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Resumo Texto - Dos Fatos Jurídicos e do Negócio Jurídico de Claudio Luiz Bueno de Godoy

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Comentários retirados do texto “Dos Fatos Jurídicos e do Negócio Jurídico de Claudio Luiz Bueno de Godoy”
Livro III – Dos Fatos Jurídicos: Parte do CC dedicada ao regramento, em última análise, da relação jurídica. Ou seja, na estruturação orgânica da Parte Geral, correspondente à divisão clássica do direito subjetivo, a nova legislação, depois de fixar regras atinentes ao sujeito (Pessoas – Livro 1) e ao objeto (Bens – Livro 2), ocupa-se em estabelecer preceitos que cuidam na sua divisão clássica, do terceiro elemento integrativo do direito subjetivo, isto é, a relação jurídica. 
O atual CC impõe uma sistematização mais técnica que a contida no CC/1916. Pois o código anterior tratava do tema entre os artigos 74 até o 80 chamando de Disposições Preliminares, as quais eram, basicamente, assentamentos doutrinários, e não raro fonte de contradição, razão de o novo CC as ter suprimido. 
O CC/02 adotou a tática de dividir o Livro III de acordo com as formas pelas quais se pode manifestar um fato que tenha consequências jurídicas, sem qualquer previsão de disposições preliminares. Em outras palavras, o novo CC dedicou-se na estruturação do Livro III diretamente à divisão do fato jurídico, logo se dando a tratar do negócio jurídico (Título I), do ato jurídico lícito (Título II) e do ato ilícito (Título III). Tudo, sempre partindo da noção genérica de fato jurídico.
Fato Jurídico: a base da divisão orgânica do Livro III.
O livro III da Parte Geral do Código Civil se ocupa de traçar regras acerca da relação jurídica, cujo suporte, cuja origem enfim está no fato, em um acontecimento a que o direito reconhece efeitos jurídicos, o chamado fato jurídico. (AMARAL, Francisco. Direito Civil: introdução. p. 171).
Nem todo acontecimento da vida, que altera a realidade, gera consequências jurídicas, bem como, bem todo fato induz o nascimento, a modificação ou a extinção de uma relação jurídica. Por exemplo, o cair da chuva, o acenar de mãos. Isso significa dizer que o fato pode ou não ser jurídico. Será um fato jurídico desde que preencha os requisitos de incidência de uma norma jurídica que lhe empresta efeitos jurídicos. 
Fato jurídico é aquele que se insere em uma estrutura normativa, que corresponde a um modelo configurado por uma norma que incide, conferindo-lhe efeitos jurídicos. 
O fato jurídico a rigor encerra o pressuposto de atuação concreta da previsão abstrata da hipótese normativa. 
Fato jurídico é aquele acontecimento da vida que produz consequências jurídicas devido uma previsão normativa, o qual pode ou não depender da atuação do sujeito do direito subjetivo do homem.
Caso o fato jurídico decorra de conduta humana então se classifica esse fato como um ato jurídico. E isso é uma substancial alteração do novo CC. No CC anterior tínhamos que o ato jurídico era todo aquele que tivesse por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direito. Entretanto há fatos jurídicos que apesar de voluntário não tem por fim imediato adquirir, modificar ou extinguir um direito, por exemplo, a pesca de forma lícita. Quando se fisga o peixe, há o ato voluntário da ação de pescar, e produz consequências jurídicas, por ser uma forma de aquisição da propriedade móvel por ocupação. O que temos que notar é que o pescador em momento algum pretendia, com seu ato, adquirir a propriedade do peixe pescado. Mesmo assim esse efeito se deu. Temos assim, um exemplo de uma conduta voluntária que o direito reconhece efeitos jurídicos apesar deles não serem a finalidade a que se voltava aquele comportamento, quer sob a perspectiva de quem agia, quer do quanto socialmente se enxerga naquele agir. 
Podemos classificar o exemplo da pesca como um o ato-fato jurídico, um tipo específico de ato jurídico por ser revertido apenas de uma vontade natural voltada a alteração no plano físico das coisas (encontrar um tesouro, a posse, ou a ocupação). Já no ato jurídico de sentido estrito há a manifesta uma vontade dirigida à obtenção de efeitos jurídicos, os quais. Em ambos os casos temos em comum a ação humana e previsão legal de tal conduta causando efeitos no meio jurídico, porém decorrem automática e complemente da lei, sem espaço para a auto-regulamentação ou sem que a lei se preocupe especialmente com a intenção do agente para atribuir efeitos ao ato, tomado apenas em sua voluntariedade.
De tal forma que podemos distinguir ato-fato de ato jurídico estrito da seguinte maneira:
Ato-fato jurídico é que aquele possui uma vontade natural que altera o plano físico das coisas, 
Ato jurídico estrito é um ato com vontade finalística de obter determinados efeitos jurídicos. 
Por outro lado, o que possuem em comum é a voluntariedade do ato humano que corresponde a uma previsão legal. 
No CC de 2002 diferenciou-se ato jurídico que constava no artigo 81 do CC/1981 por negócio jurídico e diferenciando tal termo dos outros atos jurídicos lícitos.
TÍTULO I - Do Negócio Jurídico (art. 104 - 184)
Negócio jurídico (art. 104 ao 184) é uma espécie do gênero fato jurídico por possuir significação e estrutura próprias. No novo CC temos diferenciação entre o negócio jurídico e o ato jurídico lícito (ato não negocial, ato jurídico em sentido estrito ou ato-fato). 
O Código Civil de 2002 adotou a teoria dualista para a classificação dos atos jurídicos, disciplinando o negócio jurídico, que não era tratado explicitamente pelo Código de 1916, pois utilizava apenas a expressão genérica “atos jurídicos”. Para a corrente unitária não existe qualquer diferença entre ato e negócio jurídico, enquanto a dualista entende que são distintos. O pensamento unitarista é encontrado no Código Civil francês, no italiano e no brasileiro de 1916, e é defendido 4473 por juristas como Vicente Ráo. Como exemplos do dualismo, estão os Códigos português e brasileiro de 2002, cujos precursores foram autores germânicos (Hugo Thibaut e Savigny), da escola pandectista, e A. Von Tuhr, que ganha a adesão de autores como Giuseppe Stolfi, F. Santoro Passarelli, Roberto de Ruggiero, Giuseppe Mirabelli e Emílio Betti, na Itália; Federico de Castro y Bravo, na Espanha; Ramón Aguila, no Chile; Pontes de Miranda, Orlando Gomes, Miguel Reale, Antonio Junqueira de Azevedo, entre outros, no Brasil (ABREU FILHO, 2003, p. 16-30).
Negócio jurídico se define como um ato jurídico lícito composto de uma declaração de vontade privada dirigida à produção de um resultado jurídico. Em outras palavras, negócio jurídico é uma manifestação de vontade voltada à obtenção de efeitos jurídicos previstos no ordenamento. No negócio jurídico o sujeito declara uma vontade consciente e qualificada, por isso que se destina, tem por objetivo alcançar determinados efeitos jurídicos relacionais, de aquisição, modificação ou extinção de direitos. 
A base do entendimento do conceito está na vontade e sua consequência (s). Pois se trata de uma vontade externada de maneira que o ordenamento faz atuar efeitos jurídicos exatamente correspondentes ao querer do declarante, uma manifestação de vontade diretamente voltada a um fim prático e que ordenamento tutela enquanto expressão da autonomia do sujeito, de auto-regulamentação de seus interesses.
Negócio jurídico = Declaração de Vontade + Efeitos Normativos provocados pela declaração de vontade. 
Ato Jurídico em Sentido Estrito = Vontade constitutiva de Direito não qualificada para finalidades jurídicas. (Pág. 390)
O CC/16 possuía visão voluntarista ou subjetiva do negócio que fazia repousar sobre a vontade os seus efeitos jurígenos, como se a vontade não precisasse ser declarada de modo consonante com exigências valorativas do ordenamento. Isso decorre da influência dos direitos de primeira geração, cujo objetivo era a afirmação dos indivíduos em face da atuação do Estado. 
O CC/02 baseia-se na teoria preceptiva ou objetiva na qual o negócio jurídico encerra uma norma jurídica concreta, um preceito concreto, um comando objetivo a que o ordenamento empresta eficácia jurígena. A força jurígena no negócio nem está só na vontade, nem só na lei.A rigor, a lei autoriza a autonomia privada, tornando possível que o negócio produza efeitos jurídicos, munindo-o de eficácia. 
O conceito atual de negócio jurídico está centrado na Autonomia Privada (em contraposição ao centro na vontade do indivíduo resultante dos direitos de primeira geração). Uma vontade exprime um ato de iniciativa merecedor de tutela, e assim, de efeitos jurídicos, caso atenda aos interesses coessenciais dispostos no ordenamento, por exemplo, valores básicos da dignidade da pessoa humana e solidarismo consoantes na CF. 
O conceito moderno de negócio jurídico cuida de uma liberdade fundamental que se garante aos indivíduos, de regular seus interesses de estabelecer relações jurídicas mediante constituição ou modificação de direitos tal como preceituaram, mas com força vinculativa conferida pelo ordenamento desde que atendidos valores por ele dispostos. Temos uma liberdade, não natural, porém uma liberdade jurídica, social, intrinsecamente limitada por elementos axiológicos, por valores sociais dispostos no ordenamento, cujo atendimento condiciona o alcance dos efeitos jurídicos buscados por quem nesse sentido manifestou vontade. 
O negócio jurídico, do ponto de vista genético, deveria ser considerado o ato pelo qual o sujeito regula seus próprios interesses nas relações com os outros (ato de autonomia privada), mas ao qual o direito reconhece efeitos jurídicos desde que conforme uma função econômico-social que o caracterize.
A real diferença que no atual tratamento do negócio jurídico se encontra, com especial interesse no novo CC, está no abandono de sua consideração a partir, exclusivamente, da vontade que, manifestada, movimenta a sua formação. 
Temos então a Teoria da Auto Responsabilidade a dar substrato ao regramento do negócio jurídico no novo CC. A responsabilidade de quem declara vontade e cria situação de confiança a terceiros que deve também ser preservada.

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