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Arquitetura Bizantina

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Arquitetura bizantina
Unidade II - Medievo
Histórico (Resumo)
O imperador romano Constantino (324-337) transforma a antiga cidade grega de Bizâncio em Constantinopla (c.330), a “Nova Roma”, sede de seu governo (embora ele pouco a ocupasse);
A cidade estava construída num lugar estratégico, (Estreito do Bósforo) ponto de encontro de todas as rotas marítimas e terrestres do mundo antigo.
Histórico (Resumo)
Em 395, com a morte de Teodósio, o império é formalmente dividido em dois e Constantinopla é alçada à condição de capital do Império Romano do Oriente.
Embora governada por imperadores de muitas etnias, que a si próprios se denominavam “romanos”, os elementos latinos foram, na verdade, em pouco tempo sobrepujados pela cultura grega que predominava há séculos (afinal, Bizâncio havia sido uma das principais colônias gregas na Ásia Menor, fundada em 657 a.C.).
Histórico (Resumo)
Justiniano I 
(527-565)
Histórico (Resumo)
Após a invasão e saque de Roma (410) e da posterior queda do império romano no ocidente (476), o império do oriente, por muito tempo, passou a representar a grandeza do antigo império romano e a principal defesa da cristandade;
O imperador Rômulo Augusto rende-se perante Odoacro, rei dos Hérulos (476)
Além disso, muitos romanos do ocidente fugiram para Constantinopla após a queda de Roma, levando consigo suas riquezas e suas habilidades.
Histórico (Resumo)
Constantinopla, portanto, foi sendo rapidamente ampliada e embelezada por diversos imperadores nos séculos seguintes (Teodósio II, Justiniano, Heráclio, Basílio etc.).
Histórico (Resumo)
Os arquitetos bizantinos, por sua vez, procuravam suplantar seus pares do ocidente, erguendo em Constantinopla estruturas cada vez mais impressionantes.
Maquete virtual do enorme (600 metros de comprimento) hipódromo de Constantinopla, construído por Constantino
 (a partir do século IV), alcançando uma capacidade de até 100 mil pessoas
Histórico (Resumo)
Recriação artística da antiga Constantinopla (hipódromo à esquerda) no ano 1200 (Disponível em: http://imperiobizantino.com.br). De fato, durante quase toda a Idade Média, Constantinopla deteve o título de cidade mais populosa do mundo. No final do século V, por exemplo, já contava quase 500 mil pessoas.
Histórico (Resumo)
Recriação artística da antiga Constantinopla no ano 1200
(Disponível em: http://imperiobizantino.com.br)
Histórico (Resumo)
Recriação artística da antiga Constantinopla (Fórum de Constantino)
(Disponível em: http://imperiobizantino.com.br)
Histórico (Resumo)
Recriação artística da antiga Constantinopla (Palácio de Boucoleon)
(Disponível em: http://imperiobizantino.com.br)
Histórico (Resumo)
Maquete virtual da antiga Igreja dos Santos Apóstolos, construída no século IV e demolida em 1456 pelos turcos. 
(Disponível em: http://www.byzantium1200.com)
Histórico (Resumo)
Recriação artística da antiga Constantinopla em 1200 
Aqueduto de Valente, completado em 368 de nossa era, o sistema completo tinha quase 700km de extensão (ou seja, igual à soma de todos os aquedutos de Roma) 
(Disponível em: http://www.byzantium1200.com)
Histórico (Resumo)
Ruínas do antigo Aqueduto de Valente, no centro de Istanbul
Histórico (Resumo)
Cisterna da Basílica (séc. VI), construída perto de Santa Sofia, armazenava até 30 milhões de litros de água.
A água trazida pelo sistema do Aqueduto de Valente, por sua vez, era armazenada em mais de 150 tanques subterrâneos (cisternas), estruturas de grande complexidade e beleza. Isso garantia aos bizantinos uma fonte segura de água até mesmo nos meses mais secos, viabilizando assim o crescimento da cidade. 
Histórico (Resumo)
Cisterna da Basílica (séc. VI)
Histórico (Resumo)
Cisterna da Basílica (séc. VI)
Histórico (Resumo)
Ocupando áreas baixas, as lajes superiores das cisternas acabavam criando “novos terrenos” para ruas e construções na cidade.
Histórico (Resumo)
Constantinopla também chegou a possuir o mais forte e complexo sistema defensivo da Antiguidade (com exceção da Muralha da China): a denominada Muralha de Teodósio (Teodósio II, 401-450).
Histórico (Resumo)
O segredo para criar muralhas que resistissem melhor aos frequentes terremotos foi substituir, nas alvenarias, o concreto por argamassa de cal, um material que absorve mais facilmente as naturais acomodações das estruturas no terreno.
Histórico (Resumo)
As muralhas, com uma tripla linha de defesa e 96 torres (que funcionavam como pequenos castelos), incluíam até um fosso (com quase 20 metros de largura).
Histórico (Resumo)
Essas muralhas, de fato, salvaram o Império Bizantino de inúmeras invasões por quase 1 milênio. Em 1453, porém, foram inteiramente arrasadas pelos canhões das tropas turcas. Ou seja, a “nova” tecnologia da guerra havia tornado as antigas muralhas totalmente obsoletas...
Histórico (Resumo)
Do lado do mar, os ferreiros bizantinos forjaram a maior corrente de todos os tempos, que impedia o acesso de navios inimigos ao porto principal de Constantinopla.
Histórico (Resumo)
Enfim, durante muito tempo Constantinopla ostentou também o título de cidade mais rica do mundo. Isso atraiu a cobiça de vários povos inimigos, que atacavam as suas províncias, reduzindo drasticamente as fronteiras do Império Bizantino.
Histórico (Resumo)
No governo de Justiniano I (527–565) o império implementou – com sucesso - um projeto de expansão territorial que visava recuperar o antigo esplendor do Império Romano de outrora.
Histórico (Resumo)
Porém, a ação dos exércitos “bárbaros” – e também os próprios conflitos internos – resultaram, como dissemos antes, na perda dos territórios. Em poucos séculos, o Império Bizantino reduziu consideravelmente a extensão de seus domínios.
Extensão do Império 
em 867
Até o final do século VIII, o império bizantino era aceito como “herdeiro natural” (e incontestável) do legado romano. Porém, desde o início, as igrejas controladas por Roma e Constantinopla foram se distanciando em questões de natureza teológica (e também políticas);
Os clérigos ocidentais, de fato, em função do maior poder e prosperidade do Império Bizantino, não tinham condições de impor limites e/ou regras aos cristãos orientais.
Histórico (Resumo)
Dessa forma, no ano 800, aproveitando a ascensão do reino dos Francos na Europa, o papa Leão III, visando obter uma maior independência, nomeia Carlos Magno imperador do Sacro Império Romano, contrariando os interesses bizantinos;
Histórico (Resumo)
“Nesse contexto de maior autonomia, os cristãos passaram a diferenciar-se em questões de fé e liturgia bastante significativas”. (R. Sousa)
As divergências com a Igreja em Roma eram frequentes, até que afinal, em 1054, o Cisma do Oriente estabeleceu a divisão formal da Igreja em duas: a Católica Apostólica Romana e a Ortodoxa. Dessa forma, a doutrina cristã oriental começou a sofrer uma orientação afastada de diversos princípios
Histórico (Resumo)
do catolicismo tradicional, contando inclusive com lideranças próprias (os “patriarcas”).
A partir do século XI, o Império Bizantino deu seus primeiros sinais de enfraquecimento;
Em 1204, Constantinopla foi invadida pelos cruzados (que tomaram o controle de uma das torres que sustentava a enorme corrente que bloqueava o porto), que em seguida saquearam a cidade;
Com o passar do tempo, a ascensão comercial das cidades italianas (Veneza, em especial) conduziu à sua completa desestruturação.
Histórico (Resumo)
Histórico (Resumo)
O Império Bizantino chegou ao fim no ano de 1453, após a conquista de Constantinopla pelo exército turco, munido dos temíveis canhões (que arrasaram as antigas muralhas).
“A estrutura religiosa oriental esteve marcada por uma falta de limites entre a autoridade do governador imperial e os chefes da igreja. Considerado um eleito de Deus, o imperador tinha poder e influência suficientes para discutir a nomeação de seus clérigos. 
A Liturgia Bizantina
Em contrapartida, a experiência cristã no Ocidente
tomou uma orientação contrária, ao estabelecer que a autoridade sobre os assuntos religiosos estivesse reservada às ações tomadas pelo cardeal de Roma”. (Rainer Sousa)
“Em termos práticos, vemos que os ortodoxos ainda seguem vários dos sacramentos existentes na igreja ocidental. Contudo, os orientais não permitem a construção de imagens de santos esculpidos. Além disso, não acreditam que o papa seja um interlocutor infalível da verdade cristã ou na existência do purgatório. Dessa forma, observamos a consolidação de outra perspectiva religiosa no interior do cristianismo”. (R. Sousa)
A Liturgia Bizantina
Atenção: merece destaque o movimento iconoclasta bizantino (entre 730-787 e 814-842) que, apesar de curto, resultou na perda de relevantes obras artísticas religiosas do período inicial do império.
A Liturgia Bizantina
Iconoclasta: “Diz-se de quem destrói imagens religiosas” / “No Império Bizantino, partidário do iconoclasmo, doutrina que pregava a destruição dos ídolos e a proibição do seu culto.” (Dicionário Aurélio: versão on-line)
Igreja de Sta. Irene (Istambul, Turquia): construída por Constantino I no séc. IV, destruída por um terremoto e depois reconstruída por Constantino V (741-745), um seguidor dos preceitos iconoclastas
A Liturgia Bizantina
Barbara Kilisesi, séc. XI (Capadócia, Turquia): igreja rupestre 
A Liturgia Bizantina
O “mudra”, sinal com as mãos usado com diferentes significados no budismo e hinduísmo. Geralmente está associado ao bem estar e à eliminação do medo.
Kokar Kilise (Turquia): séc. IX 
A Liturgia Bizantina
O imperador romano do oriente, portanto, ostentava seu poder em cerimônias públicas imponentes, com
A Liturgia Bizantina
a participação dos monges e patriarcas. Nessas ocasiões , a religião oficial - o cristianismo - confundia-se com o poder imperial. 
A liturgia bizantina e a planta das suas igrejas constituíam – tal como a estrutura e a decoração (como veremos adiante) – uma unidade integrada; 
Na liturgia ocidental (ou romana), o clímax é representado pela elevação do sacramento, que ocorre “no extremo da longa perspectiva da nave central” (ou seja, no altar-mor);
Este clímax, contudo, não era o momento supremo da cerimônia bizantina.
A Liturgia Bizantina
“O povo aglomera-se nas naves laterais e nas galerias. O pavimento de mármore da vasta área central fica vazio. Ouve-se um rumor monótono por detrás das cortinas, na abside distante, onde os sacerdotes procedem aos ritos sacramentais – o Grande Mistério. O patriarca, o clero e os acólitos fazem a sua entrada processional. Minutos mais tarde, a Família Imperial e Divina ocupa também o seu lugar debaixo da cúpula. Na época de Justiniano, no século VI, todo o ritual tinha sido elevado ao estatuto de bailado divino. O pavimento de mármore, anteriormente vazio, enchia-se de mantos incrustados. O momento supremo ocorre quando o patriarca e o imperador trocam o beijo da paz e partilham o cálice. Para este efeito se construiu a cúpula – tinha uma função bastante específica”. (R. Jordan)
A Liturgia Bizantina
Em muitas das pinturas e dos mosaicos da época, portanto, evidencia-se claramente o vínculo entre a Igreja e o Estado. 
A Liturgia Bizantina
Nas imagens, Cristo frequentemente aparece como um rei em seu trono e Nossa Senhora como uma rainha, ricamente trajados e com expressões “de seres inatingíveis”. 
A Liturgia Bizantina
Do mesmo modo como o Imperador portava-se nas cerimônias, os apóstolos e os santos apresentam-se como figuras solenes, representando claramente os patriarcas que rodeavam o soberano e lhe prestavam homenagem; os anjos assemelham-se claramente aos clérigos que costumavam seguir em procissões nas festas oficiais. 
A Liturgia Bizantina
Arquitetura Bizantina
Bizâncio herdou a arte do mundo grego – quase todos os artistas individuais foram gregos – “e associou-lhe o gênio estrutural e a aptidão para a engenharia de Roma”;
E também não podia escapar “nem à cor nem ao misticismo” do oriente.
Tudo isso Bizâncio explorou para a glória da Igreja, que desejava demonstrar, quer na liturgia quer na arquitetura, que os ensinamentos de Jesus “haviam sido transmutados numa instituição que era imperial, poderosa, hierárquica, sacerdotal e divina.”
Arquitetura Bizantina
O símbolo fundamental da arquitetura bizantina é a cúpula;
Enquanto no ocidente “a arquitetura medieval desenvolvia-se a partir da fusão das basílicas e salas abobadadas romanas”, em Bizâncio foi diferente;
Arquitetura Bizantina
O ponto de partida, contudo, foi o mesmo: a arquitetura romana.
A solução dos problemas estruturais inerentes à construção de uma cúpula; 
A descoberta de um sistema decorativo adequado a tais construções; 
A integração da planta na liturgia: ou seja, aquilo a que chamamos “função”. 
De forma resumida, a história da arquitetura bizantina envolve a solução para três questões básicas:
 De fato, como em qualquer “grande arquitetura”, a solução final constitui uma unidade em que estrutura, decoração e função são um todo indissolúvel.
Arquitetura Bizantina
Uma cúpula (como vimos) é uma estrutura em arco; exerce empuxo e precisa, portanto, de sustentação. Ao contrário da abóbada de aresta, em que o empuxo está concentrado nos quatro cantos de cada tramo, a cúpula exerce um empuxo contínuo – e centrífugo - em toda a base, demandando, pois, uma sustentação contínua.
Arquitetura Bizantina - Estrutura
Um prédio como o Panteão (em Roma), por exemplo, “não passava de um igloo”, cujas paredes, com os seis metros de espessura, contrariavam o empuxo centrífugo da cúpula;
Acontece que o círculo é a menos flexível de todas as formas geométricas – incapaz, por exemplo, de um desenvolvimento que o adapte aos requisitos funcionais de um ritual mais elaborado (como o da liturgia bizantina).
Arquitetura Bizantina - Estrutura
Assim, o problema estrutural e de projeto do arquiteto bizantino era basicamente descobrir como construir cúpulas circulares sobre espaços quadrados.
Arquitetura Bizantina - Estrutura
Desenhando um círculo dentro de um quadrado, obtém-se nos cantos quatro áreas aproximadamente triangulares; 
Portanto, quando se construía uma cúpula sobre um quadrado, era a ligação dos quatro cantos que exigia uma solução, fosse executada com pedra, com tijolo ou com concreto (em maior ou menor escala).
Arquitetura Bizantina - Estrutura
Igreja Cattolica di Stilo (sul da Itália) – Século IX
Arquitetura Bizantina - Estrutura
Igreja Cattolica di Stilo, convertida ao rito latino no século XVI
Arquitetura Bizantina - Estrutura
Igreja Cattolica di Stilo (sul da Itália) – Século IX
Arquitetura Bizantina - Estrutura
Porém, numa escala maior, a solução tinha de ser mais estrutural: acabou por ser o pendente: um pequeno segmento triangular de cúpula erguendo-se sobre cada canto.
Arquitetura Bizantina - Estrutura
Os quatro pendentes encontram-se e formam um círculo, sobre o qual se pode, então, construir a verdadeira cúpula: a transformação de um quadrado num círculo, portanto, foi assim alcançada.
Arquitetura Bizantina - Estrutura
Arquitetura Bizantina - Estrutura
Arquitetura Bizantina - Estrutura
Uma vez descoberta a solução estrutural, os lados do tramo quadrado puderam então “ser rasgados por arcos, abrir-se sobre outros quadrados, outras áreas da planta, proporcionando aos autores dos projetos uma grande flexibilidade”.
Arquitetura Bizantina - Estrutura
Segundo René Guénon, toda construção religiosa possui uma “significação cósmica”. Na arquitetura bizantina, em especial, o significado místico está presente em um elemento específico: a cúpula;
Esta, por sua vez, não é apenas um elemento arquitetônico decorativo, pois corresponde à concepções estéticas fundamentadas em um
Arquitetura Bizantina – A Cúpula
simbolismo preciso. A cúpula, portanto, possui o seu sentido naquilo que representa: a abóbada celeste.
Os espaços cobertos pelas cúpulas, portanto, são “ambientes desmaterializados, onde
domina o espírito”; efeito este realçado ainda mais pelo revestimento em mosaico, refletindo a luz em todas as direções.
Arquitetura Bizantina – A Cúpula
O sistema bizantino requeria um material de “revestimento” que pudesse ser aplicado eficientemente sobre as paredes maciças e também sobre o intradorso das cúpulas;
Arquitetura Bizantina – O Mosaico
Herdaram-na dos romanos e transformaram-na de acordo com o fim desejado: para as paredes, geralmente um revestimento de mármore; para as cúpulas e abóbadas, o mosaico (que, como vimos, também já fora usado na arquitetura paleocristã).
Os mosaicos eram feitos tanto de vidro como de mármore.
Arquitetura Bizantina – O Mosaico
Cobria-se com cimento a superfície a ser decorada durante um dia de trabalho; depois, enquanto o cimento ainda estava úmido, o artesão colocava os pequenos cubos (tesselas), pressionando-os com o dedo polegar.
Arquitetura Bizantina – O Mosaico
As tesselas douradas dos mosaicos eram geralmente produzidas aplicando-se diretamente sobre elas finíssimas folhas de ouro.
Arquitetura Bizantina – O Mosaico
Forma uma cobertura contínua, quase como se fosse fundido, preenchendo superfícies curvilíneas e cantos arredondados; 
A vantagem do mosaico, portanto, é dupla:
Arquitetura Bizantina – O Mosaico
Os ângulos ligeiramente diferentes em que era possível dispor os pequenos cubos permitem que toda a superfície capte a luz, de modo a lançar reflexos até sobre as áreas obscuras.
2.
Arquitetura Bizantina – O Mosaico
Além disso, as irregularidades da superfície do mosaico exigem um desenho mais simples – “qualquer tentativa de naturalismo resultaria desastrosa” – e, assim, impôs-se “a qualidade maravilhosamente estilizada de figuras da arte bizantina”.
Arquitetura Bizantina – O Mosaico
As Igrejas Bizantinas
A cúpula central única, com todos os espaços secundários, tais como naves laterais e absides, completamente subordinadas a ela – é o caso, em grande escala, de Santa Sofia de Constantinopla;
Aquilo que se poderia designar por “típica planta bizantina” inclui, portanto:
A cruz grega com braços sensivelmente iguais, cobertos às vezes por outras cúpulas menores – é o que podemos ver, por exemplo, em São Marcos (Veneza).
2.
A cruz grega, portanto, é uma cruz cujos braços têm praticamente o mesmo comprimento; 
A planta em cruz grega é normalmente coberta por uma cúpula em sua interseção, sendo os quatro cantos cobertos por abóbadas (ou outras cúpulas) menores e mais baixas. 
As Igrejas Bizantinas
Igreja dos Santos Apóstolos em Atenas (Grécia), do séc. X
As Igrejas Bizantinas
Igreja dos Santos Apóstolos em Atenas (Grécia), do séc. X
As Igrejas Bizantinas
Os exteriores das igrejas bizantinas são pouco ornamentados – às vezes revestidos de mármore, e praticamente apenas isso; 
Também não havia torres. Por sinal, não se sabe exatamente quando foi introduzido o uso das torres. Não há nenhum campanário “a que se possa atribuir com segurança uma data anterior ao século IX.” (N. Pevsner)
Igreja de Hagia Sophia na Grécia (século XII), situada na atual cidade de Laconia
As Igrejas Bizantinas
Edificações em Destaque
Arquitetura Bizantina
Basílica de Santa Sofia 
A primeira grande igreja foi mandada construir, em Constantinopla, no ano de 360. Seus “arquitetos” foram Anthemius de Trallas e Isidoro de Mileto, ambos professores de física e matemática;
Destruída por terremotos, foi reconstruída com incrível rapidez (entre 532 e 537) pelo imperador Justiniano e dedicada à Sagrada Sabedoria (“Hagia Sophia”).
Maquete virtual da primeira versão de Santa Sofia
Basílica de Santa Sofia 
Após 558, a cúpula (derrubada por um terremoto) “foi soerguida em mais de 6 metros”, de forma a resultar em arcos mais altos (ou seja, em empuxos laterais menores). 
Segunda cúpula 
(c. 563)
Cúpula original 
(c. 537)
Basílica de Santa Sofia 
Aspecto atual de Santa Sofia (Istambul, Turquia)
Deste momento em diante, Santa Sofia ostentou o título de maior edifício – e também da maior cúpula - da Cristandade até a chegada da Renascença; 
Além disso tudo, “muita coisa foi reconstruída após 989.” (N. Pevsner)
Os espaços de Santa Sofia – nave central, naves laterais, (...) abóbadas e cúpulas – abrem todos para fora e para cima, proporcionando perspectivas, relances que vão mudando: “tudo é misterioso e semioculto e, todavia, tudo está revelado”.
Basílica de Santa Sofia 
Procopius (historiador bizantino do séc.VI) descreveu-nos as suas contradições: “luz e penumbra”, “espaço e massa”, “mistério e claridade”.
Basílica de Santa Sofia 
Vista interna atual de Santa Sofia
Basílica de Santa Sofia 
Em planta, compõe-se de um vasto retângulo, medindo aproximadamente 100m x 70m, com um nártex (ou pórtico) à frente.
Planta baixa de Santa Sofia
Observação: Embora seja dada uma certa ênfase ao eixo longitudinal, isso não faz de Santa Sofia uma basílica!
Basílica de Santa Sofia 
O corpo principal da igreja tem naves circundantes, com pouco mais de 15m de largura, com abóbadas e galerias. Estas naves laterais estão separadas da área central por colunatas;
“A parte dissimulada atrás das arcadas opõe o seu mistério distante à nitidez do espaço central, cheio de janelas.” (Pevsner)
Basílica de Santa Sofia 
Vista interna de uma das naves laterais de Santa Sofia
Basílica de Santa Sofia 
Vista interna de uma das naves laterais de Santa Sofia
Basílica de Santa Sofia 
Cada coluna, por sua vez, apresenta um belo capitel de mármore. Vários deles ostentam os monogramas do imperador Justiniano I (527-565) ou de sua esposa Teodora. 
Basílica de Santa Sofia 
Entre os capitéis e os arcos, encontramos as almofadas (ou pulvinares), finamente trabalhadas em mármore.
Os capitéis já não seguem fielmente as antigas ordens usadas na Grécia e em Roma.
Basílica de Santa Sofia 
Basílica de Santa Sofia 
A origem de vários mosaicos é incerta, pois alguns foram eliminados durante o período iconoclasta, outros foram saqueados em 1204 e outros perdidos durante fortes terremotos. Acredita-se, porém, que a maior parte tenha sido executada entre os séculos X e XI.
Basílica de Santa Sofia 
A superfície dourada em Santa Sofia, de fato, era tão extensa que impressionava antigos cronistas: “...o interior era tão radiante que alguém poderia supor que o sol estivesse brilhando.”
Basílica de Santa Sofia 
Em 1934, Santa Sofia foi transformada em um museu e os mosaicos restantes puderam ser finalmente restaurados e expostos (conforme testemunhamos hoje).
Sob o domínio turco, os mosaicos de Santa Sofia foram simplesmente cobertos por uma fina camada de argamassa.
“A cúpula central predomina soberanamente; ela não se ergue sobre um tambor, mas flutua suavemente, embora majestosamente, sobre um quadrilátero central.” (N. Pevsner)
Basílica de Santa Sofia 
Esta cúpula, além disso, tem uma série de nervuras. Isso é pouco comum nas obras bizantinas, mas possibilita que o empuxo da cúpula se transmita às 40 nervuras e que, entre estas, na base da cúpula, se abram 40 pequenas janelas. “Este círculo de luz faz reverberar ainda mais os belos mosaicos internos.” (R. Jordan)
Basílica de Santa Sofia 
Com aproximadamente 32,5 metros de largura, a grande cúpula é “sustentada, a leste a oeste, de uma maneira engenhosa e bela, por semicúpulas mais baixas. Desse modo, abre-se um amplo espaço longitudinal que ressalta a orientação leste-oeste, conforme exigia o sentido dos ofícios religiosos.” (Pevsner)
Basílica de Santa Sofia 
“Cada semicúpula, por sua vez, é sustentada por dois nichos, absides ou exedras, com arcadas curvas e abertas (...). Tudo isso é um suporte estruturalmente perfeito para a cúpula; e a ambição dos arquitetos era ocultar aos olhos o mecanismo de seu método.” (Pevsner)
Basílica de Santa Sofia 
Ou seja, as semicúpulas suportam o empuxo da cúpula principal com o apoio das exedras e abóbadas auxiliares. Com isso, o empuxo principal atinge o solo a mais de 30m do
primeiro ponto de impacto. É, de fato, um maravilhoso feito de engenharia. 
Basílica de Santa Sofia 
Basílica de Santa Sofia 
Corte transversal de Santa Sofia
Basílica de Santa Sofia 
Vista interna de Santa Sofia
Este sistema poderia ter redundado num “caos estético”, não tivessem as semicúpulas e arcos principais arrancado de uma única linha horizontal que ocorre a toda a volta do interior: abaixo desta linha, 
Basílica de Santa Sofia 
todas as paredes eram revestidas de mármore, acima dela só havia mosaicos. Isso conferiu-lhe, portanto, uma unidade.
Basílica de Santa Sofia 
Vista interna de Santa Sofia
Basílica de Santa Sofia 
A cúpula principal, como vimos, assenta-se sobre um quadrado, suportado por quatro pendentes e quatro grandes arcos. Estes quatro arcos, por sua vez, transmitem o empuxo para o lado oriental e ocidental mediante as semicúpulas (já mencionadas). E nas fachadas norte e sul? 
Basílica de Santa Sofia 
A solução adotada, para estas fachadas, foi o uso de quatro grandes contrafortes, que emergem no exterior acima dos telhados.
Basílica de Santa Sofia 
Os arquitetos poderiam ter repetido a mesma disposição, com semicúpulas, no lado norte e no lado sul da grande cúpula, mas não o fizeram “pois uma centralidade perfeita não teria dado a mesma complexidade e mistério que desejavam.” (Pevsner)
Santa Sofia foi a conclusão lógica do sistema bizantino – estrutural, decorativa e funcional. Nas outras igrejas de Constantinopla e do império, a função não podia ser, evidentemente, a mesma de Hagia Sófia, uma vez que o imperador não poderia estar presente em todas elas. Porém, tornou-se comum o clero ocupar toda a nave central e os fiéis permanecerem nas naves laterais, nas galerias e no nártex. Deste modo, a cúpula central mantinha o mesmo significado litúrgico que na catedral imperial, uma vez que era debaixo dela que ocorria o clímax da eucaristia na liturgia oriental.
Basílica de Santa Sofia 
Basílica de Santa Sofia 
Fachadas sul e leste de Santa Sofia
S
L
Basílica de Santa Sofia 
Fachada norte de Santa Sofia
Basílica de Santa Sofia 
Fachadas oeste e sul de Santa Sofia
S
O
Basilica de San Vitale (Ravena)
Construída entre 526 e 547 na Itália, é considerada um dos melhores exemplos da arquitetura bizantina (embora não tenha seguido o modelo da cruz grega);
A basílica é de extrema importância para a arte bizantina, visto que é a única grande igreja do período do imperador Justiniano I que sobreviveu virtualmente intacta até hoje.
Basílica de San Vitale
Vista aérea de San Vitale
Basilica de San Vitale (Ravena)
Construída antes de Santa Sofia, a cúpula ainda repousa sobre um octógono (ou seja, “ainda não fora dado o grande passo estrutural” – R. Jordan).
Basilica de San Vitale (Ravena)
deambulatório
“O projetista acreditava manifestamente nas possibilidades de expressão das linhas curvas, e separou o octógono central do deambulatório (...) por sete absides (a oitava é o coro), cada uma delas se abrindo para o deambulatório através de três arcos.” (N. Pevsner) 
Basilica de San Vitale (Ravena)
“Esta composição, com objetivo puramente estético e não funcional, determina o caráter espacial do interior. Ela substitui uma nítida divisão espacial por um flutuar e irromper do espaço, a partir do centro para as partes mais distantes, mergulhadas na penumbra. Essa sensação de indefinição é reforçada pelo revestimento das paredes com placas de mármore e mosaicos. As figuras austeras e lúgubres dos mosaicos parecem tão imateriais, mágicas e sem peso quanto as arcadas do octógono que se elevam e descem incessantemente.” (N. Pevsner)
Basilica de San Vitale (Ravena)
Basilica de San Vitale (Ravena)
Os pendentes nos cantos de um octógono são realmente pequenos, quando comparados com os dos cantos de um tramo quadrado (ver, por exemplo, Santa Sofia). 
Basilica de San Vitale (Ravena)
Curiosidade: a cúpula foi feita com potes de barro vazios, encaixados uns sobre os outros de cima para baixo, formando uma cúpula tão leve que quase eliminava o problema do empuxo!
Basilica de San Vitale (Ravena)
A glória de San Vitale, porém, são os seus mosaicos, sublimes obras de arte. 
Basilica de San Vitale (Ravena)
Basilica de San Vitale (Ravena)
Mosaicos Basílica de San Vitale
Basilica de San Vitale (Ravena)
O coro da Basílica de San Vitale
Nas laterais do coro estão dois famosos mosaicos (executados em 548), com o imperador Justiniano, vestido de marrom e com um halo dourado, ao lado de sua corte. A semelhança da corte do imperador com Cristo e seus apóstolos marca a simbologia de que o Império de Roma havia se transformado no império teocrático bizantino. 
Basilica de San Vitale (Ravena)
Do outro lado do coro está a imperatriz Teodora, também com um halo dourado, jóias e sua corte. 
Basilica de San Vitale (Ravena)
Merecem destaque também os fustes de mármore pintado, com capitéis brancos ricamente entalhados. 
Basilica de San Vitale (Ravena)
“Os entalhes magistrais dos capitéis confirmam a concepção espacial e espiritual do arquiteto. As viçosas folhagens de acanto dos romanos são substituídas por um desenho plano e intrincado, em entalhes rendados e vazados, (...) de forma que transpareça misteriosamente o segundo plano indefinido. É a contrapartida exata, na decoração arquitetural, do efeito espacial obtido pelos nichos em arcada que se abrem para o segundo plano do deambulatório.” (N. Pevsner)
Basilica de San Vitale (Ravena)
Vista da galeria inferior (deambulatório)
Basilica de San Vitale (Ravena)
Basílica de São Marcos (Veneza)
Veneza foi a cidade na Itália que manteve os laços mais estreitos com o oriente; 
São Marcos (1063 a 1071) “é em todos os aspectos relevantes uma igreja bizantina, pequena em proporções, revestida de mármore, com mosaicos reluzindo nas cinco cúpulas”; 
“Para além de Veneza, a inspiração bizantina viajou pouco e só esporadicamente para o ocidente. (...) É São Marcos que deve ser considerada o posto avançado ocidental do espírito bizantino.” (R. Jordan)
Planta baixa de S. Marcos
A Basílica de S. Marcos seguiu o modelo da antiga Igreja dos Santos Apóstolos de Constantino e também o da própria Santa Sofia;
A planta é em cruz grega, com uma cúpula central e mais quatro cúpulas menores nos outros quatro braços da cruz;
Cada braço, por sua vez, possui uma nave central e mais duas naves laterais.
Basílica de São Marcos (Veneza)
Basílica de São Marcos (Veneza)
Basílica de São Marcos (Veneza)
O nártex (pórtico) da fachada oeste dificulta bastante a percepção da planta em cruz grega, mas sua grande superfície plana permitiu o desenvolvimento de uma magnífica fachada (em diversos estilos).
Basílica de São Marcos (Veneza)
Embora a estrutura básica tenha sofrido poucas mudanças ao longo do tempo, sua decoração foi constantemente alterada após a sua consagração. Nos séculos seguintes (especialmente durante o século XIV), as embarcações venezianas traziam um suprimento contínuo de colunas, capitéis e esculturas de antigos edifícios para ornar esta basílica.
Os quatro cavalos em bronze da fachada, por exemplo, são do tempo do imperador Constantino (séc. IV) e foram levados para Veneza após o saque de Constantinopla em 1204.
Basílica de São Marcos (Veneza)
Coluna bizantina trazida da Síria, originalmente do século V ou VI
Os “Tretarcas” (século IV), representando Diocleciano e seus três co-governantes
Basílica de São Marcos (Veneza)
Uma nova fachada principal foi erguida e as cúpulas originais, em determinado momento, foram cobertas com domos mais altos, executados em madeira, de forma a combinar com o estilo gótico do Palácio Ducal (também em uma reforma posterior).
Corte transversal de S. Marcos
Basílica de São Marcos (Veneza)
Vista do interior de S. Marcos
Basílica de São Marcos (Veneza)
Vista do interior de S. Marcos
Basílica de São Marcos (Veneza)
A área interna da basílica possui mais de 8.000 metros quadrados de mosaicos,
a maioria dourados (e executados em grande parte ao longo do século XII), representando passagens do Velho Testamento.
Basílica de São Marcos (Veneza)
Imagens do interior de S. Marcos
Basílica de São Marcos (Veneza)
As fachadas possuem hoje uma coleção de ornamentos bizantinos, românicos e góticos. Colunas e capitéis são, em grande parte, dos séculos XII e XIII; os delicados pináculos e demais elementos da decoração superior são
Basílica de São Marcos (Veneza)
adições góticas dos séculos XIV e XV.
Referências:
HAYES, Holly. San Vitale Basilica, Ravenna. Disponível em: <http://www.sacred-destinations.com/italy/ravenna-san-vitale>. Acesso em: 10 fev. 2013.
JORDAN, Robert Furneaux. História da Arquitetura no Ocidente. São Paulo: Editorial Verbo, 1985. 
PEVSNER, Nikolaus. Panorama da Arquitetura Ocidental. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 
SOUSA, Rainer. O Cisma do Oriente. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historiag/o-cisma-oriente.htm>. Acesso em: 22 fev. 2013.
UNESCO/CLT/WHC. Early Christian Monuments of Ravenna. Disponível em: < http://whc.unesco.org/en/list/788>. Acesso em 16 fev. 2013.
______. Historic Areas of Instanbul. Disponível em: <http://whc.unesco.org/en/list/356>. Acesso em: 16 fev. 2013.

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