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F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGI DO E X E R C Í C F IS IOLOG DO E X E R C Í C F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOL DO E X E R F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOG DO E X E R C Í F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOG DO E X E R C Í C F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLO DO E X E R C F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O volume 07 - número 01 • Jan/Abr 2008 www.at lant icaedi tora.com.br R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y ISSN 16778510 NUTRIÇÃO • Correlação entre perfil lipídico e percentual de gordura • Nutrição de futebolistas infantis e juvenis • Educação nutricional para nadadores infantis ESPORTE • Aspectos físicos e fisiológicos do jovem jogador de futebol • Respostas fisiológicas ao remo competitivo • Freqüência cardíaca de um ciclista altamente treinado ESTERÓIDES • Esteróides anabólicos no fisiculturismo R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A D O E X E R C Í C I O vo lum e 0 7 - n úm e ro 0 1 • Ja n /A b r 2 0 0 8 Fisiologia_CAPA_v7n1.indd 1Fisiologia_CAPA_v7n1.indd 1 24/10/2008 17:10:0024/10/2008 17:10:00 F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o volume 07 - número 02 • Mai/Ago 2008 www.at lant icaedi tora.com.br R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F i s i o l o g i a do e x e r c í c i o Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y ISSN 16778510 NUTRIÇÃO • Perfil nutricional de praticantes de badminton CARDIOLOGIA • Qualidade de vida após revascularização de miocárdio • Freqüência cardíaca máxima e consumo de oxigênio em mulheres saudáveis ESPORTE • Treinamento de força para fibromiálgicos • Fatores geradores de fadiga muscular • Recondicionamento físico após lesão MUSCULAÇÃO • Consumo de recursos ergogênicos R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F i s i o l o g i a d o e x e r c í c i o vo lu m e 0 7 - n ú m e ro 0 2 • M a i/ A g o 2 0 0 8 F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGI DO E X E R C Í C I F IS IOLOG DO E X E R C Í C F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOL DO E X E R F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOG DO E X E R C Í C F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOG DO E X E R C Í C F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLO DO E X E R C F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O volume 07 - número 03 • Set/Dez 2008 www.at lant icaedi tora.com.br R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y ISSN 16778510 ESPORTE • Jump Fit no desempenho dos exercícios resistidos • Identificação de riscos em adolescentes • Autopercepção da saúde após alongamento • Exercícios resistidos em hipertensos • Adaptações ao destreinamento NUTRIÇÃO • Natação, suplementação de sacarose e seus efeitos em ratas CRIOTERAPIA • A crioterapia na inflamação muscular PERGUNTAS E RESPOSTAS • Treinamento da força para idosos R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A D O E X E R C Í C I O vo lum e 0 7 - n úm e ro 0 3 • S e t/D e z 2 0 0 8 Fisiologia_CAPA_v7n3.indd 1Fisiologia_CAPA_v7n3.indd 1 18/12/2008 23:10:0018/12/2008 23:10:00 β EDITORIAL Carta ao leitor, Paulo Tarso Veras Farinatti ................................................................................................................... 3 ARTIGOS ORIGINAIS Correlação entre perfi l lipídico e percentual de gordura de acordo com a característica dos sistemas energéticos glicolítico e oxidativo em indivíduos na faixa etária de 25 a 35 anos, Eduardo Fernandes de Miranda, Marco Antonio Freitas de Souza, Higor Lira Bastos, Daniele Bueno Godinho Ribeiro, Cesamar Fernandes de Miranda, João Bartholomeu Neto, Ricardo Yukio Asano, Max Luciano Dias Ferrão, Estélio Henrique Martin Dantas ......................................................................................... 4 Nutrição de futebolistas infantis e juvenis, Silvia Teixeira de Pinho, Daniel Medeiros Alves, Diego Vaz Vaguethi, Patrícia dos Santos Behling, Márcia Buchewaitz ..................................... 10 Educação nutricional aplicada para nadadores infantis de um clube do município de São Paulo, Juliana Oliveira Figueiredo, Tatiana Akemi Kondo, Eliane Araújo dos Santos Cristóvão, Renata Furlan Viebig........................................................................................... 16 REVISÕES Esteróides anabólicos no fi siculturismo, Marcus Vinicius Grecco, Charles Ricardo Morgan .............................................................................................................................................21 Aspectos físicos e fi siológicos do jovem jogador de futebol, Giovani dos Santos Cunha, Alvaro Reischak de Oliveira .............................................................................................. 29 Respostas fi siológicas ao remo competitivo, Rafael Reimann Baptista, Alvaro Reischak de Oliveira ......................................................................................................................................... 37 RELATO DE CASO Efeito do percurso sobre a freqüência cardíaca de um ciclista altamente treinado, Débora Wagner, Carlos Mota, Felipe Carpes .............................................................................................. 43 NORMAS DE PUBLICAÇÃO .................................................................................................................................. 49 EVENTOS ................................................................................................................................................................. 51 Índice volume 7 número 1 - janeiro/abril 2008 R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y Fisiologia v7n1.indb 1Fisiologia v7n1.indb 1 9/10/2008 17:00:159/10/2008 17:00:15 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 20072 © ATMC - Atlântica Multimídia e Comunicações Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyri- ght, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. Atlântica Editora edita as revistas Fisioterapia Brasil, Enfermagem Brasil, Neurociências, Nutrição Brasil e MN-Metabólica. I.P. (Informação publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes. Editora Assistente Guillermina Arias Editoração e arte Cristiana Ribas Atendimento ao assinante atlantica@atlanticaeditora.com.br Redação e administração Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o seguinte endereço por correio ou por email aos cuidados de: Jean-Louis Peytavin Rua da Lapa, 180/1103 20021-180 - Rio de Janeiro - RJ artigos@atlanticaeditora.com.br Rio de Janeiro Rua da Lapa, 180/1103 20021-180 – Rio de Janeiro – RJ Tel/Fax: (21) 2221-4164 / 2517-2749 E-mail: atlantica@atlanticaeditora.com.br www.atlanticaeditora.com.br São Paulo Rua Teodoro Sampaio, 2550/cj 15 Pinheiros – 05406-200 – São Paulo – SP Tel: (11) )3816-6192 Recife Rua Dona Rita de Souza, 212 52061-480 – Recife – PE Tel.: (81) 3444-2083 Assinaturas 1 ano – R$ 175,00 Rio de Janeiro: (21) 2221-4164 São Paulo: (11) 3361-5595 Email: melloassinaturas@uol.com.br Recife: (81) 3444-2083 Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício Corpo Diretivo: Paulo Sérgio C. Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da Silva Soares, Paulo Farinatti, Marta Pereira, Fernando Augusto Pompeu R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y Editor Chefe Paulo de Tarso Veras Farinatti Editor Associado Pedro Paulo da Silva Soares Conselho Editorial Antonio Carlos Gomes (PR) Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega (RJ) Dartagnan Pinto Guedes (PR) Douglas S. Brooks (EUA) Emerson Silami Garcia (MG) Fernando Pompeu (RJ) Francisco Martins (PB) Jacques Vanfraechem (BEL) Luiz Fernando Kruel (RS) Martim Bottaro (DF) Patrícia Chakour Brum (SP) Paulo Sérgio Gomes (RJ) Rolando Baccis Ceddia (CAN) Robert Robergs (USA) Rosane Rosendo (RJ) Sebastião Gobbi (SP) Steven Fleck (USA) Yagesh N. Bhambhani (CAN) Vilmar Baldissera (SP) Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin jeanlouis@atlanticaeditora.com.br Publicidade e marketing Rio de Janeiro: René C. Delpy Jr rene@atlanticaeditora.com.br (21) 2221-4164 Gerência de vendas e assinaturas Djalma Peçanha djalma@atlanticaeditora.com.br Fisiologia v7n1.indb 2Fisiologia v7n1.indb 2 9/10/2008 17:00:189/10/2008 17:00:18 3Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007 Editorial Carta ao leitor Prof. Dr. Paulo Tarso Veras Farinatti Editor-Chefe da RBFEx É com prazer que apresentamos o primeiro número do volume 7 da Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício (RBFEx). A partir de 2008, a revista volta a ser publicada com periodicidade quadrimestral, com a perspectiva de, progressivamente, aumentar o número de artigos em cada número. A quantidade de manuscritos submetidos vem cres- cendo sistematicamente. De fato, de 2006 a 2008 o número de textos enviados para avaliação elevou-se em quase 40%. Com isso, foi possível implementar um processo efetivo de revisão por pares, com a participação de um número expressivo de revisores. Além disso, projeta-se em prazo relativamente curto o aumento da periodicidade da revista, a fi m de se veicular um quantitativo anual de artigos com- patível com a indexação em bases de dados que permitam uma melhor classifi cação da RBFEx. Conforme apontado em ocasião anterior, estuda-se igualmente a possibilidade de se ampliar, a partir de 2009, a abrangência da revista. Para tanto, devem ser criadas seções específi cas tratando dos diferentes ramos da fi siologia do exercício (básica, treinamento físico, nutrição etc). É claro que todos esses planos continuam dependen- do da colaboração dos pesquisadores que acreditam no projeto da RBFEx, alimentando-a com os resultados de seus trabalhos. Somos de opinião de que a diversifi cação de veículos qualifi cados para divulgação do que se faz em termos de pesquisa é algo necessário para a popularização do consumo da produção de conhecimento da área em nosso país. Contamos com a ajuda de todos, agradecen- do muito àqueles que enviaram manuscritos, investiram energia e tempo na seleção de artigos para publicação e que, enfi m, vêm participando ativamente do processo de publicação da revista. Cordialmente. Fisiologia v7n1.indb 3Fisiologia v7n1.indb 3 9/10/2008 17:00:189/10/2008 17:00:18 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 1 - janeiro/abril 20084 Artigo original Correlação entre perfil lipídico e percentual de gordura de acordo com a característica dos sistemas energéticos glicolítico e oxidativo em indivíduos na faixa etária de 25 a 35 anos Correlation between lipid profile and the percentage of fat according to the characteristics of the oxidative and glycolic energy systems in people between 25 and 35 years old Eduardo Fernandes de Miranda*, Marco Antonio Freitas de Souza**, Higor Lira Bastos**, Daniele Bueno Godinho Ribeiro***, Cesamar Fernandes de Miranda***, João Bartholomeu Neto****, Ricardo Yukio Asano****, Max Luciano Dias Ferrão*****, Estélio Henrique Martin Dantas****** *Especialista em Personal Training pela ESEFIC-SP, Professor da Faculdade UNIRG-TO, Laboratório do Exercício da Faculdade UNIRG-TO, **Acadêmico do curso de Educação Física da Faculdade UNIRG-TO, Bolsista do CNPq no Laboratório do Exer- cício da Faculdade UNIRG, ***Acadêmico do curso de Educação Física da Faculdade UNIRG-TO, Laboratóriodo Exercício da Faculdade UNIRG-TO, **** Professor da Faculdade UNIRG-TO, Laboratório do Exercício da Faculdade UNIRG-TO, *****Pes- quisador do Laboratório de Biociências da Motricidade Humanas, Professor da Universidade Estácio de Sá, ******Professor Titular do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da UCB-RJ, Pesquisador do Laboratório de Biociências da Motricidade Humanas Resumo Objetivo: Analisar a correlação do perfi l lipídico e percentual de gordura de acordo com a característica do sistema energético (oxidativo e glicolítico). Amostra: Foram convidados 25 indivíduos de ambos o sexo, com idade entre 25 e 35 anos. Materiais e métodos: Utilizou-se exame de dermatoglifi a para dividir os grupos de acordo com a prevalência do sistema energético, avaliação antropométrica para determinação da composição corporal e análise de sangue para determinação do perfi l lipídico. Análise dos dados: Através de uma estatística descritiva que foi composta por medidas de tendência central e a estatística inferencial para correlação linear de Pearson. Os resultados não demonstraram perfeita correlação, nem se obteve inexistência correlativa em ambos os grupos. Apenas os grupos fe- mininos apresentaram alta correlação como também signifi cância p < 0,05 em algumas das variáveis do perfi l lipídico. Grupo oxidativo: (TG = 0,8522; VLDL = 0,8572) grupo glicolítico: (LT = 0,8597; TG = 0,8759; VLDL = 0,8612). Conclusão: Os grupos femininos, tanto o de sensibilidade ao sistema energético oxidativo quanto o do sistema energético glicolítico, apresentaram maior tendência às disfunções lipídicas quando seu percentual de gordura estavam fora dos padrões normais. Palavras-chave: perfil lipídico, sistema energético, percentual de gordura. Abstract Objective: To analyze the correlation of the lipid profi le and percentage of fat according to the characteristic of the energy system (oxidative and glycolic). Samples: 25 people of both sexes aged betwe- en 25 and 35 were invited. Materials and methods: A dermatogliphy exam was used to divide the groups according to the prevalence of the energy system, anthropometric assessment to determine the body composition and blood analysis to determine the lipid profi le. Data analysis: A descriptive statistic, which was composed by the measures of central tendency and the inferential statistics for the Pearson line correlation were needed. Th e results didn’t show perfect correlation and the correlative inexistence wasn’t reached in any of the sexes either. Only the female groups showed high correlation and signifi cance p < 0.05 in some of the changes of the lipid profi le. Oxidative group: (TG = 0.8522; VLDL = 0.8572) glycolic group: (LT = 0.8597; TG = 0.8759; VLDL = 0.8612). Conclusion: In the female groups the sensibility both to the oxidative energy system and to the glycolic energy system shows higher tendency to lipid dysfunctions when its fat percentage is off the normal patterns. Key-words: lipid profile, energy system, fat percentage. Recebido em 12 de maio de 2008; aceito em 23 de maio de 2008. Endereço para correspondência: Eduardo Fernandes de Miranda, Rua C 7, 134, 7735-070 Gurupi TO, Tel: 63-33125541, E-mail: eduardo251077@hotmail.com Fisiologia v7n1.indb 4Fisiologia v7n1.indb 4 9/10/2008 17:00:189/10/2008 17:00:18 5Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 1 - janeiro/abril 2008 Introdução A obesidade é uma desordem metabólica e nutricional crônica que tem conseqüências graves, como aumento dos adipócitos, a hiperlipidemia e a resistência à insulina. Atu- almente é considerada um dos mais graves problemas de saúde [1,2]. Sabe-se que tal desordem metabólica é de etiologia mul- ticausal, ou seja, pode ser determinada por diversos fatores - genéticos, neuroendócrinos, metabólicos, dietéticos, am- bientais, sociais, familiares, psicológicos e medicamentosos -, que proporciona acúmulo excessivo de energia no organismo, sob a forma de gordura [3]. O tratamento dietético da obesidade deve objetivar metas realistas quanto à velocidade de perda ponderal e à quantidade de peso perdido. Preconiza-se prescrição de dieta hipocalórica balanceada e enfatiza-se, inicialmente, a qualidade dos alimen- tos, seguindo modelo proposto pela pirâmide alimentar, com a intenção de que o paciente adquira critérios adequados de escolha e faça opções saudáveis [4]. A ingestão calórica excessiva provocará um acúmulo de gordura, que está relacionado a dislipidemias, difusão ca- racterizada por distúrbios nos níveis de lipídios circulantes associada a níveis séricos aumentados de colesterol total (CT); fração de colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL) e de triglicerídeos, que atuam como fatores de risco. Entre- tanto, o colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL), que atua como fator de proteção do sistema cardiovascular, sofrerá uma diminuição [5,6]. A pesquisa de Kannel [5] demonstra que, além do co- lesterol, as doenças coronarianas são precedidas por outras variáveis biologicamente plausíveis e correlação de fatores de predisposição de risco à saúde. As variáveis ambientais envolvidas na alteração do perfi l lipídico incluem: tabagismo, sedentarismo e dieta, e estão associados posteriormente com lesões avançadas de aterosclerose [6]. Alguns estudos demonstraram a relação entre obesidade e o tipo de fi bra muscular, pois pessoas com predominância de fi bra tipo II (glicolíticas) terão maior probabilidade à obesidade; esse tipo de fi bra apresenta uma baixa efi ciên- cia na utilização da gordura como fonte energética. Desse modo, o indivíduo que apresenta predominância de fi bras tipo I (oxidativas) tem menor probabilidade de acúmulo de gordura por ter facilidade de utilizá-las como fonte de energia [7,8]. As fi bras musculares do tipo I (oxidativa) possuem um conteúdo mais efi ciente na captação de glicose (insulina- regulado) do que o metabolismo da glicose da fi bra muscu- lar do tipo II (glicolíticas) [9]. A partir dessas informações, por tal investigação, este trabalho visa verifi car, a predomi- nância do sistema energético e sua correlação entre perfi l lipídico e o percentual de gordura em indivíduos entre 25 e 35 anos. Materiais e métodos Amostra A amostra foi composta de 25 indivíduos na faixa etária de 25 a 35 anos, de ambos os sexos e residentes na cidade Gu- rupi/TO. Foram convidadas a serem voluntárias da pesquisa, as pessoas que estiveram presentes no Laboratório Labnort, no horário das 7 às 10 horas, nos meses de março e abril de 2007 e que apresentassem, em seu pedido de exame médico o perfi l lipídico. A amostra foi dividida de acordo com as carac- terísticas dos desenhos dermatoglífi cos em grupo de sistema energético oxidativo (Grupo I) e grupo de sistema energético glicolítico (Grupo II). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Faculdade UNIRG, em fevereiro de 2007. Procedimentos Para que as metas propostas por este estudo fossem alcançadas, utilizamos para determinar as características antropométricas uma balança com estadiômetro, da marca Balmak. Para obtermos o percentual de gordura, utilizamos o protocolo de três dobras de Jackson e Pollock e, para isso, foi necessário um adipômetro da marca Lange Skinford Caliper. Através do kit Labtest, chegamos ao perfi l lipídico das pessoas que participaram do estudo. Para a dermatoglifi a, utilizou- se o coletor da marca Print Matic e papel branco tamanho A4. O estudo de Abramova et al. [10] mostra um esquema de associações das impressões das digitais com as qualidades físicas, com a seguinte base: para o sistema energético glico- lítico, a qualidade física de velocidade e a força explosiva são caracterizadas pelo aumento das presilhas (L > 7), diminui- ção dos verticilos (W < 3), presença de aumentodos arcos (A) e redução do somatório das quantidades totais de linhas (SQTL). Já no sistema energético oxidativo, a resistência e as atividades de combinações motoras complexas são carac- terizadas pela diminuição dos A e L < 6, aumento dos W > 4 e maior contagem de SQTL. Com base em Silva et al. [11], podemos correlacionar os sistemas energéticos (glicolítico e oxidativo) com os parâmetros dermatoglífi cos. Arco “A” – sem delta Presilha “L” – 1 delta Verticilo “W” – 2 delta Análise estatística O tratamento estatístico foi realizado com o programa BioEstat 4.0 para determinar a característica descritiva da Fisiologia v7n1.indb 5Fisiologia v7n1.indb 5 9/10/2008 17:00:189/10/2008 17:00:18 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 1 - janeiro/abril 20086 amostra, através dos cálculos de média e desvio padrão. Em seguida foi determinada a normalidade da amostra através do teste de Shapiro-Wilk. Então, utilizou-se o teste de Pearson para determinar a correlação entre as variáveis do perfi l lipí- dico e o percentual de gordura. Resultados A Tabela I apresenta os valores das médias e desvio pa- drão das variáveis que caracterizam as amostras masculina e feminina do grupo com predominância do sistema oxidativo. Utiliza-se o IMC como parâmetro de classifi cação da relação peso e altura dos sujeitos da pesquisa, que fi cam classifi cados como em estado de sobrepeso. Adiante, verifi ca-se que o percentual de gordura dos in- divíduos do sexo masculino se classifi ca em um estado ruim. Já quando se trata do público feminino, nesta pesquisa, os resultados fi cam classifi cados como estar “abaixo da média” em relação de percentual de gordura subcutânea. Essa clas- sifi cação indica que o público da pesquisa se encontra com a quantidade de gordura subcutânea acima dos valores con- siderados saudáveis. Tabela I - Comportamento médio das características do grupo I. Variáveis Masculino Feminino Indivíduos 5 6 Índice massa cor- poral 27,71 ± 4,78b 25,51 ± 6,20b Percentual de gordura 26,10 ± 7,75b 29,70 ± 7,55b Lipídios totais 660,20 ± 239,04a 668,83 ± 161,58a Triglicerídeos 132,60 ± 70,97a 117,33 ± 83,64a Colesterol total 191,80 ± 63,54a 200,50 ± 41,63a HDL 43,00 ± 7,48c 55,17 ± 19,49a LDL 122,60 ± 48,42a 122,00 ± 42,01a VLDL 26,20 ± 13,81a 23,33 ± 16,87a Normalidades: a = dentro da normalidade; b = acima da normalidade; c = abaixo da normalidade A Tabela II apresenta os valores das médias e desvio padrão das variáveis que caracterizam a amostra masculina e feminina do grupo com predominância do sistema glicolítico. O IMC do grupo masculino aponta uma classifi cação de sobrepeso. Já a classifi cação do grupo feminino, dentro dos parâmetros do IMC, fi ca estabelecida como normal. Por conseguinte, apre- sentados os resultados dos valores de percentual de gordura da amostra, nota-se que tanto o grupo masculino quanto o grupo feminino estão classifi cados, segundo Pollok e Wilmore, como abaixo da média predita, ou seja, com valores acima do recomendado para uma população com essas características para a manutenção dos níveis de saúde. Com esses resultados expostos nas Tabelas I e II, o estudo de Pinto [12], que parte de uma análise do estudo nutricional em adolescentes na faixa etária entre 14 e 18 anos, demonstra que, de acordo com o gênero, encontrou-se uma prevalência maior de obesidade entre os jovens do sexo masculino quando comparados aos valores do sexo feminino no índice de massa corpórea, no mesmo estudo o autor apresenta o resultado da gordura subcutânea, cuja prevalência foi maior no %G no sexo feminino cerca de 92% e de 56% no sexo masculino, confi rmando os escores do estudo expostos na Tabela II. Ali- cerçando aos resultados obtidos da pesquisa, Paula [13], em seu estudo com participação de adultos com idade superior a 20 anos (homens e mulheres), com enfermidades crônicas não transmissíveis (hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia), mostrou que, independentemente de tais en- fermidades, 75% dos indivíduos estavam com IMC acima do normal, ditos em obesidade grau I (Organização Mundial de Saúde 1995, 1997). Conclui-se que as ECNT (enfermidades crônicas não transmissíveis) foram mais prevalentes dentre os indivíduos classifi cados como obesos e, no entanto, os indivíduos do sexo feminino estão mais susceptíveis a tais enfermidades. Tabela II - Comportamento médio das características do grupo II. Variáveis Masculino Feminino Indivíduos 7 7 Índice massa corporal 28,02 ± 3,38b 23,47 ± 2,87ª Percentual de gordura 22,69 ± 8,78b 27,13 ± 6,30b Lipídios totais 656,70 ± 88,19a 629,14 ± 121,09a Triglicerídeos 150,43 ± 52,62a 113,57 ± 45,21a Colesterol total 185,57 ± 21,28a 187,43 ± 32,12a HDL 46,00 ± 12,87c 54,14 ± 9,65c LDL 95,40 ± 33,79a 111,00 ± 26,94a VLDL 29,89 ± 10,69a 22,29 ± 9,20a Normalidades: a = dentro da normalidade; b = acima da normalidade; c = abaixo da normalidade O Gráfi co 1 apresenta os resultados da correlação entre percentual de gordura e perfi l lipídico nos grupos masculino e feminino, para os que têm maior predominância para uti- lização da fonte energética oxidativa. É notória a diferença entre os sexos na correlação dos dados, pois no grupo mascu- lino as variáveis analisadas que caracterizam o perfi l lipídico foram: TG (triglicerídeos) e VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade), entre as quais se notou baixa correlação; já os LT (lipídios totais), o CT (colesterol total) e os LDL (lipídios de lipoproteína de baixa densidade) apresentaram média baixa correlação, sendo que na HDL (lipoproteína de alta densidade) foi determinada uma média correlação com o percentual de gordura. Adiante, observou-se que no grupo feminino ocorreu uma maior alteração nas correlações das variáveis do perfi l lipídico, principalmente nos: TG, VLDL, que foram classifi cados por apresentar uma média alta correlação; nos LT, para os quais se notou uma média correlação; nos LDL, com média baixa correlação; e, por Fisiologia v7n1.indb 6Fisiologia v7n1.indb 6 9/10/2008 17:00:189/10/2008 17:00:18 7Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 1 - janeiro/abril 2008 fi m, as HDL, apresentaram uma baixa correlação com o percentual de gordura. No entanto, é possível afi rmar, também, que os indivíduos do sexo feminino deste grupo demonstraram uma maior cor- relação em algumas das variáveis lipídicas com o percentual de gordura quando comparado com os dados dos indivíduos do sexo masculino, com isso exibem uma maior tendência a disfunções lipídicas. Gráfi co 1 - Correlação entre percentual de gordura e perfi l lipídico do grupo I. Gráfi co 2 - Correlação entre percentual de gordura e perfi l lipídico no grupo II *indica significancia para p < 0,05. LT: Lipidios totais. TG: Trigliceride- os. HDL: Lipoproteína de alta densidade. LDL: Lipoproteína de baixa densidade. VLDL: Lipoproteína de muito baixa densidade. O Gráfi co 2 apresenta os resultados da correlação entre percentual de gordura e perfi l lipídico no grupo masculino e feminino, agora com predominância de fi bras glicolíticas. Diante dos resultados, nota-se que, nos indivíduos do sexo masculino, as variáveis analisadas que caracterizam o perfi l lipídico, tais como LT (lipídios totais), HDL (lipoproteína de alta densidade), e LDL (lipoproteína de baixa densidade), apresentam média baixa correlação com o percentual de gordura subcutânea; já entre os TG (triglicerídeos), a VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade) mostrou-se com baixa correlação; no entanto, em relação ao CT (colesterol total), verifi cou-se uma média correlação. Trataremos, agora, dos convocados do sexo feminino. Pode-se afi rmarque as va- riáveis do perfi l lipídico apresentaram uma maior correlação com o percentual de gordura, quando comparados com os resultados dos indivíduos do sexo masculino, pois os dados abaixo demonstram claramente tal afi rmativa. Houve alta correlação entre LT, TG e VLDL; adiante, no CT e LDL percebeu-se média alta correlação e, por fi m, no HDL, nota-se média baixa correlação. Portanto, nos resultados analisados dentro do universo da pesquisa, é valido dizer que existe correlação entre o perfi l lipídico e o percentual de gordura, tanto nos indivíduos do sexo masculino quanto e, principalmente, nos do sexo feminino. Mesmo assim, é preciso salientar que não se obteve perfeita correlação nem se demonstrou inexistência nas classifi cações das estimativas de correlação. *indica significância para p < 0,05. **indica significância para p < 0,01. LT: Lipidios totais. TG: Triglicerideos. HDL: Lipoproteína de alta densidade. LDL: Lipoproteína de baixa densidade. VLDL: Lipoproteína de muito baixa densidade. Discussão Diversos estudos foram realizados em diferentes regiões do país, com o intuito de detectar os níveis de sobrepeso e obesidade, mas tais informações que representam a população brasileira ainda são escassas devido à dimensão territorial, fi cando os resultados restritos a estudos regionais [12]. Portanto, na região norte do nosso país, ainda existem poucos estudos sobre obesidade e sobrepeso, o que difi culta uma discussão mais aprofundada sobre os dados apresenta- dos. Um estudo feito nas principais capitais do país, realizado pelo Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição [13], evidenciou que 32% da população brasileira apresentam algum tipo de sobrepeso, destes, 8% são obesos, sendo tal prevalência maior entre as mulheres, as quais chegam a 38%, enquanto nos homens essa proporção chega a 27%. A proporção de sobrepeso e obesidade aumenta com a idade, principalmente entre os 45 e 55 anos: nos homens o índice chega a 37% e nas mulheres a 55%. Cerca de 60% das mu- lheres no período da menopausa ganham peso entre 2,5 kg a 5,0 kg rapidamente [14]. Portanto, dentro da faixa etária de 25 a 35 anos, a proba- bilidade de adquirir obesidade é menor, pois o metabolismo basal nesta faixa etária é mais elevado, quando comparado às faixas etárias posteriores. Após os 35 anos de idade, inicia-se a diminuição das variáveis orgânicas, como massa muscular, massa óssea, potência aeróbia e neuromuscular. A diminuição da massa muscular está relacionada à idade, que, por sua vez, está diretamente relacionada à diminuição do gasto calórico diário, aumentando assim as possibilidades de aumento de massa gorda [15]. Em estudo com a participação de adolescentes de ambos os sexos, verifi cou-se maior percentual de risco de sobrepeso no sexo masculino e de gordura corporal elevada, no feminino. Fisiologia v7n1.indb 7Fisiologia v7n1.indb 7 9/10/2008 17:00:199/10/2008 17:00:19 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 1 - janeiro/abril 20088 Com isso, o percentual de gordura corporal apresentou uma tendência a ser signifi cativamente maior no sexo feminino [16]. É nesse sentido que o estudo de Martins [17] investigou 237 mulheres portuguesas obesas com idade média de 31 ± 14 anos e IMC médio de 34,2 ± 6,0 kg/m2, e observou índices de hipercolesterolemia (200 mg/dl) de 36% e de hipertrigliceri- demia (200 mg/dl) de 10%. Em outra investigação, Cercato [18], em São Paulo, estudou 412 mulheres obesas com idade média de 42,9 ± 13,4 anos e IMC médio de 38,9 ± 7,2 kg/ m2; observou freqüências maiores de hipercolesterolemia (colesterol 240 mg/dl em 53%) e de hipertrigliceridemia (triglicérides 200 mg/dl em 18,6%). Partindo desses achados e com a análise dos resultados dos indivíduos do sexo feminino do presente estudo, notou-se alta correlação em algumas das variáveis do perfi l lipídico com o percentual de gordura. Do mesmo modo, os escores obtidos pelo grupo de predominância de fonte energética glicolítica apresentaram uma maior correlação em todas as variáveis do perfi l lipídico do que as do grupo com predominância de utilização da fonte energética oxidativa. Esse fato pode ser justifi cado pelo tipo de sistema predominante na fi bra mus- cular esquelética, entretanto não é o único determinante para obesidade. O sistema oxidativo geralmente tem uma atividade de enzima de oxidação mais alta do que o sistema glicolítico; na realidade, foi formado para possuir um conteúdo mais alto do transportador de glicose (insulina-regulado) e maior sensibilidade à insulina do que para metabolismo de glicose do que o sistema glicolítico [9]. Com os resultados expostos nos gráficos do estudo, pode-se dizer que houve correlações das variáveis do perfi l lipídico com o percentual de gordura no grupo masculino e principalmente no público feminino, salientando que não apresentou inexistência, como também não atingiu perfeição correlativa. Entende-se que o fato ocorreu pelo baixo percen- tual de gordura, juntamente pela não constatação de valores do IMC com níveis de classifi cação que indicam obesidade no perfi l da amostra. Estudo realizado em crianças gravemente obesas apre- sentou positividade na correlação com colesterol total (CT), triglicérides (TG), LDL e negativamente com HDL [19]. Com base no estudo de Quintão [20], a dislipidemia está relacionada a valores aumentados de colesterol total, valores aumentados de LDL, valores aumentados de triglicerídeos e valores diminuídos de HDL. Dessa forma, os achados da pesquisa expostos, não demonstraram alterações anormais relacionadas às dislipidemias, como pode ser visto nas Tabelas I e II. Conclusão Os dados da pesquisa científi ca demonstraram que, nos grupos masculino e feminino, existem altas estimativas cor- relacionais entre o perfi l lipídico e o percentual de gordura. No entanto, os escores correlacionais obtidos nos grupos do sexo feminino (oxidativo e glicolítico), apresentaram diferença entre si, quanto ao grau correlacional e de signifi cância devido a predominância da fonte energética, assim o grupo femini- no com predominância a utilização do sistema energético glicolítico atingiu alta estimativa de correlação assim como a signifi cância (p < 0,05). Portanto, o grupo feminino, tanto com predominância do sistema energético oxidativo como do sistema energético glico- lítico, tem uma maior tendência a disfunções lipídicas do que os indivíduos do sexo masculino com a mesma sensibilidade a utilização das fontes energéticas acima mencionadas. A investigação revela que, para obter resultados mais ex- pressivos relacionados à estimativa de correlação, teríamos que selecionar um grupo com percentual de gordura mais elevado e com os níveis de IMC indicadores de obesidade. Por fi m, estudos com o propósito de investigar a este assunto ainda são muito escassos no meio científi co e, nesse sentido, existe a necessidade de outras investigações para que tais confi rmações possam ser ampliadas e mais fundamentadas. Agradecimentos Agradecemos aos Doutores Jusábdon Naves Cansado e Wanderly Fernandes de Miranda, proprietários do Laborató- rio Clínico Labnort, onde foi feito o exame de identifi cação do perfi l lipídico. Também somos gratos aos acadêmicos de Educação Física da Faculdade UNIRG, que participaram como amostra da pesquisa e, em especial, ao acadêmico Marco Antonio Freitas Souza. Referências Gauthier MS, Couturier K, Charbonneau A, Lavoie JM. Eff ects 1. of introducing physical training in the course of a 16-week high-fat diet regimen on hepatic steatosis, adipose tissue fat accumulation, and plasma lipid profi le. Int J Obes Relat Metab 2004; 28(8):1064-71. Wang Y, Jones P. Conjugated linoleic acid and obesity con-2. trol: effi cacy and mechanisms. Int J Obes Relat Metab2004; 28(8):941-55. Felippe FM. O peso social da obesidade. [Tese]. Porto Alegre: 3. PUCRS; 2001. Lottenberg AMP. Tratamento dietético da obesidade. São Paulo: 4. Instituto de Ensino e Pesquisa Albert Einstein; 2003. Kannel WB. Risk stratifi cation of dyslipidemia: insights from 5. the Framingham Study. Curr Med Chem 2005;3(3):187-93. Coelho VG, Caetano LF, Junior RDRL, Cordeiro JA, Souza 6. DRS. 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Fisiologia v7n1.indb 9Fisiologia v7n1.indb 9 9/10/2008 17:00:199/10/2008 17:00:19 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 1 - janeiro/abril 200810 Artigo original Nutrição de futebolistas infantis e juvenis Nutrition in sub-15 and sub-17 soccer players Silvia Teixeira de Pinho*, Daniel Medeiros Alves**, Diego Vaz Vaguethi ***, Patrícia dos Santos Behling****, Márcia Buchewaitz***** *Mestranda em Educação Física da ESEF – UFPEL, **Especialista em Treinamento Desportivo – UEL, Preparador Físico do Grê- mio Esportivo Bagé, ***Graduado em Nutrição pela UFPEL, ****Graduada em Educação Física da ESEF – UFPEL, *****Professora e Diretora da Nutrição da UFPEL Resumo O presente estudo teve como objetivo traçar o perfi l nutricio- nal de jogadores de futebol e discutir a adequação dietética com as necessidades para esse esporte. A amostra foi composta de 20 jogadores infantis e 20 jogadores juvenis. Para avaliar o hábito ali- mentar, aplicou-se o questionário recordatório alimentar e os dados foram analisados no software de análise de macro e micronutrientes (DietWin, 2003). Os resultados encontrados demonstraram uma adequação calórica em 40% dos atletas juvenis e apenas 20% dos atletas infantis. A adequação dos macronutrientes na categoria juvenil foi de 50% (CHO), 50% (proteínas) e 60% (lipídeos). Já a categoria infantil apresentou uma dieta hipolipídica (50%), hipoprotéica (80%) e hiperglicídica (50%). Sobre os micronutrien- tes encontrou-se um consumo abaixo do recomendado (< 70% adequação) em vitamina C, vitamina A, cálcio e cobre, além de uma ingestão excedente (> 110% adequação) de ferro para as duas categorias. Esses resultados permitem concluir que é necessário que se faça uma intervenção nutricional nesse grupo de atletas, tanto para otimizar o desempenho como para garantir uma prática mais saudável para os grupos estudados. Palavras-chave: futebol, nutrição, composição corporal, dieta. Abstract Th e aim of the present study was to draw the fi eld soccer players’ corporal and feeding profi le and to discuss the dietary adaptation with the needs of this sport. Th e sample was composed by 20 players 14 to 15 years old and 20 players 16 and 17 years old. To make the evaluation of feeding habits, we used the nutritional questio- nnaire, analyzed by DietWin 2003 software. Th e results pointed out a caloric adaptation on 40% of the sub-17 players and only 20% of the sub-15 players. An appropriation of macronutrients in the younger category was 50% (CHO), 50% (proteins) and 60% (fat). Th e sub-15 players presents a diet with less fat (50%) and protein (80%), and hyperglicidic (50%). About the micronutrients was found a consumption below the recommended level (< 70% adaptation) in vitamin C, vitamin A, calcium and copper and a spare (>110% adaptation) ingestion of iron in most of players of the two categories. Th e results showed that it is necessary to make a nutritional intervention in teenage soccer players to increase the sport performance as well as to obtain healthier dietary practices for those age groups. Key-words: soccer, nutrition, corporal composition, diet. Recebido em 10 de dezembro de 2007; aceito 15 de fevereiro de 2008. Endereço para correspondência: Silvia Teixeira de Pinho, Rua Carlos Gotuzo Giacoboni, 1271, 96040-240 Pelotas RS, Tel: (53) 9157 3329, E-mail: silvia_esef@yahoo.com.br Fisiologia v7n1.indb 10Fisiologia v7n1.indb 10 9/10/2008 17:00:199/10/2008 17:00:19 11Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 1 - janeiro/abril 2008 Introdução O futebol é um dos esportes mais praticados no mundo, e conseqüentemente no Brasil. Apesar disso, o futebol ainda carece de estudos científi cos sobre os efeitos da prática dessa modalidade em crianças e adolescentes [1]. Embora os aspec- tos relacionados ao alto rendimento sejam amplamente dis- cutidos na literatura mundial, os atletas em fase de formação raramente são objetos de estudo científi cos. Segundo Ribas [2], o exercício altera as necessidades dieté- ticas do atleta, devido ao aumento na utilização de substratos energéticos. A falta de orientação nutricionalpode levar a erros na reposição energética, comprometendo assim, não só a saúde, como também a performance do atleta. Uma aparente solução para resolver as possíveis defi ci- ências alimentares de atletas é a suplementação. Porém, a escassez de estudos nutricionais para atletas, difi culta a adoção da melhor estratégia alimentar por parte dos profi ssionais atuantes na educação física e no esporte, impedindo afi rmar se o uso de suplementos é adequado ou não. Acredita-se que a prática do futebol requisita dos atletas elevadas demandas energéticas que compreendem valores entre 3150 a 4300 kcal [3,4]. No entanto, diferentes estudos têm demonstrado que o gasto calórico pode ser de 2100 a 2520 kcal em uma única partida [5,6]. No que se refere à reposição calórica, os atletas de futebol ingerem menos calorias do que necessitam para a reposição de seu desgaste [5], ressaltando a importância da utilização de soluções ricas em carboidratos (CHO) com o intuito de retardar o início da fadiga muscular durante o exercício. Além disso, essa estratégia dietética tem a propriedade também de promover a reposição da perda hídrica devido ao desgaste imposto pelo exercício. O estabelecimento de uma dieta equilibrada possibilita ao atleta o aporte calórico e de macronutrientes compatíveis com o exercício, recuperando o desgaste ocorrido [7-9]. Nenhum alimento garante altos níveis de performance em todos os atletas [4], sendo necessário uma adequada orientação nutri- cional apoiada na experiência e no conhecimento científi co, evitando problemas como a superestimação ou subestimação de nutrientes durante a dieta. Os cuidados nutricionais com atletas devem oportunizar um adequado desempenho esportivo e a reposição dos nu- trientes utilizados durante a atividade, bem como proporcio- nar a reposição das perdas de vários nutrientes que ocorreram durante os exercícios. A adequada ingestão de carboidratos garante a reposi- ção do glicogênio muscular e hepático utilizado durante a atividade física [10]. Após os exercícios, o carboidrato é utilizado para repor rapidamente os estoques de glicogênio, benefi ciando assim a recuperação e a preparação dos mesmos músculos para atividades posteriores. Atletas que treinam diariamente de forma intensa devem ingerir de 60 a 70% do valor energético diário total ou de 6-10 g de carboidratos/kg de peso corporal/dia [4,6,11,12]. Ressalta-se que crianças e adolescentes esportistas de- mandam um cuidado especial no que se refere ao seu estado nutricional tendo em vista que estão em uma fase da vida sobre intenso crescimento e desenvolvimento e que a prática esportiva poderá provocar modifi cações de suas necessidades nutricionais normais. Dessa maneira, torna-se importante a realização de avaliação periódica de parâmetros de crescimento e desenvolvimento, bem como de aspectos nutricionais que possam sugerir risco à saúde [13]. O treinamento é capaz de estimular o crescimento mus- cular, porém sem uma dieta equilibrada, o resultado fi ca limitado. Segundo Miller [14], além de fatores genéticos e do treinamento, o principal fator que infl uência a performance é a dieta. Considerando as demandas fi siológicas decorrentes da prática do futebol e o papel da nutrição dos atletas para o fortalecimento desse esporte, o presente estudo objetivou analisar o perfi l nutricional de jogadores infantis e juvenis de futebol de campo na cidade de Pelotas, e assim discutir a adequação dietética dos mesmos em comparação com as necessidades requeridas para esse esporte. Material e métodos A amostra foi composta de 20 jogadores de futebol de campo com idades de 14 e 15 anos (categoria infantil) e 20 jogadores de 16 e 17 anos (categoria juvenil), de duas equi- pes classifi cadas para as semifi nais do campeonato citadino, na cidade de Pelotas, RS, todos fi liados à liga pelotense de futebol. A escolha pelos atletas se deu aleatoriamente, repre- sentando aproximadamente um terço da população total de cada equipe. A rotina de treinamento dos atletas constava de 5 sessões de treinamento semanais, com duração de aproximadamente 100 minutos para os infantis e 120 minutos para os juvenis. Para a avaliação não foram considerados os níveis de matu- ração biológica. Foram coletados dados de peso e altura dos jogadores e também as medidas das pregas cutâneas: triciptal (DTR) e subescapular (DSE), utilizando-se o compasso de dobras cutâneas. Para a análise do percentual de gordura utilizou-se a equação proposta por Slaughter [13].Os materiais utilizados foram: uma balança analógica e estadiômetro (marca Secca) para medir a estatura, um compasso de dobras cutâneas (marca Lange) para medir as dobras cutâneas. Os valores médios encontrados para estatura, peso, IMC e percentual de gordura encontram-se na Tabela I. Observa-se que o peso médio do grupo de jogadores juvenil apresentou valor superior ao grupo infantil o que é indicativo de ingestão alimentar maior. Fisiologia v7n1.indb 11Fisiologia v7n1.indb 11 9/10/2008 17:00:199/10/2008 17:00:19 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 1 - janeiro/abril 200812 Tabela I - Caracterização da amostra. Ida- de Altu- ra Peso IMC DSE DTR % Gord Juve- nil Mé- dia 16,4 1,75 58,2 21,1 8,7 8,9 13,8 Desv Pad 0,6 0,06 7,3 1,9 1,6 1,8 2,5 In- fantil Mé- dia 14,4 1,69 55,9 19,9 9,5 8,5 13,6 Desv Pad 0,7 0,06 6,9 2,3 1,6 1,8 2,4 Para avaliar o hábito alimentar, aplicou-se o questionário recordatório alimentar de 24 horas, em 3 dias não consecu- tivos da semana (sendo 1 no fi m de semana) para se obter uma amostra de consumo, representativa da dieta habitual de cada jogador conforme o procedimento apresentado por Willet [15]. O questionário foi aplicado por estudantes do curso de nutrição e de educação física da Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação e supervisão de uma professora do curso de nutrição, sendo o mesmo aplicado em uma sala onde cada aluno era entrevistado individualmente antes das sessões de jogo. Os resultados dos dados de ingestão calórica de macro e micro-nutrientes foram representados pela média dos 3 dias de recordatório, analisados em software de análises de alimentos (DietWin, 2003) e expressos em percentuais. Os percentuais encontrados de consumo foram comparados às recomendações do Institute of Medicine’s Food and Nutrition Board que preconiza as Referências de Ingestão Dietética (DRI’s) [16] para todos os nutrientes. A estimativa do gasto energético dos jogadores foi determinada através da Taxa de Metabolismo Basal (TMB) dos mesmos, calculada pela equação 66,5 + (13,75 x kg) + (5,003 x cm) - (6,775 x age) [17]. Após a divisão do valor da TMB por hora, o resultado foi multiplicado pelas constantes metabólicas, considerando as atividades despendidas com as horas de treinamento físico e outras atividades consideradas leves e muito leves, segundo a Organização Mundial da Saúde [18]. Foram analisados os valores percentuais de adequação dietética para o consumo calórico, consumo de macronutri- netes e micronutrientes (vitaminas e minerais) nas categorias juvenil e infantil. Os participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido antes da coleta de dados. Resultados Observa-se na Figura I sobre a ingestão calórica total, que 40% dos jogadores da categoria juvenil consumiam dieta adequada e 30% acima do recomendado. Para a categoria infantil, observa-se que a grande maioria (70%), apresentou uma dieta hipercalórica. Figura 1 - Percentual de atletas em função do percentual de adequa- ção da ingestão calórica total de futebolistas infantis e juvenis. Os resultados demonstram um consumo excessivo dos jogadores, contrariando os estudos realizados por Rico-Sanz [5] e Leblanc et al. [19], ondea ingestão de energia total dos atletas investigados era insufi ciente. A Tabela II apresenta a análise da adequação dos macronu- trientes, respectivamente para as categorias juvenil e infantil. A dieta dos jogadores da categoria juvenil apresentou expressivo percentual de adequação de acordo com o recomendado para todos os nutrientes CHO (50%); proteínas (50%) e lipídeos (60%). Entretanto, pode-se observar também na Tabela II que a dieta dos jogadores da categoria infantil apresentou-se, em sua maioria: hiperglicídica (50% acima da adequação) hipoprotéica (80% abaixo do recomendado) e hipolipídica (50% abaixo do recomendado), respectivamente. Tabela II - Adequação do percentual de macronutrientes. Nutriente Adequação Abaixo Recomendado Acima Juvenil Carboidratos Proteínas Lipídeos 30% 40% 20% 50% 50% 60% 20% 10% 20% Infantil Carboidratos Proteínas Lipídeos 20% 80% 50% 30% 20% 30% 50% - 20% *Percentual de adequação – CHO: 60 – 70 %; Proteínas: 12 – 15 %; Lipídeos: 25 – 30 % No presente estudo, 50% dos jogadores da categoria ju- venil apresentaram a proporção recomendada de consumo de CHO, entretanto uma parcela expressiva da amostra (30%) apresentou baixa adequação do consumo desse nutriente, confi rmando os resultados observados na literatura para essa modalidade esportiva. Entretanto, a categoria infantil apresentou resultados opostos ao encontrado por Ruiz et al. [19], pois a maioria consumia CHO em proporções acima do recomendado (50%) ou em nível recomendado (30%). Com relação ao consumo de proteínas, observa-se que ocorreu adequação em metade dos jogadores da categoria ju- venil (50%), entretanto parcela signifi cativa apresentou dieta Fisiologia v7n1.indb 12Fisiologia v7n1.indb 12 9/10/2008 17:00:199/10/2008 17:00:19 13Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 1 - janeiro/abril 2008 hipoprotéica (40%). O mesmo não aconteceu com a categoria infantil que em sua maioria apresentou dieta hipoprotéica (80%). No estudo de Rico-Sanz [5] foram encontrados percentuais de proteína de 14% e 14,4%, ressaltando um consumo de carboidratos abaixo do recomendado. Uma vez que a depleção de glicogênio é observada após as partidas de futebol [5], alimentos contendo grandes quantidades de carboidratos são importantes, pois auxiliam na reposição da reserva de glicogênio corporal. Os resultados demonstram que a quantidade de carboidratos ingerida pelos atletas da categoria juvenil está adequada ao recomendado (60 –70%). Já nos jogadores da categoria infantil, observa-se que a metade teve uma ingestão superior ao recomendado para carboidratos e uma ingestão inferior em proteínas. Este fato pode estar relacionado com um balanço nitrogenado negativo, comprometendo o crescimento e desenvolvimento dessa população de jogadores. A Tabela III indica o percentual de adequação das vitami- nas consumido pelos jogadores. A análise da adequação de ingestão dos micronutrientes nas duas tabelas mostra que os percentuais de adequação são muito semelhantes para as duas categorias. Pode-se notar que uma parte dos jogadores da categoria infantil teve um consumo inadequado de vitaminas, sendo que todos (100%) ingeriram quantidade marginal (< 70% adequação) de vita- mina C e 70%, de vitamina A. A maioria dos jogadores da categoria juvenil também não atingiu o percentual adequado para o consumo de vitamina A, sendo 70% com ingestão marginal (< 70% adequação). O mesmo observa-se quanto ao consumo de vitamina C, ressaltando que 80% tiveram adequação inferior a 70%. A ingestão insufi ciente das vitaminas A e C pode compro- meter o crescimento ósseo [20], fato relevante por se tratar de atletas em fase de crescimento. Além disso, essas vitaminas desempenham um papel importante no metabolismo aeró- bio [21], e uma ingestão inadequada pode comprometer o desenvolvimento da capacidade aeróbia, importante para o bom rendimento no futebol [1]. Quanto às demais vitaminas, na dieta da categoria juvenil os maiores percentuais estavam acima do recomendado e para a categoria infantil os maiores percentuais encontraram-se adequados ou acima do recomendado. Com relação aos minerais, os resultados encontrados também apresentaram semelhanças entre as duas categorias. Na categoria juvenil (Tabela IV), constata-se que 70% dos jogadores não atin- giram um consumo maior que 70% de adequação de cálcio. Igual resultado pôde ser constatado quanto ao consumo de cobre, já que 100% obtiveram um consumo marginal. Quanto aos jogado- res da categoria infantil (Tabela IV), apresentaram uma ingestão inadequada para cálcio (80%) e cobre (100%) e um consumo superior em ferro (90%). Com relação à ingestão de ferro dos jogadores da categoria juvenil, verifi ca-se que a maior parte (60%) atingiu um percentual maior do que o recomendado. Discussão Vários estudos realizados com atletas de futebol constata- ram que as gorduras têm importante participação na ingestão Tabela III - Análise da adequação do consumo de vitaminas. Vitaminas Adequação < 70 % Juvenil Infantil 70 – 80 % Juvenil Infantil 80 – 110 % Juvenil Infantil > 110 % Juvenil Infantil Vitamina C Vitamina B12 Vitamina B6 Vitamina A Vitamina B2 Vitamina B1 Vitamina E Niacina 80% 100% - 10% 40% 30% 70% 70% 20% 20% 30% 20% 20% - 30% 20% - - 20% - 10% 10% 10% 10% - - - 40% - - - 20% - - 10% 20% 30% 40% 10% - 20% 30% 30% 30% 20% 20% 30% 40% 20% - 70% 70% 20% 20% 10% 20% 60% 50% 40% 20% 60% 80% 40% 20% Tabela IV - Adequação do percentual de minerais. Minerais Adequação < 70 % Juvenil Infantil 70 – 80 % Juvenil Infantil 80 – 110 Juvenil Infantil > 110 % Juvenil Infantil Cálcio Cobre Ferro Folato Fósforo Magnésio Zinco 70% 80% 100% 100% - 10% 40% 50% 10% 20% 40% 10% 20% 10% - - - - - - 10% 10% 10% 10% 10% 30% - 20% 20% 20% - - 40% - 20% 30% 20% 20% 30% 30% 30% 30% 10% - - - 60% 90% 30% 10% 60% 50% 20% - 50% 40% Fisiologia v7n1.indb 13Fisiologia v7n1.indb 13 9/10/2008 17:00:199/10/2008 17:00:19 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 1 - janeiro/abril 200814 energética total desses atletas e ao mesmo tempo apresentam um baixo consumo de CHO [4,16,17]. Leblanc et al. [19], também verifi caram em seu estudo que a dieta dos atletas apresentava uma ingestão na proporção de macronutrientes ingeridos oriundas das gorduras (29,1 a 34,1% do VCT) e ao mesmo tempo baixa em carboidratos (48,5 a 56,6% do VCT). Ruiz et al. [18], estudando jogadores de 14 anos de idade, mostraram que a contribuição de CHO na ingestão de nutrientes encontrava-se em torno de 47,4%. Apesar dos carboidratos e gorduras serem quantitativa- mente os combustíveis preferenciais para o exercício, alguns tipos de atividades podem aumentar a oxidação de amino- ácidos, principalmente os de cadeia ramifi cada [22]. Como resultado do aumento da oxidação de aminoácidos, estes são irreversivelmente perdidos. No caso que esses aminoácidos não sejam repostos pela dieta, o processo normal de síntese protéica será prejudicado, o que resultaria em uma redução das proteínas corporais, podendo levar a uma perda crônica de massa muscular, que é relevante no desempenho do jogador de futebol [23]. Uma ingestão de 1,4 - 1,7 g/kg/dia de proteína estariaadequada para jogadores de futebol [21]. Outra recomendação seria de 12 – 15% da ingestão energética de proteínas para adolescentes esportistas [24], o que se pode observar na dieta da metade dos jogadores da categoria juvenil. A recomendação de consumo de gorduras na dieta é de 25 – 30% das calorias totais. Juntamente com o carboidrato, a gordura é a principal fonte de energia durante o exercício. O objetivo da utilização de gordura durante o exercício é poupar o uso do glicogênio muscular [25]. Neste estudo encontrou-se um consumo adequado de gordura em 60% dos jogadores da categoria juvenil, entretanto, metade dos jogadores da categoria infanto-juvenil teve uma ingestão abaixo do recomendado. A restrição excessiva do consumo de gorduras pode prejudicar o crescimento e desenvolvimento, por restringir o consumo energético e também a absorção de vitaminas lipossolúveis e carotenóides [26]. Em um estudo realizado com atletas nadadores com idades entre 13 e 21 anos [27], foi observado baixo consumo em vitamina A e elevada ingestão em ferro para os homens, dados que corroboram com os encontrados na presente pesquisa. Porém, a pesquisa realizada com atletas nadadores também constatou o consumo excedente em vitamina C, resultado esse que não foi verifi cado nesse estudo. Algumas vitaminas e minerais desempenham um papel chave no metabolismo energético [21]. A atividade física au- menta a necessidade do consumo de alguns destes nutrientes, o que pode ser alcançado mediante a ingestão de uma dieta adequada [11]. Estudos alertam que o aumento da ingestão de cálcio e vitamina E, diminui os efeitos provocados pelos radicais livres [28,29]. Ainda não há evidências científi cas de que a suplementação de vitaminas e minerais promova um efeito ergogênico para os atletas. No entanto, a suplementação pode ser útil quando houver necessidade de compensar dietas defi citárias devido a aspectos, como: estilo de vida, desgaste físico devido ao treinamento intenso, correção de inadequação nutricional, adequando às recomendações [10]. No estudo feito por Leblanc et al. [19], também foi cons- tatado um baixo consumo de cálcio e consumo satisfatório de ferro pelos atletas, igualmente encontrado no presente trabalho para as duas categorias de jogadores. Os estudos demonstram que a carência de cálcio pode levar à desmine- ralização óssea, havendo diminuição da calcemia, tornado os ossos mais predispostos à fraturas. A ingestão adequada de cálcio é importante para maximizar o depósito deste mineral do tecido ósseo [14]. Em outro estudo, realizado por Rico-Sanz et al. [5], foi verifi cado que as ingestões de cálcio também estavam abai- xo do recomendado, o que reforça a importância de se ter um maior cuidado com esse nutriente, já que a amostra da presente pesquisa é composta por adolescentes e, em média, essa população consome quantidades menores do que a recomendação. Considerando as limitações deste estudo na área da reposição hídrica, na utilização de suplementos por parte dos atletas analisados e nos níveis de maturação biológica, o estudo contribuiu para apontar problemas e soluções práticas relativos aos aspectos nutricionais dos atletas analisados. Conclusão Dentro dos objetivos propostos pelo estudo, foi possível constatar através dos resultados encontrados um elevado consumo de carboidratos, um baixo consumo de proteínas e gorduras dos jogadores da categoria infantil, sendo que a maioria destes obteve ingestão do valor calórico total acima do recomendado. Já nos jogadores da categoria juvenil, os percentuais de adequação de macronutrientes apresentaram- se dentro da normalidade e a ingestão do valor calórico total estava adequada em 40% da amostra. Com relação aos micronutrientes, os resultados das duas categorias foram muito semelhantes, verifi cando-se ingestão marginal (< 70%) de vitamina C, vitamina A, cálcio e cobre nas duas categorias. No entanto, houve um elevado consumo de ferro, também observado nas duas categorias. Esse con- sumo inadequado das vitaminas A e C pode comprometer o desenvolvimento ósseo, fazendo-se necessária uma interven- ção nutricional no sentido de garantir o crescimento de forma saudável desses atletas. Com base nesses resultados, é aconselhável uma educa- ção nutricional a esses jogadores de futebol, sugerindo uma adequação calórica, adequação dos macronutrientes, vita- minas e minerais, não apenas com o intuito de melhorar o desempenho esportivo, mas também para promover hábitos alimentares mais saudáveis que persistam no decorrer da vida desses jogadores. Fisiologia v7n1.indb 14Fisiologia v7n1.indb 14 9/10/2008 17:00:209/10/2008 17:00:20 15Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 1 - janeiro/abril 2008 Ainda é pequeno o número de estudos relacionados com atividades esportivas de adolescentes. Muitas das recomen- dações são originadas de estudos com adultos, o que reforça a necessidade de estudos direcionados para esta faixa etária. Portanto, sugere-se que novos estudos sejam realizados com o objetivo de difundir os conhecimentos referentes à nutrição aplicada ao esporte e em especial ao futebol. Referências Frisselli A, Mantovani M. 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Fisiologia v7n1.indb 15Fisiologia v7n1.indb 15 9/10/2008 17:00:209/10/2008 17:00:20 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 1 - janeiro/abril 200816 Artigo original Educação nutricional aplicada para nadadores infantis de um clube do município de São Paulo Nutritional education applied for young swimmers of a club in the city of São Paulo Juliana Oliveira Figueiredo*, Tatiana Akemi Kondo*, Eliane Araújo dos Santos Cristóvão*, Renata Furlan Viebig** *Graduandas do Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo-SP, **Nutricionista, Especialista em Nutrição Clínica, Doutoranda em Medicina Preventiva pela FMUSP, Docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo-SP Resumo Objetivo: Demonstrar, por meio de gincanas aplicadas à popu- lação estudada, como as atividades educativas são importantes para introduzir a educação nutricional de atletas infantis, especialmente para o incentivo ao aumento do consumo de frutas, verduras e legumes. Materiais e métodos: O estudo foi realizado com 30 nada- dores mirins e para estes foram aplicadas três gincanas educativas, focadas no tema “importância do consumo de frutas e hortaliças para nadadores”. Resultados: Na gincana sobre a importância das frutas, das perguntas realizadas durante a atividade houve 90% de acerto e 10% de erro, enquanto que na gincana sobre as verduras houve 75% de acerto e 25% de erro. Na gincana sobre legumes não houve perguntas. Conclusão: Quanto mais cedo forem instalados nas crianças fi sicamente ativas hábitos alimentares saudáveis, dire- cionados para o desempenho no esporte, maior a probabilidade de que permaneçam na vida futura como uma garantia de melhores resultados nos eventos competitivos. Palavras-chave: educação nutricional, criança, frutas, hortaliças, atividade física. Abstract Objective: To demonstrate through education activities how is important to introduce nutritional education for young athletes, especially as an incentive to increase fruits and vegetables intake. Materials and methods: Th e sample was composed by 30 swimming children and were applied three educative activities, with focus in the theme importance of fruit and vegetables consumption for swimmers. Results: In the activities about the importance of fruits, of the asked questions during the activity, we observed 90% correct and 10% incorrect, while in the activities about vegetables, 75% were correct and 25% incorrect. On the second part of the activity about vegetables we did not make any questions. Conclusion: Th e earlier the nutritional healthy patterns are installed in the physically active children, aiming at sport’s performance, more probability that these remain in future life, as a guarantee of better results in competitive events. Key-words: nutritional education, children, fruits, vegetables, physical activity. Recebido em 10 de janeiro de 2008; aceito em 15 de março de 2008. Endereço para correspondência: Juliana Oliveira Figueiredo, Rua Benedito Jacinto Mendes, 163, 03922-000 São Paulo SP, Tel: (11) 6705-0284, E-mail: ju.oliveira20@gmail.com Fisiologia v7n1.indb 16Fisiologia v7n1.indb 16 9/10/2008 17:00:209/10/2008 17:00:20 17Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 1 - janeiro/abril 2008 Introdução As crianças praticantes de atividades físicas necessitam de um maior cuidado com a alimentação, uma vez que esta deve suprir as necessidades da fase de desenvolvimento desses indivíduos, além de fornecer a energia adicional que é exigida pelo esporte [1,2]. A educação física tem forte ligação com a nutrição tanto na área de cunho mais pedagógico e escolar, como no trei- namento em esportes, visando alto rendimento ou mesmo a promoção da saúde [2]. Os atletas jovens comumente adotam comportamentos alimentares inadequados, os quais podem comprometer o estado nutricional destes, bem como seu desempenho no esporte [3]. Estudos mostram que os atletas não prestam atenção à alimentação, e consequentemente, prejudicam seu rendimento [4,5]. Geralmente, os indivíduos não pensam na alimentação como uma fonte de energia para a execução de suas atividades diárias, ou de nutrientes para a constituição do seu corpo, mas, fundamentalmente, em termos de prazer gustativo, olfatório e visual [6]. Assim, percebe-se que a maioria dos atletas ignora qual seria sua nutrição adequada [4,7,8]. Nos últimos anos, notou-se que no Brasil os padrões ali- mentares modifi caram-se, elucidando em partes o contínuo aumento de adiposidade nas crianças em geral, como o baixo consumo de frutas, hortaliças e leite, além do consumo eleva- do de guloseimas (bolachas recheadas, salgadinhos e doces) e refrigerantes, bem como a omissão do café da manhã [9]. Atualmente, estima-se que no Brasil o consumo de frutas e hortaliças seja inferior a metade do que é recomendado nu- tricionalmente [10]. Estes alimentos são fontes de vitaminas e minerais, os quais devem ter as necessidades atingidas com uma dieta quali-quantitativamente adequada, suprindo a demanda energética do treinamento [11]. Desta maneira, a escolha de uma alimentação adequada e principalmente equilibrada promove uma melhoria na res- posta fi siológica do indivíduo praticante de exercícios físicos. Assume-se, assim, que a prescrição dietética, de acordo com o gasto energético, sexo, idade, o calendário de competição e treinamento e o momento de ingestão de uma refeição apro- priada à prática desportiva, é essencial para a performance de atletas mirins [6]. Diante das práticas alimentares inadequadas destes indiví- duos, a educação alimentar e nutricional torna-se fundamental para converter os hábitos errôneos em saudáveis, propiciando conhecimento, principalmente, sobre as vantagens do consu- mo de frutas e hortaliças para a saúde [12]. O presente estudo objetivou demonstrar, através de ginca- nas aplicadas à população estudada, como as atividades edu- cativas são importantes para auxiliar na educação nutricional de atletas infantis, no incentivo ao aumento do consumo de frutas, verduras e legumes. Materiais e métodos O estudo foi realizado com 33 nadadores mirins, meninos e meninas, com idade entre 6 e 10 anos, das equipes competi- tivas de um importante clube do município de São Paulo. Foram aplicadas 3 gincanas visando a educação nutricio- nal dessa população, especifi camente educativas, focadas no tema “importância do consumo de frutas e hortaliças para nadadores”. A seguir, são descritos os procedimentos empregados em cada uma das atividades educativas empreendidas. Gincana das frutas Objetivo: Realizar a abordagem inicial do assunto consumo de frutas com os nadadores, mostrando a importância destes alimentos na alimentação
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