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apres anos 90

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DÉCADA DE 1990
A moda dos anos 90 buscou não estar submissa aos guias de tendências, pelo contrário acentuou os contrastes a partir da busca de diversidade. A própria ideia de sociedade de consumo foi revista:
“Assim é que, no começo dos anos 1990, observadores assinalam mudanças significativas nas regiões democráticas da abundância em crise: perda do apetite de consumir, desinteresse pelas marcas, maior atenção aos preços, recuo das compras por impulso”. (LIPOVETSKY, 2007, p. 23) 
Durante a década de 1990, a moda esteve mais atenta aos problemas ecológicos e sociais. Um exemplo bastante significativo é o trabalho do fotógrafo Oliviero Toscani, diretor de arte da Benetton nos anos 90. Seus anúncios para marca italiana suscitaram muitas polêmicas. Ficaram famosas suas campanhas publicitárias. 
Percebemos que há fundamentalmente dois estilos publicitários, apresentar os produtos ou então sugerir uma identificação com a imagem de quem aparece fazendo uso do produto. Toscani não parece se inspirar em nenhum destes dois estilos.
Sua proposta tem uma significação sócio-política e aspira a realidade do mundo, o que é reforçado pelo slogan "United Colors of Benetton", retratando a problemática das diferenças raciais. A alteridade é aqui usada de forma violenta para revelar um problema social e legitimar uma marca de roupas. As imagens divulgadas por Toscani não são mais escabrosas do que as que sugerem o jornalismo ou até mesmo, a produção cultural. 
A Benetton aventurou-se em território controverso em 1991 com a publicação de "Pietá", uma fotografia que expôs a triste realidade da AIDS. 
A fotografia de moda seguiu um caminho mais desglamourizado e naturalista. 
Calvin Klein Jeans, campanha de 1992 estrelando Marky Mark (Mark Wahlberg) e Kate Moss. Foto de Herb Ritts.
Arte da capa do álbum Debut da cantora islandesa Björk. Clicada pelo fotógrafo de moda e diretor de videoclipes Jean-Baptiste Mondino, em 1993, a foto captura Björk no início da sua carreira solo, e é a mais austera e simples de todos os seus álbuns. O premiado fotógrafo também dirigiu a cantora no vídeo da música Violently Happy no ano seguinte.
Heroin-chic foi o nome dado ao visual de modelos pálidas, com olhar perdido e cabelos descuidados, em editoriais de moda sugerindo pessoas drogadas. O estilo aparece na Vogue britânica em março de 1993 no trabalho da fotógrafa Corinne Day, precursora deste estilo na revista The Face.
A morte por overdose do fotógrafo Davide Sorrenti e a reprimenda do presidente Bill Clinton em 1997 foram fatores para a mudança desse tipo de foto.
Um outra tendência na fotografia de moda ficou conhecido como Lesbian-Chic. Expressão que faz referência à atitude aparentemente homossexual adotadas pelas modelos em editoriais. Fotografias que gerassem polêmicas eram muito eficazes, marcas tradicionais como Dior, Gucci, Louis Vuitton, e muitas outras investiram no tema. 
Cindy Crawford e a cantora k.d. lang para a Vanity Fair, foto de Herb Ritts, 1993.
Les Orientales, foto de Paolo Roversi, modelos Shiraz Tal e Ève Salvail, 
cerca de1990.
No Brasil, a Du Loren fez uma campanha em 1995 com duas mulheres se beijando, que causou muita polêmica.
Conforto
Houve uma mudança de ênfase em relação ao visual dos anos 80 rumo a um estilo mais simples e confortável.
As roupas folgadas permitem completa liberdade de movimentos.
Cintura deslocada para os quadris
O visual despojado do estilo Grunge. 
Krist Novoselic e Kurt Cobain do Nirvana, com camisa de flanela e jeans rasgados.
Grupo de Estilo 
Grunge
Vida de Solteiro é um filme de Cameron Crowe, lançado em 1992, estrelado por Bridget Fonda. Os eventos do filme tinham como fundo Seattle e o movimento grunge na cidade durante o começo dos anos 90. 
Marc Jacobs captou bem o estilo grunge em sua coleção 1993 para marca americana Perry Ellis. 
Naomi Campbell e Kristen McMenamy fotografadas por Steven Meisel para a Vogue. 
Minimalismo
O termo Minimalismo como substantivo define o estilo na moda que aposta numa naturalidade purista e simples como forma de oposição à ostentação maximalista dos anos 80. O conceito minimalista foi sintetizado na expressão do arquiteto alemão Van der Rohe “Menos é Mais”.
A tendência minimalista foi considerada uma manifestação típica do fim-de-século, justificada por uma sociedade saturada de imagens. 
Arquitetura minimalista de Mies van der Rohe, 1926.
Como estilo da Arte, surgiu nos EUA nos anos 1960, propunha um tipo de arte que não seguia concepções tradicionais pictóricas e escultóricas, um mínimo de elementos deveria ser apresentado como recurso da expressão. Havia total economia de formas e de cores. 
A geometria é uma forte característica, assim como a limpeza formal. 
O minimalismo não se sente comprometido com nenhum tipo de linguagem mimética, seu comprometimento é extrair a essência das coisas.
Dan Flavin, sem título (para os cidadãos da Repúlica da França no 200º. Aniversário de sua Revolução), 1989, lâmpadas fluorescentes azuis, vermelhas e brancas. Altura depende da localização.
A roupa minimalista é muitas vezes extremamente cara, ao demonstrar refinamento porque não é notada à primeira vista, revelando-se apenas aos olhos dos iniciados. 
Jil Sander 
O Minimalismo corresponde a um tipo de mulher que suplantou a beleza exuberante, foi personificada pela modelo inglesa Kate Moss, magra e pálida, com um olhar de menina maltratada, sempre maquiada e penteada de forma a parecer que não foi.
Mario Sorrenti, Kate Moss, 1993.
JIL SANDER
Estilista alemã considerada uma precursora da filosofia “menos é mais”, que difundiu o estilo minimalista nos anos 90. Estilo purista em cores neutras, como branco, preto, castanho e cinza. Rejeita adornos.
PRADA
Casa italiana fundada em 1913, como manufatura de couro, voltou a crescer quando Miuccia Prada, neta do fundador, lançou em 1988 sua primeira coleção de prêt-à-porter. Ficou conhecida por suas roupas de formas soltas e com falsa aparência de simplicidade. Na foto ao lado, o vestido de seda branca foi estruturado de forma simples com a ajuda de costuras geométricas, representa a estética discreta e minimalista da estilista.
Essa caríssima grife italiana também possui a Miu-miu, voltada para um público jovem. 
Inverno 1998
Inverno 1998/99
HELMUT LANG
Este austríaco radicado em NY especializou-se em roupas urbanas de vanguarda com técnica ‘desconstrutivista’. Misturou tecidos baratos com luxuosos, tecnológicos com clássicos numa cartela de cores sóbrias, com pitadas de cores vibrantes. 
Kate Moss num Helmut Lang, Harper’s Bazaar, 1996.
Campanha de 1997 com a artista Louise Bourgeois 
GUCCI
Em 1994 o texano Tom Ford se tornou o diretor artístico da casa italiana, que estava em declínio. Gênio do marketing,Tom Ford, conseguiu em três anos melhorar a notoriedade da marca com modelos simples e cintilantes, ele adotou uma abordagem sexy minimalista. Esta peça apresenta uma simplicidade impressionante, ainda o recorte permitir o apelo sexual. O cinto de fivela grande de metal é uma homenagem clara às raízes da empresa de bolsas. 
Vestido de noite e cinto, inverno 1996/97. 
Ford ficou na marca até 2004, e fez da decadente Gucci um negócio bilionário, transformando-a num conglomerado de luxo, compraram a Maison Yves Saint Laurent, a grife Balenciaga, a marca Alexander McQueen e patrocinam Stella McCartney. Dessa forma tornou-se o rival o grupo LVMH.
CALVIN KLEIN
O estilista americano Calvin Klein também marcou o Minimalismo da década de 1990 com uma moda de corte simples e de cores neutras. 
Calvin Klein 1998
Cool Britannia
Durante os anos 1990, houve uma valorização da cultura britânica com incentivo do governo do primeiro ministro Tony Blair. O sucesso das bandas Britpop, como Blur, Oasis, Suede e as Spice Girls, levou a um renovado sentimento de otimismo no Reino Unido reforçado pelo crescimento forte e contínuo da economia britânica a partir de 1993. O uso desse
termo foi semelhante ao do "Swinging London" dos anos 1960, e refletia um boom na arte, na moda e na música. Muitas das indústrias criativas rotuladas como Cool Britannia foram declaradamente inspiradas pela música, moda e arte da década de 1960.
O casal Cool Britannia Liam Gallagher e Patsy Kensit na capa da Vanity Fair em 1997 resume o estado de espirito do Reino Unido em meados dos anos 1990. 
O vestido Union Jack (apelido da bandeira britânica) da spice Geri Halliwell em 1997.
A guitarra de Noel Gallagher do Oasis. 
O vocalista e líder da banda Blur veste a clássica camisa pólo da marca Fred Perry, marca lançada pelo tenista britânico de mesmo nome em 1952. 
No Reino Unido, alguns designers de acessórios também fizeram carreiras de destaque, como os chapeleiros Stephen Jones e Philip Treacy, assim como os sapatos de Patrick Cox, Jimmy Choo, Manolo Blahnik e as bolsas de Lulu Guinnes.
Stephen Jones 
Philip Treacy
Lulu Guinnes
As primeiras raves aconteceram em Manchester, na Inglaterra, no fim de 1987 e início de 1988, eram chamadas de Acid House Party, logo após, o fenômeno se espalhou pela Alemanha e chegou nos EUA em 1991/92.
As festas eram organizadas longe do perímetro urbano ou em galpões e espaços abandonados, o som era música eletrônica, principalmente o techno. 
Grupo de Estilo 
Ravers
A juventude urbana dos anos 90 ficou caracterizada como “primitivos modernos”, pela conjugação de interesse tecnológico com práticas aborígines, das quais as marcas corporais são representantes. 
Imagem do livro The Customized Body
O emprego de inscrições de diferentes linguagens no corpo, como modificações corporais, tatuagem, piercing, escarificação, indicam um desejo de retorno mítico à natureza perdida.
Imagem do livro The Customized Body
A modelo Ève Salvail para a Marie Claire Japão, 1993.
A globalização levou o multiculturalismo (cross culture) para a moda.
Look da cantora islandesa Björk, fotografada por Nick Knight. 
A capa de seu CD de 1998, intitulado “Homogenic”, representa a configuração de uma identidade multifacetada, a cantora se submeteu à produção do estilista Alexander McQueen e do fotógrafo de moda Nick Knight, que lhe conferiu um penteado coreano, uma maquiagem de gueixa, um colar de mulher-girafa do norte da Tailândia e quimono japonês com uma estampa manipulada tecnologicamente. Esta mescla de influências foi acentuada com o auxílio de computadores que lhe conferiu expressividade ao conjugar beleza e exotismo numa mesma imagem. 
ALEXANDER MCQUEEN
Alexander McQueen usa justaposições e elementos contemporâneos para criar seu vestido "ostra", de 2003, feito em organza e chifon 
Com 16 anos, McQueen foi aprender alfaiataria em Savile Row, e na idade de 21 se mudou para Milão para trabalhar com Romeo Gigli. McQueen concluído design de moda na prestigiada Central St. Martins College, onde esperava ser um modelista. Sua coleção recebeu atenção da mídia e estabeleceu-se como um promissor designer. Seus desfiles eram extremamente teatrais, ele também construiu uma imagem de bad boy. 
Em 2000, a Gucci comprou uma participação na marca de McQueen.
Silver Helmet Givenchy, 
Inverno de 1998/99 
Naomi Campbel em 1997
Primavera/verão 2001
ÁLBUM DO MCQUEEN
JOHN GALLIANO 
Galliano foi consagrado pelo mundo da moda, logo em sua coleção de formatura, em 1984. Ele tira suas idéias de várias fontes e as usa nas roupas de forma inusitada. Seu design de vanguarda, muitas vezes é de difícil entendimento, porém a perfeição da modelagem garantem sua fama. Foi o primeiro inglês a dirigir uma maison francesa desde Worth, a Givenchy entre 1995 e 1996. De 1997 a 2011 foi diretor criativo da Dior.
Galliano por Nick Knight em 2001. 
John Galliano, primeiro desfile, 1984.
Kate Moss para John Galliano, Verão, 1994.
Vídeo: John Galliano, Verão, 1994.
Dior,outono/inverno 1998-1999 
Dior, primavera/verão 1997 
ÁLBUM DO GALLIANO
Dior, primavera/verão 2000 
Givenchy, inverno 1996. 
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Dior, primavera/verão 2008.
Em julho de 2007, John Galliano celebrou o 60º aniversário da criação da maison Christian Dior, com um desfile no Palácio de Versalhes de luxuosos vestidos inspirados em seus artistas preferidos, e que foi aberto por Gisele Bündchen.
Galliano, também comemorou seus dez anos como diretor artístico da Dior.
LOGOMANIA
Muitas marcas e seus respectivos logotipos, tornaram-se mais importantes que as próprias roupas que vendem. Basta observar as centenas de propagandas em que não se distingue o produto, mas se evidencia o nome da marca, que, por sua vez, está associada a um estilo de vida ou distinção social. 
No final dos anos 90, os estilistas levaram o culto às marcas ao extremo quando foram apresentadas inúmeras coleções com o logotipo estampado em excesso, esta prática ficou conhecida como Logomania 
Lil Kim por David La Chappelle para a revista Rolling Stone, 1999. 
A moda ainda reflete o posicionamento social e a personalidade de quem a usa. Contudo, mesmo esses aspectos parecem mais flexíveis quando percebemos que as configurações datadas mudam constantemente, o que não permite que o indivíduo permaneça estagnado numa determinada aparência. 
Como na música pop, a tendência predominante em estilo visual hoje depende de amostragem (sampling) e mistura (mixing) de diversos elementos, eclético, muitas vezes contraditórios em uma declaração única, pessoal. Comemorando a confusão e a diversidade da nossa época, navegamos através da história e da geografia para encontrar nossa própria realidade - na mistura. 
Ted Polhemus, extraído do livro Style Surfing, 1996.
“Atualmente, é preferível usar ‘grupos’, ou mesmo ‘subgrupos, em lugar de tribo. Isso porque o próprio conceito de tribo caducou. O que derrubou a tribalização foi a consolidação do conceito ‘supermercado de estilos”. Esse nome foi criado na década de 90 pelo historiador inglês Ted Polhemus, e sua ideia central é muito importante para a compreensão da moda das ruas.” (PALOMINO, 2002, p.45)
“As pessoas passaram a misturar tudo, brincando de confundir os olhares nas ruas e dificultando os estereótipos. Aparecem cybermods, techno-hippies, neogóticos e o mais a imaginação e o humor puderem alcançar.” (PALOMINO, 2002, p. 46) 
Prof. Flávio Bragança
Referência Bibliográfica:
BAUDOT, François. Moda do Século. São Paulo, Cosac & Naify, 2000.
CRANE, Diana. A moda e seu papel social: classe, gênero e identidade das roupas. 2. ed. São Paulo: Ed. SENAC São Paulo, 2009. 
HOLZMEISTER, Silvana. O estranho e a moda: a imagem nos anos 1990. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2010.
LIPOVETSKY, Gilles. A felicidade paradoxal: ensaios sobre a sociedade de hiperconsumo. Trad. Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
PALOMINO, Erika. A moda. São Paulo: Publifolha, 2002.

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