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METABOLISMO DE CARBOIDRATOS EM RUMINANTES PROF. DR. JEFFERSON GANDRA Carboidratos (CHO´s) Na média contribuem com 70 a 80% da matéria seca da dieta CHO´s = fonte primária de energia para microorganismos do rúmen Dividos em 2 categorias: Estruturais (Fibrosos) = CE ou CF Não Estruturais (Não Fibrosos) = CNE ou CNF (NFC, inglês) Estruturais - compostos por: Celulose Hemicelulose Lignina Não Estruturais - compostos por: Amido Açúcares (em geral) 2-) Metabolismo de Carboidratos Açúcares são encontrados naturalmente nas células de crescimento das plantas Amido = forma armazenada de energia na maioria dos grãos de cereais CHO´s estruturais são aqueles que conferem rigidez à estrutura da planta (parede celular) Lignina – não é um CHO, mas é classificada como componente estrutural (associada à rigidez e proteção da planta) Digestão: CHO´s estruturais e não estruturais Estruturas Complexas = convertidas via fermentação ruminal Ataque microbiano = Ácidos Graxos Voláteis (AGV´s) AGV´s = 60 a 80% do requerimento em energia dos ruminantes São absorvidos no rúmen e transportados pela circulação sanguínea até o fígado, glândula mamária e tecidos Produtos da digestão de CHO´s (principais): Ácido Acético Acido Propiônico Ácido Butírico A produção destes ácidos varia de acordo com a composição do alimento ingerido Alimentos ricos em fibra (CHO´s fibrosos): • Promovem crescimento de bactérias celulolíticas • Maior formação de ácido acético • Acido acético = precursor de gordura no leite (aumenta) • Promovem aumento na formação de ácido butírico Alimentos ricos em amido (CHO´s não fibrosos): • Maioria dos grãos (cereais = ricos em amido) • Promovem crescimento de bactérias amilolíticas • Aumenta produção de ácido propiônico • Ácido propiônico = precursor de glicose (fígado) • Aumenta produção de ácido lático • Se fornecido em excesso pode haver queda de pH ruminal 2-) Metabolismo de Carboidratos CHO´s CHO´s AGV´s: Acético Propiônico Butírico Fígado GLICOSE LACTOSE Padrão de fermentação dos carboidratos no rúmen: Glicose, Frutose, Sacarose – Imediata Maltose, Lactose, Galactose – Rápida Amido – Velocidade intermediária Celulose e Hemicelulose – Lenta Lignina e Pectina – Muito lenta CARBOIDRATOS PARA RUMINANTES: No rúmen, os carboidratos sofrem dois processos: 1. Hidrólise 2. Fermentação Ácidos Graxos Voláteis (AGV’s) Cadeias < 10 C: Acético 2C Propiônico 3C Butírico 4 C Ponto de fusão entre 60 e 70ºC Provenientes de: Fermentação microbiana Alimentos previamente fermentados (silagens) 1. Dieta. Variação na composição dos carboidratos 1.a. Celulose Predomina ácido acético 1.b. Amido Predomina ácido propiônico 1.c. Proteína Predomina ácido butírico Concentração de AGV no rúmen depende de: Alto nível de ingestão » Baixa conc. de ác. acético Baixo nível de ingestão» Alta conc. de ác acético Alto tempo de retenção ruminal 2. Nível de ingestão. Relacionado ao tempo de retenção Concentração de AGV no rúmen depende de: AGV pH Acético 6,0 - 7,0 Propiônico Pico - 5,9 Butírico Pico - 5,5 Láctico < 5,0 3. pH: Concentração de AGV no rúmen depende de: Produção de AGV no rúmen: AGV ruminal (concentração molecular) Acétic o Propiônic o Butíric o Outros Capim verde 54 23 16 2 Capim desidratado 58 22 9 2 Palha de trigo 65 22 9 3 Feno de alfafa 67 22 7 4 Concentrado 57 24 10 5 Silagem 74 17 6 3 Fonte: BRIGGER (1984) Rúmen Parede do Rúmen Sangue Portal Fígado Sangue Periférico Acetato Acetato Acetato Acetato Acetato Propio- nato Lactato Lactato Lactato X Butirato β - OH Butirato β - OH Butirato β - OH Butirato β - OH Butirato Forma de transporte dos AGV’s CELULOSE: Celulases microbianas: Endo β 1,4 glucanases (no meio da cadeia) Exo β 1,4 glucanases (nas pontas da cadeia) β 1,4 glucanases (fazem a quebra independente da posição) HEMICELULOSE: Hemicelulases microbianas: Endo β 1,4 xilanases (no meio da cadeia) Exo β 1,4 xilanases (no meio da cadeia) - L » arabinofuranosidase Acetato • A formação de acetato a partir de piruvato na fermentação bacteriana é mostrada na Entre os produtos da fermentação ruminal, o acetato é o menos reduzido e sua formação determina o máximo de rendimento em ATP para a bactéria • A oxidação completa de uma molécula de glicose para acetato resulta na formação de dois acetatos e quatro moléculas de ATP Acetato Propionato • O propionato pode ser formado por duas rotas diferentes: a do succinato ou do acrilato. • Muitas espécies bacterianas ruminais são hábeis em produzir succinato, mas somente algumas poucas descarboxilam succinato via succinil-Scoa. Propionato • A formação de propionato pela rota do acrilato não envolve síntese de ATP. • As bactérias produzem propionato por esta rota metabólica a partir de lactato liberado no rúmen por outras espécies Propionato Propionato Butirato • Muitas espécies bacterianas produzem butirato, mas existem algumas bactérias ruminais que são especialmente produtoras deste AGV, em que a síntese, nestas últimas, não são influenciadas pela pressão de H2 Butirato Metano • A produção de metano no rúmen tem grande efeito sobre os produtos finais • da fermentação, como também sobre a produção de ATP. • As metanógeneas estão envolvidas na produção de hidrogênio e na redução de dióxido de carbono. Metano • O formato também serve como substrato das metanogênicas ruminais, mas, grande parte do formato é transformado em hidrogênio e dióxido de carbono. • Outros substratos utilizados em pequenas quantidades são: o acetato, pequenos álcoois e pectina 1. Presença de carboidratos de fácil fermentação: Nível baixo de energia: Favorece o desenvolvimento rápido dos microrganismos celulolíticos Sacarose (1 a 3%) favorece em 9% Nível alto de energia: Aumento nos teores de carboidratos solúveis, e o pH desfavorece microrganismos celulolíticos. FATORES QUE AFETAM A DEGRADABILIDADE DA CELULOSE E HEMICELULOSE: 2. Presença de compostos nitrogenados: Estimula a síntese de proteína microbiana. 3. Teores de minerais: Deficiência de Enxofre e Fósforo FATORES QUE AFETAM A DEGRADABILIDADE DA CELULOSE E HEMICELULOSE: Principais locais de degradação das frações fibrosas Celulose Rúmen 70% IG 30% Hemicelulose Rúmen 70 – 75% IG 25 – 30% Pectina Rúmen 100% Tabela 04: Efeito do conteúdo de lignina e de fibra na degradabilidade de forragens. Proteína (%) Lignina (%) FibraBruta (%) Degradabilidade (%) MO PB 19.2 3.9 22.1 80 77 16.2 6.0 27.5 70 74 12.4 7.1 27.3 65 65 11.8 7.9 27.7 61 62 11.7 9.0 30.3 55 64 Fonte: COELHO da SILVA & LEÃO (1985) PRODUÇÃO DE GLICOSE NO FÍGADO • A maior parte do propionato é convertida em glucose no fígado. • O fígado pode utilizar aminoácidos para a síntese de glicose. • Este é um processo muito importante, pois normalmente nenhuma glicose é absorvida pelo trato digestivo e todo o açucar encontrado no leite (cerca de 900 g para cada 20 kg de leite) precisa ser produzido no fígado. PRODUÇÃO DE GLICOSE NO FÍGADO • Uma exceção acontece quando as vacas são alimentadas com concentrados ricos em amido ou uma fonte de amido resistênte à fermentação ruminal. • O amido escapa da fermentação ruminal e alcança o intestino delgado. • A glicose formada durante a digestão intestinal é absorvida, transportada para o fígado e contribui para o suprimento de glicose para a vaca. PRODUÇÃO DE GLICOSE NO FÍGADO • O lactato é outra possível fonte de glicose para o fígado. • O lactato é e silagens bem preservadas, mas o lactato é produzido no rúmen quando há um excesso de amido sendo fornecido para a vaca. • Isto não é desejável, pois o ambiênte ruminal se torna ácido, a fermentação das fibras não acontece adequadamente e em casos extremos a vaca para de se alimentar. SÍNTESE DE LACTOSE E GORDURA DO LEITE • Durante a lactação, a glândula mamária têm uma grande necessidade de glicose, que é utilizada principalmente na formação da lactose (açucar do leite). • A quantidade total de lactose sintetizada no úbere esta intimamente associada com a quantidade de leite produzida por dia. SÍNTESE DE LACTOSE E GORDURA DO LEITE • A concentração de lactose no leite é relativamente constante e a água é adicionada à lactose até que sua concentração seja cerca de 4.5%. • A produção de leite de uma vaca é fortemente influenciada pela quantidade de glicose que pode ser produzida pelo propionato ruminal. SÍNTESE DE LACTOSE E GORDURA DO LEITE • A glicose é convertida em glicerol, que será utilizado para a produção da gordura do leite. • O acetato e o β-hidroxibutirato são usados para a formação de ácidos graxos que ficarão aderidos ao glicerol na formação da gordura do leite. SÍNTESE DE LACTOSE E GORDURA DO LEITE • A glândula mamária sintetiza ácidos graxos saturados que contém de 4 a 16 carbonos (ácidos graxos de cadeia curta). • Cerca de metade da gordura presente no leite é produzida na glândula mamária. • A outra metade vêm dos lipídeos na dieta, incluindo uma pequena porção de ácidos graxos insaturados com mais de 18 carbonos (ácidos graxos de cadeia longa). Efeito da composição da dieta no AGV do rúmen e na produção do leite.
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