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UENF, CBB, LQFPP Prof. Gustavo Rezende Bioquímica II – Metabolismo 3ª aula: Fermentação e Ciclo do ácido cítrico (destinos do piruvato) Glicólise: Transformação de 1 glicose em 2 piruvatos, através de 10 reações enzimáticas. Fase preparatória e de pagamento. Glicose C6H12O6 2 Piruvatos 2x C3H3O3 (C6H6O6) O que vimos na última aula: Hexoquinase Fosfoexose isomerase Fosfofruto quinase-1 Aldolase Triose fosfato isomerase Gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase Fosfoglicerato quinase Enolase Piruvato quinase Fosfoglicerato mutase oxidação e fosforilação primeira reação formadora de ATP (fosforilação no nível de substrato) segunda reação formadora de ATP (fosforilação no nível de substrato) Glicólise: Transformação de 1 glicose em 2 piruvatos, através de 10 reações enzimáticas. Fase preparatória e de pagamento. Enzimas regulatórias, fluxo limitado pela enzima. No caso da glicólise: HK, PFK-1 e PK. O fluxo de algumas etapas metabólicas é limitada pelo substrato. Em outros casos, o fluxo de determinada etapa metabólica é limitada pela enzima (passo limitante da velocidade da via). O que vimos na última aula: Balanço geral da Glicólise: O que vimos na última aula: Reação da gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase (6a reação da glicólise) O que vimos na última aula: Aula de hoje: Os destinos do piruvato 2 NAD+ 2 NADH Glicose 2 Piruvato Os destinos do piruvato: O NADH precisa, de alguma forma, se transformado de novo em NAD+. Se não, o estoque de NAD+ da célula é consumido, e a glicólise para... 2 NAD+ 2 NADH Glicose 2 Piruvato Os destinos do piruvato: ?? Sistemas em aerobiose (com O2) e anaerobiose (sem O2) resolvem esse problema de formas distintas... ... respectivamente via ciclo de Krebs (que produz ainda mais energia) ou pela fermentação. Os destinos do piruvato: condições aeróbicas ciclo de Krebs e fosforilação oxidativa Animais, vegetais e muitas células microbianas sob condições aeróbicas 2CO2 O2 Os destinos do piruvato: condições aeróbicas 2CO2 condições anaeróbicas condições anaeróbicas Fermentação até lactato Fermentação até etanol O2 Animais, vegetais e muitas células microbianas sob condições aeróbicas ciclo de Krebs e fosforilação oxidativa Os destinos do piruvato: condições anaeróbicas condições anaeróbicas Fermentação até lactato Fermentação até etanol Fermentação é o termo genérico para a degradação anaeróbica da glicose e outros nutrientes, sem oxidação líquida, para obtenção de ATP. Existem outros processos fermentativos (além da fermentação alcoólica e láctica), que geram diversos produtos (butanol e acetona, metanol, ácido fórmico, isopropanol, etc). Algumas dessas fermentações são realizadas em escala industrial. Fermentação Láctica: lactato desidrogenase A enzima lactato desidrogenase forma ácido lático que em pH 7,0 prontamente se ioniza em lactato. 2 NAD+ Glicose 2 Piruvato 2 NADH Fermentação Láctica: lactato desidrogenase 2 NAD+ Glicose 2 Piruvato 2 Lactato 2 NADH Fermentação Láctica: Enzima: lactato desidrogenase lactato desidrogenase 2 NAD+ Glicose 2 Piruvato 2 Lactato 2 NADH Fermentação Láctica: C6H12O6 C3H6O3 lactato desidrogenase Enzima: lactato desidrogenase sem oxidação líquida! No nosso organismo, ocorre no músculo em contração vigorosa, em hemácias e outras células dos animais. Também ocorre em alguns microorganismos. A acidificação nos músculos e sangue causa dor e limita o período de atividade muscular extrema. O lactato pode ser reciclado (na gliconeogênese, com a ajuda do fígado), mas leva tempo... Fermentação Láctica: Cooperação entre músculo e fígado: Ciclo de Cori O lactato muscular segue no sangue até o fígado (1), onde volta a virar piruvato (2) e aí segue para a gliconeogênese (3). A glicose formada na gliconeogênese volta para o músculo (4), mas esse é um processo lento. Esse ciclo de reações de glicose a lactato no músculo e lactato a glicose no fígado, que volta para o músculo é chamado de Ciclo de Cori. Glicose Reação ocorrendo no fígado. 1 3 2 4 Alguns lactobacilos fermentam a lactose do leite em ácido lático. A acidificação gerada pela formação do lactato abaixa o pH, desnaturando proteínas do leite, o que pode gerar queijo e iogurte, dependendo do caso. Fermentação Láctica: Fermentação Etanólica (Alcoólica): Enzimas: piruvato descarboxilase e álcool desidrogenase. Seres humanos não realizam a fermentação alcoólica. Fermentação Etanólica (Alcoólica): Tiamina Pirofosfato, coenzima derivada da Vitamina B1. Fermentação Etanólica (Alcoólica): C6H12O6 2C2H6O + 2CO2 (C6H12O6) Glicose Etanol Fermentação Etanólica (Alcoólica): Presente em leveduras, outros microorganismos, algumas plantas. Fermentação Etanólica (Alcoólica): Presentes ao final do processo de produção de champagne e cerveja. Fermentação Etanólica (Alcoólica): Responsável pelo crescimento da massa do pão. Fermentação Etanólica (Alcoólica): Presente em muitos organismos, inclusive em humanos. Fermentação Etanólica (Alcoólica): Em humanos, a desintoxicação do álcool é feita por essa enzima. Mas a atuação dela pode ser tóxica, se ao invés de metabolizar etanol essa enzima metabolizar metanol: O formaldeído é tóxico para muitos tecidos, particularmente os olhos. Os destinos do piruvato: condições aeróbicas 2CO2 condições anaeróbicas condições anaeróbicas Fermentação até lactato Fermentação até etanol ciclo do ácido cítrico e fosforilação oxidativa O2 Animais, vegetais e muitas células microbianas sob condições aeróbicas Ciclo de Krebs ou Ciclo do ácido tri-carboxílico ou Ciclo do ácido cítrico Os 3 estágios da respiração celular a partir do catabolismo de proteínas, lipídios e carboidratos: Em condições aeróbicas, a glicólise faz parte do primeiro de três estágios da respiração celular. Respiração no contexto fisiológico: liberação de CO2 e captação de O2, por parte do organismo. . Em condições aeróbicas, a glicólise faz parte do primeiro de três estágios da respiração celular. Respiração no contexto fisiológico: liberação de CO2 e captação de O2, por parte do organismo. Respiração no contexto celular/bioquímico: consumo de O2 e liberação de CO2 por parte da célula. É a respiração celular. A respiração ocorre em bactérias aeróbicas ou em células eucarióticas, dentro da mitocôndria. Em condições aeróbicas, a glicólise faz parte do primeiro de três estágios da respiração celular. Respiração no contexto fisiológico: liberação de CO2 e captação de O2, por parte do organismo. Respiração no contexto celular/bioquímico: consumo de O2 e liberação de CO2 por parte da célula. É a respiração celular. A respiração ocorre em bactérias aeróbicas ou em células eucarióticas, dentro da mitocôndria.O2 Em condições aeróbicas, a glicólise faz parte do primeiro de três estágios da respiração celular. Respiração no contexto fisiológico: liberação de CO2 e captação de O2, por parte do organismo. Respiração no contexto celular/bioquímico: consumo de O2 e liberação de CO2 por parte da célula. É a respiração celular. A respiração ocorre em bactérias aeróbicas ou em células eucarióticas, dentro da mitocôndria.O2 1º estágio da respiração celular: Oxidação de aminoácidos,ácidos graxos e glicose, gerando Acetil-CoA. 2º estágio da respiração celular: Oxidação do Acetil-CoA no ciclo de Krebs, liberando elétrons. 3º estágio da respiração celular: CTE e fosforilação oxidativa - próxima aula. A glicólise ocorre no citosol da célula. Piruvato então entra na mitocôndria e... Em eucariotos: ... ocorre a conversão de piruvato em acetil-CoA que segue para o ciclo de Krebs. Ambos ocorrem na matriz mitocondrial. Microscopia eletrônica de transmissão de uma mitocôndria Esquema de uma mitocôndria Matriz Membrana mitocondrial interna Membrana mitocondrial externa E porque a mitocôndria possui duas membranas? Simbioses ancestrais, que deram origem aos organismos atuais: Resquício de uma simbiose ancestral que tornou-se permanente. Outras evidências: mitocôndria possui dna e ribossomas próprios. Voltando: Na matriz mitocondrial o piruvato será convertido em acetil-CoA pelo complexo da piruvato desidrogenase... Complexo da piruvato desidrogenase: É composto de 3 enzimas, necessita de 5 coenzimas (CoA, NAD, FAD, TPP e Lipoato) e sofre regulação alostérica e covalente. Complexo da piruvato desidrogenase: 4 vitaminas do complexo B são importantes: B1 (tiamina gera TPP), B2 (riboflavina gera FAD), B3 (niacina gera NAD) e B5 (pantotenato gera CoA). É composto de 3 enzimas, necessita de 5 coenzimas (CoA, NAD, FAD, TPP e Lipoato) e sofre regulação alostérica e covalente. Complexo da piruvato desidrogenase: Que tipo de reação é essa? É composto de 3 enzimas, necessita de 5 coenzimas (CoA, NAD, FAD, TPP e Lipoato) e sofre regulação alostérica e covalente. Complexo da piruvato desidrogenase: Que tipo de reação é essa? É uma decarboxilação oxidativa. É composto de 3 enzimas, necessita de 5 coenzimas (CoA, NAD, FAD, TPP e Lipoato) e sofre regulação alostérica e covalente. Olhando em mais detalhe: E1 piruvato desidrogenase E2 diidrolipoil transacetilase E3 diidrolipoil desidrogenase grupo prostético (coenzimas ligadas) Olhando em mais detalhe: E1 piruvato desidrogenase E2 diidrolipoil transacetilase E3 diidrolipoil desidrogenase coenzimas solúveis grupo prostético (coenzimas ligadas) - SH Olhando em mais detalhe: E1, E2, E3 Processo semelhante ocorrerá na 4ª reação do ciclo de Krebs. CO2 Coenzimas: Tiamina pirofosfato (TPP) Coenzimas: Lipoato Lipoato tem a capacidade de transportar tanto elétrons quanto grupos acila. Coenzimas: Grupo tiol reativo β-Mercapto- etilamina Coenzima A Ácido pantotênico Coenzimas: Grupo tiol reativo β-Mercapto- etilamina Coenzima A Ácido pantotênico É um tioéster O acetil-CoA (2C) entra então no ciclo... O Ciclo de Krebs propriamente dito: A estratégia do ciclo de Krebs: acetil-CoA oxaloacetato citrato 8 etapas enzimáticas A estratégia do ciclo de Krebs: Ciclo de Krebs Pontos de regulação do ciclo citrato sintase 1ª das 8 reações: citrato sintase 2ª reação: aconitase citrato sintase aconitase aconitase 1ª das 8 reações: citrato sintase 3ª reação: isocitrato desidrogenase Duas isoformas de isocitrato desidrogenase: Dependente de NAD+: na mitocôndria, para o ciclo. Dependente de NADP+: mitocôndria e citosol, para reações anabólicas de redução. isocitrato desidrogenase 4ª reação: complexo da αααα-cetoglutarato desidrogenase complexo da αααα-cetoglutarato desidrogenase O complexo da α-cetoglutarato desidrogenase também possui três enzimas (E1, E2 e E3) e também depende de TPP, lipoato, FAD, NAD+ e CoA. As proteínas dos dois complexos (piruvato desidrogenase e α-cetoglutarato desidrogenase) parecem ter a mesma origem evolutiva... succinil-CoA sintetase 5ª reação: succinil-CoA sintetase Ocorre aqui outra fosforilação no nível do substrato, formando uma molécula de alta energia, o GTP. ATP e GTP são energeticamente equivalentes. Além disso, GTP pode ser prontamente transformado em ATP pela ação da enzima nucleosídeo difosfato quinase: Porque existem enzimas com o nome de sintases e outras de sintetases? Sintases catalizam reações de síntese, sem a participação de nucleosídeos trifosfato. Já as sintetases empregam nucleosídeos trifosfato na síntese. succinil-CoA sintetase 5ª reação: succinil-CoA sintetase 6ª reação: succinato desidrogenase succinato desidrogenase É a única enzima do ciclo de Krebs ligada à membrana. Em função disso, também participa da fosforilação oxidativa (próxima aula). 6ª reação: succinato desidrogenase succinato desidrogenase O malonato é um análogo do succinato atuando como um importante inibidor competitivo da succinato desidrogenase. Por isso, o malonato é um bloqueador do ciclo de Krebs. 7ª reação: Fumarase 8ª e ultima reação: malato desidrogenase malato desidrogenase Apesar de desfavorável, essa reação ocorre na direção da formação do oxaloacetato em função da reação que ocorre em seguida, que é a primeira de um novo ciclo... 8ª e ultima reação: malato desidrogenase malato desidrogenase citrato sintase 1ª reação: citrato sintase Saldo energético: 1 volta no ciclo (1 piruvato): 4 NADH + 1 FADH2 + 1 GTP (ATP) piruvato C3 CO2NADH Saldo energético: Glicose 2 Piruvato 1 volta no ciclo (1 piruvato): 4 NADH + 1 FADH2 + 1 GTP (ATP) 1 glicose: 2 NADH + 2 ATP C3 CO2NADH piruvato Saldo energético: Por glicose (2 piruvato): 8 NADH + 2 FADH2 + 2 GTP (ATP) Glicose 2 Piruvato 1 glicose: 2 NADH + 2 ATP C3 CO2NADH piruvato Saldo energético: Por glicose (2 piruvato): 8 NADH + 2 FADH2 + 2 GTP (ATP) Saldo parcial (1 glicólise e 2 ciclos): 10 NADH + 2 FADH2 + 4 ATP Glicose 2 Piruvato 1 glicose: 2 NADH + 2 ATP C3 CO2NADH piruvato Um pouco de evolução... Algumas bactérias anaeróbicas não possuem a α-cetoglutarato desidrogenase. Elas utilizam um “ciclo de Krebs incompleto” como fonte, não de energia, mas de precursores biossintéticos... Ciclo de Krebs X Um pouco de evolução... NADH NAD+ Isso é um tipo de fermentação (Isocitrato é oxidado enquanto oxaloacetato é reduzindo, regenerando NAD+). Podemos supor que a evolução das reações do ciclo de Krebs tenha se dado de forma semelhante... Um pouco de evolução... Um pouco de evolução... E se a α-cetoglutarato desidrogenase tiver se originado a partir da piruvato desidrogenase?... O Ciclo de Krebs é uma via Anfibólica... O ciclo de Krebs é uma via catabólica porque: É o ponto para o qual convergem as vias de degradação de açúcares, proteínas e lipídios em células aeróbicas. O Ciclo de Krebs é uma via Anfibólica... O ciclo de Krebs é uma via anabólica porque fornece precursores de diversas vias biossintéticas. O ciclo de Krebs é uma via anabólica porque fornece precursores de diversas vias biossintéticas. Mas... se os intermediários do ciclo de Krebs forem utilizados para outras funções, o ciclo pararia, por falta de seus intermediários... Como isso poderia ser resolvido? As reações anapleróticas (setas vermelhas) repõem intermediários do ciclo que foram consumidos em reações anabólicas. Reações anapleróticas: Como regular o ciclo de Krebs? - Regulação da produção de acetil CoA a partir do piruvato. - O ciclo mesmo é regulado nos três passos extremamente exergônicos. Induzem a fosforilaInduzem a fosforilaçção da ão da piruvatopiruvato desidrogenasedesidrogenase, razões altas de:, razões altas de: ATPATP ADPADP Acetil CoAAcetil CoA CoACoA--SHSH NADHNADH NADNAD++ O controle dapiruvato desidrogenase por modificação covalente (fosforilação): E1 é a piruvato desidrogenase Próxima aula: cadeia respiratória e fosforilação oxidativa
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