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SÍFILIS Diagnóstico laboratorial Mulher 35 anos, casada, queixa-se de presença de lesões não pruriginosas disseminadas por todo o corpo, inclusive em mãos e pés há uma semana. Nega febre. Sem outros queixas. Na história pregressa relata falta de apetite e queda de cabelo que atribui a anemia “mal tratada” desde a última gestação há cinco anos. Relata ainda que a vizinha vinha percebendo “falhas” em suas sobrancelhas. Não sabe informar sobre vacinação exceto as do pré- natal. Casada há dez anos, monogâmica, mãe de dois filhos de 5 e 7 anos de idade. Exame físico Bom estado geral, orientada, eupneica, afebril, hipocorada (+/+4), anictérica e acianótica. Pele com eritema difuso, sem áreas de escoriação, pápulas mais evidentes em tronco e membros superiores. Pelos rarefeitos em supercílios. Ausculta cardiopulmonar normal. Abdomen globoso, flácido, indolor à palpação superficial e profunda. Fígado palpável a 2 cm RCD liso e indolor. Baço não palpável. Após exame físico, o médico levanta a possibilidade de doença sexualmente transmissível (DST) e questiona sobre o marido. A paciente relata que o marido tem saúde boa e que não bebe há cerca de 2 anos. O médico a interroga sobre o passado, e a paciente lembra-se que o esposo teve, há mais ou menos 6 meses, uma úlcera na glande do pênis, que sarou sem tratamento. Doença infecciosa crônica, sexualmente transmissível Treponema pallidum Espiroqueta de estrutural helicoidal Parede celular semelhante a de Gram-negativos Delgado para visualização na coloração de Gram Não cultivável em meios de cultura Homem é o único hospedeiro natural conhecido Gênero Treponema – 2 espécies: pallidum e carateum pallidum – 3 subespécies: pallidum, pertenue, endemicum Sífilis A infecção pelo Treponema pallidum não confere imunidade, por isso um indivíduo pode contrair sífilis tantas vezes quantas for exposto ao agente etiológico. Transmissão Sexual (principal) Lesões de pele ou mucosa Vertical Transplacentária ou perinatal Transfusional Triagem Taxa de transmissão Estágios iniciais (1ª e 2ª) – 30 a 50% Vertical 70 a 100% se gestante em estágios iniciais 30% se em fase latente e 3ª Transfusional Pouco frequente Sífilis ? Progressão da doença INFECÇÃO S. PRIMÁRIA S. SECUNDÁRIA S. TERCIÁRIA 21dias 2 a 8 semanas SÍFILIS LATENTE Sífilis primária 3 a 4 semanas após infecção Lesão ulcerativa indolor, com base limpa e bordas endurecidas = cancro duro remissão espontânea, sem cicatriz Linfadenomegalia regional (linfonodos moderadamente aumentados, não supurativos) Sífilis secundária 2 a 8 semanas após desaparecimento da lesão primária Lesões máculo-papulares não pruriginosas disseminadas Febre, linfadenomegalia, alopecia, artralgia, perda peso podem ocorrer Bacteremia, níveis elevados de anticorpos imunocomplexos Vasculites Meningite asséptica, acometimento hepático, renal, ósseo paralisia de nervos cranianos, icterícia, síndrome nefrótica, periostite Sífilis latente Ausência de sinais e sintomas clínicos Detecção por exames laboratoriais Recente (Precoce) Um ano após a remissão das fases primária e secundária Tardia Duração indeterminada Pode evoluir para sífilis terciária Sífilis terciária Acomete 8 a 40% dos pacientes não tratados, vários órgãos - Sífilis benigna tardia - Sífilis cardiovascular (10 a 15%) - Neurossífilis (15 a 20%) Lesões raras, regressão após tratamento antibiótico Gomas/granulomas em vários órgãos Crescimento lento e remissões Endarterite obliterante Danos a vasa vasorum – danos às camadas íntima e média dos grandes vasos Aneurisma de aorta e insuficiência aórtica 5 a 10 anos após a infecção com manifestações em 20 a 30 anos Não ocorre na infecção congênita Assintomática Meningovascular Parenquimatosa: Tabes dorsalis (degeneração do parênquima da medula óssea), paralisia geral progressiva Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015. Até os dois anos de idade (precoce) Assintomático ao nascimento (50% casos) ou prematuridade, baixo peso, secreção nasal, lesões cutâneas (rash difuso), hepatoesplenomegalia, lesões ósseas, neurológicas e pulmonares Após os dois anos de idade (tardia) Tríade clássica: ceratite intersticial + dentes de Hutchinson + surdez neurológica Periostite Tíbia em sabre Nariz em sela Dificuldade de aprendizagem dentes de Hutchinson Sífilis congênita dentes de Hutchinson Sífilis congênita Paciente de 6 anos de idade, sexo feminino, natural de Contagem, encaminhada pelo dentista com relatório de alteração dentária compatível com dentes de Hutchinson. Sem queixas. A mãe não fez pré-natal e a criança nasceu de parto normal, a termo, com 2900 g e 48 cm. Alimentação OK. Hábitos intestinal e urinário sem alterações. Vacinação em dia. Frequenta escola infantil. A família (mãe e 2 crianças) mora em casa de 2 cômodos com água encanada e rede de esgoto. Pai da paciente desconhecido. Mãe é empregada doméstica. Ao exame: criança ativa em bom estado geral, corada, hidratada, acianótica, anictérica, sem linfadenopatias, eupneica, peso e altura percentil 25, desenvolvimento psicomotor OK. COONG – incisivos centrais superiores em serrilhado típico compatíveis com dentes de Hutchinson, molares em amora. Sistemas respiratório, cardiovascular, digestivo e genito-urinário sem alterações. Sem visceromegalias. Molares em amora apresentando numerosas cúspides Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015. Diagnóstico laboratorial Testes bacteriológicos Detecção direta do agente etiológico Testes sorológicos Detecção de anticorpos – 2 semanas após cancro Treponêmicos Não treponêmicos – auto anticorpos anti-cardiolipina Testes bacteriológicos Microscopia de campo escuro Colheita adequada da amostra Exame do material em até 15 minutos Resultado positivo - confirma doença Resultado negativo - não exclui a doença Pesquisa direta do Treponema Imunofluorescência direta Especificidade elevada – uso de anticorpos monoclonais Amostra: secreção ou tecido parafinado Lesão genital ou oral Primária Secundária Congênita Testes bacteriológicos Colheita da amostra – microscopia de campo escuro Lavar a lesão com água, sem sabão Remover, com gaze, a camada de material que recobre a lesão Evitar sangramento Colher uma gota de exsudato límpido e colocar entre lâmina e lamínula Examinar dentro de 15 minutos Motilidade característica