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Unidade I SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA Profa. Claudia Figueiredo Saúde Ambiental A Saúde Ambiental está voltada à integridade do meio ambiente (ex.: água, ar, solo, ciclos geológicos, biodiversidade). Todos os seres vivos possuem necessidades vitais que dependem da boa qualidade do meio ambiente para a manutenção de sua própria existência (ex.: respiração, cadeia alimentar, ingestão de água). Então, a manutenção de qualquer ser vivo depende da manutenção do meio ambiente. Manejo sustentável seria a definição para a utilização dos recursos naturais sem degradar ou esgotar sua fonte. Vigilância Sanitária A Vigilância Sanitária está voltada à integridade da saúde pública. A saúde pública depende de medidas que diminuam, eliminem ou previnam riscos à saúde (ex.: saneamento básico, esgotamento sanitário, controle de zoonoses, inspeção sanitária). A saúde pública depende também de estratégias que promovam processos, fiscalizações e estudos que protejam a saúde (ex.: campanha de vacinação, pesquisas sobre doenças tropicais, programas de educação ambiental). Saúde Ambiental e Vigilância Sanitária Têm os seguintes objetivos: conscientizar os profissionais da área da saúde quanto a ação humana sobre o meio ambiente; identificar os principais problemas relacionados ao meio ambiente que interferem no processo saúde-doença em níveis – individual e coletivo; analisar instrumentos e medidas socioeconômicas que promovam a melhoria da qualidade de vida. Histórico do processo saúde-doença Na Antiguidade era predominante a teoria mística, que relacionava a doença com fenômenos sobrenaturais. A saúde era dádiva e a doença era castigo dos deuses. A medicina mágico-religiosa era exercida por sacerdotes, feiticeiros, xamãs. Com o surgimento dos primeiros filósofos, foi implantada a teoria dos miasmas (humores), que relacionava a doença como consequência de gases e odores vindos do solo e atmosfera (animais e dejetos em decomposição), como um desequilíbrio entre as forças da natureza. Destaque da época para Hipócrates (por volta de 400 a.C.). Histórico do processo saúde-doença Com os avanços nos estudos da medicina, foi formada a teoria da unicausalidade (microbiana), a qual defendia que a doença era causada por um agente etiológico (bactéria). Destaque na época para Louis Pasteur – meados de 1860. Após a 2º Guerra Mundial, eventos na área da epidemiologia, complementaram a visão anterior, levando à teoria da multicausalidade, a qual explicava que as doenças são causadas por um agente etiológico e/ou um conjunto de outros fatores como: físicos, psíquicos, químicos, ambientais e sociais. Destaque para estudo de doenças crônicas, epidemias e doenças metabólicas. Saúde Saúde é o estado de adaptação do organismo ao ambiente físico, psíquico e social em que vive, no qual o indivíduo sente-se bem e não apresenta sinais ou alterações orgânicas evidentes (saúde subjetiva). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS): saúde é definida como o bem estar físico, mental e social de um indivíduo ou população. Saúde é a harmonia dos fenômenos vitais (homeostasia). Fonte: http://oficinadamemoria.usuarios.rdc. puc-rio.br/index.php?pagina=ex_fisicos Processo saúde-doença A saúde e a doença estão interligadas e dependem dos mesmos fatores: agente, hospedeiro e meio. Agente: em nível individual ou coletivo, o agente é a causa da patologia. Ex.: agente patológico, uma situação de estresse. Hospedeiro: em nível individual, o hospedeiro é o organismo que detém a patologia; em nível coletivo, seria uma população submetida a uma epidemia. Ex.: dengue. Meio: local onde o organismo se encontra com as coisas ao seu redor e que exercem influência sobre ele. Coletivamente, podemos perceber que locais amparados pelos agentes de saúde e controle de zoonoses apresentam índices menores de doenças. Relações do indivíduo com seu meio ambiente As relações de um indivíduo com seu meio interferem em seu processo de saúde-doença: o estilo de vida (alimentação, trabalho, atividade física); as condições sanitárias (saneamento básico e esgotamento sanitário em local de moradia, higiene pessoal). Fonte: Claudia Figueiredo e Olívia Beloto – autoras do livro-texto. Meio ambiente A OMS define meio ambiente como tudo o que está ao redor do ser humano, podendo ser físico, químico, social e cultural, mas sem interação entre eles; permite a ideia subjetiva de bem-estar, pois este está vinculado à realidade vivenciada pelo indivíduo. O meio ambiente não deve ser considerado somente aquilo que é exógeno ao ser humano. Há também fatores intrínsecos a ele, como os genéticos, e diversos outros aspectos que influenciam, direta ou indiretamente, no processo saúde-doença. Assim, o meio ambiente envolve todas as coisas vivas e não vivas da Terra que interferem no ecossistema e, consequentemente, na vida dos seres humanos. Degradação do meio ambiente O meio ambiente oferece influência sobre o processo saúde-doença dos organismos. As crescentes agressões ao meio ambiente têm se tornado motivo de estudo para ecologistas e de preocupação para as grandes nações. As agressões ao meio ambiente ao longo da história aumentaram com o avanço tecnológico e o estímulo da economia, e foram agravados após a Revolução Industrial (séc. XVIII), com aumento significativo da poluição do ar. Processo saúde-doença e o meio ambiente É preciso que as pessoas tenham o hábito de refletir diariamente sobre o consumo sustentável. Primeiramente, é necessário modificar diversos costumes e valores, atingidos somente com educação ambiental e comunicação. Como fazer? Primeiramente, as pessoas precisam ser capazes de reconhecer que o ambiente faz parte do ser humano. Por que isso é importante? Porque, de acordo com o grau de relação do ser humano com o meio ambiente, o processo saúde-doença pode ou não ser afetado. Interatividade Tentando explicar o processo saúde-doença, a humanidade formulou, ao longo da história, algumas teorias. Analise as sentenças e assinale a sequência correta sobre as teorias: I. A doença era uma consequência de gases e odores do solo e da atmosfera. II. A doença era causada por um agente etiológico (bactéria). III. A doença era um castigo dos deuses. a) Teorias: mística, multicausalidade, miasmas. b) Teorias: unicausalidade, dualidade, multicausalidade. c) Teorias: miasmas, unicausalidade, mística. d) Teorias: mística, miasmas, mágica. e) Teorias: holística, unicausalidade, humores. Aspectos históricos da saúde: da colonização aos dias atuais Reflexão: Em que momento da história o homem passou a pensar em saúde? Qual era a importância da saúde? A saúde nos dias atuais é a mesma desde a colonização do Brasil? E, por fim, em que momento o homem passou a perceber que o meio ambiente refletia em sua saúde? Período Colonial (1500 até 1822): a produção econômica do país visava aos interesses da Coroa Portuguesa. Saúde da população precária: as medidas para o combate de doenças eram pontuais e visavam ao aumento da economia. De 1685 a 1694 houve uma campanha pontual contra a febre amarela, doença que afetava os trabalhadores e a produção de açúcar, ou seja, a situação econômica do país. Primeira República ou República Velha (1889 até 1930): favoreceu o crescimento de ideias liberais e republicanas (que visavam a ideais abolicionistas) e exigências internacionais favoreceram a substituição do trabalhoescravo pelo trabalho assalariado. Aspectos históricos da saúde: da colonização aos dias atuais Mas afinal, qual era o quadro sanitário dessa época? Quadro sanitário da época: escravos e imigrantes traziam consigo muitas doenças, como: sexuais, hanseníase, tuberculose, febre amarela, cólera, malária, varíola e leishmaniose. Sofriam com mordidas de animais peçonhentos e enfrentavam condições precárias de vida e trabalho, contribuindo para endemias e epidemias. Qual a diferença entre epidemia e endemia? Aspectos históricos da saúde: da colonização aos dias atuais Endemia: ocorrência coletiva de uma doença em uma determinada área, acometendo a população de forma permanente e contínua. Ex.: malária no norte do Brasil. Epidemia: enfermidade de ocorrência súbita, acometendo em pouco tempo um número alto de pessoas, como em vários Estados. Ex.: dengue. Obs.: a dengue foi considerada inicialmente uma doença endêmica, que acometia regiões litorâneas, principalmente no verão; no entanto, já é considerada uma epidemia, pois avançou para vários Estados, em todas as estações. Aspectos históricos da saúde: da colonização aos dias atuais 1902: criação do Programa de Saneamento, no Rio de Janeiro, e de Combate à Febre Amarela, em São Paulo. Oswaldo Cruz, nomeado diretor geral da Saúde Pública, utilizou campanhas sanitárias para combater as epidemias rurais e urbanas. Criação do Instituto Oswaldo Cruz para pesquisa e desenvolvimento de vacinas. 1904: aprovada lei para vacinação contra a varíola, favorecendo uma revolta popular (Revolta da Vacina), mas também o controle da doença. Aspectos históricos da saúde: da colonização aos dias atuais 1920: Carlos Chagas assumiu o Departamento Nacional de Saúde e introduziu propagandas para educação sanitária da população com foco na prevenção de doenças. Criação de órgãos para o controle de doenças como: tuberculose, hanseníase e sexualmente transmissíveis. Surge a Previdência Social: assistência médica aos trabalhadores. Restante da população: dependência da medicina popular e casas de misericórdia. 1922-1929: rupturas no cenário político pela crise mundial. 1930: revolução comandada por Getúlio Vargas (Era Vargas); criação do Ministério da Educação e Saúde – ações de saúde pública, de caráter coletivo. Aspectos históricos da saúde: da colonização aos dias atuais Investimento na região Sudeste – desequilíbrio entre as regiões do Brasil; migração e êxodo rural – surgimento das favelas (crescimento desordenado). Crescimento industrial X condições precárias de trabalho = aumento dos riscos aos trabalhadores e problemas de saúde, piorando a qualidade de vida e de saúde da população. 1953: a criação do Ministério da Saúde independente da criação do Ministério da Educação. Final dos anos 1970: agravamento da crise da previdência – início dos movimentos sociais em busca de melhores condições de saúde e de vida; criação de programas como o de imunização, vigilância epidemiológica, dentre outros. Aspectos históricos da saúde: da colonização aos dias atuais Papel das conferências na saúde e no meio ambiente Modificações na saúde no Brasil tiveram início a partir das conferências nacionais, que sofriam influência das conferências internacionais. Conferências (internacionais e nacionais) são movimentos que ocorrem periodicamente em defesa da ampliação dos campos de ação em saúde e em meio ambiente para o alcance dos objetivos propostos. 1977 (na 30ª Assembleia Mundial de Saúde): a OMS organizou a Primeira Conferência Internacional sobre os Cuidados Primários de Saúde, em Alma-Ata (Cazaquistão, 1978). Tema: “Saúde para Todos no Ano 2000”. Papel das conferências na saúde e no meio ambiente 1978: Primeira Conferência Internacional sobre os Cuidados Primários de Saúde (em Alma-Ata). Elaboração da Declaração Alma-Ata: reafirma a saúde como um direito do ser humano. A Declaração de Alma-Ata gerou o conceito de saúde: “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença”. Papel das conferências na saúde e no meio ambiente 1986: Primeira Conferência sobre Promoção da Saúde, em Ottawa (Canadá). Papel da conferência: demonstrava uma preocupação das organizadoras em relação à industrialização e ao impacto sobre o meio ambiente. Elaboração da Carta de Intenções, com objetivos de: definir promoção da saúde; atingir os níveis de completo bem-estar físico, mental e social junto com o meio ambiente; descrever os pré-requisitos básicos de saúde, como: paz, habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade. Papel das conferências na saúde e no meio ambiente Em 1988, na Austrália, ocorreu a II Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, conhecida como Conferência de Adelaide, cujo tema tratado foi a “Promoção da Saúde e Políticas Públicas Saudáveis”. Enfatizou a equidade e os compromissos com o impacto de tais políticas sobre a saúde da população. Em 1991 ocorreu a III Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, em Sundsvall (Suécia), que foi a primeira conferência a tocar diretamente a interdependência entre a saúde e ambiente em todos os seus aspectos. Enfatizou o tema ambiente não apenas à dimensão física ou natural, mas também às dimensões social, econômica, política e cultural. Papel das conferências na saúde e no meio ambiente A Carta de Ottawa foi crucial para inserir o meio ambiente como fator importante para a saúde. Após a Carta de Ottawa, o Brasil teve grande avanço no setor da saúde – criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em que as suas competências e atribuições são mantidas na Lei Orgânica de Saúde, constituída por duas principais leis: Lei nº 8.080/90 e Lei nº 8.142/90. O SUS tem como base os princípios da: universalidade, equidade e integralidade da atenção à saúde da população brasileira. Papel das conferências na saúde e no meio ambiente Universalidade: para a extensão de cobertura dos serviços a toda a população, eliminando barreiras jurídicas, econômicas, culturais e sociais. Equidade: a superação das desigualdades sociais em saúde implica a redistribuição da oferta de ações, independentemente de cor, raça ou posição social. Integralidade: um modelo de atenção integral à saúde, contemplando um conjunto de ações de promoção da saúde, prevenção de riscos e agravos, assistência e recuperação. Política Nacional de Saúde Ambiental (PNSA) No Brasil, a base legal da Política Nacional de Saúde Ambiental se inicia com a referência normativa relativa à saúde ambiental no país, que encontra-se expressa na Constituição Federal de 1988: art. 196: define a saúde como “direito de todos e dever do Estado”; art. 200: fixa como atribuições do (SUS), entre outras, a execução de “ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador” e “colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho”; art. 225: no qual está assegurado que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Política Nacional de Saúde Ambiental (PNSA) No ano de 2001, com a finalidade de propor e avaliar a Política Nacional de Saúde Ambiental (PNSA), foi instituída uma portaria pelo Ministério da Saúde, constituindo a Comissão Permanente de Saúde Ambiental (Copesa). A Copesa foi composta pelas secretarias do Ministério da Saúde e instituições vinculadas, como: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); Fundação Nacional de Saúde (Funasa); Agência Nacionalde Vigilância Sanitária (Anvisa). Política Nacional de Saúde Ambiental (PNSA) Na elaboração da PNSA consideram-se as diretrizes e os princípios do SUS, sob a ótica da Saúde Ambiental: a universalidade do acesso, a integralidade da assistência e a equidade de condições; a preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral e a igualdade da assistência à saúde; o direito à informação e a divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e à sua utilização pelo usuário; a utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; a união dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados e municípios. Desafios: estimular o envolvimento de parcerias inovadoras – aproximar os grupos acadêmicos, de pesquisa, com os profissionais da Saúde Ambiental; necessidade de explorar as temáticas de saúde e ambiente nas perspectivas da criação de novos instrumentos, harmonização e potencialização do arcabouço jurídico-normativo; qualificação técnica dos profissionais de saúde e das outras áreas envolvidas, para que desenvolvam atividades nesse campo; ampliação das parcerias com o Ministério Público Federal e estaduais, visando ao aprimoramento e à ampliação dos mecanismos de avaliação e controle social; Desafios: identificar prioridades, construir agendas, criar oportunidades, alocar recursos na esteira da visão ecossistêmica da saúde e com base na ética humana e ecológica; incorporar à saúde novos princípios e instrumentos do direito ambiental nacional e internacional, especialmente aqueles derivados da Eco-92, como o “princípio do direito humano fundamental”, o da “precaução”, o do “poluidor- pagador” e o da “cooperação”. Interatividade As conferências são consideradas movimentos que ocorrem periodicamente em defesa da ampliação dos campos de ação em saúde e abordagens mais efetivas para o real alcance dos objetivos traçados. Dessa forma, com base nesse contexto, escolha a alternativa correta: a) A primeira Conferência sobre os Cuidados Primários de Saúde foi realizada em 1990. b) Em 1997, a OMS realizou a 30ª Assembleia Mundial da Saúde, que discutiu o movimento “Saúde para Todos no Ano 2000”. c) A Carta de Ottawa foi crucial para inserir o meio ambiente como fator importante para a saúde. d) A Primeira Conferência Internacional sobre os Cuidados Primários de Saúde teve como tema a “Promoção de Saúde em Alma-Ata”. e) A Primeira Conferência Internacional sobre Promoção à Saúde foi realizada em Ottawa (1996) e contribuiu para a criação do SUS. Educação popular e sustentabilidade Por que ainda não obtivemos plenitude no que diz respeito à saúde e à doença? Apesar da realização das Conferências Internacionais para a promoção da saúde, nos dias atuais ainda são necessárias diversas ações para a melhoria da saúde da população. Isso se deve ao fato de que as melhorias estão associadas a modificações da realidade política, cultural e social da comunidade. Quando as pessoas percebem que a saúde depende do que está ao seu redor, é possível criar o conceito real de meio ambiente como tudo aquilo que faz parte do ser humano na sua totalidade. Educação popular e sustentabilidade Em relação à Saúde Ambiental, é preciso pensar que a ação do outro influencia na saúde do sujeito e da comunidade em que ele está inserido. A educação popular é capaz de modificar o processo saúde-doença no que diz respeito à Saúde Ambiental. O processo de educação popular foi defendido por Paulo Freire. Paulo Freire foi um estudioso brasileiro da área de Educação que defende que o aprendizado é um processo interativo horizontal entre professor e aluno, ou comunidade e profissional que atua com o meio ambiente. Educação popular e sustentabilidade Educador Educando Conhecedor e Receptor da informação Conhecedor e Receptor da informação SISTEMA HORIZONTAL DE EDUCAÇÃO Troca de informações Fonte: Claudia Figueiredo e Olívia Beloto – autoras do livro-texto. Educação popular e sustentabilidade É importante que na educação popular voltada para a saúde exista uma interface que reúna os conhecimentos e práticas médicas com o pensar e fazer cotidiano da população, pois educação em saúde reflete na saúde da comunidade que, desse modo, atuará em favor do meio ambiente. A população cria um vínculo com os problemas de saúde, tornando-se participativa nos serviços de saúde e, assim, capaz de compreender que é parte importante do processo, formando uma corrente necessária para a justiça social. Se um indivíduo, ao longo de sua vida, recebeu o processo educativo de forma crítica, raciocinando a respeito de diversos assuntos e problemas, ele se tornará um adulto crítico, participativo e criativo para enfrentar a vida e todas as suas circunstâncias. Isso contribui para que as pessoas, independentemente da classe social, possam participar ativamente da comunidade, em todos os seus aspectos: político, social e de saúde. Se uma criança aprende a conservar o meio ambiente, compreendendo o quanto este pode contribuir para sua saúde e para a do outro, ela colabora para a manutenção e prevenção dos recursos para as gerações futuras. Educação popular e sustentabilidade Educação popular e sustentabilidade Para que o processo educativo aconteça, é necessário que o educando e o educador estejam em sintonia, e a comunicação é uma ferramenta importante para esse processo. Como a comunicação deve acontecer? A comunicação precisa ser clara, pois vai além da transmissão de conhecimento, ou seja, existe uma troca de experiências que deve ser recíproca e horizontal. O modelo mais indicado é a comunicação participativa. Este segue a ordem de comunicação baseada no diálogo (comunicação dialógica), em que a comunicação entre emissor e receptor é estabelecida de forma horizontal e ambos são, ao mesmo tempo, emissores e receptores. Educação popular e sustentabilidade Portanto, o modelo participativo de educação, que faz o indivíduo participar, pensar e agir, favorece a saúde pela promoção desta, e tudo em favor da sustentabilidade. Sustentabilidade: habilidade de sustentar uma ou mais condições, exibida por algo ou alguém. Relação ser humano e meio ambiente: o uso dos recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes não pode comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras. Pilares da sustentabilidade Social: respeitar o ser humano, para que este possa respeitar a natureza, pois o homem é a parte mais importante do meio ambiente. Energético: sem energia não existe desenvolvimento econômico e as condições de vida das populações se deterioram. Ambiental: com o meio ambiente degradado, o ser humano diminui o seu tempo de vida, a economia não se desenvolve e o futuro fica insustentável. Empreendimentos sustentáveis Para que os empreendimentos humanos possam ter um caráter sustentável, é necessário que englobem conceitos como: ecologicamente correto – uso de matérias-primas renováveis, com baixo consumo energético durante a fabricação, baixa carga residual e com alta possibilidade de reciclagem; economicamente viável – ser realizado com planejamento prévio, levantamento das características envolvidas e previsão de gastos; socialmente justo – respeitar os direitos humanos, ter equilíbrio na distribuição de renda; culturalmente diverso – aproveitamento e valorização da cultura regional. Sustentabilidade Como épossível utilizar os recursos naturais sem comprometer as gerações futuras? Diversas ações podem ser consideradas como sustentáveis: exploração dos recursos naturais de florestas e matas de forma controlada, garantindo o replantio; preservação das áreas verdes; incentivo da produção e do consumo de produtos orgânicos; e exploração dos recursos minerais de forma controlada, racionalizada e planejada. Além disso, é possível criar fontes de energia limpas e renováveis, reciclagem de resíduos sólidos, gestão sustentável nas empresas, consumo consciente de água e medidas que não permitam a poluição dos recursos hídricos, e a despoluição daqueles que já foram contaminados. Alfabetização ecológica A alfabetização ecológica é a forma de educação voltada para a sustentabilidade, demonstrando que a educação é o pilar para uma nova relação entre o ser humano e o meio ambiente. Como começaram a ser discutidas questões de educação ambiental no Brasil? Em 2003, Fritjof Capra teve grande importância ao expor os fundamentos e as finalidades da alfabetização ecológica, que tem como sua essência a aprendizagem dos princípios básicos da ecologia, servindo de referência para os indivíduos que dependem do meio ambiente. Alfabetização ecológica Assim, a educação para uma vida sustentável se torna uma pedagogia que facilita o entendimento dos fundamentos básicos da ecologia, respeitando a natureza em um contexto multidisciplinar, que está essencialmente motivado pela participação e experiência de uma comunidade, justificando que a saúde da Terra se torna a saúde do homem. Portanto, a criação de comunidades sustentáveis pode ser uma excelente alternativa para os diversos problemas enfrentados pela humanidade nos dias atuais, já que tais comunidades utilizam os recursos naturais de forma consciente. Você já ouviu falar sobre ecocapitalismo? É uma terminologia que ancora o capitalismo à sustentabilidade, garantindo um consumo racional dos recursos naturais, que são também importantes para as gerações futuras. Interatividade “Cerca de mil famílias já viviam de pescar e catar caranguejos quando o lugar virou uma reserva ambiental. ‘Nossa família são 21 filhos, todos criados com caranguejo. Meu pai, minha mãe e a família foram passando. Eu, desde os 11 anos, comecei catando. Meus filhos e meus netos também estão no mesmo caminho, e nós estamos vivendo do caranguejo’, conta o catador de caranguejo Pedro Batista [...] Quando veio gente de fora, antes de existir a reserva, a natureza não deu conta. Começou a faltar caranguejo nos manguezais. Cassurubá é uma reserva extrativista, ou Resex, como é mais conhecida. Tirar dos manguezais o próprio sustento é permitido, desde que de maneira sustentável. Essa perspectiva de conciliar a exploração e a preservação abriu horizontes.” (Portal do G1 – Edição do dia 12/05/2011 – 12/05/2011 – 07h59. Atualizado em 12/05/2011 – 09h34) Interatividade Com base no texto, assinale a alternativa correta: a) O texto representa uma réplica perfeita da preservação do meio ambiente. b) O texto se refere a condutas humanas que podem ser realizadas para aumentar o benefício ao meio ambiente. c) O texto representa a ameaça do ser humano ao ecossistema. d) Quando falamos de sustento da população ribeirinha, estamos naturalmente tratando de sustentabilidade. e) Esse texto demonstra a falta de habilidade do homem que mora às margens do manguezal com os caranguejos, prejudicando a espécie. Vigilância Sanitária Historicamente, após a 2ª Segunda Guerra Mundial, a ciência, as artes, a medicina e tantas outras áreas voltaram a se desenvolver. Com a evolução da microscopia e identificação dos microrganismos, foi possível conhecer os agentes etiológicos de várias doenças, bem como seus vetores de disseminação. Para análise do processo saúde-doença, houve estruturação e fortalecimento da Vigilância em Saúde Ambiental, com construção de agendas integradas de Saúde Ambiental: fomento à promoção de ambientes saudáveis, estímulo à produção de conhecimento e desenvolvimento de capacidades em Saúde Ambiental; utilização dos meios de comunicação para promoção e prevenção e da saúde. Vigilância Sanitária No Brasil, a vigilância sanitária é exercida pela Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A Anvisa foi criada em 27/01/1999 – Lei nº 9.782. Responsável por criar normas / regulamentos e dar suporte para todas as atividades do país. Executa as atividades de controle sanitário e fiscalização em portos, aeroportos e fronteiras. Espaço da atuação: regulação sanitária para a promoção do bem-estar social. Missão: promover a proteção da saúde da população por intermédio do controle sanitário e da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária. Anvisa A Lei Orgânica da Saúde afirma que a Vigilância Sanitária tem caráter altamente preventivo e é uma das competências do SUS para realizar seu objetivo de prevenção e promoção da saúde. A Vigilância Epidemiológica é o conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. O objetivo da Vigilância Epidemiológica é o pronto desencadeamento de ações preventivas. O papel do enfermeiro na Vigilância Epidemiológica O predomínio do enfermeiro na Vigilância Epidemiológica se dá pela necessidade de um profissional com conhecimentos mais especializados: formação mais abrangente, desenvolvimento de habilidades técnicas de enfermagem; maior capacitação, conhecimento de medidas de controle (prevenção) para evitar o aparecimento de doenças; trabalho com campanhas, vacinas, imunizações, além de haver predomínio nas equipes de Vigilância Epidemiológica dos Distritos de Saúde. Vigilância Sanitária e Epidemiológica A Vigilância Epidemiológica tem como funções: coleta de dados; processamento dos dados; análise e interpretação dos dados; recomendação das medidas de controle apropriadas; promoção das ações de controle indicadas; avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; divulgação de informações pertinentes. Vigilância Sanitária e Epidemiológica A Vigilância Epidemiológica conta com dados demográficos, socioeconômicos e ambientais: estes permitem quantificar a população e gerar informações sobre suas condições de vida – número de habitantes e características de sua distribuição. Dados de morbidade: notificação de casos e surtos, de produção de serviços ambulatoriais e hospitalares, de investigação epidemiológica, de busca ativa de casos. Dados de mortalidade: obtidos por meio das declarações de óbitos, processadas pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade. Vigilância Sanitária e Epidemiológica Os instrumentos de controle da Vigilância Sanitária e Epidemiológica incluem orientações gerais sobre doenças e saneamento do meio ambiente: controle de portadores, exames periódicos de saúde, controle sanitário de alimentos; educação em saúde e controle de animais responsáveis pela transmissão de zoonoses; treinamento de recursos humanos, estudos / pesquisas, vacinação de rotina e notificação compulsória. A Vigilância Epidemiológica promove notificação de surtos e epidemias pela comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde para a adoção imediata das medidas de controle: as notificações são realizadas pelo Sistemade Informação de Agravos e Notificação (Sinan). Vigilância Sanitária Vigilância Sanitária é um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde com o poder de intervir em toda a cadeia do processo saúde-doença (Lei nº 8.080/90). Dinâmica utilizada: a) ação diagnóstica – promove fiscalizações, auditorias; b) ação corretiva – promove treinamentos; c) monitoramento – faz o controle das medidas a serem tomadas para a eliminação do risco; d) ação punitiva – aplica pena, caso não atenda as reivindicações dos serviços de vigilância. Vigilância Sanitária – locais de atuação Locais de atuação da Vigilância Sanitária: locais de produção e comércio de alimentos – fábricas, restaurantes, bares, mercados, supermercados, frutarias, açougues, padarias, produtores de laticínios e outros; portos, aeroportos e fronteiras; lojas e áreas de lazer – shoppings, cinemas, ginásios de esporte, postos de gasolina, piscinas, clubes, estádios e academias de ginástica; indústria – cosméticos, medicamentos, produtos para a saúde e saneantes (produtos de limpeza), perfumes; Vigilância Sanitária – locais de atuação laboratórios – banco de sangue e hemoderivados; agrotóxico – indústria / postos de venda; radiação ionizante – hospitais, clínicas médicas e odontológicas que façam uso para diagnóstico; locais públicos – escolas, cemitérios, presídios, hospitais, clínicas, farmácias, salões de beleza, instituições de longa permanência para idosos, bancos de órgãos / leite humano, práticas alternativas, casas de massagem, tatuagem etc. Vigilância Sanitária – alimentos A Anvisa, por meio da Portaria SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde nº 326/SVS/MS/97, define as normas de higiene, fabricação e manipulação de alimentos: visa melhorar as condições sanitárias na preparação desses produtos e da estrutura física operacional dos estabelecimentos fabricantes e manipuladores; quanto ao setor de alimentos, realiza medidas de vigilância epidemiológica das doenças transmitidas por alimentos; realiza o registro / dispensa de registro de alimentos no Ministério da Saúde e registro estadual de produtos de origem animal na Secretaria de Saúde; realiza coletas de alimentos para programas específicos e investigação de doenças veiculadas por alimentos. Vigilância Sanitária – alimentos Pontos analisados: embalagem em contato com alimentos; contaminantes – químicos / biológicos; aditivos alimentares / coadjuvantes; resíduos de agrotóxicos ou medicamentos; bebidas, águas envasadas, rotulagem geral e nutricional, padrão de identidade e qualidade dos produtos. Ações: manual destinado às boas práticas de fabricação de alimentos – responsabilidade técnica, controle de saúde dos funcionários, controle da água para consumo, controle de pragas, controle para visitantes, adequação estrutural dos estabelecimentos. Vigilância Sanitária – medicamentos: fomentar o desenvolvimento de recursos humanos para o sistema e a cooperação técnico-científica nacional e internacional; monitorar a evolução dos preços de medicamentos, equipamentos, componentes e insumos e serviços de saúde; autorizar empresas de importação, exportação, armazenamento, fabricação, embalagem e distribuição de medicamentos, cosméticos e saneantes; proibir a fabricação, importação, armazenamento, distribuição e comercialização de produtos e insumos, em caso de violação da legislação pertinente ou se oferecerem risco iminente à saúde; promover a revisão periódica da farmacopeia e monitorar os sistemas de vigilância toxicológica e farmacológica; Vigilância Sanitária – medicamentos: autorizar o funcionamento de farmácias / drogarias – o comércio farmacêutico é regulamentado especificamente pela Lei Federal nº 5.991/73, que determina a obrigatoriedade na dispensação de profissional farmacêutico regularmente inscrito no Conselho Regional de Farmácia (CRF); emitir autorização especial para farmácias que manipulam substâncias especiais (Portaria Federal nº 344/98) – os medicamentos que as contêm necessitam de notificação, que fica retida na farmácia; autuar e aplicar as penalidades previstas em lei. Vigilância Sanitária – controle de vetores O controle de zoonoses é responsável pela monitoração de agravos e doenças transmitidas por animais (zoonoses), por meio do controle dos animais domésticos (cães / gatos e animais de grande porte) e de populações de animais sinantrópicos. Animais sinantrópicos são aqueles que se adaptaram a viver junto ao homem, a despeito da vontade deste. São responsáveis por transmitir doenças e causar agravos à saúde do homem ou de outros animais. Ex.: abelha, aranha, barata, carrapato, escorpião, formiga, lacraia, morcego, mosca, mosquito, pombo, pulga, rato, taturana, vespa. Os animais sinantrópicos, como todo ser vivo, necessitam de três fatores para sua sobrevivência: água, alimento e abrigo. Vigilância Sanitária – controle de vetores Realizar minuciosos inquéritos epidemiológicos, utilizando-se: 1. dos registros dos serviços de saúde pública / animal; 2. de dados obtidos nas propriedades rurais; 3. de informações dos médicos veterinários; 4. dos relatórios das indústrias de laticínios e matadouros. Interatividade Animais sinantrópicos são aqueles que se adaptaram a viver junto ao homem, a despeito da vontade deste. São responsáveis por transmitir doenças e causar agravos à saúde do homem ou de outros animais. Existem três pontos básicos que os órgãos responsáveis utilizam para realizar o controle da população dos animais sinantrópicos. Que pontos seriam estes? a) Reprodução, crescimento e competição. b) Terra, água e ar. c) Clima, reprodução e meio ambiente. d) Água, comida e abrigo. e) Esgoto, água e terrenos baldios. ATÉ A PRÓXIMA! Slide Number 1 Saúde Ambiental Vigilância Sanitária Saúde Ambiental e Vigilância Sanitária Histórico do processo saúde-doença Histórico do processo saúde-doença Saúde Processo saúde-doença Relações do indivíduo com seu meio ambiente Meio ambiente Degradação do meio ambiente Processo saúde-doença e o meio ambiente Interatividade Resposta Aspectos históricos da saúde:�da colonização aos dias atuais Aspectos históricos da saúde:�da colonização aos dias atuais Aspectos históricos da saúde:�da colonização aos dias atuais Aspectos históricos da saúde:�da colonização aos dias atuais Aspectos históricos da saúde:�da colonização aos dias atuais Aspectos históricos da saúde:�da colonização aos dias atuais Aspectos históricos da saúde:�da colonização aos dias atuais Papel das conferências na saúde e no meio ambiente Papel das conferências na saúde e no meio ambiente Papel das conferências na saúde e no meio ambiente Papel das conferências na saúde e no meio ambiente Papel das conferências na saúde e no meio ambiente Papel das conferências na saúde e no meio ambiente Política Nacional de Saúde Ambiental (PNSA) Política Nacional de Saúde Ambiental (PNSA) Política Nacional de Saúde Ambiental (PNSA) Desafios: Desafios: Interatividade �Resposta� Educação popular e sustentabilidade Educação popular e sustentabilidade Educação popular e sustentabilidade Educação popular e sustentabilidade Educação popular e sustentabilidade Educação popular e sustentabilidade Educação popular e sustentabilidade Pilares da sustentabilidade Empreendimentos sustentáveis Sustentabilidade Alfabetização ecológica Alfabetização ecológica InteratividadeInteratividade Resposta Vigilância Sanitária Vigilância Sanitária Anvisa O papel do enfermeiro na Vigilância Epidemiológica Vigilância Sanitária e Epidemiológica Vigilância Sanitária e Epidemiológica Vigilância Sanitária e Epidemiológica Vigilância Sanitária Vigilância Sanitária – locais de atuação Vigilância Sanitária – locais de atuação Vigilância Sanitária – alimentos Vigilância Sanitária – alimentos Vigilância Sanitária – medicamentos: Vigilância Sanitária – medicamentos: Vigilância Sanitária – controle de vetores Vigilância Sanitária – controle de vetores Interatividade Resposta Slide Number 68
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