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59 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Unidade III 5 10 5 COMO DECIDIR? 5.1 Etapas usuais do processo de tomada de decisão O processo de tomada de decisão é constituído por seis etapas sequenciais. Começa com a identificação e o diagnóstico da situação que requer uma tomada de decisão. Passa pelo desenvolvimento e avaliação de alternativas, em seguida pela seleção e implementação de uma possibilidade de ação que responda à situação diagnosticada e termina após o monitoramento e o feedback da decisão tomada. Na maioria das vezes, essa última etapa — de avaliação da eficácia da decisão — é o início de um novo processo de decisão. As seis e etapas do processo de tomada de decisão: • identificação da situação; • diagnóstico da situação; • desenvolvimento de alternativas; • avaliação [e escolha] de alternativas; • seleção e implementação; • monitoração e feedback. 5.2 Os tipos de decisões É comum a tomada de decisão afetar o contexto das empresas, influenciando políticas internas e até mesmo parte da comunidade do local onde companhias estão inseridas. 60 Unidade III Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Por isso, ao longo do tempo o processo decisório vem se apoiando cada vez mais em diversos fatores que ultrapassam o ambiente interno da organização, para que o tomador de decisão tenha mais segurança diante dos possíveis problemas que possam surgir. De maneira geral, as decisões que um gestor estará sujeito a enfrentar são divididas em dois grandes grupos. A natureza de cada um deles irá conduzir o método adequado para lidar com a situação assertivamente. Um dos grupos de decisões é chamado de decisões programadas (aquelas que são tomadas em resposta a situações bem estruturadas) e o outro de decisões não programadas (aquelas que são tomadas em situações não estruturadas, que não são habituais). As decisões programadas são aquelas encontradas para a solução de problemas que são claros, muito bem estruturados, rotineiros, repetitivos e que se prestam a procedimentos e regras sistemáticos. Assim, essas decisões são sempre semelhantes. • A retirada de livros de uma biblioteca ou a manutenção de uma máquina são exemplos de decisões programadas, pois são repetitivas e rotineiras. As decisões não programadas destinam-se àqueles problemas que não estão bem claros, têm pouca estrutura, tendem a ser únicos e não se prestam a procedimentos sistêmicos ou rotineiros. • A dica para entender decisões não programadas é lembrar que acontecem raramente, que existem poucos precedentes. 5 10 15 20 25 61 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Como as decisões não programadas não costumam acontecer com frequência — ou seja, não existe um padrão de decisão a ser tomado, não existe uma solução rotineira –, a habilidade e a experiência dos decididores ajudarão na tomada de decisão. Uma forma de obter alguma orientação para resolver um problema desses é procurar soluções e dicas que já foram utilizados em situação parecida, lembrando que metodologias de solução de problemas passados podem estar defasadas. Em suas atividades diárias, os gerentes, principalmente os que estão nos níveis mais altos da organização, tomam decisões desse tipo, bem como nos momentos de definição de metas da organização. Nos dias de hoje, um bom gerente é analisado por sua eficácia e qualidade na tomada de decisão, pois cada vez mais decisões dessa natureza fazem parte da realidade do dia a dia da gerência. • Comparação entre decisões programadas e não programadas Decisões programadas Decisões não programadas Classificação da decisão Rotineiras Recorrentes Programáveis Genéricas Singulares Inovadoras Específicas Natureza da situação Bem definidas Estruturadas Ambíguas Desestruturadas Ambiente de decisão Condições estáticas Informação confiável e precisa Condições dinâmicas Pouca informação disponível Método de decisão Regras Procedimentos Políticas Julgamentos e princípios do tomador de decisões Técnicas de apoio à decisão Modelos matemáticos Planilhas Orçamentos Pesquisa operacional Sistemas de apoio à decisão corporativa Simulações Análise de cenários Intuição Fonte: Sobral, 2008, p. 102 5 10 15 62 Unidade III Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Processos decisórios Exercício 1 A situação-problema a seguir foi formulada no Enade/2006 aplicado ao curso de administração. Questão 40 — discursiva Você foi contratado como gerente da área de informática da Cia. Debug, cujo maior objetivo é a implantação de um novo sistema vital para a empresa, pois a mesma vem perdendo clientes importantes e cometendo erros irreparáveis. Sua equipe já está completa e conta com um grupo de 20 pessoas. Nessa equipe existem pessoas que são fundamentais para o bom andamento do processo, pois elas, além de deterem informações, também são respeitadas por todo o grupo. São elas: • Antônio, que é o mais antigo na equipe, acompanhou todas as implantações anteriores, conhece minuciosamente todos os processos e, em função do seu vasto conhecimento, é respeitado por todos. Entretanto, é resistente a mudanças. • Sílvio é “um boa-praça”. Sempre alegre, adora festas, tudo é motivo de comemoração. Analista de sistemas altamente técnico, conhece tudo referente a essa implantação e em relação à empresa. Peça-chave no processo, é pouco concentrado e tem estabilidade no emprego, o que o leva a ser um pouco “folgado”. • Maria, chefe do setor de vendas, é a que mais deverá utilizar o novo sistema. Altamente resistente ao uso de computadores, alega que não precisa do sistema e prefere que aumentem o quadro de pessoal, já que todos os documentos devem ser conferidos manualmente. Explique como deverá ser a atuação do gerente em relação a essa equipe, visando minimizar a resistência à mudança no processo de implantação do novo sistema. 63 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 O que se quer saber é: 1. Por que esse caso, para ser resolvido, envolve uma decisão? 2. A decisão a ser adotada é classificável como programada ou não programada? 3. A condição da decisão a ser tomada poder ser classificada como de certeza, de risco ou de incerteza? Questão 40 — padrão oficial de resposta à questão do Enade Abordando cada funcionário, individualmente, ou focalizando a equipe, de forma coletiva, o respondente deve considerar os seguintes aspectos em relação à atuação do gerente: • O gerente deve se preocupar essencialmente com o processo de comunicação, de modo a obter o envolvimentoe a participação dos funcionários em vez de fazer uso da imposição ou da coerção implícita ou explícita; • Deve atuar, portanto, de forma educativa, explicando o porquê das mudanças e demonstrando a real necessidade e os benefícios da implementação do sistema, em vez de, simplesmente, obrigar a equipe a adotar o novo sistema. 5.3 Situação de certeza, de risco ou de incerteza na tomada de decisão Como já mencionado, uma decisão implica a escolha de uma alternativa em detrimento de outras. Por essa razão, os 5 64 Unidade III Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 administradores devem avaliar essas alternativas, o que muitas vezes envolve a necessidade de estimar suas consequências e seus impactos na organização. Mesmo as decisões em que aparentemente todos ganham têm custos de oportunidade, por causa da não implementação de outras opções. Os administradores têm que calcular e gerir riscos e as probabilidades que acompanham suas decisões. Entretanto, por mais sofisticadas que sejam as ferramentas de tomada de decisão utilizadas, a imprevisibilidade está quase sempre presente no processo decisório. Por esse motivo, cada situação de decisão pode ser organizada em escala que vai da completa certeza até a completa incerteza, conforme a disponibilidade de informações sobre cada alternativa e seus resultados. Resumindo... Ambiente de tomada de decisão Certeza ←---------- Risco -------------→ Incerteza Nível organizacional Operacional ←--------------------------------→ Estratégico Tipo de decisão Programada ←--------------------------→ Não programada Fonte: Sobral, 2008, p. 101 Analisar as consequências, isto é, os desdobramentos da decisão a ser tomada é uma tarefa necessária para o bom gestor, 5 10 15 65 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 uma vez que, como anteriormente comentamos, muitas delas afetarão os rumos da organização. Essa análise deve ser feita considerando diversos ângulos e as mais variadas condições e cenários, entre eles as incertezas dos resultados e o risco que a empresa poderá correr no caso de uma escolha errada. Afetada principalmente pela carência de informações ou pela falta de clareza delas, a situação de incerteza dificulta a visualização das alternativas ou seus riscos, o que torna o processo de decisão muito difícil. Quanto melhor a qualidade e maior o número de informações a respeito da situação para que possam ser examinadas, melhor será a formulação de alternativas para a solução do problema e o tomador de decisão terá maior probabilidade de acerto em sua escolha. Mas, para saber qual é o problema e ter as informações em mãos, é necessário conhecer profundamente o mercado, os concorrentes e a capacidade da empresa, o que normalmente acontece nos negócios formais e cuidadosamente estruturados e administrados. Esse grupo é composto, especialmente, pelas organizações de grande porte. Decidindo com rapidez e diminuindo a incerteza, o decididor terá mais tempo para planejar ações futuras que possam dar a sua empresa uma vantagem competitiva em relação às concorrentes. Se a decisão precisa ser rápida e com menos incerteza, a informação precisa estar disponível no momento certo e de forma segura para que seja um real instrumento que facilite a compreensão da situação ocorrida ou em andamento. Assim, essa informação também possibilitará o planejamento e o controle de ações futuras. 5 10 15 20 25 30 66 Unidade III Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 • “Todas as decisões são tomadas sob uma de três condições: certeza, risco e incerteza.” (Caravantes, 2005, p. 451) • “Certeza. Situação na qual toda a informação necessária para a tomada de decisão se encontra disponível. Nessas condições, o administrador conhece o objetivo a alcançar e tem informações precisas e confiáveis sobre os resultados e consequências de cada alternativa possível.” (Sobral, 2008, p. 101) • “Risco. Situação na qual não é possível prever, com certeza, quais são os resultados associados a cada alternativa, mas há informação suficiente para estimar uma probabilidade de que determinado evento venha a acontecer.” (Sobral, 2008, p. 101) • “Incerteza. Situação na qual a informação sobre as alternativas e suas consequências é incompleta. Nesse caso, os administradores não conseguem estimar com precisão os riscos associados a cada alternativa.” (Sobral, 2008, p. 101) 5.4 Tomada de decisão individual e coletiva Conforme Maximiano (2000), a outra forma de classificar as decisões é através do grau de participação das pessoas. Certas decisões são individuais, outras grupais ou por meio de consultas a grupos. É importante lembrar que o processo de tomada de decisão passou por duas fases características de evolução. Inicialmente dominava uma visão tradicional, em que as decisões estavam centralizadas num único decididor. A tomada de decisão não era exercida como uma ação global. Numa segunda fase, a decisão começou a ser realizada em etapas, envolvendo diversos aspectos de cunho qualitativo. 5 10 15 20 25 67 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Atualmente, torna-se cada vez mais uma ação descentralizada e coletiva. No contexto mundial, as decisões tomadas em grupo têm tido destaque. 5.4.1 Decisões individuais A decisão individual costuma ocorrer em sistemas organizacionais relativamente abertos. O gestor, em sua tomada de decisão, estará sujeito a forças ambientais e disporá apenas de suas experiências para enfrentá-las. Cada indivíduo percebe de maneira pessoal uma situação-problema que precisa ser solucionada. Essa percepção, criada pelo indivíduo ou por seu sistema de valores, é resultado de todas suas experiências vividas até o momento e são únicas, como impressões digitais. Quando nos referimos a valores, porém, entramos em um campo que não pode ser visto ou sentido. Por causa desses valores, o responsável pela tomada de decisão poderá ter certa tendência para decidir ou agir de determinada maneira frente a um determinado problema. O indivíduo é o ponto focal do modelo do sistema aberto para tomar decisões. Quanto mais o gestor procurar novas alternativas e novas informações, mais aberto será o processo de tomada de decisões. 5.4.2 Grupos e tomada de decisões coletivas • De que maneira os grupos tomam decisões? • De que maneira eles exercem influência sobre a tomada individual de decisões? 5 10 15 20 25 68 Unidade III Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Algumas vantagens e desvantagens do indivíduo e do grupo como tomadores de decisões: O grupo O indivíduo VantagensDetém mais informações. Toma decisões de melhor qualidade. Torna as decisões mais fáceis de implementar. Maior rapidez na tomada de decisão. A responsabilidade é mais facilmente localizada e identificada. É capaz de tomar decisões impopulares com mais frequência. Desvantagens Decisões tomadas de forma mais lenta. Tem dificuldade ou incapacidade para tomar decisões que prejudiquem qualquer um de seus membros. Um indivíduo com muita autoridade formal, mas indeciso, pode paralisar a organização. 5.4.3 Modelo racional de tomada de decisão O que teoricamente se espera de um gestor é que em momentos de tomada de decisão ele siga cada uma das seis etapas de modo altamente racional. Disso se subentende que o tomador de decisão deverá estar embasado em escolhas consistentes e que levem o maior retorno possível, em termos de ganhos, para a organização. Na prática, isso dificilmente ocorre. • “O modelo racional de tomada de decisão refere-se ao processo decisório no qual os administradores tomam decisões ótimas, que maximizam os resultados da organização. Dessa forma, o processo levaria a uma decisão ideal, independentemente de quem a tomasse.” (Sobral, 2008, p. 108) No modelo racional de tomada de decisão: • o problema está claramente definido e seu enunciado está corretamente formulado; 5 10 15 69 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 • as metas e os objetivos a alcançar são claros e conhecidos; • não há restrições de tempo e de recursos; • a informação necessária sobre todas as alternativas e os resultados potenciais e seus desdobramentos para a solução do problema é de qualidade, ou seja, é precisa, mensurável e confiável; • os critérios e preferências para avaliar as alternativas são perfeitamente identificáveis, permanecendo estáveis e constantes no tempo; • “o tomador de decisões é racional; ele usa a lógica para avaliar e ordenar alternativas, escolhendo aquela que maximiza o alcance dos objetivos estabelecidos.” (Sobral, 2008, p. 108) É muito raro, porém, que todas essas premissas ocorram. Para que isso se dê, é necessário que exista um elevado grau de certeza e confiabilidade nas informações sobre as alternativas, os resultados e os objetivos, o que não é comum ou fácil de ocorrer. “Na realidade, o modelo de tomada de decisão racional não tem a pretensão de descrever como as decisões são tomadas, mas sim como deveriam ser tomadas.” (Sobral, 2008, p. 108) O modelo racional se estabelece, segundo Daft (2002), em oito etapas: 1. Monitoramento do ambiente da decisão: nessa etapa, o gestor precisa monitorar as variáveis internas e externas do ambiente que possam exercer algum tipo de influência sobre a situação-problema. Isso permite que sejam acompanhados possíveis desvios no comportamento planejado ou aceitável. Ferramentas como emprego de indicadores, informações comparativas e outros mecanismos são eficazes nesse momento. 5 10 15 20 25 30 70 Unidade III Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 2. Definição do problema que está exigindo uma decisão: deve ficar claro qual é o problema. 3. Especificar os objetivos da decisão: nessa etapa se definem os resultados de desempenho que devem ser alcançados em decorrência da decisão tomada. 4. Diagnosticar o problema: é o momento de se aprofundar na situação para encontrar as variáveis causais envolvidas no problema. 5. Desenvolver soluções alternativas: nessa etapa são levantadas todas as alternativas possíveis e disponíveis para alcançar a solução do problema em consonância com os objetivos estabelecidos na etapa três. 6. Avaliar as alternativas: nessa fase são empregados modelos matemáticos e técnicas estatísticas a fim de estimar a probabilidade da ocorrência do evento proposto. 7. Escolher a melhor alternativa: nessa etapa do processo deve-se avaliar e escolher, entre as alternativas apresentadas, a que levará melhores resultados para a organização frente aos objetivos estabelecidos previamente. 8. Implementar a alternativa escolhida: para tanto, técnicas gerenciais serão utilizadas para a mobilização dos envolvidos na implementação da opção escolhida. Para avaliar o andamento do processo será feito um monitoramento através de indicadores de desempenho. O modelo racional pressupõe que os gestores devam utilizar procedimentos sistemáticos para tomar decisões de qualidade. Quando o ambiente e o problema são bem conhecidos e se sofre pouca pressão por parte da concorrência, os gestores em geral adotam procedimentos racionais para tomar decisões. 5 10 15 20 25 30 71 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Pesquisas mostram que muitas vezes os gerentes não são capazes de adotar um procedimento ideal. No ambiente global e competitivo em que atuam as organizações, as decisões devem, cada vez mais, ser tomadas com rapidez. No entanto, muitos são os fatores que dificultam esse procedimento e até mesmo tornam quase impossível a análise sistemática: • limite de tempo; • grande número de fatores internos e externos; • natureza mal definida de muitos problemas. Em resumo, no estilo racional: • procura-se compreender o problema antes de se tentar solucioná-lo. • Estudam-se alternativas e seus desdobramentos, bem como técnicas e métodos apropriados para solucionar o problema. • Cerca-se o mais possível para obter sucesso na solução. Pode acontecer, muitas vezes, de perder-se muito tempo na análise de um problema que exige solução rápida, havendo um exagero na tentativa de acerto. Esse procedimento é chamado de paralisia analítica, o que significa analisar-se muito e não se resolver nada 5.4.4 Modelo de Simon: racionalidade limitada Foi Herbert Simon, prêmio Nobel de Economia e acadêmico de administração, o primeiro a enxergar os processos administrativos como processos de decisão. Para Simon, o homem é um ator econômico que sempre está lidando com escolhas e decisões e que possui um número restrito de informações e capacidades de processamento. 5 10 15 20 25 72 Unidade III Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Segundo sua visão, a organização é um sistema de decisão onde a pessoa participa de forma racional e consciente, escolhendo entre alternativas mais ou menos racionais. No modelo de racionalidade limitada de Simon, as decisões são satisfatórias, não chegam ao nível ótimo. Ele considera que a otimização das decisões não passa de ficção, uma vez que elas seriam restringidas ou influenciadas pelas limitações do ser humano em ter acesso e em processar cognitivamente todas as opções, simplesmente pela impossibilidade dele obter todas as informações decorrentes de problemas de custo e tempo e pelas crenças, conflitos e jogos de poder que ocorrem dentro das organizações. A perspectiva de racionalidade limitada muitas vezes está associadaaos processos de decisão intuitivos. É a partir da experiência do indivíduo e dele ter bom senso que são tomadas as decisões nesse modelo. O raciocínio puro ou a lógica sequencial não são utilizados. Mas o que é a intuição? Muitas são as definições de intuição. Para nossos propósitos, definiremos decisão intuitiva como o processo inconsciente criado por nosso cérebro a partir de experiências vividas por nós. A intuição se baseia em anos de prática e experiência direta, muitas vezes guardadas no subconsciente. Quando esse processo e a análise racional se aliam, eles se completam. Sempre que os gestores se valem de sua intuição em sua tomada de decisões para solucionar problemas organizacionais, percebem e entendem os problemas mais rapidamente. Dessa maneira, através da sensibilidade conseguem avaliar qual ou quais alternativas serão mais adequadas para a solução da situação-problema que estão tratando. Isso acelera o processo de decisão. 5 10 15 20 25 30 35 73 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Responder “Quando você escolheu qual universidade cursar, analisou todas as alternativas viáveis? Você identificou todos os critérios importantes para sua decisão? Avaliou cada uma das alternativas em relação a seus critérios para encontrar a universidade ideal? Provavelmente as respostas para essas perguntas são negativas. Não fique chateado. Poucas pessoas escolhem sua faculdade dessa maneira. Em vez de otimizar, você provavelmente apenas se satisfez.” (Robbins, 2005, p. 114) • “Quando enfrentamos um problema complexo, tendemos a reagir reduzindo-o a um nível em que ele pode ser compreendido facilmente. Isso acontece porque a nossa capacidade limitada de processamento da informação torna impossível assimilar e compreender os dados necessários para a otimização. Então as pessoas se satisfazem, isto é, buscam soluções que sejam suficientes e satisfatórias.” (Robbins, 2005, p. 114) • “Como a capacidade da mente humana para formular e solucionar problemas complexos é bem menor do que a exigida por uma racionalidade total, as pessoas operam dentro de uma limitação da racionalidade. Elas constroem modelos simplificados que extraem aspectos essenciais dos problemas sem capturar toda sua complexidade. Podem, então, agir racionalmente dentro dos limites desse modelo simplificado.” (Robbins, 2005, p. 114) • Funcionamento do modelo de racionalidade limitada. “Uma vez identificado um problema, começa-se a busca por critérios e alternativas de solução. Mas a lista de critérios costuma ser enorme. O tomador de decisões vai identificar, então, uma lista com escolhas mais notáveis. 5 10 15 20 74 Unidade III Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Essas são as escolhas mais fáceis de se encontrar e elas tendem a ter bastante visibilidade. Em muitos casos, vão representar critérios familiares e soluções previamente testadas. Quando essa lista limitada de alternativas tiver sido levantada, o tomador de decisões fará uma revisão de seus itens. Mas essa revisão não será completa — nem todas as alternativas serão avaliadas cuidadosamente. Em vez disso, a pessoa começará pelas alternativas mais parecidas com a situação atual. Seguindo por esse caminho familiar e bem conhecido, quando encontrar uma alternativa ‘suficientemente boa’ — que atenda a um nível aceitável de desempenho –, a revisão estará terminada. Dessa forma, a solução final vai representar uma escolha satisfatória, não ideal.” (Robbins, 2005, p. 114) • “No modelo racional (...), todas as soluções potenciais são avaliadas completamente. Mas isso não acontece no modelo de racionalidade limitada. Pressupondo que o problema possui mais de uma solução potencial, a escolha satisfatória será a primeira alternativa aceitável que o tomador de decisões encontrará. (...) As soluções com maior probabilidade de serem escolhidas são as mais próximas do status quo (...). Uma alternativa ímpar e criativa pode trazer uma solução ótima para o problema; contudo, é pouco provável que seja a escolhida, pois outra alternativa aceitável será identificada muito antes de haver necessidade de buscar mais além.” (Robbins, 2005, p. 114-115) • “As heurísticas simplificam o processo de tomada de decisão e têm duas grandes vantagens. Em primeiro lugar, economizam tempo ao tomador de decisão, o que geralmente compensa a perda de qualidade das decisões tomadas. Além disso, apresentam uma formulação consistente e razoável, que conduz, na maioria dos casos, a resultados satisfatórios.” (Sobral, 2008, p. 111) “Princípios heurísticos: conjunto de regras empíricas para simplificar o processo de tomada de decisão.” (Sobral, 2008, p. 110) 5 10 15 20 25 30 75 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Modelos racional e de racionalidade limitada Modelo racional Modelo de racionalidade limitada 1. O tomador de decisões tem informações perfeitas (relevantes e acuradas). 1. O tomador de decisões tem informações imperfeitas (incompletas e possivelmente imprecisas). 2. O tomador de decisões tem uma lista exaustiva de alternativas dentre as quais pode escolher. 2. O tomador de decisões não tem um conjunto completo de alternativas ou não entende plenamente aquelas que tem à disposição. 3. O tomador de decisões é racional; 3. O tomador de decisões tem uma racionalidade definida, que se restringe a valores, experiências, hábitos etc. 4. O tomador de decisões sempre tem em mente os melhores interesses da organização. 4. O tomador de decisões escolherá a primeira alternativa minimamente aceitável. Fonte: Adaptado de Caravantes, 2005, p. 455 • “As heurísticas produzem desvios sistemáticos no julgamento, o que influencia o modo como as decisões são tomadas. Esses vieses são involuntários e intuitivos, levando à perpetuação dos erros na avaliação de situações e decisões.” (Sobral, 2008, p. 111) Erros e vieses mais comuns1 • Viés do excesso de confiança. Nenhum problema de julgamento e tomada de decisões é mais comum e potencialmente catastrófico do que o excesso de confiança. • Viés da ancoragem. É a tendência de nos fixarmos em uma informação como ponto de partida. (...) As primeiras impressões, ideias, estimativas ou preços têm um peso descomunal em relação às informações que são obtidas depois. • Viés da confirmação. Buscamos informações que corroborem nossas escolhas anteriores e desprezamos aquelas que as contestam. 1 Sobral (2008, 111) denomina a maioria dos vieses dessa tabela de “armadilhas psicológicas na tomada de decisão” que, como armadilhas, devem ser evitadas. 5 76 Unidade III Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 • Viés da disponibilidade. É a tendência de as pessoas julgarem as coisas com base nas informações mais disponíveis para elas. Eventos que despertam nossas emoções, que são particularmente vívidos ou queocorreram mais recentemente, tendem a estar mais disponíveis em nossa memória. • Viés da representatividade. Tendência de se avaliar a probabilidade de uma ocorrência fazendo analogias e percebendo identidade de situações onde ela não existe. Os executivos, por exemplo, frequentemente preveem o sucesso de um produto relacionando-o com o sucesso de um produto anterior. Ou, se três ex-alunos de uma universidade são contratados por uma mesma empresa e não se saem muito bem, os executivos da empresa poderão prever que candidatos formados naquela universidade não serão bons funcionários. • Escalada do comprometimento. É o apego a uma decisão anterior, mesmo quando fica claro que ela foi um erro. • Erro de aleatoriedade. Os seres humanos têm uma séria dificuldade para lidar com o acaso. A maioria de nós prefere acreditar que tem algum controle sobre o mundo e o próprio destino. Embora, sem dúvida, nós possamos controlar boa parte do que nos acontece por meio de decisões racionais, é fato que sempre acontecem eventos aleatórios. • Viés da compreensão tardia. É a tendência que temos de achar que sabíamos antecipadamente o resultado de um evento depois de ele ter ocorrido. (...) Esse viés reduz nossa capacidade de aprender com o passado. Ele permite que acreditemos que somos melhores do que realmente somos em fazer previsões e nos torna muito confiantes sobre a precisão de nossas futuras decisões. Fonte: Robbins, 2005, p. 116-117. Complementarmente, sugere-se a leitura de Bazerman, Max H. Processo decisório. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004 (caps. 2, 4 e 5). 77 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Atividade • Qual o seu estilo de decisão? Teste de autoconhecimento — Robbins, 2000, p.75, apêndice B. 5.4.5 Como melhorar a eficácia das decisões • Robbins (2005, p. 124) propõe as seguintes ações para a redução de erros e vieses: – Foco nas metas. Sem metas você não consegue ser racional, não sabe de que informações necessita, quais entre elas são relevantes ou irrelevantes, encontra dificuldades para escolher entre as alternativas e tem maior probabilidade de se arrepender depois da decisão tomada. – Busque informações que contrariem suas opiniões. Uma das maneiras mais eficazes de evitar os vieses de excesso de confiança, de confirmação e de compreensão tardia é sempre buscar informações que confrontem suas atuais crenças e opiniões. – Não tente procurar sentido em eventos aleatórios. A mente educada foi treinada para encontrar sempre relações de causa e efeito. Quando alguma coisa acontece, nossa primeira pergunta é: “por quê?”. E, quando não conseguimos encontrar razões, inventamos uma. – Aumente suas opções. Não importa quantas opções você tenha identificado, sua escolha final não será melhor do que a melhor entre as alternativas encontradas. • Sobral (2008, p. 121-122) propõe os seguintes princípios para a melhoria da eficácia das decisões organizacionais: – Certas decisões contam mais que outras. Os administradores devem priorizar decisões. 5 10 15 20 25 78 Unidade III Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 – A ação é a meta, não a decisão em si. Um processo decisório eficaz não termina com a decisão e sim com sua implementação. – Atribuir responsabilidades é o essencial. – Agilidade e capacidade de adaptação são cruciais. Uma empresa que toma boas decisões com rapidez (...) consegue agarrar oportunidades e superar obstáculos. – Papéis de decisão valem mais que organograma. Nenhuma estrutura decisória será perfeita para toda decisão. O segredo é envolver as pessoas certas, no escalão certo e no momento certo. – Uma decisão alinhada reforça papéis. Papéis claros de decisão são críticos, mas não bastam. Se uma organização não reforça a abordagem certa à tomada de decisão por meio de gestos, incentivos, fluxo de informação e cultura, o novo comportamento não se integrará à rotina. – Prática é melhor que sermão. Na hora de formular novos papéis de decisão é importante envolver aqueles que terão que assumi-los. Tópicos sugeridos para discussão • Comentar a afirmativa: ainda que difícil de ser praticado, o modelo racional é um modelo se decisão a ser perseguido (buscado). • Será o modelo de racionalidade limitada ruim por natureza? • Robbins (2005) afirma que existem três critérios diferentes para se fazer uma escolha ética: o do utilitarismo, o do foco nos direitos e o da justiça. Tendo por base o texto abaixo, opine sobre qual dos três critérios deve prevalecer nas decisões empresariais. (Sugere-se uma revisada nas 5 10 15 20 25 30 79 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 etapas do processo decisório — modelo racional — antes de responder.) Ética no processo decisório “Um indivíduo pode utilizar três critérios diferentes para fazer uma escolha ética. O primeiro é o critério utilitarista, no qual as decisões são tomadas apenas em função de seus resultados e consequências. A meta do utilitarismo é proporcionar o melhor para o maior número. Essa tende a ser a visão dominante no mundo dos negócios. Ela é coerente com objetivos como eficiência, produtividade e alta lucratividade. Ao maximizar os lucros, por exemplo, um executivo pode argumentar que está garantindo o melhor para o maior número, ao mesmo tempo em que demite quinze por cento de seus funcionários. O outro critério ético tem seu foco nos direitos. Ele leva os indivíduos a tomar decisões coerentes com os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos, de acordo com o que prescrevem documentos como a Constituição do país. A ênfase nesse critério significa tomar decisões que respeitem os direitos fundamentais, como direito à privacidade e à livre expressão. Com base neste último direito, por exemplo, o uso deste critério protegeria os ‘dedos-duros’ que denunciassem à imprensa ou aos órgãos governamentais as práticas ilegais ou antiéticas cometidas por suas organizações. O terceiro critério é o da justiça. Ele exige que os indivíduos estabeleçam e apoiem regras justas e imparciais, de maneira que exista uma distribuição equitativa de custos e benefícios. Os sindicalistas geralmente abraçam esse critério. Ele justifica o mesmo salário para uma mesma função, independentemente do desempenho do trabalhador, e determina o tempo no emprego como regra primária para decisões sobre dispensas. 80 Unidade III Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Cada um desses três critérios tem vantagens e obrigações. O enfoque no utilitarismo pode promover a eficiência e a produtividade dentro das organizações, mas pode resultar também no desrespeito aos direitos de alguns indivíduos, especialmente os pertencentes às minorias. O uso dos direitos protege os indivíduos de atos ilegais e é coerente com a liberdade e a privacidade, mas pode acarretar uma sobrecarga de questões legais, sob risco de prejudicar a eficiênciae a produtividade. O enfoque na justiça protege os interesses dos mais fracos e sub-representados, mas pode estimular um espírito de acomodação que reduz a propensão aos riscos, à inovação e à produtividade. Os tomadores de decisões, especialmente em organizações com fins lucrativos, sentem-se confortáveis e seguros quando empregam o utilitarismo. Várias ações questionáveis podem ser justificadas quando são definidas como de interesse da “organização” e de seus acionistas. Mas muitos críticos argumentam que essa perspectiva precisa ser modificada. A crescente preocupação da sociedade com os direitos humanos e a justiça social mostra a necessidade de as empresas desenvolverem padrões éticos baseados em princípios não utilitaristas. Essa situação representa um grande desafio para os executivos, pois a utilização de critérios baseados na justiça social e nos direitos humanos traz uma carga muito maior de ambiguidade do que o uso de referências utilitárias, com consequências sobre a eficácia e a produtividade. Isso explica por que os executivos têm sido cada vez mais alvo de críticas por suas atuações. Aumentos de preços, venda de produtos que põem em risco a saúde dos consumidores, fechamento de fábricas, demissões em massa, mudança dos centros de produção para outros países com a finalidade de reduzir custos e outras decisões do gênero podem ser justificadas pela ótica utilitarista. Mas esse não pode ser mais o único critério para se tomar decisões.” Fonte: Robbins, 2005, 122-123 81 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 • Observe a seguinte afirmativa: “Uma pesquisa feita pela State University of Ohio, com diferentes tipos de organizações na América do Norte, teve uma conclusão assustadora: os executivos erram a mão em mais da metade das decisões que tomam.” O que se quer saber é: por que será que os erros acontecem? • O que diferencia um bom tomador de decisões dos ruins? (Robbins, 2005, p. 127) Agora, leia a citação a seguir e procure tirar suas próprias conclusões sobre o que é racionalidade e intuição no processo de resolver problemas: “Quando Franklin Roosevelt se propôs a salvar o capitalismo da depressão, para ele tinham pouca utilidade os objetivos definidos de forma muito rígida. A improvisação corrigida pelo feedback, esse era o jeito de Roosevelt. ‘A nação precisa de experimentação audaciosa e persistente’, ele declarou. ‘Tentamos um método; se falhar, admitimos e tentamos outro. Mas, acima de tudo, tentemos alguma coisa’ .”2 6 PROCESSO CRIATIVO Os métodos analíticos são de suma importância para o processo de decisão, porém, quem já não passou por momentos em que necessita tomar uma decisão e as informações disponíveis são poucas ou até mesmo nulas? Isso pode ocorrer pelo custo da informação ou até mesmo por dificuldade em obtê-las. Também existem as situações em que as informações de que dispomos podem conduzir a várias alternativas, sendo todas válidas, o que torna a decisão muito difícil. 2 Revista Time, jan. 1, 1990, p. 38-39. 5 10 15 20 25 82 Unidade III Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Em outros momentos, as decisões a serem tomadas devem ser determinadas de maneira muito rápida, não havendo tempo suficiente para analisar as informações com profundidade. É em situações como essa que o tomador de decisão deverá agir com base em suas experiências e naquela voz de seu subconsciente que lhe diz o que deve fazer, qual o melhor caminho a seguir. Essa “voz interna” é o que chamamos de intuição. Não confunda intuição com paranormalidade porque ela não é. A intuição e a análise são dois modos de tomada de decisão diferentes. “Descobertas recentes de como a mente trabalha derrubaram a velha concepção de que análise e intuição são duas funções separadas que ocorrem em duas diferentes partes do cérebro. Na nova visão, análise e intuição são tão entrelaçadas que é impossível separá-las. Elas estão juntas em todas as situações. Não há boa análise sem intuição, e nem boa intuição sem análise. Alguns cientistas denominam o novo modelo do cérebro de ‘memória inteligente’, em que a análise coloca elementos em seu cérebro e a intuição os retira e os combina para criar algo novo ou para tomar uma decisão.”3 De acordo com Robbins (2005, p. 118), a intuição tende a ser mais utilizada quando: 1. existe um alto nível de incerteza; 2. há poucos precedentes em que se basear; 3. as variáveis são menos previsíveis cientificamente; 4. os ‘fatos’ são limitados; 5. os fatos não indicam claramente o caminho a seguir; 3 Fonte: Coup D’Oeil, Strategic Intuition in Army Planning, William Duggan, Columbia Business School. 5 10 15 20 25 30 83 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 6. os dados analíticos não são muito úteis; 7. existem várias alternativas plausíveis, todas com boas justificativas; e 8. há limitação de tempo e existe uma pressão para que se chegue rapidamente à decisão certa. É chamado de memória inteligente o processo de raciocínio que geralmente é inconsciente e instantâneo e que traz à tona momentos de memória e de conhecimento que darão início a novas ideias. É a memória que auxilia na tomada de decisão diária, que “põe para fora” lembranças de experiências e fatos que poderão propiciar ao gestor aquela alternativa brilhante para solucionar um problema. É a memória inteligente que faz as conexões entre as experiências individuais e as informações armazenadas no cérebro. Quanto mais tempo de vida o indivíduo tem, mais experiências e conhecimentos carrega em sua memória. Com isso sua memória inteligente se torna cada vez mais rica e rápida, ou seja, sua intuição vai se tornando cada vez mais aguçada, flexível e confiável. Não pense que a intuição é perfeita ou infalível. Ela não é. O melhor conselho sobre intuição é confiar desconfiando, ou seja, procure verificar a indicação dada por esse sexto sentido. Não engane a si próprio adotando a soberba de não falhar em sua intuição. Você pode educar sua intuição adquirindo cada vez mais conhecimentos e experiências. Agindo assim, você estará culturalmente mais preparado e mais poderosa e confiável será 5 10 15 20 25 84 Unidade III Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 sua intuição. Não se engane achando que a intuição substitui a ignorância e o desconhecimento dos fatos. Ao contrário, ela fica mais poderosa e rápida à medida que se adquire cultura. Nesse caso, a designação mais certa para a intuição tida é palpite responsável. Conclusão: a intuição tem um papel fundamental no processo criativo. É a intuição que faz a ligação entre as informações resultantes da análise do problema e as experiências e conhecimentos armazenados no nosso cérebro. É essa mescla entre análise de informações e memória inteligente que resulta naquele toque pessoal de originalidade na solução de problemas.• Algumas recomendações para estimular a criatividade organizacional4: 1. desenvolver a aceitação de mudanças; 2. encorajar novas ideias; 3. permitir mais interação; 4. tolerar o fracasso; 5. estabelecer objetivos claros e dar liberdade para alcançá-los; 6. mostrar reconhecimento. • As dez regras para paralisar a inovação5: 1. ver como suspeita qualquer nova ideia que vier de baixo — porque é nova e porque vem de baixo; 2. insistir em que as pessoas que precisam da sua aprovação para agir passem antes por vários outros níveis da administração para conseguir suas assinaturas; 3. pedir aos departamentos ou indivíduos que desafiem e critiquem as propostas uns dos outros; 4 Stoner, James A. F. Freeman; Edward R. Administração, LTC, 1999, p. 313. 5 Kanter,1983, apud Stoner, 1999, p. 313. 5 10 15 20 25 85 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 4. exprimir livremente suas críticas e guardar seus elogios; 5. tratar a identificação de problemas como sinal de fracasso; 6. controlar tudo cuidadosamente; 7. tomar decisões secretamente para reorganizar ou mudar as políticas e lançá-las inesperadamente sobre as pessoas; 8. assegurar-se de que os pedidos de informação sejam totalmente justificados, e assegurar-se de que a informação não seja dada aos administradores facilmente; 9. atribuir aos administradores de nível mais baixo — em nome da delegação e participação — a responsabilidade de imaginar como cortar, despedir, transferir pessoas ou implementar de outra forma decisões ameaçadoras que você tomou; 10. e, acima de tudo, nunca esquecer que você, o chefão, já sabe tudo que é importante para esse negócio. 6.1 Organização do processo criativo Quem já não pensou em frente a uma tarefa: “Por onde é que vou começar?” Sua mesa está empilhada de papéis, o material digital todo desorganizado dentro da pasta de trabalho ‘Processo Novo’ e suas ideias estão confusas, um turbilhão de ideias tentando achar o caminho por onde começar. Isso lhe soa familiar? Vamos começar falando de um elemento fundamental no processo criativo: a organização. Vamos ordenar o processo da seguinte maneira: 5 10 15 20 25 86 Unidade III Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 • captação do problema/necessidades do cliente; • brainstorm; • fechamento da ideia; • coleta e organização de materiais; • do papel para o produto final. Existe um dito que diz: “um problema bem definido já está 50% resolvido”. Para obter sucesso em um processo criativo devemos, antes de mais nada, definir o problema e a necessidade do cliente. Todos nós sabemos que desde que passamos a usar o computador cada vez menos utilizamos lápis ou papel. Perdemos o costume de fazê-lo, o que não é bom. Passamos a acreditar que podemos fazer tudo por meio do computador. Não é bem assim. A verdade é que quando estamos desenvolvendo um projeto em frente ao computador, não raro somos surpreendidos por janelas que piscam desesperadamente procurando chamar nossa atenção, seja para uma conversa, seja para nos alertar sobre algum erro. Vamos começar, então, de maneira diferente, sem o problema dessas janelas piscando, vamos iniciar deixando de lado o computador. Para que possamos definir corretamente o problema do cliente, é necessário questionarmos todos os aspectos que se relacionam a ele: é importante entender corretamente o que o cliente faz, por que faz, como faz e o que pretende fazer. Isso ajudará a entender qual é o problema. Com esses aspectos iniciais, você poderá aprofundar-se para conhecer mais detalhadamente o cliente e seu negócio. 5 10 15 20 25 87 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Não é suficiente apenas saber sobre o mundo do cliente, para entendê-lo realmente é preciso “viver” como ele vive, e esse é um dos grandes desafios no processo criativo. Uma vez que o problema e as necessidades foram descobertos, devemos passar para a etapa seguinte: o brainstorm. É nesse momento que o processo criativo começa a se manifestar. Observação: continue longe do computador e com o lápis e o papel em mãos. Tudo o que vier a sua mente deve ser anotado, mesmo que a ideia lhe pareça, a princípio, absurda. Anote tudo, do palpite mais louco ao mais simples, da alternativa mais genial à que você considere a mais estúpida. Esse processo é importante para ‘materializar’ as ideias, ele ajuda a desobstruir a mente, permite que não haja um bloqueio mental. Deixe-se levar pelos seus pensamentos, aproveite o momento para viajar, ir longe nas ideias, mesmo que o cliente e a verba não permitam isso. Nesse processo é melhor você retirar alguns tópicos que julgue serem menos úteis em vez de precisar adicionar outros em uma ideia que já estava estabelecida, correndo o risco de que se perca a essência dessa ideia inicial. Nesse momento, em que já foi definido o caminho a seguir, já pode ser considerado que estamos com 75% do trabalho concluído. Já sabemos o que precisaremos para chegar à solução, agora é hora de buscar as informações e matérias e organizá-las. A organização desse material é muito importante, pois reduz o tempo de produção da tarefa a ser desenvolvida. Fotos, texto, 5 10 15 20 25 88 Unidade III Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 referências, informações de todo tipo, que sejam relevantes para o tema, devem ser separados, a fim de que quando seja necessário utilizá-los possam ser encontrados com facilidade. É bastante comum criarmos uma pasta para o job e nela colocarmos todo o material sem uma ordem definida. Isso é desorganização. Por exemplo, quando precisamos buscar a foto “Imagem052223.jpg” em meio a tantas outras, o tempo perdido para achá-la, por menor que seja, é um desperdício e não podemos deixar de considerar isso. Então, antes de colher o material, defina uma ordem para ele: “fotos aqui, texto ali, referências lá etc.”. Após o processo de brainstorm e organização, é hora da produção da tarefa. Tenha em mente que o trabalho deve ser bem executado, não interessando quais técnicas você utilizará, pois uma má produção pode fazer com que todo o trabalho feito até o momento vá por água abaixo. Então, com paciência e muito capricho, elementos fundamentais nessa hora, parta para a execução. Finalizada a produção da tarefa, é hora da apresentação. Leve em conta que uma apresentação sem qualidade, sem capricho, pode prejudicar muito o conjunto do trabalho, fazendo com que todo seu esforço seja desperdiçado e seu projeto não seja aprovado pelo cliente. Por isso, em seu cronograma de atividades, não se esqueça de separar um tempo para a confecção da apresentação do material e esteja preparado para possíveis questionamentos por parte do cliente. Dê sempre uma resposta adequada na hora em que ele fizer a pergunta. Então, vá preparado, adiante-se às dúvidas que possamsurgir. Existem outras maneiras de se organizar um processo criativo, sugeridas por outros autores. Entre elas está a dos Seis Passos da Solução Criativa de Problemas6. 6 Fonte: Jairo Siqueira, Criatividade e intuição, 2007 5 10 15 20 25 30 89 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Os seis passos da solução criativa de problemas 1 Identificação do problema 2 Obtenção de dados 3 Formulação do problema 4 Geração de ideias 5 Desenvolvimento da solução 6 Implementação da solução (Fonte: J. Siqueira, Criatividade e intuição, publicado em 2007) Passo 1 — Identificação do problema O processo se inicia com o reconhecimento de uma situação problemática, um desafio a enfrentar ou algum resultado insatisfatório. A seguir se elabora uma descrição preliminar do problema, que pode não ser necessariamente a melhor ou a mais precisa sobre o desafio. Geralmente, essa descrição inicial costuma ser incompleta, mal definida e complexa. Usualmente, essa descrição inicial parte da pessoa responsável pela unidade onde o problema ocorre, o “dono” do problema. Passo 2 — Obtenção de dados Este passo é a ponte entre o reconhecimento do problema e sua clara definição. Nesta fase divergente devem-se explorar todas as possíveis fontes de informação sobre a situação problemática: registros, relatórios, notícias, artigos, opiniões dos trabalhadores, gerentes, clientes, fornecedores etc. Terminada a fase de prospecção de dados, parte-se para a seleção dos dados realmente relevantes, que serão analisados no passo seguinte. 5 10 15 90 Unidade III Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Passo 3 — Formulação do problema Este passo é a conexão entre a obtenção de dados e a geração de possíveis soluções. Tendo uma boa ideia dos fatos relevantes, neste passo se procura aperfeiçoar a definição inicial do problema, formulada no passo 1. Isso pode parecer simples, mas não é. A maior causa de fracassos na solução de problemas é a falha em definir claramente o problema real a ser resolvido. Passo 4 — Geração de ideias Assim que o problema esteja claramente definido, uma grande quantidade de possíveis soluções pode ser gerada usando-se técnicas de criatividade previamente selecionadas. Nessa etapa, com a ajuda de ferramentas de criatividade mais apropriadas à situação, a mente trabalha livremente para gerar ideias que serão avaliadas, comparadas, melhoradas ou combinadas na etapa seguinte. Passo 5 — Desenvolvimento da solução Se o passo anterior se caracteriza pelo pensamento divergente, este é dominado pelo pensamento convergente, em que as ideias geradas são avaliadas segundo critérios previamente definidos para comparar os benefícios, custos, prazos e aspectos organizacionais, humanos, políticos etc. Desta etapa nasce uma recomendação de ação específica para resolver o problema. Passo 6 — Implementação da solução Neste passo, um plano de ação é criado, identificando o que será feito, por quem, quando, onde e como. Este plano deve 5 10 15 20 25 91 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 ser apresentado e explicado a todas as pessoas envolvidas na sua implementação, bem como às que serão afetadas pelas mudanças. Este é o momento de colocar em ação toda sua capacidade de persuasão e suas habilidades de lidar com a indiferença, a desconfiança, os argumentos infundados e as objeções sinceras. Instrumentos de monitoramento são definidos para a avaliação dos resultados obtidos e da eficácia do plano de ação, bem como para a identificação de eventuais medidas corretivas. 5 10 92 Unidade IV Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Unidade IV 5 10 15 7 MASP — MÉTODO DE ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS 7.1 Introdução ao Método de Análise e Solução de Problemas O MASP — Método de Análise e Solução de Problemas é um método gerencial que é utilizado para a criação, manutenção ou melhoria de padrões. É uma metodologia para se manter e controlar a qualidade, e deve ser de amplo conhecimento de todos, ou seja, deve ser dominada por todas as partes envolvidas dentro de uma organização, com vistas ao TQC. Esse método apresenta duas grandes vantagens: • permite a solução de problemas de modo eficaz; • permite que os indivíduos de uma organização se capacitem de maneira a solucionar os problemas que sejam de sua responsabilidade. Na aplicação do MASP são utilizadas as sete ferramentas da qualidade. O MASP é composto por oito etapas que são: 1. identificação do problema (definição clara do mesmo); 2. observação (investigação das características do problema); 3. análise (descoberta das causas fundamentais); 4. planejamento da ação (planejar a ação de bloqueio das causas do problema); 93 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 5. ação (executar o plano de ação para bloquear as causas fundamentais); 6. verificação (verificar se o bloqueio foi efetivo); 7. padronização (prevenir-se contra o reaparecimento do problema); 8. conclusão (recapitulação de todo o processo e planejamento das ações futuras). Etapas do MASP Identificação do problema Observação 3 4 5 6 7 8 2 1 Conclusão Padronização Análise Plano de ação Ação Verificação Solução de problemas O MASP é uma técnica voltada para a resolução de problemas. Sua estrutura é composta segundo o PDCA, porém, é importante que não se confundam os dois métodos. Estrutura do ciclo PDCA: • primeiro planeja-se (Plan); • depois executa-se (Do); 5 10 94 Unidade IV Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 • a seguir verifica-se (Check); e por fim • atua-se corretivamente (Action), se for o caso. O MASP procura eliminar de forma eficaz e definitiva problemas indesejados. Podemos definir problema como um nível não aceitável de anormalidades ou não conformidades existentes. Quando esse nível de anormalidades ou de não conformidades atinge ou supera um determinado patamar, passa a constituir-se em um problema. Para solucionar esse problema é necessário que se utilize uma metodologia mais específica, que empregue uma abordagem simples e estruturada, de maneira a organizar, orientar e disciplinar a forma como pensamos, interpretamos, analisamos e consolidamos todas as atividades que envolvam as situações em que haja necessidade de análise e solução de problemas. Assim é o MASP, e poressa razão é um método adotado costumeiramente por organizações que estão sempre em busca de melhoria na qualidade de seus produtos ou serviços. Conforme dito anteriormente, o MASP é dividido em oito etapas. Elas estão explicadas detalhadamente na tabela a seguir: 5 10 15 20 95 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Introdução ao Método de Análise e Solução de Problemas1 PDCA Etapa Fase Objetivo Tarefas P 1 Identificação do problema Definir claramente o problema e reconhecer sua importância. 1. Entre os diversos problemas, selecionar o mais importante. 2. Elaborar o histórico do problema. 3. Fazer o balanço de perdas e ganhos. 4. Estabelecer metas a alcançar. 5. Nomear os responsáveis pela execução do MASP. 2 Observação Investigar as características do problema com uma visão ampla e sob vários pontos de vista. 6. Descobrir as características do problema por meio de coleta de dados. 7. Descobrir as características do problema por meio de observação local. 8. Elaborar cronograma e orçamento (para conclusão do MASP). 3 Análise Descobrir as causas fundamentais. 9. Definir as causas mais influentes. 10. Estabelecer hipóteses (definir e justificar as causas mais prováveis). 11. Verificar/testar as hipóteses. 12. Elaborar contramedidas à causa fundamental e testar a consistência do bloqueio. 13. Averiguar possíveis efeitos colaterais. 4 Plano de ação Conceber um plano para bloquear as causas fundamentais. 14. Definir estratégia de ação. 15. Elaborar plano de ação. D 5 Ação Bloquear (realizar o plano). 16. Treinar o pessoal. 17. Executar plano de ação (incluindo realização de medidas para checar resultados obtidos). C 6 Verificação Verificar se o bloqueio foi efetivo. 18. Comparar resultados obtidos com os previstos. 19. Listar efeitos colaterais não previstos. 20. Verificar nível do bloqueio observado (grau de eficácia do plano de ação). Se o bloqueio não foi efetivo, planejar e implementar novas contramedidas voltando à etapa 5. A 7 Padronização Padronizar para evitar o ressurgimento do problema. 21. Definir mudanças que devem ser incorporadas ao procedimento-padrão operacional — PPO. 22. Revisão-padrão (modificar e comunicar). 23. Treinar o pessoal (no PPO revisado). 24. Comunicação clara e adequada dos motivos do treinamento. 25. Auditar cumprimento do padrão. 8 Conclusão Relatar o MASP e reavaliar as ações tomadas como ciclo de aprendizagem. 26. Elaborar relatório sobre o MASP. (Fonte: Material de aulas Processos Decisórios — prof. Fábio Gomes — 2009.1 Tabela baseada em: www.profmeireles.com.br > administração > Organização, Sistemas e Métodos — OSM. (aula 40)) 96 Unidade IV Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 O tempo médio de aplicação de um processo MASP é de três a seis meses. Apesar de parecer bastante longo, é o tempo necessário para remover problemas definitivamente. 7.2 Identificação de problemas O que é um problema? Não é fácil explicar precisamente o que é um problema, mas, de maneira geral, podemos dizer que é uma questão que nos propomos resolver. Perceba que solucionar um problema não significa, necessariamente, ter-se um método para solucioná-lo. Exemplo: – Uma pessoa enfrenta problemas para alcançar certos objetivos e não sabe que ações deve tomar para conseguir solucioná-los. Então, ao resolver um problema identificamos os seguintes componentes: • um objetivo a ser alcançado; • um conjunto de ações pré-pensadas para resolvê-lo; e • a situação inicial do problema. Outro exemplo: Imaginemos uma produção de parafusos. Considera-se normal a existência de 10 defeitos por milhão de parafusos fabricados. Admite-se a ocorrência de um problema apenas quando for constatado um número de defeitos que ultrapasse a razão de mais de 10 parafusos defeituosos por milhão produzido. 5 10 15 20 25 97 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Nesse sentido, um problema é sempre um resultado indesejável (Falconi, 1996, p. 196), mas geralmente a solução implica o retorno a um desempenho anterior aceitável. Na abordagem de Maximiano (1990, p. 94), “um problema é uma situação que exige uma decisão ou solução, e para tanto oferece um conjunto de possibilidades, entre as quais é necessário escolher uma ou mais”. Na abordagem desse autor, os problemas podem ser caracterizados por: (a) diferença entre situação real e ideal; (b) situação adversa; (c) missões e objetivos; (d) situação que oferece escolhas; (e) obstáculos ao tentar atingir metas; e (f) desvios do comportamento esperado. Vamos entender quais são as tarefas a cumprir na etapa 1 do MASP: Etapa 1: Identificar o problema • Tarefa 1: Entre diversos problemas, selecionar o mais importante. • Tarefa 2: Elaborar o histórico do problema. • Tarefa 3: Fazer o balanço de perdas & ganhos. • Tarefa 4: Estabelecer metas a alcançar • Tarefa 5: Nomear responsáveis pela execução do MASP. Devemos nos focar, nesta etapa, em entender corretamente quais os problemas a serem atacados e qual devemos priorizar. Sempre que for selecionar um problema, deixe claro que aquele escolhido, que será focado, é de importância superior aos demais. Como sabemos, a limitação de pessoal, de tempo e de dinheiro nos obriga a estabelecer prioridades ao determinar qual será o problema selecionado. Utilize dados e informações necessárias para identificar o problema mais importante. 5 10 15 20 25 98 Unidade IV Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Identificação do problema PDCA Fluxo Fase Tarefas Ferramentas P 1 Identificação do problema 1. Entre os diversos problemas, selecionar o mais importante. 2. Elaborar o histórico do problema. 3. Fazer o balanço de perdas e ganhos. 4. Estabelecer metas a alcançar. 5. Nomear responsáveis pela execução do MASP. • Avaliação tipo PNQ. • Análise de resultados. • Brainstorm. • Matriz de priorização. • Análise de Pareto. • GUT- Gravidade, Urgência, Tendência. • 5W2H. (Fonte: Material de aulas Processos Decisórios — prof. Fábio Gomes — 2009.1 Tabela baseada em: www.profmeireles.com.br > administração > Organização, Sistemas e Métodos — OSM. (aula 40)) 7.3 Observação Etapa 2: observar o problema • Tarefa 6: Descobrir as características do problema através de coleta de dados. • Tarefa 7: Descobrir as características do problema através de observação no local. • Tarefa 8: Elaborar cronograma & orçamento (para conclusão do MASP). Uma vez estabelecido o problema, esta tarefa consiste em elaborar o histórico do problema. Alguns problemas são selecionados por causa de seu histórico ou da trajetória que tiveram até o presente. Em situações como essa, as circunstâncias que envolvem o problema devem estar claramente identificadas. Aqui também devem ser usados tantos dados quantopossíveis. Falconi (1994, p. 225) recomenda que se façam basicamente duas perguntas: — Qual a frequência do problema? 5 10 15 99 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 — Como ocorre? Arioli (1998, p. 128) afirma que ao descrever a história do problema deve-se fazê-lo de forma clara e precisa: • como ele foi detectado; • quem o detectou; • quem está envolvido com ele de alguma forma; • o que ele afeta (equipamentos, produtos, serviços, características da qualidade, custos, prazos etc.); • onde foi detectado e quando ele ocorre; • por que ele é considerado um problema (incluem-se as oportunidades de melhoria, evidentemente). Utilize neste momento a ferramenta 5W2H, que é um instrumento de planejamento constituído de um relatório por colunas, cada uma delas encabeçada por um título (originariamente em inglês): • What? (O quê?); Why? (Por quê?); Who? (Quem?); Where? (Onde?); When? (Quando?); How? (Como?) e How much? (Quanto?). Ao responder a essas perguntas, considerando os fatores descritos abaixo, é possível elaborar o histórico de um problema. • O quê? Aqui é especificado basicamente o problema ou o sintoma do problema, isto é, a forma como o problema se apresenta ou é reconhecido. • Por quê? É uma resposta que ainda não pode ser dada nesta etapa. O MASP busca exatamente identificar as causas mais importantes do problema. Para se atender a esse requisito a resposta deve ser cautelosa, recheada de 5 10 15 20 25 100 Unidade IV Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 palavras que possam exprimir as dúvidas existentes, como “provavelmente”; “acredita-se que” e semelhantes. • Quem? Relacionar os nomes das pessoas envolvidas com o problema em questão, assim como os das que são afetadas diretamente por ele. • Onde? Apresentar o local onde o problema está ocorrendo, que pode ser um setor determinado da organização ou uma região do mercado. • Quando? Mostrar o período em que ocorreu o problema, desde o momento em que se iniciou. Deve-se informar também com qual frequência ele se manifesta. • Como? Mostra o método para atingir o “o quê?”. Aqui, o que deve ser descrito é o provável processo ou a situação que pode explicar o problema ou o sintoma do problema. Por isso recomenda-se apresentar de maneira detalhada o método com as metas ou indicadores esperados e os resultados encontrados. • Quanto? Mostra o orçamento ou os valores (materiais ou não) que estejam associados ao problema. Destacar no histórico e nos dados do problema que fatos podem mostrar as falhas no sistema, os sintomas de desempenho insatisfatório ou as oportunidades de melhoria etc. Esses aspectos poderão fornecer informações relevantes e que poderão ser essenciais para a compreensão das causas ou, alternativamente, para a avaliação do custo/benefício. Trata-se de preparar os fatos e os dados para a próxima etapa do trabalho. O objetivo dessa etapa é observar o problema criteriosamente, para que os fatores que possam tê-lo desencadeado sejam percebidos. Deve-se olhar o problema como ele se apresenta. Kume afirma que as pistas para a resolução de um problema se encontram no problema em si. Quando um problema é 5 10 15 20 25 30 101 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 observado a partir de diferentes enfoques, várias ocorrências podem ser evidenciadas a partir dos resultados. Ele afirma que, independentemente de qual seja o problema, existem pelo menos quatro importantes aspectos a partir dos quais o problema deve ser investigado. São eles: • tempo; • local; • tipo; • efeito. Tempo: há variações nos períodos do dia (manhã, tarde, noite) ou durante a semana (segunda, terça etc.)? Observam-se variações em diferentes períodos do mês? Local: observam-se variações dependendo do local? Se ocorrem na produção ou no local de estoque (perto de janelas, perto de paredes, perto de fornos), por exemplo? Vá ao próprio local do problema e colete informações necessárias que não podem ser registradas em forma de dados. Vá você próprio. Não tente procurar as causas da ocorrência do problema; apenas observe o problema como ele é. • Observam-se variações decorrentes do trajeto feito pelas peças? • Em que parte do produto ocorre o defeito? No meio? Nas pontas? • Essas variações são observadas em outras máquinas? Com outro operador? Em que departamento ocorrem? Falconi (1994, p. 226) recomenda que as pessoas envolvidas na solução do problema façam investigações no local onde o problema ocorre com o objetivo de obter dados que a etapa anterior não tenha fornecido. 5 10 15 20 25 102 Unidade IV Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Vídeo e fotografia são recursos geralmente utilizados. Não esquecer o uso de réguas ou de outros elementos que possam possibilitar aferir as dimensões reais do que é filmado ou fotografado. Tipo: ocorrem variações nos outros tipos de peças fabricadas? Efeito: • ocorrem variações na forma dos defeitos? • No modo como eles surgem? • E quanto ao tamanho dos defeitos? E quanto à cor? Ocorre cheiro? Sempre o mesmo? E a temperatura? Segundo Kume (1993, 206), para qualquer problema a etapa de investigação precisa observar, no mínimo, os quatro aspectos acima citados. Entretanto, para se fazer uma investigação profunda, apenas esses aspectos não são suficientes. Deve-se investigar o problema sob diversas óticas, sempre levando em consideração as características do próprio problema. Quanto maior for a variação nos resultados descobertos, melhor será. À primeira vista, a etapa 2 é parecida com a 1, por isso é comum ocorrer essa confusão, no entanto, suas finalidades são totalmente distintas. A finalidade da etapa 1 (identificação do problema) é reconhecer a importância do problema; já a finalidade da etapa 2 (observação) é descobrir fatores que possam tê-lo causado. Falconi (1994, p. 226) recomenda que se dê bastante atenção à fase 2. Diz ele: “Quanto mais tempo você gastar aqui, mais fácil será resolver o problema. Não salte esta parte”. 5 10 15 20 25 103 PROCESSOS DECISÓRIOS Re vi sã o: A na M ar ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 30 /1 1/ 09 / // 2 ª R ev is ão : A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o - 07 /1 2/ 09 Podemos citar algumas ferramentas que podem auxiliar na coleta de dados e podem ser muito úteis nesta etapa: • folha de verificação; • questionário; • entrevista (especialmente a entrevista em profundidade). Observação do problema PDCA Fluxo Fase Tarefas Ferramentas P 2 Observação • Descobrir as características do problema por meio de coleta de dados. • Descobrir as características do problema por meio de observação local. • Elaborar cronograma e orçamento (para
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