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Carlos Alberto Tenroller - Metodos e Planos para o Ensino de Esporte

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MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
2
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO.............................................................................................. 3 
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4 
CAPITULO 1: Conceitos Gerais ......................................................................... 5 
1.1 Esporte e sua origem................................................................................ 5 
1.2 Como surgiu a primeira bola: lenda, mito ou verdade? ............................ 6 
1.3 Conhecimentos indispensáveis como base para o ensino dos esportes.. 7 
1.3.1 Educação ........................................................................................... 9 
1.3.2 Educação Física............................................................................... 10 
1.3.3 Pedagogia e didática........................................................................ 11 
1.4 Princípios básicos que deverão ser considerados no planejamento das 
aulas sobre esportes .................................................................................... 11 
1.4.1 Elementos indispensáveis em um bom plano de ensino das aulas de 
esportes .................................................................................................... 12 
1.5 Estrutura do plano de aula para o ensino dos esportes.......................... 16 
CAPÍTULO 2 Métodos mais utilizados para o ensino dos esportes ................. 20 
2.1 O que é método ...................................................................................... 20 
2.1.1 Método parcial ou analítico .............................................................. 22 
2.1.2 Método global ou método complexo .................................................... 22 
2.1.3 Método misto.................................................................................... 23 
2.1.4 Método global em forma de jogo ou método de confrontação ......... 23 
2.1.5 Método em série de jogos ................................................................ 23 
2.1,6 Método recreativo............................................................................. 24 
2.1.7 Método transfert ............................................................................... 24 
2.1.8 Método da cooperação-oposição ..................................................... 25 
CAPÍTULO 3 Basquetebol................................................................................ 27 
3.1 Síntese histórica do basquetebol............................................................ 27 
3.2 Os fundamentos do basquetebol ........................................................ 28 
 
 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
3
APRESENTAÇÃO 
 
 De forma surpreendente este livro, que reúne informações e 
orientações de grande pertinência para a atuação acadêmico-profissional, vem 
ao encontro de necessidades e anseios do corpo docente e discente da 
educação física. 
 
 Os autores, preocupados em sintetizar com qualidade aspectos 
importantes para o desenvolvimento do ensinar o esporte, agregam conceitos 
gerais de temas que a essa atividade se relacionam, apresentando de forma 
clara a inserção da prática desportiva no ensino. Revêem metodologias que 
podem ser aplicadas e que são comumente utilizadas para o ensino 
propriamente dito do esporte. 
 
 Como eixo central, encontramos, de maneira singular, esportes 
como basquete, futebol de campo, futsal, handebol, vôlei e judô abordados sob 
tópicos de síntese histórica, fundamentos e respectivos planos de aula, 
procurando fornecer subsídios para a atuação prática, dotada de um 
discernimento evolutivo e com conhecimento dos fundamentos de cada 
modalidade esportiva apresentada. 
 
 Enfim, com muita satisfação congratulo os autores, que, com grande 
competência, conseguiram contextualizar o esporte, proporcionando recursos 
metodológicos e convidando o leitor a refletir através de sugestões e idéias 
inovadoras. 
 
 É de enorme valia podermos contar com um apanhado tão rico de 
informações pertinentes. Faço consideração especial ainda à superação de 
vida do professor Carlos, cujo progresso acompanhei. Sou testemunha da sua 
imensa vontade de vencer, demonstrada em seu constante aprimoramento, 
com muita motivação, garra e esperança, visando sempre contribuir para a 
sociedade do conhecimento no que tange ao mundo do esporte e suas 
vertentes. 
 
Ana Lígia Finamor 
Profa. Dra. do curso de Educação Física da ULBRA Canoas 
 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
4
INTRODUÇÃO 
 
 Há muito que o homem se dedica à prática de atividades físicas. Em 
relação ao esporte, fenômeno que ocupa espaços cada vez maiores em nossa 
sociedade, não é diferente. A importância da prática esportiva é facilmente 
percebida através dos jornais, das revistas, da televisão, onde os atletas, 
muitos deles nossos ídolos ou heróis, podem ser vistos com freqüência. Esse 
fenômeno acentua-se nos períodos em que ocorrem jogos olímpicos ou 
campeonatos mundiais/internacionais. Para se ter noção da importância do 
esporte no mundo, a Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU) proclamou o 
ano de 2005 como o "Ano Internacional do Esporte e da Educação Física". 
 
 Este livro aborda as modalidades basquetebol, futebol de campo, 
futsal, handebol, voleibol e judô, seis dos esportes mais praticados nas escolas 
brasileiras, cujos praticantes, somados seus adeptos e apaixonados, 
representam um número muito expressivo de pessoas nos cinco continentes do 
globo. 
 
 Organizado em oito capítulos, dirige-se aos leitores que têm 
interesse em conhecer os fundamentos técnicos de cada uma dessas 
modalidades e desejam saber de modo resumido (síntese histórica) como, 
quando e onde elas surgiram. No livro, após a apresentação dos oito métodos 
de ensino, o leitor tem acesso aos conceitos dos fundamentos de cada um e a 
alguns planos de aula. 
 
 Através desta publicação, esperamos contribuir com aquelas 
pessoas que estão envolvidas com os esportes, em especial os acadêmicos, 
professores e profissionais de Educação Física, cuja linda missão é a de 
proporcionar à sociedade o acesso à prática do basquetebol, futebol de campo, 
futsal, handebol, voleibol e judô e assim contribuir para uma sociedade mais 
ativa, mais humana, mais saudável e feliz. 
 
Os autores 
 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
5
CAPITULO 1: Conceitos Gerais 
 
1.1 Esporte e sua origem 
 
 Conforme o estudioso BARBIERI (2001), a palavra esporte tem sua 
origem no inglês sport, que se referia a exercícios físicos, prazer, distração, 
brincadeira e repouso corporal. Como sinônimo, temos em língua portuguesa a 
palavra desporto, originária do antigo francês desport 
 
 Para BARBIERI, citando MANACORDA (1996), é na França que 
surge o primeiro registro do termo, no século XII. TUBINO (1994), todavia, data 
a origem no século XIV, quando os marinheiros usavam as expressões "fazer 
esporte". Para esse autor, o esporte é considerado um extraordinário 
instrumento de paz e um dos melhores meios de convivência humana, devido a 
sua característica lúdica e sua tendência de promover a confraternização entre 
os diferentes participantes das competições. 
 
 Uma das versões mais difundidas de esporte é aquela que o 
caracteriza como jogo institucionalizado, regulado por códigos, regras e 
comandado por federações e confederações. 
 
 Apoiado na sociologia, BARBANTI (1994) considera o esporte uma 
atividade competitiva, institucionalizada, que envolve esforço físico vigoroso ou 
o uso de habilidades motoras relativamente complexas por indivíduos cuja 
participação é motivadapela combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos. 
BARBANTI classifica o esporte nas seguintes categorias: amador, de elite, de 
massa, feminino, para crianças e jovens, para deficientes, toda a vida, 
profissional e universitário. 
 
 GEORGES MAGNANE, citado por OLIVEIRA (1993), considera o 
esporte uma atividade de lazer em que predomina o esforço físico, 
simultaneamente jogo e trabalho, praticada de maneira competitiva, 
comportando regulamentos e instituições específicas, suscetível de transformar 
se em atividade profissional. 
 
 Por se tratar de um fenômeno muito abrangente, a definição de 
esporte é muito ampla e complexa. Pode ser concebida em várias realidades e 
com vários objetivos. 
 
 TEIXEIRA (2001), ao citar BRACHT (1989) sobre a provável gênese 
e desenvolvimento do esporte moderno, diz que o termo "esporte" refere-se a 
uma atividade corporal com caráter competitivo surgida no âmbito da cultura 
européia que, com esta, se expandiu para todos os cantos do planeta. 
 
 A partir da "Carta Internacional de Educação Física e Desportos", de 
1979, o conceito de esporte torna-se muito mais amplo, caracterizando também 
atividades como o xadrez, o bilhar e outros jogos de salão, entendidas como 
esportes intelectivos. Existem muitas classificações de esporte, entre as quais 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
6
se podem citar esportes olímpicos, esportes de tradição não-olímpica. artes 
marciais, esportes de aventura ou desafio, esportes de relação com a natureza, 
esportes de identidade cultural e esportes de expressão corporal. 
 
 Na Constituição do Brasil de 1988, no artigo 217, está expresso que 
esporte é prioridade educacional, um "direito de todos"; esporte é saúde, 
educação e vida; esporte é confraternização entre os povos; esporte suspende 
guerras; esporte une culturas e povos. 
 
 DAIUTO (1991) define o esporte como uma necessidade individual e 
social, uma influência que se evidencia cada vez mais entre as atividades do 
homem. Considera-o também uma fonte de saúde e de distração, uma 
alternativa diante da modernização e das ameaças do mundo moderno, capaz 
de preservar a integridade física e moral do homem. 
 
 Ao fazer uma análise conceituai dos elementos que compõem o 
esporte, TEIXEIRA (2001) diz que há diferenças terminológicas entre Estados 
Unidos e Brasil em torno do que significa brincadeira, jogo, esporte e desporto. 
Após apresentar seus conceitos, considera, de acordo com HELAL (1990), que 
o esporte incorpora elementos do jogo e, portanto, também é jogo. A elevação 
da organização burocrática acima dos interesses individuais dos praticantes 
coloca o jogo na esfera do esporte. Somada a essas características, está a 
disputa física e a competição (HELAL, 1990). 
 
 Não se pretende, neste trabalho, abordar a diferença encontrada 
com freqüência na literatura entre as classificações de esporte de alto nível ou 
de competição, esporte de lazer ou de participação ou esporte escolar ou 
esporte de base. Para maior entendimento de tais classificações, sugere-se 
consulta a obra Transformação didático-pedagógica do esporte, de ELENOR 
KUNZ (2001). 
 
1.2 Como surgiu a primeira bola: lenda, mito ou verdade? 
 
 Como a maioria dos conteúdos e das atividades apresentadas neste 
livro refere-se a esportes que necessitam de algum tipo de bola para sua 
prática, temos o interesse de estimular nos leitores a busca por novas 
referências bibliográficas relativas ao surgimento da primeira bola. Os que 
tentarem encontrar a resposta certamente conhecerão várias histórias sobre as 
origens dos seis esportes aqui abordados. A seguir, apresentamos uma versão 
sobre o surgimento da primeira bola. 
 
 Há muito tempo, não se sabe a época ou o país, em uma grande 
floresta onde os índios viviam em tribos surgiu a primeira bola. 
 
 Como todos sabem, na selva, principalmente há muito tempo, havia 
muitos animais predadores que, para sobreviver, se alimentavam de outros 
animais. Isso caracterizava a lei da sobrevivência que impõe aos mais fortes 
vencerem os mais fracos. Também submetidos a essa lei, os índios que 
habitavam a selva tinham de ser, antes de tudo, rápidos e inteligentes para 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
7
sobreviver. Por isso, sempre que se encontravam ameaçados ou eram 
perseguidos por animais selvagens, corriam para cima das árvores. Essa 
situação levou-os a observar que os predadores, após arranharem o caule de 
determinadas árvores na tentativa de subir, afastavam-se e desistiam da caça. 
Os índios então identificaram no líquido de forte odor que saía desses caules o 
motivo para a fuga dos animais. Conseqüentemente, passaram a espalhar a 
substância pelo corpo e, uma vez sentindo-se protegidos, começaram a andar 
mais tempo pela floresta. Hoje sabemos que esse líquido, produto das 
seringueiras, é a matéria-prima utilizada na produção da borracha. 
 
 E o surgimento da bola, como aconteceu? 
 
 Como os índios tinham de tirar a substância do corpo, e para isso se 
utilizavam da água de lagos ou rios, notavam que ao se lavarem pequenos 
pedaços de borracha iam-se formando. Quanto mais se limpavam, maior ficava 
o volume. Ao término das sessões de banhos, verdadeiras bolas eram criadas. 
Sabendo-se que o homem é um ser lúdico (do latim ludus - relativo a jogo, 
brinquedo), pode-se perguntar: o que faziam os índios com as bolas que 
criavam? 
 
 Pode-se facilmente responder que eles também foram os inventores 
dos esportes praticados com bola. E mais: adotaram o método recreativo nas 
práticas. Lenda, mito ou verdade? 
 
1.3 Conhecimentos indispensáveis como base para o ensino 
dos esportes 
 
 Os conhecimentos aqui apresentados são de extrema importância. 
Aquele que os dominar plenamente não terá dúvidas quanto à organização das 
atividades de ensino dos esportes São informações que deverão oportunizar 
maior eficiência na prática pedagógica do professor no seu dia-a-dia, quer seja 
na abordagem dos alunos, quer seja na elaboração e organização do 
planejamento das aulas. 
 
 Na verdade, conhecer os fundamentos técnicos, táticos, sistemas e 
a prática das modalidades esportivas, não chega a perfazer uma fração muito 
significativa dos conteúdos ou conhecimentos indispensáveis para o ensino dos 
esportes. Quando se tala em ensino, parece que tudo é infinito, isto é, os 
processos pedagógicos são sempre muito amplos e cheios de alternativas. 
Muitas são as ciências que podem estar presentes em uma aula: psicologia, 
pedagogia, fisiologia, biologia, sociologia, etc. Como não cabe aqui abordar 
todas essas ciências, mencionamos aquelas que julgamos indispensáveis para 
o ensino dos esportes e que deverão ser dominadas pelos professores de 
Educação Física quando forem pôr em ação tais conteúdos. 
 
 
 
 
 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
8
Períodos do desenvolvimento motor e cognitivo 
 
 É a partir da identificação de características inerentes a cada faixa 
etária que o professor poderá entender seus alunos e assim elaborar um plano 
de aula em conformidade com a fase que eles estão vivenciando sem 
desrespeitá-los e evitando incorrer em erros. 
 
 Para isso, o professor precisa saber que existem períodos na vida 
dos seres humanos cuja transformação física e cognitiva se dá de forma mais 
ou menos intensa. Por exemplo: em crianças com menos de 10 anos de idade, 
não são indicadas atividades que exijam a capacidade de concentração. O 
professor não deve prolongar explicações sobre as atividades, pois a 
capacidade de atenção e de reter as informações não está desenvolvido, e 
conseqüentemente essas informações poderão ser perdidas. Esse é um dos 
motivos pelo qual não se devem ensinar táticas ou sistemas para alunos dessafaixa etária. Outro período bastante intenso sob o ponto de vista do 
desenvolvimento motor é o compreendido entre os 11 e 13 anos para as 
meninas e dos 13 aos 15 anos para os meninos, quando acontece o 
amadurecimento sexual. Nesses estágios, é prejudicada a "perfeição" dos 
gestos técnicos, pois há um rápido crescimento dos membros superiores e 
inferiores, o que dificulta a coordenação. 
 
 Conforme nos ensina WEINECK (1989), "modificações marcantes 
das proporções, como crescimento anual de altura até 10cm, aumento de peso 
até 9,5kg causam uma sensível instabilidade hormonal". Por conseqüência 
dessas transformações, os alunos ficam mais críticos, quando passam a 
oferecer mais resistência e questionam as atividades propostas pelo professor 
com maior freqüência. É um período em que se podem desenvolver alguns 
conteúdos básicos de sistemas, os posicionamentos em quadra e a iniciação a 
tática dos esportes. 
 
 Um excelente exemplo para o entendimento do desenvolvimento 
motor e cognitivo são os estudos de GALLAHUE (1996) que demonstram, 
através de uma ampulheta, as fases do desenvolvimento humano relacionadas 
á idade e aos estágios de desenvolvimento motor. 
 
Caminhos para ensinar - as metodologias de ensino 
 
 Considerando as características motoras, cognitivas e outros fatores, 
é interessante que o professor procure mais de uma maneira de conduzir o 
processo de ensino dos esportes. 
 
 De acordo com a idade e a realidade da turma, o educador lançará 
mão de "caminhos'' - métodos de ensino - para abordar os conteúdos. Entre as 
alternativas metodológicas, podem-se citar as seguintes: método global, 
método parcial, método misto, método recreativo, método global em forma de 
jogo, método em série de jogos, método transferi e o método da cooperação-
oposição. O objetivo de adotar um determinado método está intimamente 
ligado com os propósitos a atingir organizados pelo professor e com a 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
9
realidade do corpo discente, isto é, em relação ao perfil dos alunos. No capítulo 
2, serão explicados oito métodos de ensino. 
 
Saber organizar as aulas e os seus objetivos 
 
 Para saber como foram, quais serão as próximas aulas e quais os 
conteúdos nelas adotados, é de suma importância que o professor organize 
seus planos em cada aula, em consonância com seus objetivos atingidos e os 
que deverão ser atingidos. 
 
 Para isso, deverá saber quais são os elementos essenciais de um 
"plano de aula" e como deverão ser estruturadas essas aulas. Por exemplo: um 
plano deverá ter um cabeçalho onde serão informados objetivo, conteúdos, 
método, recursos, sexo, faixa etária ou série dos alunos e tempo da aula. 
Quanto à estrutura da aula (ver item 1.5), poderá ser constituída de três partes 
ou mais. 
 
1.3.1 Educação 
 
 Do latim educatione. Conforme FERREIRA (1986), processo de 
desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser 
humano em geral, visando a sua melhor integração individual e social. 
 
 FREIRE (1985), referindo-se a educação, faz um comentário que se 
tornou bastante conhecido no meio pedagógico: "Ninguém educa ninguém, 
ninguém se educa. Os homens se educam entre si mediatizados pelo mundo". 
 
 FRANCO (1997) define a educação como forma de garantir e 
preservar a espécie humana. Considera que a educação nasceu com o homo 
sapiens, e por isso é preciso que este seja entendido para entendermos 
aquela. 
 
 DURKHEIM (1978) frisa que a educação é a ação exercida pelas 
gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas 
para a vida social. 
 
 Nos dias de hoje, a educação inicia-se antes mesmo do nascimento. 
Os pais procuram estimular o bebê através de conversa ou o uso de outros 
recursos, como música ou toques e carinhos expressos na barriga da mãe. Na 
verdade, a educação é processo contínuo, isto é, por mais que se viva, sempre 
estaremos aprendendo, e mesmo assim não conseguiremos saber tudo. A 
educação se dá através do conhecimento de várias ciências, quando são 
modificadas as percepções mentais ou cognitivas, sociais, motoras e as 
atividades psicomotoras - que este livro trata com mais ênfase através do 
ensino das modalidades esportivas. 
 
 Apesar da especificidade, pelos conceitos que estão acima escritos 
pode-se entender que neste trabalho temos a pretensão de explorar vários 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
10
conhecimentos inerentes à educação e à educação física e, em especial, aos 
esportes com planejamento e metodologias identificadas. 
 
1.3.2 Educação Física 
 
 Trata-se de prática pedagógica sistematizada que engloba um amplo 
e complexo processo de ações, quer seja educacional ou não, isto é, a 
educação física que se dá no meio escolar tem propósitos de promover de 
modo global aspectos motores e psicossociais, socialização, domínio corporal, 
entre tantos outros, usando vários meios para isso. No caso deste livro, o meio 
usado e que será explorado será o esporte, de modo específico os esportes 
basquetebol, futebol de campo, futsal, handebol, vôlei e judô. No meio extra-
escolar, os objetivos da educação física poderão ser de ordem profilática e 
competitiva, ocupação de tempo livre, lazer, entre outros. 
 
 O termo pedagógico foi mencionado porque é preciso haver 
pedagogia em qualquer área de ensino, tanto no meio escolar como extra-
escolar. A organização ou o planejamento de um treino para uma equipe de 
alto nível certamente necessita de uma pedagogia, isto é, de uma previsão de 
objetivos bem articulados a serem atingidos. Cada unidade de treino, 
comparando-se a uma aula, comporá conteúdos a serem desenvolvidos e 
praticados com fins específicos. A respeito da concepção de educação física, 
podemos encontrar na literatura diversos entendimentos. Todavia, por mais 
que os estudiosos queiram apresentar um conceito, parece que ele fica limitado 
a alguns fundamentos que estão presentes em cada realidade. Qual será o 
objeto de estudo da educação física e quais os seus objetivos? 
 
 HILDEBRANDT e LAGING (1994) defendem que o ensino da 
educação física deve capacitar os alunos a tratarem como educação os 
conteúdos esportivos nas mais diversas condições dentro e fora da escola. 
Entendem ainda que se esse objetivo for atingido, os alunos terão condições 
de criar situações esportivas, agora ou no futuro, e estarão aptos a tomarem 
decisões, quer seja individual ou coletivamente, de maneira crítica e autônoma. 
 
 De acordo com MALANOVICZ (2003), educação física possibilita ao 
indivíduo o desenvolvimento de atitudes morais como honestidade, lealdade, 
respeito e cooperação. 
 
 Para OLIVEIRA (1993), educação física é educação na medida em 
que reconhece o homem como o arquiteto de si mesmo e da construção de 
uma sociedade melhor e mais humana, onde não será necessário "levar 
vantagem em tudo". 
 
 Segundo TANI (1988), educação física seria o movimento para que 
aconteçam melhoras nas aptidões físicas, bem como a aprendizagem dos 
movimentos. 
 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
11
 FREIRE (1994) considera que o objeto do estudo seria a ação 
corporal, que se assemelha ao entendimento através do movimento com 
propósitos de adaptações psíquicas e motoras. 
 
 Para outros autores, o conteúdo de estudo da educação física é a 
cultura corporal como forma de linguagem que favorece experiências sobre 
objetos. 
 
 Por fim, HURTADO (1987) afirma que a educação física. 
 
(...) quaisquer que sejam suas funções, corresponde 
a uma atividade muscular controlada, regida por 
normas, princípios, métodos e objetivos bem 
definidos que vão desde o movimento 
morfofuncional do organismo infanto-juvenil até a 
manutenção do equilíbrio homeostáticodo indivíduo 
adulto e a readaptação orgânico-funcional do 
indivíduo doente ou deficiente físico. (...) serve de 
maneira decisiva e vital para a educação do 
indivíduo. 
 
1.3.3 Pedagogia e didática 
 
 Pedagogia, do grego paidos (criança) e agein (guiar, conduzir), pode 
ser entendida com a ciência que estuda as maneiras de educar. Didática, do 
grego didasko (ensinar), é uma das disciplinas da pedagogia que estuda o 
processo de ensino através dos seus componentes, que são os conteúdos, o 
ensino e a aprendizagem (LIBÂNEO, 2002), um conjunto de procedimentos e 
ações que visam dirigir de maneira eficiente, organizada, a aprendizagem, 
procurando alcançar de modo objetivo as metas do processo educacional. A 
didática coloca em prática a pedagogia. 
 
 Conforme FERREIRA (1986), pedagogia é um conjunto de 
doutrinas, princípios e métodos de educação e instrução que tendem a um 
objetivo prático. Didática é a técnica de dirigir e orientar a aprendizagem. 
 
 VEIGA (1996) afirma que a didática é um conjunto de regras que 
visam assegurar aos futuros professores as orientações necessárias ao 
trabalho docente. 
 
 Pelo exposto, podemos dizer que o motor da pedagogia é a didática. 
 
1.4 Princípios básicos que deverão ser considerados no 
planejamento das aulas sobre esportes 
 
 Planejamento, consoante FERREIRA (1986), é o trabalho de 
preparação para qualquer empreendimento segundo roteiro e métodos 
determinados, planificação com objetivos definidos. 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
12
 Para LIBÂNEO (2002), é uma tarefa docente que inclui tanto a 
previsão das atividades quanto a sua revisão e adequação no processo de 
ensino. Além disso, trata-se de um momento de pesquisa e reflexão 
intimamente ligado à avaliação. 
 
 Planejar refere-se ao objetivo ou os objetivos que deverão ser 
atingidos, bem como os recursos e como estes poderão ser medidos ou 
avaliados, VASCONCELLOS (1995) afirma que planejar é antecipar uma ação 
a ser realizada. 
 
 Ao frisar a importância do planejamento no ensino da educação 
física e dos esportes, HILDEBRANDT e LAGING (1994) dizem que mesmo 
quando os alunos tomam parte das decisões em relação aos objetivos, 
conteúdos e maneira de acontecer e praticar as aulas, "O ensino da educação 
física jamais é sem planejamento e sem objetivo, pelo contrário: ele necessita 
de planejamento". 
 
 A fim de que o planejamento das aulas de esportes seja bem-
elaborado, citam-se alguns dos princípios básicos a serem considerados: 
 
a) conhecimento da realidade, das suas exigências, necessidades e 
tendências; 
b) definição dos objetivos, que devem ser claros e significativos; 
c) determinação de meios e recursos possíveis, viáveis e disponíveis; 
d) estabelecimento de créditos e princípios de avaliação do processo de 
ensino e de aprendizagem; 
e) estabelecimento de prazos e de etapas para sua execução; 
f) revisão constante, possibilitando o acompanhamento dos agentes 
envolvidos; 
g) sentimento de coletividade, porque todos os envolvidos devem participar 
ativamente das propostas a serem realizadas e de seu 
redimensionamento permanente. 
 
1.4.1 Elementos indispensáveis em um bom plano de ensino das aulas de 
esportes 
 
Sondagem 
 
 De acordo com LIBÂNEO (2002), cabe ao professor, em última 
instância, escolher os conteúdos - habilidades, conhecimentos e valores - e os 
métodos e procedimentos didático-pedagógicos com fins de viabilizar o 
processo de transmissão-assimilação de conteúdos. Conforme esse autor, o 
professor tem três fontes a partir das quais irá organizar suas aulas: a 
programação oficial de cada matéria; os próprios conteúdos da matéria e, 
finalmente, as exigências teóricas e práticas colocadas pela prática de vida dos 
alunos. Dessa maneira, apoiados na terceira fonte de que o professor pode 
lançar mão, consoante a sugestão de LIBÂNEO (2002), entendemos que a 
sondagem é o processo de investigação ou pesquisa da realidade para, a partir 
da situação investigada, pensar e preparar uma ação cada vez mais consciente 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
13
e real. Para ilustrar esse entendimento, perguntamos: como praticar a 
sondagem nos alunos? 
 
 Exemplificando, inicialmente poderá ser dividido o grande grupo em 
dois, três ou mais pequenos grupos. A partir dessa divisão, quando serão 
formados os grupos "a", "b", "c" ou mais, conforme o tamanho da turma 
sondada, será então determinado que o primeiro grupo deverá executar, por 
exemplo, a condução da bola de futebol por marcações na quadra, como sobre 
as linhas das áreas dos goleiros, linhas de fundo ou linhas limítrofes laterais. 
Após dois a cinco minutos, seguirá outro subgrupo, até que todos tenham 
efetuado o exercício. O que aconteceu nessa simples atividade foi uma 
sondagem. Enquanto um grupo conduzia a bola, os demais observavam. Em 
seguida, há uma pequena reunião para que haja um consenso ou parecer em 
torno das realidades analisadas. A partir daí, poderá ser pensada ou preparada 
uma aula sobre o esporte que foi sondado (neste caso o futebol) com o 
conteúdo de condução e, o mais importante, de forma consciente e mais 
próximo à realidade dos praticantes. 
 
Objetivos: o quê? Para quê? 
 
 Os objetivos antecipam resultados e processos esperados do 
trabalho conjunto do professor e dos alunos (LIBÂNEO, 2002). Nesse sentido, 
trata-se do desempenho a ser demonstrado pelos alunos em resposta às 
práticas dos fundamentos técnicos (no caso dos esportes aqui abordados). 
Resumidamente, ao redigir os objetivos o professor estará descrevendo os 
conhecimentos que deverão ser desenvolvidos, isto é, expressar o que os 
alunos deverão aprender. 
 
 Para LIBÂNEO (2002), existem dois níveis de objetivos 
educacionais: os objetivos gerais, que expressam propósitos mais amplos, isto 
é, representam uma hipótese em torno da aprendizagem, que posteriormente 
poderão auxiliar o professor a convertê-los em objetivos específicos, e os 
objetivos específicos, que indicam comportamentos mais fáceis de 
dimensionar, de observar e de avaliar e que, consoante LIBÂNEO (2002), 
devem estar vinculados aos objetivos gerais. Exemplo: aproveitando o 
exercício de condução, anteriormente mencionado, pode-se objetivar que, 
decorridos determinados números de aulas, os alunos poderão demonstrar ou 
apresentar menos resistência (dificuldades) em conduzir a bola de futebol em 
ziguezague, entre cones, ou conduzi-la de costas com o solado do pé. Isso 
para que, ao enfrentarem os aspectos mais complexos de um jogo (adversário, 
torcida, pressões), possam usar essas habilidades estimuladas e 
desenvolvidas durante as aulas de acordo com os objetivos traçados no 
planejamento. 
 
 Além dos objetivos gerais e específicos. SILVA (2003) apresenta os 
objetivos comuns que deverão ser os primeiros e elaborados pelo conjunto de 
professores comuns a cada disciplina (plano de área curricular). Os objetivos 
particulares são específicos em cada unidade didática do plano de curso e 
aparecem no plano de unidade didática, e os objetivos imediatos são os 
comportamentos que os alunos deverão demonstrar ao final da aula. 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
14
 
Conteúdos 
 
 São informações, fatos, conceitos, atitudes, princípios, processos e 
habilidades (os fundamentos dos esportes) a serem dominados pelo educando. 
Para BARBANTI (1994), nos objetivos educacionais o conteúdo é o material ou 
a habilidade que se espera que o aluno aprenda, podendo ser chamado de 
conteúdo programático. 
 
 Qual foi o conteúdo abordado na sondagem? Sim, a condução. 
Outros conteúdos dos esportes são os passes, os dribles, os chutes, os 
arremessos, os cabeceios, as fintas, as marcações e os diversos tiposde 
domínios. Também são considerados conteúdos que podemos e devemos 
trabalhar através dos esportes, entre outros, o domínio corporal, as percepções 
de espaço, a lateralidade, a socialização, a percepção óculo-pedal, percepção 
óculo-manual, noções de espaço... 
 
Metodologia 
 
 Do grego méthodos, 'método' + log(o) + ia. S.f. A arte de dirigir o 
espírito na investigação da verdade (FERREIRA, 1986). 
 
 Em síntese, trata-se do estudo dos caminhos - estudo dos métodos -
, meios ou fins de que poderá lançar mão o professor com intuito de facilitar o 
entendimento ou o desenvolvimento de habilidades motoras ou cognitivas. 
Modo operacional que propicie ao aluno situações estimuladoras de 
aprendizagens e meio de dar vida aos objetivos e conteúdos. Para DAIUTO 
(1991), é uma parte da didática, como esta o é da pedagogia, que tem uma 
característica mais concreta e mais definida. Sabe-se que cada metodologia 
tem suas características positivas ou negativas, isso em conformidade com a 
realidade e diversos aspectos a serem considerados. Exemplificando: qual 
metodologia foi posta em ação na atividade de condução na sondagem? Será 
que foi a mais favorável? Foi a mais positiva? Na verdade, o método adotado 
foi o global, que, conforme XAVIER (1986), consiste em ensinarmos uma 
destreza motora, apresentando todo o seu conjunto. Poderia ser feita essa 
sondagem através de outra metodologia? Certamente que sim. Ao adotarmos o 
método global em forma de jogo, por exemplo, enquanto os alunos jogam, o 
professor faz a sondagem. Para melhor entender os métodos de ensino que 
poderão ser adotados, sugerimos a leitura do próximo capítulo. 
 
Recursos 
 
 São elementos importantes que facilitam e apóiam, em conjunção 
com os métodos, todos os tipos de ensino e aprendizagem. Podem ser 
divididos em humanos e materiais. 
 
 Materiais: bolas, quadra, tatame, arcos, cordas, cones, apito, caneta 
e prancheta para anotações. 
 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
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15
 Humanos: os próprios alunos, pois participaram na sondagem e, 
também, foram sondados, o que proporcionou uma interação entre eles, com a 
proposta e presença do professor enquanto mentor da prática pedagógica. 
 
 Como exemplos de recursos humanos, XAVIER (1986) cita o 
professor, o educando, o pessoal técnico administrativo e a comunidade. Já 
como recursos materiais, mencionam recursos naturais (campo, bosques...), 
instrumental da escola (bolas de handebol, rede, colchões, plinto, 
medicinebol...) da comunidade (local, praças ginásios, biblioteca...), 
instrumental do professor (livros, transparências, cronômetro, apito...) e 
instrumental do educando (camiseta, tênis, caneta, caderno...). 
 
Avaliação 
 
 Conforme o estudioso MATHEWS (1980), "Na programação 
educacional, a avaliação é um processo contínuo, lidando com os objetivos 
globais de educação; ela é um termo mais abrangente do que medição e 
refere-se comumente à avaliação total da criança''. 
 
 Trata-se de um conjunto de ações em instrumentos que permitem 
um diagnóstico de ensino e aprendizagem que facilita ao professor aprimorar 
suas ações e, ao aluno, a conscientização de sua aprendizagem. 
 
 A respeito do termo avaliação, ensina HOFFMANN (2001) que ao 
praticarmos a avaliação estamos exercendo um ato político, mesmo quando 
não o pretendemos. Para a autora, cabe aos professores ficarem atentos e 
conscientes em relação às normas, leis e resoluções existentes nas escolas no 
sentido de avaliar os alunos dentro do significado e do jogo de poder nelas 
considerado. Trata-se, dessa forma, de um emaranhado de fatores 
burocráticos. Em síntese, "um jogo político". Como alternativas de modelos de 
avaliação, HOFFMANN (2001) apresenta a "avaliação numa visão liberar e a 
"avaliação numa visão libertadora", indicando essa segunda visão como opção 
em detrimento da primeira, isso porque a visão liberal é caracterizada como 
classificatória, disciplinadora, que privilegia a memorização individual e 
competitiva. Por outro lado, entende a autora ser preciso que os professores 
proporcionem posturas cooperativas nas atividades e, assim, as desigualdades 
sociais e culturais poderão ser mais bem trabalhadas nas atividades 
pedagógicas. 
 
 Para a avaliação dos alunos nas atividades apresentadas ao longo 
deste livro, que estão no item "Plano de aula para o ensino" – presente em 
cada um dos esportes -, será considerado o que preconiza o Projeto Político 
Pedagógico da escola, respeitando suas normas, leis e resoluções existentes, 
conforme mencionado anteriormente a partir de HOFFMANN (2001), no sentido 
de que a avaliação dos alunos ocorra dentro do significado do jogo de poder 
considerado em cada escola. 
 
 Porém, como uma sugestão na maneira de avaliar na disciplina de 
Educação Física, pois nem todas as escolas têm isso expresso no Projeto 
Político Pedagógico, e considerando o que foi citado anteriormente, sugere-se 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
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16
que aspectos como participação, interesse, realização de todas as atividades, 
respeito aos colegas e ao professor, entre outros itens, sejam considerados no 
processo de avaliar individualmente e coletivamente os alunos. 
 
 Portanto, pelos conceitos e exemplos mencionados, esses 
elementos indispensáveis deixam óbvio que um professor de Educação Física 
sério e responsável deverá dominá-los e pô-los em execução sempre que 
objetivar realizar um trabalho digno de credibilidade. 
 
1.5 Estrutura do plano de aula para o ensino dos esportes 
 
 Trata-se de um elemento indispensável aos profissionais que 
realmente têm o hábito de trabalhar de maneira organizada e que, desse modo, 
poderão lançar mão do referencial que ficará registrado após a aula prática ou 
teórica. Essa é a possibilidade de saber quais os conteúdos já trabalhados 
serão facilmente identificados quando alguém porventura questionar o trabalho 
feito pelo professor até então. 
 
O que devemos colocar no plano de aula? Por quê? 
 
 Inicialmente, ao depararmos um profissional que faz uso desse 
recurso, podemos acreditar que se trata de um professor que sabe o que quer, 
ou seja, seus objetivos e os dos alunos estarão registrados. Bem como os 
demais elementos essenciais do plano de ensino ou de aula, o que permite 
àqueles que desejem saber sobre uma aula, por exemplo, fazê-lo a partir da 
consulta desses registros. 
 
 Como sugestão de plano de aula, eis alguns elementos importantes 
que deverão estar presentes: 
 
Cabeçalho 
 
 Esse item deve conter uma série de informações que poderão ser 
lidas por aqueles que desejarem saber do que se trata a aula, para que a 
entendam antes mesmo de ser posta em prática. 
 
 No cabeçalho, deve haver dados de identificação com conteúdos, 
objetivos gerais e objetivos específicos, métodos, recursos materiais (bolas, 
arcos, cordas, apito...) e recursos humanos, dados sobre os alunos 
(quantidade, sexo, idade, categoria ou série). Deixar espaço (opcional) para 
preenchimento de observações ou avaliações decorridas na aula, caso não 
queira deixar para o final do plano. 
 
Partes da aula 
 
 Na maioria das vezes, a aula é dividida em três fases bem distintas. 
Cada uma delas tem uma intensidade, desenvolve determinados conteúdos e 
deve estar interligada às demais, em perfeita sincronia e consonância com as 
informações contidas no cabeçalho. 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
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17
 
Parte Inicial, Fase Inicial ou Parte 1. 
Pane Principal, Desenvolvimento ou Parte 2. 
Parte Final, Volta à Calma ou Pane 3. 
 
 Na parte inicial da aula, entre os objetivos mais interessantes a 
atingir, estão elevar a FC (freqüência cardíaca) a fim de que uma quantidade 
maior de sangue passe pelo sistema circulatório, oque será de grande 
importância para as solicitações dos grupos musculares envolvidos nas 
atividades que se seguirão, entre outros benefícios fisiológicos. Nessa parte da 
aula, é interessante que, antes do aquecimento, o professor explique as 
atividades, bem como os seus respectivos objetivos. Com a idéia de que todas 
as atividades sejam prazerosas, divertidas e alegres, é pertinente que nessa 
fração da aula aconteçam exercícios, de preferência lúdicos. Porém, 
dependendo do objetivo da aula, às vezes, essa metodologia não será 
possível. 
 
 Quanto tempo é designado para essa parte da aula? Teoricamente, 
entre cinco e 10 minutos, mas, na prática, devem-se observar alguns fatores 
que poderão elevar ou reduzir esse espaço de tempo. Imaginem um 
aquecimento previsto para acontecer em cinco minutos, quando a temperatura 
estiver abaixo de zero. Será que realmente conseguiremos promover um 
aquecimento satisfatório para dar seqüência às atividades? É muito provável 
que deveremos aumentar o tempo de aquecimento. Agora pensem em realizar 
um aquecimento durante 10 minutos quando a temperatura estiver próxima a 
40 graus. Talvez tenhamos de reduzir esse tempo ou a intensidade do 
exercício para evitar sobrecarga nessa parte da aula, a fim de que o restante 
também possa ser cumprido. Existem muitas outras maneiras de conduzir essa 
pane inicial. 
 
 Uma pergunta que pode ser interessante para esse momento da 
aula é: o que fazer primeiro antes da parte principal da aula? Alongar? 
Aquecer? Inicialmente, é oportuno citar que há pelo menos dois tipos de 
aquecimento: o aquecimento geral, obtido através de movimentos gerais, sem 
objetivo específico nos grupos musculares exigidos na parte principal, e 
também o aquecimento específico, que, de modo resumido, se obtém pelos 
movimentos específicos com ênfase nos grupos musculares, os quais serão 
trabalhados com maior grau de importância. 
 
 Assim, podemos entender que é mais sensata a seguinte seqüência 
de atividades na fase inicial: 1°) aquecimento geral (sem intensidade); 2°) 
alongamento, e 3°) aquecimento específico com um pouco mais de intensidade 
ou com maior número de repetições visando, assim, deixar os alunos ou atletas 
com o organismo "preparado" para iniciar exercícios na parte principal. 
 
 O que devemos objetivar para a parte principal? Nela deverão estar 
descritas todas as atividades de modo seqüencial e, o mais importante, estar 
em conformidade com o que foi citado no cabeçalho. Ou seja, os objetivos, 
conteúdos e as demais informações devem aparecer nessa parte da aula. Aqui 
acontece o objetivo maior. Caso isso não venha a acontecer, algo no plano de 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
18
aula deverá ser revisto. O tempo designado para essa parte varia de 25 
minutos a 40 minutos aproximadamente. 
 
 Para que serve a parte final? Seu principal objetivo é fazer com que 
os alunos voltem às atividades da primeira parte da aula com a freqüência 
respiratória e a freqüência cardíaca não elevadas e, assim, possam continuar a 
executá-las. Nessa fração da aula, deverá ser feito o alongamento final. Esse é 
o momento oportuno para comentários acerca da prática desenvolvida. 
Normalmente, o tempo dessa volta à calma acontece entre cinco e 10 minutos. 
 
 O tempo total de uma aula de Educação Física é, em média, 60 
minutos nas escolas. Podemos encontrar instituições de ensino onde o tempo 
varia de 45 a 60 minutos. Isso estará em conformidade com a distribuição da 
carga horária das demais disciplinas ou atividades. 
 
 Existem escolinhas de esportes onde a distribuição ou organização 
do plano de aula acontece em até sete momentos. Essa maneira de organizar 
a aula acontece da seguinte maneira: 
 
1° Momento - tempo livre. Tem como objetivo os alunos serem 
observados. Nesse espaço de tempo "livre", o professor fará a 
"leitura dos comportamentos psicológicos", principalmente notando 
comportamento de agressividade ou falta de controle emocional, 
entre outros. Os materiais, várias bolas, ficarão a disposição dos 
alunos para que executem qualquer atividade. Essa é uma 
importante fração da aula no sentido de contribuir para que, no caso 
de que algum aluno venha a se comportar inadequadamente, o 
professor possa estar sabendo previamente e - mais importante 
ainda esse aluno tenha uma atenção "especial" de maneira que haja 
uma efetiva preocupação com o bem-estar do aluno, de tal forma 
que o professor consiga contribuir afetivamente na perspectiva 
afetiva.. 
 
2° Momento - reunião em círculo para trabalhar algum tema voltado 
para a educação geral. Exemplo: regras de trânsito, respeito às 
pessoas na rua, valorização dos idosos ou de portadores de 
necessidades especiais, consideração sobre os conselhos dos 
professores e dos pais. 
 
3º Momento - aquecimento a partir de atividades lúdicas, já podendo 
acontecer de modo inicial a prática de fundamentos que serão 
desenvolvidos na parte principal. 
 
4º Momento - alongamento. 
 
5º Momento - são desenvolvidos os fundamentos técnicos dos 
esportes (chute, passe, condução, deslocamentos, pegadas, ukemis, 
desequilíbrio, arremesso, controle do corpo). 
 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
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19
6º Momento - o jogo ou jogos com orientação de regras, tática e 
demais informações pertinentes aos esportes. 
 
7° Momento - volta à calma, quando acontece alongamento, 
conversa, sugestões e críticas com objetivos construtivos sobre 
determinados comportamentos observados ao longo da aula. 
 
 O tempo de cada um desses sete momentos será distribuído 
conforme o tempo total da aula e ainda, deverão ser levados em consideração 
à faixa etária dos alunos, quantidade de alunos, objetivos da aula, enfim a 
realidade da turma entre outros elementos. 
 
 Observação: o exemplo de plano de aula com sete partes 
normalmente é mais fácil de ser posto em prática nas escolinhas, onde o 
número de alunos em cada turma não costuma ser elevado. Já nas escolas da 
rede pública, por exemplo, onde as turmas são grandes e os alunos geralmente 
pertencem a famílias carentes, observam-se manifestações de desrespeito e, 
em algumas vezes, de atritos (brigas, chutes, arremessos fortes, disputas para 
pegar a bola na goleira, etc) quando várias bolas são disponibilizadas para 
brincadeiras ou jogos livres. 
 
 Os planos de aula não podem fugir muito do modelo dividido em três 
partes, isso porque se deve designar, por exemplo, maior tempo para a parte 
principal da aula. Nas outras partes, pode haver espaços de tempo menores e 
distintos. 
 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
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20
CAPÍTULO 2 Métodos mais utilizados para o ensino dos 
esportes 
 
2.1 O que é método 
 
 Com a pretensão de esclarecer o que é método sem a intenção de 
apresentar uma extensa abordagem do termo, são aqui mencionados alguns 
conceitos e seus respectivos autores. Para começar, é interessante observar 
FERREIRA (1986): do grego méthodos, "caminho para chegar a um fim". 
Caminho pelo qual se atinge um objetivo. Programa que regula previamente 
uma série de operações que se devem realizar, apontando erros evitáveis, em 
vista de um resultado determinado; processo ou técnica de ensino. Formado 
por meta, que é sinônimo de "para", e hodos, similar a "caminho". Isso equivale 
a dizer que é o caminho para, ou ainda sugere a idéia de prosseguimento. 
 
 LIBÂNEO (2002) afirma que método de ensino é a ação do 
professor, ao dirigir e estimular o processo de ensino em função da 
aprendizagem dos alunos, quando utiliza intencionalmente um conjunto de 
ações, passos, condições externas e procedimentos. 
 
 Entendemos que método é a forma como se desenvolve a prática do 
ensino. Pelos métodos adotados, então, podemos esperarum determinado 
resultado do processo de ensino. De acordo com CANFIELD (1981), os 
métodos de ensino supõem maneiras organizadas e sistemáticas de possibilitar 
e criar ambientes que, de modo eficiente e científico, levem a resultados 
favoráveis. Já para LAVILLE e DIONNE (1999), método indica regras e propõe 
um procedimento. 
 
 Uma interessante experiência de ensino, ou método de ensinar os 
conteúdos da Educação Física, é a publicação das Concepções abertas no 
ensino da Educação Física, de REINER HILDEBRANDT e RALF LAGING 
(1994). Nessa obra, os métodos para ensinar, planejar e realizar as aulas são 
possibilitados ("abertos") aos alunos que têm participação nas decisões em 
relação aos objetivos, aos conteúdos e demais elementos do processo de 
ensino. 
 
 Será que é possível acontecer uma aula sem método? Essa é uma 
pergunta interessante que o professor dirige com freqüência aos acadêmicos 
de Educação Física quando são abordados e estudados conteúdos de 
metodologias para o ensino dos esportes nas disciplinas de vôlei, judô, 
handebol, futsal, basquetebol e futebol de campo. É muito provável que esse 
mesmo professor, se questionado a respeito da organização ou do método que 
adotou, terá dificuldade em lembrar se, por exemplo, de aulas, conteúdos ou 
métodos de que lançou mão há um mês ou mais tempo. É por isso que 
estamos reforçando a importância do saber e, principalmente, de saber 
organizar as aulas através dos seus elementos indispensáveis, sugerindo, para 
isso, oito métodos para o ensino dos esportes. Esses métodos não podem ser 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
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21
postos em ação sem que outros conhecimentos didáticos e pedagógicos sejam 
dominados pelo professor. 
 
 Para se ter uma idéia de como retemos os conhecimentos, a partir 
de métodos de ensino, Sant'anna (1986) afirma que até 85% do conhecimento 
são retidos depois de três horas da aula se as informações foram transmitidas 
simultaneamente oral e visualmente. No caso do esporte, esse percentual 
eleva-se para 90% quando discutimos e praticamos os conteúdos. Seus 
fundamentos devem ser praticados após sua apresentação, assim como se 
deve, também, possibilitar alguma discussão sobre seus conceitos. 
 
 Conforme CLENAGHAN e GALLAHUE (1985), na escolha do 
método pedagógico devem-se considerar: o professor, sua experiência, sua 
personalidade, seus valores e suas metas de aprendizagem; o aluno, sua 
maturidade, sua conduta diante das atividades e seu interesse e, ainda, o meio, 
isto é, o lugar, o tempo e as condições de segurança para execução das 
atividades. CLENAGHAN e GALLAHUE conceituam dois tipos de métodos 
pedagógicos: o método direto e o método indireto. O primeiro é considerado 
como tradicional e está centrado no professor, que é o responsável por tomar 
as decisões em torno do que, como e quando o aluno deverá realizar a 
atividade. Já o método indireto consiste em o aluno ter liberdade de realizar 
tarefas e atingir suas metas sem a imposição do professor. 
 
 Como uma terceira opção de método pedagógico, CLENAGHAN e 
GALLAHUE (1985) apresentam a combinação do método indireto com o direto, 
ressaltando a possibilidade de explorar os aspectos de vantagem em cada 
método. A seqüência desse método é: 1° exploração livre, 2º exploração 
guiada ou orientada, 3º resolução progressiva do problema e 4º treinamento 
específico. 
 
 Sabemos que não há apenas uma maneira de ensinar. São várias 
as alternativas de métodos. Mas qual é ou quais são os melhores? Qual é o 
mais indicado conforme a idade ou realidade dos alunos? Na tentativa de 
responder a essa pergunta, sugerimos a leitura da obra do professor Teimo 
Pagana Xavier (1986) Métodos de ensino em Educação Física, excelente livro 
que inclusive recebeu um merecido prêmio do MEC. Nele são abordados os 
métodos de ensino global, parcial e misto, e, através de ilustrações, em forma 
de tabelas, são sugeridas diversas modalidades esportivas em conformidade 
com as faixas etárias e os fundamentos, relacionando os aos métodos mais 
apropriados. 
 
 Essas são questões que estarão sendo abordadas nas próximas 
páginas deste livro. As respostas serão dadas na forma de exemplos de aulas, 
seus exercícios, atividades e organização - os planos de aula - e seus 
elementos indispensáveis. 
 
 Entre os principais objetivos desta obra, certamente o mais 
significativo está centrado nos métodos e planos para o ensino dos esportes 
aliados aos conceitos pertinentes a sua pedagogia de ensino. 
 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
22
 Sabendo, ainda, que é muito difícil deixar de contemplar mais alguns 
conteúdos que são inerentes a esse tema, abordamos, também, informações 
básicas relativas aos fundamentos técnicos dos esportes e os elementos 
essenciais inerentes ao plano de aula. 
 
 A seguir, são identificados oito métodos que poderão ser adotados 
na condução das práticas de ensino no dia-a-dia de quem desenvolve 
trabalhos com os esportes. Para facilitar ainda mais o entendimento desses 
métodos, eles são exemplificados nos planos de aula de cada uma das 
modalidades abordadas nesta obra. 
 
2.1.1 Método parcial ou analítico 
 
 Esse método consiste em ensinar uma destreza motora por partes 
para, posteriormente, uni-las entre si. A destreza motora pode ser subdividida 
segundo o modo pelo qual as partes serão ligadas posteriormente (XAVIER, 
1986). Se o método for adotado para o fundamento de chute, vejamos quais 
dos seus detalhes devem ser ensinados: 
 
1- a perna de apoio, com uma pequena inclinação na articulação do 
joelho, deverá estar ao lado da bola; 
2- a ponta do pé de apoio apontará para o local onde deverá ser 
chutada a bola; 
3- se o objetivo do chute for um percurso rasteiro para a bola, esta 
deverá ser atingida na parte superior; se for desejada uma trajetória 
parabólica ou alta, deverá ser atingida próximo ao solo; 
4- a parte superior do tronco deverá ser inclinada em direção à bola, 
porém com o peso corporal recaindo sobre a perna de apoio. 
 
 Mesmo observados todos esses detalhes, provavelmente o chute 
não sairá perfeito, pois vários outros fatores fogem do controle do professor e 
do aluno. Será, portanto, esse método o mais indicado? Esperamos que, 
depois de estudados os outros sete exemplos de métodos que seguem, isso 
seja útil pelo menos no sentido de identificar o melhor ou os melhores para 
cada realidade de trabalho. 
 
2.1.2 Método global ou método complexo 
 
 Para XAVIER (1986), o método global ou método complexo consiste 
em ensinar uma destreza motora apresentando o seu conjunto. No caso dos 
fundamentos do chute ou do arremesso, esses deverão ser ensinados sem a 
intervenção inicial do professor. Isto é, primeiramente haverá a execução do 
gesto de modo completo, e, se for necessário, o responsável pela aula 
contribuirá nas próximas repetições desse fundamento. Pelo método, é 
possível acontecer um jogo em que poderão ser observados os fundamentos 
técnicos dos esportes de forma global e em conformidade com a idade e a 
modalidade desportiva, entre outras variáveis. Xavier (1986) indica que o 
método global é mais adequado para crianças de sete a 18 anos de idade, que 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
23
aprendem os fundamentos de passe, drible, chute, cabeceio, arremesso e o 
jogo. 
 
2.1.3 Método misto 
 
 Para XAVIER (1986), esse método consiste na sincronia dos 
métodos global-parcial-global. Primeiramente acontece a execução do gesto 
como um todo. Em seguida, o gesto é parcializado com o objetivo de proceder 
a "correções" do movimento ou dos movimentos. Finalmente, volta-se à prática 
completa dos movimentos. Desse modo, a segunda parte servirá, com base no 
que foi observado no primeiromomento, para que o professor faça a 
demonstração do exercício e, assim, a partir da terceira parte, aconteça o gesto 
completo. Trata-se de uma metodologia bastante rica sob o ponto de vista 
didático, com mais fatores positivos do que negativos. 
 
2.1.4 Método global em forma de jogo ou método de confrontação 
 
 Para entendermos esse método, basta que haja a prática do 
desporto ou da modalidade como um todo. Isto é, parte-se do princípio de que 
se aprende um desporto através do próprio jogo. Conforme DIETRICH (1988), 
o método da confrontação se dá sob o lema "jogar, jogar, jogar!" Esse autor 
alerta, porém, que há uma "displicência metodológica", uma vez que não se 
verifica um planejamento bem estruturado. Não acontece um desmembramento 
do jogo em elementos isolados. Devemos imaginar uma concepção simpática 
que preconize ser absurdo querer dividir metodicamente um jogo esportivo, 
porque com essa divisão o todo deixaria de existir. 
 
2.1.5 Método em série de jogos 
 
 A idéia, aqui, basicamente é que "jogando aprende-se, antes de 
tudo, através dos próprios jogos". 
 
 Esse método tem muitas semelhanças ao global em forma de jogo, 
até mesmo na terminologia. No entanto, na prática ele pode ser entendido mais 
facilmente. Para colocá-lo em ação, pode-se, por exemplo, estabelecer que 
serão feitos pequenos jogos, e em cada um será trabalhado um dos 
fundamentos técnicos do esporte. Um jogo de cinco minutos, em que deverá 
ser trabalhado somente o passe ou os tipos de passes, dependerá da realidade 
do grupo. Em outro jogo, poderá ser feito o passe somente após o aluno ter 
feito o drible. Noutro, o gol poderá ser feito somente de cabeça. No próximo, 
apenas três toques na bola (o terceiro, obrigatoriamente, deve ser um chute a 
gol). Em um novo jogo, poderá receber a bola somente aquele aluno que fez 
uma finta. 
 
 Esse é o método que indicamos para aqueles professores que têm a 
árdua função de fazer o "peneirão". Na prática, geralmente é muito complicado 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino 
24
adotá-lo, principalmente quando o número de candidatos for muito grande. Não 
há espaços de tempo ou espaços físicos para sua execução. 
 
 Ao executá-lo, o professor deverá ter fichas de registros dos 
desempenhos técnicos observados, designando assim alguns minutos para 
observar individualmente cada fundamento técnico. 
 
2.1,6 Método recreativo 
 
 Sem dúvida, esse é o método, se não o mais em voga na atualidade, 
o mais popular adotado na iniciação dos esportes. São muitos os livros que 
apresentam atividades recreativas para o ensino dos mais variados conteúdos 
nas aulas de educação física. Muitos estudiosos o defendem em suas teorias. 
A adoção desse método se faz presente em todas as realidades e níveis dos 
esportes. Essa é a constatação que fizemos quando observamos aulas e 
treinamentos de equipes de competições. Porém, é claro, na realidade do alto 
nível a quantidade de treinos com ênfase lúdica é proporcionalmente menor. 
No entanto, nem por isso menos importante. Como exemplo, apresentamos ao 
longo deste livro atividades lúdicas no judô e nos demais esportes. 
 
 No final do livro, nos anexos, estão descritas atividades de 
aquecimento para equipes de alto nível do handebol que adotam o método e 
que, a partir da criatividade do professor, poderão ser adaptadas para outras 
modalidades esportivas. 
 
 É possível que os elementos técnicos ou táticos, abordados de uma 
maneira lúdica, ou seja, recreativa, propiciem ao docente um melhor 
aprendizado do esporte. Já no alto nível, tem o seu efeito "antiestressante", ou 
seja, diminuem o nível de ansiedade, que é muito importante no sentido de 
contribuir na rotina de treinamento. 
 
 Corroborando a opinião sobre os benefícios oriundos do método 
recreativo aplicados no esporte de alto nível, cita-se MARIOTTI (1996): 
“Recreamo-nos quando conseguimos subtrair-nos ao habitual ou cotidiano, 
quando achamos deleite, seja levando a cabo uma atividade (...) . Em síntese, 
a prática rotineira, habitual e repetitiva precisa lançar mão do método 
recreativo." 
 
2.1.7 Método transfert 
 
 Método proposto por Bayer (1994), na Europa, com jogadores de 
handebol. Adotando-o, poderemos trabalhar mais de uma modalidade 
desportiva na mesma atividade, associando-se gestos técnicos desses 
esportes. Assim, ao se trabalhar a condução do futsal ou a progressão do 
handebol, por exemplo, estaremos exercitando e desenvolvendo em nossos 
alunos os eixos corporais inferior e superior, além de estarmos desenvolvendo 
o raciocínio rápido, as percepções óculo-pedais e óculo-manuais em uma só 
atividade. 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
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25
 
 Trata-se de um excelente método no sentido de estimular nos alunos 
as percepções de espaço, a inteligência para outros elementos presentes num 
contexto durante o jogo. Esse método poderá ser adotado por aquele professor 
que tem dificuldade de convencer alunos a praticarem o futsal. Para tanto, 
poderá mesclar as modalidades. Se o aluno tiver interesse apenas para o vôlei, 
a atividade poderá ter duas bolas, uma de vôlei e a outra de futsal. Como 
exemplo, citamos a seguinte atividade: duas colunas de alunos estarão 
dispostas diagonalmente, de modo que ao sinal do professor o primeiro de 
cada coluna deverá conduzir a bola e, no meio do percurso, trocar com o outro 
as bolas. Em seguida, aquele que recebeu a de vôlei fará um arremesso ou um 
ataque, enquanto que o outro deverá chutar a gol. É aí que o professor deverá 
agir de modo a elogiar aquele aluno que prefere o vôlei, dizendo-lhe que o 
chute foi muito bom, entre outras palavras de estímulos positivos. Assim é 
provável que esse aluno sinta firmeza nas próximas práticas, tomando gosto 
pela modalidade de futsal. 
 
2.1.8 Método da cooperação-oposição 
 
 As noções de companheiro e adversário são básicas para o ensino e 
o entendimento da estrutura funcional do jogo. Assim, deve-se, através desse 
meio, dar ênfase aos valores de cooperação entre os praticantes que, para 
acontecer o jogo ou a competição, precisam do adversário, e este deverá ser 
visto como um "cooperador". Do contrário, não teremos como jogar contra. 
Esse método, assim, enfatiza o significado de jogar "com" em detrimento do 
jogar "contra". As duas situações são imprescindíveis no processo educacional. 
Porém, quando houver o predomínio da "oposição", é interessante relembrar 
alguns valores que muitas vezes não estão explícitos - muitos foram 
esquecidos pelos apelos comerciais impostos por vários meios de 
comunicação. Há um reforço muito forte em torno da "oposição". O professor 
deverá estar atento a esse fenômeno. 
 
 Acreditamos que esse é o método com o qual o professor poderá 
ganhar muitos alunos ou perder muitos alunos. Para confirmar essa posição, 
eis o que acontece, com base em fatos reais: você faz parte de um grupo de 
amigos que joga futebol ou futsal na quadra de um ginásio, sistematicamente 
quatro vezes por mês. Todos pagam uma taxa por jogo ou mensalmente. 
Então, após ter trabalhado durante várias horas no dia, você se desloca para 
esse ginásio a fim de jogar. Como você se sentiria ao sair desse jogo, que 
deveria ser para recreação ou lazer, se lá alguém da equipe adversária 
("oposição") desse um chute ou pontapé na sua perna com o objetivo de 
machucá-lo? A resposta, sem dúvida, é que você sentiria total 
descontentamento. Esse problema acontece com freqüência em muitos grupos 
de "amigos". 
 
 Agora tente imaginar como são incorporados esses problemas em 
alunos de uma escola ou de uma escolinha de esportes onde o professor não 
consegue entender que as sensações de desprazer irão afastar os alunos das 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
Carlos Alberto Tenroller & Eduardo Merino26
atividades. Isso poderá acontecer imediatamente ou depois de alguns dias. Há 
uma explicação fisiológica para esse afastamento. 
 
 De modo resumido, quando sentimos prazer com o que fazemos, 
secretamos mais beta-endorfinas, porém quando os alunos não sentem prazer 
nas atividades ou durante a aula, as catecolaminas (os hormônios da "fuga") 
são jogados em maior quantidade na corrente sangüínea. O professor deverá 
ter noção e saber os efeitos oriundos a partir das técnicas, estímulos e 
principalmente dos métodos escolhidos para desenvolver as suas aulas. Se 
conseguir usar o método da cooperação-oposição de modo a não valorizar em 
demasia a vitória em detrimento da derrota, provavelmente será bem-sucedido 
na sua pedagogia, isto é, na condução das atividades das suas aulas sem 
permitir que alunos mais sensíveis sejam discriminados, o que, em alguns 
casos, será o motivo do afastamento das aulas de Educação Física. 
 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
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CAPÍTULO 3 Basquetebol 
3.1 Síntese histórica do basquetebol 
O basquetebol no mundo 
 
 O basquetebol (bola ao cesto) foi criado em dezembro de 1891, no 
Colégio Internacional da ACM, cuja sede era no colégio de Springfield, em 
Massachusetts, EUA, pelo professor canadense de Educação Física James A. 
Naismith (BOSC, 1998). 
 
 Naquela época, a idéia era de que vários alunos pudessem 
participar em um jogo atraente e de fácil adaptação, sem violência, de fácil 
aprendizagem, ajustável a qualquer espaço e que, assim, satisfizesse e 
despertasse o interesse geral. No primeiro jogo, utilizando uma bola grande e 
dois cestos de pêssegos distantes aproximadamente três metros do solo, 
Naismith, que havia escrito 13 artigos de regras, contou com a participação de 
18 alunos, nove contra nove (TOSETI, [ s / d ] ) . 
 
 Conforme Lima et al. (1988), as primeiras regras criadas por 
Naismith foram publicadas em 15 de novembro de 1892. 
 
 A primeira demonstração do basquetebol em jogos olímpicos 
aconteceu em 1904, em St. Louis, nos EUA. No dia 18 de junho de 1932, ao 
final da primeira conferência internacional de basquetebol, que contou com a 
presença de representantes de 12 países, em Genebra, na Suíça, foi criada a 
Federation Internationale de Basketball (FIBA). 
 
 Em Berlim, 1936, aconteceu a primeira disputa de medalhas na 
modalidade, isto com a participação masculina. As mulheres só puderam 
participar em Olimpíadas a partir de 1976. Na primeira partida olímpica (1936), 
James Naismith foi homenageado ao lançar ao alto para iniciar a participação 
dessa modalidade que cresceu muito no mundo inteiro ao longo das décadas. 
Existem, atualmente, conforme o sítio da Confederação Brasileira de 
Basquetebol, mais de 170 países filiados à FIBA, o que representa mais de 300 
milhões de pessoas praticantes. Naismith morreu aos 78 anos de idade, em 
1939. 
 
O basquetebol no Brasil 
 
 Em 1896, através do professor norte-americano Auguste Farnham 
Shaw, do colégio Mackenzie da cidade de São Paulo, chegou ao Brasil a 
primeira bola (já oficial) de basquetebol (MEDALHA, 1974). As alunas desse 
colégio foram as primeiras a praticar a nova modalidade. Nesse mesmo ano, o 
esporte já era reconhecido como profissional nos EUA, a partir da fundação da 
Liga Nacional de Basquetebol. Pelo fato de este ter sido praticado e aceito 
primeiro entre as mulheres, o professor Shaw teve algumas dificuldades para 
convencer os homens a praticar o basquetebol que, também, disputava com o 
futebol a preferência da época. 
 
MÉTODOS E PLANOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES 
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28
 Conforme COUTINHO (2001), o Brasil foi o quinto país do mundo e 
o primeiro da América do Sul a conhecer o basquetebol. 
 
 A partir de 1910, na ACM do Rio de Janeiro, o basquetebol começou 
a ser praticado sistematicamente. 
 
 Em 1933, foi fundada a Federação Brasileira de Basquetebol. 
Segundo TOSETI (s/d), até 1933 o basquete brasileiro era organizado pela 
Confederação Brasileira de Desportos. 
 
 Em 1959, em Santiago, capital do Chile, e em 1963, no Rio de 
Janeiro, Brasil, no naipe masculino, o Brasil sagrou-se bicampeão do mundo na 
categoria adulto. 
 
 No ano de 1987, o Brasil vence os Estados Unidos na final dos 
Jogos Pan-Americanos de Indianápolis. 
 
 Em 1994, foi a vez da equipe feminina adulta sagrar-se campeã 
mundial, em Cuba. Em 1996, essa mesma seleção foi vice-campeã em Atlanta, 
Estados Unidos. 
 
 Nos Jogos Pan-americanos de 1999, em Winnipeg, no Canadá, mais 
uma vez a seleção masculina do Brasil venceu os Estados Unidos na final. 
 
3.2 Os fundamentos do basquetebol 
Manejo (controle) da bola 
 
 Trata-se da habilidade de domínio da bola em relação aos aspectos 
de espaço, tempo e percepções do oponente. O controle da bola poderá 
acontecer parado, em movimento (deslocamento), com uma ou duas mãos. 
 
Manejo (controle) do corpo 
 
 É a capacidade de interagir de modo consciente em relação à bola, 
ao adversário, ao espaço de tempo e de lugar. Paradas bruscas, 
	APRESENTAÇÃO
	INTRODUÇÃO
	CAPITULO 1: Conceitos Gerais
	1.1 Esporte e sua origem
	1.2 Como surgiu a primeira bola: lenda, mito ou verdade?
	1.3 Conhecimentos indispensáveis como base para o ensino dos esportes
	1.3.1 Educação
	1.3.2 Educação Física
	1.3.3 Pedagogia e didática
	1.4 Princípios básicos que deverão ser considerados no planejamento das aulas sobre esportes
	1.4.1 Elementos indispensáveis em um bom plano de ensino das aulas de esportes
	1.5 Estrutura do plano de aula para o ensino dos esportes
	CAPÍTULO 2 Métodos mais utilizados para o ensino dos esportes
	2.1 O que é método
	2.1.1 Método parcial ou analítico
	2.1.2 Método global ou método complexo
	2.1.3 Método misto
	2.1.4 Método global em forma de jogo ou método de confrontação
	2.1.5 Método em série de jogos
	2.1,6 Método recreativo
	2.1.7 Método transfert
	2.1.8 Método da cooperação-oposição
	CAPÍTULO 3 Basquetebol
	3.1 Síntese histórica do basquetebol
	3.2 Os fundamentos do basquetebol

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