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Hemostasia - Hemostasia é o processo fisiológico encarregado de “parar um sangramento” e iniciar o reparo tecidual. - Possui três processos: a hemostasia primária - que estanca o sangramento, pela formação do tampão ou trombo plaquetário - ,pela hemostasia secundária - que evita o ressangramento, pela ação de uma rede de fibrina (coágulo) que estabilizará o trombo; e pela hemostasia terciária - quando ocorre a retração do coágulo, lise pelo sistema fibrinolítico e reparação dos vasos. ● Componentes da Hemostasia - Ela inicia junto com a lesão vascular, com a exposição de certas camadas histológicas dos vasos. - Camada dos vasos: túnica íntima (subendotélio - colágeno, depósito do fator de Von Willebrand + células epiteliais), média (músculo liso + fibroblastos) e externa (conjuntivo + vaso vasorum - arteríolas do próprio vaso) - Células Endoteliais: superfície interna do vaso, impedindo a formação de trombos vasculares no estado fisiológico ( = superfície antitrombótica), pela ação de substâncias que regulam o tônus dos vasos - Vasodilatadores: óxido nítrico (estimulado por trombina e bradicinina - impede a adesão/ativação/agregação plaquetária) e prostaciclinas (estímulo da trombina/histamina/bradicinina, secretadas pelas células de endotélio e musculares lisas) - Vasoconstritores: endotelina (aumenta o influxo de Cálcio pro interior do músculo liso, aumentando o tônus) e fator ativador de plaquetas ou PAF (vasoconstrição e ativação plaquetária) - Plaquetas: fragmentos dos megacariócitos. - Funções: manutenção da hemostasia (adesão plaquetária ao endotélio), adesão a superfície endotelial danificada, ativação e secreção de pró-coagulantes que ativam outras plaquetas e pela agregação plaquetária. - Além de bicamada lipídica, as plaquetas possuem glicoproteínas (GP) que funcionam como receptores de membrana. São eles: - complexo GP IIb/IIIa: fibrinogênio, fator de Von Willebrand, fibronectina e vitronectina - GP Ia/IIa: colágeno - GP Ic/IIa: fibronectina - GP Ib/IX/V: fator de Von Willebrand (fvW) - A plaqueta tem actina e miosina em seu citoesqueleto, favorecendo a expressão plaquetária e secreção - No citoplasma delas, há mitocôndrias, lisossomos, corpúsculos densos (ricos em ATP, serotonina, histamina e cálcio) e grânulos alfa (fibrinogênio, fator V e XI, vitronectina e fvW. ● Hemostasia Primária: - Ativada com a lesão muscular. - Lesão → exposição do subendotélio (rico em colágeno e fvW). Ocorre a vasoconstrição reflexa do vaso e mais 3 etapas: - Adesão Plaquetária: com a lesão, ocorre a exposição de colágeno e fvW inativos.→ Proteases ativam essas duas moléculas (macromoléculas → micromoléculas). → Plaquetas circulantes aderem-se ao fvW (ligação fvW- GP Ib/X) e ao colágeno (ligação frágil, que pode ser desfeita com o fluxo sanguíneo). - Uma ligação mais forte e duradoura ocorre na ativação e agregação plaquetária. - O fluxo sanguíneo fica mais devagar próximo a parede do vaso, em relação ao centro = maior atrito entre as plaquetas = melhor adesão entre elas. - Ativação Plaquetária: adesão das plaquetas ao endotélio → ativação: liberação de agonistas plaquetárias (colágeno, ADP, trombina, epinefrina, serotonina, tromboxano-A2, vasopressina e Fator de ativação plaquetária) , que ligam-se aos receptores da proteína G das plaquetas → ativação das Fosfolipases C -> hidrólise de fostatidilinositol em IP3 (trifosfato inositol) e DGI (diacilglicerol) - O IP3 liga-se a receptores de membrana do sistema tubular denso, onde há armazenamento de Cálcio → mobilização do Cálcio e ativação de actina-miosina → liberação de novas plaquetas + ativação da fosfolipase A2 (início da liberação do ácido araquidônico) - Ácido araquidônico → tromboaxane A2 (agonista da ativação plaquetária) - Agregação Plaquetária: o DGI ativa a proteína-quinase C → alteração da conformação GP IIb/IIIa → possibilita a ligação do fibrinogênio (formado na hemostasia secundária). ● Hemostasia Secundária: ativação das proteínas plasmáticas → coágulo de fibrina. - Cascata de Coagulação: participam do processo íons cálcio e 11 proteínas (fatores de coagulação - maioria produzida no fígado) - Algumas proteínas dependem da vitamina K (II, VII, IX e X) - Fator I: fibrinogênio Fator II: protrombina Fator III: tromboplastina Fator IV: cálcio Fator V: proacelerina Fator VII: proconvertina Fator VIII: fator anti-hemofílico Fator IX: fator Christmas Fator X: fator Stuart Fator XI: antecedente tromboplastínico do plasma Fator XII:fator Hageman Fator XIII: fator de von Willebrand - Três vias: intrínseca e extrínseca, que in vivo acontecem simultaneamente e via comum. - Via intrínseca: somente pts plasmáticas, ativada por contato molécula-molécula (não é ativada por substâncias extravasculares). - Contato do sangue com superfícies negativas → ativação do fator XII (Hageman) pela CAPM → precalicreína (PK) → calicreína (K) = acelera a ativação do próprio fator XII (retroalimentação positiva). - Fator XIIa converte fator XI → Fator XIa + → Fator IXa + fator III plaquetário + íons Cálcio + fator VIIIa → fator Xa - Fator XIII ativado pela trombina - Via extrínseca: substâncias do sangue + substâncias extravasculares . - Fator Tecidual (TF), lipoproteína liberada a partir da lesão tecidual. - Fator VII se liga ao TF na presença de cálcio ionizado → VIIa. - Na superfície plaquetária: complexo TF-VIIa ativa o fator X → Xa (protrombinase) - Via Comum: tem como interseção a protrombinase ou fator Xa. - Fator Xa + fosfolipídeo plaquetário , cálcio ionizado e fator Va (cofator) → protrombina (II) convertido em trombina (IIa) - Trombina transforma o fibrinogênio plasmático (fator I) em monômeros de fibrina, que irão se combinar formando o polímero rede de fibrina (ou coágulo). - A trombina ainda ativa V, VIII e XIII e é um ativador plaquetário. - As ligações entre fibrinas são estabilizadas (tornam-se ligações covalentes) e enrijecidas pelo fator XIIIa (fator estabilizador de fibrina). - A rede de fibrina reveste o tampão plaquetário, finalizando o processo hemostático. ● Os anticoagulantes naturais: juntamente com o fatos das proteínas estarem inativadas sem um sangramento e as propriedades coagulantes do endotélio, esses inibidores fisiológicos são importantes para não haver formação e deposição de fibrina no intravascular no estado fisiológico do organismo. - Antitrombina III: liga-se e inativa os principais fatores de coagulação das vías intrínsecas e comum. Tem seu poder reforçado quando interage com a heparina. - Proteína C: ativada pela trombina, inativa fatores V e VIII. - Proteína S: aumenta o efeito da C. - A síntese de Proteína C e Proteína S no hepatócito dependem da vitamina K. - TFPI: inibe o complexo TF-VIIa ● Sistema Fibrinolítico: - O tampão hemostático (trombo), já começa a ser dissolvido assim que formado pelo sistema fibrinolítico endógeno. - Liberação de tPA (ativador do plasminogênio tecidual) pelo endotélio = plasminogênio → plasmina (enzima proteolítica). - A plasmina degrada os polímeros de fibrina, formando os PDF (produtos de degradação de fibrina) que sofrem ação dos macrófagos locais. - Plasmina em excesso: degradação do fibrinogênio e fatores V, VIII e XIII - A plasmina é degradada pela alfa2-antiplasmina , e o tPA é pelo PAI-1. . LORENZI, T. Manual de Hematologia –propedêutica e clínica.3ª ed., Atheneu: 2003. 3. GODMAN, C. Tratado de Medicina Interna. 21ªed., Guanabara: 2001. ZAGGO. Fundamentos de Hematologia. 19ª ed., Atheneu: 2001 Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros; Yuri Leite Eloy – HEMATOLOGIA – MEDICINA P8 – 2011.1
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