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apres anos 70

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Moda do Século XX
Anos 1970
No início da década de 70, os designers inspiraram-se em várias fontes: feminismo, movimento hippie e luta pelos direitos civis. Algumas tendências dos anos 60 continuavam populares: padrões psicodélicos, composições em patchwork, etc.
DÉCADA 1970
A classe média absorveu a sua maneira a estética hippie.
Uma vez liberadas, as aparências vão desinibir-se.
François Baudot
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Da Rua para a Passarela
Os anos 1960 e 1970 instituíram um novo paradigma na criação da moda ocidental. As manifestações de rua refletiam atitudes libertárias e alternativas, que serviram de inspiração para a criação dos estilistas. Os trajes passam a exprimir um caráter político e uma atitude excêntrica diante da moda convencional. 
E esta irreverência também estava na utilização de materiais inusitados, como plástico e vinil, e na mistura de tecidos e estampas. Materiais sintéticos passam a conviver com técnicas artesanais, como o tingimento em batik. Esta miscelânea também acontecia no aspecto da busca de referências. 
Os anos 70 promovem uma reorganização das múltiplas ideias desenvolvidas na década anterior. É um período de grande diversificação devido a determinação de inúmeros criadores de moda que impõem seus respectivos estilos, e a fragmentação de grupos sociais, cada qual com sua maneira de vestir, que assumem maior visibilidade nas ruas. 
Convivem gêneros totalmente distintos, como o uso de roupas antigas, o retrô look; o sportswear que acompanha o formato do corpo trabalhado na ginástica ou no Cooper, fabricados em moletons e malhas; os alternativos com tecidos rústicos e artesanais; as mulheres executivas de aparência séria em saias e calças com blazers; a camisa Cacharel de gola rolê; e a tradicional camisa pólo da marca Lacoste.
A dupla Simon and Garfunkel: gola rolê. 
O look hippie tornou-se aceitável e a aparência dos flowers children foi transformada. Mesmo os coloridos anéis folclóricos eram fabricados em versões de luxo com pedras autênticas.
A antimoda se tornou a moda oficial. Como este modelo de crepe-georgette bordado de Guy Laroche, de 1971.
O ESTILO HIPPIE CHIQUE
Conjunto de calças pijama e poncho de seda com tingimentos em tie-dye, Halston, 1970.
Lança-se mão de velhas técnicas artesanais e de influências colhidas em várias etnias variadas.
O estilo cigana com suas saias rodadas, babados e blusas com decotes grandes, feitas em tecidos leves. 
Vindas dos sótãos, mercados de pulgas, ou simples cópias: as roupas da avó invocavam os ideais da vida em família. 
Saias longas florais
Maxi-saia mostrando as pernas
Sandália plástica
MAXI-SAIA
MINI MIDI MAXI
CALÇA BOCA DE SINO
Biba, 1973.
Sears.
Halston, conjunto de camurça, incluindo hot-pants e maxi-coat de peles, 1971. F.I.T.
Hot-pants ou short shorts, curtíssimos e de cintura alta. 
O italiano Giorgio di Sant'Angelo ficou conhecido por suas traduções bem-sucedidas do olhar descontraído streetwear do início de 1970 em alta moda. Este vestido, embora tenha sido projetado para a linha de luxo Sant'Angelo, o vestido tem um corpete forrado de camurça e uma saia rasgada construído a partir de "trapos" de chiffon estampado floral. O efeito é surpreendentemente bonito e imaginativo, destinado à mulher rica que estava na vanguarda da moda.
GIORGIO DI SANT'ANGELO (1933 – 1989) 
KENZO TAKADA (1940-)
Kenzo foi o primeiro estilista japonês radicado em Paris, criou um visual étnico dando ênfase a fluidez e ao caimento do tecido, apropriou-se de várias fontes do folclore mundial, aliou Ocidente e Oriente à alegria de viver dos jovens.
Em 1970, abriu com apoio de amigos sua loja Jungle Jap, o sucesso foi imediato, e seis anos após, abre a sua primeira grande butique Kenzo.
Mestre na mistura de estampas exóticas e em sobreposições, produziu blusas, túnicas, batas, calças largas e deu especial atenção à malharia. 
Kenzo bebe de todas as fontes do folclore mundial, alia Oriente ao Ocidente, a alegria de viver à percepção do desejo de sua jovem clientela. Seus estampados excêntricos, suas formas flexíveis, seus acessórios refinados, enfeites como nunca se vira antes no prêt-à-porter. 
Apesar de ser um estilista famoso desde os anos 1950, o inicio da década de 1970 viu o surgimento da "Puccimania", quando o trabalho do italiano Emilio Pucci começou a agradar a um público mais vasto. Sua marca registrada eram suas estampas de cores ousadas.
EMILIO PUCCI (1914 – 1992) 
 	LAURA ASHLEY (1925 –1985) 
 	Nascida no País de Gales, foi associada ao espírito do campo retrô. Em 1969, um ano após abrir sua primeira loja, lançou uma bata solta com mangas curtas que foi amplamente difundida. Em suas criações utilizava principalmente tecido 100% algodão, que eram constituídas por roupas longas e largas com estampas florais simples Liberty. Desenvolveu também jumpers, casaco tipo saco usado sobre blusa, vestidos em estilo vitoriano com golas altas, saias amplas, mangas fofas e pequenos babados, peças que eram por vezes sobrepostas por aventais floridos, síntese da atmosfera rural difundida pela estilista. 
A
“(o look Laura Ashley) imita as roupas usadas, não por uma pastora de verdade, independente da época ou local, mas por Little Bo-Peep nos livros infantis. Apresenta o algodão estampado nas cores pastel e branca, enfeitado de laços, franzidos e debruns de renda que impossibilitariam qualquer trabalho na fazenda; vestido compridos vitorianos brancos de algodão; xales de crochê; e sapatos de sola fina ou sandália delicadas que, em qualquer fazenda, se estragariam em cinco minutos”. (LURIE, 1997, p.117-118)
A pequena pastora Bo-Peep.
Looks Laura Ashley
"O mau gosto é uma coisa ruim?", perguntou a Vogue britânica em 1971, com a insinuação clara que a ousadia em violar as convenções sociais foi libertadora. "Tudo o que nós achamos feio [e] ridículo... Torna-se divertido, charmoso“, concordou a Elle francesa em 1973. É claro, que a valorização sofisticada do mau gosto foi apenas uma parte de moda na década de 1970. Valerie Steele (1997, p.80)
Yves Saint Laurent, 1971.
Glam
Também conhecido como Glitter nos EUA, o Glam foi um estilo associado ao rock. Era definido pela teatralidade, pela androginia e, como o nome sugere, pelo glamour. Antítese da onda hippie, o Glam abriu as portas para a fragmentação e o vale-tudo da moda nos anos 1970.
Plumas, maquiagem brilhante, lantejoulas, lamés, calças de cetim, macacões e botas plataformas. O híbrido do futurismo com glamour hollywoodiano. 
David Bowie , 1972.
Sandália do sapateiro inglês Terry de Havilland.
Jaqueta de lamé dourado da Biba, c.1970.
Fiorucci
Na Itália, Elio Fiorucci conjugou a ousadia do momento com praticidade e grande destreza comercial. Criou sua marca em 1962, e anos mais tarde abriu uma grande butique em Milão voltada para o público jovem. Entretanto, foi na década de 70 que se tornou uma referência na moda mundial. Criou calçados inusitados, como as galochas em cores vivas e as sandálias floridas; lançou meias e acessórios fluorescentes e T-shirts com estampas futuristas.
“Tudo segundo as diretivas do momento: kitsch, retrô, pop. A imagem chique e ao mesmo tempo chocante da galáxia Fiorucci, seu senso de ironia, seus produtos de consumo fácil, irão de par com uma política de imagens e de estratégias de comunicação até então originais (BAUDOT, 2000, p.230)”. 
Apropriando-se da cultura jovem, Fiorucci tornou-se um estilista promissor, suas famosas calças jeans tornaram-se populares em todo o mundo.
Fiorucci, 1969.
Fiorucci, 1970.
Fiorucci, Vogue Itália,1974.
Feminino/Masculino
Noivo neurótico, noiva nervosa (Annie Hall), direção Woody Allen, 1977. 
O estilista Ralph Lauren fez com que as mulheres dos anos 1970 desejassem se vestir com o look da protagonista. Diane Keaton veste uma mistura de masculino e feminino, antigo e novo, formal e descontraído, o Annie Hall style.
DISCOTECA
Disco é um gênero da dance music, surgiu em meados
dos anos 1970, e atingiu popularidade durante mesma década. Os frequentadores iniciais das discotecas eram afro-americanos, latinos, homossexuais, e psicodélicos em Nova York e Filadélfia durante os anos 1960 e início de 1970. A Disco também foi uma reação contra a dominação do rock e da estigmatização da dance music pela contracultura. 
As primeiras discoteques tinham um som avassalador, forma livre de dança, iluminação viajante, trajes coloridos, e alucinógenos. Grupos de soul music psicadélicos como Sly and The Family Stone influenciaram a proto-disco. 
Studio 54 foi uma lendária discoteca localizada em NY, inaugurada em 1977. 
Os Embalos de Sábado a Noite (1977)
Halston, Bianca Jagger, o produtor Jack Haley Jr, Liza Minnelli e Michael Jackson. 
Os artistas da disco music no final de 1970 incluíam Donna Summer, Bee Gees, KC e The Sunshine Band, The Trammps, Van McCoy, Gloria Gaynor, Village People, Chic, e The Jacksons Five. Donna Summer se tornaria a primeira artista popular - acabou tendo o título de "The Queen of Disco" por vários críticos - e também desempenhou um papel importante em abrir caminho ao som eletrônico que mais tarde se tornou um elemento importante da discoteca. 
A noite passou a ser palco de exibicionismo e hedonismo generalizados, os jovens criavam superproduções para ir à discoteca, a pista de dança transformou-se em passarela de moda. 
Donna Summer e seu produtor, Georgio Moroder, 1977.
Sônia Braga como Júlia Matos usa jogging na novela Dancin’ Days, 1978.
Camisas de poliéster coloridas e golas pontiagudas, as nik nik shirts.
A top Iman veste meias de lurex com blusa assimétrica e spencer debruado com textura buclê.
ROY HALSTON FROWICK (1932–1990)
O estilista americano Halston ficou famoso com suas roupas de malha, suéteres e calças largas, vestidos longos e frentes-únicas.
Vestido de seda, 1978
Halston e suas modelos possam para Vogue americana, 1972. Suas criações, que se distinguem pelo glamour e pelo conforto, desviam as americanas do estilo ‘tailleur’. 
 Em 1970, Halston abriu sua marca de roupas prêt-à-porter, a Halston International, onde foi pioneiro no uso de uma camurça sintética, a UltraSuede, que fez muito sucesso na forma de uma chemisier. Abusou da técnica do corte em viés, dos tecidos fluídos, de decotes profundos e frentes-únicas que expunham parte do corpo da mulher. Entretanto, sua figura será sempre associada ao fenômeno das Discotecas. 
DIANE VON FURSTENBERG (1946-) 
Diane von Furstenberg (Americana, nascida em Bruxelas, 1946) tornou-se ícone da moda americana e reverenciada na indústria devido ao design revolucionário do seu vestido envelope ou wrap dress, uma poderosa tendência de moda a partir dos anos 1970, devido a sua versatilidade, é uma confortável roupa de trabalho e ao mesmo tempo, um elegante vestido de noite. 
Enquanto os estilistas traduziam o hippie em butique, Diane von Furstenberg antecipou em seu prêt-à-porter os vestidos que liberavam os movimentos, como seriam vistos anos mais tarde no Studio 54, no qual ela própria viria a ser freqüentadora. Livre e sexy, com o conforto do jersey, o vestido envelope esculpiu o corpo da mulher.
Furstenberg sintetizou o frescor com o glamour na década de 1970.
Wrap dress, 1975. MET.
Diane von Furstenberg por Andy Warhol, 1974.
Moda fitness: dos ginásios para a rua
Moda fitness, ou activewear, designa a roupa adotada nos esportes (em substituição do termo sportswear, que tornou-se genérico ao ser associado ao estilo de roupas confortáveis) foi absorvida pelo guarda-roupa urbano nos anos 70. 
A marca alemã Adidas, fundada nos anos 20 como marca de calçados esportivos, lança em 1972 sua logo do trevo de três folhas. 
Jogging foi uma forma de corrida muito popular na década de 70. Usa-se o abrigo de moletom, também conhecido por training ou mesmo por jogging, e passa a ser adotado como roupa casual.
A marca americana Nike foi fundada em 1971,
quando seu cofundador, Bill Bowerman, derramou uma mistura de uretano na chapa de waffle de sua esposa, criou uma sola flexível e absorvente ao choque. Dessa forma ele inventou o Waffe Trainer, o tênis rapidamente se tornou o mais vendido em 1974 e ajudou a lançar a moda da corrida nos EUA.
Em 1979, lançam o Air Cushioning, um sistema de amortecimento criado por engenheiros da Nasa, impulsionando a empresa na liderança do mercado
STEPHEN BURROWS (1943-)
Formado pelo FIT, suas roupas eram divertidas, confortáveis e vibrantes. Burrows ficou conhecido por sua abordagem ousada na construção de roupas em couro e em patchwork. Utilizou costuras a maquina visíveis, pespontos em cores contrastantes, botões grandes e retalhos coloridos. Ele gostava de roupas que faz uma mulher se destacar na multidão, e recebeu inspiração de quase tudo da cultura americana, mas especialmente a mania americana de esportes e eventos esportivos. Também foi influenciado pelas artes plásticas, principalmente pela Pop Art.
Stephen Burrows, vestido Midi Linha A de lã, outono 1970.
Sex Pistols
Malcolm McLaren no exterior da loja SEX, que abriu com Vivienne Westwood na King´s Road em 1974.
Grupo de Estilo 
 Punks
O conceito punk “do-it-yourself”.
Vendo-os perambular, de longe, em bandos pelas ruas de Londres, com os cabelos curtos penteados em porco-espinho com antenas pontudas arrepiadas, em buquês sobre a cabeça e tingidas alternativamente em verde, amarelo e vermelho fluorescentes, e as dezenas, as vezes centenas de distintivos, medalhas, insígnias, adornos, broches, amuletos, anéis, imagens, nomes de grupos, slogans escritos com moldes ou pichados apressadamente e que constelavam e pendiam de seus blusões, transformando-os em verdadeiros totens vivos, tinha-se a impressão de ver uma tribo de índios surgidos não se sabe de onde, num campo de guerra da qual somente eles sabiam a existência e a razão. (BOLLON, 1993, p. 126.)
Boots Doc Martens.
Punks nas ruas de Londres, anos 1970. 
T-shirt “Sex Pistols”, 1977.
‘Rape’ t-shirt, 1974.
1977.
Musselina ‘Vive le Rock’, 1977.
Tricô com gola cachecol, 1977. 
Em 1977 a designer inglesa Zandra Rhodes lançou sua coleção Conceptual Chic criada a partir da cultura de rua de Londres e do movimento punk, e se tornou a infame Alta Sacerdotisa do punk.
A cantora Debbie Harry com vestido de jérsei, alfinetes de segurança, correntes de elos bola e diamantes, de Zandra Rhodes, 1977
O designer americano Stephen Sprouse conjugou sofisticação, arte pop e movimento punk. Era amigo e favorito da cantora Debbie Harry, e dos artistas Keith Haring e Andy Warhol. Em 1987, sua coleção de inverno foi inspirada na cena punk rock de Londres dos meados dos anos setenta.
Stephen Sprouse, outono/inverno 1987/88.
Malcom MacLaren e Vivienne Westwood. Conjunto, cerca de 1977-78, camisa pára-quedas e jaqueta bondage. Exposição AngloMania, MET, 2006.
“PUNK: Chaos to Couture”, exposição no Metropolitan Museum of Art, 
Nova York, 2013.
Prof. Flávio Bragança
Referências:
BAUDOT, François. Moda do Século. São Paulo: Cosac & Naify, 2000.
BOLLON, Patrice. A moral da Máscara: merveilleux, zazous, dândis, punks, etc. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.
CALLAN, Georgina O´Hara. Enciclopédia da Moda, de 1840 a década de 90. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 
CATOIRA, Lu. Moda Jeans - Fantasia Estética Sem Preconceito. São Paulo: Idéias & Letras, 2009. 
LURIE, Alison. A linguagem das roupas. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
POLHEMUS, Ted. Streetstyle. London: Thames and Hudson, 1994.
VINCENT-RICARD, Françoise. As espirais da Moda. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.
SABINO, Marco. Dicionário da Moda. Rio de Janeiro. Elsevier, 2007.
SEELING, Charlotte. Moda – século dos estilistas. Colônia: Konemann, 1999. 	STEELE, Valerie. Fifty years of Fashion: new look to now. Nova York: Yale University Press,1997.

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