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Civil III - Contrato

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Direito Civil III- II GQ – Aula 03 - Artigos 861 – 875
 Gestão de Negócio
	O gestor responde perante o terceiro com quem agiu e perante o dono do negócio. O nome “gestão” poderia ser diferente. O legislador, copiando o disposto no Código de 1916 chamou de gestão de negocio. Mas, o mais correto seria “gestão de negócios alheios”.
	Gestão é a intervenção num negócio alheio; é um terceiro que, sem mandato, intervém na administração ou defesa do interesse alheio. Essa intervenção como se fora mandado, porque quando se age como representante e possui um mandato, deu autorização do representado. O mandato é a outorga de poderes para que uma pessoa aja em nome de outra. No mandato quem age é o mandatário, mas ele age à conta e risco do mandante; há apenas uma representação.
	Na gestão de negócio NÃO há mandato, o gestor atua segundo a vontade presumível do dono. 
Semana passada, acompanhamos de que houve um incêndio num terminal de combustível em Santos que durou vários dias, o que exigiu a evacuação de muitas residências. Se alguém deixou o carro estacionado em lugar próximo ao incêndio. Se outra pessoa tomou a iniciativa de tirar o carro do local e o por em local seguro, isso é uma gestão de negócio - alguém age em defesa de direito ou interesse alheio.
Gestão significa prática de atos na defesa de interesses.
Negócio, nos termos da lei, significa assunto ou interesse de uma pessoa que pode ensejar a prática de um jurídico strictu senso. Então, negócio não significa, exclusivamente, comércio; muito embora, na prática, esse instituto se faça presente com muito mais frequência quando o dono do negócio exerce uma atividade de comércio. 
O que caracteriza a gestão de negócio é a prática de atos na defesa dos interesses alheios sem autorização do titular do interesse; há uma interferência de uma terceira pessoa na defesa do interesse alheio, sem que a pessoa, titular do direito, autorize o ato.
Exemplo: Antes das barragens de Carpina e outras serem construídas, tínhamos, frequentemente, cheias em Recife. Digamos que na iminência de uma cheia, uma pessoa morasse num apartamento de 1° andar e vendo a água chegar decidisse abrir a porta do apartamento do térreo e transportar os bens da pessoa para seu próprio apartamento no 1° primeiro sem que a dona do apartamento do térreo o autorizasse. Isso caracterizaria uma gestão de negócio. Se a dona ligasse para ele dizendo que estava em Caruaru, que tinha noção da cheia e pedisse que o vizinho do 1° andar retirasse os móveis e os levasse para seu apartamento deixaria de ser uma gestão de negócio e seria um mandato. 
É por isso que a gestão de negócio é elencada como fonte de obrigação por ato unilateral. O que vai gerar a obrigação é a manifestação de vontade desta pessoa, que toma uma iniciativa sem autorização da outra. Aqui se tem uma vontade presumível. Em circunstâncias normais há como se entender que o dono do imóvel não gostaria que seu patrimônio fosse destruído, obviamente que ele aprovaria a iniciativa do vizinho. Mas, esse é um raciocínio lógico. O gestor age seguindo a vontade presumível do dono.
É uma obrigação por ato unilateral porque, nessa iniciativa, se o gestor causar algum prejuízo ao dono terá que responder pelos danos causados. É um ato unilateral que faz surgir uma responsabilidade civil, não obstante ser a natureza da gestão de negócio a gratuidade. Quem age em defesa de direito alheio o faz, unicamente, por solidariedade, porque o gestor não faz jus a remuneração, não tem direito de exigir nenhum benefício. Claro que se o dono deixar de sofrer algum prejuízo, PODE passar algo em troca para o gestor, mas isso não significa dizer que TEM que passar, é uma prerrogativa. Ele pode dar um presente, um bem, realizar uma doação remuneratória...
O gestor se obriga a transferir todas as vantagens para o dono, qualquer benefício que ele obtiver com a gestão deve transferir, é por isso que ele responde perante o dono do negócio.
SITUAÇÕES QUE ENSEJAM A RESPONSABILIZAÇÃO DO GESTOR
O gestor pode ter que restituir as coisas no estado anterior ou indenizar pela diferença;
Ex.: Gestor vende a mercadoria abaixo do seu eventual preço. Ele vai responder perante o dono pela diferença que ele deixou de obter.
Deve comunicar ao dono do negócio a gestão que assumiu e aguardar a resposta do dono, que lhe poderá fornecer instruções;
Deve zelar pela gestão do negócio, com toda diligência para a gestão;
Deve ressarcir o dono pelos prejuízos resultantes de qualquer culpa da gestão;
Se o gestor causar um prejuízo ao dono por culpa de sua gestão, deve responder. Por isso que a gestão do negócio é fonte de obrigação civil por ato unilateral. 
Se o gestor se fizer substituir por outra pessoa, responderá pelas faltas do seu substituto;
Art. 868. O gestor responde pelo caso fortuito quando fizer operações arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las, ou quando preterir interesse deste em proveito de interesses seus. 
Se alguém quer ser solidário, ajudar e termina por causar, até mesmo por caso fortuito, prejuízo ao dono da coisa ele deve responder pelo prejuízo. É por isso que tantas pessoas deixam de tomar iniciativa no intuito de gerir interesses alheios.
Ex.: Tem um carro estacionado num lugar que está pegando fogo. Se A retira o carro, com vistas a ajudar e uma árvore cair em cima do carro, A vai ser responsabilizado. 
PERGUNTA: não dá pra ouvir. Resposta: O dono poderia dizer que não deveria vender aquele determinado bem na sua ausência. Presume-se que a iniciativa seria no benefício do dono, a não ser que o gestor aja contra a vontade. O gestor não pode agir contra a determinação do dono, mas quando não há essa determinação deve agir seguindo a vontade presumível. Baseia-se no princípio da razoabilidade.
	Se o gestor agir contra a vontade do dono deve responder civilmente. 
OUTRA SITUAÇÃO: Indivíduo tem o carro estacionado em lugar que está pegando fogo. Terceiro - gestor - vai lá e, visando preservar o bem, retira o veículo. Acontece que o dono queria que o carro fosse danificado pelo incêndio, tendo em vista recebimento de indenização da seguradora. O gestor não pode ser responsabilizado nesse caso.
PERGUNTA DAQUELE CARA QUE NINGUÉM ESCUTA. Resposta: A gestão de negócio é um ato unilateral. No caso da benfeitoria, existe um disciplinamento legal sobre a possibilidade ou não de reparação por benfeitorias. Se o inquilino realiza uma benfeitoria num imóvel alugado, o faz em seu interesse, não no do dono do imóvel; ele não pensa em pintar a casa para garantir o interesse do dono, ele pinta porque ele quer que a casa fique mais bonita. Em regra geral, os contratos de locação já trazem normas com relação às benfeitorias. 
Dúvida: No caso de benfeitoria necessária realizada com recursos do gestor no decorrer da gestão, cabe devolução do valor empregado?

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