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Gestão Social e Ambiental
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O objetivo deste tópico é discutir, do ponto de vista mundial, as questões ambientais e sua relação com 
a desigualdade social e a exclusão social. A degradação do meio ambiente passou a fazer parte da 
preocupação dos chefes de Estado e da classe intelectual a partir do início dos anos 1960. Desde então, 
inúmeros eventos de discussão, produção de acordos internacionais e mobilização da sociedade civil 
organizada tornaram-se intensos. A questão do consumo é um dos principais elementos que permite a 
percepção das disparidades sociais promovidas entre países pobres e ricos.
Ao estudar esta unidade de aprendizagem, você poderá:
 ● Analisar o panorama social e ambiental mundial do ponto de vista da desigualdade e da exclusão social;
 ● Compreender a relação entre consumo, meio ambiente e desequilíbrio econômico entre sociedades 
ricas e pobres;
 ● Compreender a necessidade da gestão ambiental a partir da perspectiva do desenvolvimento sustentável.
No decorrer deste material você conhecerá diferentes temas. Confira abaixo:
 ● Desigualdade social;
 ● Exclusão social;
 ● Sociedade e consumo;
 ● Gestão ambiental.
Introdução
Objetivo
Tópicos Abordados
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Desigualdade Social; Exclusão Social
A questão ambiental ganhou visibilidade, do ponto de vista político, 
especialmente a partir dos anos 1990.
Entretanto, podemos perceber que ao longo da segunda metade do século XX 
surgiram inúmeros movimentos e debates por parte da sociedade civil sobre 
os problemas ambientais.
Em 1962, a bióloga Rachel Carson publicou o livro Primavera Silenciosa, 
alertando para o desaparecimento dos pássaros de seu habitat natural. 
Este livro foi importante e, de certa forma, inaugurou uma sucessão de 
movimentos por parte da sociedade social com a finalidade de debater e 
chamar a atenção do Estado para os problemas ambientais. 
Ainda na década de 1960 os movimentos ambientalistas cresceram e, 
rapidamente, passaram da esfera do debate local para a discussão global.
No início dos anos 1970 a organização civil internacional Clube de Roma, que reunia especialistas 
respeitados, publicou um relatório em 1972 apontando sinais estarrecedores, que a Terra poderia entrar 
em colapso, botando em risco a vida dos animais no planeta, incluindo o homem, se nada fosse feito.
No mesmo ano em Estocolmo, 
Suécia, a ONU organizou 
sua primeira conferência para 
debater problemas ambientais.
Naquele momento, o crescimento 
econômico era visto como o 
principal artífice da destruição do 
meio ambiente.
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Sociedade e Consumo
A solução dos problemas sugeria diminuir o ritmo do crescimento.
O saldo positivo desta reunião foi a criação, em vários países, de uma estrutura organizacional e política 
para gerir os problemas ambientais, como leis e Ministérios do Meio Ambiente.
No Brasil, o Estado reconheceu a necessidade de criar um órgão para o meio ambiente no início dos anos 1970.
Observe a linha do tempo na tela a seguir:
 ● Em 1973, a questão ambiental foi atribuída à Secretaria Especial de Meio Ambiente, como uma 
pasta do Ministério do Interior.
 ● Em 1985, no Governo de José Sarney, a secretaria deixa de existir em decorrência da criação 
Ministério do Desenvolvimento Urbano e do Meio Ambiente. No Governo de Fernando Collor de 
Mello, o Ministério do Meio Ambiente foi transformado em Secretaria do Meio Ambiente, diretamente 
vinculada à Presidência da República. Esta situação foi revertida pouco mais de dois anos depois, em 
novembro de 1992, no governo de Itamar Franco.
 ● Em 1992, a ONU organizou sua segunda conferência global, a Rio-92. Da conferência saíram 
vários documentos importantes: as convenções das mudanças climáticas e da diversidade biológica 
foram as mais importantes em termos de legislações e avanços institucionais. Outros documentos 
importantes: o Protocolo de florestas, a Carta da Terra e a Agenda 21.
 ● Em 1993, foi transformado em Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal. 
 ● Em 1995, em Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, adotando, 
posteriormente, o nome de Ministério do Desenvolvimento Urbano e do Meio Ambiente (conforme 
era denominado no governo de José Sarney).
 ● Em 1999, no governo de Fernando Henrique Cardoso, retornou à denominação de Ministério do 
Meio Ambiente.
 ● Diante desses aspectos, a ONU criou uma comissão permanente de estudos sobre a questão ambiental 
com mais de 40 especialistas de vários países. Em 1987, esta comissão formulou um novo relatório 
intitulado “nosso futuro em comum”, com observações diferentes das que foram lançadas em Estocolmo, em 
1972. Neste relatório, foram apresentadas basicamente 3 questões: a) Crescimento econômico e proteção 
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ambiental não são incompatíveis. b) A pobreza e as questões sociais devem ser incorporadas ao debate 
ambiental. c) Devemos levar em conta nas conseqüências das nossas ações, também as gerações futuras.
 ● Em 2002, líderes mundiais e organizações da sociedade civil reuniram-se em Johanesburgo para avaliar o 
que foi conseguido após a Rio-92. A conferência foi chamada de Rio+10. Chegou-se à conclusão que apesar 
dos avanços institucionais, os resultados mostravam uma situação agravante, com pioras dos problemas 
debatidos na Rio+92. Afirma-se a questão da pobreza como problema global fundamental. Outros temas 
são incorporados ao debate: degradação dos recursos hídricos, a questão dos oceanos, os poluentes 
orgânicos persistentes (POP). É importante destacar que, do ponto de vista político, geralmente as questões 
ambientais são debatidas a partir de acordos internacionais, liderados pela ONU.
 ● Entre os tratados, acordos e protocolos mais recentes, podemos citar o Protocolo de Kyoto, agora Tratado 
de Quioto, que entrou em vigor em 15/02/2005, estabelecendo metas de redução de emissões aos países 
desenvolvidas a serem atingidas no período de 2008 a 2012.
Gestão Ambiental
Sem negligenciar a gama de estudos que compõem a análise do panorama social e ambiental, é interessante 
chamar a atenção para aqueles direcionados para o movimento ambientalista e seu impacto político.
Alguns autores, entre eles Lowe e Rüdig (1986) e Rootes (1997), “relacionam a emergência desses partidos 
ao contexto político nacional e procuram explicar seu desempenho pela maior ou menor permeabilidade da 
estrutura de oportunidades políticas – especialmente os sistemas eleitoral e partidário – à representação formal 
das demandas ambientalistas”. (Alonso & Costa: 2002, p. 5)
No Brasil, a literatura sobre o tema ambiental ainda é simplória.
Enquanto que nos anos 1960 e 1970 o meio acadêmico internacional produziu um volume de trabalhos 
significativos sobre a questão ambiental, no Brasil a produção mais significativa aparece somente a partir do 
processo de redemocratização nos anos 1980.
Um dos aspectos interessantes é a institucionalização desses movimentos 
através da criação de partidos verdes.
Entretanto, o interesse pelo tema cresceu efetivamente no Brasil após a ECO-92, realizada 
no Rio de Janeiro.
Importante
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Estes estudos dividem-se em três pontos de vista:
 ● Movimentosocial;
 ● Como parte de um processo político global;
 ● E como foco de conflito social.
Longe de negligenciar os três pontos de vistas citados acima para breve exposição, o enfoque em nossos 
estudos estará voltado para o processo político global.
Estes estudos baseiam-se na afirmativa de que a :
“formação da consciência ambiental global seguiria a teoria multissetorial. O ponto de partida seria a 
expansão transnacional de movimentos sociais e organizações não-governamentais engajados na defesa 
do meio ambiente, formando uma rede global. O processo invadiria paulatinamente as agências de governo, 
as instituições científicas, categorias profissionais, mercado, chegando a agências e tratados internacionais 
sobre problemas ambientais”. (Viola,1996. p. 28)
No entanto, se observarmos os rumos das discussões sobre os problemas ambientais podemos perceber 
que, no caso brasileiro, a problemática do ponto de vista político encontra entraves na produção de 
políticas públicas para a área.
As análises sobre ecodesenvolvimento (uma das mais debatidas no Brasil), baseada na idéia de que 
é possível crescimento econômico desde que unido à preservação do meio ambiente, foram mais bem 
aceitas no Brasil.
Em geral, o processo de avaliação dos resultados e reorganização dessas políticas ainda são embrionárias 
e, por vezes, inadequadas.
Para alguns analistas, entre os quais destaca-se Frey (1995), é fundamental compreender 
osmotivos pelos quais determinadas políticas públicas, viabilizadas para a resolução de 
problemas de caráter imediatista (como a questão ambiental, a exclusão social do ponto de 
vista educacional, entre outros) por vezes não alcançam o êxito esperado.
Um bom exemplo é o caso das políticas ambientais que, por mais que as empresas estejam 
atentas aos procedimentos exigidos pelo Estado (adequação às normas e selos), os 
mecanismos de controle de execução dessas políticas são precários e pouco funcionais.
Importante
Exemplo
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A desigualdade e a exclusão social, observada a partir das diferenças entre 
paises ricos e pobres, também é um desequilíbrio nas relações entre nações nas 
questões ambientais.
Em geral, os países mais ricos possuem uma indústria e tecnologias muito 
avançadas e, por conseguinte, o impacto ambiental tende a ser maior.
Nesta relação, o principal enfoque está na dimensão do consumo.
Nota-se o crescimento dos níveis de consumo e, por conseguinte, a elevação 
dos padrões de vida.
Paralelo a esta realidade, o impacto no meio ambiente é inevitável, uma vez que 
a utilização dos recursos naturais nos processos produtivos é inevitável.
Entretanto, apesar do crescimento econômico, além da agressão constante ao 
meio ambiente, nota-se o crescimento das distancias sociais entre os países.
Segundo Giddens (2005), existe, em todo o mundo, mais de 1 bilhão de pessoas 
privadas de suas necessidades básicas, tais como: boa alimentação, vestuário, 
educação de qualidade, entre outras.
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A desigualdade gerada pelo acesso aos bens de consumo entre pobres e ricos 
é visível.
No geral, as sociedades mais ricas e, portanto com maior poder de compra, 
utilizam seus próprios recursos naturais e, constantemente, controlam algumas 
partes dos recursos dos países mais pobres.
Neste contexto, percebe-se que a parcela mais pobre da população está mais 
sujeita às conseqüências negativas geradas pelo exagero do consumo nos 
países desenvolvidos.
O surgimento da gestão ambiental está vinculado à perspectiva do desenvolvimento 
sustentável, cujo objetivo é organizar as atividades das empresas com o intuito 
de diminuir sensivelmente os impactos negativos no meio ambiente.
A degradação do solo, o desmatamento, a emissão de gases poluentes no ar, são constantes nos 
países em desenvolvimento, pois os países ricos, embora sejam os maiores consumidores, também 
possuem políticas e iniciativas de maior controle sobre os problemas ambientais gerados pelo 
crescimento econômico.
O surgimento da gestão ambiental está vinculado à perspectiva do desenvolvimento sustentável, 
cujo objetivo é organizar as atividades das empresas com o intuito de diminuir sensivelmente os 
impactos negativos no meio ambiente. Essa demanda foi intensificada com a institucionalização da 
norma ISO 14000, um certificado de qualidade do processo produtivo que é dado às empresas que 
não agridem o meio ambiente.
Mesmo com as certificações, há muita dificuldade por parte do Estado no controle nos níveis 
de impacto negativo no meio ambiente provocado pelas empresas, especialmente nos países 
em desenvolvimento.
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Avaliação a Distância
É o momento de testar os seus conhecimentos. Então, responda as questões abaixo.
1. Quando a questão ambiental começou a ganhar visibilidade?
2. No Brasil, em que momento o Estado criou uma instituição para cuidar das questões relativas ao 
meio ambiente?
3. Qual a relação, no que diz respeito ao consumo, entre países ricos e pobres?
Respostas: acesse o ambiente e veja as respostas comentadas.hfhk
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Atividade Obrigatória
Faça uma pesquisa sobre as normas ISO 14000 e ISO 9000 e apresente um comentário crítico.
Síntese
Em síntese, a discussão sobre o panorama social e ambiental mundial, com ênfase na questão da 
desigualdade e exclusão social, está pautada tanto na própria construção dos discursos e trabalhos 
acadêmicos da área, como na dinâmica de relação política e econômica entre os países. Embora a 
questão da degradação do meio ambiente encontre sua gênese na sociedade industrial estabelecida 
desde o século XIX, observou-se que, o desequilíbrio sócio-econômico entre os países pobres e ricos e 
a exclusão social mais problemática nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. O consumo é 
uma espécie de termômetro, que dita as regras da dinâmica da sociedade, de acordo com a capacidade 
produtiva de cada país e nas conseqüências para o meio ambiente. No Brasil, embora a questão ambiental 
seja bastante enfatizada, o caminho a ser percorrido na construção de alternativas e políticas viáveis para 
a resolução dos problemas ambientais é longo, especialmente em decorrência da desigualdade social e 
da exclusão social.
 ● ALONSO, Ângela; COSTA, Valeriano. Ciências sociais e meio ambiente no Brasil: um balanço 
bibliográfico. BIB – Revista Brasileira de Informações Bibliográficas em Ciências Sociais, ANPOCS. 
N. 53, 1º. Sem. 2002, p. 35.78.
 ● DIAS, Reinando. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: 
Atlas. 2009.
 ● FREY, Klaus. Políticas públicas: um debate conceitual e reflexões referentes à prática da 
análise de políticas públicas no Brasil. Revista de Planejamento e Políticas Públicas. n. 21, jun. 
2000. p. 211- 259.
 ● SACHS, I., Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir. São Paulo: Vértice, 1986.
Bibliografia Recomendada

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