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Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental Semestre 01 . Módulo 03 Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco CEFET-PE CEAD - Coordenação de Tecnologias Educacionais e Educação a Distância 2007 Disciplina Relações Interpessoais Sócio-Ambientais Módulo 3 27 Disciplina Relações Interpessoais Sócio-Ambientais Módulo III - Capítulo 1: Comportamento Humano Apresentação Depois de termos aprendido e refletido um pouco sobre o autoconheci- mento, vamos investigar mais a fundo o que está por trás de tão variada diferença no comportamento humano. O que será que faz com que as pes- soas reajam de forma diferenciada diante dos fatos? Sejam eles positivos ou negativos, constatamos que são resolvidos de forma diferente, quando se consideram pessoas de mesmo nível social, idade e nível intelectual seme- lhante. Poderíamos nos perguntar sobre que forças psicológicas conferem singularidade a cada pessoa? Essa força é denominada de personalidade, sendo intrínseca a cada um de nós. Mas o que é personalidade e como ela pode afetar as nossas relações interpessoais? Isso é o que veremos nesse capítulo, a fim de compreendermos melhor o comportamento humano. Há muito temos ouvido a palavra personalidade, sendo este um termo familiar, usado para descrever e caracterizar comportamentos e atitudes das pessoas em nosso meio relacional. Taxamos ou classificamos, muitas vezes, as pessoas como agradáveis ou desagradáveis, seguindo-se um julgamento, via de regra dicotômico, em que tentamos distinguir uma per- sonalidade da outra. Quanto mais uma pessoa apresenta características marcantes, positivas e destacadas, como, por exemplo, sendo dinâmica, cortês, amigável, simpática, somos direcionados a taxá-la como um indiví- duo que “tem personalidade” e a admiramos por isso. Se a pessoa, por outro lado, demonstra características menos admiráveis, como negatividade, irri- tabilidade excessiva ou de pouca reação às intempéries da vida, dizemos que ela “não tem personalidade”, ou tem “personalidade fraca”. Na verdade, todos temos personalidade, o que pode acontecer é que ela seja mais ou menos interessante, tenha mais ou menos destaque e, por isso, desperte mais curiosidade e atenção, ao proporcionar sensações agra- dáveis no âmbito de convivência. SIGMUND FREUD (Fonte: /www3.sympatico.ca /jbeili/images/Freud-1.jpg) Médico especializado em doenças mentais, Sigmund Freud (1856-1939) desenvolveu a Psicanálise, uma teoria do funcionamento da mente humana e um método exploratório de sua estrutura, destinado a tratar os comportamentos compulsivos e muitas doenças de natureza psicológica supostamente sem motivação orgânica. Ele recolheu, de várias fontes, os elementos com que compôs sua teoria e o fez, principalmente, a partir das descobertas do médico austríaco Josef Breuer, da doutrina platônica e do pensamento filosófico de Schopenhauer, consolidando, através de longa prática clínica, os postulados da teoria que chamou Psicanálise. A maioria das biografias divulgadas sobre Freud baseiam-se em Ernest Jones, o psicanalista inglês que se tornou seu biógrafo. Sigmund Freud (Sigismund Schlomo Freud até os 21 anos) nasceu a 6 de maio de 1�56, em Freiberg, Moravia, no império austro-húngaro (hoje Pribor, Checoslováquia). Filho de Jacob Freud, um comerciante judeu, e de sua jovem segunda 2� 1. Teoria da personalidade A palavra personalidade deriva do latim “persona”, que significa “máscara”. Existem conceitos variados para o termo personalidade. De uma forma geral, é admitido que personalidade seja a organização dinâmica do individuo, envolvendo os sistemas psicofísicos que determinam seu comportamento e pensamento. A personalidade caracteriza o modo do indivíduo interagir com o mundo. Representa a forma particular como o indivíduo se relaciona com os outros, o que, de certa forma, permite para as suas atitudes um determinado nível de previsibilidade. Por exemplo, descendo de um ônibus no final de uma tarde, um estudante de 19 anos que havia sido aprovado no vestibular do CEFET-PE, foi cruel- mente atropelado. Quebrou costelas, perfurou o pulmão, o fígado, baço e vários órgãos. A população presente que correu para socorrer ainda pergun- tou a ele a quem devia avisar. O rapaz apenas respondeu: “dor, dor, celular no bolso”, e morreu em seguida. Seu tempo de vida foi de cinco minutos. Vendo a trágica cena, um senhor disse:” Meu Deus, ele é tão jovem quanto a minha filha.” E começou a passar mal. Alguns jovens presentes ali, apesar do impacto sofrido, reagiram e utilizaram o celular do rapaz para localizar seus parentes e amigos. Outros observaram a cena e ficaram sem ação. Outros, ainda, evitaram passar próximo ao acidente, como forma de evitar a dor. Em um outro exemplo, numa situação de um assalto de carro a mão armada em um sinal de trânsito, é comum escutarmos que as pessoas assaltadas tenham diferentes atitudes. Há pessoas que entregam o carro sem reação, que reagem e dão partida no carro, que entregam o carro e começam a cho- rar; e até mesmo algumas que, ao entregarem o carro, passam por tamanho medo e tensão que urinam na roupa. Estas são algumas dentre tantas outras reações. Nos trágicos exemplos acima, observa-se que pessoas diferentes têm ações diferentes frente ao mesmo fato. Assim, podemos concluir que a personalidade envolve variadas características do indivíduo, tais como seu temperamento, seu conjunto de saberes e valores aprendidos durante a sua vida, suas orientações éticas, políticas e religiosas. A necessidade de conceituar a per- sonalidade surge a partir da observação de constantes no comportamento dos indivíduos, comportamentos esses que se repetem no tempo e são pas- síveis de generalizações, muitas vezes de contexto para contexto. Apesar das constantes de comportamento presentes nos indivíduos, é con- senso, também, que algumas situações vivenciadas, pontualmente, possam afetar o comportamento e provocar alterações. esposa, Amalia Nathanson, Freud tinha irmãos do primeiro casamento do pai com Sally Kanner, falecida em 1852, que eram cerca de vinte anos mais velhos que ele. Em 1�60, devido à falência do negócio do pai, sua família mudou-se para Viena; Freud tinha 4 anos. Aos nove anos, Freud entrou para a escola onde teve um aproveitamento acima da média. Para sua formação superior, matriculou-se na Universidade de Viena, em 1�73. Ao escolher sua futura carreira, estudou primeiro Filosofia, mas decidiu-se depois pela Medicina, e se especializou em Fisiologia Nervosa, uma área onde a prática diária atenderia mais de perto à sua preocupação em conhecer a natureza humana. Freud, com certeza, deveu mais aos seus estudos de Filosofia a inspiração para sua doutrina que à atrasada Fisiologia Nervosa do seu tempo. Em 1�74, na universidade, foi aluno do filósofo Franz Brentano (Fonte: www. cobra.pages.nom.br/ecp-freud. html). PERSONALIDADE “O que seria, então, personalidade? A personalidade é uma estrutura interna, formada por diversos fatores em interação. Não se reduz a um traço apenas, como a autodeterminação ou um valor moral. Pode ser muito ou pouco valorizada. Não importa. Uma pessoa, mesmo sem valores, mal formada, com falhas morais ou limitações psicológicas, não deixa de ter personalidade, 29 A Psicologia Moderna surgiu no século XIX como um produto da Filosofia e da Fisiologia Experimental. Assim,a teoria da personalidade foi conce- bida por profissionais da Medicina que trabalhavam como psicoterapeutas, sendo, desta forma, Freud, Jung e McDougall considerados os pioneiros nesta área. Vamos, então, comentar um pouco sobre a teoria da personali- dade, baseados, apenas, na visão de Freud. A personalidade está estruturada segundoesses teóricos por três grandes sistemas: o id, o ego e o superego, estando, estes sistemas, intimamente, conectados e raramente operando um deles com a exclusão dos outros dois. Esquema dos sistemas dos três grandes sistemas que constituem a personalidade. (Esquema: Elcida L. Araújo e Suzene I. da Silva). Vamos, agora, conhecer um pouquinho sobre as características desses sis- temas. Id – O id pode ser descrito como a matriz de onde se originaram o ego e o superego, sendo a fonte e a reserva da energia psíquica, também denomi- nada de libido, que impulsiona o ego e o superego. O id é considerado como tendo origem orgânica e hereditária, portanto, estando presente no indivíduo desde seu nascimento, incluindo, assim, os instintos. Está relacionado a todos os impulsos naturais do tipo irracional. O id é muito sensível às variações de energia. Quando a energia aumenta, ele tende a reagir de forma a descarregá-la o mais rápido quanto possível, de forma a restabelecer um nível de energia confortável, constante e baixo, pois é regido pelo princípio do prazer, funcionando como um sistema de escape de evitação do sofrimento e dor. Localiza-se na zona inconsciente da mente. O id não conhece a realidade objetiva, por isso surge o Ego. Ego – A palavra ego vem do latim e significa “eu”. O ego é responsável pelo equilíbrio entre as exigências do id, as exigências da realidade e as ordens porque tem uma estrutura interna, embora defeituosa. Também, a personalidade não é a simples soma ou justaposição de elementos, mas um todo organizado e individual, produto de fatores biopsicossociais. Nos fatores biológicos estão: o sistema glandular e o sistema nervoso Componentes da Personalidade (Temperamento e Caráter) Sendo a personalidade o que distingue uma pessoa da outra, a mesma encontra-se apoiada em herança biológica e na ação ambiental. Os fatores biológicos, principalmente o sistema glandular e o sistema nervoso determinam no indivíduo o temperamento, que é constituído de impulsos naturais. Ser agressivo ou não ser agressivo, ser irrequieto ou indolente, ser emotivo ou não emotivo, ter reações primárias ou secundárias, podem ter traços temperamentais. Assim, o indivíduo nasce com determinado temperamento, mas fatores ambientais podem modificá-lo até certo ponto. Deste modo, a educação pode manter domínio e controle sobre o temperamento, a alimentação, as doenças, o clima, os acontecimentos e outros fatores causam algumas transformações nos traços temperamentais (Fonte: http:/pt.wikipedia.org /wiki/Teoria_ da_personalidade)” 30 do superego. O ego nasce da necessidade que o organismo tem de realizar interações apropriadas com o mundo objetivo da realidade. Por exemplo, uma pessoa que está com muita sede, procura água para saciar sua sede. Isso significa que ela, inconscientemente, faz diferença entre a necessidade da água (imagem da necessidade) e a percepção da necessi- dade de buscar a água no mundo real. O prazeroso, para esta pessoa, talvez, fosse encontrar água gelada, mas ela encontra apenas água natural. Então, para satisfazer a necessidade da sede, ela bebe a água. Portanto, o ego é um sistema que funciona como regulador, na medida em que modifica o princípio do prazer para buscar da satisfação, considerando as condições objetivas da realidade, evitando, assim, o desprazer. O ego tem como funções básicas a percepção, memória, sentimentos e o pensamento, localizando-se na zona consciente da mente. O ego pode ser considerado, também, como o executivo da personalidade, uma vez que ele controla o acesso à ação. Ele seleciona as características do ambiente e decide que instintos serão satisfeitos e de que maneira. Superego – O superego é o terceiro sistema da personalidade e atua como censor do Ego. Este sistema origina-se com o famoso complexo de Édipo, descrito por Sigmund Freud. Este complexo surge quando um menino atinge, na segunda infância, o período sexual fálico. Ou seja, representa o período da infância que vai dos três a seis anos, quando a criança desperta para a percepção dos órgãos genitais. Nesta fase, ocorre o apego erótico e exces- sivo, às vezes, inconsciente do filho em relação à mãe. Em paralelo, ocorre o desenvolvimento de sentimentos de ciúmes em relação ao pai, que passa a ser visto pela criança como um rival. No caso da menina, este complexo é conhecido, na Psicanálise, como complexo de Electra, representando o desejo da filha pelo pai. A criança, nessa fase, passa a ver a mãe como rival. De acordo com os princípios morais e sociais, muitas repressões são dadas à criança neste período. Assim, o superego origina-se da internalização das proibições, dos limites e da autoridade. Portanto, o superego é o represen- tante interno dos valores tradicionais e dos ideais da sociedade que foram transmitidos pelos pais, através do sistema de castigos e de recompensas impostos ao indivíduo quando este ainda era criança. O superego funciona como a força moral da personalidade. Representa nos- sos conceitos do que é certo e do que é errado. O Superego nos controla e nos pune (através do remorso, do sentimento de culpa), quando fazemos algo errado, e também nos recompensa (sentimos satisfação, orgulho), quando fazemos algo meritório. O Superego procura inibir os impulsos do Id, uma vez NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA DA PERSONALIDADE “Para Freud, os três níveis Os níveis de consciência são: consciente, pré-consciente e inconsciente. Consciente – inclui tudo aquilo de que estamos cientes num determinado momento. Recebe, ao mesmo tempo, informações do mundo exterior e do mundo interior. Pré-consciente – (ou sub- consciente) – constitui-se nas memórias que podem se tornar acessíveis a qualquer momento, como, por exemplo, o que você fez ontem, o teorema de Pitágoras, o seu endereço anterior, etc. É uma espécie de “depósito” de lembranças à disposição, quando necessárias. Inconsciente – estão os elementos instintivos e material reprimido, inacessíveis à consciência e que podem vir à tona num sonho, num ato falho ou pelo método da associação livre. Os processos mentais inconscientes desempenham papel importante no funcionamento psicológico, na saúde mental e na determinação do comportamento (Fonte: http:// pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_ personalidade)” 31 que este não conhece a moralidade. As principais funções do Superego são: inibir os impulsos do id (principalmente os de natureza agressiva e sexual) e lutar pela perfeição. Os três sistemas da personalidade não devem ser considerados como fato- res independentes que governam a personalidade. Cada um deles tem suas funções próprias, seus princípios, seus dinamismos, mas atua um sobre o outro de forma tão estreita que é impossível separar os seus efeitos. De uma maneira geral, o id representa o componente biológico da personalidade, o ego representa o componente psocológico e o superego, o componente social. 1.1 Mecanismos de defesa da personalidade O mecanismos de defesa da personalidade são variados e eles existem para evitar prejuízos à nossa personalidade, devido a frustrações e conflitos que vivenciamos no nosso dia-a-dia, como, por exemplo: um compromisso agendado que vem sendo esperado há tempo e que é cancelado; um recep- cionista que não nos atende direito, entre outros. Aqui, neste texto, vamos comentar apenas sobre alguns dos mecanismos de defesa da personali- dade que são mobilizados em situações como esta, visando evitar danos à mesma. Esses mecanismos são processos realizados pelo ego e são inconscientes, isto é, ocorrem independentemente da vontade do indivíduo. Tais processos são executados pelo ego, a fim de excluir da consciência os conteúdos indesejáveis, protegendo, desta forma, o aparelho psiquíco. Entreeles, temos: recalque, racionalização, projeção, deslocamento, regressão e somatização (Figura 2). Recalque – O recalque é um mecanismo de defesa que funciona supri- mindo uma parte da realidade. Ele não é percebido pelo indivíduo, e, ao ficar invisível, altera, deforma o sentido de um todo. É como se, ao ler este texto, você pulasse uma linha, o que impediria a compreensão da frase ou o sentido do que está sendo dito. Por exemplo, às vezes, estamos diante de frases proibitivas (não pise na grama), que vão de encontro ao que que- remos (sentar na grama). Então, suprimimos de nossa percepção o “não” proibitivo e sentamos na grama. Quando chamados a atenção sobre o que estamos fazendo, dizemos que não tínhamos visto a proibição. O recalque é o mais radical dos mecanismos de defesa da personalidade. Muitos casos de amnésia (excluídas as causas orgânicas) podem ser explicados através deste mecanismo. Esquecemos o que é desagradável. CARL GUSTAV JUNG (Fonte: images.google.com .br/images?hl=pt-R&q=Jung %20&ie=UTF-�&oe=UTF- 8&um=1&sa=N&tab=wi) Carl Gustav Jung nasceu em Kesswyl, uma cidade no lago Canstance, Suíça, em 26 de julho de 1�75. Formou-se em Medicina pela Universidade da Basiléa. Iniciou sua carreira na Psiquiatria como assistente no Hospital Mental de Burghölzli, em Zurique, e na clínica psiquiátrica de Zurique. A publicação de uma bibliografia completa sobre a vida dele ainda inexiste. Por 60 anos, Car Jung dedicou-se com grande afinco a analisar os processos vastos e profundos da personalidade humana. Seus escritos são volumosos e a extensão de sua influência na Psicologia é incalculável. É conhecido não apenas por psicólogos e psiquiatras, mas também por pessoas instruídas em todas as profissões. Embora a teoria da personalidade de Jung normalmente seja identificada como uma teoria psicanalítica, devido à ênfase que dá aos processos inconscientes, ela difere, em alguns aspectos notáveis, da teoria da personalidade de Freud. Talvez, o aspecto mais proeminente 32 Alguns dos mecanismos de defesa da personalidade (Esquema: Elcida L. Araújo e Suzene Izídio da Silva). Racionalização – Este mecanismo consiste em justificar, de forma mais ou menos lógica e ética, a nossa própria conduta. Por ele, arranjamos desculpas e explicações que nos inocentem de erros e fracassos. Portanto, ele, prova- velmente, é um dos mecanismos menos inconscientes. A criação de um “bode expiatório” é também racionalização. Dar uma des- culpa para inocentar nosso “eu” ou jogar a culpa em outro tem a mesma finalidade: aliviar nossa “culpa”, ou nos proteger de algo que nos inferiorize diante de nós e dos outros. Isto é tão antigo quanto Adão e Eva. Depois de cometido seu “pecado original”, para livrar seu “eu” da culpa, Adão optou por um “bode expiatório”, culpando sua mulher, Eva. Esta, por sua vez, optou pela desculpa: “fui tentada pelo diabo, em forma de serpente”. Na racionaliza- ção, o ego coloca a razão a serviço do irracional e utiliza para isto o material fornecido pela cultura, ou mesmo pelo saber científico. Projeção – É um mecanismo de personalidade que consiste em atribuir a outros as idéias e tendências que o sujeito não pode admitir como suas. Sem que percebamos, muitas vezes, vemos nos outros defeitos que nos são próprios. Como exemplo, pode ser citado o caso de um aluno que, ao ser reprovado nas avaliações, justifica-se dizendo que o seu professor era incom- petente. Assim, ele projeta a sua frustração no professor. Deslocamento – É um mecanismo de defesa muito comum. Ele funciona na tentativa de ajustar nosso comportamento e eliminar as tensões, que, muitas vezes, não podem ser descarregadas na fonte de nossa frustração (um chefe, a organização, etc). Assim, passamos a agredir terceiros que não têm nada a ver com o problema que nos causou a frustração. Exemplificando, uma pes- soa tem um dia muito turbulento em seu trabalho, não podendo descarregar as tensões no momento em as mesmas ocorrem. Assim, ao chegar em casa, passa a agredir seus familiares, como forma de aliviar a tensão. e distintivo da visão de Jung sobre os seres humanos é que ela combina teleologia com causalidade. Comportamento humano é condicionado não apenas pela história individual e racial (causalidade), mas também pelas metas e aspirações (teleologia). A realidade do passado e a potencialidade do futuro orientam nosso comportamento presente. Segundo Jung, a pessoa vive por metas e por causas. Jung morreu em 06 de junho de 1961, em Zurique, aos 85 anos de idade. (Extraído de Hall, C.S. Teoria da Personalidade. Porto Alegre. Artes Médicas Sul, 2000). SAIBA MAIS UM POUCO “Distúrbios da Personalidade A melhor maneira de definir “distúrbio” é caracterizá-lo como deficiência psicológica, com repercussão na área emocional e interpessoal. Este termo caracteriza uma faixa que vai desde formas neuróticas leves até a loucura, na plenitude do seu termo. Normal seria aquela personalidade com capacidade de viver eficientemente, manter relacionamento duradouro e emocionalmente satisfatório com outras pessoas, trabalhar produtivamente, repousar e divertir-se, ser capaz de julgar realisticamente suas falhas e qualidades, aceitando-as. A falha de uma ou outra dessas características pode indicar a presença de uma deficiência psicológica ou “distúrbio” da personalidade. Classificamos distúrbios da personalidade em 3 grandes tipos básicos: 33 Regressão – Neste mecanismo de defesa, o indivíduo, frente a uma expe- riência traumática, reage com expressões peculiares a um estágio psíquico imaturo. Ou seja, ele passa a apresentar comportamentos imaturos, não compatíveis com a fase de desenvolvimento real que ele tem no momento. Por exemplo, uma criança em idade escolar, no primeiro dia de aula, na escola, pode regredir a um estágio anterior de desenvolvimento, apresen- tando um comportamento típico de um bebê, voltando a chupar o dedo, chorando ou escondendo-se num canto da sala, como formas de defesa. Outro exemplo seria o de um homem adulto que, passando por uma separa- ção conjugal, busca consolo na bebida, retomando comportamentos típicos da fase oral (beber). Somatização – Neste mecanismo defesa, o conflito vivenciado acaba gerando uma perturbação fisiológica. Por exemplo, numa família em que um dos pais necessita viajar com freqüência em função das necessidades de seu trabalho, o filho, ao perceber que a mãe ou o pai vai viajar novamente, pode somatizar o problema e adoecer, passar mal, vomitar, etc., como forma de apelação para que seus pais não viajem. 2. A compreensão das diferenças individuais e a complexidade do ser humano Após termos discutido um pouco sobre a constituição da personalidade humana, tentaremos, abaixo, falar um pouco sobre as diferenças individuais e a complexidade do ser humano. As diferenças observadas entre os indi- víduos foram sempre objeto de curiosidade dos psicólogos e profissionais da área humana. A Psicologia nos ajuda a perceber as diferenças de per- sonalidade e as diferenças entre as pessoas. Usar de Psicologia auxilia no relacionamento entre as pessoas. Os referenciais teóricos a que as pessoas têm acesso, durante a sua for- mação, reforçam sua compreensão sobre a complexidade das pessoas com as quais convivem. O que guardamos desses referenciais teóricos são os estágios do desenvolvimento cognitivo ou os comportamentos emocionais esperados em cada etapa, estabelecendo, assim, um perfil de desenvolvi- mento ao qual deve encaixar-se o indivíduo. O termo cognição é derivado da palavra latina cognitione, que significa a aquisição de um conhecimento através da percepção. Ela deriva da Psicologia Cognitiva e pressupõe que o aprendizado se dá pela apreensão dos dadose do conhecimento imediato. 1º Tipo: Neuroses: é a existência de tensão excessiva e prolongada, de conflito persistente ou de uma necessidade longamente frustrada, é sinal de que na pessoa se instalou um estado neurótico. A neurose determina uma modificação, mas não uma desestruturação da personalidade e, muito menos, de perda de valores da realidade. Costuma-se catalogar os sintomas neuróticos em certas categorias, como: a) Ansiedade - a pessoa é tomada por sentimentos generalizados e persistentes de intensa angústia, sem causa objetiva. b) Fobias – uma área da personalidade passa a ser possuída por respostas de medo e ansiedade. Na angústia, o medo é difuso e, quando vem à tona, é sinal de que já existia há longo tempo. Na reação fóbica, o medo se restringe a uma classe limitada de estímulos. Verifica-se a associação do medo a certos objetos, animais ou situações. c) Obsessiva-Compulsiva: a obsessão é um termo que se refere a idéias que se impõem repetidamente à consciência. São por isto dificilmente controláveis. A compulsão refere- se a impulsos que levam à ação. Está intimamente ligada a uma desordem psicológia chamada transtorno obsessivo-compulsivo. 2º Tipo: Psicoses: o psicótico pode encontrar-se ora em estado de depressão, ora em estado de extrema euforia e agitação. Em dado momento, age de um modo e, em outro, comporta-se de maneira totalmente diferente. Houve uma desestruturação da sua personalidade. O dado clínico para se aferir a psicose 34 Por exemplo, em uma sala de aula, uma professora pode perceber mui- tas diferenças entre seus alunos. Uma criança pode ser extrovertida, outra calada, outra participativa, outra tímida, outra meiga, outra agressiva, etc. Estas diferenças são determinadas pelos fatores que influenciam a persona- lidade de cada indivíduo. O indivíduo pode ser influenciado por aspectos inconscientes. Por exemplo, o indivíduo pode fazer algo para alguém no desejo de ser semelhante a uma pessoa importante de seu relacionamento, como seus próprios pais. Também, as diferenças individuais podem ser influenciadas pelas forças do ego, que oferecem um sentimento de identidade, também denominado de self. Ainda precisamos considerar as diferenças da própria origem biológica existentes entre os seres humanos, ou seja, a natureza genética, física, fisiológica e temperamental que cada um tem. As experiências vivenciadas por um indi- víduo, bem como o ambiente onde ele vive, também podem condicionar e modelar sua forma de ser, constituindo-se em motivos de diferenças entre as pessoas. Ou seja, as circunstâncias à nossa volta podem nos ensinar a responder de uma forma ou de outra, possibilitando nosso crescimento em diversas culturas. Portanto, a cultura pode ser tida como um fator importante na determinação de quem somos. A dimensão cognitiva de cada ser humano pode ser um fator que auxilie entender as diferenças existentes entre os mesmos. Cada pessoa pensa e interpreta o mundo ao seu redor do seu próprio jeito. Um indivíduo reúne um conjunto de características, habilidades e predisposições, isto é, cada pessoa tem sua própria capacidade e inclinação, as quais podem ser perce- bidas no seu comportamento. Ainda podemos perceber, no indivíduo, uma dimensão espiritual, intrínseca ao seu caráter e que o induz a refletir sobre o significado de sua existência. Apesar de todas essas diferenças, todas as pessoas buscam a felicidade e auto-realização. Por fim, podemos entender que a natureza humana é produto da interação contínua entre o indivíduo e o ambiente específico que o circunda. Assim, caro(a) aluno(a), tomando por base o conhecimento discutido acima, cabe-nos ter sensibilidade para compreender e respeitar diferenças de indivíduo para indivíduo, observadas diariamente em nosso âmbito social, quer seja em casa, na escola ou desempenhando a nossa profissão, como, por exemplo, a de Gestor Ambiental. Necessitamos, muitas vezes, de uma parada para refletir, não somente sobre as atitudes dos outros, mas também para avaliarmos a razão de muitas de nossas atitudes. é a alteração dos juízos da realidade. Nas psicoses, além da alteração do comportamento, são comuns alucinações (ouvir vozes, ter visões e delírios). Pode ser possuído por intensas fantasias de grandeza ou perseguição. Pode sentir-se vítima de uma conspiração assim como se julgar milionário, um ser divino, etc. As psicoses se manifestam como: a) Esquizofrenia - apatia emocional, carência de ambições, desorganização geral da personalidade, perda de interesse pela vida nas realizações pessoais e sociais. b) Maníaca-depressiva – caracteriza-se por perturbações psíquicas duradouras e intensas, decorrentes de uma perda ou de situações externas traumáticas. O estado maníaco pode ser leve ou agudo. É assinalado por atividade e excitamento. Os maníacos são cheios de energia, inquietos, barulhentos, falam alto e têm idéias bizarras, uma após outra. O estado depressivo, ao contrário, caracteriza-se por inatividade e desalento. c) Paranóia – caracteriza-se, sobretudo, por ilusões fixas. É um sistema delirante. As ilusões de perseguição e de grandeza são mais duradouras do que na esquizofrenia paranóide. Os ressentimentos são profundos. É agressivo, egocêntrico e destruidor. Acredita que os fins justificam os meios e é incapaz de solicitar carinho. Não confia em ninguém d) Psicose alcoólica – é, habitualmente, marcada por violenta intranqüilidade, acompanhada de alucinações de uma natureza aterradora. 35 3. ATIVIDADE A SER DESENVOLVIDA PELO(A) ALUNO(A) Caro(a) aluno(a), após realizar a leitura deste texto, utilize de sua percepção e indique as diferenças de personalidade que você consegue visualizar em seu ambiente de trabalho ou em seu lar. Posteriormente, faça uma crítica de como essas diferenças interferem nas relações interpessoais e apresente-a no fórum da disciplina. 4. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; Teixeira, M. L. T. 2005. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. Ed. Saraiva, São Paulo. BRAGHIROLLI, M. E.; BISI, G. P.; RIZZEN, L. A.; NICOLETTO, U. 2000. Psicologia Geral. 1ª ed. Vozes, Petrópolis- RJ. DAVIDOFF, L. 2001. Introdução à Psicologia. Ed. Makron Boos Ltda. São Paulo. HALL, C. S; LINDZEY, G. 2000. Teorias da Personalidade. ArtMed, Porto Alegre. ROGERS, C. 1989. Psicologia e pedagogia sobre o poder pessoal. São Paulo, Martins Fontes, 3ª ed. e) Arteriosclerose Cerebral – evolui de um modo semelhante à demência senil. O endurecimento dos vasos cerebrais dá lugar a transtornos de irrigação sangüínea, os quais são causa de que partes isoladas do cérebro estejam mal abastecidas de sangue. 3º Tipo: Psicopatias: os psicopatas não estruturam determinadas dimensões da personalidade, verificando-se uma espécie de falha na própria construção. Os principais sintomas das psicopatias são: diminuição ou ausência da consciência moral. O certo e o errado, o permitido e o proibido não fazem sentido para eles. Desta maneira, simular, dissimular, enganar, roubar, assaltar, matar não causam sentimentos de repulsa e remorso, em suas consciências. Valores para eles são seus interesses egoístas. Em geral, eles têm bom nível de inteligência e baixa capacidade afetiva.Parecem incapazes de se envolver emocionalmente. Não entendem o que seja socialmente produtivo (Texto extraído de http:/ pt.wikipedia.org./wiki/Teoria_da_ personalidade)”
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