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INQUÉRITO POLICIAL (83)

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 INQUÉRITO POLICIAL: 
 CONCEITO: 
 Conjunto de diligências realizadas pela autoridade policial visando à obtenção de elementos que apontem a autoria e comprovem a materialidade delituosa, permitindo ao Ministério Público e ao ofendido o oferecimento de denúncia e da queixa-crime. Possui natureza administrativa e não está sujeito ao contraditório e nem à arguição de nulidade. NÃO É INDISPENSÁVEL para desencadeamento da ação penal (art. 39, §5°, e art. 46, §1°, do CPP).
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O valor probante do inquérito é relativo, exigindo-se, como regra geral, que as provas angariadas durante a investigação sejam renovadas ou ao menos confirmadas pelas provas judicialmente produzidas sob o manto do devido processo legal (art. 155, caput, primeira parte, do CPP). 
 
 Há determinadas hipóteses em que a lei ou jurisprudência estabelecem ressalvas:
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a) provas técnicas: abrangem os exames de corpo de delito e as perícias em geral realizadas durante as investigações. 
b) provas cautelares: interceptação de comunicações telefônicas, diligências de busca e apreensão (art. 155, caput, segunda parte, do CPP).
c) decisões proferidas pelo juiz na fase antecedente ao ingresso da ação penal: decretação de prisão preventiva do investigado (art. 311 do CPP), determinação de instauração de incidente de insanidade mental (art. 149, §1°, CPP) e ordem de seqüestro de bens (art. 127 do CPP).
d) decisões proferidas no julgamento pelo Tribunal do Júri pelos jurados: decidem pela íntima convicção. 
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 CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL:
a) inquisitorial: não há ampla defesa. O art. 14 do CPP faculta ao delegado de polícia o poder de indeferir eventuais diligências postuladas pelo ofendido ou pelo investigado. Porém tal faculdade não é absoluta, não atingindo, por exemplo, o requerimento de perícia destinada a comprovar a materialidade de vestígios deixados pela infração penal (art. 184 do CPP).
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b) procedimento escrito: os atos serão formalizados de forma escrita e rubricados (art. 9° CPP).
c) indisponível: a autoridade policial não pode arquivar o inquérito de ofício, ainda que constate a atipicidade do fato apurado (art. 17 CPP). Somente o MP pode requerer o arquivamento perante o juiz (exceção - art. 7º da Lei 1.521/51).
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d) facultatividade ou discricionariedade: pode determinar, com discricionariedade, todas as diligências que julgar necessárias ao esclarecimento dos fatos. Refere-se às diligências requeridas pelo ofendido ou pelo indiciado. Quando a diligência é requerida pelo juiz ou pelo MP a autoridade policial tem que cumprir (art. 13 e art. 47 do CPP). Outrossim, deverá obter prévia ordem judicial para efetivação de busca e apreensão domiciliar e interceptação das conversas telefônicas. Ao realizar o interrogatório, não poderá constrangê-lo a falar caso se reserve ele ao direito de permanecer em silêncio (art. 5°, LXIII, da CF e art. 6°, V, e art. 185, ambos do CPP). 
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 e) sigiloso: o sigilo não se estende ao Ministério Público e nem ao Poder Judiciário (art. 20 do CPP), restringindo-se as pessoas do povo, ao próprio investigado e ao seu advogado de manusear os autos ou tomar contato direto com o resultado das diligências realizadas no seu curso. 
 
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=== O que se deve ter em mente que o sigilo do inquérito é o estritamente necessário ao êxito das investigações e à preservação da figura do indiciado, evitando-se o desgaste daquele que é presumidamente inocente. Outra corrente defende o amplo acesso do advogado aos autos do inquérito policial (art. 7º, XIII a XV, e §1°, da Lei n° 8.906/94).
 
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	Entretanto, o STJ já decidiu que não é direito líquido e certo do advogado o acesso irrestrito a autos do inquérito policial que esteja sendo conduzido sob sigilo, se o segredo de informações é imprescindível para as investigações.
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 f) obrigatório ou oficiosidade: ressalvadas as hipóteses de crimes de ação penal pública condicionada à representação e dos delitos de ação penal privada, o inquérito deve ser instaurado de ofício pela autoridade policial sempre que tiver conhecimento da prática de um delito (art. 5°, I, do CPP). 
 g) oficialidade: trata-se de investigação que deve ser realizada por autoridades e agentes integrantes dos quadros públicos, sendo vedada a delegação da atividade investigatória a particulares (art. 144, §4°, da CF).
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 POLÍCIAS:
 a) polícia administrativa: função de caráter preventivo, relacionada à segurança, visando a impedir a prática de atos lesivos à sociedade. Atua com discricionariedade e independe de autorização judicial.
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 b) polícia judiciária: função de caráter repressivo, visando auxiliar a Justiça. A soma dessa atividade investigatória com a ação penal ajuizada pelo Ministério Público ou pelo ofendido constitui o que se chama de persecução penal.
O art. 4° do CPP limita a atuação da polícia judiciária ao território de suas respectivas circunscrição. Não obstante, não se terá como contaminado o inquérito eventualmente presidido por delegado pertencente à outra circunscrição distinta daquela onde ocorreu o fato, porquanto trata-se de mera peça informativa, sem condão de macular a ação penal.
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 INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL:
 a) portaria: ato de ofício da autoridade policial em se tratando de crime de ação penal pública incondicionada (art. 5°, I, CPP). Subscrita pelo delegado de polícia, conterá o objeto da investigação, as circunstâncias conhecidas em torno do fato a ser apurado (dia, horário, local e etc.) e, ainda, as diligências iniciais a serem realizadas. Delatio criminis simples – qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento de infração penal pública poderá comunicá-la à autoridade policial (art. 5°, §3°, do CPP). Notitia criminis inqualificada – comunicações apócrifas – por escrito e sem subscrição do comunicante – ou por meio do disque-denúncia.
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 b) requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público: 
 
 Possui conotação de exigência, determinação, razão pela qual não pode ser descumprida pela autoridade policial (art. 5°, II, e art. 13, II, do CPP).
 
 O Ministério Público não pode requisitar ao delegado o indiciamento de alguém. O indiciamento é ato privativo da autoridade policial. 
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 Em caso de descumprimento - pela autoridade policial - de diligência requisitada pelo juiz ou pelo MP. Embora inexista subordinação hierárquica, a posição dominante na jurisprudência tipifica tal conduta como crime de prevaricação (art. 319 do CP). Não seria desobediência porque este crime está dentro do capítulo dos crimes praticados por particular contra a administração pública. Entrementes, é difícil provar o motivo pessoal da autoridade policial para desatender a diligência.
 Já Nucci leciona que, não possuindo a requisição supedâneo legal, não deve o delegado agir, pois se o fizesse estaria cumprindo um desejo pessoal de outra autoridade, o que não se coaduna com a sistemática processual penal
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 c) requerimento da vítima ou de seu representante legal: 
 Deverá conter, sempre que possível, a narração do fato, a individualização do indiciado e as razões de convicção ou presunção de autoria e o rol de testemunhas (art. 5°, §1°, CPP). 
 Trata-se de mera solicitação, podendo ser indeferido pelo delegado, mormente no caso de atipicidade.
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 d) auto de prisão em flagrante: 
 
 Apesar de não mencionado expressamente no art. 5° do CPP, é forma inequívoca de instauração de inquérito policial.
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CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA:
a) representação do ofendido ou de seu representante legal: a representação também é conhecida como delatio criminis postulatória, constituindo-se em manifestação autorizando o Estado a desenvolver providências à investigação e apuração
judicial de crimes. Não existe rigor formal, podendo ser oferecida tanto ao delegado de polícia quanto ao Ministério Público e ao próprio juiz de direito. Realizada de forma oral, deverá ser reduzida a termo (art. 39 do CPP). 
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 Observação: Caso não exercida no prazo legal de seis meses contados da ciência de sua autoria, acarretará a extinção da punibilidade (art. 103 e 107, IV, do CP e art. 38 do CPP). 
 Sendo a vítima menor de 18 anos, a representação deverá ser feita pelo seu representante legal. Não o fazendo, a vítima não restará privada de manifestar sua vontade em ver apurada a infração penal, pois conforme entendimento consolidado, para ela, o prazo de seis meses iniciar-se-á a partir da data em que atingir 18 anos de idade. São prazos que se contam separadamente – da vítima e seu representante legal (vide Súmula 594 do STF). 
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 b) requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público: 
 A representação da vítima deverá acompanhar o ofício requisitório (art. 39 CPP).
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 c) auto do prisão em flagrante: na hipótese de não ter sido possível obter a representação do ofendido previamente à lavratura, é consolidado o entendimento de que a autoridade policial pode iniciar a confecção do auto, condicionando-se, porém, à manutenção da prisão a que seja a representação apresentada antes do decurso do prazo de 24 horas contados da prisão, porquanto este é o prazo máximo para que seja entregue ao preso a nota de culpa, bem como para que seja encaminhada a peça ao juiz competente (art. 306, §§1°2°, CPP). Expirado o prazo, sem representação, impõe-se a imediata soltura do flagrado. 
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 d) requisição do Ministro da Justiça: trata-se de mera autorização para o início da persecução criminal. Aplica-se a crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7°, §3°, “b”, do CP), crimes contra a honra cometidos contra o Presidente da República ou Chefe de governo estrangeiro (art. 141, I, c/c art. 145, parágrafo único, ambos do CP). Nestes casos, a requisição será pressuposto obrigatório para instauração de eventual inquérito policial e possui condição de procedibilidade da ação penal. Apesar do termo “requisição”, esta, assim como a representação da vítima, não obriga ao Ministério Público a promover a ação penal. A requisição não está sujeita ao prazo decadencial.
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 CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA:
a) requerimento da vítima ou de quem legalmente a represente: 
 O requerimento está sujeito ao prazo decadencial de seis meses, contado do dia em que a vítima veio a saber quem é o autor do crime (ver art. 5°,§5°, art. 31 e art. 38 do CPP, além do art. 103 e 107 do CP). Concluído o inquérito, será remetido ao juízo competente, onde aguardará a iniciativa do ofendido ou seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado (art. 19 do CPP).
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 b) requisição do juiz e do Ministério Público: 
 É incomum. Sucede, por exemplo, no caso de o ofendido requerer ao juiz ou ao promotor providências no sentido de ser desencadeada investigação pela delegacia de polícia.
 c) auto de prisão em flagrante: idem à representação.
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 DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS:
Previstas no art. 6° do CPP, cujo rol é meramente exemplificativo.
I) dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e a conservação das coisas, até a chegada dos peritos, ex: colheita digitais – amostra sangue – fotografia cadáver na posição encontrada:
II) apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais: (ver art. 91, II, do CP, art. 118, art. 120 e art. 245, §7°, CPP, art. 5°, XI, da CF e art. 7°, II, e §6°, da Lei n° 11.767/08). Objeto qualquer natureza.
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Observação:
	 O Estatuto da Advocacia – Lei 8.906/1994, no artigo 7º, II, estabelece como direito do advogado, a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos e correspondência, desde que relativa ao exercício da advocacia.
	Exceção, §6º, quando houver indícios de autoria e materialidade da prática de crime pratico pelo próprio advogado com a quebra por meio de decisão fundamentada, na qual conste o objeto da medida, devendo a medida ser feita na presença de um representante da OAB.
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 III) colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias, idéia de não limitar os meios investigação. Exemplo: intimação testemunha:
 IV) ouvir o ofendido: se regularmente notificado, deixar o ofendido de comparecer, poderá ser conduzido à presença da autoridade (art. 201, §1°, CPP).
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 V) ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título VII, do CPP - interrogatório, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura. Exemplo:
 Direito ao siliêncio, pois ninguém é obrigado à autoincriminação (art. 5°, LXIII, da CF).
	Artigo 187, CPP – não tem sentido aplicar, pois o IP é peça auxiliar, não gera nulidade.
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 O art. 15 do CPP determina que o investigado menor de 21 anos deverá ser ouvido pela autoridade policial na presença de curador, guardando correspondência com a regra do art. 194 do CPP. Este último dispositivo foi revogado expressamente pela Lei n° 10.792/03, motivando tal revogação na previsão inserta ao art. 185 do CPP no sentido de que, independentemente da idade, o réu sempre será interrogado pelo juiz na presença de defensor constituído ou nomeado.
	
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 Observação: Logo, salvo posicionamento doutrinário garantista, é desnecessária a presença de curador no interrogatório policial ao agente menor de 21 anos, até porque o Código Civil equiparou a maioridade civil à penal, terminando por abolir qualquer privilégio, persistindo apenas a redução pela metade do prazo prescricional e a atenunação da pena. 
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VII – proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e acareações:
a) reconhecimento de pessoas: possibilidade de identificar os acusados ou terceiras pessoas. Artigo 226. CPP, ato com formalidades.
b) reconhecimento de coisas: relacionado à instrumentos, mesma regra do artigo 226, CPP, salvo quanto a preservação visual da pessoa do reconhecedor.
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c) acareação: procedimento que coloca frente a frente pessoas que já prestaram depoimento, visando esclarecer ponto contraditório – confirmando ou retratando -. 
Fundamento no constrangimento.
Através de perguntas dos pontos conflitantes na presença de outra que narrou o fato de modo diverso. Ao final, lavrado termo ou auto acareação. 
Meio produzido na fase do IP ou Judicial.
O próprio investigado pode pedir, mas há discricionariedade da autoridade policial em deferir.
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	 VII) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a qualquer outras perícias: (ver art. 158 e art. 159, §1° a §4°, do CPP). 
	Ou corpo vítima queimado – 167,CPP, caso de suprimento.
	Atenção: art.184,CPP -
 
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VIII) ordenar a identificação do indiciado, pelo processo dactiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedente.
 === O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo as hipóteses previstas na lei (art. 5°, LVIII, CF).
 === Exceção: (art. 3°, I a VI, da Lei n° 10.054/00 e art. 5° da Lei n° 9.034/95).
 Observação: A restrição constitucional à identificação criminal para o civilmente identificado não atinge a questão relacionada a fotografias do indiciado, restringindo-se à retirada de impressões digitais.
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 IX) averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação de seu temperamento
e caráter:
 
 Detectar o caráter, a idoneidade moral e social do indiciado.
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 X) reprodução simulada dos fatos: Previsto no art. 7° CPP. Não pode atentar contra a moralidade ou ordem pública. Pode ser realizada no curso do inquérito policial, mediante iniciativa do delegado de polícia, no curso do processo, a partir de determinação judicial (ex officio ou a requerimento das partes) e até mesmo durante o julgamento pelo júri. O réu não está obrigado a fazer parte do ato. E a reprodução é vedada quando ofende à moralidade ou à ordem pública, ex: estupro com utilização da vítima e do réu.
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 PRAZO DE CONCLUSÃO DO INQUÉRITO:
 A regra incorporada ao art. 10 do CPP é a de que o inquérito deve ser concluído no prazo de 30 dias, caso esteja em liberdade o investigado, e no prazo de 10 dias, se estiver preso. 
Se não for possível concluir o inquérito no prazo legal, o delegado deverá encaminhá-lo a juízo, solicitando, na hipótese de encontrar-se solto o investigado, a devolução dos autos para conclusão das diligências, que deverão ser realizadas no prazo assinalado pelo magistrado. Preso não há prorrogação, é caso constrangimento ilegal à liberdade, enseja HC.
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	Em caso de crime de ação penal privada, o requerimento do ofendido de abertura de inquérito não suspende e nem interrompe o prazo decadencial para o ajuizamento da queixa-crime e, eventualmente, pode ocorrer que a observância do prazo do art. 10 do CPP pelo delegado importe em perder a vítima o prazo para dedução da ação penal.
 
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Exemplo:
Crime de Injúria perpetrada em 1º de janeiro contra vítima maior e capaz. O requerimento de instauração do IP da vítima ao delegado ocorre em 15 de junho. O investigado está solto. O dia para a conclusão do procedimento é 15 de julho.
Ocorre que em 1º de julho operar-se-á a decadência do direito da vítima em ajuizar a queixa-crime, prazo do artigo 38 do CPP.
O delegado não está obrigado a apressar as investigações, tendo até 15 de julho, para salvaguardar seu direito a vítima terá que buscar com eventuais provas já coligidas, antes mesmo da conclusão do IP, ou seja, até 1º de julho.
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Na justiça federal, se o indiciado estiver preso – o prazo será de 15 dias, podendo ser prorrogado por mais 15 dias pelo juiz a requerimento da autoridade policial. (art. 66 da Lei n° 5.010/66). Já se o indiciado estiver solto vale a regra geral do CPP – 30 dias. 
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 Crimes contra a economia popular, o prazo é de 10 dias tanto para indiciado solto quanto para o indiciado preso (art. 10, §1°, da Lei n° 1.521/51).
 
 Na Lei de Tóxicos, que prevê o prazo de 30 dias para o indiciado preso e 90 dias para o indiciado solto, podendo tais prazos serem duplicados (art. 51 da Lei 11.343/06).
 
 O Inquérito Policial Militar – IPM - tem prazo de conclusão de 20 dias, caso preso o investigado e 40 dias, prorrogáveis por outros 20, se solto (art. 20 do Decreto-lei n° 1.002/69).
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 Há exceção, também, no Código Eleitoral, que não prevê prazo específico para o inquérito, determinando apenas o prazo de 10 dias para oferecimento da denúncia a partir da verificação da infração penal (art. 357 da Lei n° 4.737/65).
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 Os prazos de conclusão do inquérito policial possuem natureza processual ou material?	
 Os prazos processuais contam-se na forma prevista no art. 798, §1°, do CPP, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o dia do final (ou vencimento). Além disso, não se iniciam e não se finalizam em dias não-úteis, o que acarreta a prorrogação (Guilherme Nucci e Tourinho Filho).
 Já os prazos materiais têm a sua forma de contagem regrada pelo art. 10 do CP, incluindo-se o dia do começo e excluindo-se o dia do final, independente de tais datas recaírem ou não em dia útil (Nestor Távora e Edilson Bonfim).
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	Observação: A doutrina majoritária defende a tese de que os prazos de conclusão do inquérito policial possuem natureza processual.
 
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 O art. 10 do CPP contempla, unicamente, a prisão motivada por flagrante ou preventiva, não abrangendo o prazo de eventual prisão temporária, porquanto o prazo máximo da prisão temporária, em se tratando de crimes hediondos, é de 30 dias, prorrogáveis por mais 30, totalizando o máximo de 60 (art. 2°, §4°, da Lei 8.072/90, com alteração determinada pela Lei n° 11.464/07).
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 INCOMUNICABILIDADE DO INVESTIGADO:
 Na atualidade, há divergências quanto à recepção do art. 21 do CPP pela Constituição Federal.
 Um primeiro entendimento, majoritário na doutrina, inclina-se no sentido da inconstitucionalidade, sob o fundamento de que há quebra de inúmeras garantias individuais, não podendo o preso ficar incomunicável. Exemplo: contato com defensor (art. 5°, LXII e LXIII, art. 136, §3°, IV, da CF e art. 7°, III, da Lei n° 8.906/94).
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 	Outra posição, minoritária, admite a incomunicabilidade, entendendo que a sua vedação nos Estados de Defesa ocorre apenas em relação aos presos políticos e não aos criminosos comuns. 
 
	Para essa corrente, deverá ser observada a regra do art. 21, parágrafo único, do CPP, no sentido de que a incomunicabilidade não excederá três dias e deverá ser decretada por despacho fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público.
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Independentemente da posição que venha a ser adotada no caso concreto, no sentido da constitucionalidade ou não da incomunicabilidade, um aspecto é indiscutível: a vedação introduzida pelo art. 21 do CPP não pode, em hipótese alguma, impedir o contato do investigado preso com o seu advogado, pois a este, conforme reza o citado artigo 7º, inciso II, do Estatuto Advocacia.
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 O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), introduzido no sistema brasileiro pela Lei n° 10.792/03, não se constitui em um novo regime de cumprimento de penas além dos já existentes, nem tampouco uma nova modalidade de prisão. Trata-se de uma modalidade de sanção disciplinar ( art. 53, V, da Lei 7.210/84), que pode abrigar tanto os presos provisórios como os condenados, nacionais ou estrangeiros, desde que representem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade, ou sob qual recaiam suspeitas de envolvimento, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando (art. 52, §1°, da LEP).
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Duração máxima de 360 dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave da mesma espécie, até o limite de 1/6 da pena aplicada;
Recolhimento em cela individual;
Visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas;
Direito à saída de cela por duas horas diárias para banho de sol;
 Possibilidade de restrição de acesso do preso aos meios de comunicação e da exigência de cadastramento e agendamento prévio para entrevista com seu advogado, desde que assim disciplinado no âmbito estadual (art. 5° da Lei n° 10.792/03).
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 DESTINO DO INQUÉRITO POLICIAL:
 Segundo o art. 10, §1°, CPP deverá ser encaminhado pela autoridade policial ao juiz competente.
 ► A doutrina faz uma classificação entre destinatário imediato (na ação pública é o Ministério Público; na ação privada é o ofendido – isso porque é a ele que interessa o conteúdo dessa peça) e o destinatário mediato (é o Juiz, pois ele tem o inquérito como algo mais formal).
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 ► Não pode ser instaurado inquérito policial contra membro do Ministério Público ou do Poder Judiciário, em face da vedação das Leis Orgânicas vedam (Lei n° 8.625/93 e Lei Complementar n° 35/79).
 
 Súmula 397 do STF – O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito.
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 Há divergências acerca da recepção do art. 10,
§1°, CPP pela Magna Carta, em face do art. 129, I e VIII, da CF, impondo-se a remessa diretamente ao Ministério Público.
 O Juiz determinará vista ao Ministério Público para deliberação quanto às providências cabíveis – oferecimento de denúncia, pedido de arquivamento ou requerimento de diligências. 
 Discordando o magistrado do pedido de arquivamento, deverá, no âmbito da Justiça Estadual, remeter o inquérito ao Procurador-Geral de Justiça, que deliberará a respeito (art. 28 do CPP).
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 1º) Caso o Procurador-Geral entender que razão assiste ao promotor que postulou o arquivamento, devolverá o inquérito ao juiz, insistindo no arquivamento, caso em que o magistrado estará obrigado a acolher o pedido.
 2º) Na hipótese de o Procurador-Geral entender pela inviabilidade do arquivamento, poderá oferecer denúncia diretamente ou designar outro promotor para fazê-lo, mediante delegação, o qual não poderá recusar-se a dar início à ação penal sob pena de estar cometendo falta funcional, porquanto estará agindo em nome do Chefe da Instituição.
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 No âmbito federal, o inquérito policial será remetido à Câmara de Coordenação e Revisão para análise (art. 60 e art. 62, IV, da Lei Complementar n° 75/93). 
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 ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL:
 
 Em regra, não cabe recurso contra o arquivamento de inquérito policial pelo juiz a pedido do Ministério Público.
 
 Exceções: arquivamento de inquérito policial que apurou crime contra a economia popular ou a saúde pública, enseja reexame necessário (art. 7° da Lei n° 1.521/51. 
 De igual modo, arquivamento de contravenções relacionadas ao jogo do bicho previstas nos art. 58 e 60 do Decreto-lei 6.259/44, que, consoante art. 6° e seu parágrafo único da Lei n° 1.508/51, enseja recurso em sentido estrito.
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 Observação: Se o juiz ordenar o arquivamento ex officio, ou seja, sem requerimento do Ministério Público, caberá o ingresso de correição parcial.
 
 Uma vez promovido o arquivamento do inquérito pelo MP e homologado pelo juízo, não poderá a ação penal ser ajuizada contra os mesmos investigados e em relação aos mesmos fatos – nem mesmo a ação penal subsidiária da pública – sem que surjam provas substancialmente novas = desconhecidas anteriormente por qualquer das autoridades (art. 18 do CPP e Súmula 524 do STF).
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 Arquivamento implícito (tácito) do inquérito:
 a) quando o titular da ação pena pública deixa de incluir na denúncia algum fato investigado (arquivamento implícito objetivo) ou algum dos indiciados (arquivamento implícito subjetivo), sem qualquer justificativa acerca dos delitos ou indiciados remanescentes.
 b) quando o MP postula e tem deferido o arquivamento do procedimento policial, referindo-se a apenas um ou alguns investigados ou um ou alguns fatos, sem qualquer menção aos demais.
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 Tal modalidade de arquivamento não possui previsão legal e decorre, na verdade, de omissão conjunta do MP e do juiz, havendo duas correntes: 
 A primeira corrente diz que não é válido o arquivamento implícito, devendo ser explícito – posição do STF. Isso porque há previsão expressa na legislação de que o arquivamento é promovido pelo MP quando não for oferecida a denúncia. Assim, a omissão pode ser corrigida pelo aditamento da denúncia. Tal orientação é predominante.
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 Já a segunda corrente diz que o arquivamento implícito é válido, pois se presume pela omissão do autor da ação que não há elementos para promoção da ação penal.
 Na atualidade, prevalece o entendimento no STJ de que, embora o arquivamento implícito careça de amparo legal, não possibilita o ingresso de queixa-crime subsidiária pelo ofendido.
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 Arquivamento indireto: hipótese de o MP deixar de oferecer denúncia por entender que o juízo é incompetente. Pode gerar responsabilidade disciplinar do promotor, pois deve solicitar ao magistrado a remessa dos autos ao juízo competente.
 Arquivamento originário: efetuado pelo Procurador-Geral de Justiça nas ações em que o mesmo atue originariamente, não como o Relator no Tribunal invocar o art. 28 do CPP. (ver art. 12 , inciso XI, da Lei n°8.625/93).
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 TERMO CIRCUNSTANCIADO:
 
 Instituído pela Lei n° 9.099/95 (art. 69). Semelhante a um boletim de ocorrência policial, incorporando, porém, em seu conteúdo, uma narrativa mais detalhada do fato registrado, com a indicação do autor do fato, o ofendido e o rol de testemunhas. Não há indiciamento por ocasião da lavratura do termo circunstanciado.
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 CONDUÇÃO DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PELO MP:
 
 Duas correntes opostas acerca da matéria:
 
 a) pela ilegitimidade: o art. 129 da CF não contém regra expressa incluindo entre as faculdades ministeriais a realização de investigação criminal. Sustentam que tal possibilidade implicaria indevida invasão de competência estabelecida no art. 144, §1°, inciso I, e §4°, da CF.
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 b) pela legitimidade:
■ Poder investigatório do Ministério Público (Provimento 13/06 do MP/RS; Resolução 20 do CNMP). 
 O primeiro argumento utilizado para fundamentar a possibilidade de o MP investigar é a teoria dos poderes implícitos. Quem pode o mais, pode o menos. Se o MP é o titular da ação penal pública, e precisa formar sua convicção - opinio delicti - sobre os elementos necessários à promoção da ação penal, também poderá realizar diligências investigatórias.
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 O segundo argumento é de que a CF não veda que outras instituições possam realizar dita investigação. O que se tem é que a CF diz que a polícia federal terá exclusividade na realização do inquérito e não de investigações em geral (art. 144, §1°, I a IV, e §4°, CF).
 O terceiro argumento é que se o MP tem o poder de expedir notificações e requisitar diligências, por óbvio, também pode realizar diligências. A Lei n° 8.625/93, em seu art. 26, incorpora um rol de atribuições que se adapta às investigações civis e criminais.
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 O quarto argumento é de que, sendo o inquérito dispensável, porque não se pode realizar diligências a despeito do inquérito que não seria utilizado.
 
 “ A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento de denúncia” (Súmula 234 do STJ).
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O arquivamento do inquérito policial faz coisa julgada:
1)	quando o motivo do arquivamento é a extinção da punibilidade – artigo 107, CP;
2)	quando o fato não constitui infração penal;
3)	por negativa de autoria, ou seja, estar demonstrado que o indiciado não foi o autor do fato;
4)	quando houver prova da presença de uma excludente de ilicitude – artigo 23, CP, estado necessidade, e legítima defesa e estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito; 
5) quando estiver provada a existência de causa de exclusão da culpabilidade ou isenção de pena – da imputabilidade penal, art.26 e ss. do CP.
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 Observação: Há uma corrente que defende ser possível o reconhecimento do perdão judicial como fundamento do arquivamento do inquérito pelo MP ou na rejeição da denúncia pelo juiz (perdão judicial “projetado”). Assim, como o perdão judicial é causa de isenção de pena, extingue a punibilidade a não há mais como desarquivar o inquérito. Tal posição é minoritária porque o perdão deve ser concedido na sentença.

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