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SEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA

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SEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA
A psiquiatria se concentra em dois ramos de conhecimento, as ciências naturais biológicas e as ciências humanas. A psicopatologia é uma ciência complexa onde detectamos os sinais e sintomas de doenças mentais, hoje temos importantes avanços nesse ramo, como os estudos epidemiológicos, exames biológicos moleculares e neuroimagem, etc. porém nada substitui o roteiro de entrevista clínica. 
A psicopatologia é dividida em duas partes: primeiramente a entrevista (anamnese psiquiátrica), envolvendo pacientes e familiares e um exame das funções mentais, que se configura como um estudo mental no momento da entrevista, baseado em quatro parâmetros: observação, conversação, investigação e testagem. Ambas as partes da psicopatologia devemos tentar refletir sobre as experiências subjetivas do paciente, ouvindo as objetivas.
Os dados necessários à História Clínica Psiquiátrica e ao Exame do Estado Mental, são obtidos, basicamente através da entrevista psiquiátrica, estando sujeitos à influência de inúmeras variáveis, como características do entrevistador, suas crenças, valores, sensibilidade, estado emocional no momento da entrevista e outras que podem interferir. Variáveis do paciente, também interferem na obtenção dos dados, por exemplo, sua motivação em relação ao exame. Se o paciente procurou ajuda, espontaneamente, pode-se esperar que tenha uma certa preocupação com seu estado e uma predisposição maior em colaborar, assim como a interação, que é uma das variáveis que influencia a observação, por exemplo, a eclosão de sentimentos de simpatia ou antipatia, pode influir no resultado do exame. 
Existem diferentes tipos de entrevistas que, de uma maneira bastante ampla, poderiam ser agrupadas em: abertas, estruturadas e semi-estruturadas:
ABERTAS: nas entrevistas abertas não há nenhum roteiro formado previamente pelo entrevistador, ele deixa com que o paciente se manifeste através de uma fala contínua, sem interferências, deste modo quem conduz a entrevista é o entrevistado e nesse tipo de entrevista captamos mais as referências subjetivas, como sentimentos bons ou ruins, podendo ser expressos em choros, risos, euforias, etc. Porém apresenta como principais limitações o tempo, que por vezes pode ser muito estendido, a pequena concordância interavaliadores, dificuldade em generalizações e categorizações e a dificuldade para formulação de diagnósticos consistentes, em razão da investigação assistemática dos sintomas.
ESTRUTURADA: nas entrevistas estruturadas já há um roteiro rígido com questões a serem dirigidas aos pacientes, deste modo quem conduz a entrevista é o entrevistador, nesse tipo captamos mais as referências objetivas, com um acesso bastante limitado aos conteúdos subjetivos, é o método ideal para pesquisas clínicas e estudos epidemiológicos com alta concordância interavaliadores, demanda menor tempo, porém pode-se questionar a pequena flexibilidade desse tipo de entrevista, o que, em determinadas circunstâncias, poderia prejudicar a colaboração do paciente.
SEMI-ESTRUTURADA: nas entrevistas semi-estruturadas há um roteiro flexível, podendo ser quebrado quando o entrevistador o achar necessário, apresenta então uma estrutura variável. As entrevistas psiquiátricas habituais, embora não padronizadas, podem ser consideradas do tipo semi-estruturada, porque o entrevistador, de alguma forma, procura, ativamente, obter dados que lhe permitam preencher uma história clínica e elaborar um exame das funções mentais, seguindo algum roteiro, mesmo que não claramente explicitado.
	
	
A avaliação psiquiátrica começa antes mesmo do início da entrevista, com a observação da expressão facial do paciente, seus trajes, movimentos, maneira de se apresentar, etc. Como a colaboração do paciente é fundamental para a obtenção dos dados, o esforço inicial do entrevistador deve ser no sentido de estabelecer um contato que permita ao paciente sentir-se à vontade para expor suas dificuldades. 
O início da entrevista deve ser pouco diretiva, permitindo a livre expressão do paciente, com interferência mínima do entrevistador e apenas com o objetivo de esclarecer pontos obscuros do relato. Após a exposição inicial do paciente, o entrevistador deve adotar um papel mais ativo, conduzindo a entrevista, com tato, para cobrir todos os aspectos da anamnese. No decorrer da entrevista, é importante atentar-se não apenas ao que o paciente diz, mas também à forma como se expressa e ao que faz enquanto fala. Igualmente importante é a auto-observação do entrevistador para suas próprias reações diante do paciente. 
Na parte final da entrevista, o entrevistador pode fazer perguntas mais diretas para esclarecer os pontos que faltem para completar a história psiquiátrica ou o exame do estado mental. Antes de finalizar a entrevista, o entrevistador deve abrir um espaço para comentários adicionais do paciente, esclarecer suas dúvidas e, em seguida, formular sua impressão até aquele momento. Quando necessário, devem ser conduzidas entrevistas adicionais e consultas a outras fontes de informação, tais como, parentes ou conhecidos, sempre com o prévio conhecimento e anuência do paciente.
É importante salientar que o entrevistador deve adaptar sua entrevista ao paciente e não forçar o paciente a adaptar-se à entrevista.
HISTÓRIA CLÍNICA PSIQUIÁTRICA
IDENTIFICAÇÃO: A identificação é idêntica a semiológica, nela perguntamos o nome, sexo, idade, estado civil, grupo étnico, procedência, religião, profissão.
QUEIXA PRINCIPAL: Utilizando-se a terminologia do paciente, deve-se fazer uma breve descrição sobre o problema atual para o qual ele está buscando ajuda profissional, ou para o qual foi trazido por outros para o tratamento. É importante observar quem encaminhou, de quem foi a iniciativa de buscar ajuda e com que objetivo.
HISTÓRIA MÓRBIDA ATUAL: Deve-se avaliar como a doença começou, se existiram fatores precipitantes, como evoluiu, qual a gravidade e o impacto da doença sobre a vida da pessoa. É importante considerar a descrição detalhada dos sintomas, a frequência, duração e flutuações dos mesmos. Ainda, deve-se observar a sequência cronológica dos sintomas e eventos relacionados desde as primeiras manifestações até a situação atual.
ANTECEDENTES – História médica e psiquiátrica: Descrever, em ordem cronológica, as doenças, cirurgias e internações hospitalares. Observar o estado atual de saúde, as mudanças recentes de peso, de sono, hábitos intestinais e problemas menstruais. Colher informações sobre medicamentos em uso e, habitualmente, consumidos verificando dosagem e quem prescreveu. Verificar abuso de medicamentos, de drogas e álcool. Quanto aos antecedentes psiquiátricos levantar informações sobre os tratamentos prévios, especificando há quanto tempo ocorreram, o tipo e a duração dos mesmos. Verificar a utilização prévia de psicofármacos, especificando tipo e dosagem. É importante estar atento ao significado e aos sentimentos do paciente frente a sua história de doença, o impacto sobre a sua vida, os sistemas de apoio com que conta e as expectativas de recuperação.
ANTECEDENTES – História pessoal: 
História pré-natal/nascimento: Informações sobre a gestação, o parto e as condições do nascimento, incluindo: peso, anoxia, icterícia, distúrbio metabólico.
Infância e desenvolvimento: Descrever as condições de saúde; os comportamentos e hábitos com relação ao sono, alimentação; as aquisições de habilidades, incluindo o desenvolvimento motor, da linguagem e o controle esfincteriano; a vida escolar, abrangendo idade de início da aprendizagem, o ajustamento, o temperamento, medos, o relacionamento e interação social.
Adolescência: Descrever os interesses, as aquisições quanto à vida escolar, a profissionalização ou trabalho, as interações e o relacionamento com familiares e colegas, a sexualidade incluindo a menarca, namoro, a 1ª relação sexual, o uso de drogas ou álcool. É importante observar a atitude frente ao crescimento, os sentimentos de isolamento ou depressão e as manifestaçõesde delinquência.
Idade adulta: Descrever as situações e as atitudes frente ao trabalho, a vida familiar e conjugal, a sexualidade, os relacionamentos e a situação sócio-econômica. Quanto ao trabalho é importante observar: o tipo de atividade, a evolução, as interrupções, as mudanças, o nível de satisfação e as dificuldades relativas à competência e aos relacionamentos. A vida familiar e conjugal englobam informações sobre os relacionamentos anteriores, as condições do casamento, as características do cônjuge, separações, a sexualidade, a idade, sexo e as condições físicas e psicológicas dos filhos. Com relação à sexualidade, colher informações sobre as experiências sexuais, as dificuldades de relacionamento, contracepção, gestações e abortos. Os relacionamentos englobam a convivência social nas rotinas de vida, no lazer, na situação familiar, de vizinhança e de trabalho. A situação sócio-econômica deve incluir as condições de moradia, as fontes de provisão de recursos, as dificuldades financeiras e os planos e projetos futuros.
ANTECEDENTES - História familiar: Colher informações sobre os pais e irmãos quanto à idade, sexo, nível educacional, atividade profissional, características de personalidade, problemas de saúde, com destaque aos relacionados com à saúde mental. Observar história de adoção, de suicídio e de violação da lei ou dos padrões sociais. Com relação aos irmãos, observar a ordem cronológica de nascimento. Caso os pais ou irmãos sejam falecidos, especificar a causa da morte e a idade na ocasião. O ambiente familiar: o nível de interação, os padrões de relacionamento dos pais entre si, com os filhos e destes entre si, constitui-se numa informação importante.
PERSONALIDADE PRÉ-MÓRBIDA: Compreende o conjunto de atitudes e padrões habituais de comportamento do indivíduo, a descrição deve abarcar o modo de ser habitual do paciente, independente da sua situação de doença. Trata-se de uma tarefa complexa e difícil. Deve englobar os seguintes aspectos: as preocupações excessivas com ordem, limpeza, pontualidade, o estado de humor habitual, a capacidade de expressar os sentimentos, a maneira como se expressa habitualmente, o nível de desconfiança e competitividade, a capacidade para executar planos e projetos e a maneira como reage quando se sente pressionado. É importante observar as mudanças de personalidade com a doença.
EXAME FÍSICO: Deve ser feito de rotina, visando verificar se os sinais e sintomas estão associados a condições orgânicas ou psiquiátricas.
FUNÇÕES MENTAIS E SUAS ALTERAÇÕES
O exame do estado mental é uma avaliação do funcionamento mental do paciente, esse exame é transversal, avaliamos naquele momento com base nas observações feitas no momento da entrevista, Da mesma forma que o exame físico de um paciente com hipertensão arterial, pode mostrar uma pressão arterial normal, em razão do paciente estar medicado, o exame do estado mental de um esquizofrênico pode deixar de apresentar alucinações, pelo mesmo motivo. Essa avaliação conta com 4 diferentes modos: pela comunicação, visualização, investigação e testagem, sendo que ambas acontecem concomitantemente.
OBSERVAÇÃO: Trata-se de uma descrição da impressão geral advinda da aparência física, da atitude e conduta do paciente na interação com o entrevistador.
APARÊNCIA
A descrição deve permitir formar uma imagem sobre o paciente, de forma a reconhecê-lo mesmo sem o ver, seus principais componentes são aparência quanto a idade (se sua aparência sugere sua idade ou se o paciente se parece mais velho ou mais novo), saúde (se o paciente se apresenta emagrecido, pálido, abatido, cansado), o biótipo, deformidades/peculiaridades físicas, modo de se vestir e os cuidados pessoais (higiene de unhas, dentes e cabelos, incluindo também ordem, asseio e excentricidades). As principais alterações: paciente cuidado/descuidado ou adequado/excêntrico, bizarro, exibicionista (vestimenta inadequada ao local, sombra até o meio da testa, unhas pintadas de diversas cores, etc). A forma de examinar é apenas a observação.
ATITUDE
A atitude nos remete ao comportamento do paciente em relação ao entrevistador e à entrevista, avaliamos pelos gestos, expressão facial, mímicas, fala e demais movimentos corporais, podemos observar a atenção do paciente, a colaboração e o olho-no-olho. As alterações são escritas no prontuário com palavras corriqueiras, as atitudes desejáveis (paciente cooperativo, interessado, amistoso, confiante) ou de oposição (hostil, inibido, sedutor, irônico, simulado, pueril, manipulador, drástico, depressivo, de fuga, esquivo). As formas de examinar a atitude é na observação, devendo ser ela espontânea sem que o entrevistador a provoque.
ATIVIDADE PSICOMOTORA
São ações motoras que apresentam atitudes psicológicas, sendo uma expressão do psiquismo, são voluntárias, isto é, o paciente está consciente quanto a motivação e finalidade, as alterações de dividem em qualitativas e quantitativas:
QUALITATIVAS: são alterações com psicomotricidade normal, mas com qualidade alterada, são elas: Ecopraxia (repetição automática e despropositada das ações motoras executadas por outras pessoas, observadas em pacientes graves), estereotipia (ações motoras desprovidas de finalidade e sentidos, sendo repetidos de maneira voluntária, uniforme e com grande frequência), flexibilidade cérea (manutenção da postura corporal imposta por outra pessoa por longos períodos), maneirismos (movimentos expressivos – gestos, mímicas, vocalizações – que se tornam exagerados quanto a sua amplitude), intercepção cinética (intercepção brusca e incompreensível de ação motora já iniciada, exemplo: começa a passar a mão no cabelo e para no meio, deixando a mão na cabeça) e perseveração motora (repetição sem sentido de movimento executado adequadamente).
QUANTITATIVAS: Apraxia (dificuldade em realizar atos motores intencionados na ausência de paresia ou paralisia – ou seja, não há lesão neurológica, apenas parou de realizar o movimento por não lembrar como o faz – é frequente em pacientes com Alzheimer), acinesia ou estupor (abolição dos movimentos voluntários, geralmente decorre de pacientes catatônicos), hipocinesia ou retardo psicomotor (diminuição e lentificação da atividade psicomotora) e hipercinesia (aumento da atividade motora – inquietação < agitação < furor).
A forma de analisar é por meio da observação (também não testamos o paciente, a psicomotricidade surge espontaneamente), por meio também da investigação e da testagem, exemplo: mostre-me como você escova os dentes, dobre o papel e coloque no chão – APRAXIA; levante o braço dos pacientes para ver o pulso e o largue – FLEXIBILIDADE CÉREA.
SENSOPERCEPÇÃO
O examinador deverá avaliar se as sensações e percepções do paciente resultam da estimulação esperada dos correspondentes órgãos do sentido. Para isso, pode valer-se de relatos espontâneos de percepções alteradas; da observação de comportamentos sugestivos de percepções, na ausência de estímulos externos (conversar consigo mesmo, rir sem motivo, olhar repentinamente em determinada direção, na ausência de estímulo aparente); ou, ainda, pode formular perguntas diretas sobre tais alterações (p.ex., “Você já teve experiências estranhas, que a maioria das pessoas não costumam ter?” “Você já ouviu barulhos ou vozes, que outras pessoas, estando próximas, não conseguiram ouvir?”). Ou seja, pode ser avaliada pela observação, conversação e testagem, as principais alterações são:
QUALITATIVAS: ilusão (percepção falseada, deformada, de um objeto real e presente, outro objeto é percebido, essas alterações podem ocorrer em todos os sentidos, porém os visuais são mais frequentes), alucinações, que é a percepção sem o objeto, percepção sensorial sem a presença de um estímulo externo correspondente, elas podem ser auditivas (mais comuns, sons ou vozes, sendo que essas podem se dirigir diretamente ao paciente ou discutirem entre si sobre ele), visuais (luzes, vultos ou até cenas nítidas e complexas), olfatórias e gustativas (são mais raras, geralmente culminantesde transtornos neurológicos), táteis (toque, calor, vibração e dor), cenestésicas (sensações internas do próprio corpo, sobre seu funcionamento), cinestésicas (movimentos), hipnagógicas (precede o sono) e hipnocôndricas (precede o acordar), sendo essas duas últimas sensações não patológicas, temos também a despersonalização (sensação de estranheza, como se o seu corpo ou parte dele não te pertencessem ou fossem ireais) e desrealização (o ambiente ao redor parece estranho ou irreal).
QUANTITATIVAS: agnosia (distúrbio no reconhecimento de estímulos na ausência de déficits sensoriais), hiperestesia (aumento global da intensidade perceptiva, impressões mais intensas, vividas, nítidas, geralmente causada por abuso de drogas), hipoestesia (diminuição global da intensidade e da atividade perceptiva, geralmente decorrente de depressão) e anestesia (diminuição ou abolição da sensibilidade causada pelo psiquismo e não por lesão neurológica).
CONSCIÊNCIA
Deve ser registrado o nível de consciência do paciente, é a síntese da integração de todos os processos mentais em determinados momentos, ter consciência psicológica é ter noção de vivência interna e atual, saber diferenciar o ser do não-ser. Dentro do contínuo que vai desde o estado de consciência plena (percebe o que ocorre a sua volta e responde à essa percepção) até o coma (não responde à estimulação em diferentes graus). Esta avaliação decorre da observação (expressão facial, sonolência, fadiga), da conversação e da investigação (alienação ao mundo externo) e da testagem (manobras de estimulação).
São eles: Sonolência: lentificação geral dos processos ideacionais, com predisposição para dormir, na ausência de estimulação. Obnubilação da consciência: diminuição do nível de vigília, acompanhado de dificuldade em focalizar a atenção e manter um pensamento ou comportamento objetivo. Estupor: permanece em mutismo e sem movimentos, com preservação relativa da consciência. Delirium: quadro agudo caracterizado por diminuição do nível de vigília, acompanhado de alterações cognitivas (desorientação, déficits de memória) ou perceptuais (ilusões e alucinações). Estado crepuscular: estreitamento da consciência, podendo manter comportamentos motores relativamente organizados, na ausência de um estado de consciência plena. Ocorre, predominantemente, em estados epilépticos.
	LÚCIDO -> DELÍRIUM -> OBNUBILAÇÃO -> ESTUPOR -> COMA
2) LINGUAGEM E PENSAMENTO: acesso indireto ao pensamento do paciente através do discurso do mesmo através do discurso do mesmo efetuando uma avaliação conjunta, porque a linguagem é o acesso indireto ao pensamento do paciente, são ações mentais que podemos verificar através da conversação e da investigação.
LINGUAGEM
A linguagem é o processo intermediário entre o pensamento e o mundo externo, podemos avaliar o pensamento se tivermos acesso a linguagem do mesmo, apenas separada do pensamento por fins didáticos. Internamente temos o pensamento que só chega ao mundo externo através da linguagem e de seus componentes. As principais características da fala (espontaneidade, volume da fala e a articulação das palavras, se o paciente verbaliza corretamente, se ele apresenta disartrias, gagueira, rouquidão ou alteração no processo de articulação das palavras) e a progressão da fala (como ela está progredindo, a velocidade, a quantidade de palavras). 
Linguagem diminuída: paciente com fala reduzida, muito restrita. Em alguns momentos essa fala chega até a ser monossilábica, quando o indivíduo não aceita a troca de informações, sucinta. 
Fluxo lento: pode até estar falando uma quantidade de palavras normais, porém a velocidade é mais lenta, com longas pausas entra as palavras e uma latência para inicia-la, uma fala bem devagar, parando.
Fluxo acelerado: fala contínua com velocidade aumentada, muitas palavras, tornando até difícil de interromper, chamamos de taquilalia ou loborréia. 
Prolixidade: é aquela fala longa, que discorre detalhes irrelevantes para entender, demorando para atingir seu objetivo, as vezes nem conseguindo chega no mesmo. Pode ser circunstancial, quando há muita prolixidade, mas o paciente consegue responder ao que lhe foi dado ou tangencial, quando há muita prolixidade e não se atinge o objetivo inicial da conversa.
Devemos dizer o que está alterado: a velocidade da fala, o volume das palavras, é o tom da voz.
PENSAMENTO
Pensamento é uma atividade psíquica, subjetiva, complexa e presente em todas as atividades, é muito raro não estarmos pensando em alguma coisa, uma atividade constante, sendo caracterizada como uma função de associação, visto que um pensamento da origem a outro. Os componentes do pensamento: curso (velocidade de progressão, ritmo, uma quantidade de ideias), uma forma (estrutura e organização das ideias) e conteúdo (o que se está falando).
QUALITATIVAS: Fuga de ideias (variação rápida e incessante de temas, com preservação da coerência e das lógica na associação da ideias, geralmente pacientes em episódios maníacos, variando de assunto devido a palavras chaves, fluxo mais acelerado de pensamento), afrouxamento de associação (um pouco ao contrário das fuga de ideias, é uma perda no sentido lógico da associação de ideias, uma incoerência, uma fragmentação, muito comum na esquizofrenia, fazendo associações completamente ilógicas), delírios (juízos patologicamente falsos e acompanhado de uma convicção extraordinária, resistentes a argumentação, de maneira simples: uma crença muito forte, resistente a qualquer tipo de argumentação, em algo irreal).
DELÍRIOS: o delírio mais comum é o delírio PERSECUTÓRIO, sensação que sempre tem alguém o seguindo, de que quer matar, fazer mal, surge espontaneamente. Também temos o delírio de AUTORREFERÊNCIA, que é ter a crença de que outras pessoas estão falando sobre o ele próprio, acontece também com a televisão em quadros mais graves. Delírio de GRANDEZA é um delírio de poder, de controle. Delírio de CIÚMES é um delírio focado no parceiro, acreditando que está sendo traído, geralmente com familiares, pais, irmãos e afirmando com veemência que o companheiro está tendo um caso com outra pessoa. Delírio EROTOMANÍACO é quando o paciente acredita que alguém, geralmente de importância na sociedade, está apaixonado por ele. Delírio de RUÍNA, muito comum em casos de depressão, acreditando que não existe saída de algumas situações, verbalizando que não tem mais nada em casa, que a comida vai acabar, que vai ser demitido, que vai ser despejado. Delírio SOMÁTICO ou HIPOCONDRÍACO, crença na doença. Delírio de INFESTAÇÃO, pacientes acreditam que estão sendo infestados por insetos, geralmente no couro cabeludo e na pele, cursando geralmente com alucinações visuais, onde os pacientes conseguem enxergar realmente essas infestações. Delírio de CULPA, as vezes o paciente acredita que ele é o culpado por problemas familiares e sociais e delírio de INFLUÊNCIA é quando o paciente acredita que está sendo controlado por alguém ou que ele controla o pensamento de outras pessoas). 
Os delírios acontecem principalmente em esquizofrênicos, em pacientes com transtornos bipolares, depressão, transtorno delirante, intoxicação por droga em seus quadros mais graves, sendo ele congruente com o estado de humor do paciente. Em casos de pacientes em delírio nunca devemos nos opor a eles, muito menos concordar, sempre devemos ficar neutros, tentar fazer medicação e depois conversar com eles de forma clara e calma.
QUANTITATIVAS: taquipsiquismo (é uma aceleração do curso do pensamento com uma maior velocidade no processo associativo, paciente fala mais rápido, geralmente associado a uma taquilalia, se pensa mais, fala mais), bradipsiquismo (retardo no curso de pensamento com diminuição do número de ideias, paciente fala mais devagar, com uma verbalização mais lenta) e bloqueio do pensamento (interrupção na fala sem nenhum motivo aparente, não completa uma ideia: paciente começa uma fala e para no meio, quase exclusivo da esquizofrenia).
Podemos avaliar a linguagem através da conversação e da testagem:nomeação dos objetos, perguntas simples, escrever, desenhar. O pensamento também é através da conversação, investigação (logicidade dos fatos abordados pelo paciente através de conversa com familiares) e testagem (provérbios, atividades físicas, perguntas abertas). 
AFETO E HUMOR
Área muito importante para transtornos de humor: depressão, transtorno afetivo bipolar. Afeto e humor são estados psíquicos, subjetivos e diferentes, podendo ambos serem agradáveis ou desagradáveis. Afeto é súbito, tem curta duração e grande intensidade, podendo ter observações corporais observáveis pelo examinador, geralmente é o que vemos, ou seja, tem a ver com o agora, é o estado emocional daquele momento. Já o humor é o somatório dos afetos na consciência, é difuso, de longa duração e não reativo, não estando relacionado a objeto ou a momentos específicos e deve ser investigado, junto ao paciente e aos familiares, ou seja, sabemos apenas por perguntas. As formas de examinar o afeto e o humor se dá pela conversação, investigação e testagem, por meio de perguntas diretas. 
Os componentes destes são: tonalidade predominante (afeto), modulação (através de lembranças há modulação do afeto: preocupação, relaxamento, tristeza), associação pensamento/afeto, congruência afeto/humor, equivalentes orgânicos (apetite, sono, peso, libido, estando eles muito ligados ao humor do paciente), volição/autoestima (iniciativa de fazer as coisas, geralmente pacientes com hipovolimia apresenta baixa autoestima) e riscos (suicídio, auto ou heteroagressão).
ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO
São coisas distintas que avaliamos juntamente, capacidade de focalizar (atenção) e manter a atenção em alguma atividade (concentração). Os componentes desses são: atenção voluntária (esforço consciente e intencional de se manter atento a um objeto ou coisa), atenção espontânea (reação involuntária, inconsciente e automática a um estímulo) e tenacidade (é a capacidade de manter a atenção em determinado objeto por certo período de tempo). As formas de examinar se dão pela conversação (comportamento do indivíduo durante a entrevista), investigação e testagem.
Focalização prejudicada (dificuldade de focar a atenção sobre os estímulos mais relevantes do meio, isso acontece em pacientes ansiosos: atenção voluntária diminuída e espontânea aumentada), manutenção prejudicada (dificuldade em manter a atenção focalizada sobre os estímulos mais relevantes do meio, quando a manutenção da atenção está prejudicada) e a desatenção seletiva (desatenção frete a temas que geram ansiedade). 
MEMÓRIA
É a capacidade de registrar, manter e evocar ou buscar as experiências e os fatos já ocorridos, relacionada ao nível de consciência (pacientes torporosos e sonolentos geralmente não conseguem memorizar devido ao nível diminuído de consciência), atenção e interesse afetivo (momentos bons são mais agradáveis e por isso a gravamos mais). Seus principais componentes são fixação (registro de informações), conservação (manutenção) e evocação (retorno espontâneo ou voluntário), memória recente (recordar eventos dos últimos dias), memória imediata (minutos, horas) e memória remota (meses, anos). Podemos examinar o paciente por meio da conversação pela obtenção da história clínica (como o paciente se recorda das situações da vida pregressa, lembranças da infância, como foi a infância, dia em que nasceu, remédios tomados, testando a memória remota através da conversação, assim como qual foi o jantar do dia anterior, o que ele fez nos últimos dias, etc. muito importante em pacientes com Alzheimer) e pela testagem (mini-mental, por meio de testes específicos para a memória).
ORIENTAÇÃO
Capacidade de se situar em relação a si mesmo e ao ambiente, no tempo, no espaço e em relação a si próprio. A orientação autopsiquica (se o paciente sabe o próprio nome, se reconhece as pessoas do seu meio imediato, se sabe quem é o entrevistador) e a orientação alopsiquica (tempo, ano, mês, dia da semana, período do dia, festividades, estações do ano e espaço). Devemos levar em consideração esquecimentos normais. A orientação é examinada por meio da conversação, investigação e testagem.
Desorientação, se o paciente não está conseguindo se orientar ele está desorientado autopsiquicamente, se ele está desorientado no tempo e no espaço, alopsiquicamente. Podendo ser uma desorientação global.
CAPACIDADE INTELECTUAL/INTELIGÊNCIA
Apresenta definição difícil por ser uma função complexa, inteligência é a capacidade do indivíduo para adaptar-se convenientemente a situações novas, é um conjunto de processos de pensamento que constituem a adaptação mental, variando de acordo com o nível intelectual, escolaridade, nível socioeconômico e cultura. Podemos examinar por meio da conversação (vocabulário, capacidade de abstração e de generalização, articulação de conceitos, etc.), investigação (questionamentos sobre capacidade de desenvolver atividades, fazer contar, ver horas) e testagem (teste de QI).
Deficiência intelectual (problemas na aquisição de habilidades específicas, nível de inteligência é inferior ao esperado, são os casos de retardos mentais, inteligência diminuída pela capacidade de adquirir conhecimentos), inteligência supranormal (capacidade superior de adquirir conhecimentos, pessoas de QI elevado) e deterioração intelectual (queda nos rendimentos intelectuais em comparação com o nível pré-mórbido, quando tem uma queda na inteligência apenas no momento da doença, comuns em pacientes com demência, lesões neurológicas e esquizofrenia).
JUÍZO CRÍTICO DA REALIDADE
Também chamado de consciência do ambiente, é a avaliação se as ações do paciente são determinadas por uma avaliação coerente da realidade, devemos avaliar se a realidade dele é real ou irreal. As formas de examinar se dão pela conversação e pela investigação (para validar ou não os dados da entrevista): se o delírio é uma coisa patológica, necessitamos interferir para conferir a veracidade.
Se ela se apresenta completamente ou parcialmente prejudicada: há pacientes que apesar de perceberem que estão delirando conseguem perceber que aquela realidade é irreal, porém tenta chocar os dados reais com os irreais (parcialmente prejudicada). 
INSIGHT
Também chamado de consciência de si próprio. Consciência da morbidade: entendimento que o indivíduo tem sobre seu próprio estado de saúde, saber se ele entende se está doente ou não, depende de alguns componentes: sabe se este comportamento é ou não é normal, saber que uma doença está o acometendo, e depois saber que a doença é mental e não física. É avaliado por meio da investigação, por vezes já conseguimos captar ao observarmos a queixa principal do paciente e pela testagem. 
Insight pleno, parcial ou ausente.

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