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Disciplina: Relações Interpessoais Sócio-Ambientais Módulo 2 27 Capítulo 1: Autoconhecimento e Implicações nas Relações Interpessoais Apresentação o capítulo que iremos estudar, a partir de agora, trata de um reconhecimento do quanto o autoconhecimento pode cooperar nas nossas relações. Quando um indivíduo se compreende, torna-se uma pouco mais fácil o esforçar-se para compreender o(s) outro(s). Inicialmente, vamos nos esforçar para compreender o que vem a ser o auto- conhecimento. Será que alguém se conhece de verdade? Quase todos já ouviram algum dia alguém mencionando a máxima de Sócrates (470 ou 46� a.C.) “Conhece-te a ti mesmo”. Nas janelinhas ao lado, você poderá conhe- cer um pouco mais sobre a história de Sócrates e das escolas filosóficas de sua época. E na modernidade, o que tem sido pensado sobre o auto-conhe- cimento? A idéia sobre o autoconhecimento está espalhada e miscigenada dentro da mais variada literatura que se interrelaciona com a psicologia (diversos livros de auto-ajuda), a religião, a filosofia e o esoterismo (horóscopo, gra- fologia, etc.). Sendo assim, discutir o tema autoconhecimento torna-se por demais complexo para ser estudado profundamente em um único tópico de disciplina. Deste modo, tentaremos uma abordagem psico-filosófica sobre o autoconhecimento. Em um mundo tão globalizado quanto este em que vivemos, podemos redizer o que já foi dito por Jesus: “E conhecereis a verdade e ela vos libertará”. Isso mesmo, conhecendo um pouco mais sobre a verdade dos fatos (História) que nos rodeiam, sejam sobre o ambiente, sejam sobre pessoas com as quais convivemos, em todas as instâncias apresentadas na aula anterior, assim como nos conhecendo melhor e nos capacitando a uma compreensão dos fatos, poderemos realizar o nosso trabalho de forma mais eficiente. SÓCRATES Sócrates nasceu em Atenas, provavelmente no ano de 470 AC, e tornou-se um dos principais pensadores da Grécia Antiga. Podemos afirmar que Sócrates fundou o que conhecemos hoje por filosofia ocidental. Foi influenciado pelo conhecimento de um outro importante filósofo grego: Anaxágoras. Seus primeiros estudos e pensamentos discorrem sobre a essência da natureza da alma humana (Fonte: http://www. suapesquisa.com/socrates/). 28 1. A importância do autoconhecimento Conhecer as nossas limitações, tanto de cunho emocional como intelectual, não se trata de algo muito fácil de realizar. ou seja, o autoconhecimento por si depende muito da história individual. Por exemplo, podemos, ao decidir por uma profissão (figura 1), fazê-lo por indução de nossos pais, para tentar agradá-los, podemos também fazê-lo por influência, sugestão de que há um mercado promissor ou desejo de realizá-lo. Figura 1. O que o levou a decidir pela profissão de Gestor Ambiental? (Foto: roberta siqueira) o autoconhecimento mantém relação com a auto-estima e com a segurança e a estabilidade emocional, a qual pode variar de acordo com situações viven- ciadas por cada pessoa. Quanto maior for o seu autoconhecimento maior poderá ser seu controle sobre suas emoções e maior será sua estabilidade emocional. Na prática, nos conhecemos menos do que pensamos nos conhecer. Geralmente, amamos e confiamos em quem conhecemos. Isto pode ser exemplificado na relação entre pais-filhos (Figura 2). Mesmo que os filhos não desenvolvam as habilidades estimuladas e ensinadas pelos seus pais, os pais continuam amando seus filhos, porque os conhecem melhor do que as pessoas externas à família. Os filhos mesmo não concordando com as orientações de seus pais, continuam amando-os. Assim, o autoconhecimento inclui a capacidade de compreender e considerar o con- texto histórico que leva as pessoas a tomar esta ou aquela decisão/ atitude. Figura 2. A relação pai-filho é construída a cada dia e pode ser percebida no cuidado que o mesmo demonstra por seu filho (Foto: elcida l. araújo). AuToCoNHECIMENTo “É importante identificar os fatores que estão impedindo você de elevar sua auto-estima. o aumento de seu autoconhecimento permite elevar sua auto-estima. Para isso, tente realizar o seguinte exercício: 1. Escreva dez coisas que você gosta em si mesmo. 2.Depois escreva dez coisas que você não gosta em si mesmo ou que gostaria de mudar. 3.Qual lista foi mais fácil de completar? A maioria das pessoas sente mais facilidade em identificar as coisas negativas. Aprendemos que dizer aquilo que gostamos em nós mesmas poderá ser rotulado de presunção, esnobismo, egocentrismo. Nada disso! Para aumentar o autoconhecimento é preciso ter consciência de quem se é de verdade, avaliando os pontos positivos tanto quanto os negativos, pois, só assim, seremos capazes de mudar aquilo que nos incomoda ou que nos faz sofrer e valorizarmos o que temos de bom e que, geralmente, mergulhados em tantas críticas e cobranças, acabamos por esquecer. Continue o exercício: 1. observe as listas. Coloque um “i” nas características internas, ou seja, que dependam apenas de você reconhecê-las. E um “e” nas características externas, que dependam da opinião de outras pessoas. 2. Ao fazer o sinal (i ou e), o que você percebe? Há um equilíbrio entre eles ou você tende mais para um lado? 2� No julgamento de situações que ocorrem no nosso dia-a-dia, nos depara- mos com conflitos. As pessoas mais envolvidas temporalmente nos mesmos pensam e tomam atitudes, muitas vezes diferentes das pessoas externas ao problema vivenciado. Portanto, as pessoas reagem aos conflitos de forma diferente. Estas formas são influenciadas tanto pela capacidade e estrutura emocional que o indivíduo apresenta no momento presente, quanto pelo conhecimento direto e indireto das questões e experiências anteriores rela- cionadas ao conflito. No autoconhecimento, o amor por si mesmo é de fundamental importância, uma vez que o amor é um sentimento que fortalece a auto-estima e que precisa ser cultivado desde a infância (Figura 3). É comum encontrarmos pessoas que valorizam muito sua aparência externa, acreditando que ape- nas isto seja auto-estima. Na verdade, cuidar da aparência é importante para a auto-estima, entretanto a verdadeira auto-estima consiste em gostar do que somos e não do que aparentamos. Logo, ela deve ser construída de dentro para fora. Assim, amar-se é uma condição fundamental para elevar a auto-estima. Figura 3. Crianças que se sentem amadas e protegidas demonstram felicidade e tendem a apresentar auto-estima mais elevada (Foto: elcida l. araújo). O autoconhecimento passa por uma reflexão sobre sua história de vida e sobre os fatores que o incomodam. Algumas pessoas conseguem fazer isto sozinhas, outras precisam da ajuda de pessoas ou de profissionais capacita- dos para auxiliá-las neste autoconhecimento, como pais, amigos, psicólogos, líderes religiosos, etc. os fatores que levam à baixa estima podem ser variados, como: insegurança, inadequação ao desenvolvimento de uma determinada tarefa, perfeccio- nismo, dúvidas constantes, falta de compreensão de suas limitações ou capacidades, necessidade de agradar e de ser reconhecido pelo que faz. Faça uma reflexão sobre si mesmo e avalie como está sua auto-estima. Acompanhe o exercício proposto na janela lateral para isto e perceba que Se você tem mais características externas, ficará mais vulnerável à opinião dos outros e, assim, mais facilmente manipulável. Dependerá cada vez mais de aprovação, mas, infelizmente, nunca da sua própria. Isso quer dizer que toda vez que algo que dependa do mundo externo ou de outras pessoas não correspondam a sua expectativa, você se sentirá frustrado(a) e sua auto-estima tenderá a baixar. Seu valor estará sempre na dependência do que dirão sobre você, não importando muitosua própria opinião. Por exemplo, quando você perde o emprego, quando recebe uma crítica, quando alguém se distancia de você, tudo isso pode baixar sua auto-estima e se sentirá incapaz de continuar e desistirá no meio do caminho. Abandona, assim, seus sonhos, seus objetivos. Isso acontece quando a principal fonte de auto-estima está naquilo que se faz pelo externo, sempre querendo fazer algo para as pessoas em busca de aprovação e reconhecimento. E esse é o caminho mais curto para se machucar. Coloca, desse modo, todo seu valor nas opiniões ou respostas no mundo externo e, como quase sempre nada disso corresponde ao que espera, e nem ao que você é realmente, se permite depender cada vez mais de como o avaliam, gerando um círculo vicioso. 30 você pode mudar e melhorar seu autoconhecimento. Isto tem aplicabilidade positiva nas relações familiares, sociais e de trabalho. Nas relações de trabalho e de empresa, o autoconhecimento torna-se uma ferramenta importante na gestão de pessoas. o bom líder incentiva a auto- estima de seus liderados, a comunicação e o trabalho em equipe em prol de metas comuns, características importantes para o desenvolvimento de com- petência interpessoal que será discutida a seguir. 2. Competência interpessoal Podemos conceituar competência como a mobilização de conhecimentos (saber), habilidades (fazer) e atitudes (querer) necessários ao desempenho eficiente de atividades e/ou funções. A competência permite a mobilização de conhecimentos e recursos para a solução de uma situação-problema. Como assim, professora? A senhora poderia dar exemplo? Claro, vejamos alguns: Se você está em um local desconhecido, terá que mobilizar sua capacidade de ler um mapa, de pedir informação, de usar seu senso de direção, etc., a fim de solucionar o problema. Se alguém de sua família adoece ou passa mal de repente, você precisa mobilizar sua capacidade de observar o tipo de doença, de identificar os sin- tomas, de aplicar os primeiros socorros e procurar a especialidade médica adequada. Da mesma forma, um Gestor Ambiental, diante de um acidente ambiental como um vazamento de óleo num corpo de água (Figura 4), deve mobilizar sua capacidade de reconhecer o problema, dimensionar a extensão do vaza- mento, contactar os responsáveis pelo empreendimento em busca de ações emergenciais e buscar auxílio nos órgãos governamentais gerenciadores dos recursos hídricos locais, visando à solução do problema. As competências para solução dos problemas muitas vezes passam por dife- rentes tipos de relações interpessoais. o gerenciamento das competências e soluções dos problemas está na dependência de inúmeras relações sociais, que vão desde a sensibilização ao problema até a tomada de atitudes em conjunto. o importante é desenvolver a capacidade e ter a consciência de saber que o que faz é o reflexo de quem você é. Ao reconhecer seus pontos negativos, poderá mudar um por um. E reconhecendo seus pontos positivos se sentirá mais confiante em sua capacidade de conseguir o que quer que deseje, independente das críticas ou opiniões que terão sobre você, pois acredita ser capaz de conseguir tudo o que deseja! E ainda que ninguém te aprove, você terá autoconhecimento suficiente para você mesma se aprovar e principalmente se amar!” (Fonte: http://www1.uol.com. br/cyberdiet/colunas/031017_psy_ autoconhecimento.htm. acesso em 14 de junho de 2007 as 15:20 h). O amor é um fator que influencia a auto-estima. Este sentimento deve ser cultivado desde a infância. Crianças amadas e felizes tendem a desenvolver competências de liderança equilibrada (Foto: Elcida L. Araújo). 31Figura 4. Providências que são tomadas para conter a mancha de óleo no oceano (Figura 4A), bem como remediação da mesma na praia (Figura 4B) (Fonte:http://www.brasilescola.com/imagens/curiosidades/acidente-petro- leo. jpg (acesso em 25.07.2007 às 20:01 h). No gerenciamento moderno, o profissional precisa estar atento em relação a suas competências e habilidades, as quais envolvem características, como: ser corajoso, ser responsável, ter auto-estima, ter humildade, aceitar mudan- ças e ser paciente. De modo geral, podemos aceitar que competência interpessoal trata-se da habilidade de lidar eficazmente com outras pessoas de forma adequada às necessidades de cada uma e à exigência de cada situação. Isto envolve o desenvolvimento de autopercepção, autoconhecimento, flexibilidade per- ceptiva e comportamental e feedback. A autopercepção envolve a ação de identificar e analisar crenças, atitudes, sentimentos e valores pessoais. o autoconhecimento, por sua vez, pode ser obtido com a ajuda dos outros, por meio de informações, opiniões a nosso respeito, como discutido no item 1. A flexibilidade perceptiva e comporta- mental permite que o indivíduo observe os vários ângulos ou aspectos da mesma situação, atuando de forma diferenciada e experimentando novas condutas percebidas como alternativas de ação. o feedback é resgatado através da comunicação a uma pessoa ou grupo, no sentido de fornecer-lhe informação sobre como sua atuação está afetando outras pessoas. Assim, o feedback ajuda o indivíduo ou grupo a melhorar o seu desempenho. o feedback deve ser descritivo (relato de um evento), ao invés de avaliativo; específico, ao invés de geral, ou seja, deve considerar a opinião individual e ser compatível com as necessidades do comunicador e do receptor. Entretanto, o feedback é uma etapa complexa dentro das relações de com- petência interpessoais, porque é difícil aceitar nossas ineficiências e, ainda mais, admiti-las para os outros, publicamente. Podemos temer a reação dos outros e temer que o feedback seja mal interpretado. As dificuldades do feedback podem ser superadas se as seguintes medidas forem adotadas: LIDAR CoM PESSoA DIFíCIL “um dos principais elementos na formação da nossa imagem é nossa reputação. uma boa reputação abre muitas portas, enquanto uma reputação negativa dificulta o caminho. o que fazer, então, quando sabemos que temos a fama de sermos pessoas difíceis? um dos conceitos existentes no gerenciamento de imagem chama-se “halo effect”. São as generalizações feitas a respeito de alguém, que distorcem a percepção que temos desta pessoa. Deste modo, quando temos uma boa impressão a respeito de alguém, acreditamos que tudo nela é positivo. No entanto, quando a impressão é negativa, acreditamos que tudo sobre ela é negativo. É como se apenas uma característica fosse capaz de minar todas as nossas outras qualidades. A fama de pessoa difícil talvez seja uma das características mais negativas que podemos ter associada ao nosso nome. A questão é que a palavra “difícil” pode dar margem a muitas interpretações: difícil por quê? Mas a partir do momento que esta informação é disseminada, ela pode trazer sérias conseqüências. Temos desde a exclusão de certos grupos, oportunidades não dadas, até comportamentos provocativos vindos de outras pessoas. A primeira reação que temos a este tipo de comportamento é nos fecharmos numa concha e acusarmos todos de estarem errados - reforçando a imagem que os outros têm de nós. Pode até ser que estejam mesmo errados, entretanto todos nós temos pontos cegos em nossa personalidade. São aquelas características que todos enxergam, menos nós. É vital para sua sobrevivência em qualquer ambiente que você descubra quais são esses pontos cegos. 32 estabelecimento de uma relação de confiança; reconhecimento do feedback como um processo de exame conjunto; tendo equilíbrio ao ouvir o feedback, evitando reações ou conotações emocionais intensas, bem como aprendendo a dar um feedback sem reações ou conotações emocionais intensas, ou seja, ele é construído nas relações.Nas últimas décadas, as instituições e, sobretudo, as empresas privadas pas- saram a enxergar o trabalhador de forma diferente. Atualmente, em toda e qualquer organização que queira obter êxito, há uma busca por profissionais capazes de trabalhar em equipe, de forma integrada e sinérgica. Muitas instituições e empresas têm promovido capacitações visando à melho- ria do desempenho na área da inteligência emocional. Isto ocorre por- que tem sido observado que o processo de interação humana está presente em toda a organização e é o que mais influencia no rumo das atividades e nos seus resultados. Sabe-se que tanto o indivíduo, considerado isoladamente, quanto as pes- soas, quando estão em grupo, possuem padrões próprios de comportamento e, geralmente, agem de forma diferente no grupo, em relação a quando estão sozinhos. Assim, o grupo não é a simples soma de indivíduos e com- portamentos, ele assume configuração própria que influencia nas ações e nos sentimentos de cada um, proporcionando sinergia, coesão, cooperação, coordenação, simpatia, carinho, harmonia, satisfação e alegria, ou mesmo, antipatia, tensão, hostilidade, insatisfação e tristeza. É impossível conhecer tudo sobre os indivíduos de um grupo, entretanto, compreendê-los e percebê-los como pessoas, buscando entender as suas motivações e pontos em que querem ser satisfeitos, ajudará um líder a carac- terizá-los individualmente, bem como a determinar os pontos de concordância e os estímulos necessários à melhoria da compreensão dos seus atos. Ser perceptível a essas diferentes con- dições assinaladas acima, reconhecer o quanto nossa percepção pode ser profundamente condicionada pelos estí- mulos positivos e negativos que sofremos durante toda a nossa vida, e o quanto os mesmos influenciam nossas atitudes e comportamentos, aumentará o nosso auto- conhecimento e nos ajudará a desenvolver a competência interpessoal. Fique atento a sua forma de se expressar quando está se comunicando. Será que sua linguagem corporal, seu tom de voz e as palavras que usa não indicam que você está sempre pronto para um confronto? Existe uma grande diferença entre uma personalidade agressiva e uma assertiva. A assertividade se baseia na autoconfiança, enquanto a agressividade, na insegurança. A assertividade se mostra através de atitudes como ter coragem de expressar sua opinião, mesmo quando todos pensam o contrário, falar calma e pausadamente, buscar soluções para problemas existentes e não fazer de conta que não existem, não querer ter sempre a razão, dar sugestões - não ordens. Se não conseguir detectar nenhum ponto cego em sua personalidade, busque o “feedback” de alguém em quem confia. Esteja preparado para ouvir as respostas. Não as veja como acusações, mas como ferramentas”. (Fonte: http://www. fundacaofia.com.br/admpauta/junho/ aapsa_autoconhecimento.htm (14 06 as 1�:21 h). CoMPETÊNCIA INTERPESSoAL: ELEMENToS INEFICAZES DA CoMuNICAção A comunicação é uma das chaves da competência interpessoal. Quando esta é feita com falta de atenção, com preconceitos, negativismo, ataques pessoais, falando-se demasiadamente ou tecnicamente,com parciali- dade,imp aciência,desrespeito,falta de humor; questões polêmicas e postura inadequada, a mesma perde sua eficiência e dificulta o feedback do processo. 33 3. Competência técnica Como vimos nos tópicos anteriores, o nosso desempenho e sucesso, no tra- balho, não dependem, como se pensou por muito tempo, apenas de nossas habilidades técnicas. A nossa desenvoltura e bem-estar para desenvolver bem o nosso trabalho são muito influenciados pelo conhecimento que temos de nós mesmos, bem como da percepção que temos das pessoas. Agora, de posse de algum conhecimento sobre a influência da competência interpes- soal, vamos discutir um pouco sobre a competência técnica. Atualmente, têm crescido as exigências do mercado de trabalho. Por isso, organizações e empresas vêm capacitando o seu pessoal, visando atender tais exigências. Portanto, é alta a competitividade para que as pessoas se sobressaiam e sejam inseridas no mercado. Quando aplicamos o conceito de competência em relação ao aspecto téc- nico, podemos dizer que ela é o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que tornam um profissional importante para sua organização e para toda e qualquer empresa (nesse caso, dizemos que este profissional tem empregabilidade), por meio de características que atendem às necessidades do mercado. As competências técnicas estão relacionadas à inteligência intelectual (QI), ou seja, a quantidade de conhecimento formal e acadêmico (Figura 5) que o indivíduo conseguiu adquirir (domínio de idiomas, formação acadêmica, domínio de metodologias de trabalho, etc.). Figura 5. Alunas de graduação e pós-graduação em Biologia da universidade Federal Rural de Pernambuco, realizando atividades com a utilização de aparelhos ópticos (microscópio binocular acoplado à câmara clara) e computadorizados (cromatógrafo gasoso), necessários à pesquisa do conhecimento de plantas e seus produtos naturais. (Foto: suzene i. silva e roberta sampaio pinho). A necessidade de competência técnica para cada profissional é indubitá- vel, pois todos reconhecem que o profissional precisa ser competente em SAIBA MAIS o estudo aprofundado de assuntos específicos é um dos meios de se desenvolver a competência técnica. observe, no texto abaixo, alguns tópicos selecionados de uma reportagem que, embora seja geral, denota que foi redigido por alguém que tem muito conhecimento sobre o petróleo. Conceito de Petróleo “o petróleo é um líquido viscoso, insolúvel em água e menos denso do que esta, correspondendo a uma mistura de um grande número de compostos, principalmente hidrocarbo-netos. Importância do Petróleo É impossível viver hoje em dia sem petróleo. o petróleo é matéria-prima de muitos materiais, como, por exemplo, plásticos para saquinhos, enchimento de colchões, tintas, combustíveis, lubrificantes, solventes, etc. Resíduos Petrolíferos e Derrames os resíduos petrolíferos são, basicamente, hidrocarbonetos que vão originar diversas fontes de poluição no meio marinho. Mais de quatro milhões de toneladas de petróleo são lançadas ao mar por ano, por meio de: exploração de poços de petróleo no mar; limpeza dos tanques dos petroleiros e acidentes com estes; refinarias e instalações petroquímicas costeiras; resíduos urbanos; carreamento por águas das chuvas em áreas urbanas; carreamento pelas águas dos rios; barcos de pesca ou recreação; infiltrações naturais; precipitação atmosférica. 34 sua área específica de atividade. Discutir competência técnica passa por uma reflexão do tipo de profissional que se está formando. Atualmente, tem sido constatada, no mercado de trabalho, a necessidade de um aprendizado intensivo de tecnologias modernas relacionadas à ciência da computação, manuseio de eletrônicos, além de outros que se utilizam do sistema de rea- lidade virtual, como os equipamentos cirúrgicos. Na Gestão Ambiental, o profissional precisará desenvolver competência técnica que envolve o conhe- cimento teórico-prático sobre as paisagens naturais, os recursos naturais, a biodiversidade, a dinâmica das populações e dos ecossistemas, técnicas de georreferenciamento, etc. Em cursos de pós-graduação lato sensu (especialização) e stricto sensu (mestrado e doutorado), a competência técnica do profissional é aprimorada, tornando-se altamente qualificada. Modernamente, esses cursos têm sido incentivados para diferentes áreas do conhecimento, como biologia, medi- cina, segurança do trabalho, entre outros. Avaliar se um profissional é competente significa ava¬liar se a prática que ele utiliza é adequada ao trabalho desenvolvido. A competênciatécnica pode ser avaliada, inicialmente, através dos recursos disponíveis (conhecimentos, saber-fazer, capacidades cognitivas, etc.) utilizados pelo profissional. Depois, pela ação e resultados que a mesma produz, em outras palavras, pelas prá- ticas profissionais e seu desempenho. De uma forma geral, os custos relacionados à capacitação técnica têm sido altos, mas o retorno é vantajoso. Assim, para toda e qualquer profissão é necessário que o indivíduo tenha os dois tipos de competência, mesmo que em proporções diferentes. o problema consiste em discernir e aprender qual a proporção adequada para prover serviços de alta qualidade, ou seja, para um desempenho superior. Cada tipo ou dimensão de competência é interdependente de outra. Assim, a maneira pela qual um gestor ambiental, advogado, médico elaboram as suas perguntas (considerando que os aspectos psicológicos favoráveis e uma relação de confiança estejam contemplados ou não) pode influenciar as informações que recebem. Então, podemos dizer que, neste caso, a compe- tência interpessoal (processo) é tão importante quanto a competência técnica de formular as perguntas adequadas (conteúdo das perguntas). Esse tipo de poluição provoca a morte de muitos animais, origina as praias sujas de petróleo e de outros tipos de hidrocarbonetos, mas, mais grave ainda, são os efeitos “subletais” que aparecem nas espécies marinhas, levando ao seu desaparecimento em certos meios e, provavelmente, originando doenças ao homem. Petróleo derramado por navios- tanques causa a morte de numerosas aves marinhas. Como limpar derramamentos de petróleo? Existem várias técnicas de combate à poluição dos oceanos pelo petróleo: o afundamento, a utilização de detergentes, a combustão, a recolha mecânica (por intermédio de bomba), a degradação biológica. A escolha da técnica a ser utilizada vai depender das condições ambientais e do tamanho do derramamento. A técnica do afundamento tem efeitos nocivos sobre a flora e fauna dos fundos oceânicos. uma vez afundado, cobre os sedimentos do fundo do mar e destrói toda a vida aí existente no espaço de alguns meses. Também não muito aconselhável é o sistema de detergentes, que consiste na dissolução do petróleo. os detergentes espalham-no, permitindo a dissolução das porções mais tóxicas, que atingem grandes concentrações. Esse processo não se revelou muito eficaz, pois o complexo petróleo-detergente é mais tóxico que o petróleo isolado, e a sua biodegradação é mais lenta. 35 5. ATIVIDADE A SER DESENVOLVIDA PELO(A) ALUNO(A) Caro(a) aluno(a), após leitura do MóduloII,saiba um pouco mais no texto escrito na janela lateral, sobre derramamento de óleo. Que estratégias você proporia ou adotaria, a fim de sensibilizar os setores pertinentes e os respon- sáveis diretos a solucionarem este problema ambiental? No texto intitulado REFLITA uM PouCo, expresso, também, na janela lateral, foram feitos alguns questionamentos. Que respostas você daria a esses questionamen- tos? Coloque suas idéias sobre esse assunto no fórum desta disciplina. 6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BRAGHIRoLLI, M. E.; BISI, G. P.; RIZZEN, L. A.; NICoLETTo, u. 2000. Psicologia Geral. 1ª ed. Vozes, Petrópolis- RJ. CAMPBELL, B. 1�83. Ecologia Humana. Edições 70. Lisboa. 260p. DAVIDoFF, L. 2001. Introdução à Psicologia. Ed. Makron Boos Ltda. São Paulo. DIAS, G.F. 1��2. Educação Ambiental: princípios e práticas. Ed. Gaia, São Paulo. HALL, C. S; LINDZEY, G. 1�78. Teoria da Personalidade SP, EPu. RICKLEFS, R. E. 1��6. A economia da natureza. 3a. ed. Editora Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. 46�p. RoGERS, C. 1�8�. Psicologia e pedagogia sobre o poder pessoal. São Paulo, Martins Fontes, 3ª ed. ZIMERMAN, D.; oSÓRIo, L. C. 1��7. Como trabalhamos em grupo. 1 ª ed. Artes-Médicas, Porto Alegre. A combustão consiste em queimar o petróleo como forma de eliminá-lo, mas as altas temperaturas atingidas aumentam a solubilidade de componentes tóxicos, tornando-o um processo não muito viável. A recolha mecânica é ideal, salvo em difíceis condições atmosféricas, pois não fere o ambiente. Na degradação biológica, as bactérias decompõem o petróleo em substâncias mais simples. Essas bactérias são extraídas do amido do milho, vivendo enquanto houver petróleo para degradar. Para digerir 1 litro de petróleo, as bactérias consomem o oxigênio de 327 litros de água, o que agrava o risco de asfixia do mar” (Fonte: http://www.brasilescola. com/imagens/curiosidades/ acidente-petroleo.jpg (acesso em 25.07.2007 às 20:01 h). REFLITA uM PouCo Você acha que, para se chegar ao atual estado de conhecimento sobre o petróleo, houve poucos estudos? Que esforço maior ainda não teremos que fazer para atingirmos um estado avançado de nosso autoconhecimento e, a partir daí, compreendermos e exercitarmos nossas competências para uma convivência mais saudável? 71 VIRTUAL G O V E R N O F E D E R A L Ministério da Educação
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