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DEMa/CCET/UFSCar 030708/035823 Capítulo 8 CAPÍTULO 8 ENSAIOS DE DUREZA Distinguir o que está por trás do conceito de dureza não é uma tarefa das mais fáceis. Quando um torneiro mecânico afirma que o aço 1045 é mais duro do que o 1020, ele está se fundamentando na maior resistência ao corte exibida pelo primeiro em relação ao último. Na Fórmula 1, os pneus ditos duros são aqueles que apresentam maior resistência do desgaste promovido pelo asfalto. Como será discutido mais adiante, podemos também definir dureza como a resistência ao risco de um material por outro, sua resistência à penetração, ou ainda, sua resistência à deformação plástica localizada. Uma das pioneiras escalas de dureza é a escala Mohs, criada pelo mineralogista alemão Friedrich Mohs. Ela consiste em uma tabela com dez minerais-padrão arranjados em ordem crescente de resistência ao risco, conforme a Figura 8.1. 10 – diamante 09 – safira 08 – topázio 07 – quartzo 06 – ortoclásio 05 – apatita 04 – fluorita 03 – calcita 02 – gipsita 01 – talco Figura 8.1 - Escala Mohs 47 DEMa/CCET/UFSCar 030708/035823 Capítulo 8 Desta forma, o diamante (Mohs 10), material mais duro de que se tem notícia, é capaz de riscar todos os outros e, por outro lado, o talco (Mohs 1) é riscado por todos eles. Entre estes extremos estão a safira (Mohs 9), o topázio (Mohs 8), o quartzo (Mohs 7), o ortoclásio (Mohs 6), a apatita (Mohs 5), fluorita (Mohs 4), calcita (Mohs 3) e gipsita (Mohs 2). Um material que, por exemplo, seja capaz de riscar o ortoclásio, mas não topázio, deve ter dureza Mohs 7, como o quartzo. Trata-se de uma escala muito utilizada em mineralogia por ser conveniente na comparação de materiais com grandes diferenças de dureza. É, porém, pouco útil na classificação de ligas metálicas, por exemplo, que costumam exibir dureza na faixa de 4 a 8 Mohs, já que o método não permite uma medição muito precisa e exibe baixa reprodutibilidade. Isto porque a escala é qualitativa, ou seja, os números da mesma são meramente uma referência de ordem: o diamante, por exemplo, é, em termos absolutos, cerca de 1500 vezes mais duro do que o talco. Para a maioria dos materiais de interesse nestas disciplinas, são mais adequados os ensaios de dureza por penetração, nos quais se avalia a resistência à deformação plástica localizada apresentada pela amostra ensaiada. Neste contexto destacam-se a escalas Shore, Brinell, Vickers e Rockwell. O ensaio Shore tem sua origem atrelada ao escleroscópio Shore, um instrumento criado no início do século XIX pela Shore Instrument & Mfg. Co. para medir dureza por rebote. Como se vê na Figura 8.2, este equipamento é composto por um martelo que, abandonado de uma altura fixa, sob ação de seu próprio peso, choca-se com o corpo-de- prova e, então, retorna. A altura deste rebote, medida no próprio tubo guia graduado, ou em uma escala, é o valor de dureza Shore. Ou seja, quanto mais duro o material, maior é a altura do rebote, o que é bastante óbvio, pois quanto menor for a energia gasta durante a deformação da amostra, maior será a energia cinética resultante para fazer o caminho de volta. Com o passar dos anos, os escleroscópios caíram em desuso, dando lugar ao durômetro Shore (Figura 8.3), uma evolução dos primeiros. A medição de dureza, antes pautada na altura do rebote e, portanto, na energia potencial gravitacional, foi substituída por um sistema de mola, atrelado, pois, à energia potencial elástica. A leitura da dureza é feita no relógio da escala. 48 DEMa/CCET/UFSCar 030708/035823 Capítulo 8 Este é o ensaio que melhor se aplica à medição de dureza em polímeros. As principais normas que se referem a ele são a ABNT NBR 7456 e a ASTM D2244. Figura 8.2 - Escleroscópio Shore No ensaio de dureza Shore, podem ser utilizadas diversas escalas distintas, a saber: A, B, C, D, DO, M, O e OO. As mais utilizadas são a escala A, para elastômeros macios e polímeros flexíveis de uma maneira geral, e a escala D, para polímeros mais rígidos. 49 Figura 8.3 - Durômetro Shore DEMa/CCET/UFSCar 030708/035823 Capítulo 8 Como pode ser visto na Figura 8.4, há uma variação em relação à ponta do penetrador para estas duas escalas. Outro detalhe que as difere é a massa utilizada para garantir o contato da base com a amostra: 1 e 5 kg para as escalas Shore A e D, respectivamente. Entretanto, a grande diferença entre elas reside na rigidez de cada uma das molas, adequada à dureza do grupo de polímeros para o qual é utilizada a escala. Figura 8.4 - Endentadores Shore A e Shore D A relação entre a força exercida sobre a mola (F), em gf, e a medição de dureza correspondente é dada na Equação 8.1 para a escala Shore A (HA), e na Equação 8.2 para a escala Shore D (HD). F=567,66.HA Equação 8.1 F=45,36.HD Equação 8.2 O valor de dureza está obviamente relacionado com a profundidade de penetração do endentador na amostra (Δp na Figura 8.4), conforme segue na Equação 8.3, válida para tanto para a escala A quanto para a escala D, para Δp em μm. 50 DEMa/CCET/UFSCar 030708/035823 Capítulo 8 HA=100−p25 HD=100−p 25 Equação 8.3 A norma recomenda que seja empregada a escala Shore D sempre que medições de dureza Shore A superiores a 90 forem obtidas. Da mesma maneira, deve-se empregar a escala Shore A sempre que medições inferiores a 20 forem obtidas na escala Shore D. A leitura do valor de dureza deve ser feita após 15 s do início da endentação, já que os polímeros exibem um comportamento mecânico viscoplástico. As amostras devem ter espessura de, no mínimo, 6 mm e apresentar superfície plana. A dureza corresponderá à média do valores obtidos em ao menos cinco endentações, realizadas a mais de 6 mm uma da outra e a pelo menos 12 mm da borda da amostra. Um método muito útil na medição de dureza de metais, especialmente ferros fundidos, é o ensaio Brinell. Neste, um penetrador de formato esférico é pressionado contra a superfície da amostra utilizando-se uma carga conhecida, e o valor de dureza corresponde à razão entre esta carga, em kgf, e a área da calota esférica impressa no material, em mm2. O equipamento utilizado para esta medição é o durômetro Brinell e Vickers (Figura 8.5). Figura 8.5 - Durômetro Brinell e Vickers 51 DEMa/CCET/UFSCar 030708/035823 Capítulo 8 Muito embora a impressão seja esférica, sua projeção, visualizada pelo sistema óptico do durômetro Brinell, é circular. O diâmetro “d” desta circunferência, calculado a partir da média entre duas medições ortogonais entre si, é utilizado no cálculo da área da calota impressa, assim como a profundidade de penetração “p” (Figura 8.6). Contudo, é possível exprimir a mesma em termos do diâmetro da impressão e do diâmetro do endentador (D), de maneira que o valor de dureza Brinell (HB) seja dado pela Equação 8.4, em que “F” é a carga, em kgf, e “D” e “d” estão em mm. Figura 8.6 - Ensaio Brinell HB= 2F .DD−D2−d2 Equação 8.4 Tabela 8.1 - Dureza Brinell em função do diâmetro da impressão 52 D = 10 mm ; F = 3000 kgf d (mm) HB d (mm) HB d (mm) HB d (mm) HB d (mm) HB 2,50 601 3,00 415 3,50 302 4,00 229 4,50 179 2,55 578 3,05 401 3,55 293 4,05 223 4,55 174 2,60 555 3,10 388 3,60 285 4,10 217 4,60 170 2,65 534 3,15 375 3,65 277 4,15 212 4,65 167 2,70 514 3,20 363 3,70 269 4,20 207 4,70 163 2,75 495 3,25 352 3,75 262 4,25 201 4,75 159 2,80 477 3,30 341 3,80 255 4,30 197 4,80 156 2,85 461 3,35 331 3,85 248 4,35 192 4,85 152 2,90 444 3,40 321 3,90 241 4,40 187 4,90 149 2,95 429 3,45 311 3,95 235 4,45 183 4,95 146 DEMa/CCET/UFSCar 030708/035823 Capítulo 8 No ensaio inicial, proposto por Johan August Brinell, o materialera submetido a uma carga de 3000 kgf por meio de um endentador de aço endurecido de 10 mm de diâmetro durante 15 s, fornecendo valores de dureza em função do diâmetro da impressão como segue na Tabela 8.1. Embora estes parâmetros de ensaio funcionassem bem com os ferros fundidos, algumas adaptações foram necessárias para que esta técnica fosse aplicada a outros materiais. Para metais de elevada dureza, acima de 500 HB, por exemplo, a utilização de um penetrador esférico de aço endurecido é pouco conveniente, pois existe o risco de que o mesmo se deforme durante a aplicação da carga. Nestes casos, adota-se um endentador esférico de carboneto de tungstênio. Em metais mais moles, por outro lado, a utilização da carga de 3000 kgf produz uma impressão exageradamente grande e profunda, o que prejudica a reprodutibilidade do ensaio, como será visto adiante. Nestes casos, pode-se optar por cargas menores como 1000, 500, 250, 125 kgf, ou menos, conforme necessário. Para o caso de amostras menores, endentadores de 5, 2,5 ou 1 mm podem ser empregados, de forma que a impressão não fique demasiadamente próxima das bordas da mesma. Para garantir que a medição de dureza Brinell não seja influenciada pelas condições de ensaio (em outras palavras, que amostras de um mesmo material, submetidas a diferentes cargas e diâmetros de penetrador, exibam o mesmo valor de dureza), é necessário que a Equação 8.5 seja respeitada: deve-se manter a razão entre a carga (em kgf) e o quadrado do diâmetro do endentador (em mm2), denominada grau de carga (G), constante. A Tabela 8.2 contém graus de carga para certos metais de interesse. G= F D2 =constante Equação 8.5 Tabela 8.2 - Graus de carga para certos grupos de materiais metálicos G (kgf/mm2) aplicações 30 aços, ferros fundidos e ligas de titânio, níquel e cobalto 10 níquel e ligas de alumínio, cobre, magnésio e zinco 5 alumínio, cobre, magnésio e zinco 2,5 ligas de estanho e chumbo 1,25 ligas de estanho e chumbo 53 DEMa/CCET/UFSCar 030708/035823 Capítulo 8 O tempo de aplicação da carga durante o ensaio, originalmente 15 s, pode ser estendido para 30 ou 60 s no teste de metais de baixo ponto de fusão, como as ligas de chumbo-estanho, casos em que pode ocorrer fluência; portanto, um tempo mais curto poderia fornecer informações incorretas sobre a real deformação do material. As normas que regem este ensaio são a ABNT NBR 6394 e a ASTM E10. A principal restrição que elas contemplam diz respeito ao diâmetro da impressão, que deve estar restrito ao intervalo disposto na Equação 8.6, ou o ensaio terá sua reprodutibilidade comprometida. Ainda, para um correto aproveitamento do sistema óptico de medição, deve-se respeitar a Equação 8.7, em que “A” é a ampliação total utilizada. É importante também que a diferença entre as medições não exceda 0,06 mm, de maneira que se garanta que a impressão não seja ovalada. 0,25D d 0,50D Equação 8.6 50 A.d 150 Equação 8.7 Em relação ao corpo-de-prova, deve-se garantir planeza e acabamento razoável da superfície de medição e, ainda, uma espessura de, pelo menos 17 vezes maior do que a profundidade da penetração (“p”, na Figura 8.6). Também deve-se garantir que a distância entre as impressões seja de ao menos 6 vezes o diâmetro das mesmas, e que a distância até as bordas seja de, no mínimo, 3 vezes. Muitos trabalhos exibem relações empíricas entre a dureza Brinell e o limite de resistência à tração característico do material. Trata-se de uma informação bastante útil, visto que, ao contrário do ensaio de tração, não é necessária a confecção de corpos-de- prova para a realização do ensaio Brinell. Para aços baixo carbono (Equação 8.8), aços- carbono endurecidos (Equação 8.9), aços-liga endurecidos (Equação 8.10), níquel (Equação 8.11), cobre (Equação 8.12), latão (Equação 8.13) e alumínio (Equação 8.14), valem as respectivas relações com limites de resistência à tração em MPa. O ensaio Brinell é o mais recomendado para materiais heterogêneos, como os ferros fundidos, por sua impressão abranger uma área maior do que outros testes de dureza. Por um lado é uma vantagem, por outro é prejudicial: componentes submetidos ao ensaio Brinell podem ser rejeitados em função do tamanho da impressão. Pelo mesmo motivo, ele não é recomendado para materiais que sofreram tratamento superficial. 54 DEMa/CCET/UFSCar 030708/035823 Capítulo 8 Sr=3,53.HB Equação 8.8 Sr=3,34.HB Equação 8.9 Sr=3,24.HB Equação 8.10 Sr=4,81.HB Equação 8.11 Sr=5,10.HB Equação 8.12 Sr=5,40.HB Equação 8.13 Sr=3,92.HB Equação 8.14 Desenvolvido pela Vickers-Armstrong Limited, o ensaio Vickers é, conceitualmente, bastante semelhante ao ensaio Brinell, tanto que é possível fazer medições nas duas escalas utilizando o mesmo o durômetro (Figura 8.5). A principal diferença é que a escala Vickers emprega um penetrador de diamante piramidal de base quadrada e ângulo de 136 ° entre as faces opostas, ângulo que corresponde à relação ideal d = 0,375.D entre os diâmetros da impressão (d) e do penetrador (D) no ensaio Brinell, conforme a Figura 8.7. Embora a impressão característica do ensaio Vickers seja uma superfície piramidal, sua projeção, visualizada pelo sistema óptico do durômetro, é um losango idealmente regular, ou seja, um quadrado. Assim como a dureza Brinell, a dureza Vickers (HV) corresponde à razão entre a carga aplicada (F, em kgf) e a área da superfície piramidal impressa, a qual é uma função da média das diagonais da impressão (d, em mm) e do ângulo de ponta do endentador, resultando na Equação 8.15. 55 DEMa/CCET/UFSCar 030708/035823 Capítulo 8 Figura 8.7 - Ensaio Vickers HV=2Fsen136 o/2 d2 =1,8544 F d2 Equação 8.15 O ensaio Vickers é regulamentado pelas normas ABNT NBR 6672 e ASTM E92, que agrupam em três conjuntos as cargas padronizadas utilizadas no ensaio: • normal: 5, 10, 15, 20, 25, 30, 50 e 100 kgf • pequena: 0,20, 0,25, 0,30, 0,50, 1,00, 2,00, 2,50, 3,00 e 5,00 kgf • microcarga: 5, 10, 15, 20, 25, 30, 50, 100 e 200 gf As microcargas são empregadas especialmente em ensaios os quais se costuma denominar de microdureza, em que a impressão exibe dimensões microscópicas. Estes testes são fundamentais na caracterização da profundidade de superfícies temperadas, carbonetadas ou nitretadas, bem como na determinação da dureza de materiais frágeis, como os cerâmicos, ou no exame de componentes de espessura extremamente fina. Para o bom aproveitamento do sistema óptico de medição, deve-se respeitar a Equação 8.7, como no ensaio Brinell. É importante também que a diferença entre as medidas das diagonais não exceda 0,5 % e que a superfície da amostra esteja razoavelmente plana e polida. No caso de testes com materiais sujeitos à fluência, deve-se estender o tempo de aplicação da carga para até 30 s. Para outras ligas, mais resistentes, este tempo fica mesmo entre 15 e 20 s. Outros cuidados a serem tomados incluem a exigência de uma 56 DEMa/CCET/UFSCar 030708/035823 Capítulo 8 distância mínima de 2,5 vezes a diagonal da endentação entre as impressões e entre cada impressão e as bordas da amostra, que não deve ter espessura inferior a 1,5 vezes o valor de “d”. O ensaio Rockwell, que também leva o nome de seu criador, introduz a principal escala de dureza utilizada no ensaio de materiais metálicos, pois elimina o tempo necessário à medição das dimensões da impressão, indicando o resultado de forma direta. Desta maneira, tem-se um ensaio mais rápido e livre de eventuais erros humanos. O equipamento utilizadoé o durômetro Rockwell, que segue na Figura 8.8. As normas que regem este ensaio são a ABNT NBR 6671 e ASTM E18. Figura 8.8 - Durômetro Rockwell Ao contrário dos ensaios Brinell e Vickers, a dureza Rockwell está associada à profundidade de penetração do endentador no corpo de prova, e não à área da impressão. Neste teste, é aplicada, primeiramente, uma carga menor (F0), que leva o endentador até uma certa profundidade de referência; posteriormente, aplica-se uma carga complementar (Fc) para totalizar a carga do ensaio (F), aumentando a profundidade atingida; a carga complementar é, então, retirada, e o endentador retorna alguns micrometros. A profundidade de penetração (Δp) é dada pela diferença entre esta posição final e a profundidade de referência quando da aplicação da carga menor no princípio do 57 DEMa/CCET/UFSCar 030708/035823 Capítulo 8 ensaio, como pode ser visto na Figura 8.9. A partir desta medida, o valor de dureza é dado diretamente no mostrador do durômetro. Figura 8.9 - Ensaio Rockwell com penetrador cônico Como visto na Figura 8.9, um dos penetradores utilizados no ensaio Rockwell exibe geometria cônica com um ângulo de 120 ° e é feito de diamante. Neste caso, a dureza Rockwell (HR) é determinada pela Equação 8.16, desde que a profundidade de penetração (Δp) seja dada em μm. HR=100−p2 Equação 8.16 Outra peculiaridade apresentada pelo ensaio Rockwell é a existência de múltiplas escalas, de maneira que a “resolução” da medida é expandida, sendo possível obter razoáveis diferenças numéricas mesmo para diferenças sutis de dureza. Tabela 8.3 - Escalas de dureza Rockwell com penetrador cônico escala F (kgf) aplicações HRA 60 aços endurecidos HRC 150 aços, ferros fundidos, e ligas de titânio HRD 100 ferros fundidos maleáveis As principais escalas em que se emprega o penetrador cônico de diamante são Rockwell A (HRA) e Rockwell C (HRC), ainda que não sejam raras as aplicações da 58 DEMa/CCET/UFSCar 030708/035823 Capítulo 8 escala Rockwell D (HRD). O detalhe que as diferencia é a carga total do ensaio, embora a carga inicial seja sempre de 10 kgf, de maneira que diferentes grupos de materiais possam ser testados com precisão, conforme a Tabela 8.3. O ensaio Rockwell pode utilizar também penetradores esféricos de aço endurecido para medir a dureza de materiais menos duros do que aqueles que costumam ser testados com o penetrador cônico de diamante. Como pode ser visto na Figura 8.10, a técnica de ensaio é idêntica, mas a relação entre a profundidade de penetração (Δp, em μm) e o valor de dureza (HR) é distinta, conforme a Equação 8.9. Figura 8.10 - Ensaio Rockwell com penetrador esférico HR=130−p2 Equação 8.17 As principais escalas em que se emprega o penetrador esférico de aço endurecido são Rockwell B (HRB) e Rockwell F (HRF), ainda que também sejam utilizadas as escalas Rockwell E (HRE), G (HRG) e H (HRH). Novamente, a diferença entre as escalas se dá pelo valor da carga total aplicada, adequada para determinadas ligas, mas também pelo diâmetro da esfera (D, em in), conforme a Tabela 8.4. Em todas elas, a carga inicial é também de 10 kgf. A leitura de durezas nas quais se emprega o penetrador cônico de diamante deve ser feita na escala de cor preta, enquanto a leitura daquelas em que se utilizam as esferas de aço endurecido, na escala vermelha. Nos dois caos, as endentações devem ser 59 DEMa/CCET/UFSCar 030708/035823 Capítulo 8 realizadas a pelo menos 4 mm das bordas da amostra e entre uma e outra. Tabela 8.4 - Escalas de dureza Rockwell com penetrador esférico escala F (kgf) D (in) aplicações HRB 100 1/16 ligas de cobre e alumínio HRE 100 1/8 ferros fundidos e ligas de alumínio e magnésio HRF 60 1/16 ligas de cobre recozidas HRG 150 1/16 ferro fundido maleável e ligas Cu-Ni-Zn HRH 60 1/8 alumínio, zinco e chumbo Durômetros Rockwell mais precisos podem ser utilizados para o emprego das escalas de dureza Rockwell superficial, que são especialmente adequadas no teste de corpos-de-prova de pequena espessura ou de ligas metálicas que foram submetidas a algum tratamento superficial. A relação entre profundidade de penetração (Δp, em μm) e o valor de dureza (HR) é distinta daquelas que valem para as escalas Rockwell comum, como exposto na Equação 8.18. HR=100−p Equação 8.18 Tabela 8.5 - Escalas de dureza Rockwell superficial escala penetrador F (kgf) aplicações 15 N cônico 120 ° 15 aços endurecidos 30 N cônico 120 ° 30 ferros fundidos maleáveis 45 N cônico 120 ° 45 aços, ferros fundidos, e ligas de titânio 15 T esférico 1/16 in 15 ligas de cobre recozidas 30 T esférico 1/16 in 30 ligas de cobre e alumínio 45 T esférico 1/16 in 45 ferro fundido maleável e ligas Cu-Ni-Zn A denominação das escalas de dureza Rockwell superficial é feita pelo valor da carga aplicada (em kgf) seguido de uma letra, que representa o tipo de endentador utilizado, por exemplo, “N” para penetrador de diamante cônico de 120 °, e “T” para esférico de aço endurecido e 1/16 in de diâmetro. A Tabela 8.5 contém as principais 60 DEMa/CCET/UFSCar 030708/035823 Capítulo 8 escalas de dureza Rockwell superficial e, como pode ser notado, suas aplicações coincidem com algumas das escalas Rockwell comum. Em todos os ensaios Rockwell comum ou superficial exigem-se razoáveis acabamento e planeza da superfície de teste e, ainda, uma amostra de espessura de, no mínimo, 10 vezes a profundidade de penetração. É importante ressaltar que cada ensaio envolve uma técnica distinta e, portanto, não é possível converter diretamente um valor de dureza obtido de um determinado teste para outro. O mesmo vale para as diversas escalas possíveis no ensaio Rockwell. Só se permitem comparar medidas de durezas de diferentes ensaios em se tratando de um mesmo grupo de materiais. Para tanto, a norma ASTM E140 contém tabelas de conversão de dureza para aços-carbono, aços inoxidáveis, latões, ligas de níquel e alumínio. 61 Capítulo 8 Ensaios de Dureza
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