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Análise fenomenológica do filme O quarto de Jack asd

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UNIVERSIDADE TIRADENTES 
PSICOLOGIA 
 
 
ADRIANO SANTOS DOS ANJOS 
ÉRICLES SANTOS FERREIRA 
GIULIA SANTOS BARBOZA DE DEUS 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE FENOMENOLÓGICA ACERCA DO FILME “O 
QUARTO DE JACK” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aracaju – S2 
29/03/2019 
ADRIANO SANTOS DOS ANJOS 
ÉRICLES SANTOS FERREIRA 
GIULIA SANTOS BARBOZA DE DEUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE FENOMENOLÓGICA ACERCA DO FILME “O 
QUARTO DE JACK” 
 
 
 
 
 
Resenha analítica apresentada à disciplina 
Matrizes do Pensamento Psicológico IV, 
ministrada pela Profª. Lígia Maria Lorenzetti de 
Sanctis Pires, como Medida de Eficiência 
referente à Unidade I. 
 
 
 
 
 
Aracaju – SE 
29/03/2019 
ANÁLISE FENOMENOLÓGICA ACERCA DO FILME “O QUARTO DE JACK” 
 
O Quarto de Jack narra a história perturbadora de uma mãe e seu filho que são 
mantidos em cativeiro por anos. Jack é um garoto de cinco anos que não conhece qualquer 
outro lugar a não ser o pequeno compartimento que vive ao lado daquela que chama 
carinhosamente como “mama”. Joy é uma jovem que foi sequestrada a cerca de oito anos, 
quando saía da escola a caminho de casa e foi confinada em um quarto, cenário onde foi 
vítima de violência psicológica e sexual por um homem que chamava de Velho Nick. 
Fruto dos estupros sofridos por ela, Jack não possui a mínima noção da existência de 
um mundo exterior ao cômodo. Seu único contato com a civilização acontecia por meio da 
TV, que exibia figuras humanas as quais ele acreditava ser irreais, e o Velho Nick, que vez ou 
outra visitava o local para trazer mantimentos e ter encontros sexuais com a mãe do garoto. A 
claraboia era utilizada como um demarcador temporal na rotina da dupla, que distinguia dia e 
noite quando a luz do sol refletia sobre o espaço do aposento. 
No início do longa, Jack ao acordar, cumprimenta com “bom dia” os objetos do quarto 
como se fossem pessoas, chegando até mesmo a dialogar com aqueles que passaram a ser 
companhias para ele. Até então tudo parecia estar bem para o garoto, que era feliz naquela 
realidade sofrida e inocentemente achava ser normal estar ali. Já para a sua mãe, que tentava 
de todas as maneiras tornar a vida do filho ao menos suportável no local, havia chegado a 
hora de arriscar e colocar um ponto final naquele pesadelo. 
Na busca desesperada de agir em prol do pequeno, Joy arquiteta um plano de fuga 
ousado, onde Jack teria sua vida em perigo, porém seria a única maneira de se livrar das 
garras de seu algoz. Mesmo com imprevistos, a sua ideia acaba sendo bem sucedida, e Jack 
finalmente conhece o mundo além do quarto. A partir do momento que ele está livre e vê pela 
primeira vez a luz do sol, a vida dele dá início a um processo difícil e doloroso de adequação 
ao “admirável mundo novo”. 
O filme se divide em dois momentos: a prisão e a liberdade. Na primeira parte são 
apresentados os personagens e a realidade difícil e surreal que estão sujeitos, e o segundo 
tempo mostra a adequação de Jack e readequação de Joy à sociedade. No primeiro ato 
acompanha-se toda a angústia de Joy, que sofre todos os dias a uma série de maus-tratos e 
abusos do seu sequestrador, e o olhar sensível e inocente de Jack, uma criança que está imersa 
desde o seu nascimento a uma crueldade imperdoável de reclusão forçada. No segundo ato 
testemunha-se o processo de desconstrução e construção dos personagens, que mesmo depois 
de terem sido resgatados e acolhidos pela família, ainda se defrontam com problemas que só 
com o passar do tempo poderão superar. 
Enquanto Joy, traumatizada e se sentindo como uma estranha em sua própria casa, 
tenta refazer sua vida e ser a boa mãe que tanto almeja para Jack, o garoto ainda se sente 
deslocado na amplidão do mundo, uma vez que o quarto era o seu lugar e nada se compara a 
ele, por mais que existisse uma gama de coisas novas para conhecer. 
A relação dos dois é abalada quando a mãe, em um ato de desespero, tenta suicídio e 
Jack se vê inicialmente desamparado e resistente ao convívio social. 
De acordo com Forghieri (2002), a fenomenologia tem como contribuição a 
compreensão do existir humano e contempla o sujeito em quatro dimensões que formam uma 
totalidade, a qual no decorrer da vivência, ele as compreende como partes de sua 
personalidade: o ser-no-mundo, o temporalizar, o espacializar e o escolher. 
O ser-no-mundo corresponde a como o sujeito se enxerga na realidade em que está 
inserido. Jack é um garoto que devido às circunstâncias está encarcerado entre quatro paredes, 
e desconhece o que existe fora daquele espaço ao qual está resignado. Ele conhece cada canto 
do compartimento e aprecia a todos os detalhes com um olhar especial, inclusive tratando de 
igual para igual seres inanimados como o armário, a geladeira, o fogão e todos os outros 
componentes que ocupam o lugar. Logo, o seu mundo é limitado, e a sua visão sobre as coisas 
também. Ao sair do quarto, Jack é surpreendido com um mundo muito maior, repleto de 
novidades, de pessoas, e o melhor de tudo, de crianças com a mesma faixa etária que a dele 
com as quais ele pode se relacionar. O impacto de conhecer uma civilização cheia de regras, a 
curiosidade pela natureza que ele julgava ser fantasia e o contato com uma realidade social tão 
complexa para o seu entendimento, tornam o processo de adaptação doloroso e confuso, uma 
vez que ele desconhece a proporção da gravidade que era viver trancado em um cômodo sem 
conforto e inviável para a sua socialização. 
Para Binswanger (1967), o mundo é um conjunto de relações significativas dentro do 
qual a pessoa existe, e que embora seja vivenciado como uma totalidade, abrange-se para o 
homem sob três aspectos diferentes porém simultâneos: o mundo circundante, o mundo 
humano e o mundo próprio. 
O mundo circundante trata-se da relação que o sujeito desenvolve com o ambiente; o 
mundo humano se refere a relação e a convivência do sujeito com seus semelhantes; e o 
mundo próprio diz respeito as experiências, os conhecimentos e todo repertório individual que 
o indivíduo adquire ao longo da vida. 
Para Jack, o seu mundo circundante por muito tempo foi o quarto. Embora pouco 
espaçoso e mal iluminado, o quarto era sua referência naquele que seria para a Joy, sua mãe, 
uma prisão perpétua. 
Com relação ao mundo humano, Jack só conhece a mãe e o Velho Nick, que pouco 
conversa com o garoto por proibição da mesma. Só depois de escapar, o garoto passa a 
socializar com novas pessoas, dentre elas os avós, que inicialmente rejeitam a ideia de terem 
um neto, que é filho do sequestrador da filha. 
E por fim o mundo próprio, que foi construído ao longo dos cinco anos de vida de Jack 
nas vivências que teve no interior do quarto, e desconstruído no processo de adaptação do 
menino ao mundo exterior, o que exigiu dele um novo olhar sobre tudo que conhecia. 
O temporalizar consiste em experienciar o tempo de maneira a sentir a existência. 
Nesse sentido, Jack é um garoto que ainda está na infância e pouco tem noção sobre o tempo. 
Trancafiado e nunca exposto ao lado de fora do quarto, o único conhecimento que possui é 
quando se é dia ou noite através da claraboia que fica na parte superior do cômodo. Embora 
saiba que já tem cinco anos, Jack ainda não consegue entender que a sua idade corresponde a 
um período, e que logo mais irá crescer e virar adulto. Por mais que seja uma criança esperta e 
com um imaginário comum a qualquer outra de sua faixa etária, Jack está em desvantagem no 
seu desenvolvimento psicossocial, tendo em vista a limitação imposta pela situação na qual se 
encontrava antes de ser resgatado. 
Espacializar consiste no modo como se vivenciao espaço no existir humano. O 
personagem título do filme cresceu e teve experiências importantes para o seu 
desenvolvimento no quarto. Jack, na companhia da mãe, brincava em todos os espaços do 
apertado aposento, porém existia um lugar especial e bastante acolhedor para ele: o armário. 
Era lá que ele encontrava conforto para ficar sozinho e dar vazão aos seus pensamentos 
turbulentos, estabelecendo uma conexão entre ele consigo mesmo. Curiosamente, mesmo 
após estar em um novo ambiente, mais espaçoso e interessante para qualquer outro garoto 
como ele, Jack ainda mantem o costume de se esconder no armário para brincar, muito 
embora o ambiente não seja tão parecido com aquele que era plano de fundo para a sua 
solitude. 
E finalmente o escolher, que corresponde a uma condição da liberdade do indivíduo, 
ou seja, o livre-arbítrio para traçar subjetivamente as suas decisões. No caso de Jack, a 
realidade imposta de reclusão não lhe permite muitas variáveis de escolha. Acostumado com 
as privações do quarto, o menino não consegue lidar bem com a liberdade fora de lá. Para ele 
isso é assustador, e a sua maior vontade é retornar para o cômodo e ter a sua vida de volta. O 
processo de ambientação de Jack a um mundo muito distante da sua imaginação passa por 
algumas dificuldades, seja por conta das mudanças provocadas após a libertação com relação 
ao vínculo que deve construir com os seus avós e outras pessoas que o rodeiam, como 
também a ausência de sua mãe, que em um momento de crise tenta se matar. Nesse processo, 
Jack se vê pela primeira vez sem ela e implica negativamente para sua adaptação. Após um 
tempo, o personagem começa a se alinhar a uma nova rotina, ao ciclo social que agora faz 
parte e a um a novo sentido que atribui às coisas. 
Na cena final, Jack pede a sua mãe para irem pela última vez ao quarto para uma 
despedida. Ela inicialmente se sente incomodada com o pedido, mas atende. Ambos revisitam 
o local que foi por anos o mundo deles. Para Jack, o quarto agora parece pequeno e o seu 
significado não é mais o mesmo. É nesse momento que ele se dá conta que o quarto na 
verdade é só um fragmento do mundo e que existem outras possibilidades fora dali. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
Binswanger, L. (1967). La escuela de pensamiento de análisis existencial. In R. May, 
Existencia – nueva dimensión em psiquiatría y psicología . Madrid: Editorial Gredos, S.A. 
 
FORGHIERI, Yolanda C. Psicologia Fenomenológica: Fundamentos, Método e pesquisa. 
São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002 (cap. 3 ). 
 
O QUARTO de Jack. Direção: Lenny Abrahamson. Ontário, Canadá: Universal Studios, 
2015. 1 DVD (117 min), Color.

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