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CÂNCER BUCAL: TRATAMENTO E COMPLICAÇÕES Estadiamento O sistema pelo qual os carcinomas são definidos clinicamente é chamado Estadiamento e, no caso do carcinoma bucal, envolve três parâmetros: tamanho e extensão do tumor (T), a presença e extensão de linfadenopatias (N), e a presença ou ausência de metástases (M). Este sistema é conhecido como SISTEMA TNM. Depois de o tumor ser classificado no sistema TNM, os elementos prognósticos individuais do sistema podem ser agrupados para “estadiar” o tumor. Assim o estádio de um tumor dá ao clínico uma informação significativa sobre o curso da doença do paciente. Geralmente, quanto mais elevado o estádio, mais sombrio o prognóstico. A classificação do SISTEMA TNM tem como objetivos: 1. Facilitar a troca de informações entre os centros de tratamento 2. Auxiliar no plano de tratamento 3. Indicar o prognóstico 4. Auxiliar na avaliação dos resultados do tratamento Existe o estadiamento clínico designado por cTNM que é estabelecido a partir dos dados obtidos no: Exame Físico e Exames complementares (RX, TC, RM, Endoscopia, etc), e o estadiamento patológico designado por pTNM. Para o estadiamento patológico é necessário a ressecção do tumor (T) e ressecção dos linfonodos (N), ou seja é baseado nos achados obtidos durante a ressecção cirúrgica e análise histopatológica3. Obs. Procurar tabelas de estadiamento para complementar estudo Livros sugeridos: Neville et al., Patologia Oral e Maxilofacial COMPLICAÇÕES DO TRATAMENTO CONTRA O CÂNCER Mucosite O termo mucosite surgiu em 1.980 para descrever lesões ulcerativas na mucosa oral de pacientes passando por tratamento de radioterapia e quimioterapia. É atualmente considerada a mais severa e não hematológica complicação da terapia contra o câncer, afetando 40-80% dos pacientes passando por quimioterapia e quase todos os submetidos a radioterapia de cabeça e pescoço. As lesões orais levam a uma diminuição considerável da qualidade de vida dos pacientes, devido a disfagia, disartria, odinofagia, além de representar uma porta de entrada para infecções oportunistas. Como consequência ainda pode requerer a interrupção do tratamento e desta forma alterar todo o planejamento executado e o prognóstico para o paciente. Os sintomas para a mucosite oral variam desde uma ardência oral a uma dor severa até sangramentos espontâneos, o que pode interromper a alimentação e levar a caquexia. Vários autores atribuem a evolução da reação inflamatória no local da mucosite a uma condição sistêmica, especialmente contagem de células brancas do sangue dos pacientes durante o tratamento contra o câncer1. Xerostomia O principal efeito clínico da radiação nas glândulas salivares relaciona-se com a xerostomia. Na saliva ocorrem duas alterações principais. Na primeira, a consistência torna-se espessa, viscosa e semelhante ao muco, que pode ser consequência da eliminação da função serosa das glândulas salivares que, então, produzem apenas muco. Na segunda, o pH cai significativamente do normal para cerca de 6,75. A xerostomia afeta a capacidade funcional do paciente, especialmente durante a deglutição, formação do bolo alimentar, paladar e a capacidade de resistir à colonização bacteriana dos dentes. Assim os pacientes com xerostomia são propensos a formação de placa e ao acúmulo de resíduos, o que resulta em predisposição à cárie3. Cárie de radiação É caracterizada pelo surgimento de cáries rampantes em pacientes submetidos a radioterapia devido a uma combinação de fatores incluindo xerostomia, descalcificação acelerada dos dentes irradiados e higiene bucal descuidada. A degeneração e infecção da polpa é uma preocupação importante em relação à cárie de radiação3. Osteorradionecrose Sequela grave da radioterapia, ocorre quando há um espessamento fibroso dos vasos sanguíneos, substituição da medula por tecido conjuntivo, ausência subsequente de neoformação óssea e, consequentemente necrose óssea. O osso torna-se suscetível à infecção e com capacidade de reparação prejudicada. A morbidade associada com a osteorradionecrose pode incluir perda do osso afetado. Os três principais fatores de risco para o desenvolvimento da osteorradionecrose parecem ser a localização anatômica do tumor, a dose de radiação e o estado dentário do paciente. Noventa por cento dos casos de osteorradionecrose ocorrem na mandíbula. Pacientes dentados são mais propensos a desenvolver osteorradionecrose do que os pacientes desdentados. Para pacientes desdentados deve-se assegurar o uso de próteses atraumáticas, pois a osteorradionecrose pode ocorrer em áreas irritadas de apoio de próteses. Não se deve confeccionar novas próteses, especialmente para a mandíbula, enquanto o paciente estiver submetido à radioterapia, sendo melhor esperar 6 meses a um ano após o tratamento3. Avaliação do paciente pré-tratamento oncológico Avaliar restauração e próteses dentais buscando eliminar fontes de trauma mecânico Avaliação e tratamento de lesões cariosas Avaliação e controle de doença periodontal Avaliação e tratamento de dentes com comprometimento pulpar Controle rigoroso de placa bacteriana Extração de dentes que possam trazer danos futuros como dentes com cáries não restauráveis, dentes com lesões periapicais extensas, dentes impactados ou parcialmente irrompidos e raízes residuais4. Prevenção das complicações: Aconselhamento nutricional é importante para evitar a perda de peso e desidratação Evitar dieta cariogênica ou irritante para a mucosa, temperos e frutas cítricas, refrigerantes e bebidas com alto teor de ácido ou álcool. O tabagismo deve ser desencorajado Motivação de higiene bucal Pacientes com higiene bucal adequada são menos suscetíveis aos problemas associados ao tratamento de câncer do que os pacientes que descuidam da higiene oral. Controle de placa e aplicação de flúor profissional Controle de infecções fúngicas e bacterianas com o uso bochechos com anti-fúngicos e clorexidina 0,12% em solução aquosa. Controle da xerostomia com o uso de saliva artificial, gel umectante e bochechos com chá de camomila Controle do surgimento de lesões orais com o uso de gelo antes das sessões4. Referências 1- Campos MI, Campos CN, Aarestrup FM, Aarestrup BJ. Oral mucositis in cancer treatment: Natural history, prevention and treatment. Mol Clin Oncol. 2014 May;2(3):337-340. Epub 2014 Feb 7. Review. 2- Neville Brad W, Damm Douglas D, Allen Carl M, Bouquot Jerry E. Patologia oral e maxilofacial. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan SA; 2004. 3- Sonis Stephen T, Fazio Robert C, Fang Leslie. Princípios e prática de medicina oral. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan SA; 2004. 4- Ophir Ribeiro Júnior[a], Alexandre Meireles Borba[a], Jayro Guimarães Júnior. PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA MUCOSITE BUCAL: o papel fundamental do cirurgião-dentista – Revisão. Rev. Clín. Pesq. Odontol., Curitiba, v. 6, n. 1, p. 57-62, jan./abr. 2010.
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