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Apresentação AULA 1 A

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: CCJ 0051 TEORIA E PRÁTICA DA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA
PROFESSORA GLERIS SUHETT FONTELLA
AULA 1 A 
ARGUMENTAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO
ARGUMENTAÇÃO 
Convencimento e persuasão
Argumentar é, primordialmente, levar o destinatário a agir de uma maneira determinada, pois o advogado que arrazoa um recurso, sustentando uma tese específica, procura fazer com que o magistrado pratique uma ação determinada por ele: julgar a causa a seu favor. Sua argumentação não teria objetivo final se o magistrado somente cresse nos seus argumentos, mas não agisse deferindo-lhe o pedido. Nesse caso, teríamos um argumento convincente, mas não persuasivo. Logo, argumentar é a arte de convencer e persuadir. 
Quando convencemos alguém, esse alguém passa a pensar como nós. Persuadir é construir no campo das emoções, é sensibilizar o outro para agir. Quando persuadimos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele realize.
Logo, entre o crer e o agir existe sempre uma sombra que nem sempre a argumentação atinge.
Ressaltamos, então, que quando se trata da adesão de espíritos de que fala Perelman, isto é, a arte de persuadir, há uma necessidade de adequar os argumentos ao auditório ou à pessoa a que se destina, pois quando alguém se dispõe a ouvir uma argumentação, predispõe-se também a interpretar o que diz o emissor.
Uma ideia forte nem sempre constitui um bom argumento. Logo, uma ideia, para que se faça um bom argumento, necessita, além de seu conteúdo, dois fatores a ela exteriores: 
*primeiro, a compreensão e o entendimento do leitor; 
*segundo, a coerência com os demais argumentos elencados no texto. 
CONDIÇÕES DA ARGUMENTAÇÃO: 
1ª: ter definida uma tese e saber para que tipo de problema essa tese é resposta.
2ª: ter uma “linguagem comum” com o auditório. Temos que adaptar a nossa linguagem às condições intelectuais e sociais daqueles que nos ouvem, e não o contrário.
3ª: ter uma boa interação com o auditório, com o outro. 
4ª e a mais importante: é agir de forma ética, ou seja, argumentar com o outro, de forma honesta e transparente. Do contrário, a argumentação fica sendo sinônimo de manipulação. Agir com honestidade nos confere uma característica importante em um processo argumentativo: a credibilidade em relação ao outro.
 DISTINÇÃO ENTRE FUNDAMENTAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO
O advogado quando argumenta, defende um posicionamento, buscando a adesão do destinatário. Desse modo, o advogado, como defende um interesse, não apenas explica o seu raciocínio, mas sim expõe um raciocínio que leva, por seu percurso, a uma adesão que depende do interlocutor, fazendo uso de técnicas argumentativas.
 Enquanto a fundamentação tem seu centro de gravidade no emissor, a argumentação se concentra naquele a quem se dirige – destinatário – pois parte sempre de um posicionamento comprometido.
Entretanto, em momento algum, podemos assegurar que o argumentante possa dispensar a fundamentação, pois ele parte dela para valorizar sua tese por meio de argumentos, que se concentram no receptor.
Da mesma maneira, o parecerista não dispensa argumentos, pois ele também deve se preocupar em convencer o seu próprio raciocínio, mas não a busca de adesão do destinatário.
Quando o juiz fundamenta, explica seu próprio raciocínio segundo as provas apresentadas, os motivos que o levaram a decidir, ao passo que quem argumenta, além de constituir um raciocínio logicamente aceitável e persuasivo, preocupa-se em enunciá-lo com elementos linguísticos, de conteúdo e de forma, que facilitem a aceitação do interlocutor sobre a tese que procura fazer valer.
A fundamentação da sentença ou do acórdão é, portanto, a justificativa arrazoada da decisão, e deve ser bem detalhada, para explicar às partes sobre sua razão.
FUNDAMENTAÇÃO SIMPLES E FUNDAMENTAÇÃO COMPLEXA
A argumentação é um tipo de texto que se materializa em todas as peças processuais. Como na maioria das vezes não nos referimos a esta ou àquela peça, denominamos esta parte argumentativa genericamente de "fundamentação". 
A distinção entre fundamentação simples e complexa é didaticamente útil. A doutrina jurídica endossa amplamente essa distinção quando classifica os casos concretos como casos simples e casos difíceis (ou complexos). A relação é bastante clara: quando temos de enfrentar um caso concreto simples, a fundamentação para ele desenvolvida será simples; quando o caso for difícil, a fundamentação, complexa. 
As diferenças essenciais entre os dois tipos de fundamentação estão em três critérios: 
a) a temática jurídica a ser enfrentada; 
b) tipos de argumento a que se recorre para alcançar os objetivos pretendidos pelo operador do direito; 
e consequentemente, 
c) a extensão do texto argumentativo. 
Quanto à temática jurídica sobre a qual o argumentador se debruçará, podemos dizer que os casos concretos simples são aqueles em que o profissional do direito já possui estruturado no ordenamento jurídico pátrio todo o repertório a que necessitará recorrer na fundamentação: a legislação regula de maneira clara, específica e não controvertida a matéria; a dogmática jurídica não levanta problemas no tratamento do tema; a jurisprudência mostra-se uniformizada quanto à solução mais adequada acerca das questões relativas ao assunto. 
Por tudo isso, os casos concretos simples são resolvidos pela mera aplicação das regras então vigentes, suscitando do argumentador esforço argumentativo reduzido. 
Com relação aos tipos de argumento, os casos simples exigem a produção de uma estrutura bastante simplificada, que consiste em introito, argumento pró-tese, argumento de autoridade, argumento de oposição e conclusão, nesta ordem. 
ESTRUTURA DA FUNDAMENTAÇÃO SIMPLES
Introito
A fundamentação simples é aquela usada para casos concretos simples, em que a subsunção do fato à norma é suficiente para resolver o conflito jurídico
Argumento pró-tese
Argumento de autoridade
Argumento de oposição
Conclusão
Como se percebeu, a extensão da fundamentação simples é reduzida, pois carece de apenas cinco parágrafos. Parece pouco, mas precisamos lembrar que a própria OAB, em diversas oportunidades, sustentou que uma boa petição inicial, em toda a sua estrutura, para os casos simples, não demanda mais que duas ou três laudas. 
Os casos concretos difíceis ou complexos não cabem nas soluções prontas, emolduradas, previsíveis que a dogmática jurídica preparou para operar a subsunção do fato à norma. Não precisam ser inéditos, mas a complexidade do fenômeno jurídico exige o olhar sempre atento do argumentador, cuja sensibilidade vislumbra detalhes que merecem enfrentamento mais acurado. 
Não se trata de propor uma nova estrutura para a fundamentação complexa, mas de partir daquela apresentada para a fundamentação simples (introito + argumento pró tese + argumento de autoridade + argumento de oposição + conclusão) e agregar outros tipos de argumento em número, variedade e sequência sempre imprevisíveis, dependendo de cada caso concreto. 
FETZNER, Néli Luiza Cavalieri (Org. e Aut.); TAVARES Jr., Nelson Carlos. VALVERDE, Alda da Graça Marques. Lições de Argumentação Jurídica: da teoria à prática. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.. p: 85-97. 
INTROITO
	O introito tem as funções de apresentar e contextualizar a questão jurídica a um só tempo. Não é propriamente um tipo de argumento, mas um parágrafo com a função de iniciar o texto argumentativo. Essa introdução não é mera formalidade, porque possui o papel bem marcado de facilitar a aceitação dos argumentos que virão em seguida.
	A utilização de introitos na estrutura argumentativa complexa, apesar de não ser obrigatória, mostra-se bastante eficiente. 
	Os tipos de introito mais comuns no Direito são os que se seguem: localização do fato no tempo e no espaço, explanação de ideia inicial, enumeração e retomada histórica. 
	No introito intitulado explanação de ideia inicial, o parágrafo tem a função de apresentar em linhas gerais o tema a ser debatido.
	A proposta de introduzir a argumentação
por enumeração é uma das mais tradicionais. Tendo em vista que esse tipo de texto deve, além de apresentar um ponto de vista, defendê-lo por meio de argumentos, a introdução pode ter o papel de apresentar, em síntese, esses fatos/raciocínios e desenvolver cada um deles pormenorizadamente em seguida. 
	A retomada histórica é outra forma de introduzir as fundamentações jurídicas. Para um texto de tamanho relativamente curto, como é o caso da fundamentação simples, não cabe a exposição minuciosa de um histórico. Sugerimos que seja realizada apenas uma relação analógica entre um elemento do passado e um do presente.

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