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Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 1 de 73 PERÍCIAS DE ENGENHARIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL – ESTUDO DE CASO – Maria Izabel Millani Presotto (Engenheira Civil); belmariaizabel@hotmail.com Camila R. Eberle (Engenheira Civil, Faculdade Educacional de Francisco Beltrão). Regina De Toni (Engenheira Civil, Faculdade Educacional de Francisco Beltrão). Francisco Trevisan (Engenheiro Civil, Faculdade Educacional de Francisco Beltrão). Resumo: O trabalho teve como tema a perícia em obras de engenharia civil, com o objetivo de esclarecer o processo da perícia na construção, considerando seus aspectos técnicos e legais. Especificamente, conhecer os requisitos básicos para concepção de um laudo pericial e apresentar um estudo de caso listando os problemas patológicos identificados, assim como as possíveis soluções a serem adotadas para a sua recuperação. Inicialmente, na revisão de literatura, apresentam-se as terminologias básicas e conceitos diversos de autores que militam pela Engenharia Legal. Prossegue com um breve histórico e conceituação da perícia, a qual abrange a Engenharia Diagnóstica, mostrando ser, juntamente com a Engenharia de Avaliações, um dos pilares da moderna Engenharia Legal. Posteriormente, desenvolvem-se os diversos tipos de ações da perícia; de que modo ela pode ser utilizada como meio de prova; o campo de trabalho e a atribuição profissional com opções de atuação do Engenheiro Legal e legislação específica; definição e ética do perito, seus direitos e deveres; o papel do assistente técnico durante as fases do processo pericial; exposição da perícia no Código de Processo Civil (CPC), abrangendo a nomeação do perito, quesitos, realização da perícia, laudo, esclarecimentos, inspeção judicial, prazos, jurisprudência e o Processo Judicial Digital (PROJUDI); fixação dos honorários periciais; inspeção predial; compreensão sobre as patologias encontradas nas construções; comparação (diferença) entre manutenção preventiva e corretiva e, por fim, apresentação de um estudo de caso, contendo seus resultados e considerações. Para efetivar o relato de caso, selecionou-se a obra Unidade de Saúde Familiar de Realeza, por ser de fácil acesso ao (a) seu (sua) executor (a) e pelas inúmeras patologias que, após a realização da perícia e verificação minuciosa da edificação em análise, puderam ser identificadas. É possível recomendar a importância da discussão sobre o processo de projeto, suas etapas e desenvolvimento. Por meio da perícia e exibição do laudo técnico, juntamente com a colaboração do relatório fotográfico, possibilitou-se reconhecer as principais origens e causas do aparecimento de patologias nos processos construtivos, bem como sugerir técnicas de reabilitação para atingir a melhoria e prolongar a vida útil da construção. Diante disso, conclui-se que a melhor contribuição para redução do índice de patologias e maior durabilidade das edificações é a de que haja coerência e qualidade no projeto e execução, aliados a manutenção e conservação da estrutura. Palavras-chave: Engenharia civil; Laudo; Patologia; Manutenção. Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 2 de 73 INVESTIGATION IN CIVIL ENGINEERING – STUDY CASE – Abstract: The work had as its theme the inspection of civil engineering structures, with the aim of clarifying the process of the inspection in buildings, considering its technical and legal aspects. Specifically, knowing the basic requirements for the design of an expert witness report and presenting a case study listing the identified pathological problems, as well as the possible solutions to be adopted for their restoration. Initially, in the review of literature, the basic terminologies and the several conceptions of the authors that practice Legal Engineering are presented. It proceeds with a brief historic and the investigation conceptualization, which encompasses the Diagnostic Engineering, proving to be, along the Evaluation Engineering, one of the pillars of the modern Legal Engineering. Afterwards, many kinds of actions of the investigation have been developed; in such a way it can be used as a means of proof; the working field and the attributions extended to professionals with the Legal Engineer’s career options and specific legislation; expert witness definition and ethics, their rights and duties; the technical assistant’s role during the steps of the investigation process; presenting the investigation in the Civil Procedure Code (Código de Processo Civil – CPC), encompassing the expert witness nomination, requirements, the investigation conduction, the expert witness report, clarifications, official inspection, deadlines, jurisprudence and the Official Digital Process (Processo Judicial Digital – PROJUDI); the expert’s fees setting; land inspection; comprehension of the pathologies found in buildings; difference between preventive and corrective maintenance and at last the presentation of a case study which contains its results and considerations. This report has become effective by selecting the Family Health Unit building from the city of Realeza, for providing an easy access to its executor and for the several pathologies that have been identified after the investigation and strict verification of the building under analysis. It is possible to recommend the importance of the discussion of the project process, its steps and development. Through the investigation and the display of the expert witness report, along the photographic report cooperation, it was possible to recognize the main origins and causes of the appearance of pathologies in the constructive process, as well as suggesting rehabilitation techniques to achieve improvements and extending the service time of the building. Therefore, the conclusion is that the best contribution for the decrease in pathologies rate and more service time of the buildings is the consistency and quality of the project and its execution, allied to the maintenance and conservation of the structure. Keywords: Civil Engineering; Expert witness report; Pathology; Maintenance. 1. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, devido ao aumento do crédito imobiliário e programas governamentais de fomento para desenvolvimento da infraestrutura do país, ocorreu um crescimento inesperado na atividade da construção civil. Desse modo, acresceram-se também as oportunidades de trabalho neste mesmo setor. Juntamente a isso, houve um maior Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 3 de 73 surgimento de profissionais e empresas sem a qualificação necessária para atender ao desempenho desejado na atividade, elevando o índice de obras que apresentam riscos patológicos, gerando uma grande demanda da execução de perícias. Sendo assim, o presente trabalho tem o propósito de estudar o processo de perícia em obras de engenharia civil, levando-se em conta aspectos técnicos e legislação. A escolha do tema abordado deve-se ao fato de que, segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), resolução nº 345, de 27 de julho de 1990, a perícia em engenharia é a atividade que envolve a apuração das causas que motivaram determinado evento, onde se faz necessária a elaboração de um laudo, que é a peça técnica na qual um perito ou profissional habilitado relata o que observou apresentando suas conclusões. Pode- se avaliar, também, o valor de coisas ou direitos. Por ser um assunto pouco debatido e pelo nível de importância que ele representa no âmbito da engenharia civil, onde o sucesso do empreendimento pode enaltecer o profissional responsável ou depreciá-lo no meio técnico, justifica-seinteiramente a realização deste estudo. As diretrizes metodológicas para findar esta pesquisa tiveram por base o tipo exploratório (onde foram selecionados autores relacionados à problemática), e documental (desempenhada em livros, artigos científicos e Internet.), visando o embasamento teórico ao trabalho. Para o desenvolvimento deste tema seguiu-se sete etapas fundamentais: introdução; objetivos geral e específico; revisão de literatura; material e métodos; resultados e discussão e conclusão em relação ao assunto. Após pesquisa bibliográfica a respeito, este estudo, baseando-se no desempenho da edificação, contribuirá para que a identificação das anomalias e/ou defeitos seja explicitada de maneira cognoscível, contando com avaliação técnica por parte do perito (engenheiro civil). 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Código Civil - Garantia Legal Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002: Institui o Código Civil: Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 4 de 73 prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo. Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito. 2.2 Conceitos Básicos 2.2.1 Terminologias Referentes às Perícias de Engenharia na Construção Civil 2.2.1.1 Ação Judicial (1) Faculdade de invocar o poder jurisdicional do Estado para fazer valer um direito que se julga ter; meio processual pelo qual se pode reclamar à justiça o reconhecimento, a declaração, a atribuição ou a efetivação de um direito, ou ainda, a punição ao infrator das leis penais (DICIONÁRIO AURÉLIO, 1986, apud TAKAHASHI, 2002, p.10). (2) Instrumento que o Estado coloca à disposição dos litigantes, com a intenção de administrar a justiça (MAIA NETO, 1999). 2.2.1.2 Anomalia (1) Irregularidade, anormalidade, exceção à regra (ABNT, NBR 13752, 1996). (2) Idem. Pode ser endógena, oriunda da própria edificação; natural, de fenômenos da natureza; funcional, originária do uso; e exógena, fatores externos, provocados por terceiros (IBAPE/SP, 2002). 2.2.1.3 Arbitramento (1) “Avaliação ou estimação de bens, feitos por árbitro ou perito nomeado pelo juiz” (FIKER, 1989 apud OLIVEIRA, 2009, p.11). (2) Este tipo de atividade envolve a tomada de decisão ou posição entre as alternativas tecnicamente questionáveis ou que decorrem de aspectos intangíveis (ABNT, NBR 13752, 1996). Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 5 de 73 2.2.1.4 Assistente Técnico (1) Profissional legalmente habilitado pelos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, indicado e contratado pela parte para orientá-la, assistir aos trabalhos periciais em todas as suas fases da perícia e, quando necessário, emitir seu parecer técnico (ABNT, NBR 13752, 1996, p.2). (2) “É o auxiliar da parte, aquele que tem por obrigação concordar, criticar ou complementar o laudo do perito, através de seu parecer (...)” (MAIA NETO, 1997, apud VIVIAN, 2005, p.2). 2.2.1.5 Avaliação (1) Atividade que envolve a determinação técnica do valor quantitativo, qualitativo, ou monetário de um bem para uma data e um lugar determinado (IBAPE/SP, 2002). (2) Ato de avaliar; valor determinado por peritos, apreciação (DICIONÁRIO DO AURÉLIO ONLINE, 2008 - 2016). 2.2.1.6 Benfeitoria (1) “Obras ou serviços que se realizam em um móvel ou imóvel com o intuito de conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo, incorporados permanentemente ao bem ou ao solo pelo homem, que não podem ser retirados, sem destruição, fratura ou dano” (ABNT, NBR 13752, 1996, p.2). (2) Obra útil realizada em uma propriedade, com o propósito de conservá-la ou valorizá-la (ECIVILNET.COM, 2000 - 2016). 2.2.1.7 Código Civil (1) Lei do direito material, ou seja, regula os próprios bens da vida (FIKER, 2008). (2) O Código de Processo Civil fixa as regras dos procedimentos para o andamento do processo (FIKER, 2001 apud OLIVEIRA, 2009). Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 6 de 73 2.2.1.8 Concessão (1) De acordo com o artigo 175 da Constituição Federal (1988), é incumbido ao Poder Público, na forma da lei, a exploração de bens e/ou serviços. (2) “Ato do poder público destinado a permitir a exploração comercial de serviço, de minério ou de indústria, que seja legalmente de sua atribuição” (IBAPE/SP, 2002, p.5). 2.2.1.9 Conservação Segundo a NBR 13752 (ABNT, 1996, p.3), conservação é o “ato de manter o bem em estado de uso adequado à sua finalidade, que implica maiores despesas que as de uma simples manutenção”. 2.2.1.10 Construção (1) Edifício de obra de engenharia, em fase de elaboração ou construção (ENGENHARIACIVIL.COM, 2001 - 2016). (2) “Ato, efeito, modo ou arte de construir” (ABNT, NBR 13752, 1996, p.3). 2.2.1.11 Construir Edificar: conjunto de materiais e serviços sendo ordenado conforme projeto, objetivando sua transformação em um bem (ABNT, NBR 13752, 1996). 2.2.1.12 Custo (1) “Total dos gastos diretos e indiretos necessários à produção, manutenção ou aquisição de um bem, numa determinada data e situação” (ABNT, NBR 14653-1, 2001, p.3). (2) Quantia que determinada coisa custa. O que se paga por ela (DICIONÁRIO DO AURÉLIO ONLINE, 2008 - 2016). 2.2.1.13 Dano Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 7 de 73 (1) Ofensa ou diminuição do patrimônio moral ou material de alguém (ABNT, NBR 13752, 1996). (2) Prejuízo causado a outrem pela ocorrência de vícios, defeitos, sinistros e delitos, entre outros (ABNT, NBR 14653-1, 2001). 2.2.1.14 Defeitos A NBR 13752 define que os defeitos são Anomalias que podem causar danos efetivos ou representar ameaça potencial à saúde ou à segurança do usuário, decorrentes de falhas do projeto ou execução de um produto ou serviço, ou ainda, de informação incorreta ou inadequada de sua utilização ou manutenção. (ABNT, 1996, p.3) 2.2.1.15 Degradação Desgaste dos componentes e sistemas das edificações em decorrência do efeito de intempéries, uso e interferências do meio (IBAPE/SP, 2002). 2.2.1.16 Depreciação (1) “Perda de valor de um bem, devido a modificações em seu estado ou qualidade” (ABNT, NBR 14653-1, 2001, p.4). (2) Rebaixar o valor de; não dar ou não se dar o seu devido valor (DICIONÁRIO DO AURÉLIO ONLINE, 2008 - 2016). 2.2.1.17 Engenharia Legal (1) A NBR 14653-1 (ABNT, 2001, p.4) especifica que a engenharia legal é a “parte da engenharia que atua na interface técnico-legal envolvendo avaliações e toda espécie de perícias relativas a procedimentos judiciais”. (2) Ramo de especialização da engenharia dos profissionais que possuem registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), atuando na interface direito/engenharia, colaborando com juízes, advogados e as partes, para esclarecer aspectos técnico-legais envolvidos em processos (DEUTSCH, 2011). Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 8 de 73 2.2.1.18 Engenharia de Avaliações (1) Especialidade da engenhariaque reúne um conjunto amplo de conhecimentos na área de engenharia, arquitetura e outras áreas das ciências sociais, exatas e da natureza. Seu objetivo é determinar tecnicamente o valor de um bem (DANTAS, 2012). (2) “Conjunto de conhecimentos técnico-científicos especializados, aplicados à avaliação de bens” (ABNT, NBR 14653-1, 2001, p.4). 2.2.1.19 Exame “Inspeção, por meio de perito, sobre pessoa, coisas, móveis e semoventes, para verificação de fatos ou circunstâncias que interessem à causa” (ABNT, NBR 13752, 1996, p.4). 2.2.1.20 Inspeção (1) “Avaliação do estado da edificação e de suas partes constituintes, realizada para orientar as atividades de manutenção” (ABNT, NBR 5674, 1999, p.2). (2) Exame detalhado; vistoria; tribunal, junta ou repartição pública, incumbida de fiscalizar, inspecionar ou dar parecer sobre determinados assuntos (DICIONÁRIO DO AURÉLIO ONLINE, 2008 - 2016). 2.2.1.21 Laudo (1) Parecer técnico escrito e fundamentado, no qual o perito relata o resultado de exames e vistorias, assim como eventuais avaliações realizadas (IBAPE/SP, 2002). (2) Peça na qual profissional habilitado (perito) relata o que observou e apresenta as suas conclusões ou avalia, essencialmente, o valor de coisas ou direitos (ABNT, NBR 13752, 1996). 2.2.1.22 Manutenção Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 9 de 73 (1) “Conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas partes constituintes de atender as necessidades e segurança dos seus usuários” (ABNT, NBR 5674, 1999, p.2). (2) Ações preventivas ou corretivas necessárias para preservar as condições normais de utilização de um bem (IBAPE/SP, 2002). 2.2.1.23 Patologia (1) Parte da engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as causas e origens dos defeitos nas construções civis. Resumindo, é o estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema (OLIVEIRA, 2013). (2) “A patologia construtiva é o estudo que se ocupa da natureza das modificações estruturais e/ou funcional, produzindo anomalias construtivas” (IBAPE/SP, 2002, p.17). 2.2.1.24 Parecer Técnico (1) Seu objetivo é verificar o laudo oficial, de forma clara e objetiva, visando esclarecer a verdade acima dos interesses das partes (FIKER, 2009). (2) Opinião, sugestão ou esclarecimento técnico emitido por profissional legalmente habilitado de acordo com assunto de sua especialidade (ABNT, NBR 13752, 1996). 2.2.1.25 Perda (1) Prejuízo material ou financeiro, privação ou desaparecimento da posse ou da coisa possuída (ABNT, NBR 13752, 1996). (2) Carência, privação do que se possuía. Extravio, desaparição. Dano, prejuízo (DICIONÁRIO DO AURÉLIO ONLINE, 2008 - 2016). 2.2.1.26 Perícia “Atividade técnica realizada por profissional com qualificação específica, para averiguar e esclarecer fatos, verificar o estado de um bem, apurar as causas que motivaram Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 10 de 73 determinado evento, avaliar bens, seus custos, frutos ou direitos” (ABNT, NBR 14653-1, 2001, p.5). 2.2.1.27 Perito A definição do glossário IBAPE/SP (2002, p.17) para perito é apresentada como “profissional legalmente habilitado, idôneo e especialista, convocado para realizar uma perícia”. 2.2.1.28 Projeto (1) A NBR 5674 (ABNT, 1999, p.2) estabelece a definição de projeto como “descrição gráfica e escrita das características de um serviço ou obra de engenharia ou de arquitetura, definindo seus atributos técnicos, econômicos, financeiros e legais”. (2) Determina o plano geral para edificar, compreendendo informação característica para a concretização (ENGENHARIACIVIL.COM, 2001 - 2016). 2.2.1.29 Prova (1) Conjunto de fatos que, objetivamente, devem ser apresentados de forma a convencer o juiz (MENDONÇA, 1999). (2) Cuida para estabelecer a verdade de um fato ou de alegação. Testemunha, indício, sinal (DICIONÁRIO DO AURÉLIO ONLINE, 2008 - 2016). 2.2.1.30 Quesitos (1) São perguntas escritas e articuladas que os advogados das partes, e algumas vezes juízes e promotores de justiça, formulam relativamente aos fatos objeto da perícia, no sentido de melhor elucidá-los ou encaminhar os fatos levantados no curso do processo (CURI, 1998 apud TAKAHASHI, 2002, p.21). (2) Bustamante (1996) define quesitos como “Questionamentos dirigidos aos peritos e assistentes técnicos, pelos quais se dará o balizamento da perícia.” 2.2.1.31 Vistoria Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 11 de 73 (1) Exame rigoroso e descrição minuciosa de um imóvel, objetivando a elaboração de avaliação (ABNT, NBR 8951, 1985). (2) Apuração local de fatos, por meio de observações fundamentadas em um bem e nos elementos e condições que o constituem ou influenciam. (ABNT, NBR 14653-1, 2001). 2.3 Considerações 2.3.1 Histórico da Perícia Nos primórdios a perícia não existia, pois no Império não admitiam a necessidade de qualquer tipo de auxílio para as tomadas de decisões. Porém, no período republicano a prática pericial começou a se fazer presente no Brasil (TAKAHASHI, 2002). Deutsch (2011), em seu livro, relata que com o surgimento da industrialização e a modificação da legislação em vigor, nasce à nova Constituição e democratização brasileira, iniciando assim um renovado período judicial, com a introdução das perícias. Não se pode historiar perícia de engenharia no Brasil sem comentar sobre sua precursora, a perícia de avaliações. A Engenharia de Avaliações aparece nacionalmente em 1850, quando de fato surge o interesse pela propriedade privada sobre a terra com a promulgação da Lei das Terras (Lei nº 601, de 18 de setembro de 1850). Em 1918, o engenheiro Vitor da Silva Freire já abordava conceitos relacionados ao máximo rendimento do espaço e argumentos sobre profundidade dos terrenos. Enquanto atuava como engenheiro avaliador, em 1928, o engenheiro Luís Carlos Berrini desenvolvia seus estudos avaliativos, resultando nas primeiras publicações na Revista Engenharia, entre 1936 e 1938. Na década de 1930 regulamentou-se o exercício profissional de engenheiros, arquitetos e agrimensores, por meio do Decreto Federal nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933. A partir deste Decreto houve a atribuição dos referidos profissionais para elaboração de perícias e arbitramentos. No ano de 1939, quando se estabelece o Código Civil, são previstos, por meio dos artigos, a nomeação de um perito do juiz e dos assistentes técnicos, designados ou não pelas partes, nas ações judiciais. Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 12 de 73 A primeira norma sobre avaliações de imóveis aparece em 1952. Já em 1949 surge a ideia de se fundar a Oficina Permanente Panamericana de Valuaciones, hoje conhecida como UPAV (Union Pan Americana de Valuación). Esse órgão tem como objetivo a congregação das associações de avaliadores existentes nas Américas. Em 1953 é fundado o Instituto de Engenharia Legal no Rio de Janeiro. E em 1954, por iniciativa de Hélio de Caíres, foi criado, em São Paulo, o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia – IBAPE. Este Instituto tem representatividade em entidades como: CIDADEC (Confederation Internationale Des Associations D’Experts Et de Conselis); FVC (International Valuation Standards Committee); SIAE (Societas Internationallis Aestimationum); e UPAV. A partir de 1970, iniciaram-se os Congressos na área. Já noprimeiro Congresso Nacional foi publicada a primeira Norma para Avaliação de Imóveis Urbanos (NBR 502/1977). No ano de 1978 fundou-se a Associação Brasileira de Entidades de Engenharia de Avaliações e Perícias – ABRAP, reunindo todos os institutos regionais da época. Em 1995 o IBAPE e a ABRAP se uniram, formando assim o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia Nacional, que agrega os Institutos Estaduais filiados, formados por engenheiros, arquitetos, agrônomos e empresas que atuam nesta área de Avaliações e Perícias de Engenharia. A datar 2001, entra em vigor a norma ABNT NBR 14653 – “Avaliação de Bens”, onde todas as normas existentes foram unificadas abrangendo partes específicas: imóveis urbanos e rurais, empreendimentos, máquinas, equipamentos, instalações e bens industriais. 2.3.1.1 Perícias Técnicas Conforme Deutsch (2011), até 1990 as perícias de engenharia tinham enfoque na área de avaliações. A modernização das cidades gerava um alto número de ações de desapropriação fundamental para o desenvolvimento urbano. As perícias técnicas ordinárias (referentes às patologias, discordância de contratos, obras irregulares) não tinham o mesmo destaque que as perícias de avaliações, pois muitas edificações se iniciaram, sendo, portanto, consideradas novas e com bom funcionamento. Não havia grande competitividade. A tecnologia era singela e também não havia o Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 13 de 73 conhecimento do direito do consumidor, que só se faz presente após a instalação do Código de Defesa do Consumidor, em 1990. Em 1997 a ABNT publicou a Norma de Perícias de Engenharia, visto a crescente demanda nestes tipos de casos. Hoje em dia, o mercado se abre para novas especializações e desafios. Surge então a Engenharia Diagnóstica, que nada mais é, segundo Gomide (2009) apud Deutsch (2011), do que um instrumento da ciência da observação. É definida como a arte de criar ações proativas, através de diagnósticos, prognósticos e prescrições técnicas, buscando qualidade absoluta. A Engenharia Legal se compõe fundamentalmente da Engenharia de Avaliações e Engenharia Diagnóstica (compreende as patologias das construções). Ao que se referem às patologias, elas são decorrentes do surgimento de anomalias nas edificações, que podem ser provenientes desde problemas na fundação, estrutura e acabamento, até nos próprios materiais utilizados. A ausência de manutenção predial, inspeções frequentes e conservação das construções geram problemas delicados, podendo levar a processos judiciais. 2.3.2 Perícias nos Diversos Tipos de Ações Apenas a título de conhecimento, com o auxílio de pesquisa realizada ao site do IBAPE e ao livro de Maia Neto (1999), segue uma breve explanação sobre as perícias nos seus diversos tipos de ações: - Ordinária: abrangente e complexa. A indenização acontece por vícios de construção ou danos causados a terceiros e a quem se envolva na atuação pecuniária por ocorrência que implique em uma apuração e parecer técnico de engenharia. Também se enquadram as ações de “Quanti Minoris”, onde o autor requer a diferença entre a área adquirida e existente, e aquela constante do título equivocado ou planta de aquisição. - Vistoria cautelar (produções antecipadas de provas) ou sumaríssima: compreende a prévia fiscalização de imóveis vizinhos antes da instalação de um canteiro de obras, diante de riscos iminentes ou algum cenário que possa ter como causa a desatenção, vício ou mau uso da coisa. Também se entende como ações para designar responsabilidade por infiltrações, danos causados a imóveis pelo inquilino, colisões de veículos, entre outros. - Desapropriação: este tipo de perícia objetiva encontrar informações de modo a obter a justa indenização pela desapropriação de um bem pelo Poder Público, seu agente Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 14 de 73 ou concessionário de serviço público. Nos casos de desapropriação, a perícia tem como finalidade exclusiva a determinação do real valor venal do imóvel ou objeto da ação, sendo característica legal destas ações, a garantia de indenização prévia e justa, em dinheiro (exceto nas ocorrências previstas em lei). - Renovatória e revisional: procuram determinar o justo valor locativo de um imóvel. Nas ações renovatórias, relativas somente a imóveis comerciais, entre um ano e seis meses antes do término do contrato de aluguel com prazo mínimo de 5 (cinco) anos, o inquilino comercial solicita em juízo que este decrete sua renovação por igual período, disponibilizando o pagamento comumente inferior ao de mercado. Já nas ações revisionais, o objeto pode ser de um imóvel tanto comercial quanto residencial. A perícia estabelece um novo valor para o aluguel, por ser o atual considerado defasado. - Retificação de registro: se dá nos casos de omissão de medidas ou impropriedade de documentos de propriedade. Deverá ser feita por engenheiro. Ação de cunho administrativo, em princípio não litigiosa. - Demarcatória: envolve assuntos de terras, onde é exigida a contribuição de um perito com conhecimento de topografia e agrimensura, acompanhado ou não de peritos arbitradores que comprovem ou não as medidas encontradas. Uma demarcatória se manifesta quando há divergência entre os limites do título de propriedade e a real situação do imóvel. - Reintegração de posse e reivindicatória (“questão de terra”): situação em que teria sucedido uma invasão ou expropriação, sendo de competência do perito levantar dados topográficos que demonstram se as divisas reais coincidem com as divisas descritas nos documentos das propriedades. - Usucapião: a posse do imóvel ocorre por determinado tempo, cabendo ao perito à definição da elucidação do que é, efetivamente, usufruído pelo requerente. - Nunciação de obra nova e embargo: há o risco iminente a terceiros. O perito tem de embasar seu parecer de modo a distanciar a responsabilidade por prejuízos por lucros cessantes, consequentes de um embargo ou nunciação da obra. - Busca e apreensão: ações sobre proprietários de veículos, máquinas e equipamentos financiados que, quando são apreendidos por decisão judicial, ordenam conhecimentos técnicos qualificados para determinação do seu valor. Existem também as perícias específicas, como as perícias ambientais, que abrangem danos ou alterações do solo, água, ar, recursos naturais e/ou ao bem estar dos Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 15 de 73 indivíduos, solicitando muitas vezes a ação de mais de um auxiliar técnico especialista, além de exames laboratoriais de água e solo. A atividade do perito envolve ainda a avaliação de condições de segurança e/ou salubridade no ambiente de trabalho, em ações que sucedem em varas próprias do trabalho e que podem requerer avaliações técnicas através de equipamentos especiais, exames laboratoriais, clínicos e médicos, dentre outros. 2.3.3 Perícia como Meio de Prova Bustamante (1996) apresenta que a convicção do juiz precisa ser estabelecida conforme provas juridicamente viáveis. De acordo com a Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015: Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz. Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis oumeramente protelatórias. Art. 374. Não dependem de prova os fatos: I – Notórios; II – Afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; III – Admitidos, no processo, como incontroversos; IV – Em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. § 1o O juiz indeferirá a perícia quando: I - a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico; II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas; III - a verificação for impraticável. § 2o De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade. § 3o A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que demande especial conhecimento científico ou técnico. § 4o Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica específica na área objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da causa. Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 16 de 73 Segundo Maia Neto (1999), ao solicitar a produção de uma prova, a parte procura a convicção da existência de um fato, bem como a sua inexistência. Dessa forma, o CPC apresenta as seguintes provas usuais: - Depoimento pessoal; - Confissão; - Exibição de documentos ou coisa; - Prova documental; - Prova pericial; - Inspeção judicial. A prova pericial ocorre quando o juiz não for apto o suficiente para a averiguação dos fatos, seja pela falta de conhecimentos técnicos ou pela impossibilidade de extrair os dados necessários. Em diversas ocasiões em que se exigem tais investigações, os fatos acabam por obrigar a presença de um técnico ou, como são conhecidos juridicamente, fatos de percepção técnica. Dessa maneira, é de suma importância que os fatos sejam analisados minuciosamente para que não restem dúvidas sobre as conclusões obtidas. Em síntese, perícia é uma prova admitida no processo que leva ao juiz elementos relativos a fatos que demandem conhecimentos técnicos, podendo incidir numa declaração de ciência (ocorre quando descrevem as percepções obtidas, tornando afirmação de um juízo nas ocasiões em que se compõe um parecer que auxilie o juiz na interpretação dos fatos da causa), na afirmação de um juízo, ou em ambas, respectivamente. 2.3.4 Campo de Trabalho De acordo com Maia Neto (1999), o campo de trabalho com maior abrangência para quem quer atuar nessa área está ligado às perícias no âmbito do Poder Judiciário, que ocorrem quando o material em questão envolver conhecimento técnico, podendo ser solicitada pelas partes ou determinada pelo juiz. Se a participação do profissional acontecer por nomeação do juiz, a sua função será a de perito, de acordo com o CPC, enquanto que nas ocasiões em que for indicado pelas partes ou seus advogados, este atuará como assistente técnico, a quem passará a referir-se ao longo do trabalho pericial. Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 17 de 73 O juiz, ao determinar a realização da prova pericial, consecutivamente nomeia o perito, que é o profissional de sua inteira confiança, podendo as partes em litígio indicar seus assistentes técnicos (não é obrigatório, ao contrário do perito, sem o qual não seria possível a execução da perícia). Há também outro campo de trabalho chamado de perícias administrativas, que ocorrem geralmente em órgãos ou empresas, principalmente as que pertencem ao poder público, quando o especialista realiza trabalhos periciais que podem ser utilizados em ações judiciais. Não segue os ritos do Código de Processo Civil. Por fim, existem casos em que a perícia é particular, apesar de seguir a metodologia de execução de uma perícia judicial. A diferença é que ocorrem por iniciativa exclusiva do contratante. Este tipo de perícia evita o procedimento judicial, ou sucede como medida preparatória a uma ação judicial, podendo o profissional atuar como consultor, quando eleito por duas partes em disputa, tendo em vista resolver eventual questão de fundamento técnico. Com relação a este último tipo de perícia, após a Lei nº 8.455, de 24 de agosto de 1992 ser modificada, houve alteração nos dispositivos processuais referentes às perícias, sendo facultado ao juiz dispensar a prova pericial, mediante a nomeação do perito, quando ambas as partes apresentarem pareceres com devida fundamentação. Com a edição da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, surgiu novas oportunidades para os profissionais da área, pois segundo esta Lei, sempre que a matéria objeto da arbitragem abranger conteúdo técnico similar às perícias judiciais haverá necessidade de participação, como árbitro, de um profissional legalmente habilitado nos termos da lei civil, apropriado à espécie. Deutsch (2011) afirma que o campo da Engenharia Legal não inclui apenas à prática pericial judicial, pois além de o profissional exercer suas atividades como perito judicial e assistente técnico, ele poderá também atuar como consultor extrajudicial. As consultorias extrajudiciais incluem avaliações patrimoniais, pesquisas ambientais, inspeções prediais, vistorias, constatações de obras irregulares e análise das patologias encontradas nas edificações. Na área dos danos (patologias) as edificações, há um amplo campo de trabalho em que são necessários laudos e pareceres de vistorias; entrega das chaves; vistoria de entorno; patologias variadas, ou seja, desde problemas estruturais até problemas com Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 18 de 73 revestimentos, desplacamento de fachadas, anomalias nas esquadrias, irregularidades na impermeabilização, infiltrações tanto em tubulações quanto pela falta de conservação dos imóveis. Quando há conflito, existe uma série de laudos e pareceres técnicos emitidos por profissionais habilitados que ajudam na negociação e conciliação das partes envolvidas. Porém, caso não exista a possibilidade de uma solução amistosa, as partes frequentemente recorrem à área judicial. 2.3.5 Atribuições Profissionais Para que haja a realização das perícias, o profissional deve, primeiramente, ter registro no CREA. A partir disso, com o treinamento frequente e experiência adquirida, obtém-se a habilitação profissional. A regulamentação das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro Agrônomo encontram-se na legislação, mais especificamente na Lei Federal nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, onde em seu artigo 7º determina as atribuições profissionais, além de prever, nos artigos 13 e 68, a validade dos trabalhos quando são realizados por profissionais legalmente habilitados (MAIA NETO, 1999). Art. 7º As atividades e atribuições profissionais do engenheiro, do arquiteto e do engenheiro-agrônomo consistem em:··. a) Desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais, paraestatais, autárquicas, de economia mista e privada; b) Planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, obras, estruturas, transportes, explorações de recursos naturais e desenvolvimento da produção industrial e agropecuária;·. c) Estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e divulgação técnica;·····.d) Ensino, pesquisas, experimentação e ensaios; ·. e) Fiscalização de obras e serviços técnicos; ·. f) Direção de obras e serviços técnicos; ···. g) Execução de obras e serviços técnicos;···. h) Produção técnica especializada, industrial ou agropecuária. Parágrafo único. Os engenheiros, arquitetos e engenheiros-agrônomos poderão exercer qualquer outra atividade que, por sua natureza, se inclua no âmbito de suas profissões. Art. 13. Os estudos, plantas, projetos, laudos e qualquer outro trabalho de engenharia, de arquitetura e de agronomia, quer público, quer particular, somente poderão ser submetidos ao julgamento das autoridades competentes e só terão valor jurídico quando seus autores forem profissionais habilitados de acordo com esta lei. Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 19 de 73 Art. 68. As autoridades administrativas e judiciárias, as repartições estatais, paraestatais, autárquicas ou de economia mista não receberão estudos, projetos, laudos, perícias, arbitramentos e quaisquer outros trabalhos, sem que os autores, profissionais ou pessoas jurídicas; façam prova de estar em dia com o pagamento da respectiva anuidade. Quanto às pessoas que não dispõe de habilitação legal, a referida lei especifica: Art. 6º Exerce ilegalmente a profissão de engenheiro, arquiteto ou engenheiro-agrônomo: a) a pessoa física ou jurídica que realizar atos ou prestar serviços público ou privado reservados aos profissionais de que trata esta lei e que não possua registro nos Conselhos Regionais; b) o profissional que se incumbir de atividades estranhas às atribuições discriminadas em seu registro; c) o profissional que emprestar seu nome a pessoas, firmas, organizações ou empresas executoras de obras e serviços sem sua real participação nos trabalhos delas; d) o profissional que, suspenso de seu exercício, continue em atividade; e) a firma, organização ou sociedade que, na qualidade de pessoa jurídica, exercer atribuições reservadas aos profissionais da engenharia, da arquitetura e da agronomia, com infringência do disposto no parágrafo único do Ed. extra 8º desta lei. Art. 15. São nulos de pleno direito os contratos referentes a qualquer ramo da engenharia, arquitetura ou da agronomia, inclusive a elaboração de projeto, direção ou execução de obras, quando firmados por entidade pública ou particular com pessoa física ou jurídica não legalmente habilitada a praticar a atividade nos termos desta lei. A resolução nº 218 (CREA), de 29 de junho de 1973, define as atividades das distintas modalidades profissionais para efeito de fiscalização da prática profissional, dentre as relativas à vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico. Art. 1º. Para efeito de fiscalização do exercício profissional correspondente às diferentes modalidades da engenharia, arquitetura e agronomia em nível superior e em nível médio, ficam designadas as seguintes atividades: Atividade 01 - supervisão, coordenação e orientação técnica; Atividade 02 - estudo, planejamento, projeto e especificação; Atividade 03 - estudo de viabilidade técnico-econômica; Atividade 04 - assistência, assessoria e consultoria; Atividade 05 - direção de obra e serviço técnico; Atividade 06 - vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico; Atividade 07 - desempenho de cargo e função técnica; Atividade 08 - ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica; extensão; Atividade 09 - elaboração de orçamento; Atividade 10 - padronização, mensuração e controle de qualidade; Atividade 11 - execução de obra e serviço técnico; Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 20 de 73 Atividade 12 - fiscalização de obra e serviço técnico; Atividade 13 - produção técnica e especializada; Atividade 14 - condução de trabalho técnico; Atividade 15 - condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção; Atividade 16 - execução de instalação, montagem e reparo; Atividade 17 - operação e manutenção de equipamento e instalação; Atividade 18 - execução de desenho técnico. O art. 28 do Decreto nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933, estabelece as especializações profissionais: Art. 28. São da competência do engenheiro civil: a) Trabalhos topográficos e geodésicos; b) O estudo, projeto, direção, fiscalização e construção de edifícios, com todas as suas obras complementares;···. c) O estudo, projeto, direção, fiscalização e construção das estradas de rodagem e de ferro; d) O estudo, projeto, direção, fiscalização o construção das obras de captação e abastecimento de água; e) O estudo, projeto, direção, fiscalização e construção de obras de drenagem e irrigação; f) O estudo, projeto, direção, fiscalização e construção das obras destinadas ao aproveitamento de energia e dos trabalhos relativos às máquinas e fábricas; g) O estudo, projeto, direção, fiscalização e construção das obras relativas a portos, rios e canais e dos concernentes aos aeroportos; h) O estudo, projeto, direção, fiscalização e construção das obras peculiares ao saneamento urbano e rural; i) Projeto, direção e fiscalização dos serviços de urbanismo; j) A engenharia legal, nos assuntos correlacionados com a especificação das alíneas a a i; l) Perícias e arbitramentos referentes à matéria das alíneas anteriores. Conforme a Resolução nº 1.010, de 22 de agosto de 2015, ao que diz respeito aos registros dos profissionais: Art. 7º. A atribuição inicial de títulos profissionais, atividades e competências para os diplomados nos respectivos níveis de formação, nos campos de atuação profissional abrangidos pelas diferentes profissões inseridas no sistema CONFEA/CREA, será efetuada mediante registro e expedição de carteira de identidade profissional no CREA, e a respectiva anotação no sistema de informações CONFEA/CREA - SIC. Art. 10. A extensão da atribuição inicial de título profissional, atividades e competências na categoria profissional engenharia, em qualquer dos respectivos níveis de formação profissional será concedida pelo CREA em que o profissional requereu a extensão (...) Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 21 de 73 A resolução nº 1073, de 19 de abril de 2016, também trata dos registros profissionais, definindo, em relação à extensão das atribuições profissionais que: Art. 7º. A extensão da atribuição inicial de atividades, de competências e de campo de atuação profissional no âmbito das profissões fiscalizadas pelo sistema CONFEA/CREA será concedida pelo CREA aos profissionais registrados adimplentes, mediante análise do projeto pedagógico de curso comprovadamente regular, junto ao sistema oficial de ensino brasileiro, nos níveis de formação profissional discriminados no art. 3º, cursados com aproveitamento, e por suplementação curricular comprovadamente regular, dependendo de decisão favorável das câmaras especializadas pertinentes à atribuição requerida. O CPC, em seu artigo 156 da Lei Federal nº 13.105, de 16 de março de 2015, trata do perito prevendo como ocorre a escolha dos profissionais: Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico.§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado. § 2º Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública, por meio de divulgação na rede mundial de computadores ou em jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades, a conselhos de classe, ao ministério público, à defensoria pública e à ordem dos advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos técnicos interessados. § 3º Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para manutenção do cadastro, considerando a formação profissional, a atualização do conhecimento e a experiência dos peritos interessados. § 4º Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos termos dos arts. 148 e 467, o órgão técnico ou científico nomeado para realização da perícia informará ao juiz os nomes e os dados de qualificação dos profissionais que participarão da atividade. § 5º Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da perícia. 2.3.6 O Perito Segundo o artigo 149 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, o perito é considerado auxiliar da justiça: Art. 149. São auxiliares da justiça, além de outros cujas atribuições sejam determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias. Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 22 de 73 Ao que se refere à atuação do perito, Bustamante (1996) afirma que ela é exercida com o intuito de atender a finalidade da perícia, averiguando os fatos relacionados à matéria em questão, certificando-os, examinando-os ou interpretando-os. Seu parecer técnico, após a perícia, será apresentado, conforme decisão do juiz, em inquirição em audiência ou por escrito (laudo). Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar o juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo alegando motivo legítimo. § 1º A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a alegá-la. § 2º Será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com disponibilização dos documentos exigidos para habilitação à consulta de interessados, para que a nomeação seja distribuída de modo equitativo, observadas a capacidade técnica e a área de conhecimento. Como motivo legítimo para o perito não dar continuidade com a perícia, se evidencia, por exemplo, não se considerar apto para realizar determinada perícia; ocorrência de força maior; a perícia ser relativa com assuntos que intervieram de algum modo com o interessado. O Instituto de Avaliações e Perícias de Engenharia do Pará (IAPEP (2015) - entidade filiada ao IBAPE) apresenta que o perito deve sempre que possível: - Manter pesquisa de preço de mercado imobiliário atualizada; - Estudar e buscar estar sempre “por dentro” do comportamento do mercado imobiliário local; - Sustentar uma pequena biblioteca sobre temas pertinentes à engenharia legal; - Trocar opiniões e experiências com colegas militantes na mesma área; - Fazer cursos de atualização frequentemente; - Manter um escritório autônomo, com uma completa infraestrutura básica; - Trabalhar respeitando os critérios normativos e a ética profissional. “Ferramentas do perito/avaliador: informática; estatística básica; matemática financeira; legislação vigente para projeto, construção, etc.; normas técnicas; Código Civil Brasileiro; orçamento; mercado imobiliário; pesquisa de valores” (IAPEP, 2015, p.21). 2.3.7 Ética Profissional do Perito Judicial Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 23 de 73 Segundo o artigo nº 5 do Conselho Nacional dos Peritos Judiciais da República Federativa do Brasil – CONPEJ, o perito judicial deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que colabore para o prestígio da classe e da perícia judicial. Nenhuma preocupação em desagradar o juiz ou outra autoridade, seguindo as normas de urbanidade e estritamente profissional, nem de ocorrer impopularidade, deve deter o perito no desempenho de sua profissão. Art. 6º. O perito judicial é responsável pelos atos que, no exercício da profissão, praticar com dolo ou culpa. Parágrafo único. O assistente técnico será solidariamente responsável com seu cliente, se produzir laudo pericial visando interpor ação temerária, desde que com aquele coligado para lesar a parte contrária, o que deverá ser apurado em ação própria. Art. 7º. O perito judicial, inscrito nos quadros do conselho nacional dos peritos judiciais da república federativa do Brasil, obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consignados neste código de ética e.disciplina. Parágrafo único. O código de ética e disciplina regula os deveres do perito judicial, inscritos no conselho nacional dos peritos judiciais da República Federativa do Brasil, para com o poder judiciário, a comunidade, o cliente, o outro profissional e, ainda, a publicidade, a recusa do patrocínio, o dever de assistência jurídica gratuita, o dever geral de urbanidade e os respectivos procedimentos disciplinares. 2.3.8 Direitos e Deveres do Perito Michelini (2014) apresenta que são deveres dos peritos: - Aceitar o encargo, salvo alegando motivo fidedigno; - Respeitar os prazos; - Comparecer à audiência, tendo sido intimado para isso; - Ser honesto, criterioso, responsável e íntegro. São direitos dos peritos: - Dispensar o encargo quando: alegar motivo legítimo por ocorrência de força maior; tratar- se de perícia a qual se considere inabilitado para realizá-la; o assunto da perícia não puder ser contestado pelo perito sem desonra própria ou de seu cônjuge, parente ou amigo; ser íntimo ou ter algum tipo de parentesco ou vínculo com ambas às partes; ser amigo ou inimigo de qualquer uma das partes; se a perícia for sobre fato de sigilo profissional; ser militar ou funcionário público (essas pessoas só são obrigadas a aceitar o encargo mediante requisição ao comando ou ao chefe da repartição a que estiverem subordinados); a perícia Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 24 de 73 seja sobre assunto de seu interesse; estiver ocupado com outras perícias, não havendo condições para executar esta; - Solicitar prorrogação de prazo ou adiamento da audiência, desde que haja motivos justos; - Recorrer às fontes de informação; - A honorários; - A indenização das despesas. Já com base no CONPEJ, os direitos e deveres dos peritos e assistentes técnicos são: Art. 16º. É direito do perito judicial e do assistente técnico exercer sua nomeação ou indicação sem ser discriminado por questões de religião, etnia, sexo, nacionalidade, cor, orientação sexual, idade, condição social, opinião política, ou de qualquer outra natureza. O perito judicial e os assistentes técnicos podem e devem utilizar de todos os elementos necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações,solicitando documentos que estejam em poder da parte ou de repartições públicas, assim como instruir o laudo com plantas, desenhos e fotografias e quaisquer outras informações que julgue necessário. Caso haja recusa da exibição, entrega de documentos ou qualquer condição oposta ao bom desempenho do trabalho pericial, o perito judicial tem a obrigação de comunicar o fato ao juiz, mediante petição, para que este tome as medidas administrativas e legais que o caso demandar. Art. 19º. O perito judicial tem direito de requerer a prorrogação do prazo estipulado pelo juiz para apresentação do laudo pericial, quando a perícia judicial necessitar de um conjunto de procedimentos técnicos ou científicos, tais como pesquisas, diligências, levantamento de dados e documentos, análises, cálculos, e outros, que possam comprometer o compromisso assumido. O perito judicial tem o seu direito ao sigilo profissional protegido, mesmo em depoimento judicial, sobre o que conheça em razão de seu ofício, podendo recusar-se a depor como testemunha em processo no qual trabalhou por nomeação ou indicação como assistente técnico. Poderá também o perito judicial publicar relatório, parecer ou trabalho técnico profissional, assinado e sob sua responsabilidade, contanto que não seja difamatório ou que Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 25 de 73 possam provocar, bem como entreter debates a respeito do serviço a seu cargo, considerando o sigilo de justiça e sem expor o nome das partes. É direito do perito judicial evitar interferência que possa constrangê-lo em suas atividades, não aceitando, sob nenhuma hipótese, subordinar sua apreciação a qualquer fato, pessoa, circunstância ou efeito que comprometa sua independência, denunciando a ocorrência deste tipo de situação. Art. 23º. Constitui deveres do perito judicial: I. Exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade, dignidade e independência profissional; II. Guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício de suas funções; III. Zelar pela sua competência exclusiva na orientação dos serviços a ser cargo; IV. Comunicar, desde logo, à justiça, eventual circunstância adversa que possa influir na conclusão do trabalho pericial para o qual foi nomeado; V. Inteirar-se de todas as circunstâncias e dados antes de responder aos quesitos formulados; VI. Declarar-se impedido ou suspeito de aceitar sua nomeação, na hipótese de uma das circunstancias previstas nos artigos 26, 27, 28, 29 e 30 deste código; VII. Evitar declarações públicas sobre os motivos da renúncia de suas funções; VIII. Informar ao juízo, a qualquer tempo, a existência de impedimento para o exercício da função; IX. Recusar sua nomeação, desde que reconheça não se achar capacitado, em face de especialização técnica ou cientifica insuficiente, para bem desempenhar a nomeação. É proibido ao perito judicial: - Divulgar, provocar ou indicar publicidade abusiva; - Se aproveitar do seu exercício profissional para agir desonestamente; - Atrair serviços de qualquer natureza, com prejuízo moral ou desmerecimento para a classe e para o CONPEJ; - Assinar documentos ou peças elaboradas por outrem, alheio à sua orientação, supervisão e fiscalização; - Valer-se de agenciador de serviços, em troca de participação nos honorários; - Praticar, no exercício da profissão, ato legalmente definido como crime; - Requerer ou receber das partes envolvidas quaisquer importâncias fora do processo; - Determinar entendimento com uma das partes sem ciência da outra ou do juiz; - Prejudicar o interesse designado a seu serviço; - Recusar-se, sem justificação, a prestar serviços quando nomeado pela justiça; Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 26 de 73 - Reter impropriamente, livros, papéis ou documentos; - Interromper a prestação dos serviços sem justa causa ou notificação prévia à justiça e/ou cliente; - Exercer atividade profissional tendo a participação em empreendimentos que manifestam inviabilidades ou finalidades ilícitas; - Revelar negociação confidenciada para acordo ou transação; - Identificar o cliente sem sua concordância, em publicação, onde haja referência a trabalho que tenha realizado ou orientado; - Dissimular (ou tentar dissimular) a boa fé na elaboração de trabalhos; - Descumprir, no prazo estabelecido, determinação do CONPEJ, dos conselhos de registro profissional ou de outros órgãos autorizados em matéria de competência destes, depois de regularmente notificado; - Oferecer ou disputar serviços profissionais através de aviltamento de honorários ou em concorrência desleal. Art. 26º. É dever do perito judicial com relação à classe: I. Prestar seu concurso moral, intelectual e material às entidades de classe; II. Zelar pelo prestígio da classe, da dignidade profissional e do aperfeiçoamento de suas instituições; III. Aceitar o desempenho de cargo dirigente nas entidades de classe, salvo circunstâncias especiais que justifiquem sua recusa e exercê-lo com interesse e critério; IV. Acatar as resoluções votadas pelo Conselho Nacional dos Peritos Judiciais da República Federativa do Brasil; V. Zelar pelo cumprimento deste código, comunicando com discrição e fundamentadamente, aos órgãos competentes, as infrações de que tiver ciência; VI. Jamais utilizar-se de posição ocupada na direção de entidades de classe em benefício próprio ou para proveito pessoal, diretamente ou através de interposta pessoa. O perito deve, em relação aos colegas: - Evitar informações prejudiciais ou desabonadoras; - Abnegar encargo profissional em substituição a colega que dele tenha abandonado para preservar a dignidade ou os interesses da profissão ou da classe, desde que se conserve as condições que ditaram o referido procedimento; - Comunicar-se com perito assistente oficial com antecedência mínima de 48 horas antes da realização da diligência e/ou entrega do laudo; Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 27 de 73 - Evitar declarações sobre serviço profissional que entregue o colega, sem consentimento deste; - Nunca apropriar-se de trabalhos, iniciativas ou soluções desenvolvidas por colegas, apontando-os como próprios; - Evitar desentendimentos com o colega que vier a substituir no exercício da profissão. Conforme estabelece o CONFEA, resolução nº 205, de 30 de setembro de 1971: - Se o perito judicial atuar como consultor em outro país, observar as normas nele vigentes sobre conduta profissional, ou - no caso da inexistência de normas específicas - adotar as estabelecidas pela FMOI (Fédération Mondiale des Organisations D'ingénieurs); - Por serviços prestados em outro país, não utilizar nenhum processo de promoção, publicidade ou divulgação diverso do que for admitido pelas normas do referido país. 2.3.9 Assistente Técnico Em seu livro, Fiker (2011) declara que quando o processo depender do aval técnico ou científico, o juiz nomeará um perito judicial. Portanto, não há necessidade das partes indicarem um assistente técnico, mas é interessante. A função desempenhada pelo assistente técnico é acompanhar a perícia em todas as fases, colaborando com o perito no que for possível e elaborar seu parecer técnico, que é uma análise sobre o laudo pericial, expondo sua concordância ou discordância a que diz respeito ao conteúdo do trabalho. O assistente técnico opina o laudo seguindo o parâmetro técnico e segundo o interesse do seu cliente, dentro das especificações que regem o Código de Ética Profissional. Conforme a Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015:Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, independentemente de termo de compromisso. § 1º Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição. § 2º O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias. 2.4 A Perícia no Código de Processo Civil 2.4.1 Nomeação do Perito Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 28 de 73 Em conformidade com o CPC (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), o juiz nomeará o perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico. Os peritos são nomeados de acordo com os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos propriamente inscritos em cadastro tratado pelo tribunal em que o juiz está vinculado. Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo. [v. Art. 471, relacionado] § 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito: I – arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso; II – indicar assistente técnico. III – apresentar quesitos. § 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias: I – proposta de honorários; II – currículo, com comprovação de especialização; III – contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais. § 3º As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo, manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor, intimando-se as partes para os fins do art. 95. § 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos honorários arbitrados a favor do perito no início dos trabalhos, devendo o remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e prestados todos os esclarecimentos necessários. § 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho. A indicação do perito também poderá ser feita pelas partes, conforme o artigo 471: Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o mediante requerimento, desde que: I - sejam plenamente capazes; II - a causa possa ser resolvida por autocomposição. § 1o As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos assistentes técnicos para acompanhar a realização da perícia, que se realizará em data e local previamente anunciados. § 2o O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz. § 3o A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada por perito nomeado pelo juiz. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento ou suspeição. Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: I – ao membro do ministério público; II – aos auxiliares da justiça; III – aos demais sujeitos imparciais do processo. § 1º a parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos. § 3º Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 29 de 73 nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º será disciplinada pelo regimento interno. Aceitando a escusa ou julgando procedente a impugnação, o juiz nomeará um novo perito (artigo 467). No caso em que o perito for substituído porque, sem motivo legítimo deixou de cumprir o encargo no prazo dado, o juiz comunicará a ocorrência a corporação profissional respectiva, podendo impor-lhe multa, que será fixada considerando o valor da causa e o provável prejuízo resultante do atraso no processo. O perito substituído restituirá, em no máximo 15 dias, os valores recebidos pelo trabalho não efetuado, sob pena de ficar impedido de atuar como perito judicial por 5 (cinco) anos. Se não houver a restituição voluntária, a parte que realizou o adiantamento dos honorários poderá promover execução contra o perito (artigo 468). 2.4.2 Formulação de Quesitos Maia Neto (1999) explicita que os quesitos são perguntas formuladas pelos advogados, e, por vezes pelo juiz e Promotor de Justiça ao perito e também aos assistentes técnicos, referentes aos fatos periciados, no sentido de esclarecer e encaminhar as dúvidas surgidas no processo. A Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, declara que quando o juiz nomeia o perito, é responsabilidade das partes arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso, indicar os assistentes técnicos e formularem os quesitos. Se isso não ocorrer, poderão perder a oportunidade de questionar ao longo da diligência. Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a diligência, que poderão ser respondidos pelo perito previamente ou na audiência de instrução e julgamento. Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da juntada dos quesitos aos autos. O juiz é encarregado de indeferir os quesitos impertinentes e formular os quesitos que considerar importantes ao esclarecimento da causa. Ao que se refere a quesitos impertinentes, é fundamental que o perito fique atento para aqueles que o juiz indeferiu, ou para aqueles que mesmo não sendo indeferidos sejam considerados estranhos à perícia, devendo recusar-se de respondê-los, alegando os motivos que o levaram a tomar esta atitude. Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 30 de 73 Ademais, o perito deve esclarecer a matéria técnica em sua totalidade, mesmo que não tenham sido arguidas pelas partes. 2.4.3 Realização da Perícia O artigo 472 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, impõe que o juiz poderá dispensar a prova pericial quando as partes manifestarem sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes. Com isso, descartará a realização de perícias em casos em que ela não se fazia necessária, em função de incontáveis evidências técnicas que podem ser repassadas ao juiz através de um laudo particular bem estabelecido, que ofereça elementos precisos ao julgamento da questão. Maia Neto (1999) aponta que finalizados os procedimentos iniciais, perito e assistente técnico deverão comparecer ao local da perícia para averiguações necessárias ao esclarecimento dos fatos periciados individualmente ou em conjunto. Ao decorrer do trabalho, tanto o perito quanto o assistente técnico podem utilizar de todos os meios para obtenção de informações essenciais ao desempenho da função, ouvindo testemunhas, solicitando documentos, utilizando projetos, mapas, planilhas, fotografias, desenhos ou outros elementos necessários para o objeto da perícia. Isto quer dizer que ninguém poderá impedir o trabalho ao decorrer da perícia, mas se acontecer, o profissional, por meio de petição, tem a obrigação de comunicar ao juiz, solicitando uma ordem para realizar a diligência, podendo também demandar reforço policial. 2.4.4 Entrega do Laudo Como apresenta o artigo 477 da Lei 13.105, de 16 de março de 2015, o perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo e parecer em prazo determinado pelo juiz. Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. § 1º As partes serão intimadas para, querendo,manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu respectivo parecer. § 2º O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias, esclarecer ponto: I – sobre o qual exista divergência ou Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 31 de 73 dúvida de qualquer das partes, do juiz ou do órgão do ministério público; II – divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte (...) 2.4.5 Esclarecimentos e Nova Perícia Dando sequência ao artigo 477 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte solicitará ao juiz que intime o perito ou o assistente técnico a comparecer à audiência de instrução e julgamento, formulando, desde já, os quesitos. Estes serão intimados por meio eletrônico, com no mínimo 10 (dez) dias de antecedência da audiência. Maia Neto (1999) declara que os quesitos de esclarecimentos destinam-se a elucidar as respostas dadas, pois devem se voltar somente ao conteúdo do trabalho apresentado, não devendo englobar fatos novos sobre matéria não citada anteriormente. É normal que o perito e o assistente técnico, ao serem intimados para prestar esclarecimentos em audiência, levem as respostas aos quesitos formulados, por escrito, para quando indagados realizarem a leitura, oferecendo, por conseguinte ao juiz, que frequentemente admite sua juntada ao processo. Há casos em que os advogados não formulam os quesitos, o que não obriga a resposta de perguntas elaboradas no momento da audiência. Apesar de toda prova de caráter técnico ser sustentada através do trabalho do perito e do assistente técnico, o juiz pode utilizar de outros elementos ou fatos para proferir a sentença, como por exemplo, pareceres de diferentes profissionais cuja fundamentação seja mais bem embasada do que os laudos produzidos pelo perito e/ou assistente técnico. Como é o juiz quem direciona o processo: Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia quando a matéria não estiver suficientemente esclarecida. § 1o A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os quais recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu. § 2o A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira. § 3o A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra. Poderá ocorrer, por parte do juiz, a determinação para que seja realizada uma nova perícia, mesmo que já tenham sido realizadas duas outras, não ficando a matéria suficientemente esclarecida. Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 32 de 73 2.4.6 Inspeção Judicial Na inspeção judicial (artigo 481 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), “o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse à decisão da causa”. Em seu livro, Maia Neto (1999) cita algumas situações em que se fez necessária à realização da inspeção judicial: - Quando houve um fato de natureza técnica, cujo local teve de ser interditado, segundo pedido de uma das partes, e o juiz determinou a partir de visita realizada ao local sinistrado; - No momento em que o juiz resolveu visitar o local da perícia, mesmo tendo nomeado o perito, e as partes designado os assistentes técnicos e formulado quesitos, com o intuito de prescindir a realização da prova pericial; - Depois da determinação da interdição de determinado local, e passado um tempo razoável da ocorrência, uma das partes solicitou levantamento da proibição, declarando necessidade de realização de obras no local, e o juiz foi averiguar in loco tal possibilidade; - Finalizados os procedimentos de realização da perícia e audiência, o fato não tenha ficado claro o suficientemente para o juiz, tendo que se dirigir ao local para efetuar pessoalmente seus esclarecimentos. Conforme o artigo 482 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, quando for realizar a inspeção, o juiz poderá ser assistido por um ou mais peritos. A legislação demonstra os casos em que o juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou coisa para proceder à inspeção judicial. Art. 483. O juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou a coisa quando: I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva observar; II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis despesas ou graves dificuldades; III - determinar a reconstituição dos fatos. Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e fazendo observações que considerem de interesse para a causa. Art. 484. Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil ao julgamento da causa. Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com desenho, gráfico ou fotografia. Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 33 de 73 2.4.7 Prazos Maia Neto (1999), apresenta a relação dos prazos que devem ser cumpridos, não somente para os profissionais que atuam na perícia, como também para os advogados, mostrando que o assistente técnico é fundamental na diligência do seu cumprimento, pois com isso ajudará o cliente que o contratou ou o advogado que confiou para que fosse contratado. - Quesitos e assistente técnico: O primeiro prazo consta na fase pericial, que começa a contar da própria nomeação do perito (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, artigo 465, citado na seção 2.4.1). - Recusa da nomeação: O mesmo é válido para o perito, ao qual é imposto um prazo de 15 dias para a recusa da nomeação (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, artigo 157, citado na seção 2.3.6). - Conclusão da perícia: Ao nomear o perito, o juiz determina um prazo para a entrega do laudo (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, artigo 465 do CPC, citado na seção 2.4.1). Os prazos determinados pelo CPC para a realização de alguns atos por parte do perito devem ser executados com rigor, caso contrário, se houver descumprimento, a lei prevê sua substituição. Art. 468. O perito pode ser substituído quando: I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico; II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado. § 1o No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo. § 2o O perito substituído restituirá, no prazo de 15 (quinze) dias, os valores recebidos pelo trabalho não realizado, sob pena de ficar impedido de atuar como perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos. § 3o Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o § 2o, a parte que tiver realizado o adiantamento dos honorários poderá promover execução contra o perito, na forma dos arts. 513 e seguintes deste Código, com fundamento na decisão que determinar a devolução do numerário. - Quesitos suplementares: Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 34 de 73 Após iniciar os trabalhos periciais, as partes dispõem de um prazo até o final das diligências para a apresentação de quesitos suplementares (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, artigo 469
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