ao público-alvo.
Ademais, os consumidores têm o livre-arbítrio de escolher o que consumir e o quanto consumir". Segundo o advogado da família, os estudos comprovam a nocividade do cigarro, que contém mais de quatro mil substâncias químicas: "Entre elas está o formol usado na conservação de cadáver, o fósforo, utilizado como veneno para ratos e o xileno, uma substância cancerígena que atrapalha o crescimento das crianças. Se o cigarro não mata de câncer, há 56 outras doenças causadas por seu uso e exposição. É óbvio que a propaganda é indutora de seu consumo".
Se entender conveniente, recorra às fontes indicadas a seguir:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências.

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