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PERÍCIAS DE ENGENHARIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL ESTUDO DE CASO

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Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 1 de 73 
PERÍCIAS DE ENGENHARIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL 
– ESTUDO DE CASO – 
 
Maria Izabel Millani Presotto (Engenheira Civil); 
 belmariaizabel@hotmail.com 
Camila R. Eberle (Engenheira Civil, Faculdade Educacional de Francisco Beltrão). 
Regina De Toni (Engenheira Civil, Faculdade Educacional de Francisco Beltrão). 
Francisco Trevisan (Engenheiro Civil, Faculdade Educacional de Francisco Beltrão). 
 
 
Resumo: O trabalho teve como tema a perícia em obras de engenharia civil, com o objetivo 
de esclarecer o processo da perícia na construção, considerando seus aspectos técnicos e 
legais. Especificamente, conhecer os requisitos básicos para concepção de um laudo 
pericial e apresentar um estudo de caso listando os problemas patológicos identificados, 
assim como as possíveis soluções a serem adotadas para a sua recuperação. Inicialmente, 
na revisão de literatura, apresentam-se as terminologias básicas e conceitos diversos de 
autores que militam pela Engenharia Legal. Prossegue com um breve histórico e 
conceituação da perícia, a qual abrange a Engenharia Diagnóstica, mostrando ser, 
juntamente com a Engenharia de Avaliações, um dos pilares da moderna Engenharia Legal. 
Posteriormente, desenvolvem-se os diversos tipos de ações da perícia; de que modo ela 
pode ser utilizada como meio de prova; o campo de trabalho e a atribuição profissional com 
opções de atuação do Engenheiro Legal e legislação específica; definição e ética do perito, 
seus direitos e deveres; o papel do assistente técnico durante as fases do processo pericial; 
exposição da perícia no Código de Processo Civil (CPC), abrangendo a nomeação do perito, 
quesitos, realização da perícia, laudo, esclarecimentos, inspeção judicial, prazos, 
jurisprudência e o Processo Judicial Digital (PROJUDI); fixação dos honorários periciais; 
inspeção predial; compreensão sobre as patologias encontradas nas construções; 
comparação (diferença) entre manutenção preventiva e corretiva e, por fim, apresentação de 
um estudo de caso, contendo seus resultados e considerações. Para efetivar o relato de 
caso, selecionou-se a obra Unidade de Saúde Familiar de Realeza, por ser de fácil acesso 
ao (a) seu (sua) executor (a) e pelas inúmeras patologias que, após a realização da perícia 
e verificação minuciosa da edificação em análise, puderam ser identificadas. É possível 
recomendar a importância da discussão sobre o processo de projeto, suas etapas e 
desenvolvimento. Por meio da perícia e exibição do laudo técnico, juntamente com a 
colaboração do relatório fotográfico, possibilitou-se reconhecer as principais origens e 
causas do aparecimento de patologias nos processos construtivos, bem como sugerir 
técnicas de reabilitação para atingir a melhoria e prolongar a vida útil da construção. Diante 
disso, conclui-se que a melhor contribuição para redução do índice de patologias e maior 
durabilidade das edificações é a de que haja coerência e qualidade no projeto e execução, 
aliados a manutenção e conservação da estrutura. 
 
 
Palavras-chave: Engenharia civil; Laudo; Patologia; Manutenção. 
 
 
 
 
 
 
Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 2 de 73 
 
INVESTIGATION IN CIVIL ENGINEERING – STUDY CASE – 
 
Abstract: The work had as its theme the inspection of civil engineering structures, with the 
aim of clarifying the process of the inspection in buildings, considering its technical and legal 
aspects. Specifically, knowing the basic requirements for the design of an expert witness 
report and presenting a case study listing the identified pathological problems, as well as the 
possible solutions to be adopted for their restoration. Initially, in the review of literature, the 
basic terminologies and the several conceptions of the authors that practice Legal 
Engineering are presented. It proceeds with a brief historic and the investigation 
conceptualization, which encompasses the Diagnostic Engineering, proving to be, along the 
Evaluation Engineering, one of the pillars of the modern Legal Engineering. Afterwards, 
many kinds of actions of the investigation have been developed; in such a way it can be used 
as a means of proof; the working field and the attributions extended to professionals with the 
Legal Engineer’s career options and specific legislation; expert witness definition and ethics, 
their rights and duties; the technical assistant’s role during the steps of the investigation 
process; presenting the investigation in the Civil Procedure Code (Código de Processo Civil 
– CPC), encompassing the expert witness nomination, requirements, the investigation 
conduction, the expert witness report, clarifications, official inspection, deadlines, 
jurisprudence and the Official Digital Process (Processo Judicial Digital – PROJUDI); the 
expert’s fees setting; land inspection; comprehension of the pathologies found in buildings; 
difference between preventive and corrective maintenance and at last the presentation of a 
case study which contains its results and considerations. This report has become effective by 
selecting the Family Health Unit building from the city of Realeza, for providing an easy 
access to its executor and for the several pathologies that have been identified after the 
investigation and strict verification of the building under analysis. It is possible to recommend 
the importance of the discussion of the project process, its steps and development. Through 
the investigation and the display of the expert witness report, along the photographic report 
cooperation, it was possible to recognize the main origins and causes of the appearance of 
pathologies in the constructive process, as well as suggesting rehabilitation techniques to 
achieve improvements and extending the service time of the building. Therefore, the 
conclusion is that the best contribution for the decrease in pathologies rate and more service 
time of the buildings is the consistency and quality of the project and its execution, allied to 
the maintenance and conservation of the structure. 
 
 
Keywords: Civil Engineering; Expert witness report; Pathology; Maintenance. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
Nos últimos anos, devido ao aumento do crédito imobiliário e programas governamentais de 
fomento para desenvolvimento da infraestrutura do país, ocorreu um crescimento 
inesperado na atividade da construção civil. Desse modo, acresceram-se também as 
oportunidades de trabalho neste mesmo setor. Juntamente a isso, houve um maior 
 
 
 
 
 
Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 3 de 73 
surgimento de profissionais e empresas sem a qualificação necessária para atender ao 
desempenho desejado na atividade, elevando o índice de obras que apresentam riscos 
patológicos, gerando uma grande demanda da execução de perícias. 
Sendo assim, o presente trabalho tem o propósito de estudar o processo de perícia 
em obras de engenharia civil, levando-se em conta aspectos técnicos e legislação. A 
escolha do tema abordado deve-se ao fato de que, segundo o Conselho Federal de 
Engenharia e Agronomia (CONFEA), resolução nº 345, de 27 de julho de 1990, a perícia em 
engenharia é a atividade que envolve a apuração das causas que motivaram determinado 
evento, onde se faz necessária a elaboração de um laudo, que é a peça técnica na qual um 
perito ou profissional habilitado relata o que observou apresentando suas conclusões. Pode-
se avaliar, também, o valor de coisas ou direitos. Por ser um assunto pouco debatido e pelo 
nível de importância que ele representa no âmbito da engenharia civil, onde o sucesso do 
empreendimento pode enaltecer o profissional responsável ou depreciá-lo no meio técnico, 
justifica-seinteiramente a realização deste estudo. 
As diretrizes metodológicas para findar esta pesquisa tiveram por base o tipo 
exploratório (onde foram selecionados autores relacionados à problemática), e documental 
(desempenhada em livros, artigos científicos e Internet.), visando o embasamento teórico ao 
trabalho. Para o desenvolvimento deste tema seguiu-se sete etapas fundamentais: 
introdução; objetivos geral e específico; revisão de literatura; material e métodos; resultados 
e discussão e conclusão em relação ao assunto. 
Após pesquisa bibliográfica a respeito, este estudo, baseando-se no desempenho da 
edificação, contribuirá para que a identificação das anomalias e/ou defeitos seja explicitada 
de maneira cognoscível, contando com avaliação técnica por parte do perito (engenheiro 
civil). 
 
2. REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1 Código Civil - Garantia Legal 
 
Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002: 
 
Institui o Código Civil: 
Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções 
consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o 
 
 
 
 
 
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prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim 
em razão dos materiais, como do solo. 
Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da 
obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias 
seguintes ao aparecimento do vício ou defeito. 
 
2.2 Conceitos Básicos 
 
2.2.1 Terminologias Referentes às Perícias de Engenharia na Construção Civil 
 
2.2.1.1 Ação Judicial 
 
(1) Faculdade de invocar o poder jurisdicional do Estado para fazer valer 
um direito que se julga ter; meio processual pelo qual se pode reclamar 
à justiça o reconhecimento, a declaração, a atribuição ou a efetivação 
de um direito, ou ainda, a punição ao infrator das leis penais 
(DICIONÁRIO AURÉLIO, 1986, apud TAKAHASHI, 2002, p.10). 
 
(2) Instrumento que o Estado coloca à disposição dos litigantes, com a intenção de 
administrar a justiça (MAIA NETO, 1999). 
 
2.2.1.2 Anomalia 
 
(1) Irregularidade, anormalidade, exceção à regra (ABNT, NBR 13752, 1996). 
(2) Idem. Pode ser endógena, oriunda da própria edificação; natural, de 
fenômenos da natureza; funcional, originária do uso; e exógena, fatores externos, 
provocados por terceiros (IBAPE/SP, 2002). 
 
 
2.2.1.3 Arbitramento 
 
(1) “Avaliação ou estimação de bens, feitos por árbitro ou perito nomeado pelo 
juiz” (FIKER, 1989 apud OLIVEIRA, 2009, p.11). 
(2) Este tipo de atividade envolve a tomada de decisão ou posição entre as 
alternativas tecnicamente questionáveis ou que decorrem de aspectos intangíveis (ABNT, 
NBR 13752, 1996). 
 
 
 
 
 
 
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2.2.1.4 Assistente Técnico 
 
(1) Profissional legalmente habilitado pelos Conselhos 
Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, 
indicado e contratado pela parte para orientá-la, assistir 
aos trabalhos periciais em todas as suas fases da perícia e, 
quando necessário, emitir seu parecer técnico (ABNT, NBR 
13752, 1996, p.2). 
 
(2) “É o auxiliar da parte, aquele que tem por obrigação concordar, criticar ou 
complementar o laudo do perito, através de seu parecer (...)” (MAIA NETO, 1997, apud 
VIVIAN, 2005, p.2). 
 
2.2.1.5 Avaliação 
 
(1) Atividade que envolve a determinação técnica do valor quantitativo, 
qualitativo, ou monetário de um bem para uma data e um lugar determinado (IBAPE/SP, 
2002). 
(2) Ato de avaliar; valor determinado por peritos, apreciação (DICIONÁRIO DO 
AURÉLIO ONLINE, 2008 - 2016). 
 
2.2.1.6 Benfeitoria 
 
(1) “Obras ou serviços que se realizam em um móvel ou imóvel com o 
intuito de conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo, incorporados 
permanentemente ao bem ou ao solo pelo homem, que não podem ser 
retirados, sem destruição, fratura ou dano” (ABNT, NBR 13752, 1996, p.2). 
 
(2) Obra útil realizada em uma propriedade, com o propósito de conservá-la ou 
valorizá-la (ECIVILNET.COM, 2000 - 2016). 
 
2.2.1.7 Código Civil 
 
(1) Lei do direito material, ou seja, regula os próprios bens da vida (FIKER, 
2008). 
(2) O Código de Processo Civil fixa as regras dos procedimentos para o 
andamento do processo (FIKER, 2001 apud OLIVEIRA, 2009). 
 
 
 
 
 
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2.2.1.8 Concessão 
 
(1) De acordo com o artigo 175 da Constituição Federal (1988), é incumbido ao 
Poder Público, na forma da lei, a exploração de bens e/ou serviços. 
(2) “Ato do poder público destinado a permitir a exploração comercial de serviço, 
de minério ou de indústria, que seja legalmente de sua atribuição” (IBAPE/SP, 2002, p.5). 
 
2.2.1.9 Conservação 
 
Segundo a NBR 13752 (ABNT, 1996, p.3), conservação é o “ato de manter o bem 
em estado de uso adequado à sua finalidade, que implica maiores despesas que as de uma 
simples manutenção”. 
 
2.2.1.10 Construção 
 
(1) Edifício de obra de engenharia, em fase de elaboração ou construção 
(ENGENHARIACIVIL.COM, 2001 - 2016). 
(2) “Ato, efeito, modo ou arte de construir” (ABNT, NBR 13752, 1996, p.3). 
2.2.1.11 Construir 
 
Edificar: conjunto de materiais e serviços sendo ordenado conforme projeto, 
objetivando sua transformação em um bem (ABNT, NBR 13752, 1996). 
 
2.2.1.12 Custo 
 
(1) “Total dos gastos diretos e indiretos necessários à produção, manutenção ou 
aquisição de um bem, numa determinada data e situação” (ABNT, NBR 14653-1, 2001, p.3). 
(2) Quantia que determinada coisa custa. O que se paga por ela (DICIONÁRIO 
DO AURÉLIO ONLINE, 2008 - 2016). 
 
2.2.1.13 Dano 
 
 
 
 
 
 
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(1) Ofensa ou diminuição do patrimônio moral ou material de alguém (ABNT, 
NBR 13752, 1996). 
(2) Prejuízo causado a outrem pela ocorrência de vícios, defeitos, sinistros e 
delitos, entre outros (ABNT, NBR 14653-1, 2001). 
 
2.2.1.14 Defeitos 
 
A NBR 13752 define que os defeitos são 
 
Anomalias que podem causar danos efetivos ou representar ameaça 
potencial à saúde ou à segurança do usuário, decorrentes de falhas do 
projeto ou execução de um produto ou serviço, ou ainda, de informação 
incorreta ou inadequada de sua utilização ou manutenção. (ABNT, 1996, 
p.3) 
 
2.2.1.15 Degradação 
 
Desgaste dos componentes e sistemas das edificações em decorrência do efeito de 
intempéries, uso e interferências do meio (IBAPE/SP, 2002). 
 
2.2.1.16 Depreciação 
(1) “Perda de valor de um bem, devido a modificações em seu estado ou 
qualidade” (ABNT, NBR 14653-1, 2001, p.4). 
(2) Rebaixar o valor de; não dar ou não se dar o seu devido valor (DICIONÁRIO 
DO AURÉLIO ONLINE, 2008 - 2016). 
 
2.2.1.17 Engenharia Legal 
 
(1) A NBR 14653-1 (ABNT, 2001, p.4) especifica que a engenharia legal é a 
“parte da engenharia que atua na interface técnico-legal envolvendo avaliações e toda 
espécie de perícias relativas a procedimentos judiciais”. 
(2) Ramo de especialização da engenharia dos profissionais que possuem 
registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), atuando na interface 
direito/engenharia, colaborando com juízes, advogados e as partes, para esclarecer 
aspectos técnico-legais envolvidos em processos (DEUTSCH, 2011). 
 
 
 
 
 
 
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2.2.1.18 Engenharia de Avaliações 
 
(1) Especialidade da engenhariaque reúne um conjunto amplo de 
conhecimentos na área de engenharia, arquitetura e outras áreas das ciências sociais, 
exatas e da natureza. Seu objetivo é determinar tecnicamente o valor de um bem (DANTAS, 
2012). 
(2) “Conjunto de conhecimentos técnico-científicos especializados, aplicados à 
avaliação de bens” (ABNT, NBR 14653-1, 2001, p.4). 
 
2.2.1.19 Exame 
 
“Inspeção, por meio de perito, sobre pessoa, coisas, móveis e semoventes, para 
verificação de fatos ou circunstâncias que interessem à causa” (ABNT, NBR 13752, 1996, 
p.4). 
 
2.2.1.20 Inspeção 
 
(1) “Avaliação do estado da edificação e de suas partes constituintes, realizada 
para orientar as atividades de manutenção” (ABNT, NBR 5674, 1999, p.2). 
(2) Exame detalhado; vistoria; tribunal, junta ou repartição pública, incumbida de 
fiscalizar, inspecionar ou dar parecer sobre determinados assuntos (DICIONÁRIO DO 
AURÉLIO ONLINE, 2008 - 2016). 
 
2.2.1.21 Laudo 
 
(1) Parecer técnico escrito e fundamentado, no qual o perito relata o resultado de 
exames e vistorias, assim como eventuais avaliações realizadas (IBAPE/SP, 2002). 
(2) Peça na qual profissional habilitado (perito) relata o que observou e apresenta 
as suas conclusões ou avalia, essencialmente, o valor de coisas ou direitos (ABNT, NBR 
13752, 1996). 
 
2.2.1.22 Manutenção 
 
 
 
 
 
 
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(1) “Conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a 
capacidade funcional da edificação e de suas partes constituintes de atender as 
necessidades e segurança dos seus usuários” (ABNT, NBR 5674, 1999, p.2). 
(2) Ações preventivas ou corretivas necessárias para preservar as condições 
normais de utilização de um bem (IBAPE/SP, 2002). 
 
2.2.1.23 Patologia 
 
(1) Parte da engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as causas e 
origens dos defeitos nas construções civis. Resumindo, é o estudo das partes que compõem 
o diagnóstico do problema (OLIVEIRA, 2013). 
(2) “A patologia construtiva é o estudo que se ocupa da natureza das 
modificações estruturais e/ou funcional, produzindo anomalias construtivas” (IBAPE/SP, 
2002, p.17). 
 
2.2.1.24 Parecer Técnico 
 
(1) Seu objetivo é verificar o laudo oficial, de forma clara e objetiva, visando 
esclarecer a verdade acima dos interesses das partes (FIKER, 2009). 
(2) Opinião, sugestão ou esclarecimento técnico emitido por 
profissional legalmente habilitado de acordo com assunto de 
sua especialidade (ABNT, NBR 13752, 1996). 
 
2.2.1.25 Perda 
 
(1) Prejuízo material ou financeiro, privação ou desaparecimento da posse ou da 
coisa possuída (ABNT, NBR 13752, 1996). 
(2) Carência, privação do que se possuía. Extravio, desaparição. Dano, prejuízo 
(DICIONÁRIO DO AURÉLIO ONLINE, 2008 - 2016). 
 
2.2.1.26 Perícia 
 
“Atividade técnica realizada por profissional com qualificação específica, para 
averiguar e esclarecer fatos, verificar o estado de um bem, apurar as causas que motivaram 
 
 
 
 
 
Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 –Edição especial–Setembro de 2017-página 10 de 73 
determinado evento, avaliar bens, seus custos, frutos ou direitos” (ABNT, NBR 14653-1, 
2001, p.5). 
 
2.2.1.27 Perito 
 
A definição do glossário IBAPE/SP (2002, p.17) para perito é apresentada como 
“profissional legalmente habilitado, idôneo e especialista, convocado para realizar uma 
perícia”. 
 
2.2.1.28 Projeto 
 
(1) A NBR 5674 (ABNT, 1999, p.2) estabelece a definição de projeto como 
“descrição gráfica e escrita das características de um serviço ou obra de engenharia ou de 
arquitetura, definindo seus atributos técnicos, econômicos, financeiros e legais”. 
(2) Determina o plano geral para edificar, compreendendo informação 
característica para a concretização (ENGENHARIACIVIL.COM, 2001 - 2016). 
 
2.2.1.29 Prova 
 
(1) Conjunto de fatos que, objetivamente, devem ser apresentados de forma a 
convencer o juiz (MENDONÇA, 1999). 
(2) Cuida para estabelecer a verdade de um fato ou de alegação. Testemunha, 
indício, sinal (DICIONÁRIO DO AURÉLIO ONLINE, 2008 - 2016). 
 
2.2.1.30 Quesitos 
(1) São perguntas escritas e articuladas que os advogados das partes, e 
algumas vezes juízes e promotores de justiça, formulam relativamente aos 
fatos objeto da perícia, no sentido de melhor elucidá-los ou encaminhar os 
fatos levantados no curso do processo (CURI, 1998 apud TAKAHASHI, 
2002, p.21). 
 
(2) Bustamante (1996) define quesitos como “Questionamentos dirigidos aos peritos 
e assistentes técnicos, pelos quais se dará o balizamento da perícia.” 
 
2.2.1.31 Vistoria 
 
 
 
 
 
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(1) Exame rigoroso e descrição minuciosa de um imóvel, objetivando a 
elaboração de avaliação (ABNT, NBR 8951, 1985). 
(2) Apuração local de fatos, por meio de observações fundamentadas em um 
bem e nos elementos e condições que o constituem ou influenciam. (ABNT, NBR 14653-1, 
2001). 
 
2.3 Considerações 
 
2.3.1 Histórico da Perícia 
 
 Nos primórdios a perícia não existia, pois no Império não admitiam a necessidade de 
qualquer tipo de auxílio para as tomadas de decisões. Porém, no período republicano a 
prática pericial começou a se fazer presente no Brasil (TAKAHASHI, 2002). 
 Deutsch (2011), em seu livro, relata que com o surgimento da industrialização e a 
modificação da legislação em vigor, nasce à nova Constituição e democratização brasileira, 
iniciando assim um renovado período judicial, com a introdução das perícias. 
 Não se pode historiar perícia de engenharia no Brasil sem comentar sobre sua 
precursora, a perícia de avaliações. 
 A Engenharia de Avaliações aparece nacionalmente em 1850, quando de fato surge 
o interesse pela propriedade privada sobre a terra com a promulgação da Lei das Terras 
(Lei nº 601, de 18 de setembro de 1850). 
 Em 1918, o engenheiro Vitor da Silva Freire já abordava conceitos relacionados ao 
máximo rendimento do espaço e argumentos sobre profundidade dos terrenos. 
 Enquanto atuava como engenheiro avaliador, em 1928, o engenheiro Luís Carlos 
Berrini desenvolvia seus estudos avaliativos, resultando nas primeiras publicações na 
Revista Engenharia, entre 1936 e 1938. 
 Na década de 1930 regulamentou-se o exercício profissional de engenheiros, 
arquitetos e agrimensores, por meio do Decreto Federal nº 23.569, de 11 de dezembro de 
1933. A partir deste Decreto houve a atribuição dos referidos profissionais para elaboração 
de perícias e arbitramentos. 
 No ano de 1939, quando se estabelece o Código Civil, são previstos, por meio dos 
artigos, a nomeação de um perito do juiz e dos assistentes técnicos, designados ou não 
pelas partes, nas ações judiciais. 
 
 
 
 
 
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 A primeira norma sobre avaliações de imóveis aparece em 1952. Já em 1949 surge a 
ideia de se fundar a Oficina Permanente Panamericana de Valuaciones, hoje conhecida 
como UPAV (Union Pan Americana de Valuación). Esse órgão tem como objetivo a 
congregação das associações de avaliadores existentes nas Américas. 
 Em 1953 é fundado o Instituto de Engenharia Legal no Rio de Janeiro. E em 1954, 
por iniciativa de Hélio de Caíres, foi criado, em São Paulo, o Instituto Brasileiro de 
Avaliações e Perícias de Engenharia – IBAPE. Este Instituto tem representatividade em 
entidades como: CIDADEC (Confederation Internationale Des Associations D’Experts Et de 
Conselis); FVC (International Valuation Standards Committee); SIAE (Societas 
Internationallis Aestimationum); e UPAV. 
 A partir de 1970, iniciaram-se os Congressos na área. Já noprimeiro Congresso 
Nacional foi publicada a primeira Norma para Avaliação de Imóveis Urbanos (NBR 
502/1977). 
 No ano de 1978 fundou-se a Associação Brasileira de Entidades de Engenharia de 
Avaliações e Perícias – ABRAP, reunindo todos os institutos regionais da época. 
 Em 1995 o IBAPE e a ABRAP se uniram, formando assim o Instituto Brasileiro de 
Avaliações e Perícias de Engenharia Nacional, que agrega os Institutos Estaduais filiados, 
formados por engenheiros, arquitetos, agrônomos e empresas que atuam nesta área de 
Avaliações e Perícias de Engenharia. 
 A datar 2001, entra em vigor a norma ABNT NBR 14653 – “Avaliação de Bens”, onde 
todas as normas existentes foram unificadas abrangendo partes específicas: imóveis 
urbanos e rurais, empreendimentos, máquinas, equipamentos, instalações e bens 
industriais. 
 
2.3.1.1 Perícias Técnicas 
 
Conforme Deutsch (2011), até 1990 as perícias de engenharia tinham enfoque na 
área de avaliações. A modernização das cidades gerava um alto número de ações de 
desapropriação fundamental para o desenvolvimento urbano. 
As perícias técnicas ordinárias (referentes às patologias, discordância de contratos, 
obras irregulares) não tinham o mesmo destaque que as perícias de avaliações, pois muitas 
edificações se iniciaram, sendo, portanto, consideradas novas e com bom funcionamento. 
Não havia grande competitividade. A tecnologia era singela e também não havia o 
 
 
 
 
 
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conhecimento do direito do consumidor, que só se faz presente após a instalação do Código 
de Defesa do Consumidor, em 1990. 
Em 1997 a ABNT publicou a Norma de Perícias de Engenharia, visto a crescente 
demanda nestes tipos de casos. 
Hoje em dia, o mercado se abre para novas especializações e desafios. Surge então 
a Engenharia Diagnóstica, que nada mais é, segundo Gomide (2009) apud Deutsch (2011), 
do que um instrumento da ciência da observação. É definida como a arte de criar ações 
proativas, através de diagnósticos, prognósticos e prescrições técnicas, buscando qualidade 
absoluta. 
A Engenharia Legal se compõe fundamentalmente da Engenharia de Avaliações e 
Engenharia Diagnóstica (compreende as patologias das construções). 
Ao que se referem às patologias, elas são decorrentes do surgimento de anomalias 
nas edificações, que podem ser provenientes desde problemas na fundação, estrutura e 
acabamento, até nos próprios materiais utilizados. 
A ausência de manutenção predial, inspeções frequentes e conservação das 
construções geram problemas delicados, podendo levar a processos judiciais. 
 
2.3.2 Perícias nos Diversos Tipos de Ações 
Apenas a título de conhecimento, com o auxílio de pesquisa realizada ao site do 
IBAPE e ao livro de Maia Neto (1999), segue uma breve explanação sobre as perícias nos 
seus diversos tipos de ações: 
- Ordinária: abrangente e complexa. A indenização acontece por vícios de 
construção ou danos causados a terceiros e a quem se envolva na atuação pecuniária por 
ocorrência que implique em uma apuração e parecer técnico de engenharia. Também se 
enquadram as ações de “Quanti Minoris”, onde o autor requer a diferença entre a área 
adquirida e existente, e aquela constante do título equivocado ou planta de aquisição. 
- Vistoria cautelar (produções antecipadas de provas) ou sumaríssima: compreende 
a prévia fiscalização de imóveis vizinhos antes da instalação de um canteiro de obras, diante 
de riscos iminentes ou algum cenário que possa ter como causa a desatenção, vício ou mau 
uso da coisa. Também se entende como ações para designar responsabilidade por 
infiltrações, danos causados a imóveis pelo inquilino, colisões de veículos, entre outros. 
- Desapropriação: este tipo de perícia objetiva encontrar informações de modo a 
obter a justa indenização pela desapropriação de um bem pelo Poder Público, seu agente 
 
 
 
 
 
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ou concessionário de serviço público. Nos casos de desapropriação, a perícia tem como 
finalidade exclusiva a determinação do real valor venal do imóvel ou objeto da ação, sendo 
característica legal destas ações, a garantia de indenização prévia e justa, em dinheiro 
(exceto nas ocorrências previstas em lei). 
- Renovatória e revisional: procuram determinar o justo valor locativo de um imóvel. 
Nas ações renovatórias, relativas somente a imóveis comerciais, entre um ano e seis meses 
antes do término do contrato de aluguel com prazo mínimo de 5 (cinco) anos, o inquilino 
comercial solicita em juízo que este decrete sua renovação por igual período, 
disponibilizando o pagamento comumente inferior ao de mercado. Já nas ações revisionais, 
o objeto pode ser de um imóvel tanto comercial quanto residencial. A perícia estabelece um 
novo valor para o aluguel, por ser o atual considerado defasado. 
- Retificação de registro: se dá nos casos de omissão de medidas ou impropriedade 
de documentos de propriedade. Deverá ser feita por engenheiro. Ação de cunho 
administrativo, em princípio não litigiosa. 
- Demarcatória: envolve assuntos de terras, onde é exigida a contribuição de um 
perito com conhecimento de topografia e agrimensura, acompanhado ou não de peritos 
arbitradores que comprovem ou não as medidas encontradas. Uma demarcatória se 
manifesta quando há divergência entre os limites do título de propriedade e a real situação 
do imóvel. 
- Reintegração de posse e reivindicatória (“questão de terra”): situação em que teria 
sucedido uma invasão ou expropriação, sendo de competência do perito levantar dados 
topográficos que demonstram se as divisas reais coincidem com as divisas descritas nos 
documentos das propriedades. 
- Usucapião: a posse do imóvel ocorre por determinado tempo, cabendo ao perito à 
definição da elucidação do que é, efetivamente, usufruído pelo requerente. 
- Nunciação de obra nova e embargo: há o risco iminente a terceiros. O perito tem de 
embasar seu parecer de modo a distanciar a responsabilidade por prejuízos por lucros 
cessantes, consequentes de um embargo ou nunciação da obra. 
- Busca e apreensão: ações sobre proprietários de veículos, máquinas e 
equipamentos financiados que, quando são apreendidos por decisão judicial, ordenam 
conhecimentos técnicos qualificados para determinação do seu valor. 
Existem também as perícias específicas, como as perícias ambientais, que 
abrangem danos ou alterações do solo, água, ar, recursos naturais e/ou ao bem estar dos 
 
 
 
 
 
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indivíduos, solicitando muitas vezes a ação de mais de um auxiliar técnico especialista, além 
de exames laboratoriais de água e solo. 
A atividade do perito envolve ainda a avaliação de condições de segurança e/ou 
salubridade no ambiente de trabalho, em ações que sucedem em varas próprias do trabalho 
e que podem requerer avaliações técnicas através de equipamentos especiais, exames 
laboratoriais, clínicos e médicos, dentre outros. 
2.3.3 Perícia como Meio de Prova 
 
 Bustamante (1996) apresenta que a convicção do juiz precisa ser estabelecida 
conforme provas juridicamente viáveis. 
De acordo com a Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015: 
 
Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem 
como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste código, 
para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e 
influir eficazmente na convicção do juiz. 
 
Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar 
as provas necessárias ao julgamento do mérito. Parágrafo único. O juiz 
indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis oumeramente 
protelatórias. 
 
Art. 374. Não dependem de prova os fatos: 
I – Notórios; 
II – Afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; 
III – Admitidos, no processo, como incontroversos; 
IV – Em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. 
 
Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. 
§ 1o O juiz indeferirá a perícia quando: 
I - a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico; 
II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas; 
III - a verificação for impraticável. 
§ 2o De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à 
perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o 
ponto controvertido for de menor complexidade. 
§ 3o A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de 
especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que demande 
especial conhecimento científico ou técnico. 
§ 4o Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica 
específica na área objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer 
recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de 
esclarecer os pontos controvertidos da causa. 
 
 
 
 
 
 
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 Segundo Maia Neto (1999), ao solicitar a produção de uma prova, a parte procura a 
convicção da existência de um fato, bem como a sua inexistência. Dessa forma, o CPC 
apresenta as seguintes provas usuais: 
- Depoimento pessoal; 
- Confissão; 
- Exibição de documentos ou coisa; 
- Prova documental; 
- Prova pericial; 
- Inspeção judicial. 
 A prova pericial ocorre quando o juiz não for apto o suficiente para a averiguação dos 
fatos, seja pela falta de conhecimentos técnicos ou pela impossibilidade de extrair os dados 
necessários. 
 Em diversas ocasiões em que se exigem tais investigações, os fatos acabam por 
obrigar a presença de um técnico ou, como são conhecidos juridicamente, fatos de 
percepção técnica. 
 Dessa maneira, é de suma importância que os fatos sejam analisados 
minuciosamente para que não restem dúvidas sobre as conclusões obtidas. 
 Em síntese, perícia é uma prova admitida no processo que leva ao juiz elementos 
relativos a fatos que demandem conhecimentos técnicos, podendo incidir numa declaração 
de ciência (ocorre quando descrevem as percepções obtidas, tornando afirmação de um 
juízo nas ocasiões em que se compõe um parecer que auxilie o juiz na interpretação dos 
fatos da causa), na afirmação de um juízo, ou em ambas, respectivamente. 
 
2.3.4 Campo de Trabalho 
 
De acordo com Maia Neto (1999), o campo de trabalho com maior abrangência para 
quem quer atuar nessa área está ligado às perícias no âmbito do Poder Judiciário, que 
ocorrem quando o material em questão envolver conhecimento técnico, podendo ser 
solicitada pelas partes ou determinada pelo juiz. 
 Se a participação do profissional acontecer por nomeação do juiz, a sua função será 
a de perito, de acordo com o CPC, enquanto que nas ocasiões em que for indicado pelas 
partes ou seus advogados, este atuará como assistente técnico, a quem passará a referir-se 
ao longo do trabalho pericial. 
 
 
 
 
 
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 O juiz, ao determinar a realização da prova pericial, consecutivamente nomeia o 
perito, que é o profissional de sua inteira confiança, podendo as partes em litígio indicar 
seus assistentes técnicos (não é obrigatório, ao contrário do perito, sem o qual não seria 
possível a execução da perícia). 
 Há também outro campo de trabalho chamado de perícias administrativas, que 
ocorrem geralmente em órgãos ou empresas, principalmente as que pertencem ao poder 
público, quando o especialista realiza trabalhos periciais que podem ser utilizados em ações 
judiciais. Não segue os ritos do Código de Processo Civil. 
 Por fim, existem casos em que a perícia é particular, apesar de seguir a metodologia 
de execução de uma perícia judicial. A diferença é que ocorrem por iniciativa exclusiva do 
contratante. 
 Este tipo de perícia evita o procedimento judicial, ou sucede como medida 
preparatória a uma ação judicial, podendo o profissional atuar como consultor, quando eleito 
por duas partes em disputa, tendo em vista resolver eventual questão de fundamento 
técnico. 
 Com relação a este último tipo de perícia, após a Lei nº 8.455, de 24 de agosto de 
1992 ser modificada, houve alteração nos dispositivos processuais referentes às perícias, 
sendo facultado ao juiz dispensar a prova pericial, mediante a nomeação do perito, quando 
ambas as partes apresentarem pareceres com devida fundamentação. 
 Com a edição da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, surgiu novas 
oportunidades para os profissionais da área, pois segundo esta Lei, sempre que a matéria 
objeto da arbitragem abranger conteúdo técnico similar às perícias judiciais haverá 
necessidade de participação, como árbitro, de um profissional legalmente habilitado nos 
termos da lei civil, apropriado à espécie. 
 Deutsch (2011) afirma que o campo da Engenharia Legal não inclui apenas à prática 
pericial judicial, pois além de o profissional exercer suas atividades como perito judicial e 
assistente técnico, ele poderá também atuar como consultor extrajudicial. 
 As consultorias extrajudiciais incluem avaliações patrimoniais, pesquisas ambientais, 
inspeções prediais, vistorias, constatações de obras irregulares e análise das patologias 
encontradas nas edificações. 
 Na área dos danos (patologias) as edificações, há um amplo campo de trabalho em 
que são necessários laudos e pareceres de vistorias; entrega das chaves; vistoria de 
entorno; patologias variadas, ou seja, desde problemas estruturais até problemas com 
 
 
 
 
 
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revestimentos, desplacamento de fachadas, anomalias nas esquadrias, irregularidades na 
impermeabilização, infiltrações tanto em tubulações quanto pela falta de conservação dos 
imóveis. 
 Quando há conflito, existe uma série de laudos e pareceres técnicos emitidos por 
profissionais habilitados que ajudam na negociação e conciliação das partes envolvidas. 
Porém, caso não exista a possibilidade de uma solução amistosa, as partes frequentemente 
recorrem à área judicial. 
 
2.3.5 Atribuições Profissionais 
 
Para que haja a realização das perícias, o profissional deve, primeiramente, ter 
registro no CREA. A partir disso, com o treinamento frequente e experiência adquirida, 
obtém-se a habilitação profissional. 
A regulamentação das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro Agrônomo 
encontram-se na legislação, mais especificamente na Lei Federal nº 5.194, de 24 de 
dezembro de 1966, onde em seu artigo 7º determina as atribuições profissionais, além de 
prever, nos artigos 13 e 68, a validade dos trabalhos quando são realizados por profissionais 
legalmente habilitados (MAIA NETO, 1999). 
 
Art. 7º As atividades e atribuições profissionais do engenheiro, do arquiteto 
e do engenheiro-agrônomo consistem em:··. 
a) Desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais, 
paraestatais, autárquicas, de economia mista e privada; 
b) Planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, obras, 
estruturas, transportes, explorações de recursos naturais e desenvolvimento 
da produção industrial e agropecuária;·. 
c) Estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e 
divulgação técnica;·····.d) Ensino, pesquisas, experimentação e ensaios; ·. 
e) Fiscalização de obras e serviços técnicos; ·. 
f) Direção de obras e serviços técnicos; ···. 
g) Execução de obras e serviços técnicos;···. 
h) Produção técnica especializada, industrial ou agropecuária. Parágrafo 
único. Os engenheiros, arquitetos e engenheiros-agrônomos poderão 
exercer qualquer outra atividade que, por sua natureza, se inclua no âmbito 
de suas profissões. 
 
Art. 13. Os estudos, plantas, projetos, laudos e qualquer outro trabalho de 
engenharia, de arquitetura e de agronomia, quer público, quer particular, 
somente poderão ser submetidos ao julgamento das autoridades 
competentes e só terão valor jurídico quando seus autores forem 
profissionais habilitados de acordo com esta lei. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 68. As autoridades administrativas e judiciárias, as repartições estatais, 
paraestatais, autárquicas ou de economia mista não receberão estudos, 
projetos, laudos, perícias, arbitramentos e quaisquer outros trabalhos, sem 
que os autores, profissionais ou pessoas jurídicas; façam prova de estar em 
dia com o pagamento da respectiva anuidade. 
 
Quanto às pessoas que não dispõe de habilitação legal, a referida lei especifica: 
 
Art. 6º Exerce ilegalmente a profissão de engenheiro, arquiteto ou 
engenheiro-agrônomo: 
a) a pessoa física ou jurídica que realizar atos ou prestar serviços público ou 
privado reservados aos profissionais de que trata esta lei e que não possua 
registro nos Conselhos Regionais; 
b) o profissional que se incumbir de atividades estranhas às atribuições 
discriminadas em seu registro; 
c) o profissional que emprestar seu nome a pessoas, firmas, organizações 
ou empresas executoras de obras e serviços sem sua real participação nos 
trabalhos delas; 
d) o profissional que, suspenso de seu exercício, continue em atividade; 
e) a firma, organização ou sociedade que, na qualidade de pessoa jurídica, 
exercer atribuições reservadas aos profissionais da engenharia, da 
arquitetura e da agronomia, com infringência do disposto no parágrafo único 
do Ed. extra 8º desta lei. 
 
Art. 15. São nulos de pleno direito os contratos referentes a qualquer ramo 
da engenharia, arquitetura ou da agronomia, inclusive a elaboração de 
projeto, direção ou execução de obras, quando firmados por entidade 
pública ou particular com pessoa física ou jurídica não legalmente habilitada 
a praticar a atividade nos termos desta lei. 
 
A resolução nº 218 (CREA), de 29 de junho de 1973, define as atividades das 
distintas modalidades profissionais para efeito de fiscalização da prática profissional, dentre 
as relativas à vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico. 
 
Art. 1º. Para efeito de fiscalização do exercício profissional correspondente 
às diferentes modalidades da engenharia, arquitetura e agronomia em nível 
superior e em nível médio, ficam designadas as seguintes atividades: 
Atividade 01 - supervisão, coordenação e orientação técnica; 
Atividade 02 - estudo, planejamento, projeto e especificação; 
Atividade 03 - estudo de viabilidade técnico-econômica; 
Atividade 04 - assistência, assessoria e consultoria; 
Atividade 05 - direção de obra e serviço técnico; 
Atividade 06 - vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer 
técnico; 
Atividade 07 - desempenho de cargo e função técnica; 
Atividade 08 - ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e 
divulgação técnica; extensão; 
Atividade 09 - elaboração de orçamento; 
Atividade 10 - padronização, mensuração e controle de qualidade; 
Atividade 11 - execução de obra e serviço técnico; 
 
 
 
 
 
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Atividade 12 - fiscalização de obra e serviço técnico; 
Atividade 13 - produção técnica e especializada; 
Atividade 14 - condução de trabalho técnico; 
Atividade 15 - condução de equipe de instalação, montagem, operação, 
reparo ou manutenção; 
Atividade 16 - execução de instalação, montagem e reparo; 
Atividade 17 - operação e manutenção de equipamento e instalação; 
Atividade 18 - execução de desenho técnico. 
 
O art. 28 do Decreto nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933, estabelece as 
especializações profissionais: 
 
Art. 28. São da competência do engenheiro civil: 
a) Trabalhos topográficos e geodésicos; 
b) O estudo, projeto, direção, fiscalização e construção de edifícios, com 
todas as suas obras complementares;···. 
c) O estudo, projeto, direção, fiscalização e construção das estradas de 
rodagem e de ferro; 
d) O estudo, projeto, direção, fiscalização o construção das obras de 
captação e abastecimento de água; 
e) O estudo, projeto, direção, fiscalização e construção de obras de 
drenagem e irrigação; 
f) O estudo, projeto, direção, fiscalização e construção das obras destinadas 
ao aproveitamento de energia e dos trabalhos relativos às máquinas e 
fábricas; 
g) O estudo, projeto, direção, fiscalização e construção das obras relativas a 
portos, rios e canais e dos concernentes aos aeroportos; 
h) O estudo, projeto, direção, fiscalização e construção das obras peculiares 
ao saneamento urbano e rural; 
i) Projeto, direção e fiscalização dos serviços de urbanismo; 
j) A engenharia legal, nos assuntos correlacionados com a especificação 
das alíneas a a i; 
l) Perícias e arbitramentos referentes à matéria das alíneas anteriores. 
 
 Conforme a Resolução nº 1.010, de 22 de agosto de 2015, ao que diz respeito aos 
registros dos profissionais: 
 
Art. 7º. A atribuição inicial de títulos profissionais, atividades e 
competências para os diplomados nos respectivos níveis de formação, nos 
campos de atuação profissional abrangidos pelas diferentes profissões 
inseridas no sistema CONFEA/CREA, será efetuada mediante registro e 
expedição de carteira de identidade profissional no CREA, e a respectiva 
anotação no sistema de informações CONFEA/CREA - SIC. 
 
Art. 10. A extensão da atribuição inicial de título profissional, atividades e 
competências na categoria profissional engenharia, em qualquer dos 
respectivos níveis de formação profissional será concedida pelo CREA em 
que o profissional requereu a extensão (...) 
 
 
 
 
 
 
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A resolução nº 1073, de 19 de abril de 2016, também trata dos registros 
profissionais, definindo, em relação à extensão das atribuições profissionais que: 
 
Art. 7º. A extensão da atribuição inicial de atividades, de competências e de 
campo de atuação profissional no âmbito das profissões fiscalizadas pelo 
sistema CONFEA/CREA será concedida pelo CREA aos profissionais 
registrados adimplentes, mediante análise do projeto pedagógico de curso 
comprovadamente regular, junto ao sistema oficial de ensino brasileiro, nos 
níveis de formação profissional discriminados no art. 3º, cursados com 
aproveitamento, e por suplementação curricular comprovadamente regular, 
dependendo de decisão favorável das câmaras especializadas pertinentes à 
atribuição requerida. 
 
O CPC, em seu artigo 156 da Lei Federal nº 13.105, de 16 de março de 2015, trata 
do perito prevendo como ocorre a escolha dos profissionais: 
 
Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender 
de conhecimento técnico ou científico.§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente 
habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em 
cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado. 
§ 2º Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta 
pública, por meio de divulgação na rede mundial de computadores ou em 
jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades, a 
conselhos de classe, ao ministério público, à defensoria pública e à ordem 
dos advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos 
técnicos interessados. 
§ 3º Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para 
manutenção do cadastro, considerando a formação profissional, a 
atualização do conhecimento e a experiência dos peritos interessados. 
§ 4º Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos 
termos dos arts. 148 e 467, o órgão técnico ou científico nomeado para 
realização da perícia informará ao juiz os nomes e os dados de qualificação 
dos profissionais que participarão da atividade. 
§ 5º Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo 
tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair 
sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor 
do conhecimento necessário à realização da perícia. 
2.3.6 O Perito 
 
Segundo o artigo 149 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, o perito é 
considerado auxiliar da justiça: 
 
Art. 149. São auxiliares da justiça, além de outros cujas atribuições sejam 
determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe 
de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o 
intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o 
distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias. 
 
 
 
 
 
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Ao que se refere à atuação do perito, Bustamante (1996) afirma que ela é exercida 
com o intuito de atender a finalidade da perícia, averiguando os fatos relacionados à matéria 
em questão, certificando-os, examinando-os ou interpretando-os. Seu parecer técnico, após 
a perícia, será apresentado, conforme decisão do juiz, em inquirição em audiência ou por 
escrito (laudo). 
 
Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar 
o juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo 
alegando motivo legítimo. § 1º A escusa será apresentada no prazo de 15 
(quinze) dias, contado da intimação, da suspeição ou do impedimento 
supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a alegá-la. § 2º Será 
organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com disponibilização 
dos documentos exigidos para habilitação à consulta de interessados, para 
que a nomeação seja distribuída de modo equitativo, observadas a 
capacidade técnica e a área de conhecimento. 
 
Como motivo legítimo para o perito não dar continuidade com a perícia, se evidencia, 
por exemplo, não se considerar apto para realizar determinada perícia; ocorrência de força 
maior; a perícia ser relativa com assuntos que intervieram de algum modo com o 
interessado. 
 O Instituto de Avaliações e Perícias de Engenharia do Pará (IAPEP (2015) - entidade 
filiada ao IBAPE) apresenta que o perito deve sempre que possível: 
- Manter pesquisa de preço de mercado imobiliário atualizada; 
- Estudar e buscar estar sempre “por dentro” do comportamento do mercado imobiliário 
local; 
- Sustentar uma pequena biblioteca sobre temas pertinentes à engenharia legal; 
- Trocar opiniões e experiências com colegas militantes na mesma área; 
- Fazer cursos de atualização frequentemente; 
- Manter um escritório autônomo, com uma completa infraestrutura básica; 
- Trabalhar respeitando os critérios normativos e a ética profissional. 
“Ferramentas do perito/avaliador: informática; estatística básica; matemática financeira; 
legislação vigente para projeto, construção, etc.; normas técnicas; Código Civil Brasileiro; 
orçamento; mercado imobiliário; pesquisa de valores” (IAPEP, 2015, p.21). 
 
2.3.7 Ética Profissional do Perito Judicial 
 
 
 
 
 
 
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Segundo o artigo nº 5 do Conselho Nacional dos Peritos Judiciais da República 
Federativa do Brasil – CONPEJ, o perito judicial deve proceder de forma que o torne 
merecedor de respeito e que colabore para o prestígio da classe e da perícia judicial. 
Nenhuma preocupação em desagradar o juiz ou outra autoridade, seguindo as normas de 
urbanidade e estritamente profissional, nem de ocorrer impopularidade, deve deter o perito 
no desempenho de sua profissão. 
 
Art. 6º. O perito judicial é responsável pelos atos que, no exercício da 
profissão, praticar com dolo ou culpa. 
Parágrafo único. O assistente técnico será solidariamente responsável com 
seu cliente, se produzir laudo pericial visando interpor ação temerária, 
desde que com aquele coligado para lesar a parte contrária, o que deverá 
ser apurado em ação própria. 
 
Art. 7º. O perito judicial, inscrito nos quadros do conselho nacional dos 
peritos judiciais da república federativa do Brasil, obriga-se a cumprir 
rigorosamente os deveres consignados neste código de ética e.disciplina. 
Parágrafo único. O código de ética e disciplina regula os deveres do perito 
judicial, inscritos no conselho nacional dos peritos judiciais da República 
Federativa do Brasil, para com o poder judiciário, a comunidade, o cliente, o 
outro profissional e, ainda, a publicidade, a recusa do patrocínio, o dever de 
assistência jurídica gratuita, o dever geral de urbanidade e os respectivos 
procedimentos disciplinares. 
 
2.3.8 Direitos e Deveres do Perito 
 
Michelini (2014) apresenta que são deveres dos peritos: 
- Aceitar o encargo, salvo alegando motivo fidedigno; 
- Respeitar os prazos; 
- Comparecer à audiência, tendo sido intimado para isso; 
- Ser honesto, criterioso, responsável e íntegro. 
 
São direitos dos peritos: 
- Dispensar o encargo quando: alegar motivo legítimo por ocorrência de força maior; tratar-
se de perícia a qual se considere inabilitado para realizá-la; o assunto da perícia não puder 
ser contestado pelo perito sem desonra própria ou de seu cônjuge, parente ou amigo; ser 
íntimo ou ter algum tipo de parentesco ou vínculo com ambas às partes; ser amigo ou 
inimigo de qualquer uma das partes; se a perícia for sobre fato de sigilo profissional; ser 
militar ou funcionário público (essas pessoas só são obrigadas a aceitar o encargo mediante 
requisição ao comando ou ao chefe da repartição a que estiverem subordinados); a perícia 
 
 
 
 
 
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seja sobre assunto de seu interesse; estiver ocupado com outras perícias, não havendo 
condições para executar esta; 
- Solicitar prorrogação de prazo ou adiamento da audiência, desde que haja motivos justos; 
- Recorrer às fontes de informação; 
- A honorários; 
- A indenização das despesas. 
Já com base no CONPEJ, os direitos e deveres dos peritos e assistentes técnicos 
são: 
 
Art. 16º. É direito do perito judicial e do assistente técnico exercer sua 
nomeação ou indicação sem ser discriminado por questões de religião, 
etnia, sexo, nacionalidade, cor, orientação sexual, idade, condição social, 
opinião política, ou de qualquer outra natureza. 
 
O perito judicial e os assistentes técnicos podem e devem utilizar de todos os 
elementos necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações,solicitando documentos 
que estejam em poder da parte ou de repartições públicas, assim como instruir o laudo com 
plantas, desenhos e fotografias e quaisquer outras informações que julgue necessário. 
Caso haja recusa da exibição, entrega de documentos ou qualquer condição oposta 
ao bom desempenho do trabalho pericial, o perito judicial tem a obrigação de comunicar o 
fato ao juiz, mediante petição, para que este tome as medidas 
administrativas e legais que o caso demandar. 
 
Art. 19º. O perito judicial tem direito de requerer a prorrogação do prazo 
estipulado pelo juiz para apresentação do laudo pericial, quando a perícia 
judicial necessitar de um conjunto de procedimentos técnicos ou científicos, 
tais como pesquisas, diligências, levantamento de dados e documentos, 
análises, cálculos, e outros, que possam comprometer o compromisso 
assumido. 
 
O perito judicial tem o seu direito ao sigilo profissional protegido, mesmo em 
depoimento judicial, sobre o que conheça em razão de seu ofício, podendo recusar-se a 
depor como testemunha em processo no qual trabalhou 
por nomeação ou indicação como assistente técnico. 
Poderá também o perito judicial publicar relatório, parecer ou trabalho técnico 
profissional, assinado e sob sua responsabilidade, contanto que não seja difamatório ou que 
 
 
 
 
 
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possam provocar, bem como entreter debates a respeito do serviço a seu cargo, 
considerando o sigilo de justiça e sem expor o nome das partes. 
É direito do perito judicial evitar interferência que possa constrangê-lo em suas 
atividades, não aceitando, sob nenhuma hipótese, subordinar sua apreciação a qualquer 
fato, pessoa, circunstância ou efeito que comprometa sua independência, denunciando a 
ocorrência deste tipo de situação. 
 
Art. 23º. Constitui deveres do perito judicial: 
I. Exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade, dignidade e 
independência profissional; 
II. Guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício de suas 
funções; 
III. Zelar pela sua competência exclusiva na orientação dos serviços a ser 
cargo; 
IV. Comunicar, desde logo, à justiça, eventual circunstância adversa que 
possa influir na conclusão do trabalho pericial para o qual foi nomeado; 
V. Inteirar-se de todas as circunstâncias e dados antes de responder aos 
quesitos formulados; 
VI. Declarar-se impedido ou suspeito de aceitar sua nomeação, na hipótese 
de uma das circunstancias previstas nos artigos 26, 27, 28, 29 e 30 deste 
código; 
VII. Evitar declarações públicas sobre os motivos da renúncia de suas 
funções; 
VIII. Informar ao juízo, a qualquer tempo, a existência de impedimento para 
o exercício da função; 
IX. Recusar sua nomeação, desde que reconheça não se achar capacitado, 
em face de especialização técnica ou cientifica insuficiente, para bem 
desempenhar a nomeação. 
 
É proibido ao perito judicial: 
- Divulgar, provocar ou indicar publicidade abusiva; 
- Se aproveitar do seu exercício profissional para agir desonestamente; 
- Atrair serviços de qualquer natureza, com prejuízo moral ou desmerecimento para a classe 
e para o CONPEJ; 
- Assinar documentos ou peças elaboradas por outrem, alheio à sua orientação, supervisão 
e fiscalização; 
- Valer-se de agenciador de serviços, em troca de participação nos honorários; 
- Praticar, no exercício da profissão, ato legalmente definido como crime; 
- Requerer ou receber das partes envolvidas quaisquer importâncias fora do processo; 
- Determinar entendimento com uma das partes sem ciência da outra ou do juiz; 
- Prejudicar o interesse designado a seu serviço; 
- Recusar-se, sem justificação, a prestar serviços quando nomeado pela justiça; 
 
 
 
 
 
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- Reter impropriamente, livros, papéis ou documentos; 
- Interromper a prestação dos serviços sem justa causa ou notificação prévia à justiça e/ou 
cliente; 
- Exercer atividade profissional tendo a participação em empreendimentos que manifestam 
inviabilidades ou finalidades ilícitas; 
- Revelar negociação confidenciada para acordo ou transação; 
- Identificar o cliente sem sua concordância, em publicação, onde haja referência a trabalho 
que tenha realizado ou orientado; 
- Dissimular (ou tentar dissimular) a boa fé na elaboração de trabalhos; 
- Descumprir, no prazo estabelecido, determinação do CONPEJ, dos conselhos de registro 
profissional ou de outros órgãos autorizados em matéria de competência destes, depois de 
regularmente notificado; 
- Oferecer ou disputar serviços profissionais através de aviltamento de 
honorários ou em concorrência desleal. 
 
Art. 26º. É dever do perito judicial com relação à classe: 
I. Prestar seu concurso moral, intelectual e material às entidades de classe; 
II. Zelar pelo prestígio da classe, da dignidade profissional e do 
aperfeiçoamento de suas instituições; 
III. Aceitar o desempenho de cargo dirigente nas entidades de classe, salvo 
circunstâncias especiais que justifiquem sua recusa e exercê-lo com 
interesse e critério; 
IV. Acatar as resoluções votadas pelo Conselho Nacional dos Peritos 
Judiciais da República Federativa do Brasil; 
V. Zelar pelo cumprimento deste código, comunicando com discrição e 
fundamentadamente, aos órgãos competentes, as infrações de que tiver 
ciência; 
VI. Jamais utilizar-se de posição ocupada na direção de entidades de classe 
em benefício próprio ou para proveito pessoal, diretamente ou através de 
interposta pessoa. 
 
O perito deve, em relação aos colegas: 
- Evitar informações prejudiciais ou desabonadoras; 
- Abnegar encargo profissional em substituição a colega que dele tenha abandonado para 
preservar a dignidade ou os interesses da profissão ou da classe, desde que se conserve as 
condições que ditaram o referido procedimento; 
- Comunicar-se com perito assistente oficial com antecedência mínima de 48 horas antes da 
realização da diligência e/ou entrega do laudo; 
 
 
 
 
 
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- Evitar declarações sobre serviço profissional que entregue o colega, sem consentimento 
deste; 
- Nunca apropriar-se de trabalhos, iniciativas ou soluções desenvolvidas por colegas, 
apontando-os como próprios; 
- Evitar desentendimentos com o colega que vier a substituir no exercício da profissão. 
Conforme estabelece o CONFEA, resolução nº 205, de 30 de setembro de 1971: 
 
- Se o perito judicial atuar como consultor em outro país, observar as 
normas nele vigentes sobre conduta profissional, ou - no caso da 
inexistência de normas específicas - adotar as estabelecidas pela FMOI 
(Fédération Mondiale des Organisations D'ingénieurs); 
- Por serviços prestados em outro país, não utilizar nenhum processo de 
promoção, publicidade ou divulgação diverso do que for admitido pelas 
normas do referido país. 
 
2.3.9 Assistente Técnico 
 
 Em seu livro, Fiker (2011) declara que quando o processo depender do aval técnico 
ou científico, o juiz nomeará um perito judicial. Portanto, não há necessidade das partes 
indicarem um assistente técnico, mas é interessante. 
 A função desempenhada pelo assistente técnico é acompanhar a perícia em todas 
as fases, colaborando com o perito no que for possível e elaborar seu parecer técnico, que é 
uma análise sobre o laudo pericial, expondo sua concordância ou discordância a que diz 
respeito ao conteúdo do trabalho. 
O assistente técnico opina o laudo seguindo o parâmetro técnico e segundo o 
interesse do seu cliente, dentro das especificações que regem o Código de Ética 
Profissional. 
Conforme a Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015:Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi 
cometido, independentemente de termo de compromisso. § 1º Os 
assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a 
impedimento ou suspeição. § 2º O perito deve assegurar aos assistentes 
das partes o acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames 
que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, com 
antecedência mínima de 5 (cinco) dias. 
 
2.4 A Perícia no Código de Processo Civil 
 
2.4.1 Nomeação do Perito 
 
 
 
 
 
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 Em conformidade com o CPC (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), o juiz 
nomeará o perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico. 
Os peritos são nomeados de acordo com os profissionais legalmente habilitados e os órgãos 
técnicos ou científicos propriamente inscritos em cadastro tratado pelo tribunal em que o juiz 
está vinculado. 
 
Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará 
de imediato o prazo para a entrega do laudo. [v. Art. 471, relacionado] § 1º 
Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do 
despacho de nomeação do perito: I – arguir o impedimento ou a suspeição 
do perito, se for o caso; II – indicar assistente técnico. III – apresentar 
quesitos. § 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias: I 
– proposta de honorários; II – currículo, com comprovação de 
especialização; III – contatos profissionais, em especial o endereço 
eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais. § 3º As partes 
serão intimadas da proposta de honorários para, querendo, manifestar-se 
no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor, 
intimando-se as partes para os fins do art. 95. § 4º O juiz poderá autorizar o 
pagamento de até cinquenta por cento dos honorários arbitrados a favor do 
perito no início dos trabalhos, devendo o remanescente ser pago apenas ao 
final, depois de entregue o laudo e prestados todos os esclarecimentos 
necessários. § 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz 
poderá reduzir a remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho. 
 
 
A indicação do perito também poderá ser feita pelas partes, conforme o artigo 471: 
 
Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, 
indicando-o mediante requerimento, desde que: 
I - sejam plenamente capazes; 
II - a causa possa ser resolvida por autocomposição. 
§ 1o As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos 
assistentes técnicos para acompanhar a realização da perícia, que se 
realizará em data e local previamente anunciados. 
§ 2o O perito e os assistentes técnicos devem entregar, 
respectivamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz. 
§ 3o A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria 
realizada por perito nomeado pelo juiz. 
 
O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento ou suspeição. 
 
Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: I – ao 
membro do ministério público; II – aos auxiliares da justiça; III – aos demais 
sujeitos imparciais do processo. § 1º a parte interessada deverá arguir o 
impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente 
instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos. § 3º 
 
 
 
 
 
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nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º será disciplinada pelo 
regimento interno. 
 
Aceitando a escusa ou julgando procedente a impugnação, o juiz nomeará um novo 
perito (artigo 467). 
No caso em que o perito for substituído porque, sem motivo legítimo deixou de 
cumprir o encargo no prazo dado, o juiz comunicará a ocorrência a corporação profissional 
respectiva, podendo impor-lhe multa, que será fixada considerando o valor da causa e o 
provável prejuízo resultante do atraso no processo. O perito substituído restituirá, em no 
máximo 15 dias, os valores recebidos pelo trabalho não efetuado, sob pena de ficar 
impedido de atuar como perito judicial por 5 (cinco) anos. Se não houver a restituição 
voluntária, a parte que realizou o adiantamento dos honorários poderá promover execução 
contra o perito (artigo 468). 
2.4.2 Formulação de Quesitos 
 
 Maia Neto (1999) explicita que os quesitos são perguntas formuladas pelos 
advogados, e, por vezes pelo juiz e Promotor de Justiça ao perito e também aos assistentes 
técnicos, referentes aos fatos periciados, no sentido de esclarecer e encaminhar as dúvidas 
surgidas no processo. 
 A Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, declara que quando o juiz nomeia o perito, 
é responsabilidade das partes arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso, 
indicar os assistentes técnicos e formularem os quesitos. Se isso não ocorrer, poderão 
perder a oportunidade de questionar ao longo da diligência. 
 
Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a 
diligência, que poderão ser respondidos pelo perito previamente ou na 
audiência de instrução e julgamento. 
Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da juntada dos 
quesitos aos autos. 
 
O juiz é encarregado de indeferir os quesitos impertinentes e formular os quesitos 
que considerar importantes ao esclarecimento da causa. 
Ao que se refere a quesitos impertinentes, é fundamental que o perito fique atento 
para aqueles que o juiz indeferiu, ou para aqueles que mesmo não sendo indeferidos sejam 
considerados estranhos à perícia, devendo recusar-se de respondê-los, alegando os 
motivos que o levaram a tomar esta atitude. 
 
 
 
 
 
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Ademais, o perito deve esclarecer a matéria técnica em sua totalidade, mesmo que 
não tenham sido arguidas pelas partes. 
 
2.4.3 Realização da Perícia 
 
 O artigo 472 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, impõe que o juiz poderá 
dispensar a prova pericial quando as partes manifestarem sobre as questões de fato, 
pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes. Com isso, 
descartará a realização de perícias em casos em que ela não se fazia necessária, em 
função de incontáveis evidências técnicas que podem ser repassadas ao juiz através de um 
laudo particular bem estabelecido, que ofereça elementos precisos ao julgamento da 
questão. 
Maia Neto (1999) aponta que finalizados os procedimentos iniciais, perito e 
assistente técnico deverão comparecer ao local da perícia para averiguações necessárias 
ao esclarecimento dos fatos periciados individualmente ou em conjunto. 
 Ao decorrer do trabalho, tanto o perito quanto o assistente técnico podem utilizar de 
todos os meios para obtenção de informações essenciais ao desempenho da função, 
ouvindo testemunhas, solicitando documentos, utilizando projetos, mapas, planilhas, 
fotografias, desenhos ou outros elementos necessários para o objeto da perícia. 
 Isto quer dizer que ninguém poderá impedir o trabalho ao decorrer da perícia, mas se 
acontecer, o profissional, por meio de petição, tem a obrigação de comunicar ao juiz, 
solicitando uma ordem para realizar a diligência, podendo também demandar reforço 
policial. 
 
2.4.4 Entrega do Laudo 
 
Como apresenta o artigo 477 da Lei 13.105, de 16 de março de 2015, o perito e os 
assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo e parecer em prazo 
determinado pelo juiz. 
 
Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz, 
pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. § 
1º As partes serão intimadas para, querendo,manifestar-se sobre o laudo 
do perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o 
assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu 
respectivo parecer. § 2º O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 
(quinze) dias, esclarecer ponto: I – sobre o qual exista divergência ou 
 
 
 
 
 
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dúvida de qualquer das partes, do juiz ou do órgão do ministério público; II – 
divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte (...) 
 
2.4.5 Esclarecimentos e Nova Perícia 
 
 Dando sequência ao artigo 477 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, se ainda 
houver necessidade de esclarecimentos, a parte solicitará ao juiz que intime o perito ou o 
assistente técnico a comparecer à audiência de instrução e julgamento, formulando, desde 
já, os quesitos. Estes serão intimados por meio eletrônico, com no mínimo 10 (dez) dias de 
antecedência da audiência. 
 Maia Neto (1999) declara que os quesitos de esclarecimentos destinam-se a elucidar 
as respostas dadas, pois devem se voltar somente ao conteúdo do trabalho apresentado, 
não devendo englobar fatos novos sobre matéria não citada anteriormente. 
 É normal que o perito e o assistente técnico, ao serem intimados para prestar 
esclarecimentos em audiência, levem as respostas aos quesitos formulados, por escrito, 
para quando indagados realizarem a leitura, oferecendo, por conseguinte ao juiz, que 
frequentemente admite sua juntada ao processo. 
Há casos em que os advogados não formulam os quesitos, o que não obriga a 
resposta de perguntas elaboradas no momento da audiência. 
 Apesar de toda prova de caráter técnico ser sustentada através do trabalho do perito 
e do assistente técnico, o juiz pode utilizar de outros elementos ou fatos para proferir a 
sentença, como por exemplo, pareceres de diferentes profissionais cuja fundamentação seja 
mais bem embasada do que os laudos produzidos pelo perito e/ou assistente técnico. 
 Como é o juiz quem direciona o processo: 
 
Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a 
realização de nova perícia quando a matéria não estiver suficientemente 
esclarecida. 
§ 1o A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os quais 
recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos 
resultados a que esta conduziu. 
§ 2o A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a 
primeira. 
§ 3o A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar o 
valor de uma e de outra. 
 
 Poderá ocorrer, por parte do juiz, a determinação para que seja realizada uma nova 
perícia, mesmo que já tenham sido realizadas duas outras, não ficando a matéria 
suficientemente esclarecida. 
 
 
 
 
 
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2.4.6 Inspeção Judicial 
 
Na inspeção judicial (artigo 481 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), “o juiz, 
de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar 
pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse à decisão da causa”. 
Em seu livro, Maia Neto (1999) cita algumas situações em que se fez necessária à 
realização da inspeção judicial: 
- Quando houve um fato de natureza técnica, cujo local teve de ser interditado, segundo 
pedido de uma das partes, e o juiz determinou a partir de visita realizada ao local sinistrado; 
- No momento em que o juiz resolveu visitar o local da perícia, mesmo tendo nomeado o 
perito, e as partes designado os assistentes técnicos e formulado quesitos, com o intuito de 
prescindir a realização da prova pericial; 
- Depois da determinação da interdição de determinado local, e passado um tempo razoável 
da ocorrência, uma das partes solicitou levantamento da proibição, declarando necessidade 
de realização de obras no local, e o juiz foi averiguar in loco tal possibilidade; 
- Finalizados os procedimentos de realização da perícia e audiência, o fato não tenha ficado 
claro o suficientemente para o juiz, tendo que se dirigir ao local para efetuar pessoalmente 
seus esclarecimentos. 
Conforme o artigo 482 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, quando for realizar 
a inspeção, o juiz poderá ser assistido por um ou mais peritos. 
A legislação demonstra os casos em que o juiz irá ao local onde se encontre a 
pessoa ou coisa para proceder à inspeção judicial. 
 
Art. 483. O juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou a coisa quando: 
 I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos 
que deva observar; 
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis 
despesas ou graves dificuldades; 
III - determinar a reconstituição dos fatos. 
Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspeção, 
prestando esclarecimentos e fazendo observações que considerem de 
interesse para a causa. 
 
Art. 484. Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado, 
mencionando nele tudo quanto for útil ao julgamento da causa. 
Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com desenho, gráfico ou 
fotografia. 
 
 
 
 
 
 
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2.4.7 Prazos 
 
 Maia Neto (1999), apresenta a relação dos prazos que devem ser cumpridos, não 
somente para os profissionais que atuam na perícia, como também para os advogados, 
mostrando que o assistente técnico é fundamental na diligência do seu cumprimento, pois 
com isso ajudará o cliente que o contratou ou o advogado que confiou para que fosse 
contratado. 
 
- Quesitos e assistente técnico: 
 O primeiro prazo consta na fase pericial, que começa a contar da própria nomeação 
do perito (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, artigo 465, citado na seção 2.4.1). 
 - Recusa da nomeação: 
 O mesmo é válido para o perito, ao qual é imposto um prazo de 15 dias para a 
recusa da nomeação (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, artigo 157, citado na seção 
2.3.6). 
 - Conclusão da perícia: 
 Ao nomear o perito, o juiz determina um prazo para a entrega do laudo (Lei nº 
13.105, de 16 de março de 2015, artigo 465 do CPC, citado na seção 2.4.1). 
 Os prazos determinados pelo CPC para a realização de alguns atos por parte do 
perito devem ser executados com rigor, caso contrário, se houver descumprimento, a lei 
prevê sua substituição. 
Art. 468. O perito pode ser substituído quando: 
I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico; 
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe 
foi assinado. 
§ 1o No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à 
corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao 
perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo 
decorrente do atraso no processo. 
§ 2o O perito substituído restituirá, no prazo de 15 (quinze) dias, os 
valores recebidos pelo trabalho não realizado, sob pena de ficar 
impedido de atuar como perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos. 
§ 3o Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o § 2o, a parte 
que tiver realizado o adiantamento dos honorários poderá promover 
execução contra o perito, na forma dos arts. 513 e seguintes deste 
Código, com fundamento na decisão que determinar a devolução do 
numerário. 
 
 - Quesitos suplementares: 
 
 
 
 
 
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 Após iniciar os trabalhos periciais, as partes dispõem de um prazo até o final das 
diligências para a apresentação de quesitos suplementares (Lei nº 13.105, de 16 de março 
de 2015, artigo 469

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