205 pág.
Pré-visualização | Página 34 de 44
= 20000. EXEMPLO 5.6.10 Determine se a série ∞∑ n=1 2n 5n−1 é convergente ou divergente. Solução: Devemos veri�car se a sequência de somas parciais desta série tem limite. Todas as séries que apresentam esse modelo (séries geométricas) podem ser resolvidas conforme o modelo que segue. (i) Escrevemos a soma dos n primeiros termos: Sn = 2 + 22 5 + 23 52 + 24 53 + · · ·+ 2 n 5n−1 (ii) Multiplicamos Sn por 2 5 2 5 Sn = 22 5 + 23 52 + 24 53 + · · ·+ 2 n 5n−1 + 2n+1 5n (iii) Tomamos a diferença entre os resultados de (i) e (ii), obtendo Sn − 2 5 Sn = ( 2 + 22 5 + 23 52 + · · ·+ 2 n 5n−1 ) − ( 22 5 + 23 52 + · · ·+ 2 n 5n−1 + 2n+1 5n ) ou seja, 3 5 Sn = 2− 2 n+1 5n 153 ou ainda, Sn = 10 3 − 5 3 2n+1 5n = 10 3 − 10 3 ( 2 5 )n e como 2 5 < 1, temos que a S = lim n→∞ Sn = lim n→∞ 10 3 − 10 3 ( 2 5 )n = 10 3 . Consequentemente, a série ∞∑ n=1 2n 5n−1 converge para 10 3 . OBSERVAÇÕES 5.6.11 . 1. Uma das propriedades das séries in�nitas é que a convergência ou divergência não é afetada se subtrairmos ou adicionarmos um número �nito de termos a elas. Por exemplo, se no Exemplo 5.6.3 o estudante só começasse a receber a primeira parcela após 5 meses, a série seria escrita com n = 6 no primeiro termo, ou seja, ∞∑ n=6 20000 n(n+1) , e a soma seria S = 20000− S5. Se por outro lado, o seu pai decidisse nos primeiros 10 meses dar uma mesada �xa de 2000u.m. por mês e iniciar o pagamento com n = 1 no décimo primeiro mês, a soma seria S = 2000(10)+ lim n→∞ 20000n n+ 1 . Em ambos os casos a série continuará convergente. 2. Se a série ∞∑ n=1 un é convergente e a série ∞∑ n=1 yn é divergente, então a série ∞∑ n=1 (un+yn) é divergente. No entanto, se as séries ∞∑ n=1 un e ∞∑ n=1 yn são divergentes, a série ∞∑ n=1 (un+yn) pode ou não ser convergente. 3. Se ∞∑ n=1 un é uma série convergente de termos positivos, seus termos podem ser reagru- pados de qualquer modo e a série resultante também será convergente e terá a mesma soma que a série dada. TEOREMA 5.6.12 Seja ∞∑ n=1 un uma série e α ∈ N. Se a série ∞∑ n=α un = uα + uα+1 + uα+2 + · · · for convergente, então a série ∞∑ n=1 un = u1 + u2 + u3 + · · ·+ uk + · · · também será convergente. DEMONSTRAÇÃO: Supondo que a série ∞∑ n=α un é convergente, temos que ela possui uma soma. Seja Sn−α o termo geral da sequência de suas somas parciais, tal que S = lim n→∞ Sn−α e seja Sα = u1 + u2 + u3 + · · ·+ uα. Desse modo, o termo geral da soma parcial da série ∞∑ n=1 un será Sn = Sα+Sn−α e, portanto, lim n→∞ Sn = lim n→∞ Sα+ lim n→∞ Sn−α, donde segue que lim n→∞ Sn = Sα+S. Consequentemente, ∞∑ n=1 un é convergente. 154 Propriedades Sejam ∞∑ n=1 un = u1 + u2 + u3 + · · ·+ uk + · · · e ∞∑ n=1 yn = y1 + y2 + y3 + · · ·+ yk + · · · duas séries que convergem para S e S ′, respectivamente, então são válidas as seguintes propriedades: (i) ∞∑ n=1 kun = k ∞∑ n=1 un para todo k ∈ R, ou seja, a série ∞∑ n=1 kun converge para kS. (ii) ∞∑ n=1 (un ± yn) = ∞∑ n=1 un ± ∞∑ n=1 yn, ou seja, a série ∞∑ n=1 (un ± yn) converge para S + S ′. 5.7 Condição necessária para Convergência Não existe uma regra geral para veri�car se uma série é convergente ou não. Como veremos nos próximos itens, há critérios que dão respostas a tipos particulares de séries. Porém, veri�cando se uma série não possui a condição necessária para convergência, saberemos que ela não é convergente. Essa condição, é dada pelo teorema abaixo. TEOREMA 5.7.1 Se ∞∑ n=1 un é uma série convergente, então lim n→∞ un = 0. DEMONSTRAÇÃO: Suponhamos que a série ∞∑ n=1 un converge para S, então podemos a�rmar que lim n→∞ Sn = S, de modo que, pela De�nição 5.6.8, dado ε > 0 podemos encontrar K > 0 tal que para todo n > K vale a desigualdade |Sn − S| < ε2 e |Sn−1 − S| < ε2 . Como Sn = Sn−1 + un, temos que un = Sn − Sn−1 e assim, |un − 0| = |Sn − Sn−1 − 0| = |Sn − S + S − Sn−1| = |(Sn − S) + (S − Sn−1)| = |Sn − S|+ |S − Sn−1| ≤ |Sn − S|+ |Sn−1 − S| < ε 2 + ε 2 = ε. Assim, pela De�nição 5.2.4, segue que lim n→∞ un = 0. Uma consequência muito importante desse teorema é o corolário a seguir. COROLÁRIO 5.7.2 Seja ∞∑ n=1 un uma série tal que lim n→∞ un 6= 0, então ∞∑ n=1 un é divergente. EXEMPLO 5.7.3 A série ∞∑ n=1 2n+2 3n+5 é divergente já que lim n→∞ un = lim n→∞ 2n+2 3n+5 = 2 3 6= 0. 155 EXEMPLO 5.7.4 A série ∞∑ n=1 1 n é tal que lim n→∞ un = lim n→∞ 1 n = 0, isto é, possui a condição necessária para convergência. No entanto, não podemos, sem aplicar outros testes de con- vergência, a�mar se ela é convergente ou divergente. OBSERVAÇÃO 5.7.5 Portanto �quem atentos, se o lim n→∞ un 6= 0 prova-se que a série é diver- gente. Mas se lim n→∞ un = 0 a série pode convergir ou divergir, para issso necessitamos estudar critérios para fazer tal veri�cação. Veremos, na sequência, alguns resultados que permitem veri�car se uma série é conver- gente ou não. TEOREMA 5.7.6 Seja Sn uma sequência de somas parciais convergente. Então, dado ε > 0 podemos encontrar K > 0 tal que para todo m,n > K vale a desigualdade |Sm − Sn| < ε. DEMONSTRAÇÃO: Suponhamos que Sn seja uma sequência de somas parciais que converge para S. Então, dado ε > 0 podemos encontrar K > 0 tal que, para todo m,n > K valem as desigualdades |Sm − S| < ε2 e |Sn − S| < ε2 . Assim, |Sm − Sn| = |Sm − S + S − Sn| = |(Sm − S) + (S − Sn)| ≤ |(Sm − S)|+ |(Sn − S)| < ε 2 + ε 2 = ε. OBSERVAÇÃO 5.7.7 O Teorema 5.7.6 pode ser ilustrado considerando o Exemplo 5.6.3. Lá nossa suposição era saber a partir de que parcela a diferença entre o montante e o limite era menor do que 300 u.m.. Para obter a resposta, tomamos ε = 300 e obteremos K = 65, 667. Isso signi�ca que, em todas as parcelas, a partir da sexagésima sexta, a diferença entre o montante e o limite é menor do que 300 u.m.. Agora tomando n = 70 e m = 80 obteremos S70 = 20000 ∗ 70 70 + 1 = 19718 e S80 = 20000 ∗ 80 80 + 1 = 19753. Consequentemente, |S70 − S80| = |19718− 19753| = 35 < 300. Caso tomássemos m,n < 66 não necessariamente a diferença entre as somas seria menor do que 300. 5.8 Séries Especiais 5.8.1 Série harmônica DEFINIÇÃO 5.8.2 A série ∞∑ n=1 1 n é denominada série harmônica. A série harmônica é uma das séries mais importantes da matemática. Seu nome surge em conexão com os sons harmônicos produzidos pela vibração de uma corda musical. A série harmônica, embora possua a condição necessária para convergência, é uma série divergente. A divergência da série harmônica não é trivial. Sua lenta divergência se tornará evidente quando examinarmos suas somas parciais com maior detalhe. Na verdade, vamos mostrar que a sequência de somas parciais Sn da série harmônica não converge, pois admite 156 subsequências divergentes. Para isso, vamos considerar as somas S2, S4, S8, S16, S32, · · · cujos índices são sempre potências de 2, formando a subsequência S2n de Sn. Temos que S21 = S2 = 1 + 1 2 > 1 2 + 1 2 = 2 2 S22 = S4 = S2 + 1 3 + 1 4 > S2 + ( 1 4 + 1 4 ) = S2 + 1 2 > 3 2 S23 = S8 = S4 + 1 5 + 1 6 + 1 7 + 1 8 > S4 + ( 1 8 + 1 8 + 1 8 + 1 8 ) = S4 + 1 2 > 4 2 S24 = S16 = S8 + 1 9 + 1 10 + 1 11 + 1 12 + 1 13 + 1 14 + 1 15 + 1 16 > S8 + (